tag:blogger.com,1999:blog-25517376950395255562024-03-15T22:11:55.083-03:00Seguindo os passos da HistóriaUnknownnoreply@blogger.comBlogger504125tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-45533828725249622692024-03-12T19:10:00.003-03:002024-03-12T19:10:24.777-03:00Charles Boycott e a origem do boicote<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Alguns nomes entraram para a História de forma negativa, sendo lembrados como tiranos, ditadores, criminosos, pessoas cruéis no geral. Mas há casos em que nomes acabam originando termos, como aconteceu com o militar britânico Charles Boycott, cujo nome originou a palavra boicote, uma forma de protesto. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Charles Cunningham Boycott</b> (1832-1897) era filho do reverendo <b>William Boycott</b> e <b>Georgiana</b>, tendo nascido em Norfolk, cidade onde seus antepassados habitavam desde o século XVII. Boycott foi enviado para estudar em <b>Londres</b> e não se interessou pela carreira religiosa do pai, mas demonstrou interesse na carreira militar, adentrando em 1848 na <b>Royal Military Academy</b> de Woolwich, graduando-se como oficial em 1850. Ele foi admitido no <b>39o Regimento de Infantaria</b>. </span></p><p style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDuTtqSfmQIQW6vFh3FsjZSGu_6pi3ycCpjD5re5PIHvJG3Sc_8dqUjilr1o8kvk2JPlGV82jrg54hfbP8Yous50n_qHkksIX4KXeVNaJuU74MvJhhZofK-XhiJ-qU1Pq7BddKemXaO2JPvFGbicGk1r_qTnwHB8ua3AmKrL1JC_Ek3sMvDvIPYUP9C5N2/s880/baixados%20(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="542" data-original-width="880" height="394" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDuTtqSfmQIQW6vFh3FsjZSGu_6pi3ycCpjD5re5PIHvJG3Sc_8dqUjilr1o8kvk2JPlGV82jrg54hfbP8Yous50n_qHkksIX4KXeVNaJuU74MvJhhZofK-XhiJ-qU1Pq7BddKemXaO2JPvFGbicGk1r_qTnwHB8ua3AmKrL1JC_Ek3sMvDvIPYUP9C5N2/w640-h394/baixados%20(1).jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Retrato de Charles Boycott<br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">Ele serviu regularmente no Exército pelos vinte e três anos seguintes, quando em 1872 recebeu um convite do governo para trabalhar nas terras de <b>Lorde de Earne, John Critchton</b> (1802-1885). O lorde possuía muitas terras na Irlanda e atuava como político na Inglaterra, não indo visitar suas propriedades no outro país. A contratação de Boycott ocorreu pela condição que o governo britânico começava a recrutar militares de carreira mal sucedida ou enfadados com seus postos. </span><span style="font-family: verdana;">Na época ele contava com 40 anos, e era capitão. Então Boycott deixou o exército para aceitar o cargo, já que sua carreira militar estava estagnada. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Boycott se mudou para <b>Lough Mask </b>no oeste da Irlanda, onde ficavam as terras de Lorde Earne. Ali Boycott recebeu um casarão e uma fazenda, onde além de atuar como agente de terras para o lorde e o governo, passou a ser fazendeiro também. Boycott viveu em Lough Mask pelos oito anos seguintes trabalhando de forma diligente, mas desenvolvendo inimizade com a maioria dos camponeses pela condição de ser rude e autoritário. </span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGlvWpPPPv9PNCRk4dXYx5hn5-yo2reB4VJ2p34m6gZDTgrOrJRB1atRbvTpJ5stvbMygIeNCXcqXRfCOFrsnsWR-Ayv00C0m03MYJP7vukbhP4qaiMfCNHwQU9sgETm0rl2XUj8erBqzKs_N2m7vVW79AqqHi1CspUDvZZa2TM0Q-0cHRkmcjInfbqB6f/s800/Lough_Mask_area_map.svg.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="649" data-original-width="800" height="520" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGlvWpPPPv9PNCRk4dXYx5hn5-yo2reB4VJ2p34m6gZDTgrOrJRB1atRbvTpJ5stvbMygIeNCXcqXRfCOFrsnsWR-Ayv00C0m03MYJP7vukbhP4qaiMfCNHwQU9sgETm0rl2XUj8erBqzKs_N2m7vVW79AqqHi1CspUDvZZa2TM0Q-0cHRkmcjInfbqB6f/w640-h520/Lough_Mask_area_map.svg.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Localização da região de Lough Maskn na Irlanda, onde Boycott viveu por 8 anos. </span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os atrasos dos aluguéis e outros tributos pelos quais Lorde Earne se queixava, devia-se a miséria do campesinato, porém, para o nobre e o ex-capitão, isso era tido como má vontade dos moradores, por conta disso, em distintas ocasiões Boycott mandou despejar quem atrasava o aluguel, além de mandar aplicar multas por motivos diversos e até prender supostos vadios e desordeiros. Isso acabou desenvolvendo uma má percepção dos moradores para ele, o que piorava com o fato do seu autoritarismo e de ser em inglês, numa época em que os irlandeses não gostavam de serem governados e mandados pelos ingleses, embora que vários fazendeiros ricos na Irlanda fossem de origem inglesa. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A situação para Charles Boycott se agravou apenas em 1880, oito anos depois de ele ter chegado a Irlanda. Naquele ano <b>Michael Davitt </b>(1846-1906), ativista político e membro do movimento republicano irlandês, um dos fundadores da<b> Liga Nacional da Terra </b>(1879), defendia ideais republicanas, nacionalistas e de reforma agrária. Davitt sabendo dos desmandos cometidos por um aristocrata inglês de nome Boycott, decidiu combatê-lo. </span></p><p style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnzHoRJUASZ6nzJ5RF0N7QydTXdl6AT8IVd1rZ6KXg9b3Yi1mJZs8OUMU1uJ0Us6qNbZz_gkQO8ywnLoy_SpHqun41_IiJ20W71S2uVrJMztxF1PNU1wbYHFfXd_xE5P4fYQx2UuLgV1G2XpVW39YOEgmDOu-Gbl8gf3xoyB3_IWoxoKsSVJPbw798rOGd/s1030/Michael_Davitt_(Charlie_Farr)_restored.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1030" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnzHoRJUASZ6nzJ5RF0N7QydTXdl6AT8IVd1rZ6KXg9b3Yi1mJZs8OUMU1uJ0Us6qNbZz_gkQO8ywnLoy_SpHqun41_IiJ20W71S2uVrJMztxF1PNU1wbYHFfXd_xE5P4fYQx2UuLgV1G2XpVW39YOEgmDOu-Gbl8gf3xoyB3_IWoxoKsSVJPbw798rOGd/w311-h400/Michael_Davitt_(Charlie_Farr)_restored.png" width="311" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Retrato de Michael Davitt, o qual fez campanha contra Boycott. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Davitt ná tinha sido preso em 1870 por contrabando de armas, pois planejava uma revolução na Irlanda para conseguir a independência do país e o estabelecimento de uma república. Condição essa que ele sabia agir de forma enérgica quando necessário. Porém, para evitar brigas, sua estratégia foi diferente: ela consistiu em minar o autoritarismo de Boycott usando-se da indiferença e falta de apoio ao mesmo.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Davitt ao lado de seu amigo o político <b>Charles Stewart Parnell</b> (1846-1891) numa verdadeira ação de luta de classes, mobilizaram os camponeses das terras de Lorde Earne e de outras propriedades vizinhas, fazendo-os desenvolver consciência de classe e reivindicar seus direitos. Entre as reivindicações estava pedir aluguéis mais dignos e não abusivos como eram feitos, garantia de emprego sem demissões arbitrárias, direito de livre comércio, pois até então o comércio dos camponeses era até controlado por Boycott, mesmo que fosse a produção própria deles. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Evidentemente que Lorde Earne detestou aquilo e mandou Boycott agir para acabar com aqueles protestos. Uma medida inicial foi dar desconto de 10% nos aluguéis, mas parte dos camponeses não concordou com aquilo e iniciaram uma greve, atrasando a colheita. Boycott exigiu que voltassem a trabalhar ou seriam demitido, todavia, alguns dos grevistas decidiram pedir demissão, já que o trabalho era pesado e o salário baixo. Isso começou a desandar em agosto. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além da greve e da demissão de alguns dos trabalhadores, os grevistas adotaram outras medidas para diminuir o autoritarismo de Boycott: ele não seria cumprimentado na rua e nos lugares públicos, os comerciantes parariam de vender produtos para ele, nas missas ninguém se sentaria ao lado dele, funcionários deles deveriam fazer greve também. Alguns até começaram a fazer isso, mas outros como capatazes, empregadas, lavandeiras, cocheiros, cavalariços, simplesmente começaram a ir embora. Carteiros pararam de entregar correspondência dele. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Boycott sem poder comprar comida e outros produtos na propriedade, teve que mandar trazer de outras fazendas, pois ninguém queria vender para ele. Além disso, parte dos capatazes há se oposto a ele, o que significava que ele perdeu seus "soldados". A situação piorou nos meses de setembro e outubro. Charles Boycott escreveu uma carta ao governo britânico pedindo ajuda, pois estavam refém dos camponeses revoltados. Eles faziam manifestações em sua propriedade, além de terem ameaçado seus funcionários, forçando-os a se demitir. A carta de Boycott ganhou a atenção do jornalista <b>Bernard Becker</b> do <i><b>Daily News</b></i>, que foi visitá-lo e iniciou uma campanha de arrecadação de fundos e mão de obra para ajudar o "pobre Boycott" que estava sem empregados e sua colheita ameaçava se perder. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A ajuda chegou em em fins de novembro, quando em 27 de novembro de 1880, Boycott e sua família foram escoltados por um batalhão de hussardos até a estação de trem mais próxima, de onde seguiram para Dublin. De lá, no dia 1 de dezembro tomaram um navio de volta a Inglaterra.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Outras manifestações se espalharam pelo país ao longo de dezembro e janeiro. Davitt, Parnell e outros envolvidos chegaram a serem presos, acusados de revolta, não pagamento de aluguéis, desordem social etc. Davitt seguiu preso mais tempo do que Parnell, que voltou a lutar pelos direitos dos irlandeses. Em 1881 foram aprovadas a leite de coerção para punir aqueles que faziam revoltas, greves e se negavam a pagar os aluguéis, assim como, foi aprovada uma lei de terras para regulamentar o pagamento dos aluguéis e tributos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O nome Boycott passou a ser usado ainda naquele período como "boycott" ou boicote para designar uma forma de protesto sem violência. Charles Boycott arranjou outros empregos e seguiu com sua vida na Inglaterra, eventualmente viajando para a Irlanda para passar férias, mas se retornar a Lough Mask. Ele faleceu em 1897 aos 65 anos, já doente. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA: </b>Boycott chegou a publicar uma autobiografia. Assim é possível conhecer seu ponto de vista acerca do boicote que ele sofreu em 1880 na Irlanda. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas: </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>COLLINS</b>, M. E. <b>History in the Making - Ireland 1868-1966</b>. Dublin, The Educational Company of Ireland, 1993. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>MARLOW</b>, Joyce. <b>Captain Boycott and the Irish</b>. [s.l], André Deutsch, 1973. </span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-35943883530168981012024-03-10T12:15:00.003-03:002024-03-10T12:15:29.928-03:00O dinheiro em diferentes épocas<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ao longo da História diferentes formas de dinheiro foram desenvolvidas, algumas bastante antigas ainda perduram hoje em dia, mesmo tendo surgido há milhares de anos. Dessa forma, o presente texto apresenta algumas dessas formas pelas quais o dinheiro se manifesta. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Conceito de dinheiro</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O dinheiro refere-se a <b>meios que representam valores reais</b> através de suportes <b>físicos</b> (materiais) ou<b> virtuais</b> (imateriais). Esses meios podem ser moedas, cédulas, cartão de crédito, cheque, conta bancária, nota promissória, bilhete premiado, vales etc. O dinheiro também pode estar manifestado através de mercadorias, produtos, animais, plantas, imóveis etc. O dinheiro também é referido como <b>ativo financeiro</b>, que consiste em qualquer coisa que represente um <b>valor econômico positivo </b>aceito para se efetuar atividades econômicas diversas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Dessa forma, o dinheiro consiste em meios pelos quais é possível <b>adquirir produtos, mercadorias, imóveis, móveis</b> etc; além de <b>adquirir serviços diversos</b>. O dinheiro é usado para se pagar <b>salários, impostos, tributos, taxas, licenças, autorizações </b>etc. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O dinheiro também representa a <b>capacidade de poder aquisitivo de uma pessoa na sociedade</b>, o que expressa os <b>parâmetros de riqueza e pobreza</b>. Atualmente em muitas sociedades esses parâmetros estão <b>divididos em classes sociais</b>, indo desde os miseráveis que passam fome regularmente, não possuem habitações adequadas, estão desempregados e padecem de outros problemas; até as classes altíssimas, formadas por bilionários. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Atualmente no século XXI o dinheiro movimenta o mundo. Viver sem dinheiro é quase impossível, embora existam comunidades que não fazem uso de dinheiro, vivendo da produção de subsistência e do escambo. Mas esses casos são exceções. Para viver e sobreviver é preciso ter algum dinheiro, pois as sociedades atuais, sejam elas capitalistas, socialistas, rurais ou industriais, necessitam de alguma forma de dinheiro. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O escambo</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A prática do escambo antecede a criação do dinheiro propriamente falando. Ela surgiu ainda na Pré-história, tratando-se da realização do comércio ou de alguma forma de compra ou venda baseada na troca de mercadorias. Inclusive o pagamento de tributos e impostos também era feito com base nessa prática. No entanto, engana-se aquele que acredita que o escambo foi abolido quando as moedas surgiram. </span><span style="font-family: verdana;">Ainda hoje alguns povos nas Américas, África e Oceania fazem uso do escambo em suas negociações.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por conta do escambo ser a troca de mercadorias, basicamente há uma diversidade de produtos e objetos que eram usados para escambo: animais, plantas, minérios, tecidos, joias, ferramentas, armas, matéria-prima etc. No caso do pagamento de tributos, era bastante comum esses serem pagos com uma parcela da produção agrícola e pecuária. Incluía-se também tal pagamento com minérios, madeira e outras matérias-primas.</span><span style="font-family: verdana;"> </span><span style="font-family: verdana;">(MARCHANT, 1990). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Essa condição foi mantida mesmo depois da criação das moedas. Fato esse que no <b>Brasil colonial</b> os senhores de engenho pagavam seus tributos à Coroa e a Igreja, em <b>açúcar</b>; mais tarde no século XVIII, o ouro descoberto em <b>Minas Gerais</b> era confiscado pela Coroa, mas os donos de minas privadas também pagava o <b>imposto em ouro</b>. (MARCHANT, 1990). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O escambo ainda existe informalmente, sobretudo na forma de troca de favores entre amigos, familiares e conhecidos. Além disso, existem feiras, sebos, mercados de pulgas e sites especializados em escambo, onde as pessoas oferecem suas mercadorias em troca de outras. Mesmo passados milhares de anos, a prática do escambo não sumiu completamente, apenas se restringiu a alguns aspectos bem específicos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A moeda</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A primeira forma de dinheiro falando propriamente surgiu com as moedas. Elas foram o primeiro invento que <b>concedeu uma materialidade a noção de dinheiro</b>. Antes disso o comércio, os impostos, os pagamentos, eram feitos com escambo. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Algumas das moedas mais antigas encontradas datam da <b>China </b>por volta de 1100 a.C, sendo <b>lingotes de bronze</b>, embora alguns historiadores questionam se esse objeto poderia ser tratado como uma moeda. Após isso, só temos notícia de moedas datadas do <b>século VII a.C</b>, na <b>Lídia </b>(atualmente parte do território turco). Essas primeiras moedas eram feitas de prata, sendo pequenas, cabendo na palma da mão, sendo mais ou menos redondas e já possuíam imagens em ambos os lados. Assim, pode-se considerar esses como sendo os primeiros exemplares de moedas como conhecemos. (DAVIES, 2002). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilE4PqQEIWKv7zydSu0GVc7UqwVM28BnM5Zh6ZIFzoz-qb1sZOEPiUP_UYsGlNb_gwiT2AQ4mbP7pd4ZPCyg7p7m8-5dtgS9LCSu-B2floFmWB035Qt5ZIUa0tJJtkUwq1Fyxv7GL8Jn6GWSBI2_8krw1p3IRBiQwzzZY0wAtElajDmmmYU1c0riMmVspi/s800/KINGS_of_LYDIA._Alyattes._Circa_620-10-564-53_BC.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="332" data-original-width="800" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilE4PqQEIWKv7zydSu0GVc7UqwVM28BnM5Zh6ZIFzoz-qb1sZOEPiUP_UYsGlNb_gwiT2AQ4mbP7pd4ZPCyg7p7m8-5dtgS9LCSu-B2floFmWB035Qt5ZIUa0tJJtkUwq1Fyxv7GL8Jn6GWSBI2_8krw1p3IRBiQwzzZY0wAtElajDmmmYU1c0riMmVspi/w640-h266/KINGS_of_LYDIA._Alyattes._Circa_620-10-564-53_BC.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Moeda de prata do rei Aliate I da Lídia, datada de entre 635 a.C e 585 a.C. