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Leandro Vilar

sexta-feira, 12 de março de 2010

Conde Mauricio de Nassau

Este artigo é uma cortesia do meu amigo Thiago D. da Silva.

João Maurício de Nassau-Siegen (nasceu em 17 de junho de 1604 no castelo de Dillenburg, localizado no atual estado de Hessen na Alemanha e morreu em Kleve (Cleves) na Alemanha em 20 de dezembro 1679) era de família nobre da Holanda, seus pais eram Johann Mittlere e Margaretha de Holstein. Os primeiros ensinamentos de Nassau foram dados pelo seu pai, depois freqüentou a escola de Siegen e Cordal, tendo também formação na universidade de Basiléia e principalmente no Collegium Mauritianum, onde aprendeu a ser um ótimo intelectual e um excelente militar. Nassau foi possuidor de cargos de aferes, capitão e coronel se tornando um respeitado oficial holandês tendo atuado de forma decisiva em várias campanhas. Veio para tomar posse das possessões holandesas do Brasil em 1637 constituindo o segundo período da dominação holandesa na capitania de Pernambuco, sendo nomeado pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, tendo o aval do governador geral e do príncipe de Orange e sendo o mais indicado para o cargo em toda a Holanda, quando Nassau tomou posse no Brasil ele era coronel de cavalaria, seu salário como governante no Brasil era de aproximadamente 1500 floris e ele tinha o poder de governar a terra e o mar sobre o domínio holandês, era superintendente dos bens públicos e exercia ainda função militar decidindo honrarias e patentes.

Desde o inicio do seu governo ele foi responsável por uma grande reviravolta na expansão holandesa, conquistando São Jorge da Mina que era uma possessão espanhola, São Tomé, Angola, Sergipe e Maranhão. Como todos os outros períodos de governo holandês, sua administração teve uma paz apenas em momentos, principalmente, por causa das disputas com a Bahia (atacou a Bahia em 1638 e não conseguiu êxito). Nassau causou uma grande mudança também na administração onde uma das suas medidas foi vender a crédito os engenhos arruinados e sem trabalhadores por um preço que chegou a 100.000 mil florins. Outra mudança foi substituir as Câmaras que foram implantadas pelos portugueses por outras instituições denominadas conselhos Escobinos, desta maneira ele provocou uma mudança considerável na administração municipal.
Constituiu um cargo que tinha poderes policiais e de administração que era o promotor público, ele ainda indicou pessoas para administrar Alagoas, Paraíba, Itamaracá e Rio Grande do Norte. Existia outra especificidade na administração de Nassau: ele atendia pessoalmente todos os que tinham queixas, não se importando se este era pobre ou rico, isto caracterizou o seu governo como sendo de extrema tolerância com os luso-brasileiros e católicos mesmo sendo Calvinista, tolerância esta, que ele não tinha com os judeus que deveria fazer suas cerimônias em local fechado. No governo holandês no Brasil, a colônia vinha sofrendo com crises de abastecimento e com os altos custos dos produtos da base alimentar, como a farinha de mandioca.

Nassau não se absteve das dificuldades da população e criou vários incentivos para tentar amenizar a situação, o primeiro foi balancear a monocultura de cana mandando os proprietários de engenhos plantarem no meio da lavoura pés de mandioca. Outra medida foi mandar interronper à derrubada de pés de caju e, além disso, proibiu jogar o bagaço de cana nos rios o que impedia a pesca de peixes. Na cultura Nassau também foi atuante, organizando as chamadas cavalhadas e até peças teatrais. Mas talvez o maior destaque de Nassau tenha sido nas obras de infra-estrutura do Recife, onde ele proporcionou, entre outras coisas, a construção de praças, orfanatos e hospitais. Mandou edificar ainda uma cidade chamada Mauricéia (ver foto), na ilha de Antônio Vaz e também arquitetou obras urbanísticas e sanitárias nesta cidade recém - construída, além de duas pontes: uma ligando Recife a Mauricéia e outra ligando esta última ao continente.

Nassau era também um homem que despertava curiosidades: elaborou uma espécie de pomar gigante onde plantou uma grande variedade de plantas das mais diversas classes entre elas plantou cerca de 700 pés de coqueiros planta nativa da Índia. Outra curiosidade sobre Maurício era sua paixão por animais, ele mandou construir um jardim botânico em Recife trazendo animais de várias partes inclusive da África. Construiu ainda um museu artístico que possuía obra com inspiração na natureza e com objetos indígenas. Deu incentivos a tecnologia, a meteorologia, ao estudo de história natural e a astronomia construindo um observatório no telhado da sua casa. Trouxe profissionais de todas estas áreas para o Brasil um exemplo, foi o médico Pizo elaborador de um tratado de medicina muito utilizado na colônia.

