Pesquisar neste blog

Comunicado

Comunico a todos que tiverem interesse de compartilhar meus artigos, textos, ensaios, monografias, etc., por favor, coloquem as devidas referências e a fonte de origem do material usado. Caso contrário, você estará cometendo plágio ou uso não autorizado de produção científica, o que consiste em crime de acordo com a Lei 9.610/98.

Desde já deixo esse alerta, pois embora o meu blog seja de acesso livre e gratuito, o material aqui postado pode ser compartilhado, copiado, impresso, etc., mas desde que seja devidamente dentro da lei.

Atenciosamente
Leandro Vilar

domingo, 28 de março de 2010

A Era de Alexandre

Alexandre III da Macedônia, conhecido na história pelas alcunhas de o, Grande ou Magno. Filho de Filipe II da Macedônia e de Olímpia de Épiro. Jovem rei, imperador, faraó, Alexandre sonhou em conquistar o mundo, em desbravar às terras desconhecidas pelos gregos no Oriente, em se levar a cultura, a arte e a filosofia dos gregos aos povos tidos como bárbaros. Alexandre fora um homem orgulhoso, egocêntrico, prepotente, narcisista, eximio comandante militar, carismático, rude, conquistador, desbravador, libertador, construtor, destruidor e cruel. No entanto mesmo tendo uma vida breve e de grandes feitos, o legado de Alexandre ainda perduraria por séculos, e talvez o próprio nem imaginasse que seus feitos, mudariam a face do mundo em sua época.

Alexandre nasceu em 20 de julho de 356 a.C na cidade de Pella, antiga capital da Macedônia. Alguns relatos diziam que ele era filho de Zeus e outros que fosse filho de Dionísio, já que sua mãe era uma grande devota do deus. Entretanto a vida de Alexandre, em relação com seus pais fora um tanto complicada, seu pai, Filipe II possuía outras duas esposas, e posteriormente se casaria uma quarta vez. A sua mãe, era descrita como sendo uma mulher muito ciumenta e sagaz, de fato, alguns historiadores levantam a hipótese que fora Olímpia quem ordenara a morte de Filipe para que Alexandre assumisse o trono. Mesmo sendo herdeiro real, o fato de sua mãe não ser uma macedônia, mas sim ser grega, já punha um problema de legitimidade na sucessão real, algo defendido pela família de Filipe. Porém deixando de lado estas intrigas familiares de sucessão por enquanto, vou seguir mais a frente.

Filipe II da Macedônia (386-336 a.C), fora considerado por uns como um líder nato. Filipe, soube reunir as tribos de pastores da Macedônia, criando cidades, e promovendo a militarização do reino. Empregando grandes recursos na fabricação de armas e tecnologias militares, além de promover o treinamento do exércitos, formando exércitos profissionais, os quais foram de suma importância para expansão do reino da Macedônia. Curiosamente, por mais que os macedônios e gregos lutassem entre si, os macedônios eram grandes admiradores da cultura, das artes, da religião e da filosofia grega. Alguns dos grandes homens da época, como generais, arquitetos, matemáticos, poetas e filósofos como Aristóteles, viajaram para a Macedônia e se tornaram tutores dos filhos dos nobres.

Alexandre e seu tutor, o filósofo Aristóteles

Aristóteles fora tutor de Alexandre de 346 até 336 a.C. Dizem que muito do bom caráter, de Alexandre, de sua tolerância, de sua apreciação pelo conhecimento, de desbravar o mundo, fora herdado dos ensinamentos de seu mestre. Entretanto não fora somente, a filosofia que agradara o jovem príncipe. Desde seus dezesseis anos, Alexandre teve que em algumas ocasiões acompanhar seu pai em sua viagens de diplomacia pelas cidades gregas, ou até mesmo ir para a guerra, daí ele despertou seu interesse e gosto pela guerra, e até mesmo endureceu seu caráter, se tornado mais rude e até mesmo cruel em alguns casos.

"A filosofia aristótelica era um instrumento intelectual tão poderoso e marcante que sobreviveu à dissolução da sociedade helênica e se impôs ao mundo islâmico e à cristandade ocidental. O Ocidente não se emancipou da influência aristotélica senão no século XVII da Era Cristã, cerca de dois manos após a época de Aristóteles". (TOYNBEE, 1960, p. 116).

Por longos anos os macedônios combateram as cidades gregas e outros povos dos arredores, para não perder suas terras. Então apôs as reformas governamentais realizadas por Filipe II, era chegada à hora do contra-ataque. Como já fora dito anteriormente, Filipe soube se valer da diplomacia para se conquistar aliados, por outro lado, guerras tiveram que ser realizadas para a conquista das cidades-estados gregas. No entanto, os macedônios contavam com um fato em si.

"Segundo se conta, o historiador contemporâneo Teopompo, nascido em Quios, qualificou de o maior homem surgido até então na Europa, e talvez, ele fosse, como estadista". (TOYNBEE, 1960, p. 105).

"Demóstenes também assinalou o uso magistral que Filipe fez do outro do Pangeu, com o qual comprou alguns dos mais destacados politicos das principais cidades-Estados helênicas, tendo cunhado tantas moedas com ele que, três ou quatro séculos mais tarde, réplicas desas moedas, com caricaturas de sua imagem e inscrições, eram feitas na distante e barbára Bretanha". (TOYNBEE, 1960, p. 105).

Desde o fim das Guerras Médicas no século V a.C, os gregos ficaram fragilizados com os gastos e as perdas contra os persas. Após o fim da guerra, Esparta e Atenas, voltaram a lutar entre si, para recuperar a hegemonia sobre a Grécia, e logo este enfadonho conflito levou a uma série de problemas entre a cidades aliadas de Esparta e Atenas, e tais problemas perduraram ao longo do século IV a.C. Em meio a esse cenário caótico e tumultuoso, Filipe decidiu empregar suas campanhas de conquistas, e por longos anos este, combateu os gregos. Atenas, Esparta e Tebas, foram as principais cidades a se oporem a politica pacifista de Filipe. Para eles, ele estava tentando usurpar o controle de suas terras, com isso a Macedônia declarou guerra á Atenas, e de 341 a 338 a.C, Filipe II, combateu Atenas e seus aliados, terminando a guerra com a vitória macedônica na Batalha de Queronéia. Inclusive o próprio Alexandre com 18 anos na época participou das lutas.

Com a queda de Atenas e de seus aliados, a Grécia passava a pertencer aos macedônios. O próximo passo seria o
Oriente, o poderoso Império Persa, de Dario III. Entretanto, Filipe, não viveria muito para ver o progresso de suas campanhas contra os persas. Em 336 a.C de volta a capital da Macedônia, em meio a uma festividade em homenagem ao rei Filipe II, um dos guardas, chamado Pausânias, o apunhalou e o matou. Pausânias conseguiu fugir na hora, mas fora morto logo em seguida. Até hoje não se sabe ao certo os motivos que o levaram a assassinar o rei. Alguns apontam, vingança, outros apontam que Pausânias fora pago por uns dos vários inimigos de Filipe para assassiná-lo, e alguns levantam a hipótese de que a própria Olímpia, mãe de Alexandre tenha ordenado a morte do marido. Outros também sugerem a ideia de que o próprio Alexandre estivesse ligado com o caso.

De qualquer forma com a morte do rei, Alexandre era até então o filho mais velho, entretanto, seu pai havia casado no ano anterior com sua quarta esposa a qual tivera um filho seu. E muitos julgavam o bebê como herdeiro legitimo, já que este era filho de pai e mãe macedônios, já que Olímpia era grega. Entretanto, isso não impediu que Alexandre tomasse o trono, já que por direito este era o único sucessor capacitado do velho rei a assumir o trono. Posteriormente, após os funerais a Filipe, Alexandre teria feito um banquete convidando todos os familiares da Corte, incluindo as esposas e filhos de seu pai. Nesse banquete, ele teria ordenado a morte de todos que estavam ali, garantindo assim, sua segurança no trono.