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As primeiras moedas eram feitas de prata, mais tarde surgiram moedas de ouro. Mas em geral ao longo da história até a Idade Moderna era comum que as moedas fossem cunhadas com uma porcentagem de um desses dois metais nobres, pois o valor monetário era material, ou seja, o valor da moeda estava na quantidade de prata ou ouro que ela possuía. </span><span style="font-family: verdana;">Entretanto, além de ouro e prata, moedas de cobre, estanho, bronze e de outras combinações de metais também foram produzidas. </span><span style="font-family: verdana;">(DAVIES, 2002). </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além dos lídios, outros povos da Ásia, Europa e África começaram a produzir suas moedas nos séculos seguintes como os persas, egípcios, micênicos, gregos, romanos, indianos, chineses. As técnicas de cunhagem já estavam bem avançadas no século V a.C, período em que havia moedas com riqueza de detalhes, apresentando imagens bem elaboradas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O uso de moedas foi o principal suporte do dinheiro por milênios, fato esse que ainda hoje moedas são utilizadas na maior parte do mundo, embora elas não sejam mais feitas de ouro ou prata, mas geralmente de cobre, latão, estanho, e seu valor monetário é representado por números cunhados no lado chamado de coroa. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A nota promissória e o papel-moeda</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As promissórias surgiram na China por volta do <b>século VII d.C</b>, durante a <b>Dinastia Tang</b> (618-907), as quais não diferiam das notas promissórias atuais. Basicamente trata-se de um título de câmbio onde uma pessoa se comprometia em pagar um valor em determinado prazo. No entanto, a partir desse título impresso séculos depois surgiu na <b>Dinastia Song</b> (960-1279) o <b>jiaozi</b>, considerado o primeiro papel-moeda. (DAVIES, 2002). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O jiaozi era baseado nas notas promissórias, mas a diferença é que ele já apresentava valores fixos. Esse dinheiro de papel era normalmente usado por mercadores e o governo, para se pagar valores altos, pois o restante das atividades econômicas se fazia com o uso das moedas. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9r0IK-jgZgPhkuKlgXyxcg-HppSl2XzS-7LUqsrB9W3G84LdcCE9LhyphenhyphenlTy86q6_Yu2czRMRKlOMBI008N_eQnw3QrG6JA_Aa46OhyphenhyphennFKORznJLV8cXbV5q_6AsCc2u1-9hyphenhyphenhoKn2fBdu7KNzw7r68zinOmMxj5CT6Ut4HIs0ZAZf_ffEZfFsNhO-PACQt/s537/Jiao_zi.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="537" data-original-width="308" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9r0IK-jgZgPhkuKlgXyxcg-HppSl2XzS-7LUqsrB9W3G84LdcCE9LhyphenhyphenlTy86q6_Yu2czRMRKlOMBI008N_eQnw3QrG6JA_Aa46OhyphenhyphennFKORznJLV8cXbV5q_6AsCc2u1-9hyphenhyphenhoKn2fBdu7KNzw7r68zinOmMxj5CT6Ut4HIs0ZAZf_ffEZfFsNhO-PACQt/w368-h640/Jiao_zi.jpg" width="368" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Uma nota jianzi, datada do século XII. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Quando </span><b style="font-family: verdana;">Marco Polo</b><span style="font-family: verdana;"> viveu na China no século XIII, ele relatou em seu livro ter visto o uso de papel-moeda, algo inexistente em outras partes do mundo, inclusive quando os italianos leram a respeito, acharam que Polo estivesse mentindo, pois a concepção daquele tempo era que o dinheiro deveria mostrar seu valor no próprio suporte como moedas de prata e ouro, diferente de uma nota feita de papel de arroz. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por volta do século XIV, algumas <b>cidades italianas e belgas</b> começaram a fazer uso de <b>notas promissórias</b>, especialmente entre acordos comerciais de valor mais elevado. Os <b>bancos europeus</b> começariam a surgir no <b>século XV</b>, permitindo a ampliação do uso de notas promissórias. Entretanto, o uso de cédulas de dinheiro ainda tardaria a ocorrer na Europa. Os ingleses, suecos e holandeses fizeram testes com notas de dinheiro no século XVII, mas foi o Banco da Inglaterra a partir de 1695 que se tornou o primeiro banco europeu e ocidental a emitir regularmente cédulas. Inicialmente no valor de 20 libras. Algumas das cédulas chegavam até o valor de 1000 libras. (DAVIES, 2002). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No século XVIII o uso de papel-moeda ainda era escasso na maior parte do mundo, poucos países faziam uso dele. Inclusive os Estados Unidos foi um dos primeiros novos países do mundo a adotar o uso também do dinheiro de papel, chamado de dólar. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIuQOF5EdzLxxbHxJWUClEg-P1vMwEqj2wAUB2BvTuSN1ohia3lxNOxqLEhlhVAcziGNbukgGil6a4j5e1VMbw0chXo8A1lI51Era1XoI6gSZPmvYX0-F6O6wGJd8-06ipXeF759wvhgcFfUfCF-L2IK-xsX5QtdnH5a59wq95hwc1utkqb18ZSxXdrtc1/s800/Benjamin_Franklin_nature_printed_55_dollar_front_1779.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="631" data-original-width="800" height="504" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIuQOF5EdzLxxbHxJWUClEg-P1vMwEqj2wAUB2BvTuSN1ohia3lxNOxqLEhlhVAcziGNbukgGil6a4j5e1VMbw0chXo8A1lI51Era1XoI6gSZPmvYX0-F6O6wGJd8-06ipXeF759wvhgcFfUfCF-L2IK-xsX5QtdnH5a59wq95hwc1utkqb18ZSxXdrtc1/w640-h504/Benjamin_Franklin_nature_printed_55_dollar_front_1779.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Uma nota de 55 dólares datada de 1779.</span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A partir de </span><b style="font-family: verdana;">1792</b><span style="font-family: verdana;"> foi criada a </span><b style="font-family: verdana;">Casa da Moeda dos Estados Unidos</b><span style="font-family: verdana;">, que legalizou o uso do dólar como única moeda oficial do país, passando a ser cunhado em moedas e impresso em cédulas. Todavia, foi somente no século XIX com melhorias na industrialização que os países começaram a adotar o uso regular do papel-moeda. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O cheque</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O uso de cheque surgiu na <b>Europa medieval</b> por volta do século XIV, com a expansão comercial do final do medievo. Nessa época já se fazia uso de notas promissórias, mas elas não eram garantias que o cliente iria pagar, assim, uma alternativa surgida foi o cheque, um título de crédito a ser descontado de uma conta corrente. Apesar de não existir banco naquela época, existiam depósitos de moedas ou casas do tesouro. Ali os ricos guardavam sua riqueza, e funcionários trabalhavam administrando o dinheiro e descontando os cheques emitidos. (DAVIES, 2002). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Mais tarde no <b>século XVII</b>, com a expansão dos bancos pela Europa, o uso de cheques foi melhorado e ampliado graças ao a criação de uma rede bancária em vários países, além de casas de câmbio também. Isso passou a facilitar o uso de cheques, que eram utilizados normalmente para o pagamento de somas elevadas, pois valores mais baixos usavam-se moedas. </span><span style="font-family: verdana;">(DAVIES, 2002). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdhn3R3mafjYQvWw0Ii0uhLHSvHdgvebuA7Rnfg47HIEF4fZtuivvb0MhtnujfqEuKnN18gfLq87BPVG6K0nf7AFWWkvUVA8Btu6bLFDhR6GGVwow0fVnadeVlJPNqguNXDq3-ZoQ4SwgjXIbhPUEVIufRZ45iXdhDSICCYSZ23FYlfdXc64R99XAHE-rb/s1920/Barclays_and_Co._cheque._For_39_pounds,_4_shillings,_and_2_pence._Issued_in_London_by_Messrs_Barclay_and_Tritton,_1793._On_display_at_the_British_Museum_in_London.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="824" data-original-width="1920" height="274" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdhn3R3mafjYQvWw0Ii0uhLHSvHdgvebuA7Rnfg47HIEF4fZtuivvb0MhtnujfqEuKnN18gfLq87BPVG6K0nf7AFWWkvUVA8Btu6bLFDhR6GGVwow0fVnadeVlJPNqguNXDq3-ZoQ4SwgjXIbhPUEVIufRZ45iXdhDSICCYSZ23FYlfdXc64R99XAHE-rb/w640-h274/Barclays_and_Co._cheque._For_39_pounds,_4_shillings,_and_2_pence._Issued_in_London_by_Messrs_Barclay_and_Tritton,_1793._On_display_at_the_British_Museum_in_London.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Um cheque de 1793 emitido pela empresa Barclays and Co, no valor de 39 pounds, 4 shillings e 2 pences para Messrs Barclay and Tritton. </span></td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">Com a difusão dos sistema bancário no século XIX a nível mundial, o uso de cheques se difundiu também, alcançando seu auge no século XX. Embora que atualmente o uso de cheques decaiu bastante em vários países devido as alternativas de pagamento mais rápido e fáceis como cartões de crédito, débito em conta e pagamentos virtuais. </div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O cartão de crédito e débito</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os primeiros cartões de crédito começaram a serem emitidos nos Estados Unidos em <b>1934</b>, por companhias aéreas, graças a uma iniciativa da <b>American Airlines</b> e da <b>Air Transport Association</b>. Os clientes que costumavam fazer voos regulares recebiam cartões que continham seus nomes e outros dados, os quais eram usados para se comprar as passagens aéreas e até concediam descontos também. Na década seguinte outras companhias aéreas adotaram os chamados <i><b>air travel card</b></i> (cartão de viagem aérea), os quais se tornaram os precursores do cartão de crédito. (MANDELL, 1990). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Na década de 1950 os empresários <b>Frank McNamara </b>e<b> Ralph Schneider</b>, donos da rede de restaurantes <i><b>Dinners Club</b></i>, tiveram a ideia de implementar cartões de crédito para serem usados em seus restaurantes e clubes. A ideia se mostrou bastante promissora que em <b>1958</b> o banco <i><b>American Express </b></i>passou a emitir cartões de crédito para seus clientes, os quais eram aceitos em vários estabelecimentos americanos. Neste mesmo ano o <i><b>Bank of America</b></i> também criou um cartão de crédito e a famosa bandeira <i><b>Visa</b></i>.</span><span style="font-family: verdana;"> </span><span style="font-family: verdana;">(MANDELL, 1990). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3kWI5_Ugvqi3uHJCyvLa_WbWmW3nfeY9k62GSjcInbUHYBG38Z4xzay35RGle5ocS_ZhI_-xgAVh1pz8A4W6kogZO-5MpiNouex8LHayhFwcD4tQWxpKCfBNvw6zE_6M0WKoFtLQV_3yqa8qsEQOdOd2_OcmaU0uFwDY9-wVitbFAY3DjYtyHmZNVrTl6/s658/cart%C3%A3o.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="424" data-original-width="658" height="412" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3kWI5_Ugvqi3uHJCyvLa_WbWmW3nfeY9k62GSjcInbUHYBG38Z4xzay35RGle5ocS_ZhI_-xgAVh1pz8A4W6kogZO-5MpiNouex8LHayhFwcD4tQWxpKCfBNvw6zE_6M0WKoFtLQV_3yqa8qsEQOdOd2_OcmaU0uFwDY9-wVitbFAY3DjYtyHmZNVrTl6/w640-h412/cart%C3%A3o.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Cartão de crédito da primeira-dama Eleonor Roosevelt, do Diners Club, com validade até maio de 1962. </span></td></tr></tbody></table><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Na década de 1960 surgiu a bandeira </span><i><b>MasterCard</b></i><span style="font-family: verdana;">, assim como, o sistema de cartões foi sendo difundido para outros países, com a expansão das tecnologias da informação e mais tarde dos computadores. Isso foi importante para conectar os bancos, agências bancárias, casas de câmbio, lojas e outros estabelecimentos ampliando a rede de disponibilidade de uso de cartões de crédito, o que foi essencial para a difusão dos </span><b>cartões de débito</b><span style="font-family: verdana;">. Assim, nos anos 1970, muitos bancos já emitiam os dois tipos de cartões, o chamado "dinheiro de plástico", hoje tão popular. </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Criptomoedas</b> <b>ou moeda virtual</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>2008</b> o programador <b>Satoshi Nakamoto</b>, um pseudônimo usado pelo criador (ou criadores) da primeira criptomoeda funcional, lançada em 2009 oficialmente com o nome de <b>bitcoin</b>. A ideia acabou com o tempo se tornando uma sensação nos anos seguintes, mas ainda hoje divide opiniões de economistas pelo mundo, havendo quem defenda as criptomoedas como uma alternativa ao dinheiro físico e aos sistemas finaneceiros tradicionais, e há quem aponte que as criptomoedas sejam usadas para lavagem de dinheiro e outros crimes, além de não ser uma forma financeira sustentável. </span><span style="font-family: verdana;">(ULRICH, 2014). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Enquanto as moedas e cédulas possuem um controle de cunhagem e impressão, fato esse que produzir tais suportes sem autorização é ilegal, por sua vez, as contas bancárias são registradas e verificáveis, o caso do bitcoin e outras criptomoedas é mais problemático, pois elas não estão vinculadas a bancos ou governos, apesar de possuírem registro criptografado (por isso o termo criptomoeda, ou seja, moeda codificada), no entanto, existem meios para burlar as formas de transação e até dificultar o rastreamento desses tipos de moedas virtuais. </span><span style="font-family: verdana;">(ULRICH, 2014). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Apesar dessa problemática, o uso de criptomoedas cresceu bastante nos últimos quinze anos por ter facilitado transações financeiras via online. Hoje já existem mais de vinte criptomoedas como a <i><b>Bitcoin, a Ethereum, a Tether, a USD-Coin, a Binance</b></i>, etc. Cada uma dessas moedas virtuais faz uso de suas próprias redes financeiras e <i><b>blockchain</b></i> (bases de dados nas quais operam as transações e produção desse dinheiro). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQtC0oSq30G9SN0XfclbFvLIXqzeqnyLQI7xMaUKrH9esQSaa7b3u_sMAKZBohO5LtnkiQZ1p63S2WXOzquC5conaysZY3CepjolJY-_z6CPHo1Af-sVpUkxOxyz3ob5hx4Y25rBfWQJ4Bof_LNScR8eueDBA-ltiE8Cl18Sa09ZU4fjtiSANbfh28ZFk_/s1280/Cryptocurrency_logos.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="667" data-original-width="1280" height="334" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQtC0oSq30G9SN0XfclbFvLIXqzeqnyLQI7xMaUKrH9esQSaa7b3u_sMAKZBohO5LtnkiQZ1p63S2WXOzquC5conaysZY3CepjolJY-_z6CPHo1Af-sVpUkxOxyz3ob5hx4Y25rBfWQJ4Bof_LNScR8eueDBA-ltiE8Cl18Sa09ZU4fjtiSANbfh28ZFk_/w640-h334/Cryptocurrency_logos.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Logo de várias criptomoedas, ao centro a Bitcoin, a primeira moeda virtual criada. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">O uso de criptomoedas demanda a criação de contas (ou carteiras virtuais) que recebam esse dinheiro, o qual depois será convertido para outras moedas reais através do câmbio. Além disso, dinheiro comum pode ser convertido em criptomoeda também. Cada criptomoeda possui sua própria conta online, embora possa se fazer câmbio entre elas também. </div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">E existe a <b>prática da "mineração"</b> em que usam-se <b>programas os quais executam uma série de cálculos e outras atividades num blockchain</b>, e à medida que essas atividades e cálculos são resolvidos, <b>gera-se receita</b>. Assim, algumas pessoas usam seus computadores ou servidores para deixarem efetuando essas atividades para gerar dinheiro para elas. Mas não é um processo fácil, demanda geralmente muitos computadores e alto gasto de energia, por conta disso, há quem faça descentralização, usando computadores de diferentes localidades. (ULRICH, 2014). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Mas outra forma de gerar criptomoedas é através de vendas online, especialmente potencializadas pelos<b> NFT</b> (<i>Non-fungible Token</i>), que consistem em produtos virtuais únicos, não podendo ser substituídos, mas podem ser vendidos. Atualmente já existem sites especializados para criar NFT, lojas de comercialização de tais produtos, até jogos que permitem criar NFTs e se fazer o comércio dos mesmos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O uso de criptomoedas ainda não foi totalmente regulamentado, há países onde elas são proibidas, outros já permitem seu uso, mais restrito. Todavia, o crescimento dessas moedas virtuais levou alguns países a criar também seu dinheiro virtual, sendo este vinculado a seus bancos centrais, o que concederia maior segurança, confiabilidade e fiscalização das transações online. <br /></span><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>DAVIES</b>, Glyn. <b>A History of Money: From Ancient Times to the Present Day</b>. Cardiff, University of Wales Press, 2002. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>MANDELL</b>, Lewis. <b>The credit card industry: a history</b>. [s. l], Twayne Publishers, 1990. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>MARCHANT</b>, Alexander. <b>Do escambo à escravidão: as relações econômicas de portugueses e índios na colonização do Brasil</b>. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1980. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>ULRICH</b>, Fernando. <b>Bitcoin: a moeda na Era Digital</b>. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2014. </span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-50885237499479412722024-02-29T11:21:00.001-03:002024-02-29T11:21:26.898-03:00Por que Fevereiro tem menos dias?