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Comunicado

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Leandro Vilar

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O que é a História?

O texto a seguir, fora retirado de uma parte que compõem o prefácio da sexta edição do livro História de Portugal: Das Origens até 1940, do historiador João Ameal; publicado em 1968, na cidade do Porto, pela editora Livraria Tavares Martins.

Prefácio 1:

Que é a História? Uma ciência? Uma arte? Uma ética? Para uns, a função exclusiva do historiador consiste em pesquisar arquivos, analisar documentos, apurar, com paciência e método, a certeza de uma data, a identidade de uma figura, a veracidade de uma testemunha, a minúcia de um acontecimento, formular mesmo certas leis, derivadas da análise efectuada: é a História-ciência. Para outros, consiste em traçar belos quadros num estilo sugestivo e eloquente, com descrições coloridas de cenários e atmosferas, largos movimentos de turbas, lances culminantes de tragédias, de apoteoses e de batalhas: é a História-arte. Para outros, consiste em apresentar uma galeria de modelos na qual possa distinguir o bem e o mal, o exemplo a seguir e o erro a evitar e portanto donde resulte uma série de normas úteis para a orientação dos contemporâneos: é a História-ética. Dentro destes três conceitos há numerosas variantes; todas se integram, mais ou menos, num deles, ou representam uma combinação em que algum deles prepondera.

Quanto a nós, a História não é apenas ciência, arte ou ética; é, ao mesmo tempo, as três coisas - e ainda qualquer coisa mais.

Evidentemente, será indispensável que os estudos históricos possuam firme e honesto carácter cientifico: o primeiro objectivo a visar é saber o que se passou, quando se passou e como se passou. Os grandes trabalhos eruditos subordinados a tal objectivo são os mais sólidos alicerces - indispensáveis, mesmo - sobre os quais tem de ser construída qualquer obra séria de História. Ninguém, por outro lado, deixa de apreciar os grandes painéis descritivos e evocadores, em que se apreenda, como num luminoso espectáculo de ressurreição, a beleza, o drama, a grandiosidade ou o horror de determinadas épocas ou determinados factos. E de que serviria a História se não fosse como essas galerias de retratos que se vêem nas salas nobres das grandes casas - e das quais resultam sempre estímulos, avisos e lições?

Tudo isto a História é, sem dúvida. Parece-nos que é ainda qualquer coisa mais. Desde que se queira formar uma ideia do que sucedeu outrora - imperfeita que seja, precária e relativa que seja, e só essa nos é permitida - temos que colocar-nos diante da vida em pleno curso. A História é vida - tal o axioma inicial a propor. E não apenas vida dos outros - de outros tempos, de outros seres - mas a nossa vida, antes de nós. Longe está de abraçar o próprio destino quem julgue que a sua história terrena começa no nascimento e acaba na morte. A nossa história é toda a História. A história dos homens é a História do Homem - e a história de cada homem. Em cada homem, está, por isso, a História inteira - que colaborou na sua formação e veio até ele com o impulso que nele se resolve e condensa. Escrever a História é buscar-nos, compreender-nos, definir-nos, sentir-nos solidários de um imenso movimento que nos inclui e nos leva. Nada mais vivo, sem dúvida, visto ser aquilo que em nós é anterior a nós e que nos sobreviverá.

Uma ciência? Uma arte? Uma ética? Tudo isso, e mais que tudo isso. Se nos pedissem que arriscássemos uma definição, sugeríamos esta: a História constitui, para o verdadeiro historiador, - um exame de consciência.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Quem veio primeiro: Darwin ou a Teoria da Evolução?

Todos conhecem o célebre naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882) por sua grande obra, A Origem das Espécies (1859), a qual se tornou um marco para a história da Ciência Moderna, com sua teoria da evolução, mediada pela teoria da Seleção Natural. Contudo, não venho aqui para tratar a respeito do trabalho de Darwin, venho aqui para responder a questão titulo, deste artigo; e a resposta é que, Darwin, não fora o primeiro e nem o último a propor uma teoria da evolução, contudo ele foi o mais famoso, de todos a propor uma teoria evolucionista. Sendo assim, se Charles Darwin não fora o primeiro a propor tal ideia, quem foram as outras mentes geniosas que conceberam tais ideias, que culminariam com o trabalho de Darwin? Sobre estas pessoas, irei expor aqui, os principais nomes da ciência que também elaboraram suas proprias versões e concepções da evolução.