Agora assumindo definitivamente como novo rei, ele decidiu dá cabo o sonho de seu pai de conquistar a Ásia, e prosseguir com as campanhas contra os persas, entretanto, antes de poder fazer isso, uma revolta entre as cidades gregas insurgiu. Com a noticia da morte do rei Filipe II, várias cidades gregas que se negavam prestar obediência aos macedônios se rebelaram. Alexandre pôs fim a tais revoltas. De acordo com alguns historiadores, Tebas, fora incendiada, e praticamete fora quase totalmente destruída. Dizem que a única casa da cidade que não fora pilhada, invadida, queimada ou destruída, fora a casa na qual Aristóteles morou por um tempo, fora isso, o resto fora arrasado. Além da cidade ter sido saqueada e destruída, a população fora vendida como escravos e outra parte fora massacrada.

Pondo fim a rebelião dos gregos, Alexandre, reuniu seu exército e começou a marchar em direção a Ásia Menor (atual Turquia). Ele fora abrindo caminho pela Trácia, Tessália, a região oriental dos Balcãs, conquistando tudo por onde passava, até finalmente chegar ao Estreito de Helesponto (atualmente chamado de Dardanelos). Ali naquela faixa de mar que separava a Europa da Ásia, o exército de Alexandre cruzou suas águas em direção ao solo asiático. Dizem que no caminho o rei teria sacrificado um touro a Poseidon pedindo uma boa travessia e sorte no que estava por vir, e antes de chegar em terra firme, ele teria jogado uma lança na praia e teria dito que a Ásia seria sua.


Em maio de 334 a.C recém chegado as terras da Ásia Menor, Alexandre tem sua primeira grande vitória contra os persas, na Batalha de Granico. Após derrotar os sátrapas persas (nome dado aos governadores das províncias do império persa), a Ásia Menor caiu nas mãos de Alexandre. Com sua vitória este deu continuidade a sua investida, tendo como principal objetivo, conquistar todos os territórios persas que davam acesso ao Mediterrâneo. No ano seguinte ainda avançando pela Ásia Menor, Alexandre volta a confrontar os persas, e dessa vez o rei Dario III comparece ao campo de batalha. Na Batalha de Isso, as tropas de Alexandre, formadas principalmente pela falange macedônica (ver figura) e com o apoio da cavalaria rechaçou o exército persa. Dario e parte de suas tropas, abandonaram o campo de batalha."Recusando-se a qualquer negociação, prosseguiu em seu plano de envolvimento do Mediterrâneo oriental. Submeteu o litoral sirio (tomada de Tiro e de Gaza em 332 a.C) e penetrou no Egito, que, submetido ao jugo dos persas, recebeu-o como libertador". (LAROUSSE, 1998, p. 182).

Antes de chegar ao Egito em 332 a.C, Alexandre demorou-se cerca de oito meses, para tomar a cidade de Tiro, localizada em uma ilha a oitocentos metros da costa. A cidade era bem fortificada, e tomá-la a partir de navios seria um grande desafio, mas o gênio teimoso e impetuoso de Alexandre não desistiu. O próprio, ordenou que uma ponte fosse construída até a ilha, e cerca de oito meses depois, a ilha fora tomada, e quase toda a população residente fora massacrada. Alguns historiadores apontam que Alexandre ordenou o massacre de oito mil pessoas, entre homens, mulheres, crianças e idosos.

Ao chegar no Egito, ele expulsou o sátrapa persa regente, e fora visto como libertador. Alexandre não somente fora visto como libertador, mas recebeu também o titulo de faraó. Em sua breve estadia no Egito, Alexandre ouviu falar do Oráculo de Amón, o qual ficava no deserto da Libia. Intrigado com o oráculo, decidiu consultá-lo. Após uma arriscada viagem de quase mil quilometros pelas areias do deserto líbio, Alexandre e sua expedição chegaram ao oásis onde ficava o famoso oráculo. Chegando lá, ele fizera três perguntas: "Os assassinos de meu pai foram punidos?", o oráculo respondeu que sim; "Sou filho legitimo de Filipe ou de Zeus?", o oráculo, respondeu que ele era um deus; "Irei conquistar a Ásia?"; o oráculo respondeu que ele conquistaria o mundo. 
Com essa nova motivação ele retornou ao Egito, e antes de partir deste, em 331 a.C, funda a cidade de Alexandria, a única das "Alexandrias" a permanecer até hoje, e ter maior destaque na história.

"Demóstenes escarneceu abertamente quando Alexandre, em 324, ordenou que os gregos o reconhecessem como filho de Zeus". (FINLEY, 1988, p. 150).

Enquanto este seguia para a Babilônia onde Dario III se encontrava, no caminho ele se hospedou na cidade de Persepólis uma das capitais do Império Persa. Foi neste lugar, que um dos mais polêmicos incidentes envolvendo Alexandre ocorreu. Não se sabe ao certo como tudo começou, mas muitos defendem que em meio a uma festa, Alexandre já muito embriagado, havia discutido com alguém, e acabou pondo fogo no palácio, e outra versão sugerem que ele fora desafiado por um dos seus generais a incendiar o palácio. O incêndio destruiu parte do palácio, e atingiu algumas construções nos arredores. Essa não fora nem a primeira e última vez que Alexandre cometia excessos enquanto estava bebâdo. Em outras ocasiões, ele chegou a matar um dos seus generais que também era um dos seus mais antigos amigos, apôs uma discussão.

"Esse idealista precoce, porém, era capaz de matar amigos e companheiros, em ataque de fúria alcoólica, tal como o herói homérico que o lado adolescente de sua natureza aspirava ser". (TOYNBEE, 1960, p. 110).

Enquanto este avançava em direção a Mesopotâmia, Dario com medo decidiu fazer uma nova proposta para ele. Ele enviou uma carta, negociando metade das terras do império, e a mão de uma de suas filhas em casamento. Entretanto Alexandre se negou a aceitar tal proposta, e teria respondido da seguinte forma:


"O céu não te
m dois sóis, e a Ásia não terá dois reis."

Com isso ele atravessou o rio Tigre, ao norte da Mesopotâmia. Dario III (ver foto) marchou com seus exércitos para lá, onde ocorreria a Batalha de Gaugamela. Dispondo de cerca de 250 mil guerreiros, contra apenas 40 ou 50 mil guerreiros de Alexandre, a decisiva batalha fora travada. Alexandre com sua eximia habilidade na estratégia militar, excedeu as expectativas de Dario e o surpreendeu com um ataque que o deixou bem próximo da morte, com isso Dario abandonou novamente o campo de batalha. E com a vitória macedônica estava deflagrada o fim da Dinastia Aquemênida e a conquista do império.

No ano seguinte em 330 a.C, Dario III fora traído e assassinado por seus próprios generais. Com isso Alexandre era o único governante de todo o império persa aos 26 anos. Com sua vitória em Gaugamela, ela marchou em direção a Babilônia onde lhe fora dado boas-vindas dignas de um rei. Alexandre pretendia transformar a Babilônia na principal capital de seu império, e difundir suas maravilhas pelo mundo.

Nos anos seguintes ele continuou com suas campanhas de conquista para o Oriente, expandido as antigas fronteiras do império persa. Em 327 a.C enquanto conquistava a região de Bactéria (compreende a região norte do atual Afeganistão e parte do Paquistão), conheceu a jovem Roxana, filha de um chefe local, com que se casou. Para alguns de seus generais fora algo terrivel, já que estes ainda matinham o pré-conceito de que se ela não fosse grega ou macedônica era uma bárbara. Era indigno para Alexandre se casar com uma bárbara. Mesmo assim o casamento ocorreu, principalmente por motivos politicos, garantido alianças entre aqueles povos. Mas por outro lado há quem diga que ele realmente se apaixonou por ela. Roxana das quatro esposas que Alexandre teve, fora a única quem lhe deu um filho, Alexandre IV da Macedônia.

Os anos se passavam e as campanhas não terminavam, muitos dos homens de Alexandre já estavam aborrecidos com isso, diziam que o que se havia conquistado era o bastante. As tropas já estavam cansadas de lutar, porém o gênio incessante de Alexandre não perdia folêgo, este tinha como meta conquistar a Índia, e chegar até o Oceano Oriental (Oceano Pacifico). O único general que lhe dava mais apoio, era Heféstion, seu amigo de infância e amante.