<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No calendário gregoriano, o qual é utilizado internacionalmente em vários países, dos doze meses, o mês de Fevereiro é o único que possui menos de 30 dias, mas nem sempre foi assim. No passado, Fevereiro chegou a possuir seu trigésimo dia em algumas ocasiões, mas acabou perdendo dois deles e ganha um vigésimo nono dia nos anos bissextos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O caso romano</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O primeiro calendário usado pelos romanos possuía 10 meses, sendo que sete tinham 30 dias e outros três possuíam 31 dias. Todavia, nessa primeira versão do calendário, surgida supostamente durante o reinado de<b> Rômulo</b> (753-715 a.C), não existia o mês de Fevereiro. Sendo assim, os demais meses tinham uma duração equilibrada. Entretanto, uma reforma ocorreu anos depois.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Durante o reinado de <b>Numa Pompílio</b> (715-673 a.C), o segundo rei de Roma, o monarca mandou atualizar o calendário, inserindo mais dois meses, chamados <b>Januário e Februário</b>. Além desses novos meses, foi reformulada a quantidade de dias. Se antes a regra eram meses com 30 e 31 dias, agora passou-se para 29 e 31 dias, porém, Februário que era naquele calendário o <b>último mês do ano</b>, ele ficou <b>28 dias</b>, sobrando o resto dos dias, por isso ser o mês menor. Sendo a primeira vez que isso foi estabelecido. Dessa forma, Fevereiro já tinha sido concebido há mais de dois mil e setecentos anos como tendo 28 dias. Mas isso mudou em alguns momentos. (LAMONT, 1919). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O calendário romano de Numa Pompílio possuía 355 dias, dez a menos do que o calendário solar de outros povos e o atualmente usado, para corrigir isso, os romanos optaram em inserir um mês extra chamado <b>Mercedônio</b>, que viria entre Februário (Fevereiro) e Márcio (Março). Porém, isso gerou dias extras em alguns anos, em que houve anos com 377 a 378 dias. De qualquer forma, esse método perdurou por quase sete séculos. </span><span style="font-family: verdana;">(LAMONT, 1919). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>46 a.C</b> durante o governo de<b> Júlio César</b>, foi decretado uma atualização do calendário romano para acabar com o mês extra do Mercedônio e estabelecer um calendário com 365 dias, não mais os 355 dias de antes. O astrônomo <b>Sosígenes de Alexandria</b> foi incumbido de fazer os cálculos e reelaborar o calendário. Dessa forma uma série de mudanças foram feitas. O começo do ano não seria mais em 1 de março, mas em 1 de janeiro. </span><span style="font-family: verdana;">Seis meses passaram a possuir 31 dias, por sua vez, </span><b style="font-family: verdana;">Fevereiro passou a ter 29 dias</b><span style="font-family: verdana;">. E como a cada quatro anos havia um atraso de horas no calendário, Sosígenes decidiu criar o </span><b style="font-family: verdana;">ano bissexto</b><span style="font-family: verdana;">, incluindo o dia </span><b style="font-family: verdana;">30 de fevereiro</b><span style="font-family: verdana;">. Assim, o calendário juliano totalizava 366 dias em anos bissextos. </span><span style="font-family: verdana;">(LAMONT, 1919). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Dessa forma, Fevereiro passou em <b>45 a.C</b> a possuir 29 dias regulares e nos anos bissextos tínhamos o dia 30 de fevereiro. Porém, essa mudança não se prolongou. Durante o reinado de <b>César Augusto </b>(27 a.C - 14 d.C), o primeiro imperador romano, o monarca mandou alterar o calendário juliano em <b>8 d.C</b>. O mês <b>Sextilis</b> foi renomeado para <b>Augustus</b> (Agosto) em homenagem ao imperador, além disso, tirou-se o vigésimo nono dia de Fevereiro e o colocou em Agosto, o qual passou a ter 31 dias. Assim, Fevereiro depois de cinquenta anos voltava a ter 28 dias regulares. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O caso sueco</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No século XVIII a Suécia pretendia trocar o calendário juliano pelo calendário gregoriano, o qual era o mais usado na Europa, porém, havia uma diferença de 11 dias entre os dois calendários. Assim, para tentar corrigir essa diferença o governo mandou ignorar os anos bissextos de 1700, 1704 e 1708, mas a medida deu errado, e em <b>1712 </b>tivemos o dia <b>30 de fevereiro</b> para corrigir o erro da mudança malfeita. O governo desistiu de alterar o calendário, somente em 1753 a mudança foi efetivada. (LAMONT, 1919). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhknKtrkmeJGHEM98nWbKZoa_llnMMSfmkpnm0_qaewj15QxoSLRr5z9sMZlFGOBTQ02yy9OAymJR-c8a7Zuyxpvv0jUy6uk3y14Tirqz-TUKOUb0W4wHoNcKHkp1bVxHltRmHxwx7PcN3vylsuG-sQUB34rqKHIWAK2xRlWmzva2-Gvhv6gwsflk75mdyk/s791/Feb1712.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="530" data-original-width="791" height="428" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhknKtrkmeJGHEM98nWbKZoa_llnMMSfmkpnm0_qaewj15QxoSLRr5z9sMZlFGOBTQ02yy9OAymJR-c8a7Zuyxpvv0jUy6uk3y14Tirqz-TUKOUb0W4wHoNcKHkp1bVxHltRmHxwx7PcN3vylsuG-sQUB34rqKHIWAK2xRlWmzva2-Gvhv6gwsflk75mdyk/w640-h428/Feb1712.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Calendário sueco de 1712 com 30 de fevereiro. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;"><b>O caso soviético</b></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1929</b> o ditador <b>Josef Stálin</b> ordenou a criação de um novo calendário para <b>promover os feriados cívicos</b>. Assim, foi proposto o projeto de que todos os meses teriam 30 dias e os cinco dias restantes seriam o tais feriados nacionais em celebração a Lênin (31 de janeiro), ao Dia do Trabalhador (1 e 2 de maio) e o Dia da Revolução (31/10 e 01/11). Esses feriados não fariam parte dos meses regulares. Dessa forma, fevereiro passaria a ter 30 dias. </span><span style="font-family: verdana;">Entretanto, a proposta acabou sendo rejeitada por problemas de aplicação e logística. (PARRY, 1940). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSOyGt9sgpx97XzsqHAW_rplf6q_SsxTqnG0aVMPDH1Ovhpu4uSWjLRmy4Ycuwmtv1lEAauCKL11REm5FD8wU6AFhCswHfsCSVSGnm_XmcXFnKhv02rmw2X7tKwljTfDkLdfuAEfEEKuDbiWd5BsmxSWMzQi3862E15-JPBIGjX0ul3CyEDhE9p9ixFI4w/s800/800px-Soviet_calendar_1930_color.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="584" data-original-width="800" height="469" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSOyGt9sgpx97XzsqHAW_rplf6q_SsxTqnG0aVMPDH1Ovhpu4uSWjLRmy4Ycuwmtv1lEAauCKL11REm5FD8wU6AFhCswHfsCSVSGnm_XmcXFnKhv02rmw2X7tKwljTfDkLdfuAEfEEKuDbiWd5BsmxSWMzQi3862E15-JPBIGjX0ul3CyEDhE9p9ixFI4w/w640-h469/800px-Soviet_calendar_1930_color.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O calendário soviético de 1930 quase chegou a ter o dia 30 de fevereiro, mas a proposta foi rejeitada. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;"><b>O dia 31 de fevereiro</b></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Neste caso, trata-se de um dia fictício. Os calendários usuais não colocam esse dia como existente, porém, é possível encontrar inscrições mencionando 31 de fevereiro. Na literatura e filmes tal data é as vezes mencionada como uma piada. Embora que foram encontrados casos de túmulos e lápides mencionado o 31 de fevereiro, porém, não se sabe ao certo o motivo. Há quem sugira que seja uma ironia, outros algo ligado a alguma crendice. Ou até mesmo uma travessura com o morto. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibFY_iFm2RpPYibSzRLcAwjORY-_xr5DVJj2ghDpTuZgVXUhX22_LduyRljSGvrfv-qgGfj0WdFu9ShiFjMMTBXIUqsNZskvXJU1f2xTdt5oGdYorSaw9QPbAIAExMxCw4mpCBHGflroFTpycH81z4yxG59V26tUT5JivQj2TIgEt6-xFxNBu7ZfGSxDv1/s1067/Feb31OnTombstone.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibFY_iFm2RpPYibSzRLcAwjORY-_xr5DVJj2ghDpTuZgVXUhX22_LduyRljSGvrfv-qgGfj0WdFu9ShiFjMMTBXIUqsNZskvXJU1f2xTdt5oGdYorSaw9QPbAIAExMxCw4mpCBHGflroFTpycH81z4yxG59V26tUT5JivQj2TIgEt6-xFxNBu7ZfGSxDv1/w300-h400/Feb31OnTombstone.jpg" width="300" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Lápide de Christiana Haag, falecida em supostamente em 31 de fevereiro de 1869, aos 34 anos e 2 semanas de idade. A lápide fica situada em Ohio, nos Estados Unidos, mas naquela época o mês de fevereiro contava com seus 28 dias padrões. </span></td></tr></tbody></table><b style="font-family: verdana;">Referências bibliográficas</b><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>LAMONT</b>, Roscoe. <b>The Roman calendar and its reformation by Julius Caesar</b>. <i>Popular Astronomy</i>, v. 27, 1919, p. 583-595.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>PARRY</b>, Albert. <b>The Soviet Calendar</b>. <i>Journal of Calendar Reform</i>, v. 10, 1940, p. 65-69. </span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-14735169191750006852024-02-23T20:32:00.000-03:002024-02-23T20:32:27.829-03:00Nicolas Flamel e a lenda do alquimista prodigioso<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Quando se falada Pedra Filosofal, mágico artefato o qual vários alquimistas ambicionaram criar, que suspostamente transformaria metais diversos em ouro e poderia produzir o elixir da longa vida ou da imortalidade, o nome de Nicolas Flamel costuma ser mencionado, já que é creditado a ele uma lenda na qual ele supostamente teria criado uma pedra filosofal. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXqobjyvsR2I9fyG-w4RO2Fu66mwM8NUyblc2r0Pk8ziK5LyI2yzYldpI-AZ_VqfnnLubNkUooPWvisedwFNPi_K0flUpycpFskZGsLAVuv5E7KCfilPDpXB1PU2VGHEL_Oyfw7cVIrPuUgT5jFhj6ol0mlvm-7ZVEap7xHRn0cuDzTSyOw84CTsPBxtMF/s1066/800px-Flamel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1066" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXqobjyvsR2I9fyG-w4RO2Fu66mwM8NUyblc2r0Pk8ziK5LyI2yzYldpI-AZ_VqfnnLubNkUooPWvisedwFNPi_K0flUpycpFskZGsLAVuv5E7KCfilPDpXB1PU2VGHEL_Oyfw7cVIrPuUgT5jFhj6ol0mlvm-7ZVEap7xHRn0cuDzTSyOw84CTsPBxtMF/w300-h400/800px-Flamel.jpg" width="300" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Retrato do século XVII imaginando como seria Nicolas Flamel. Na pintura ele é referido como filósofo, algo que nunca foi. </span></td></tr></tbody></table><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Resumo de sua vida</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Nicolas Flamel</b> (c. 1330-1418) nasceu em <b>Pontoise</b>, uma aldeia nos arredores de Paris, tendo vivido na época da <b>Guerra dos Cem Anos</b> (1337-1453). Pouco se sabe sobre suas origens e vida, mas ele pertencia a uma família da pequena burguesia. Ele por conta disso recebeu educação, tendo se tornando provavelmente na adolescência ou aos vinte e poucos anos, <b>copista e escrivão</b>, na <b>Rua dos Escrivães </b>em Paris, isso por volta da década de 1350, época onde um irmão mais novo seu, <b>Jean Flamel</b> também trabalhava. Mais tarde Flamel se tornou livreiro oficial, naquela época todo o livreiro em Paris era regulamentado pela <b>Universidade de Paris</b>, responsável pelo comércio de livros na cidade e em outras localidades do país. Era um trabalho sério e respeitado. Os livreiros tinham salário fixo e recebiam comissões pelas suas vendas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ainda na década de 1368, Flamel comprou uma casa na <b>Rua de Marivaux</b> (atual Rua Nicolas Flamel). Onde viveu o restante da vida. Dessa forma, já com seus quarenta e poucos anos de idade, Nicolas Flamel pertencia a respeitada guilda de livreiros parisienses, os quais até faziam juramento para exercer essa profissão, além de trabalhar como escrivão. Por volta de 1370 casou-se com a viúva <b>Pernelle</b>, mulher que possuía uma boa condição financeira, em parte herdada da herança de seus dois maridos falecidos. Como ela já tinha tido filhos, desse casamento com Flamel, eles não tiveram herdeiros. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Devido a fortuna de ambos que inclusive era mantida pelos aluguéis de imóveis que o casal possuía em Paris e nas aldeias vizinhas, Flamel e Pernelle começaram a fazer doações regulares a igrejas, hospitais, orfanatos e outras instituições. Sua esposa morreu de causas desconhecidas em <b>1397</b>. Apesar disso, Flamel seguiu com seus atos de caridade e passou a financiar a reforma de igrejas e capelas, e até mandou construir algumas casas que deu para os pobres. As casas foram erguidas em 1407, como atesta gravações informando que foram construídas com dinheiro doado por Flamel. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nicolas Flamel faleceu de causas desconhecidas em 22 de março de 1418, sendo sepultado na <b>Igreja de Saints-Jacques-la-Boucherie</b>, que foi destruída em 1797 durante a <b>Revolução Francesa </b>(1789-1799). Sua esposa estava sepultada no <b>Cemitério dos Inocentes</b>, mas os restos mortais dela e dele foram levados para as catacumbas de Paris durante a revolução. Entretanto, a lápide do túmulo de Flamel resistiu a destruição e hoje se encontra exposta no Museu de Cluny. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS93KdY_1mwqZTolQDTvRI36dj-HWYSibrBkyVLFRHKEHOCrHUmfwJmg0dKldsJI0pVKbDR9fXvmZUQaLNPMesS-UYT_k9Jdg2X744XPWlz15wAH0Op9Z1Qwfc1EHeqwWg7bNtmXYNlVmgTN1ETmk8TP3FaPRWnGFlnhH3t2Cb_sW0V5ImHZZb8LIBo3bQ/s1059/800px-Pierre_tombale_de_Nicolas_Flamel.jpeg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1059" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS93KdY_1mwqZTolQDTvRI36dj-HWYSibrBkyVLFRHKEHOCrHUmfwJmg0dKldsJI0pVKbDR9fXvmZUQaLNPMesS-UYT_k9Jdg2X744XPWlz15wAH0Op9Z1Qwfc1EHeqwWg7bNtmXYNlVmgTN1ETmk8TP3FaPRWnGFlnhH3t2Cb_sW0V5ImHZZb8LIBo3bQ/w303-h400/800px-Pierre_tombale_de_Nicolas_Flamel.jpeg" width="303" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Lápide do túmulo de Nicolas Flamel, 1418. Exposta no Museu de Cluny. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;"><b>Flamel se torna alquimista após a morte</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora seja hoje conhecido como um famoso alquimista, ironicamente Nicolas Flamel nunca estudou alquimia. Tal ideia surgiu de lendas urbanas oriundas mais de cem anos depois. Não se sabe quem iniciou essas lendas e por qual motivo, mas em meados do século XVI, Flamel era reputado entre o meio erudito e esotérico francês como tendo sido um respeitado alquimista medieval. Inclusive alguns livros alquímicos eram comercializados na época, dizendo-se que a autoria era de Flamel. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Obras como o <i><b>Livro de Flamel</b></i>, <i><b>O Sumário Filosófico</b></i>, <i><b>Saltério Químico</b></i>, e o mais famoso de todos:<b style="font-style: italic;"> O Livro das Figuras Hieroglíficas</b> (1612), foram algumas das várias obras alquímicas creditadas ao mestre Nicolas Flamel, todavia, todas foram comprovadas serem uma farsa. Alguns desses livros eram de outros autores mais antigos, que tiveram o nome trocado pelo de Flamel. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuPPczB8jROq7Tb210Amu52fRsJ4cdT7Gd8mD9-V_CegIsUURgnpclvmPWOPB2pEnPweBhhVC26J5qxdLwwo1SypBmfKCGWkS4tf2YlIqiNtG2MZv4eJru2KE4am8TVaxaA_ex0GknpTiRm9jDeDojoUiKPRLQZb6I0jgN02cxi0_f14bn-dVt8RolGy6q/s350/Trois_trait%C3%A9s_de_la_philosophie_naturelle.jpeg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="350" data-original-width="230" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuPPczB8jROq7Tb210Amu52fRsJ4cdT7Gd8mD9-V_CegIsUURgnpclvmPWOPB2pEnPweBhhVC26J5qxdLwwo1SypBmfKCGWkS4tf2YlIqiNtG2MZv4eJru2KE4am8TVaxaA_ex0GknpTiRm9jDeDojoUiKPRLQZb6I0jgN02cxi0_f14bn-dVt8RolGy6q/w263-h400/Trois_trait%C3%A9s_de_la_philosophie_naturelle.jpeg" width="263" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Frontispício do Livro das Figuras Hieroglíficas, tratado alquímico atribuído a Nicolas Flamel, mas ele jamais escreveu tal obra. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No entanto, por qual motivo essa farsa foi criada? Nicolas Flamel não deixou filhos e seu testamento elegeu alguns parentes para ficar com sua herança. Além disso, ele em vida nunca foi dado a alquimia, nem tendo escrito a respeito. Algumas possíveis respostas estão associadas a sua riqueza e o ofício. Flamel foi um burguês relativamente rico, sendo dono de vários imóveis e gostava de fazer muita caridade, sendo publicamente conhecido por isso. Era comum no século XV e XVI na França, dizer que homens que ficaram ricos de forma misteriosa, estariam envolvidos ou em negócios ilícitos ou eram alquimistas. Além disso, como Flamel era livreiro, tinha contato com vários tipos de livros, incluindo obras de magia e alquimia, por conta disso, surgiu lendas dizendo que graças a sua profissão ele teve acesso a livros de alquimia, inclusive os raros e secretos, o que permitiu ele desenvolver seus estudos alquímicos e até ter criado uma pedra filosofal, isso justificaria a origem de seu dinheiro. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O curioso é que se Flamel tivesse criado uma pedra filosofal, o que responderia a condição de ele ser rico, por que ele não produziu o tal elixir da imortalidade? Não há uma resposta para isso. As lendas falam que ele não soube criar o elixir, outros até sugeriram que ele realmente o inventou e fingiu a própria morte, por isso seus restos mortais não foram achados. Sendo que isso se deve ao fato que era comum esvaziar os túmulos nos cemitérios parisienses por falta de espaço. Logo, os restos mortais dele e da esposa foram levados para as catacumbas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ainda nos séculos XVII e XVIII supostos livros e manuscritos atribuídos a Flamel ainda eram vendidos, nesse tempo, a fama de alquimista já tinha se consolidado após mais de duzentos anos de sua morte, fato esse que, em obras que abordavam alquimistas famosos, o nome de Flamel já constava, embora ele nunca tenha sido um alquimista de fato, mas na época tais lendas eram tomadas como reais. Dessa forma, desde então a fama de Nicolas Flamel como alquimista e suposto criador da pedra filosofal, perdura até hoje. Uma lenda muito bem elaborada e longeva. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA: </b>Nicolas Flamel se tornou popular na cultura pop, sendo citado em livros, filmes, desenhos, músicas, quadrinhos, novelas, jogos etc. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 2: </b>No livro <i><b>O Corcunda de Notre-Dame</b></i> (1831) o padre Claude Frollo estuda alquimia, e ele estuda algumas das obras escritas por Flamel. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 3:</b> Em Harry <i><b>Potter e a Pedra Filosofal </b></i>(1997), a pedra existente na história dos livros foi criada por Flamel, o qual ainda estava vivo em 1990, tendo mais de seiscentos anos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 4:</b> No mangá <b style="font-style: italic;">Fullmetal Alchemist</b> (2001-2010), seus animes e filmes referem-se a Flamel através de um símbolo alquímico chamado "Cruz de Flamel". </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 5:</b> O escritor<b> Michael Scott </b>escreveu a série de seis livros intitulada <i><b>The Secrets of the Immortal Nicholas Flamel</b></i> (2007-2012). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 6:</b> O mistério de Nicolas Flamel é tema de duas DLCs do jogo <i><b>Assassin's Creed Unity</b></i> (2014).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 7:</b> O filme de terror <i><b>As Above, So Below</b></i> (2014) coloca uma equipe em busca da pedra filosofal de Flamel, escondida nas <b>catacumbas de Paris</b>, porém, eles descobrem que forças sombrias ali se escondem. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 8: </b>No filme <i><b>Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore</b></i> (2022), Flamel aparece em alguns momentos, sendo um homem com mais de quinhentos anos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 9:</b> No jogo <i><b>Steelrising</b></i> (2022) é dito que Flamel conseguiu criar uma pedra filosofal, mas sua alma ficou presa num limbo. Existe uma série de missões para desvendar isso. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>SIMON</b>, H. <b>Memorias de Flamel</b>. Villaviciosa Odón, Editorial Mirach, 1998. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>WILKINS</b>, Nigel.<b> Nicolas Flamel: de oro y libros</b>. Palma de Mallorca, José J. de Olañeta editor, 2001. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Link relacionado</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2023/07/isaac-newton-e-pedra-filosofal.html">Isaac Newton e a Pedra Filosofal</a><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-65099923274063168642024-02-13T11:28:00.001-03:002024-02-13T11:28:14.813-03:00Os piratas do Caribe<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Pirata é o termo usado para os ladrões que agem nos mares. Pelo menos no sentido mais antigo da palavra, já que pirata também passou a se referir a produtores de mercadorias falsificadas, o que concedeu um novo sentido a palavra pirataria. Todavia, piratas existem desde a Antiguidade, se desconhecendo quando eles teriam surgido e começado os assaltos a embarcações e localidades costeiras. Na Roma Antiga, piratas sequestraram Júlio César, na Idade Média, os vikings atuavam como piratas, saqueando a Inglaterra, Escócia, Irlanda, França, Portugal e Espanha. A pirataria foi algo bastante comum no Mediterrâneo, mas também no Oceano Índico e no Oceano Pacífico na região da Indonésia, Vietnã, Filipinas e China. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entretanto, os piratas mais famosos da História atuaram no Oceano Atlântico, principalmente na região do Caribe, Antilhas e arredores, num período que ficou conhecido como a <b>Era de Ouro dos Piratas </b>(1660-1730). Assim, o presente texto apresentou alguns desses piratas famosos e o contexto da sua época, um período marcado por intensa atividade de pirataria que torno tal condição num problema internacional, gerando até mesmo uma guerra de caça aos piratas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Nomenclatura</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A palavra pirata advém do latim <i><b>pirata</b></i>, que por sua vez, veio do grego <i><b>peirates</b></i>, que consiste numa palavra composta que significa "tentar com esforço", que acabou ganhando o sentido de assalto ou saque. Assim, já na Grécia Antiga e Roma Antiga, a palavra pirata já se referia a ladrões que atuavam no mar. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Todavia, no século XVII surgiu a palavra <b>flibusteiro</b>, talvez de origem inglesa advindo de<i><b> freeboat</b></i> ou holandesa com . Essa palavra era usada principalmente pelos espanhóis, holandeses e franceses para se referir aos piratas que agiam especificamente no Caribe e nas Antilhas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Mas além dessa palavra, usava-se também o termo <b>bucaneiro</b>, palavra de origem francesa que advém de <i><b>bucan</b></i>, uma grelha usada para defumar carne. Originalmente os bucaneiros eram caçadores e pastores de vacas que habitavam Hispaniola, após serem expulsos, alguns aderiram a pirataria, e o termo ganhou nova conotação. O interessante é que esses primeiros piratas eram de origem espanhola, não francesa como comumente eram a maioria dos piratas que atuavam na região no século XVI. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entretanto, a palavra corsário apresenta algumas ligeiras diferenças. De origem italiana <i><b>corsaro</b></i>, essa palavra era empregada aos <b>"piratas legalizados"</b>. Pode parecer estranho isso, mas ao longo da Idade Moderna e até no século XX durante as Guerras Mundiais, a pirataria foi legalizada através do corso. Dessa forma, um corsário era um homem que recebia ou fazia contrato com um capitão que dispunha uma carta de corso, a qual era emitida por uma autoridade política que legitimava aquele homem a contratar tripulação e armar navio ou navios para empreender atos de corso, que basicamente consistiam em práticas similares a pirataria como saquear, sequestrar, extorquir e invadir. Todo o butim conseguido pelos corsários seria revertido ao seu contratante, que por sua vez, pagaria o salário deles, diferente dos piratas que roubavam para benefício próprio e agiam como foras da lei.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Devido ao corsário agir da mesma forma que um pirata, em muitas vezes a documentação não distinguia pirata de corsário, sendo ambos tratados da mesma forma. As vezes alguns documentos especificavam que determinado homem seria um corsário, o que significava que ele estava amparado por uma carta de corso. Porém, para povos que eram inimigos, um corsário era o mesmo que pirata. Assim, Francis Drake que foi um corsário inglês famoso, para os espanhóis não passava de um pirata canalha. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A pirataria surge no Caribe</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora <b>Cristóvão Colombo</b> tenha chegado ao Caribe em <b>1492</b>, somente no século XVI é que a região começou a ser mais frequentada pelos europeus, especialmente os espanhóis, os quais passaram a dominar aquela região, todavia, piratas franceses (ou filibusteiros) começaram a rondar aquelas águas e ilhas. Relatos de <b>1513 </b>citam que a <b>Casa de Contratación</b>, a qual cuidava das expedições às Índias, informou a presença de navios franceses no <b>Mar do Caribe</b>. Eles as vezes vinham do Brasil, onde iam coletar <b>pau-brasil</b>. A situação se tornou tão recorrente, que em 1514 foi ordenado que o governador do Panamá armasse homens e navios para combater os piratas franceses. (MOREAU, 2012). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwQjtPK1o4EbMwnQ1w4fdmUd7LKPLMc-Jn8xVfG1pmhDOA6V2-KW7UzBO_hEDSUw7GXefMDRjHSip29xdNRkvD6rfDqPQGoCxZQ-NzkLsTtNGZI0NFz119JXgFd6TETXXPH4Lr81Yqzf2UjrbkPzmJeMeW-4F4PcgkpuTPwCPMA7m3-vcOao8FiM-7LwsO/s640/72662474e3738a33509b1f15a8817a9b.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="425" data-original-width="640" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwQjtPK1o4EbMwnQ1w4fdmUd7LKPLMc-Jn8xVfG1pmhDOA6V2-KW7UzBO_hEDSUw7GXefMDRjHSip29xdNRkvD6rfDqPQGoCxZQ-NzkLsTtNGZI0NFz119JXgFd6TETXXPH4Lr81Yqzf2UjrbkPzmJeMeW-4F4PcgkpuTPwCPMA7m3-vcOao8FiM-7LwsO/w640-h426/72662474e3738a33509b1f15a8817a9b.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Mapa do Mar do Caribe e arredores, mostrando a área de atuação dos piratas durante a Idade Moderna. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A quantidade de navios aumentou significativamente a partir da década de 1520, quando o</span><b> Império Asteca</b><span style="font-family: verdana;"> foi subjugado por </span><b>Hernán Cortés </b><span style="font-family: verdana;">e o </span><b>Vice-Reino da Nova Espanha</b><span style="font-family: verdana;"> foi fundado. Por esse período, vilas e portos já tinham sido fundados em <b>Cuba, Jamaica, Porto Rico, Panamá</b>, entre outras ilhas das Antilhas. </span><span style="font-family: verdana;">Isso intensificou o tráfego de navios espanhóis para a América Central, um dado importante, pois piratas existem em localidades onde possam conseguir mercadorias ou dinheiro. E isso ocorreu logo cedo, quando em <b>4 de janeiro de 1522</b>, a <b>fortaleza de Santo Domingo</b> na ilha de <b>Hispaniola</b> (atualmente República Dominicana), foi atacada por piratas franceses, tratando-se do primeiro grande ataque pirata naquele século. </span><span style="font-family: verdana;">(MOREAU, 2012). </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Data também de 1522 a ação do corsário <b>Jean Fleury</b>, que atacou os navios espanhóis que partiram de <b>Veracruz</b>, carregados com o saque efetuado por Cortés nas cidades Astecas. O ataque foi tão agravante que parte do saque foi roubado pelos corsários franceses, levando o rei espanhol <b>Carlos I </b>a criar a <b>Frota da Prata </b>(chamada de <i>Flota de Índias</i> em espanhol) composta por galeões mercantes os quais eram escoltados para protegê-los de corsários e piratas. Diante disso, pelos duzentos anos seguintes a Frota da Prata sempre partia de <b>Sevilha </b>para a América Central, passava meses aguardando os carregamentos de prata, ouro e outras mercadorias e depois era escoltada de volta a Espanha. Em algumas ocasiões a frota era atacada, mas conseguia resistir, em outras ela foi roubada. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Jean-Pierre Moreau (2012) aponta que a maioria dos piratas (flibusteiros como ele se refere para essa época) eram de origem francesa, cujos navios zarpavam de<b> Ponant </b>no noroeste da França. Eram homens de provenientes principalmente da <b>Normandia</b> e <b>La Rochelle</b>, localidades com importantes portos no país, inclusive dos quais zarpavam navios enviados ao Brasil para coletar pau-brasil. Assim, dessa forma, no século XVI a pirataria caribenha foi dominada principalmente pelos franceses, embora que espanhóis oriundos do País Vasco também atuaram nessas ações. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A presença de piratas no Caribe aumentou ao longo do XVI à medida que se passou a cultivar <b>cana de açúcar</b> e <b>tabaco</b>, mas principalmente por conta dos navios que transportavam ouro e prata saqueados do antigo Império Asteca e de seus povos subordinados. Mais tarde com a descoberta das minas de prata no Peru e na Bolívia, como em Potosí, os carregamentos de prata cresceram volumosamente no final do XVI. A partir de 1550 o número de ataques à cidades, portos e vilas cresceu bastante na região, levando o governo espanhol a mandar construir fortalezas e fortes para assegurar seus domínios, já que a maioria dos piratas e corsários desse período eram franceses.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">"As operações de obstrução acompanharam de forma natural o desenvolvimento </span><span style="font-family: verdana;">das cidades espanholas do Caribe, primeiro Santo Domingo, Porto Rico </span><span style="font-family: verdana;">e Cuba, depois as cidades de Tierra Firme e finalmente Honduras. No </span><span style="font-family: verdana;">segunda metade do século, o Caribe como um todo estava ameaçado </span><span style="font-family: verdana;">(Panamá, Nova Espanha, Flórida), e tivemos que esperar Madrid </span><span style="font-family: verdana;">decidiu ampliar a sua rede de pontos fortificados na área para que o </span><span style="font-family: verdana;">a tensão diminuirá um pouco. Assim, Santo Domingo, Havana ou Cartagena </span><span style="font-family: verdana;">Eles conheceram um pouco mais de segurança depois que suas cidadelas foram erguidas. </span><span style="font-family: verdana;">No mínimo, os predadores pensaram duas vezes antes </span><span style="font-family: verdana;">arriscar um ataque a essas cidades. Em vez disso, nossos aventureiros </span><span style="font-family: verdana;">Eles se renderam alegremente à captura de navios no porto ou no mar, </span><span style="font-family: verdana;">Fizeram incursões em terras desprotegidas, em engenhos de açúcar, fazendas </span><span style="font-family: verdana;">e plantações, para obter alimentos, reféns para exigir resgate e bens </span><span style="font-family: verdana;">pegar". (MOREAU, 2012, p. 63, tradução nossa). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No começo do século XVII o corsário francês <b>Charles Fleury</b>, entre 1610 e 1620 realizou uma série de ataques pelo Caribe, sendo considerado o corsário e pirata mais famoso do período. Em <b>1611 </b>ele capturou uma caravela cheia de couro e cochonilha, um inseto parasitário usado para se extrair caro pigmento. As autoridades espanholas tentaram negociar com Fleury a devolução do navio e seu carregamento, o que ele se negou em fazer. Mais tarde em <b>1614 </b>foi capturado pelos ingleses e ficou presos alguns meses, conseguindo que pagassem sua liberdade. Como ele era um corsário detinha direitos, se fosse um pirata, provavelmente teria sido enforcado. Após retornar a ativa em <b>1615</b>, Fleury teve problemas num ataque a arquipélago português dos <b>Açores</b>, onde perdeu vários homens, retornando para a França em seguida. </span><span style="font-family: verdana;">No ano de 1618 a carta de corso de Charles Fleury foi renovada, autorizando a saquear navios espanhóis e portugueses também. Assim, ele armou três navios e zarpou para o Caribe, realizando vários assaltos pelos anos seguintes, chegando a trabalhar com o pirata holandês <b>Hendrick Lucifer</b> a partir de 1619, cooperando em alguns assaltos. </span><span style="font-family: verdana;">(MOREAU, 2012). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Piratas e corsários holandeses e ingleses chegam ao Caribe</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Durante o século XVI os franceses dominaram a pirataria caribenha, depois deles tínhamos espanhóis oriundos do reino ou das colônias. Todavia, a pirataria na região teve uma queda entre as décadas de 1590 e 1610, quando as defesas espanholas conseguiram pacificar aquelas ilhas e águas graças o investimento em fortalezas, fortes e patrulhas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Diferente dos espanhóis, portugueses e franceses que investiram logo cedo na exploração das Américas, os ingleses e holandeses chegaram bem mais tardiamente, somente no século XVII que eles começaram a investir em colônias, antes disso, eles visitavam as Américas por comércio, mapeamento, ou através de atos de pirataria ou corso. Como os ataques dos corsários ingleses ocorridos no Brasil. O corsário <b>Thomas Cavendish</b> atacou as vilas de <b>Santos e São Vicente</b> em <b>1591</b>, anos depois o corsário <b>James Lancaster </b>atacou <b>Recife</b> em<b> 1595</b>. Já em <b>1599</b> os capitães holandeses <b>Hartman e Boers </b>atacaram <b>Salvador</b> e os arredores, depois seguiram para o Caribe, antes de retornar a Holanda. (FRANÇA; HUE, 2014). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Todavia, o corsário mais notável desse final de século foi<b> Sir Francis Drake</b> (c. 1540-1596), considerado um "maldito pirata" pelos espanhóis e inimigo público no império espanhol. Entre <b>1577 e 1579</b>, Drake atacou navios e portos espanhóis no Pacífico, desenvolvendo sua fama de corsário e irritando os espanhóis, algo que culminou em <b>1588 </b>com a derrota da<b> Armada Invencível</b>, uma poderosa armada espanhola que foi vencida pelos ingleses, numa trágica e decepcionante batalha naval para a coroa espanhola. Drake participou dessa batalha e depois disso voltou a comandar ataques aos domínios espanhóis, morrendo de disenteria em <b>1596</b> durante o cerco a cidade de<b> San Juan</b>, em <b>Porto Rico</b>, no Caribe. </span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmuba-cG6MjIDcbPWHuunDL-4rxHR_rzslCdwXf0RUZ-PmF1YxIyCyXNJsblo6AjcQR1o7Llge3FT6u_m2aO0gxTDRy_0YML6IVRJLni4GsDc5jMSADlXnoLA1LwkGy7ael5sJvK5Os1S1_EZSm7bhCAg-EJX0MVS0_eKmiRT7I3gfP-4Ek_8Wj4s1Tvs3/s1035/800px-Gheeraerts_Francis_Drake_1591.