Em primeiro lugar vou citar um homem que não é muito conhecido, mas por incrivel que pareça compartilha o mesmo nome do célebre autor da Origem das Espécies; e este homem se chamava, Erasmus Darwin (1731-1802), avô de Charles. Erasmus fora um médico, poeta, naturalista, inventor e pesquisador; escreveu sobre medicina e botânica. Também foi membro da Sociedade Lunar (Lunar Society) (Sociedade de caráter privado, criada por ilustres mentes estudiosas da época, a fim de promover o desenvolvimento tecnólogico e cientifico do mundo). Mas a respeito de sua grande contribuição para seu neto, está sua obra intitulada Zoonomia (1795), trabalho este no qual, Erasmus trata sobre questões de patologia, anatomia, psicologia, das quais formaram as primeiras bases para a teoria evolucionista de Charles. (Sobre a sua obra, neste momento não consegui muitas informações, mas futuramente porei algumas informações a mais)

Outro nome a ser citado nesta área evolucionista é Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829), naturalista francês, que propôs a Teoria dos Caracteres Adquiridos (hoje esta teoria não é mais válida, devido ao fato de Lamarck ter cometido alguns enganos).

Em 1809 após alguns anos trabalhando no estudo de moluscos, Lamarck chegou a conclusão que as espécies animais e vegetais não eram imutavéis, ou seja, elas sofriam transformações, elas evoluiam. Sendo assim, Lamarck publica a sua Teoria dos Caracteres Adquiridos, a qual se baseia em dois argumentos:
1) Seria uma tendência dos seres, em se aperfeiçoarem seus corpos e suas habilidades, a perfeição; com isso eles iriam desenvolvendo ao longo de etapas, aperfeiçoando cada vez mais seus atributos.
2) Consiste na chamada Lei do uso e desuso. A qual basicamente que dizer que, quando um animal passa a utilizar com maior frequência determinado orgão, este espontaneamente irá se desenvolver mais rapidamente; por outro lado, se um determinado órgão não for muito utilizado, este começará a atrofiar, ao ponto de perder sua respectiva função.

Se tomando tal questão desta lei do uso e desuso, Lamarck e grande parte dos estudiosos de sua época, e até mesmo o próprio Charles Darwin, viam neste processo, uma forma de se explicar em partes o fator da evolução. Para se exemplificar tal fator. Irei citar o famoso exemplo do "pescoço da girafa". Se tomando tal condição como exemplo, a lei do uso e desuso de Lamarck, responderia o crescimento dos pescoços das girafas, da seguinte forma: Toda vez que uma girafa tentasse esticar mais e mais o seu pescoço, este iria se desenvolver, e tal desenvolvimento seria passado para seus filhos, netos e assim por diante.

Mas vocês devem estarem se perguntando, onde está o erro em tal afirmação?

A resposta é que o erro está no fato que a condição do pescoço da girafa ser maior em cada geração, não se deve propriamente a um fator fisico, externo, mas, sim ao fator da herança génetica; ou seja, os genes do "pescoço comprido" serão herdados aos seus descendentes; se isso não vier acontecer, mesmo que o pai tenha o pescoço grande, não significa que seus filhos ou terão. (Pode estar ainda complicado, então sugiro, pesquisar mais detalhadamente tal questão em um livro e biologia).

Mas outro ponto importante a se citar sobre Lamarck, é o fato de que este em sua época, sugeriu que os seres humanos também passaram por processos evolutivos; tal opinião, ia violentamente de encontro com a religião, alegando se tal afirmação, como se dizer que os homens de hoje (em sua época), não seriam iguais a Adão e Eva? O próprio Charles Darwin, quando publicou sua Origem das Espécies, deixou o ser humano de fora deste debate. Ele só veio a citar a evolução humana, em seu outro livro, A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo (1871).