De 327 até 324 a.C Alexandre empreendeu batalhas pela Índia, afim de conquista-la. Porém cada vez mais que suas tropas avançavam por aquelas florestas, maior ficava a desmotivação de seus homens, os quais ouviam histórias de monstros, exércitos de elefantes, etc. As quais punham medo neles.

Porém a situação pioraria. Em meio as batalhas na Índia, Heféstion acabou adoecendo e veio a falecer em 324 a.C, o próprio Alexandre também se feriu gravemente, e decidiu voltar para a Babilônia, para se recuperar. Seu sonho ainda não estava perdido, mas sua vida estava gravemente abalada. Alexandre decidiu fazer esta pausa, a fim de se recuperar e enviar os veteranos de volta para casa, e enquanto isso, reorganizaria seu exército e retornaria para continuar com as campanhas na Índia, mas isso nunca veio a acontecer.

Finalmente em 10 de junho de 323 a.C na Babilônia, aos 32 anos de idade, Alexandre, o Grande faleceu. Até hoje não se sabe ao certo as causas de sua morte. Alguns especulam que ele fora envenenado, ou morrera de malária, tifo, infecção bacteriana devido aos seus ferimentos, ou talvez teve algum problema no fígado devido as grandes quantidades de álcool que consumia, etc. Mas de qualquer forma o grande problema era: quem seria o seu sucessor?. O seu filho ainda estava por nascer, e Alexandre não possuía mais irmãos e nem sobrinhos e não havia noemado ninguém como seu sucessor. Alguns historiadores da Antiguidade, dizem que as últimas palavras de Alexandre foram: "Ao mais forte."

"Alexandre morreu em 323, senhor da Macedônia, da Grécia, da Ásia ocidental e do Egipto, um deus na terra (tendo sido elevado a filho de Zeus pelos sarcedotes de Zeus-Amón, num famoso santuário no deserto da Libia)". (FINLEY, 1988, p. 145).

Porém tal questão só se tornou pior, e logo seus generais se digladiariam para decidir quem assumiria o trono. O período que se inicia com a morte de Alexandre, é conhecido como Período helenístico ou Helenismo. Mas por outro lado também pode ser chamado de Período dos Diádocos (literalmente significa sucessores), em referência aos generais que sucederam Alexandre. Este período marca o inicio do Helenismo. Deste ponto em diante irei explicar um pouco de como se deu esse processo de "helenização" do oriente. Isso tudo graças ao resquiscios do grande império de Alexandre Magno.



O Império de Alexandre, o Grande em sua máxima extensão em 323 a.C
"Quando morreu, aos 32 anos, havia conquistado um reino que ia do Mar Jônio até o Punjab, e do Caucaso ás fronteiras da Etiópia. Se vivesse, era pouco provável que soubesse o que fazer com ele (exceto conquistar mais)". (LLYOD-JONES (org), 1977, p. 228).

Mas como já fora citado anteriormente, a questão da sucessão gerou uma série de problemas, no que culminou no Período dos Diádocos. Os principais generais de Alexandre fizeram um acordo entre si, e repartiram os dominios do império, em reinos. Porém isso não significa que tudo ficou em paz. No mapa abaixo esta representado os principais reinos que se formaram logo após a morte de Alexandre, tento como soberanos os seus generais. Clique no mapa para ampliá-lo.

O império de Alexandre dividido pelos seus generais, após a sua morte

"Ptolomeu, um dos generais mais próximos de Alexandre, conseguiu rapidamente obter o governo do Egipto. A Macedônia e o continente grego couberam aos sucessores de Antígono - a parte menos satisfatória da herança, por razões geográficas e porque a resistência grega contra o dominio da Macedônia nunca cessou totalmente, de modo especial o Peloponeso, onde chefiada pela Liga Acaia, e em Rodes e noutras ilhas do Egeu. A outra divisão principal foi no oriente, centrando-se na Siria e na Mesopotâmia, onde Seleuco, com a ajuda do Ptolomeu, conseguiu alcançar o trono". (FINLEY, 1988, 146).

"A história politica helenistica é fastidiosa, monótona e por vezes, repulsiva, de guerra continua, má fé e assassinios frequentes". (FINLEY, 1988, p. 146).

Dos generais de Alexandre, somente Ptolomeu e Seleuco é que tiveram um governo mais longo e próspero. Os outros acabaram morrendo cedo, ou foram vitimas de traições e intrigas politicas. No entanto a história helênica não fora somente marcada por mortes e traições, Alexandre quando ainda era vivo, promoveu a difusão da cultura grega pelo Oriente. A lingua, os ideais de arte, arquitetura, a filosofia, a literatura, a poesia, a religião foram todos aos poucos sendo difundidos entre os povos da Ásia. Também houve a difusão do teatro grego, nesse caso em algumas cidades podia se ver o tipico anfiteatro grego, exibindo suas comédias e tragédias.

Um fato bem clássico que posso citar é que o Novo Testamento, fora escrito em grego, mas não por gregos, mas sim por povos que sabiam falar grego e viviam no Oriente Médio e na Ásia Menor. Por outro lado, durante o Império Bizantino, o seu idioma oficial não era o latim, mas sim o grego. No campo da religião, houve uma troca mútua de influências; enquanto os povos conquistados passavam a adotar os deuses gregos, como exemplo a aculturação do deus egipcio Zeus-Amón, outros passavam a substituir o nome de seu deus pelo nome grego. A casos na Judéia, em que tribos, de judeus deixaram de chamar seu deus de Jeová para chamar-lo de Zeus. Por outro lado o oposto também aconteceu. Deuses como Adônis, Cibele e Isis, tiveram seus cultos introduzidos na Grécia, e difundidos pelos povos que sofriam a influência helênica.

"Por toda parte Alexandre e os seus sucessores fundaram novas cidades, consoante o modelo das gregas (ou restabeleceram as antigas). Algumas, como Alexandria, Antioquia e Selêucia do Tigre, tornaram-se grandes metropóles, ultrapassando até em tamanho e prosperidade, a clássica Atenas. (Essas três chegaram a ter e talvez tenham excedido meio milhão de habitantes, apenas igualadas por Roma e Cartago)". (FINLEY, 1988, p. 147).

"Os reinos helenísticos assim estabelecidos diferiram muito dos problema que enfretavan e nas soluções que encontravam. A única generalização digna de ser feita é que todos eles se apoiavam principalmente no elemento grego e macedônio de suas populações, o que equivale a dizer que se mantinham dentro da tradição cultural grega". (LLYOD-JONES (org), 1977, p. 231).

"Foram transplantados os elementos caracteristicos da polis grega: a Ágora e os templos, os ginásios e
, as assembleias, os conselhos e os magistrados". (FINLEY, 1988, p. 147).

No caso do Egito,
Alexandria se tornou um modelo para as cidades da Antiguidade. Durante o governo da Di
nastia Ptolomaica, inicida em 306 a.C, quando Ptolomeu passou a se chamar Ptolomeu I Sóter (ver foto), ele  passou a adotar o titulo de faraó. Por quase trezentos anos o Egito seria governado pelos gregos e macedônios tendo o fim deste governo em 30 a.C quando Cleopátra comete suicidio, e Octaviano sobrinho-neto de Júlio César, anexou o Egito como provincia de Roma. Mas até isso acontecer, Alexandria fora principal cidade do "país" (alguns historiadores apontam que Alexandria possivelmente tenha cido uma cidade-estado, independente do governo do Egito). Por longo anos Alexandria, fora o principal porto comercial do Mediterrâneo Oriental (no ocidente era Cartago). Além de ser uma cidade rica e próspera, devido ao comércio, fora centro cultural do mundo helênico, fato este que demonstra a famosa Blibioteca de Alexandria. Por outro lado as artes e a filosofia também tiveram grande espaço na cidade. O famoso farol se tornou uma das Sete Maravilhas Mundo Antigo. Gênios da matemática, fisica, astronomia e filosofia estudaram e viveram em Alexandria, tais como: Erastótenes, Hiparco, Arquimedes, Ptolemeu, Euclides de Alexandria, etc.