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1035" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmuba-cG6MjIDcbPWHuunDL-4rxHR_rzslCdwXf0RUZ-PmF1YxIyCyXNJsblo6AjcQR1o7Llge3FT6u_m2aO0gxTDRy_0YML6IVRJLni4GsDc5jMSADlXnoLA1LwkGy7ael5sJvK5Os1S1_EZSm7bhCAg-EJX0MVS0_eKmiRT7I3gfP-4Ek_8Wj4s1Tvs3/w309-h400/800px-Gheeraerts_Francis_Drake_1591.jpg" width="309" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Sir Francis Drake foi um notório corsário inglês, mas para os espanhóis era um pirata que causou muito problemas para eles e sua cabeça foi posta a prêmio. </span></td></tr></tbody></table><br /><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nas primeiras décadas do século XVII, os ingleses e os holandeses empreendiam viagens às Américas, mapeando suas costas. Os ingleses exploravam o que hoje é a costa dos Estados Unidos, apesar que os espanhóis já ocupassem a Flórida e os franceses já estivessem montando assentamentos no Canadá. Por sua vez, os holandeses depois dos ataques realizados ao Brasil, decidiram retornar com uma frota e atacaram <b>Salvador</b> em <b>1624</b>, então capital da colônia. A ocupação da pequena cidade durou quase um ano até que as forças holandesas a abandonaram devido a poderosa armada enviada pelo <b>rei Filipe III de Espanha</b>, então governante também de Portugal e suas colônias. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Apesar da perca de Salvador, os holandeses através da <i><b>Companhia das Índias Ocidentais</b></i> (<i>West-Indische Compagnie</i> - WIC) decidiu não desistir de retornar ao Brasil. Então a empresa de capital público e privado passou os anos seguintes reunindo dinheiro para um novo ataque. Como havia a necessidade de muito dinheiro, a companhia decidiu investir em atos de corso. Assim, num feito ousado, o almirante<b> Piet Heyn</b> (1577-1629) comandou um arriscado assalto a Frota da Prata em <b>1628</b>, emboscando-a à noite perto de<b> Cuba</b>, onde alguns dos navios foram capturados e saqueados. A prata, ouro e outras mercadorias obtidos ajudaram nos preparativos de uma nova expedição ao Brasil, resultando no ataque de <b>1630</b> as vilas de <b>Olinda e Pernambuco</b>, que foram ocupadas, dando início ao <b>Brasil Holandês</b> (1630-1654). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">"Entre as décadas de 1620 e 1640, os holandeses foram os maiores predadores do Mar do Caribe. Além das poderosas armadas comandadas por Peter Schouten (1624), Hendriksz (1625), Piet Heyn (1626), Hendrik Jakobs Lucifer (1627), novamente Piet Heyn, que capturou a frota de Juan de Benavides em Matanzas (1628), e Hanspater, que tomou Santa Marta (1630), numerosos empresários privados também participaram do corso. Em geral, os obstrucionistas holandeses usaram como base a ilha de Curaçao, colonizada desde 1634 por Joannes Van Walbeck, e as demais possessões mantidas pelas potências do norte da Europa, especialmente San Cristobal ou Providencia, colonizadas pelos ingleses em 1629". (MOREAU, 2012, p. 87, tradução nossa). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Um corsário holandês que se destacou também nas décadas de 1620 e 1630 foi <b>Cornelis Jol</b> (1597-1641), apelidado de <b>Houtebeen</b>, ou <b>"Perna de Pau"</b>. Inclusive ele foi a inspiração para o estereótipo dos piratas com pernas de pau. Inicialmente ele era da marinha, tendo feito carreira nessa, quando em 1628 devido ao seu bom desempenho na <b>Guerra dos Oitenta Anos</b> (1568-1648), foi contratado pela empresa da <b>Companhia das Índias Ocidentais</b> (WIC), para comandar ataques de corso na costa africana, especialmente contra as colônias portuguesas de <b>Angola e São Tomé e Príncipe</b>. Com seu êxito na África, Jol foi enviado para as Américas, realizando ataques pelo Caribe e até no Brasil. Morreu de <b>malária</b> em 1641 na ilha de São Tomé. (MOREAU, 2012). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em sua carreira pelo Caribe, Cornelis Jol, o Perna de Pau conheceu um pirata chamado de <b>Diego, o Mulato</b>, o qual era de origem espanhola, provavelmente nascido em alguma colônia caribenha. Pouco se sabe sobre a proveniência de Diego, além de haver questionamentos quanto a sua origem, se ele seria sevilhano ou cubano, além de que sua identidade também é questionável, pois ele aparece na documentação com vários nomes como: <b>Diego Grillo</b>, <b>Diego Martin</b>, <b>Diego de la Cruz, Diego de los Reyes, Dieguillo, Diego Lucifer, Diego, o Mestiço</b> etc. Alguns historiadores questionam se todos esses nomes se refeririam ao mesmo homem ou não. </span><span style="font-family: verdana;">Inclusive uma das histórias associava Diego como sendo um filho bastardo do pirata holandês </span><b style="font-family: verdana;">Hendrick Lucifer</b><span style="font-family: verdana;"> (1583-1627), famoso por ter roubado vários navios durante os anos que esteve em atividade pelo Caribe, chegando a ser parceiro de crime de Charles Fleury. (MOREAU, 2012).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Diego, o Mulato participou do ataque holandês a <b>Honduras em 1633</b>, onde conheceu Jol, Perna de Pau, o que chamou a atenção de corsários holandeses que o contrataram. Assim, no assalto a<b> ilha de Curação em 1636</b>, Diego seria um corsário. Dois anos depois Diego realizou alguns ataques em Cuba, tentando extorquir comerciantes e as autoridades. Em 1641 ele comandou ataques em <b>Honduras e no México</b>. No ano seguinte foi relatado um assalto seu em<b> Trujillo</b> (atualmente no Peru). Nos anos seguintes há mais relatos creditando crimes a Diego, o Mulato até 1648, depois disso as informações somem e a partir de 1653 encontramos referências a um capitão pirata chamado Diego, o Mestiço, Diego Grillo, entre outros nomes, trabalhando ao lado de piratas franceses. Seria a mesma pessoa? Pois há menções a outros Diegos até 1673, o que dificulta acreditar ser o mesmo homem, ainda mais considerando que a expectativa de vida de um pirata era baixa. (MOREAU, 2012). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Henry Morgan</b> (1635-1688) em <b>1667</b> recebeu uma <b>carta de corso</b> do governador da <b>Jamaica</b>, na época a ilha pertencia aos ingleses, após conquistarem-na dos espanhóis. O governador autorizou Morgan a saquear navios e portos espanhóis pelo Caribe, e assim ele o fez, destacando-se inicialmente seus ataques à Cuba e o Panamá. Em 1688 ele atacou localidades na <b>Venezuela</b> e no<b> Estreito de Gibraltar</b> na Espanha. Em <b>1671 </b>ocorreu seu ato mais ousado, atacar a <b>Cidade do Panamá</b>, embora que a invasão fracassou. No ano seguinte Morgan foi levado como prisioneiro para a Inglaterra, supostamente por ser julgado por atos de pirataria (embora ele fosse autorizado a fazer aquilo, pois era um corsário a serviço do governo colonial jamaicano). (ALLEN, 1976). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1673</b> ele retornou a Jamaica, ganhando cargos políticos, incluindo o de vice-governador. Mais tarde assumiu como governador interino três vezes, além de ter-se tornado fazendeiro. Depois ele ganhou até o título de<i> sir </i>(cavaleiro). Morgan também virou mercador e até participou do tráfico negreiro, financiando alguns comerciantes de escravos. Apesar de seu trabalho como político e fazendeiro, Morgan foi acusado de ainda praticar atos de pirataria, como o contrabando. De qualquer forma, ele faleceu de forma tranquila, já idoso, tendo uma carreira breve no corso. </span><span style="font-family: verdana;">(ALLEN, 1976).</span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZAYjg1I3QWYux8K6ZEBdJb4LxOFFioxfGWykuZeLmEUV98s0K7Bi6NaUfHkZ6G_zqc6awQqSs0m280QnIjhKhrJ7hHH6zDRABQIaL5epympO4deNSUhhECIwAgZBesjLW12PdmoPIvkD4ceRqIP42trOqDDIcS971XQIoiPmqhvbmBVE5hlrPucZI8b1I/s760/Morgan,Henry.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="760" data-original-width="597" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZAYjg1I3QWYux8K6ZEBdJb4LxOFFioxfGWykuZeLmEUV98s0K7Bi6NaUfHkZ6G_zqc6awQqSs0m280QnIjhKhrJ7hHH6zDRABQIaL5epympO4deNSUhhECIwAgZBesjLW12PdmoPIvkD4ceRqIP42trOqDDIcS971XQIoiPmqhvbmBVE5hlrPucZI8b1I/w314-h400/Morgan,Henry.jpg" width="314" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Retrato espanhol de Henry Morgan, chamado de Iuan nessa pintura. Ele foi um notório corsário e pirata inglês no século XVII. </span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Mas se Henry Morgan teve uma carreira curta de corsário (embora mais tarde alguns escritores exaltaram isso), todavia, um contemporâneo seu se notabilizou na pirataria, sendo</span><span style="font-family: verdana;"> </span><b style="font-family: verdana;">Henry Avery </b><span style="font-family: verdana;">(1649-?). De origem pobre, entrou na Marinha Real como</span><span style="font-family: verdana;"> </span><b style="font-family: verdana;">grumete</b><span style="font-family: verdana;"> </span><span style="font-family: verdana;">(aprendiz de marinheiro), entre </span><b style="font-family: verdana;">1688 e 1690</b><span style="font-family: verdana;"> serviu como oficial, mas abandonou o serviço por discordar do salário baixo, passando a atuar como marinheiro por contrato. Por volta de 1694 entrou na pirataria, mas ao invés de realizar ataques no Caribe ou em outras localidades nas Américas, Henry e seus homens focaram em saquear navios na costa africana e depois indo para o Oceano Índico, onde fez sua fama como pirata, saqueando navios em</span><b style="font-family: verdana;"> Madagáscar </b><span style="font-family: verdana;">e</span><b style="font-family: verdana;"> Índia</b><span style="font-family: verdana;">. </span><span style="font-family: verdana;">E foi também pelos lados do Oceano Índico que outro pirata famoso atuava, o chamado</span><span style="font-family: verdana;"> </span><b style="font-family: verdana;">Capitão Kidd</b><span style="font-family: verdana;"> </span><span style="font-family: verdana;">(1645-1701), que se especializou nos ataques à costa africana, atuando em Madagáscar e nas</span><span style="font-family: verdana;"> </span><b style="font-family: verdana;">Ilhas Maurício</b><span style="font-family: verdana;">. Todavia, como Avery e Kidd não atuavam no Caribe, não irei aprofundar mais a respeito de suas carreiras. </span></p><p style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">A Era de Ouro da Pirataria Caribenha</b><span style="font-family: verdana;"> (1713-1722)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">"Os piratas da Era de Ouro não eram como os bucaneiros da geração de </span><span style="font-family: verdana;">Morgan e nem como os piratas que os precederam. Diferentemente dos </span><span style="font-family: verdana;">bucaneiros, eles eram bandidos notórios, considerados ladrões e criminosos </span><span style="font-family: verdana;">por todas as nações, incluindo suas próprias. Ao contrário de seus </span><span style="font-family: verdana;">antecessores piratas, eles estavam envolvidos em mais do que crimes </span><span style="font-family: verdana;">simples e realizaram até mesmo uma revolta social e política. Eram </span><span style="font-family: verdana;">marinheiros, trabalhadores forçados e escravos fugitivos se rebelando </span><span style="font-family: verdana;">contra seus opressores: capitães, donos de navios e os autocratas das </span><span style="font-family: verdana;">grandes plantações de escravos da América e das Índias Ocidentais". (WOODARD, 2014, p. 12).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entre 1680 e 1730 grande parte dos piratas que assolaram o Caribe eram homens revoltados com a miséria e suas condições de origem e emprego, os quais decidiram fugir e se entregar a vida de crime para tentar conseguir algum dinheiro e iniciar uma nova vida. Dessa forma, houve em alguns momentos uma enxurrada de pobres descontentes e escravos foragidos que tentaram a sorte como piratas. (</span><span style="font-family: verdana;">WOODARD, 2014). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">"Alguns piratas também tinham motivações políticas. A Era de Ouro </span><span style="font-family: verdana;">irrompeu logo após a morte da <b>rainha Anne</b>, cujo meio-irmão e pretendente </span><span style="font-family: verdana;">à sua sucessão, <b>James Stuart</b>, teve o trono negado porque era católico. O </span><span style="font-family: verdana;">novo rei da Inglaterra e da Escócia, o protestante <b>George I</b>, era um primo </span><span style="font-family: verdana;">distante da rainha falecida, um príncipe alemão que não ligava muito para a </span><span style="font-family: verdana;">Inglaterra e não sabia falar sua língua. Muitos britânicos, incluindo alguns </span><span style="font-family: verdana;">futuros piratas, acharam isso inaceitável e se mantiveram fiel a James e à </span><span style="font-family: verdana;"><b>Casa de Stuart</b>. Vários dos primeiros piratas da Era de Ouro foram reunidos </span><span style="font-family: verdana;">pelo governador da Jamaica, <b>Archibald Hamilton</b>, um simpatizante dos </span><span style="font-family: verdana;">Stuarts que, aparentemente, pretendia usá-los como marinha de guerra </span><span style="font-family: verdana;">rebelde para apoiar uma futura revolta contra o rei George. Como diz </span><span style="font-family: verdana;">Kenneth J. Kinkor, do Museu da Expedição do Whydah, em Provincetown, </span><span style="font-family: verdana;">Massachusetts, 'esses eram mais do que apenas alguns bandidos saqueando </span><span style="font-family: verdana;">lojas de bebidas'.". (WOODARD, 2014, p. 13, grifos meu).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Foi nesse período da Era de Ouro que os mais notórios piratas caribenhos estiveram em atividade, alguns entraram na pirataria por motivos diversos e até tiveram carreiras bem curtas, diferente do que costumamos imaginar. No entanto, fiz menção a alguns deles aqui.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Um corsário inglês chamado <b>Henry Jennings </b>(c. 1685 - c. 1745) atacou a <b>Frota do Tesouro de 1715</b>, a qual partiu de Havana em Cuba. Jennings era veterano da <b>Guerra de Sucessão Espanhola</b> (1702-1714), atuando como corsário a serviço do governo jamaicano. Embora fosse corsário, ele atacou a Frota do Tesouro, conseguindo assaltar alguns dos navios e levando suas mercadorias para serem negociadas em <b>Nova Providência nas Bahamas</b>, na época, ilha dominada por piratas. Foi a partir disso que ele engajou-se na pirataria, vindo a conhecer piratas como <b>Benjamin Hornigold</b> e <b>Edward England</b>. Jennings seguiu como pirata até <b>1718 </b>quando aceitou o <b>Ato da Graça</b> ou <b>Perdão do Rei</b>, decreto que concedia perdão aos piratas que se entregassem e passassem a cooperar com as autoridades. Assim, ele abandonou a pirataria e comprou propriedades para si, seguindo uma vida afastado do mar. </span><span style="font-family: verdana;">(EARLE, </span><span style="font-family: verdana;">2003). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Benjamin Hornigold</b> (c. 1680-1719) era de origem inglesa e entrou para a pirataria por volta de 1713 ou 1714, assaltando pequenas embarcações nas <b>Bahamas</b>, especialmente em torno da Nova Providência, maior ilha do arquipélago. Se desconhece o ofício anterior de Hornigold, tampouco seu local de nascimento, mas ele conheceu em algum momento Henry Jennings, que em 1716 se destacou por assaltos a navios espanhóis e franceses pela Jamaica e Bahamas. De qualquer forma, ele se destacou em poucos anos no meio pirata caribenho, tendo conseguido um bom navio chamado <i><b>Ranger </b></i>em 1717, se tornando sua principal embarcação. (EARLE, </span><span style="font-family: verdana;">2003). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entretanto, Hornigold apesar de ter sido um pirata famoso, ele também era odiado entre o meio pirata, pois em 1717 ele aceitou o acordo do <b>Ato da Graça</b>, documento expedido pelo <b>rei George I da Inglaterra</b> que concedia o perdão real a todos os piratas que abandonassem a pirataria e cooperassem no combate a mesma. Hornigold fechou acordo com o <b>governador Wood Rogers das Bahamas</b> para caçar piratas, o qual lhe ofereceu um pagamento alto por isso, assim, ele passou de 1717 a 1719 atrás de seus antigos colaboradores. Em 1719 seu navio afundou durante um furacão, onde ele morreu. (EARLE, 2003). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Outro pirata famoso no período foi </span><span style="font-family: verdana;"><b>Edward Teach</b> (c. 1680-1718), o qual inicialmente serviu como marinheiro e talvez corsário, todavia, ele somente entrou na pirataria em <b>1716</b> quando conheceu Benjamin Hornigold nas Bahamas. A partir desse encontro, Teach decidiu ingressar na vida de pirata, vindo adotar o nome de </span><b style="font-family: verdana;">Barba Negra</b><span style="font-family: verdana;">, que ficaria famoso nos séculos seguintes. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiepPagmBA2_AjSb-qFIYsTyfHOdMQwjFiW756TmQX1x7n8RRlStfEMXezpq8lnUn0q_LDzSfuuCuy88892ExjKVP9JQDYa8-xj5mzO19CUusJSpU4N-q_VTUPfzfLLsDSvZIq953WZyd6grq-cS3_QH5V-budNkaK6HlyzKic-E0oX153D2mRo-tlxdaxq/s800/800px-Capture-of-Blackbeard.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="570" data-original-width="800" height="456" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiepPagmBA2_AjSb-qFIYsTyfHOdMQwjFiW756TmQX1x7n8RRlStfEMXezpq8lnUn0q_LDzSfuuCuy88892ExjKVP9JQDYa8-xj5mzO19CUusJSpU4N-q_VTUPfzfLLsDSvZIq953WZyd6grq-cS3_QH5V-budNkaK6HlyzKic-E0oX153D2mRo-tlxdaxq/w640-h456/800px-Capture-of-Blackbeard.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">A captura do Barba Negra em 1718. Pintura de Jean Leon Gerome Ferris, 1920. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">"A barba de Teach era grossa e negra, tomava todo o seu rosto e tinha um comprimento extravagante, quase até sua cintura. E não era só isso: ele começou a separá-la em tranças que amarrava com fitas de diferentes cores. A barba tornou-se sua marca registrada, que funcionava não apenas para aterrorizar sua tripulação e seus oponentes, como também lhe garantiu uma duradoura notoriedade. Charles Johnson comentou que Teach 'assumiu o cognome de Barba Negra devido à quantidade de pelos que, como um meteoro aterrorizante, cobria todo o seu rosto e ameaçou mais a América do que qualquer cometa que tivesse aparecido por ali". (KLEIN, 2006, p. 116). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ironicamente, ele atuou como pirata apenas por dois anos, sendo morto numa batalha na costa da Carolina do Sul. Na época Teach e outros piratas que tinham negócios com Hornigold estavam fugindo dele, pois ele se tornou um traidor. Teach se aliou a um capitão pirata novato de nome Stede Bonnet e partiu para cometer assaltos nas Treze Colônias. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Na mesma época desses dois piratas tivemos <b>Charles Vane</b> (1680-1721), conhecido por sua crueldade e atos de violência. Vane entrou na pirataria por volta de <b>1715</b>, participando de assaltos a navios espanhóis na costa da Flórida. Ele depois ganhou rapidamente notoriedade, destacando-se entre os capitães piratas nas Bahamas. Em <b>1717 </b>ele aceitou o Ato da Graça como Benjamin Hornigold, mas diferente deste, ele e seus homens fizeram isso apenas para despistar as autoridades, retomando a pirataria meses depois. Vane acabou sendo capturado em 1719 após um naufrágio, foi enviado para prisão e enforcado em 1721 por seus crimes. (WOODARD, 2014).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entre os subordinados de Charles Vane estavam dois piratas famosos: <b>Edward England </b>(c. 1685-1721) e <b>Calico Jack</b> (1682-1720). England entrou na pirataria por volta de 1715 quando conheceu Henry Jennings, mais tarde aliou-se a Charles Vane. Após <b>1718</b> abandonou o Caribe para escapar das autoridades após ter quebrado o acordo do Ato de Graça. Seguiu para África, onde conheceu <b>Bartholomew Roberts</b>. Vindo a morrer de causas desconhecidas poucos anos depois em Madagascar ou arredores. </span><span style="font-family: verdana;">(WOODARD, 2014).</span></p><p style="text-align: justify;"></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6ny70LSaCN3Q9cHbigy9yJeuzqI7i1X4T4mNdMLMgb0G3EvV_DBtsf4YTO_tJ_FWMkkoQfE7uih8194cw_DuqZpNrxU5LmTfSWsF0KNDQKKxfgZsLBVJUkKK0hH_VkLg46b346_-FsBZtiUorktF0Ve94910iIaMa3yxsA-IuA7ZoJCz078eXi9kQRzTS/s1024/1024px-Flag_of_Edward_England.svg.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="642" data-original-width="1024" height="402" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6ny70LSaCN3Q9cHbigy9yJeuzqI7i1X4T4mNdMLMgb0G3EvV_DBtsf4YTO_tJ_FWMkkoQfE7uih8194cw_DuqZpNrxU5LmTfSWsF0KNDQKKxfgZsLBVJUkKK0hH_VkLg46b346_-FsBZtiUorktF0Ve94910iIaMa3yxsA-IuA7ZoJCz078eXi9kQRzTS/w640-h402/1024px-Flag_of_Edward_England.svg.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Bandeira pirata atribuída a Edward England. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">Se desconhece quando Calico Jack entrou na pirataria, mas em 1718 ele era um dos subordinados de Charles Vane, sucedendo-o no comando do navio <i>Ranger.</i> Pouco se sabe sobre os crimes cometidos por Jack, porém, ele é lembrado por ter empregado duas piratas mulheres em sua tripulação: <b>Anne Bonny</b> (1702-1721) e <b>Mary Reed</b> (1684-1721). A presença de mulheres na pirataria era algo raro, pois era um meio profundamente masculino e até evitava-se manter mulheres abordos para não tirar a concentração dos homens e evitar brigas pelo assédio sexual e disputa delas. Se desconhece como Mary e Anne foram se tornar membras da tripulação de Calico Jack, embora sugira-se que Anne fosse esposa de um dos subordinados de Jack. Entretanto, sua carreira de pirata foi curta, pois em 1720 ele foi capturado numa operação ordenada pelo governador<b> Woodes Rogers</b>. Jack foi enforcado naquele mesmo ano, já Anne e Mary morreram no ano seguinte. Embora algumas lendas sugiram que elas foram perdoadas, pois se arrependeram de seus atos, outra versão diz que elas estavam grávidas, então o juiz decidiu poupar a vida delas. (EARLE, 2003). </div></span><p></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfH8LKg5qNb7KM39QENtdE5Gps-c14Jre5fvSYp1dSRskwnU9FKG3j6xRgWdnj4LRw4Y6cds6mHBpqOaDcSb_7j_E5mbi22HXes4yX7JI3r1nSgNvcIZGt6nqztn6Hq05tuoEKya5YO0PFM5-2jSQ8itKHkDxnCzQLWdttotQBrPWLXPdynJ6Pd_3WEI4Z/s1500/GettyImages-2993968-58d360dd3df78c5162f606bb.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1010" data-original-width="1500" height="430" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfH8LKg5qNb7KM39QENtdE5Gps-c14Jre5fvSYp1dSRskwnU9FKG3j6xRgWdnj4LRw4Y6cds6mHBpqOaDcSb_7j_E5mbi22HXes4yX7JI3r1nSgNvcIZGt6nqztn6Hq05tuoEKya5YO0PFM5-2jSQ8itKHkDxnCzQLWdttotQBrPWLXPdynJ6Pd_3WEI4Z/w640-h430/GettyImages-2993968-58d360dd3df78c5162f606bb.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Anne Bonny e Maria Read segundo ilustração do livro Uma História Geral dos Piratas (1724) de Daniel Dafoe. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">Enquanto Hornigold, Barba Negra, Vane, England e Calico Jack foram homens cujo passado é desconhecido, um pirata um tanto inusitado foi<b> Stede Bonnet </b>(1688-1718), o qual era um rico fazendeiro que teve o sonho de se tornar um pirata. Ele comprou uma chalupa e lhe deu o nome de Revenge, então contratou marinheiros e piratas e partiu para assaltar pequenas embarcações por volta de 1717. Naquele mesmo ano em Nassau, nas Bahamas, ele conheceu <b>Barba Negra</b> e se juntou a ele nos assaltos cometidos pelas da <b>Carolina do Sul e Carolina do Norte</b>. Lá Bonnet foi traído por Barba Negra que lhe roubou parte do saque e de sua tripulação que desertou. Bonnet tentou negociar uma carta de corso, mas falhou. Na Carolina do Sul foi capturado numa operação de caça a piratas, sendo enforcado em dezembro de <b>1718</b> em <b>Charleston</b>. (KLEIN, 2006). </div></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A ilha de Tortuga: o refúgio dos piratas</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">É comum encontrar em filmes, jogos e livros menções a Tortuga, uma ilha que ficou famosa por servir de refúgio de piratas. Por conta disso, há quem pense que essa ilha era escondida ou de difícil localização, de forma que as autoridades não conseguiam encontrá-la e invadi-la, mas a realidade é bem diferente. Tortuga é uma ilha com 180 quilômetros quadrados, ficando situada a norte do <b>Haiti </b>(antiga ilha de Hispaniola). Além disso, ela dista algumas centenas de quilômetros de <b>Cuba</b>, localidade atacada várias vezes pelos piratas devido a <b>Frota do Tesouro</b> passar por lá. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ8Ay_j0Uz9nSvlcfVCO2K0dGCEwqJ5POLk7uApypkA1G8MF5lcdtH61q5Te9nA6CjsTHgvouG-baVdHg3_4hnG46pKIYomjoWD9j2pfZWpMXGM5nCv5NCkAyRYx_6qHKFtOFty889BqTf1Qiifk3u9b1Qtn5AloNJpKYiu1f5H9KyHiDwT1vYPalUddjP/s545/carib.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="545" height="376" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ8Ay_j0Uz9nSvlcfVCO2K0dGCEwqJ5POLk7uApypkA1G8MF5lcdtH61q5Te9nA6CjsTHgvouG-baVdHg3_4hnG46pKIYomjoWD9j2pfZWpMXGM5nCv5NCkAyRYx_6qHKFtOFty889BqTf1Qiifk3u9b1Qtn5AloNJpKYiu1f5H9KyHiDwT1vYPalUddjP/w640-h376/carib.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Localização da ilha de Tortuga, no Haiti. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tortuga foi "descoberta" pelos espanhóis durante a segunda expedição de </span><b>Cristóvão Colombo</b><span style="font-family: verdana;">, em </span><b>1494</b><span style="font-family: verdana;">. Todavia, somente no século XVI ela começou a ser colonizada, no que ocasionou na morte e escravidão dos nativos, estabelecendo-se fazendas e vilas. Em algum momento daquele mesmo século, piratas encontraram oportunidades de negócios em Tortuga, podendo usar a ilha como ponto de abastecimento, descanso e para negócios ilegais, como contrabando de tabaco e açúcar. </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No século XVII Tortuga se tornou um problema grande, por volta de <b>1625</b>, corsários franceses e ingleses invadiram e saquearam a ilha, inclusive tentaram retirá-la do controle da <b>Capitania de São Domingos</b>, a qual englobava a ilha de Hispaniola e seu arquipélago. Em 1629 Dom Fradique de Toledo, capitão-mor de São Domingos invadiu Tortuga e expulsou os franceses e ingleses, em seguida mandou construir um forte para proteger a ilha. Mais tarde novas fazendas foram estabelecidas. O governo espanhol julgava que a presença do forte ali inibiria o retorno dos corsários e piratas, mas isso não se revelou numa medida derradeira. A ilha foi novamente invadida pelos franceses e até pelos holandeses. De 1630 a 1654, a ilha foi disputada várias vezes, trocando de domínio, enquanto isso ocorria, os piratas se aproveitavam da instabilidade para continuar a frequentar o local e fazer seus negócios. </span><span style="font-family: verdana;">(MOREAU, 2014). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Na década de 1660 os espanhóis e holandeses desistiram de Tortuga, mas os ingleses e franceses continuaram a disputar seu controle. No final daquela década o corsário <b>Henry Morgan</b> chegou a recrutar piratas na ilha para sua campanha no Panamá. Observa-se que a pirataria nunca foi extinguida em Tortuga, inclusive as autoridades faziam vista grossa para isso quando lhe convinha. Os corsários ingleses e franceses quando precisavam de mão de obra, iam a ilha recrutar piratas. (MOREAU, 2014). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgThj00V-fKpRgs7VMAiZeP6Ii9RVz08qtaX7JTf4CsoFgMG6tdRH7ASTyVNnVOgfYfZL8SGmW9qtVYv5ujPvfs3vx_-bYXkEstOcGnyqivXW5FKqYApuraXlJd2SVuOEpvMYhV5P0KBXnLrlig30PRTQ_bBvqDHt4JjBEn8ebu6BubK1TG_6Y3mugApJWF/s800/Tortuga17thcentury.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="517" data-original-width="800" height="414" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgThj00V-fKpRgs7VMAiZeP6Ii9RVz08qtaX7JTf4CsoFgMG6tdRH7ASTyVNnVOgfYfZL8SGmW9qtVYv5ujPvfs3vx_-bYXkEstOcGnyqivXW5FKqYApuraXlJd2SVuOEpvMYhV5P0KBXnLrlig30PRTQ_bBvqDHt4JjBEn8ebu6BubK1TG_6Y3mugApJWF/w640-h414/Tortuga17thcentury.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ilustração do século XVII mostrando a ilha de Tortuga. </span></td></tr></tbody></table><br /><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Nassau: a república dos piratas (1713-1720)</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora Tortuga tenha ficado famosa como um refúgio para piratas, a ilha não necessariamente esteve sob controle deles. Na maior parte do tempo, ela esteve em disputa por quatro países como comentado anteriormente, todavia, a ilha da Nova Providência, nas Bahamas, cuja capital é a cidade de Nassau, essa sim por alguns anos foi uma cidade fora da lei, sendo administrada por piratas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nassau foi fundada em <b>1670</b> pelos ingleses, sendo chamada <b>Charles Town</b> em homenagem ao <b>rei Charles II da Inglaterra</b>. A cidade se tornou o principal porto e base de operações inglesa no arquipélago das Bahamas, levando os espanhóis a entrarem em conflito pela disputa do controle daquele território. Em <b>1684 </b>a cidade foi invadida por tropas espanholas e incendiada. A cidade foi reconstruída totalmente em<b> 1695</b>, sendo renomeada como Nassau, uma homenagem ao <b>rei Guilherme III da Inglaterra</b>, que era de origem holandesa, pertencente a<b> Casa de Orange-Nassau</b>. (MARLEY, 2005). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9kk5aqhlFC88WZjCP4SwLfZbRBpf6jeEDRPR6W-VRjcH-SzXAaUHU5gry7tKv1kKRYifaBrMZwJpREOK5YrjcrA292XZ0SyUslt8LXCdi_gvUfY2Zdy6Socye5KZ8BARhICxNK07vziJxF5Ri8kCDuFFiySWX1f3KU3w92FHyJ-hULAEuHliztzfZEgz0/s3779/bs-01.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3779" data-original-width="3440" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9kk5aqhlFC88WZjCP4SwLfZbRBpf6jeEDRPR6W-VRjcH-SzXAaUHU5gry7tKv1kKRYifaBrMZwJpREOK5YrjcrA292XZ0SyUslt8LXCdi_gvUfY2Zdy6Socye5KZ8BARhICxNK07vziJxF5Ri8kCDuFFiySWX1f3KU3w92FHyJ-hULAEuHliztzfZEgz0/w582-h640/bs-01.jpg" width="582" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Localização de Nassau nas Bahamas. A cidade fica num ponto estratégico no arquipélago, além de ficar perto da Flórida e de Cuba, distando menos de 300 quilômetros de ambos. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A cidade voltou a prosperar por poucos anos, pois a partir de 1703 no contexto da </span><b>Guerra de Sucessão Espanhola </b><span style="font-family: verdana;">(1702-1714) ela foi atacada algumas vezes pelos espanhóis e até pelos franceses, o que arruinou sua prosperidade e defesas militares. Estando a cidade em crise após uma década de ataques, os piratas aproveitaram para se apossar dela. Credita-se a </span><b>Benjamin Hornigold </b><span style="font-family: verdana;">(c. 1680-1719) a ideia de fundar uma "república" dos piratas em Nassau. (WOODARD, 2014). </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Assim, em 1713 ele invadiu a cidade com seus homens e tomou o poder. O pirata <b>Thomas Barrow</b> (?-1726) chegou a se proclamar governador da Nova Providência, alegando ser por direito o senhor daquela república de piratas. De fato, ele não governou sozinho, se é que realmente mandava em algo, pois Nassau era administrada por um conselho formado por capitães piratas, o que incluía Hornigold e Barrow. Inclusive a própria ideia de ser uma república hoje é considerada algo romanceado pelos livros de pirataria. Nassau teria sido governada à base da violência e da intimidação. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nassau passou a ser o epicentro da pirataria caribenha, substituindo Tortuga, por conta disso, famosos piratas seguiam para lá, para descansar, morar e fazer negócios. Charles Vane, Edward Jennings, Calico Jack, Barba Negra, Stede Bonnet, entre outros piratas, todos passaram por Nassau em algum momento, pois ali eles sabiam que teriam um lugar para vender suas mercadorias roubadas ou contrabandeadas, além de poder comprar produtos e recrutar tripulantes. (KONSTAM, 2004). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A quantidade de piratas em Nassau era tamanha que se desconhece o número deles. Relatos do XVIII falam de mais de mil piratas vivendo ali, além de centenas de navios. Independente dos valores exatos é sabido que a frota pirata de Nassau era bastante forte, pois o governo inglês não conseguiu vencê-la por anos. A realidade somente começou a mudar com o<b> Ato da Graça</b> em 1717 que dividiu os piratas, colocando uns contra os outros. Além disso, o governo inglês designou o capitão <b>Woodes Rogers </b>(c. 1679-1732) em 1718 como governador das Bahamas, incumbindo de iniciar a caça aos piratas e a retomada de Nassau, algo que ele conseguiu efetivar em 1720. Inclusive a cidade naquele ano foi atacada pelos espanhóis, mas eles falharam no intento, e dessa forma, Nassau foi retirada do controle dos piratas. </span><span style="font-family: verdana;">(KONSTAM, 2004). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioamV5aIqK-1EAuPWpOxRjYAmh6Q1UKBLewkbeommxZxkBr8RJBVvbvsQT6tgrtZ6GsEPDXLRAOBrNc294akTEagfVymGYtqKVc6HiQuljbvgrOP9bqfzTCHF1PtmeTbJwNyHaZ_DU1ardxpXKhyphenhyphenx-iqyId35DXnS2uYEg-ppsqjmRBppZ_HvUEdSSrq6F/s800/800px-Rogers,Woodes.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="585" data-original-width="800" height="468" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioamV5aIqK-1EAuPWpOxRjYAmh6Q1UKBLewkbeommxZxkBr8RJBVvbvsQT6tgrtZ6GsEPDXLRAOBrNc294akTEagfVymGYtqKVc6HiQuljbvgrOP9bqfzTCHF1PtmeTbJwNyHaZ_DU1ardxpXKhyphenhyphenx-iqyId35DXnS2uYEg-ppsqjmRBppZ_HvUEdSSrq6F/w640-h468/800px-Rogers,Woodes.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O governador Woodes Roger (à direita) recebe um mapa da ilha de Nova Providência. Pintura de William Hogarth, 1729. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><br /><div style="text-align: justify;">Woodes Rogers governou as Bahamas até 1721, sendo sucedido por<b> George Phenney</b> que se manteve no cargo até <b>1727</b>, quando Rogers assumiu novamente para seu último mandato, já que acabou falecendo em 1732. Ambos os governadores foram incumbidos de evitar que as Bahamas voltasse a se tornar um antro da pirataria caribenha. De certa forma eles conseguiram isso, apesar de não acabarem com a pirataria como o governo almejava, ainda assim, Nassau deixou de ser a capital da pirataria. </div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Vida de pirata</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A vida como pirata foi bastante idealizada pelos romances de pirataria e os filmes, logo, criou-se toda uma visão de que ser pirata era divertido, era viver emocionantes aventuras, uma vida de adrenalina e ação. Mas a realidade não era bem assim. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Piratas no geral eram homens sem instrução escolar, embora conhecessem o básico do ofício de marinheiro, assim como, eram homens provenientes das classes baixas, sendo mal-educados e rudes. Os piratas sabiam muito bem que viveriam uma vida de crimes, a ideia de que seriam foras da lei como <b>Robin Hood</b> ou o conceito de <b>banditismo social</b>, os quais levariam tais homens a pirataria como reação a opressão social, assim eles confrontariam o sistema e os poderosos, isso é uma percepção idealizada surgida no século XX. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjSZmSybpCEb1LF14Ny1KcjvNU7R0K9IfCA40ab9NAiXdwRC04QNrg3Xu3S5cjtB1ArmTAeGcGG6PnNOD2rLfHUdg3lw8Rpz8PtONyF6BlPtG7Ju7Bfru7aCDKb4vAYR-6KmVWh7moM95CC4k7ioioXVVcn7tW-eUEOSHcWLpf7Tmm2nK9QT5OqRmIis88/s844/St._Nicholas_(serial)_(1873)_(14597109129).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="844" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjSZmSybpCEb1LF14Ny1KcjvNU7R0K9IfCA40ab9NAiXdwRC04QNrg3Xu3S5cjtB1ArmTAeGcGG6PnNOD2rLfHUdg3lw8Rpz8PtONyF6BlPtG7Ju7Bfru7aCDKb4vAYR-6KmVWh7moM95CC4k7ioioXVVcn7tW-eUEOSHcWLpf7Tmm2nK9QT5OqRmIis88/w379-h400/St._Nicholas_(serial)_(1873)_(14597109129).jpg" width="379" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Piratas conferindo o saque. Mary Mapes Dodge, 1873. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A maioria dos piratas eram realmente homens inconformados com suas vidas, marinheiros que ganhavam muito pouco e até sofriam castigos físicos, criminosos foragidos, pobres cansados de seus ofícios, escravos que buscavam liberdade, corsários e capitães que viram uma chance de enriquecer. Sendo assim, a pirataria reunia toda a diversidade de homens, desde capitães mais instruídos até homens analfabetos e rudes, os quais acreditavam que poderiam conseguir algum dinheiro como criminoso. (KONSTAM, 2004). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A vida de pirata realmente envolvia aventura, mas os riscos eram altos e as recompensas no geral não eram satisfatórias. A maior parte dos piratas eram tolos iludidos, que acabavam morrendo nas batalhas, afogado, doente, em brigas ou executado, pois em diferentes épocas a pena para o crime de pirataria era a morte. Além disso, nos navios piratas a tripulação estava sujeita a regras rígidas, as quais prezavam pela ordem e a lealdade. Desfeitas e erros poderiam ser punidos com castigos físicos ou redução da comida e da água. Piratas que adoeciam, se não tivessem significância, eram abandonados em algum porto ou ilha. Um capitão incompetente poderia até sofrer motim ou ser assassinado. As condições abordo não eram boas, navios superlotados, sujos e falta de acomodações adequadas. A ideia de que os piratas usariam grandes galeões é de ficção, a maioria comandava navios menores. </span><span style="font-family: verdana;">(KONSTAM, 2004). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLgSzzoqYE1uGosOijedkLmkSzog1IeW3gewMUtoSYvM01C0miknzVQvQSvZaMyXQxVoSy60C0UIaja-t9AygmnReuO08Jyud9TMLerL4r9jJ_b8w6aW-CRg9MgFHrKTmXKWj2OaPDxZaQsJ6hC-PG0mRiMIARoNZqZtueVpZvwESPzC9o5gZjtzrSCujU/s1024/1024px-A_sailor_in_spite_of_himself_(1898)_(14591943640).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="667" data-original-width="1024" height="416" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLgSzzoqYE1uGosOijedkLmkSzog1IeW3gewMUtoSYvM01C0miknzVQvQSvZaMyXQxVoSy60C0UIaja-t9AygmnReuO08Jyud9TMLerL4r9jJ_b8w6aW-CRg9MgFHrKTmXKWj2OaPDxZaQsJ6hC-PG0mRiMIARoNZqZtueVpZvwESPzC9o5gZjtzrSCujU/w640-h416/1024px-A_sailor_in_spite_of_himself_(1898)_(14591943640).jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Piratas se revoltando contra o castigo de um deles. Desenho de Harry Castlemon, 1898. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">Pela condição dos piratas não terem na maior parte das vezes uma boa instrução, não era incomum eles se envolverem com os vícios, gastando o dinheiro que ganhavam com bebida, apostas e mulheres. Alguns mais instruídos conseguiam juntar dinheiro e abandonavam a vida de pirata, mas isso era raro por conta da falta de consciência, mas também de não terem tempo. A média de vida de um homem nessa atividade era curta. (KONSTAM, 2004). </span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Barba Negra começou na pirataria em 1716, foi morto em 1718. Benjamin Hornigold começou em 1712 ou 1713, morreu em 1719. Calico Jack começou em 1718 e foi enforcado em 1720. Claro que alguns piratas conseguiram viver mais tempo, especialmente os capitães como Henry Avery, Charles Fleury, Diego, o Mulato, Rock Brasiliano, mas eles eram exceções. Muitos recrutas tinham alto risco de morrer durante um assalto, especialmente os que não tinham treinamento em combate, algo comum da maioria dos piratas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Uma História Geral dos Piratas</b> (1724)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Uma das formas pelas quais a Era de Ouro da Pirataria Caribenha se tornou rapidamente popular foi graças a um livro publicado ainda no final dela, intitulado <b style="font-style: italic;">A General History of the Robberies and Murders of the most notorious Pyrates </b>(1724), escrito pelo misterioso capitão <b>Charles Johnson</b>, o qual nunca foi identificado. O livro foi publicado pela editora Charles Rivington e se tornou um sucesso imediato, ganhando novas edições até 1728. Em cada edição aumentava-se o número de capítulos sobre os piratas, além de virem com gravuras representando os mesmos. </span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-Y29Lq61kufSvDE7XW8rnnmtcEUgw1n7xKpn1eYel36tWCEdTeBn-qYjrRYIut2ViFomYQgumctFMY6pYrOZAR1p02EtNqpVVHev_aOsK_BL702_ujBUwMg-ywbZoo8FOmq3skY32lJLUVQk5vhVJKAD777hSLNfia1ERVb6b_SW0m5sKWQmpNFmvTySS/s596/320px-Cover_page_of__A_General_History_of_the_Pyrates__(1724)_by_Captain_Charles_Johnson.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="596" data-original-width="320" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-Y29Lq61kufSvDE7XW8rnnmtcEUgw1n7xKpn1eYel36tWCEdTeBn-qYjrRYIut2ViFomYQgumctFMY6pYrOZAR1p02EtNqpVVHev_aOsK_BL702_ujBUwMg-ywbZoo8FOmq3skY32lJLUVQk5vhVJKAD777hSLNfia1ERVb6b_SW0m5sKWQmpNFmvTySS/w344-h640/320px-Cover_page_of__A_General_History_of_the_Pyrates__(1724)_by_Captain_Charles_Johnson.jpg" width="344" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Frontispício da primeira edição do livro. </span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Já se disse que o livro seria uma biografia ou obra de história sobre os piratas da Idade Moderna, mas na verdade o livro combina estilo jornalístico e literário. Apesar de ele mencionar alguns documentos do período, cada capítulo que aborda um pirata em específico, apresenta um tom literário, inclusive relatando acontecimentos baseados em boatos e informações sensacionalistas, sobretudo acerca dos piratas mais antigos e aqueles que tinham pouca documentação disponível. Soma-se a isso o fato de não se conhecer a identidade do tal capitão Charles Johnson. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O livro se tornou um rápido sucesso, ganhando várias edições em poucos anos e vendendo milhares de cópias pelo Reino Unido. A Era de Ouro dos Piratas tinha chegado ao fim, porém, o interesse por aqueles criminosos era ainda grande, especialmente para as pessoas que viviam longe das notícias das colônias. Assim, a obra era vendida muito mais pela curiosidade do que um relato fatídico daquele período de crimes. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Não obstante, embora o livro se refira a notórios piratas como </span><span style="font-family: verdana;">Barba Negra, Henry Avery, Stede Bonnet, Calico Jack, Bartholomew Roberts, Capitão Kidd, Black Bellamy, Anne Bonny, Mary Read. Além disso, vários capítulos são dedicados a piratas que não ficaram propriamente famosos, sendo esses subordinados do Barba Negra, Ned Low, Bartholomew Roberts, entre outros. No entanto, curiosamente o livro não aborda dois piratas notórios: Benjamin Hornigold e Charles Vane. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1932</b> o crítico literário <b>John Robert Moore</b> lançou a hipótese de que Charles Johnson seria um pseudônimo de<b> Daniel Defoe</b> (1660-1731), famoso escritor e jornalista da época, conhecido mundialmente pelo seu romance</span><span style="font-family: verdana;"> </span><i style="font-family: verdana;"><b>Robison Crusoé</b></i><span style="font-family: verdana;"> (1719). Condição essa que após tal hipótese, várias edições do livro passaram a trocar Charles Johnson pelo nome de Daniel Defoe, apesar que isso não seja certeza, pois mais tarde outros estudiosos contestaram os argumentos de Moore. (FURBNANK, 1994). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Estereótipos sobre os piratas caribenhos </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora a literatura sobre piratas começou a despontar com Uma História Geral dos Piratas (1724), entretanto, foi somente um século depois que vários estereótipos dos piratas começaram a se consolidar. Um dos livros que contribuiu bastante para isso foi <b>A ilha do tesouro </b>(1883) de <b>Robert Louis Stevenson</b> (1850-1894). Stevenson foi um escritor e poeta escocês que se especializou em livros sobre relatos de viagem, condição que influenciou bastante uma de suas obras mais famosas, A ilha do tesouro, a qual aborda piratas.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Neste livro acompanhamos a busca do tesouro perdido do capitão <b>James Flint</b>, que é ambicionado por marinheiros e piratas. Além de popularizar o imaginário de piratas enterrando baús cheios de moedas de ouro ou prata em praias de areias brancas, o livro também lançou outros estereótipos como a forma dos piratas se comportarem e até uma referência a <b>piratas sem uma perna</b>, como no caso de <b>Long John Silver</b>. Mas diferente dos piratas com perna de pau, esse personagem usa uma muleta. Além disso, o livro mostra a presença de <b>papagaios</b> e do <b>tapa-olho</b>, duas características marcantes do imaginário dos piratas. </span></p><p style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDSopY89W2ddlqJFokv_vpvyliq1C84AqsD6tflRq9rTkr-WSqBQTL0H3UxTK6WlumLyzSuKAxB3pgrcHnrOg9X_qDAvh7ydtXFHKQy8zYshHpiawhE1Odb2d_hKS3eR0CKtuujAS5G62wHm3W3wXyUhQ9jZ_z2E9DtWo-wlrWl1c7BHBo4HdPyDA4d312/s1150/Treasure_Island-Scribner's-1911.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1150" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDSopY89W2ddlqJFokv_vpvyliq1C84AqsD6tflRq9rTkr-WSqBQTL0H3UxTK6WlumLyzSuKAxB3pgrcHnrOg9X_qDAvh7ydtXFHKQy8zYshHpiawhE1Odb2d_hKS3eR0CKtuujAS5G62wHm3W3wXyUhQ9jZ_z2E9DtWo-wlrWl1c7BHBo4HdPyDA4d312/w279-h400/Treasure_Island-Scribner's-1911.jpg" width="279" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capa de uma edição de 1911 de A ilha do tesouro. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Dirigido para o público infanto-juvenil, já que um dos protagonistas é um adolescente chamado <b>Jim Hawkings</b>, A ilha do tesouro ganhou rápido sucesso, sendo adaptado para o teatro, filmes, desenhos e quadrinhos. As ilustrações das várias edições ajudaram a desenvolver </span><span style="font-family: verdana;">o imaginário dos piratas, mostrando eles usando bandanas vermelhas, camisas brancas, calças pretas, chapéus tricórnios, brinco de argola, rostos barbeados, faixas na cintura etc. Isso tudo foi amplamente explorado nos filmes. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A temática de piratas começou a ganhar a atenção dos leitores. O escritor italiano <b>Emilio Salgari </b>publicou <i><b>Il corsaro nero</b></i> (1898), o qual coloca um nobre italiano partindo em busca de vingar seus irmãos que foram assassinados por piratas. O livro fez sucesso e rendeu três continuações, mais tarde foi adaptado para o cinema. </span><span style="font-family: verdana;">Os anos 1900 a 1940 vão popularizar contos sobre piratas, temática em alta em narrativas de aventura mais realistas, já que nesse período despontava nos </span><b style="font-family: verdana;">Estados Unidos</b><span style="font-family: verdana;"> as </span><b style="font-family: verdana;">revista pulp</b><span style="font-family: verdana;">, que traziam aventuras de ficção científica, de terror e fantasia. O famoso escritor inglês <b>Arthur Conan Doyle</b>, conhecido pelas histórias sobre <b>Sherlock Holmes</b> se rendeu a temática de pirataria e publicou alguns contos curtos num livro chamado <i><b>Pirate Tales and Blue Water</b></i> (1922). O escritor <b>Robert Howard</b> escreveu algumas novelas retratando <b>Conan, o Bárbaro</b> como pirata. Uma das mais famosas é <i><b>A Rainha da Costa Negra</b></i> (1934). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Dessa forma a pirataria estava em alta na literatura do início do século XX, algo bastante perceptível em narrativas mesmo que não abordassem piratas diretamente como o caso do livro infanto-juvenil<i><b> Peter Pan & Wendy</b></i> (1911), em que o principal antagonista do herói é o pirata <b>Capitão Gancho</b>. Inclusive esse livro foi responsável por popularizar outro estereótipo associado aos piratas, o uso de um gancho no lugar de uma mão decepada. Apesar de que diferente das pernas de pau, as quais foram algo realista, usar um gancho não é algo convencional. </span></p><p style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ-HUuX82IHspQFhVhjXHOA2cWjYK0Cl4sfzxkx8jV81bfQSRW4EPtZ8sub_TlHH426fGR6jeNT-hB2rhY_l_Mi7FQWz9DcRi8S-i_Bki1LRwkq2Xg5ANB4rekUsEB6GKaC9xvg0QCswMmMAWnNcrG9T04-ffExnP5C1w6BcXFaKTJkUwYnj1X9a1mWb86/s748/Captain_Hook.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="748" data-original-width="519" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ-HUuX82IHspQFhVhjXHOA2cWjYK0Cl4sfzxkx8jV81bfQSRW4EPtZ8sub_TlHH426fGR6jeNT-hB2rhY_l_Mi7FQWz9DcRi8S-i_Bki1LRwkq2Xg5ANB4rekUsEB6GKaC9xvg0QCswMmMAWnNcrG9T04-ffExnP5C1w6BcXFaKTJkUwYnj1X9a1mWb86/w278-h400/Captain_Hook.png" width="278" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Peter Pan confrontando o Capitão Gancho. Ilustração de F. D. Bedford para uma edição de 1912 do livro. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">Por sua vez, a temática da pirataria ganhou espaço no cinema. Filmes de piratas começaram a serem produzidos logo cedo, os mais antigos conhecidos datam de 1908, entretanto a temática somente se popularizou entre as décadas de 1940 e 1960, em que tivemos mais de 50 produções sobre o tema, a maioria tratando-se de filmes de aventura envolvendo algum herói que tinha que resgatar sua amada em perigo, embora houvesse filmes de comédia também, além de produções onde traziam piratas bons contra piratas malvados. </span><span style="font-family: verdana;">Foi nesse período que também se lançou seriados sobre piratas sendo a mais popular <i><b>The Bucanneers</b></i> (1956-1957). </span></p><p style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJeEWZZRAl1acLEW00O_NWqSdkxeaz7oBSykVaEtAeX5VmlmEpQdfilvgTZz-vHos9Ez2DMQ437QvR_fKAEB-XALe3EpmWdh4BfZxiqE0Y-RW2c4jhyZTo-AnJNAvEFlMK2lpGdbDGGSi0k66e97Xf_ldqtwZeNKOWklnQPne97sPWPHUaVgS5-RNxIjXo/s1280/p7879253_b_h10_ac.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJeEWZZRAl1acLEW00O_NWqSdkxeaz7oBSykVaEtAeX5VmlmEpQdfilvgTZz-vHos9Ez2DMQ437QvR_fKAEB-XALe3EpmWdh4BfZxiqE0Y-RW2c4jhyZTo-AnJNAvEFlMK2lpGdbDGGSi0k66e97Xf_ldqtwZeNKOWklnQPne97sPWPHUaVgS5-RNxIjXo/w640-h360/p7879253_b_h10_ac.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">The Bucanneers foi uma popular série sobre piratas na década de 1950, produzida no auge das produções sobre pirataria. </span></td></tr></tbody></table></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Piratas famosos da Idade Moderna</b></span></p><p style="text-align: justify;"></p><ul><li><span style="font-family: verdana;">Jean Fleury (14?? - c. 1527)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Charles Fleury (15??-16??)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Hendrick Jacobszoon Lucifer (1583-1627)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Diego, o Mulato (16??-16??)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Rock Brasiliano (c. 1630-1671)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Henry Avery (1649-?) </span></li><li><span style="font-family: verdana;">Thomas Griffin (16??-1691)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Benjamin Hornigold (c. 1680-1719)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Edward Teach, o Barba Negra (c. 1680-1718)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Charles Vane (1680-1721)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Thomas Barrow (16??-1726)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Bartholomew "Black Bart" Roberts (1682-1722)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">John "Calico Jack" Rackham (1682-1720)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Mary Read (1684-1721) </span></li><li><span style="font-family: verdana;">Henry Jennings (c. 1685 - c. 1745) </span></li><li><span style="font-family: verdana;">Edward England (c. 1685-1721)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Stede Bonnet (1688-1718)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Samuel "Black Sam" Bellamy (1689-1717)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Edward "Ned" Low (c. 1690-1724)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Israel Hands (c. 1701 - c. 1724) </span></li><li><span style="font-family: verdana;">Anne Bonny (1702-1721) </span></li></ul><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Corsários famosos na Idade Moderna</b></span></div><div><ul><li><span style="font-family: verdana;">Jacques de Sores (15??