Outro nome de grande importância para esta questão, fora Alfred Russel Wallace (1823-1913). Wallace fora um naturalista, geógrafo, antropólogo e biólogo britânico, e acima de tudo, fora amigo de Charles Darwin. Wallace como Darwin, também, viajou pelo mundo fazendo uma série de pesquisas, anotações e descrições de espécies animais, vegetais e de características geográficas; contudo seu papel na questão da teoria evolutiva, fora o fato de que por pouco, não fora Wallace que ficou com o prestigio de ter elaborado uma teoria evolutiva de sucesso, de grande aceitação acadêmica. Tal condição se deve ao fato, de que por longos anos Wallace manteve suas pesquisas em sigilo, e durante uma época começou a escrever e a falar com Darwin sobre suas pesquisas, e em uma destas cartas, ele esboçou suas ideias de sua teoria da evolução; ideias estas que eram quase que idênticas a teoria da seleção natural de Darwin; o próprio Charles, ficou espantado com tais concepções.
Porém Wallace não ganhou mais destaque nesta área pelo fato de não ter se esforçado mais em se divulgar suas ideias, e posteriormente ele acabou largando a ciência de vez, se voltando para um reduto espiritual. Contudo seu trabalho não só servira de contribuição para a área evolucionista e da biologia, ele também deixou um grande legado para as áreas da geografia e da biogeografia.

Por último, algumas das questões porpostas por Wallace, estavam: uma evolução a partir de substâncias inorgânicas, uma concepção de racionalidade, e possivelmente a evolução humana.

Para se encerrar este debate, citarei outro nome, sendo esste de certa forma desconhecido, como pessoa, e mais conhecido pelo seu trabalho. Em 1844 era lançado o livro Vestigios da História Natural da Criação, trabalho este de inicio de autoria anônima, mas posteriormente sendo atribuido a Robert Chambers (1802-1871). Chambers em sua época também se interessou por tal assunto e chegou a publicar sua obra expondo suas ideias evolucionistas, tais como a citação de que os fosséis eram indicios de criaturas ancestrais às criaturas modernas, que tal condição era uma prova para a evolução; que determinados fatores geográficos, climáticos e biológicos podem acarretar em mutações, gerando descendentes diferentes de seus pais, e que o homem também teria evoluido de criaturas mais primitivas. Porém o grande problema de Chambers fora o fato de este ter tido medo de expor-se as criticas que viriam; de fato a obra de Chambers fora atacada de todos os lados pelos mais ardilosos criticos da época, e tal condição fora forte o suficiente para manter Chambers afastado, a ponto de não querer ir defender suas ideias perante a comunidade cientifica.


Por fim devido a tantos empecilhos, problemas, falta de confiança, e tantos outras questões, Charles Darwin se consagrou perante as estes outros nomes responsavéis pelo estudo evolucionista; mesmo que o próprio Darwin, fosse um homem timido, e que nunca chegou a participar dos debates a respeito de seus trabalhos, sua obra fora de tão grande impacto, que hoje em dia em qualquer escola se ensina a teoria da evolução de Charles Darwin, ao lado da teoria do Criacionismo. Mas por outro lado, um outro fator fora de suma importância para a legitimação da teoria darwinista, a descoberta da genética. As famosas experiências com ervilhas efetuadas pelo monge austriaco Gregor Mendel (1822-1884), lhe renderam o titulo de o "Pai da Genética". Suas três leis, ajudaram a reafirmar a concepção de uma seleção natural, do papel do cruzamento, na troca de genes, da variabilidade genética, como precursora sujeita a gerar uma nova espécie, ou uma modificação distinta de uma criatura perante ao resto de sua raça.

Referências bibliográficas:
BBC, Revista História
, São Paulo, Tríada, #12, 2009.
GONZÁLEZ RECIO, José Luis, Teorías de la Vida. Madrid, Ed. Sintesis, 2004.
FERRERIA, Marcelo Alves. Transformismo e Extinção de Lamarck à Darwin. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-24102007-150401/.

LINKS:
"Sombras de Lamarck"
(em português) , de Stephen Jay Gould
"Girafas, mariposas e anacronismos didáticos", texto de Isabel Rebelo Roque (em português)
A Página de Alfred Russel Wallace (em inglês)