Na filosofia as correntes do Estoicismo, Epicurismo e do Ceticismo se difundiram por entre estes povos. Também houve a difusão do teatro grego. 

O helenismo perduraria até cerca de 147 a.C quando Roma anexou a Grécia e a Macedônia como provincias suas. No entanto seu legado ainda perduraria pelos séculos. Muitos levantam a hipótese que pelo que Alexandre fez em seu breve reinado, causou profundas mudanças na história da Europa e da Ásia Ocidental, eles se questionam sobre o que Alexandre teria feito se tivesse vivido por mais tempo. Alguns sugerem que ele teria conquistado a Índia, a Árabia, talvez tivesse invadido o sul do que hoje é a China. Outro levantam a hipótese que ele teria voltado para a Grécia a fim de conquistar Roma e Cartago, e expandir seu dominios pelo norte da Europa. Várias especul
ações ficam em mente, mas nunca poderemos saber o que realmente teria acontecido e as causas que isso gerariam para a posterioridade se Alexandre tive vivido mais dez, vinte ou trinta anos."Alexandre, com um punhado de homens conquista uma parte do globo. Seria isso uma simples irrupção, uma espécie de dilúvio? Não, tudo pré calculado com profundeza, executado com audácia, dirigido com sabedoria. Alexandre mostrou-se grande político, grande guerreiro e grande legislador. Desgraçamente quando ele atinge o zênite da glória e do sucesso, perde a cabeça e o seu coração se gasta...".
Napoleão Bonaparte

NOTA: Cassandro, um dos generais de Alexandre, ordenou a morte de Olimpia, Roxana e de Alexandre IV em 309 a.C.
NOTA 2: Além de Roxana, Alexandre também tomou com esposa, a princesa Statira II, filha de Dario III. O nome das de mais esposas é desconhecido, suspeita-se que fossem apenas concubinas e não esposas de fato.
NOTA 3: Alexandre fundou cerca de 15 a 20 Alexandrias, alguns sugerem que tal número fosse ainda maior, mas somente a do Egito fora a mais importante e conhecida.
NOTA 4: Com a morte do seu fiel cavalo Bucéfalo nas campanhas na Índia, Alexandre mandou erguer uma cidade em sua memória, a batizando de Bucefália, que corresponde a atual cidade de Jelum no Paquistão ou talvez seria também a cidade de Jalalpur na Índia.
NOTA 5: Dizem que quando Alexandre chegou a Ásia Menor, teria visitado as ruinas de Tróia e prestado oferendas e orações aos antigos heróis gregos.
NOTA 6: A dinastia persa Aquemênida durou de 549 até 330 a.C.
NOTA 7: A história das campanhas militares de Alexandre, são retratadas no jogo Alexandre (baseado no filme Alexander de Oliver Stone) e no jogo Rise of Nations: Thrones and Patriots.
NOTA 8: Alguns dos grandes lideres da História como: Júlio César, Luis XIV e Napoleão, eram admiradores dos feitos de Alexandre, o Grande.
NOTA 9: Alexandre era um grande admirador dos poemas homéricos, A Iliada e a Odisséia. Alexandre as vezes se comparava a Aquiles ou a Herácles, e chegou ao ponto de obrigar a ser adorado como um deus.

Referências Bibliográficas:
Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo, Nova Cultural. 1998.
FINLEY, M. I. Os gregos antigos. Lisboa, Edições 70, 1988.
LLYOD-JONES, Hugh (org). O mundo grego. Rio de Janeiro, Zahar, 1977.
TOYNBEE, Arnold J. Helenismo: História de uma Civilização. Rio de Janeiro, Zahar, 1960.
LEICK, Gwendolyn. Mesopotâmia: A invenção da cidade. Rio de Janeiro, Imago Ed, 2003.
CONTENEAU, Georges. A civilização de Assur e Babilônia. Rio de Janeiro, Ferni, 1979.

LINKS:

Escultura do Helenismo (wikipédia)
Arte helenística (wikipédia)
Farol de Alexandria (wikipédia)
Bibliotheca Alexandrina - página oficial. (em inglês)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Hammurabi

A Babilônia, uma das cidades mais antigas do mundo, palco de vários conflitos e acontecimentos históricos importantes, no decorrer dos séculos. Cercada por sua beleza como fora os famosos Jardins Suspensos da época de Nabuconodosor II, ou a lendária Torre de Babel, a qual alcançava o céu. Por outro lado a Babilônia também fora um terrível "cativeiro" para os judeus capturados durante a conquista de Jerusalém por Nabuconodosor II. A Babilônia lugar visto pela Bíblia como um antro de depravação e promiscuidade; capital de impérios; cidade cosmopolita na época de Alexandre, o Grande. Porém em meio a sua longa história, irei me reter aqui a contar um pouco da história de um homem que levou a unificar outros reinos rivais, e a formar um Império Babilônico, mas além disso, Hammurabi ficaria conhecido por ter sido um grande líder em sua época, e por ter criado um dos códigos de leis mais antigos da história, o código de Hammurabi.

"A Babel da Bíblia é, portanto, sinônimo de decadência, de insensibilidade e prepotência politicas, e de excessos da vida urbana em geral. Os anos de cativeiro eram recordados com acrimônia e não havia entusiasmo por qualquer das maravilhas arquitetônicas da antiga cidade. Pelo contrário, o grande zigurate - o protótipo da Torre de Babel - tornou-se um poderoso símbolo de insensatez e arrogância humanas". (LEICK, 2003, p. 265).

A Mesopotâmia ("entre rios"), tido por alguns como o berço da civilização, lugar localizado na região do Crescente Fértil no Oriente Médio, entre os rios Tigre e Eufrates, hoje compreendendo o atual território do Iraque. Durante séculos, vários povos habitaram diferentes lugares dessa região, dentre os mais antigos estavam, os sumérios que viviam ao Sul; os acadianos e amoritas que viviam na região central e os assírios que viviam ao Norte. Além destes, vários outros povos nômades se estabeleceram nessa região ao longo das eras. No entanto, a cidade de Babel como principalmente ficou conhecida nos textos antigos, só viria ter um papel de destaque muito tempo depois, das primeiras cidades já terem surgido nessa região.

A História da ascensão de Babel começa por volta do século XIX a.C, quando após a queda da Dinastia de Ur III, na Suméria, vários outros pequenos reinos começaram a surgir pela região, e logo estes entraram em guerra. Então uma cidade de nome Babila (posteriormente conhecida como Babel) fora fundada por um grupo de amoritas que ali se estabeleceram. Nessa época as cidades de Larsa, Mari, Eshnunna lutavam ferozmente para assumir o controle da região central. Tal luta ainda se extenderia até o governo de Hammurabi, entretanto estes três inimigos teriam mais um oponente pela frente. No governo de Sumuabum (1894-1881 a.C), iniciou-se a expansão dos domínios de Babila, conquistando outras pequenas cidades, e criando um verdadeiro reino. Tal missão ainda continuou a ser efetuada, por seu filho Sumula'el, por sua vez o seu filho Sabium (o qual teria construído o zigurate de Babel, em homenagem ao deus guardião da cidade, Marduk), e por fim, seu filho Apil-Sin que governou de 1830-1813 a.C sendo sucedido por seu filho Sin-mubalit que governou de 1812-1793 a.C, pai de Hammurabi.

"É interessante observar como esses dois reis já são portadores de nomes acádicos, o que mostra como os novos habitantes assimilaram, rapidamente, a cultura acádica". (BOUZON, 1986, p. 17).

"Apil-Sin parece ter governado sobre uma parte considerável do norte da Babilônia. [...] de maneira que seu poder parece ter se estendido a cidades como Kis, Dilbat, Borsippa e Sippar". (BOUZON, 1986, p. 17).

Enquanto o avô e o pai de Hammurabi expandiam os domínios da Babilônia, coube a Hammurabi quando este assumiu o governo em 1792 a.C, a consolidar seus frágeis domínios. Para isso o novo rei se valeu de sua grande astúcia e capacidade de governar para por ordem em suas terras e abrir caminho para a criação de um império.