Todo o progresso fez o Recife ser um núcleo em matéria de desenvolvimento comercial e militar, despertando o interesse de indivíduos de outros países como, por exemplo, dos franceses que possuíam vários comerciantes no Recife e ingleses que constituíram uma companhia militar, além de Alemães, Israelitas e outros. Apesar de proporcionar todo este desenvolvimento em Pernambuco, Maurício pediu demissão dos seus serviços, que não foi concebido da primeira vez, pois foi alegado que Nassau era conhecido e era o único a conseguir manter um governo estabilizado. Da segunda vez, esta foi concebida, pois o governo estava totalmente estável e não havia sinais de perigo iminente, assim depois de sua exoneração o poder foi transferido para o governo supremo e foi comunicado a todas as províncias a transferência de poder. Foi assim o governo de oito anos de Maurício de Nassau no Brasil dando um lucro de 1.963.000 Florins a Companhia das Índias Ocidentais e mais cerca de 2.017.478 Florins de espojo de guerra, além de lutar contra a Espanha em vários locais do Brasil, como, por exemplo, em Porto Calvo.

Mais tarde seria novamente chamado para governar no Brasil pela Companhia das Índias Ocidentais, mas a mesma não aceitou suas exigências. A saída de Maurício de Nassau do governo estimulou a insurreição pernambucana e a capitulação dos holandeses em 1654. Voltando para a Holanda foi nomeado tenente-coronel de cavalaria de Wesel e mais tarde, na Alemanha, foi nomeado governador de Kleve, nesta cidade alemã Nassau demonstrou mais uma vez o seu amor pela natureza, assim como no Brasil, lá ele plantou uma série de espécies de árvores. Exerceu ainda a função de embaixador e chegou, finalmente, a ser príncipe do Sacro Império. Vindo a falecer na Alemanha em 1679, tendo vivido 75 anos. Seus restos mortais hoje repousam em um mausoléu em Siegen.

Referências Bibliográficas:

MELLO, Evaldo Cabral de. Nassau (Perfis Brasileiros). São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

BARLÉU, Gaspar. História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1974.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. (organizador) História Geral da Civilização Brasileira. 7° Edição. São Paulo: Brasiliense, 1984.

GOVEIA, Fernando da Cruz. Maurício de Nassau e o Brasil Holandês. Pernambuco: Editora Universitária UFPE, 1998.

MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada - guerra e açúcar no nordeste, 1630-1654. Rio de Janeiro: 2ª edição, 1998.


5 comentários:

*girl*actress* disse...

Esse texto me ajudou muito!
Valeu!
:D

Blog Mauritsstadt disse...

Divulguem meu blog sobre Nassau e o Recife:

http://www.mauritsstadtblog.blogspot.com

rkropf disse...

e neh n e mt bom nao mais da pra ajudar sim =P

Anônimo disse...

ESSE ANACRONISMO QUE FUNDE MAURICIA E RECIFE COMO UMA SÓ ENTIDADE GEOPOLITICA FOGE TOTALMENTE DA REALIDADE; O FACTO DE RECIFE TER SE SEPARADO DE OLINDA NO XVIII E TER AVANÇADO SOBRE ANTONIO VAZ QUE ERA OLINDA E JA ESTAVA EM RUINAS BEM DEPOIS DA NOVA HOLANDA NADA DIZ DE O RECIFE E MAURICIA SEREM UMA ENTIDADE; A URBANIZAÇÃO DIVERGIA, A GEOFISICA, A LOCALIZAÇÃO, AS DESCRIÇÕES NOS MAPAS DA EPOCA; PAREM DE FAZER PSEUDO-HISTORIOGRAFIA; NO DIREITO HOLANDES RECIFE ERA RECIFE, OLINDA OLINDA E MAURICIA MAURICIA; NO DIREITO IBERICO TUDO ALI ERA OLINDA POIS SÓ ELA TINHA SOBERANIA COMO VILA-SEDE PRIVADA; O RECIFE SÓ CONSEGUE STATUS DE VILA NO XVIII E STATUS DE CIDADE E SEDE NO XIX NESSA ALTURA MAURICIA JA TINHA MORRIDO HA TEMPOS; É COMO DIZER QUE TUNIS É CARTAGO POR QUE AVANÇOU SOBRE AS RUINAS DE CARTAGO NA SUA EXPANSÃO URBANA TIPO O CAIRO ENGOLINDO AS PIRAMIDES SER O MESMO QUE O EGIPTO DE MILENIOS ATRAS

Leandro Vilar disse...

Kurganius, seus apontamentos estão corretos. De fato Maurícia foi fundada na ilha de Antônio Vaz, sendo uma cidade independente do povoado do Recife, que na época era o porto da Vila de Olinda. De fato, a capital da Nova Holanda era Maurícia e não o Recife.

Recife apenas anos depois quando foi instituído como vila, assim como você declarou, é que seu território englobou a antiga cidade Maurícia, ao mesmo tempo em que Recife deixava de ser um território dependente de Olinda, tornando-se uma vila independente.

Pelo fato do texto não ser de minha autoria, decidi não intervir no seu conteúdo. Mas posso salientar observações nos comentários.