"Hammurabi começou modestamente e só conseguiu manter a sua autonomia graças à sua tenacidade e à sua grande habilidade politica. Ele soube aproveitar-se, como ninguém, da politica de pactos e alianças com os grandes reis contemporâneos, como Rimsin (1822-1763 a.C) de Larsa, Samsi-Adad I (1815-1782 a.C) da Assiria e Zimrilim (1782-1759 a.C) de Mari, jogando habilmente com o fator rivalidade existente entre eles" (BOUZOU, 1986, pp. 17-18).

Munido desta tática, Hammurabi aos poucos começou a gerar uma paz com seus rivais, mesmo assim a Assíria ainda era um forte obstáculo para ele. Com a morte do rei Samsi-Adad I, seu filho Ismedagan se mostrou contrário a politica de tolerância de seu pai com os outros reinos, e começou a ameaçar os seus planos. Para isso ele buscou forjar mais alianças, com isso começou a implantar uma série de pactos com o rei de Mari, sucessor de Zimrilim, além de fazer pactos com outras cidades, e outros povos que viviam fora da Mesopotâmia, assim ele não só garantia a sua influência na Mesopotâmia, mas também fora dessa, e por outro lado em caso de guerra, ele contaria com o apoio desses reis para a batalha.

"Não há rei algum que seja por si só suficiente forte. Dez ou quinze reis seguem a Hammurabi , o homem de Babel; outros tantos seguem a Rimsin de Larsa; outros tantos a Ibalpiel de Eshnunna; outros tantos Amutpiel de Qatna; e vinte seguem a Yari-Lim de Yamhad" (Trecho da carta enviada ao rei Zimrilim de Mari) (BOUZOU, 1986, pp. 18-19).

Com isso pode se ver que tanto Babel, Mari e outras cidades estavam ligadas entre si por estes tratados, possibilitando que estes definitivamente pudessem combater seus inimigos. Com isso nos anos seguintes, Hammurabi conseguiu conquistar Larsa e Eshnunna aumentando ainda mais seu poder sobre a Mesopotâmia central. Isso acabou levantado seu ego, e o levou a questionar a respeito de se ainda precisava manter aliança com Mari, já que agora estava bem mais poderoso que antes. Após cinco anos de conflitos, Mari caiu sobre o poder de Babel, e depois disso Hammurabi começou a investir em ataques para o Norte, para o território dos assirios. Nessa época seu Império (ver mapa) já estava constituido quase que completamente.

"Embora o prólogo do "Código" de Hammurabi sejam incluidas entre as cidades subjulgadas, Assur e Ninive, não se sabe, ao certo, quando Hammurabi conquistou realmente do território assíro. No fim dos 43 anos de seu reinado, Hammurabi tinha conseguido reunir, sob seu cetro, quase toda a Mesopotâmia". (BOUZOU, 1986, p.20).

No entanto os feitos de Hammurabi não ficaram somente na área militar e da conquista, como governante e legislador este se mostrou um homem sábio a respeito do assunto. O famoso código de Hammurabi; sua composição ainda é incerta, não se sabe ao total quantas leis existiram, já que muitas das cópias do código se perderam ao longo do tempo, entretanto há muitas questões que rodeiam este código. Esta o fato de que alguns historiadores e arqueólogos discordam a respeito de se realmente este trabalho pode ser chamado de código, já que teoricamente um código de leis abrange todas áreas e classes da sociedade, e neste caso, o código se restringe a alguns aspectos. No entanto outros apontam que a forma de legislação e de justiça daquela época era bem diferente da de hoje. Mas por outro lado o código de Hammurabi procura exaltar a imagem do rei, como pode ser visto na imagem ao lado. Nessa fotografia tirada da estela de diorito negro, na qual contêm o código inscrito, esta representado em seu topo a esquerda o rei Hammurabi, diante do deus-sol Shamash, o qual entrega o cetro de rei a Hammurabi, legitimando seu governo.

"O exemplar mais importante é, hoje, a estela de diorito negro, com 2,25 m de altura, encontrada pela expedição arqueológica francesa de J. de Morgan nas escavações da acrópole da capital elamita, Susa, durante o inverno de 1901-1902 (dezembro-janeiro)". (BOUZOU, 1986, p. 24).

O código ( ver foto) atualmente é dividido em 282 paragráfos, tendo sido 35 ou 40 apagados. Talvez foram os elamitas os responsáveis. Por outro lado do que se dá para entender, neste código escrito em cuneiforme acádico, pode se levantar a questão de que o código é dividido em três partes, o prólogo, a descrição das leis e o epilogo. Sendo neste caso o prólogo e o epilogo sendo promoções do rei, se vangloriando de seus feitos por ter ditado tais leis. Isso leva alguns historiadores a questionar a verdadeira função deste código. Neste caso há alguns que dizem que isso poderia ser uma obra literária e não uma obra jurídica em si, por outro lado, o código, é um dos primeiros a aplicar a Lei do Talião (ius taliones), conhecida pela famosa frase "olho por olho, dente por dente", o qual ratifica a dureza da aplicação das punições postas pelas leis ditadas no código.

"O "Código de Hammurabi não é certamente, um livro de leis válido para todo o país, que todo juíz devia consultar e seguir em suas sentenças. Mas o seu valor moral é inestimável". (BOUZOU, 1986, p. 28).

A respeito da divisão das leis aqui postas, de acordo com Emanuel Bouzon, ele classificou o código da seguinte forma:
  • 1-5: Determinam as penas a ser impostas em alguns delitos praticados durante um processo judicial.
  • 6-126; Regulam o direito patrimonial.
  • 127-195; Regulam o direito da familia, filiação e heranças.
  • 196-214: Determinam penas para lesões de penas corporais.
  • 215-240: Regulam os direitos de obrigações de algumas classes de profissionais.
  • 241-277: Regulam preços e salários.
  • 278-282: Contêm leis adicionais sobre propriedade de escravos.
Há alguns fatos curiosos neste conjunto de leis. Os escravos, chamados de wardum em acádio, poderiam se casar com pessoas de status livre awilum. Nesse caso, a população de escravos eram bem diminuta, basicamente os awilum compunham a sociedade, indo desde o rei, aos sacerdotes, militares, comerciantes, camponeses, etc. Um escravo ou escrava quando se casasse com uma pessoa livre, se tornaria livre, e seus filhos não seriam escravos. Por outro lado, o código também aponta uma grande influência do senhor sobre seu escravo, o qual tinha o direito de castigar o seu escravo quando este o desobedecesse, insultasse, ou cometesse outro grave delito.

A sociedade não era dividida em classes sociais bem definidas, por isso que no código não há referências as classes em si. As terras eram do rei, porém poderiam ser doadas, e se tornarem particulares. O comércio era grande e bem desenvolvido, tendo sido praticado com vários povos do Oriente.

"A economia babilônica era essencialmente agrícola; mas ao lado da agricultura, a criação de animais e a pesca eram também fatores de produção importantes. No período babilônico antigo, a indústria babilônica de perfumes, cremes de beleza, bijuterias e artesanato era, também muito conhecida e apreciada pelos povos vizinhos". (BOUZON, 1986, p. 37).

Os sacerdotes cuidavam das questões religiosas e administrativas do Estado, já que em sua maioria os escribas eram sacerdotes ou ligados ao culto de alguma divindade. Além disso, o casamento era feito mediante a escolha do noivo pelo pai da noiva e pelo pagamento de um dote, geralmente pago em uma quantia em prata, chamada de terhatum. A poligamia não era proibida, porém os filhos da primeira mulher eram os mais beneficiados, por isso as leis a respeito da herança.

"Hammurabi, contudo não foi, apenas um grande conquistador, um estrategista excelente, um rei poderoso. Ele foi, antes de tudo, um eximio administrador. Seus trabalhos de regulagem do curso do Eufrates e a construção e conservação de canais para a irrigação e para a navegação incrementaram enormemente a produção agricola e o comércio". (BOUZOU, 1986, p. 20).

Hammurabi morreu em 1750 a.C, deixando seu filho Samsuiluna como seu sucessor. Samsuiluna governou de 1749-1712 a.C, Após a sua morte, os reis que o sucederam tiveram grandes problemas de manter a unidade do império construido por Hammurabi e seus antecessores. Aos poucos os dominios iam se perdendo e as terras iam diminuindo, junto ia se embora as suas riquezas, e crises abalavam a economia e a sociedade do império. Com grande dificuldade os reis babilônios conseguiram manter a hegemonia do império até 1594 a.C, quando o último rei babilônio da Primeira Dinastia, Samsuditana (1625-1594 a.C), fora morto enquanto a cidade da Babilônia era invadida, saqueada e incendiada pelos exércitos do rei hitita Mursili I. Com a queda da Primeira dinastia, os cassitas assumiram o governo da cidade, fundando uma nova dinastia de soberanos.

NOTA: Pode se encontrar também variações na escrita do nome de Hammurabi, como: Hamurábi, Hamurabi, etc.
NOTA 2: A respeito das datas que indicam os anos dos reinados dos reis acima citados, pode se encontrar variações a respeito dessa cronologia, dependendo do calendário utilizado para se efetuar os cálculos.
NOTA 3: A Primeira Dinastia da Babilônia se iniciou em 1894 a.C, no governo de Sumuabum e perdurou até 1594 a.C com o fim do governo de Samsuditana. Pode haver variações nas datas.
NOTA 4: O Segundo Império Babilônico fora mais curto que seu antecessor, durando de 626-539 a.C.
NOTA 5: Nabucodonosor II governou de 604-562 a.C.
NOTA 6: Shamash é o nome acádio para o deus-sol sumeriano Utu. Já que os acadianos e amoritas adotaram muitas das divindades dos sumérios.
NOTA 7: No jogo Prince of Persia: The Two Thrones, a cidade da Babilônia é representada de forma fantasiosa, incluindo seus jardins e sua monumental torre.
NOTA 8: Na trilogia de Matrix, o nome da nave do Capitão Morpheus é Nabucodonosor II.

Referências Bibliográficas:
BOUZOU, Emanuel. O Código de Hammurabi. Rio de Janeiro, Editora Vozes, 1986.
LEICK, Gwendolyn. Mesopotâmia: A invenção da cidade. Rio de Janeiro, Imago Ed,
2003.
CONTENAU, Georges. A civilização de Assur e Babilônia. Rio de Janeiro, Ferni, 1979.

LINK:
Tradução do código para o português (código de Hammurabi).

sexta-feira, 12 de março de 2010

O Primeiro Imperador

Na história da China Antiga, por longos séculos o seu povo viveu dividido em vários reinos ou Estados, os quais se digladiavam para conquistarem uns aos outros. Tais confrontos perduraram por muito tempo, até se poder haver uma estabilidade. Essa história se passa antes da fundação do Império Chinês. Foi no século III a.C que um jovem rei, decidiu levar a cabo a mais ousada empreitada já feita entre os reis de seu tempo. Este conquistou os Estados rivais, e fundou um único e grande império, que duraria mais de dois mil anos. Este homem fora Qin Shi Huang.

Qin Shi Huang nasceu por volta de 260 a.C, suas origens são obscuras, sabe-se que seu pai, fora prisioneiro no palácio da Corte do Reino de Zhou (Chou), onde possivelmente conheceu a mãe de Qin Shi Huang. Essa época se passou durante o período dos Reinos Combatentes (século V a.C ao III a.C), uma conturbada era na qual outrora o grande Reino de Zhou se encontrava enfraquecido e tendo perdido províncias e terras para seus inimigos e revoltas internas, que levaram a separação de seus feudos, os quais acabaram se tornando pequenos reinos. Neste caso, o Reino de Qin, fora antigamente, um feudo vassalico de Zhou, mas devido a sua crescente influência em questões militares e políticas, este acabou se separando de Zhou, como outros também vieram a fazer. No entanto era comum os nobres das diferentes cortes serem mantidos prisioneiros em reinos rivais, algo confuso, mas no entanto, servia de forma para que o reino rival pudesse está de olho no que o inimigo estava fazendo. O próprio rei Qin, foi mantido refém na juventude no Reino de Zhou.

No Período dos Reinos Combatentes ou Reinos Guerreiros, este era formado por sete Reinos ou Estados feudais. Os reinos de: Han, Zhao, Wei, Qin (Chin), Yen, Chu e Qi (Chi). Sendo que na época do rei Qin, os reinos de Chu, Han e Zhou eram os mais poderosos. Mesmo com a ameaça de tais inimigos os reis de Qin nunca se intimidaram. Por cinco gerações seus governantes tentaram a unificação dos Estados. Porém somente com Qin Shi Huang isso veio de fato ocorrer. Mas antes de eu explicar como se deu este longo processo, irei contar um pouco da ascensão do jovem rei ao trono.

Aos 12 anos, Qin assumia o trono do Reino de Qin (nessa época era comum o rei levar o nome de seu reino). Possivelmente seu pai fora assassinado, no entanto, o jovem rei contou com o apoio de sua mãe e do chanceler Liu Bewei. Entretanto, enquanto o jovem rei era manipulado por ambos, já que a sua mãe se tornara amante do chanceler, quando Qin chegou a maioridade, sua mãe tentou planejar o próprio assassinato do filho, e por Liu Bewei no trono. Porém, o rei descobriu os planos e agiu antes. Ele condenou sua mãe ao exílio, ordenou a morte de Liu Bewei, de seus dois filhos (os quais eram seus meio-irmãos) e outros cúmplices do chanceler. Tendo pondo fim a este terrível plano de traição, ele nunca mais confiou em outra mulher.

Por tal fato ele nunca chegou a se casar. Seus filhos nasceram de concubinas, mas nunca de uma esposa. Com a solução deste impasse, Qin decidira escolher um novo primeiro-ministro ou chanceler, o escolhido fora Li Si o qual era um homem sábio e ambicioso. De fato fora o responsável pela política militar e o comando do Estado durante a época das guerras de unificação. Qin decidiu agir o quanto antes para unificar os reinos antes que outro o fizesse. E para isso ele começou a adotar e a investir em uma forte política armamentista. Muitos homens foram convocados e treinados; além de haver um grande produção de armas, e nesse caso fora descoberto durante escavações na década de 70, restos de pontas de setas, e os arqueólogos chegaram a conclusão que tais pontas eram fabricadas em massa, em um processo industrial. De fato, descobriu que o exército de Qin, usava bestas como armas de artilharia. Tal arma só seria vista na Europa muitos séculos depois.

Dispondo de um grande exército, de suprimentos e armamentos em massa, Qin iniciou suas campanhas de conquista. O primeiro alvo fora o reino vizinho de Han, o qual ficava no centro de todos os outros. Com a conquista de Han, este seria um ponto de partida para conquistar os demais reinos do Norte, já que ao sul o Reino de Chu era o mais poderoso da época. Em 230 a.C cerca de um ano de guerra, Han caí a mercê do exército de Qin, com sua conquista, o rei decidira dar o próximo passo, e o alvo dessa vez era o Reino de Zhao. Nesse ponto, alguns historiadores costumam dizer que o ataque a Zhao fora muito além do fato de ser conquistado, mas fora um motivo de vingança. Como eu havia dito no começo, Qin fora mantido refém na Corte de Zhao, nesse tempo ele foi humilhado e agredido pelos seus membros. Com isso ele iniciara o ataque à Zhao após invadirem e destruírem quase toda a capital do reino, o próprio rei vai em pessoa até a cidade, e indica à dedo, as casas de todos aqueles que o humilharam e o agrediram na infância. Todos os homens e mulheres que fizeram isso foram arrancados de suas casas e executados no meio da rua. Em alguns casos, ele ordenara a execução de toda a família dos acusados.

Em 228 a.C Zhao finalmente sucumbira ao poder de Qin. Em 225 a.C chegara a vez de Wei. Com isso metade do território estava sob seu comando, e agora só restavam três reinos a serem conquistados, os dois pequenos reinos de Yen e Qi, e o gigantesco e poderoso reino de Chu. Qin decidiu atacar Chu, seu maior inimigo naquele momento. No entanto ele estava em dúvida de como proceder, para isso ele convocou a ajuda de dois generais, um veterano de guerra e um jovem general. O veterano aconselhou que fossem enviados 600 mil homens para o ataque, porém o jovem, disse que bastava apenas 200 mil para efetuar um ataque rápido e mortal. O rei se deixou persuadir pelo jovem, e o escolheu para liderar suas forças. No entanto tal escolha se revelou em um grande erro. Dos 200 mil guerreiros enviados, somente 10 mil sobreviveram. Envergonhado com a derrota e o erro que cometera, Qin ordenou que o outro general fosse chamado, e lhe concedeu o exército solicitado. Com isso o Reino de Qin, invadiu Chu com o gigantesco exército de 600 mil guerreiros, o maior da História em seu tempo, e conquistou Chu em 223 a.C.

Com a conquista de Chu, só faltavam os pequenos e fracos reinos de Yen e Qi. O rei Qin Shi Huang, retornou para a capital de Qin, Xianyang, lá no ano seguinte, ele recebeu a visita de um embaixador do Reino de Yen, o qual levava a declaração de rendição, no entanto a verdade era outra. O embaixador fora enviado para assassinar o rei, ele escondera uma faca dentro do mapa o qual iria entregar para o rei Qin. Neste mapa contia os planos de batalha de Yen, (Entregar o mapa dos planos de batalha e da organização militar do reino era visto como sinal de rendição) porém a tentativa de assassinato fora frustada, e o assassino acabou sendo morto pela guarda real. Qin com raiva de tal ato de traição ordenou a destruição de Yen. Em 222 a.C o Reino de Yen fora conquistado. No ano seguinte, o Reino de Qi declarou sua rendição, e com isso Qin passava a ser o único governante de todas estas terras.

Após dez anos de conflitos, Qin viajou até as margens do Rio Amarelo (Huang He em mandarim), para agradecer aos deuses. De fato os chineses consideravam o próprio rio como sendo um deus-rio. Ele não via a sua vitória como algo do mero acaso dos deuses, mas si como sendo seu próprio destino. Para muitos governantes em diferentes épocas da História o ato de governar era um sinal divino. Feito sua oferenda de agradecimento, este retorna para Xianyang, onde se proclamara imperador. Em 221 a.C, o rei passara a se chamar Qin Shi Huang Ti, adotando o nome Huang Ti ("Augusto soberano" ou "Primeiro Augusto Imperador"). Como imperador, ele passara a se considerar um deus-vivo e a ser respeitado como tal. Ele também passara a ser chamado pela alcunha de o Primeiro Imperador. Então fundara o Império de Qin (Chin), posteriormente chamado de Império da China.

O Império Chinês


Iniciado o seu governo como imperador, Qin o qual teria um breve governo, reinando até 210 a.C, promoveria uma profunda transformação política, administrativa, econômica, social e cultural, levando após a sua morte a revolta de muitos senhores e nobres devido a suas reformas. Porém antes de chegar a este fato, irei esboçar algumas das reformas promovidas pelo imperador.


Em marrom o território do Império de Qin ou Chin. Em pontilhado os atuais territórioa da China e da Mongólia. 
No mapa acima pode se ver o império chinês durante o governo da Dinastia Qin (221-206 a.C), a qual só teve dois imperadores, Qin Shin Huang Ti e seu filho Er Shih Huang Ti. Com a morte dos dois a dinastia chegou ao fim, e o império passou a ser governado pela Dinastia de Han (206 a.C - 220 d.C). Além de ter estendido as fronteiras do império, Qin dividiu o império em 36 províncias  que mais tarde passaram a ser 48. Ele aboliu o sistema feudal usado até então pelos antigos reinos, centralizando o poder nas mãos do imperador. Criou uma única moeda de cobre; Redigiu uma nova norma ortográfica, adotando o mandarim como língua oficial do império; construiu uma série de estradas e canais de irrigação promovendo o aumento da produção agrícola e o comércio tanto interno como externo. Ele também padronizou os pesos e medidas, construiu fortalezas, cidades, etc.

Dentre as mais famosas construções ordenadas por Qin, se encontra a Grande Muralha da China, iniciada no início de seu governo a Grande Muralha seria estendida ao longo dos séculos por dezenas de imperadores. Ela fora originalmente erguida para barrar o avanço dos inimigos do Norte, nesse caso os mongóis e manchúrios, e posteriormente os hunostártaros.



Originalmente a muralha fora construída de tijolos de barro e com argamassa, somente depois é que começaram a se utilizar pedra em sua construção. Grande parte da mão de obra utilizada fora escrava, e muitos morreram na construção desta.

Além da revolta por parte dos camponeses em terem que trabalhar em péssimas condições na construção da Grande Muralha, havia a revolta de várias outras poderosas famílias as quais ficaram sob o olhar atento e cerrado do imperador na capital. Tais famílias foram tidas como possíveis inimigas do império, com isso Qin procurou ficar de olho nelas.

"[...], e também a destruição de poderosas familias (cerca de 120.000 familias são transferidas para a região sob sua fiscalização real)". (YANG, 1977, p. 41).

Além de governar de forma tirânica e altamente autocrática, Qin também combateu com veemência os letrados e os filósofos (principalmente os confucionistas) dos quais discordavam de sua política e forma de governar, a ponto de que em 213 a.C, ele ordenou a queima de uma grande quantidade de livros de história e filosofia os quais ele julgou serem impróprios para a leitura, levando ao desinteresse pela escrita e por tais profissões.

Outro ponto importante a se falar sobre este homem fora sua incessante busca pela imortalidade. Qin viajou por muito tempo pela China procurando sábios que pudessem fazer uma poção da vida eterna. Alguns historiadores sugerem que possivelmente o imperador teria morrido ao beber uma das supostas poções da vida eterna produzida pelos alquimistas.

Qin morreu em 210 a.C, enquanto viajava pelo país. Quando este veio a morrer, seu primeiro-ministro, Li Si, teve medo de contar aos demais sobre a morte do imperador, temendo uma revolta imediata do povo, já que Qin possuía muitos inimigos. Sendo assim o povo chinês passou alguns meses sem saber que na verdade o seu divino imperador já havia falecido há algum tempo. Tal notícia só foi divulgada quando a comitiva do imperador retornou para a capital em Xianyang. Lá, o segundo filho de Qin, Huhai fora persuadido a assumir o trono, passando a se chamar Er Shin Huang Ti (229-207 a.C). Er só permaneceu três anos no poder, quando fora assassinado em uma revolta, que levou ao fim da Dinastia dos Qin.


O imperador Qin Shin Huang Ti fora sepultado em seu mausoléu próximo da atual cidade de Xian, na província de Shaanxi. O imperador Qin fora sepultado em uma grande tumba abaixo de um morro de terra construído na forma similar de uma pirâmide. Até hoje não se sabe realmente quantas pessoas trabalharam em sua construção, de qualquer forma o número de trabalhadores foram de centenas de milhares, já que além de construir a tumba e erguer o morro, fora também construído o famoso Exército de Terracota.


A tumba do imperador Qin Shi Huang Ti.
O exército fora descoberto em 1974 e desde então ainda continuam as escavações nos arredores da tumba, já que o governo chinês proibiu que a tumba fosse aberta. Restando aos arqueólogos a procurarem pelos guerreiros de terracota. Cerca de mais de 8 mil guerreiros já foram escavados, além de algumas centenas de cavalos e algumas carruagens. Cada guerreiro tem a altura de um homem, sendo esculpidos em poses naturais e portando armas de verdade; e curiosamente, cada um dos guerreiros possui o rosto diferente. Alguns sugerem que os próprios artesãos serviram de modelo para as estátuas.


Estátuas de terracota da tumba do imperador Qin Shi Huang.

NOTA: Qin Shi Huang Ti também pode ser grafado como Qin Shi Huangdi.
NOTA 2: A Dinastia Zhou é dividida em dois períodos: Zhou do Oeste (1122-771 a.C) e Zhou do Leste (771-221 a.C).
NOTA 3: Oficialmente o império chinês durou de 221 a.C à 1912.
NOTA 4: A Grande Muralha se inicia no Deserto de Gobi ao sul da Mongólia e vai até o Mar Amarelo. Na realidade a muralha é a junção de várias outras muralhas que foram construídas ao longo do tempo. Sua extensão é de mais de 7 mil km. No século XIII a imponente muralha fora incapaz de barrar o avanço dos exércitos de Genghis Khan.
NOTA 5: Qin Shi Huang Ti é retratado no filme A Múmia 3: A Tumba do Imperador Dragão, sendo interpretado pelo autor Jet Li. O trono imperial chinês as vezes era chamado de Trono do Dragão.
NOTA 6: Reza a lenda que os Guerreiros de Terracota ou Guerreiros de Xian, fora construídos a fim de se guardar a tumba do imperador, e em caso de seus inimigos decidissem atacá-la as estátuas ganhariam vida e lutariam para defender o corpo do imperador.
NOTA 7: Tanto o Exército de Terracota como a Grande Muralha são Patrimônios Mundiais da Humanidade pela UNESCO.

Referências Bibliográficas:
YANG,
Alexander Chung Yuan. História da China. São Paulo, USP, Série Didática No 5, 1977.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural, São Paulo, Nova Cultural, 1998.

Referência audiovisual:
Documentário:
O Primeiro Imperador da China. Assistido no History Channel em 7 de Março de 2010, das 10h às 12h.

Conde Mauricio de Nassau

Este artigo é uma cortesia do meu amigo Thiago D. da Silva.

João Maurício de Nassau-Siegen (nasceu em 17 de junho de 1604 no castelo de Dillenburg, localizado no atual estado de Hessen na Alemanha e morreu em Kleve (Cleves) na Alemanha em 20 de dezembro 1679) era de família nobre da Holanda, seus pais eram Johann Mittlere e Margaretha de Holstein. Os primeiros ensinamentos de Nassau foram dados pelo seu pai, depois freqüentou a escola de Siegen e Cordal, tendo também formação na universidade de Basiléia e principalmente no Collegium Mauritianum, onde aprendeu a ser um ótimo intelectual e um excelente militar. Nassau foi possuidor de cargos de aferes, capitão e coronel se tornando um respeitado oficial holandês tendo atuado de forma decisiva em várias campanhas. Veio para tomar posse das possessões holandesas do Brasil em 1637 constituindo o segundo período da dominação holandesa na capitania de Pernambuco, sendo nomeado pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, tendo o aval do governador geral e do príncipe de Orange e sendo o mais indicado para o cargo em toda a Holanda, quando Nassau tomou posse no Brasil ele era coronel de cavalaria, seu salário como governante no Brasil era de aproximadamente 1500 floris e ele tinha o poder de governar a terra e o mar sobre o domínio holandês, era superintendente dos bens públicos e exercia ainda função militar decidindo honrarias e patentes.

Desde o inicio do seu governo ele foi responsável por uma grande reviravolta na expansão holandesa, conquistando São Jorge da Mina que era uma possessão espanhola, São Tomé, Angola, Sergipe e Maranhão. Como todos os outros períodos de governo holandês, sua administração teve uma paz apenas em momentos, principalmente, por causa das disputas com a Bahia (atacou a Bahia em 1638 e não conseguiu êxito). Nassau causou uma grande mudança também na administração onde uma das suas medidas foi vender a crédito os engenhos arruinados e sem trabalhadores por um preço que chegou a 100.000 mil florins. Outra mudança foi substituir as Câmaras que foram implantadas pelos portugueses por outras instituições denominadas conselhos Escobinos, desta maneira ele provocou uma mudança considerável na administração municipal.
Constituiu um cargo que tinha poderes policiais e de administração que era o promotor público, ele ainda indicou pessoas para administrar Alagoas, Paraíba, Itamaracá e Rio Grande do Norte. Existia outra especificidade na administração de Nassau: ele atendia pessoalmente todos os que tinham queixas, não se importando se este era pobre ou rico, isto caracterizou o seu governo como sendo de extrema tolerância com os luso-brasileiros e católicos mesmo sendo Calvinista, tolerância esta, que ele não tinha com os judeus que deveria fazer suas cerimônias em local fechado. No governo holandês no Brasil, a colônia vinha sofrendo com crises de abastecimento e com os altos custos dos produtos da base alimentar, como a farinha de mandioca.

Nassau não se absteve das dificuldades da população e criou vários incentivos para tentar amenizar a situação, o primeiro foi balancear a monocultura de cana mandando os proprietários de engenhos plantarem no meio da lavoura pés de mandioca. Outra medida foi mandar interronper à derrubada de pés de caju e, além disso, proibiu jogar o bagaço de cana nos rios o que impedia a pesca de peixes. Na cultura Nassau também foi atuante, organizando as chamadas cavalhadas e até peças teatrais. Mas talvez o maior destaque de Nassau tenha sido nas obras de infra-estrutura do Recife, onde ele proporcionou, entre outras coisas, a construção de praças, orfanatos e hospitais. Mandou edificar ainda uma cidade chamada Mauricéia (ver foto), na ilha de Antônio Vaz e também arquitetou obras urbanísticas e sanitárias nesta cidade recém - construída, além de duas pontes: uma ligando Recife a Mauricéia e outra ligando esta última ao continente.

Nassau era também um homem que despertava curiosidades: elaborou uma espécie de pomar gigante onde plantou uma grande variedade de plantas das mais diversas classes entre elas plantou cerca de 700 pés de coqueiros planta nativa da Índia. Outra curiosidade sobre Maurício era sua paixão por animais, ele mandou construir um jardim botânico em Recife trazendo animais de várias partes inclusive da África. Construiu ainda um museu artístico que possuía obra com inspiração na natureza e com objetos indígenas. Deu incentivos a tecnologia, a meteorologia, ao estudo de história natural e a astronomia construindo um observatório no telhado da sua casa. Trouxe profissionais de todas estas áreas para o Brasil um exemplo, foi o médico Pizo elaborador de um tratado de medicina muito utilizado na colônia.

Todo o progresso fez o Recife ser um núcleo em matéria de desenvolvimento comercial e militar, despertando o interesse de indivíduos de outros países como, por exemplo, dos franceses que possuíam vários comerciantes no Recife e ingleses que constituíram uma companhia militar, além de Alemães, Israelitas e outros. Apesar de proporcionar todo este desenvolvimento em Pernambuco, Maurício pediu demissão dos seus serviços, que não foi concebido da primeira vez, pois foi alegado que Nassau era conhecido e era o único a conseguir manter um governo estabilizado. Da segunda vez, esta foi concebida, pois o governo estava totalmente estável e não havia sinais de perigo iminente, assim depois de sua exoneração o poder foi transferido para o governo supremo e foi comunicado a todas as províncias a transferência de poder. Foi assim o governo de oito anos de Maurício de Nassau no Brasil dando um lucro de 1.963.000 Florins a Companhia das Índias Ocidentais e mais cerca de 2.017.478 Florins de espojo de guerra, além de lutar contra a Espanha em vários locais do Brasil, como, por exemplo, em Porto Calvo.

Mais tarde seria novamente chamado para governar no Brasil pela Companhia das Índias Ocidentais, mas a mesma não aceitou suas exigências. A saída de Maurício de Nassau do governo estimulou a insurreição pernambucana e a capitulação dos holandeses em 1654. Voltando para a Holanda foi nomeado tenente-coronel de cavalaria de Wesel e mais tarde, na Alemanha, foi nomeado governador de Kleve, nesta cidade alemã Nassau demonstrou mais uma vez o seu amor pela natureza, assim como no Brasil, lá ele plantou uma série de espécies de árvores. Exerceu ainda a função de embaixador e chegou, finalmente, a ser príncipe do Sacro Império. Vindo a falecer na Alemanha em 1679, tendo vivido 75 anos. Seus restos mortais hoje repousam em um mausoléu em Siegen.

Referências Bibliográficas:

MELLO, Evaldo Cabral de. Nassau (Perfis Brasileiros). São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

BARLÉU, Gaspar. História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1974.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. (organizador) História Geral da Civilização Brasileira. 7° Edição. São Paulo: Brasiliense, 1984.

GOVEIA, Fernando da Cruz. Maurício de Nassau e o Brasil Holandês. Pernambuco: Editora Universitária UFPE, 1998.

MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada - guerra e açúcar no nordeste, 1630-1654. Rio de Janeiro: 2ª edição, 1998.