-15??)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">François le Clerc, o Perna de Pau (15??-1563)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Francis Drake (c. 1533-1596)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Thomas Cavendish (1560-1592)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Cornelis Jol, o Perna de Pau (1597-1641)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Henry Morgan (1635-1688)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">William Kidd (1645-1701)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Amaro Pargo (1678-1747)</span></li></ul></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA: </b>Não há um consenso de quando ocorreu a Era de Ouro da Pirataria, diferentes autores apontam datas entre 1650 a 1730, alguns preferem reduzi-la para 1700 a 1730, considerando-o esse período realmente o auge da pirataria caribenha quando atuaram os mais notórios piratas da História. Outros optam e recuar a data para meados do século XVII, englobando ações de corsários como Henry Morgan. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 2: </b>Em termos atuais a franquia <i><b>Piratas do Caribe</b></i> (2003-2017) são os filmes mais famosos sobre piratas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 3: </b>O Barba Negra é o pirata mais famoso nos cinemas, havendo vários filmes sobre ele. No caso das séries temos algumas como<i><b> Blackbeard</b></i> (2005), <i><b>Blackeard</b></i> (2006) e <i><b>Crossbones</b></i> (2014), todavia, nenhuma dessas séries fez sucesso. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 4</b>: A série <i><b>Black Sails</b></i> (2014-2017) abordou a Era de Ouro da Pirataria mesclando fatos com ficção. A trama aproveita inclusive personagens de A ilha do tesouro como o Capitão Flint e Long John Silver, colocando-os lado a lado de piratas reais do período. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 5:</b> O jogo <i><b>Assassin's Creed IV: Black Flag</b></i> (2012) apresenta uma trama ficcional em que acompanhamos o assassino e pirata Edward Kenway cooperando com piratas como Barba Negra, Charles Vane, Calico Jack, Anne Bonny, Mary Read, entre outros. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 6:</b> Atualmente <i><b>One Piece </b></i>é o mangá mais popular no mundo que aborda piratas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 7: </b>O livro <i><b>Captain Blood</b></i> (1922) de<b> Rafael Sabatini </b>inspirou cinco filmes, peças de teatro, histórias em quadrinho e até jogos. Embora o livro hoje seja pouco conhecido, ele ficou notável por conta de seu personagem título. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 8:</b> O seriado <i><b>Our Flag Means Death</b></i> (2019-2022) apresenta a amizade de Stede Bonnet e Barba Negra numa produção de comédia com duas temporadas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas: </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>ALLEN</b>, H. R. <b>Buccaneer: Admiral Sir Henry Morgan</b>. London: Arthur Baker, 1976. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>EARLE</b>, Peter. <b>The Pirate Wars</b>. London, Methuen, 2003. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>FRANÇA</b>, Jean Marcel Carvalho; <b>HUE</b>, Sheila. <b>Piratas no Brasil: as incríveis histórias dos ladrões dos mares que pilharam nosso litoral</b>. São Paulo, Editora Globo, 2014. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>FURBANK</b>, P. N; <b>OWENS</b>, W. R. <b>Defoe de-attributions: a critique of J. R. Moore's checklist</b>. London, Hambledon Press, 1994. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>KLEIN</b>, Shelley. <b>Os piratas mais perversos da história</b>. Tradução de Magda Lopes. São Paulo, Editora Planeta Brasil, 2007. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>KONSTAM</b>, Angus.<b> Pirates: 1660-1730</b>. Illustrated by Angus McBride. Oxford, Osprey, 2004. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>MOREAU</b>, Jean-Pierre. <b>Piratas: Filibusterismo y piratería en el Caribe y en los Mares del Sur </b>(1522-1725). Madrid, Papeles del Tiempo, 2012. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>WOODARD</b>, Colin. <b>A república dos piratas</b>. Barueri, Novo Século Editora, 2014. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Links relacionados</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2014/11/o-barba-negra.html">O Barba Negra</a><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2011/10/a-historia-por-tras-de-assassins-creed.html"><span style="font-family: verdana;">A história por trás de Assassin's Creed</span></a><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-61849841834003728152024-01-26T17:07:00.004-03:002024-01-26T17:07:51.007-03:00Nikola Tesla, o gênio renegado<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tesla foi um dos maiores gênios da humanidade entre os séculos XIX e XX, homem de engenho estupendo, era uma mente inventiva a frente de seu tempo, desenvolvendo diversas tecnologias e até aprimorando outras. Apesar de sua genialidade, nem todos o admiravam, mas tinham inveja dele, por conta disso, Tesla ganhou inimigos que tentaram minar sua reputação e até prejudicaram seu trabalho. Neste texto conheceremos um pouco da história desse gênio que acabou sendo renegado e quase esquecido. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtb6gxmzzm2o32D8LY-Ql9k_gfxzjhQbMa5Lt3yHy2uDI0mmT5omIrMff8WItrYCThCOYP3qPE0jIuonR7kJVT3KQToCIDhZN1td3_gw-wctjQEKSIS7X3wPHkt4ea7I4sYtKbkyvlT5Nx0pPGatlspg5clZ7wy1xeJhUmcv6i48dwTygf7xCRoMHGV24F/s308/Tesla_circa_1890.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="308" data-original-width="230" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtb6gxmzzm2o32D8LY-Ql9k_gfxzjhQbMa5Lt3yHy2uDI0mmT5omIrMff8WItrYCThCOYP3qPE0jIuonR7kJVT3KQToCIDhZN1td3_gw-wctjQEKSIS7X3wPHkt4ea7I4sYtKbkyvlT5Nx0pPGatlspg5clZ7wy1xeJhUmcv6i48dwTygf7xCRoMHGV24F/w299-h400/Tesla_circa_1890.jpeg" width="299" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Retrato de Nikola Tesla em 1890. </span></td></tr></tbody></table><b style="font-family: verdana;"><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">Nascimento e juventude</b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nikola Tesla nasceu em <b>10 de julho de 1856 </b>no vilarejo de <b>Smiljan</b>, na época, parte do <b>Império Austríaco</b>, atualmente território da <b>Croácia</b>. Apesar disso, Tesla não era nem austríaco e nem croata, mas<b> sérvio</b>. Seu pai era <b>Milutin Tesla</b> (1819-1879), um padre ortodoxo que se casou com<b> Duka Mandíc</b> (1822-1892), filha de um padre também e descendente de uma família de artesãos e fabricantes de ferramentas. Tesla era o quarto filho de um total de cinco, sendo seu irmão mais velho chamado <b>Dane</b>, enquanto os demais filhos eram três mulheres de nome <b>Milka, Angelina e Marica</b>. Seu irmão mais velho morreu num acidente de cavalo, quando Tesla tinha cinco anos, fazendo conviver pouco com este e crescer ao lado das irmãs. (O'NEILL, 2007, p. 9).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tesla foi estudar na escola local de Smiljan, sendo alfabetizado, aprendendo matemática básica e aspectos da doutrina ortodoxa. Em <b>1862 </b>seu pai conseguiu um emprego como pároco em<b> Gospic Lika</b>, mudando-se com a família para lá. Tesla realizou seus estudos do ensino fundamental por lá. Já adolescente, em <b>1870</b> foi enviado para estudar o ensino médio em <b>Karlovac</b>, tendo conseguido ingressar no <b>Ginásio Real Superior</b>, onde as aulas eram lecionadas em alemão, o que ajudou Tesla a aprender outra língua. </span><span style="font-family: verdana;">(O'NEILL, 2007, p. 19-23).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ainda na infância e adolescência, Nikola Tesla mostrava uma grande curiosidade por investigar o mundo, explorar a natureza e fazer experimentos, desde coletar insetos, como brincar com objetos, água, fogo etc. Percebe-se que o menino desde cedo tinha o interesse por ciência. Hoje cogita-se que Tesla poderia ser considerado uma criança superdotada, conceito desconhecido naquele tempo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Durante o ensino médio ele passou a se interessar por matemática e física, desenvolvendo a pretensão de seguir carreira como engenheiro. Além disso, nesse tempo ele começou a ler os livros de <b>Mark Twain</b> (1835-1910), popular escritor americano de livros de aventura como <i><b>Tom Sawyer</b></i> (1876) e <i><b>As Aventuras de Huckleberry Finn</b></i> (1885). As obras dos dois meninos se aventurando pelo interior dos Estados Unidos, fascinaram o jovem Tesla pelos anos seguintes, tornando-se alguns de seus livros prediletos. </span><span style="font-family: verdana;">(O'NEILL, 2007, p. 30).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1873</b> ele concluiu a escola e voltou para casa, onde foi acometido de cólera e ficou gravemente doente por meses, chegando perto de morrer. Antes de isso acontecer, seu pai Milutin cogitava enviar o filho para o seminário, para que ele se tornasse padre, mas Tesla não tinha interesse na carreira do sacerdócio, assim, após se recuperar, seu pai decidiu atender o pedido do filho, o qual disse querer estudar engenharia.</span><span style="font-family: verdana;"> </span><span style="font-family: verdana;">(O'NEILL, 2007, p. 31).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No ano de <b>1874</b>, tendo melhorado da cólera, Tesla teria que se alistar no exército, mas ele não queria servir, então saiu de casa, indo para <b>Tomingaj</b>, passando a ajudar caçadores e lenhadores, vivendo aventuras pela floresta, enquanto ele disse que seguia lendo os livros de Twain, que lhe faziam companhia e bem-estar para sua mente. Tesla permaneceu vários meses ali até que em <b>1875</b> voltou para casa e de lá seguiu para cursar a faculdade de engenharia no <b>Politécnico Austríaco</b> em <b>Graz</b>, onde se destacou por ser um aluno pontual, assíduo e tirar excelentes notas, pelo menos no primeiro ano da faculdade, mas a realidade mudaria drasticamente. (SEIFER, 2001). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Jovem sem-rumo</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tesla acabou se envolvendo com jogos de cartas e sinuca, onde jogava fazendo apostas, se tornando indisciplinado e perdendo dinheiro, o que o levou a perder sua bolsa de estudos. Seu pai sabendo disso, lhe cortou a mesada durante o terceiro ano da faculdade. Sem conseguir dinheiro e trabalho, Tesla abandonou o curso de engenharia em <b>1878</b>, mas não voltou para casa, devido a vergonha de encarar sua família e dizer a eles que desistiu do curso por conta do vício em jogo e apostas. Assim, ele mudou-se para <b>Maribor</b>, conseguindo um emprego de desenhista e fazendo alguns "bicos", mas nessa época ele ainda tinha problemas com o jogo. </span><span style="font-family: verdana;">(SEIFER, 2001). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Seu pai viajou a Maribor para pedir que o filho voltasse para casa, mas ele se negou. Tempo depois teve um colapso nervoso e foi enviado para sua casa em 1879, no mesmo ano seu pai faleceu aos 60 anos. Naquela época Tesla tinha 23 anos, estava desempregado, não concluiu o curso de engenharia, tinha problemas com o vício em jogos de apostas e se recuperava de um colapso nervoso. Ainda naquele ano ele conseguiu o emprego como professor numa escola local, até que alguns tios compadecidos dele, lhe enviaram dinheiro para ele ir estudar na <b>Universidade Carolina</b>, porém, como ele não sabia tcheco, tampouco se recusou a estudar grego (que era disciplina obrigatória), Tesla não se matriculou, aproveitando o dinheiro dos tios, ele assistia aulas aleatórias na universidade, como as de física, matemática, engenharia e filosofia. Mas quando o dinheiro começou a escassear, ele mudou-se para <b>Budapeste</b>, indo atrás de emprego. (O'NEILL, 2007, p. 39-40). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em Budapeste ele passou a trabalhar na<b> Central Telefônica de Budapeste</b>, fundada por<b> Tivadar Puskas</b> (1844-1893), inventor húngaro que conseguiu subsídio do governo para instalar o telefone na capital. Inicialmente Tesla atuou como desenhista e no escritório, depois ele foi transferido para o cargo de eletricista, o qual lhe agradava mais, pois ali ele poderia interagir com as máquinas e aparelhos que lhe fascinavam. Graças ao seu bom desempenho como eletricista, em <b>1882</b>, Puskas o enviou para trabalhar na <b>Societè Eletcrique Edison</b>, uma subsidiária francesa da <b>Continental Edison Company</b>, sediada em Paris. Na capital francesa ele passou a trabalhar com a instalação da rede elétrica de alguns bairros, o que o levou a trabalhar em projetos de aperfeiçoar o aparato elétrico, baseado nos inventos de <b>Thomas Edison</b>. (CARLSON, 2013, p. 63).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Os primeiros anos nos Estados Unidos</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Thomas Alva Edison</b> (1847-1931) já era um respeitado e rico empresário americano no final do século XIX, tendo criado empresas para fazer instalações elétricas nos Estados Unidos e em alguns países europeus como a França. Edison que ficou famoso por inventar uma lâmpada incandescente que era duradoura e poderia ser produzida em massa, despontava como o magnata da eletricidade, assim, para Tesla, o qual era interessado por eletricidade, trabalhar para a maior empresa do ramo naquele tempo, seria o sonho. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No ano de <b>1884</b> o gerente de Tesla, o senhor <b>Charles Batchelor</b> foi transferido para a <b>Edison Machine Works</b>, em Nova York, ele solicitou que o jovem Nikola Tesla fosse junto, pois ele fez um excelente trabalho na filial francesa. Embora Tesla nunca tenha concluído a universidade por problemas envolvendo o vício em jogo, ele nunca foi um aluno de tirar notas ruins o incompetente para o curso. </span><span style="font-family: verdana;">(CARLSON, 2013, p. 64).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLcIlIUiYiGE8v-F2lrlfwVRIPvjxQpw2e11Y9Kocck0DN64bj5aRrPsu9oQVmJaib5vjEVhHUkKZQyfuyvT_QeiJ9lLq8IF_UFRDRnJakoOVfRu4zfg708lgocWRj1UKML0hbcJYrYGXZvZM7TSI45G8xMdlyyhNK4fNSVzO9DiRUNhk1odXx_fUWo0dy/s800/800px-Edison_machine_works_goerck_street_new_york_1881.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="702" data-original-width="800" height="562" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLcIlIUiYiGE8v-F2lrlfwVRIPvjxQpw2e11Y9Kocck0DN64bj5aRrPsu9oQVmJaib5vjEVhHUkKZQyfuyvT_QeiJ9lLq8IF_UFRDRnJakoOVfRu4zfg708lgocWRj1UKML0hbcJYrYGXZvZM7TSI45G8xMdlyyhNK4fNSVzO9DiRUNhk1odXx_fUWo0dy/w640-h562/800px-Edison_machine_works_goerck_street_new_york_1881.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Sede da Edison Machine Works, em Nova York, no ano de 1881. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Mas a estadia de Tesla na <i>Edison Machine Works</i> foi breve. Ele trabalhou cerca de seis meses ali. Apesar de seu potencial e esforço, Tesla era considerado apenas como um eletricista acima da média, mesmo tendo trabalhado duro nesse período, consertando geradores e bobinas, fazendo instalações elétricas, com direito a trabalhar até mais de oito horas diárias e ao longo da madrugada. Não se sabe o motivo pelo qual ele pediu demissão exatamente, pois ele nunca o contou, mas possívelmente esteja associado com as bonificações nunca pagas, inclusive ele chegou a dizer que Edison teria prometido pagar 50 mil dólares por um conjunto de baterias que ele estava desenvolvendo, mas Edison disse que era apenas piada; sobrecarga de trabalho e o valor de ele não ser reconhecido. (JONNES, 2004, p. 109-110).</span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ainda no ano de 1885, Nikola Tesla decidiu patentear alguns de seus inventos, como alguns geradores que ele desenvolveu e o uso do sistema de iluminação de arco, além de outras invenções que ele desenvolveu nos últimos anos enquanto trabalhou nas empresas de Thomas Edison. A ideia que Tesla tinha era conseguir patrocinadores para investir em seus inventos e graças a ajuda do advogado de patentes <b>Lemuel W. Serrell</b>, ele conseguiu o contato de dois empresários interessados. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Dessa forma os empresários <b>Robert Lane</b> e<b> Benjamin Veill </b>se interessaram pelos inventos de Tesla e acharam tudo aquilo promissor, então eles investiram capital e abriu uma empresa chamada <b style="font-style: italic;">Tesla Electric Light and Manufacturing</b>, para ele projetar sistemas elétricos para ruas e fábricas. Não era exatamente o que Tesla queria, pois basicamente ele retomou o trabalho que fazia na empresa de Edison, a diferença que ele agora era o diretor da companhia, mesmo assim, ele gostava de trabalhar ao lado dos eletricistas e operários. Entretanto, Tesla acabou tendo problemas como seus sócios em 1886, ao notar que seu salário era demasiadamente baixo para seu cargo, além de que a promessa de ele receber parte das ações da empresa demorou a se realizar e quando ele as recebeu, o valor era mais baixo do que esperado. Tesla notando que Lane e Veill se aproveitaram dele, abandonou a companhia. </span><span style="font-family: verdana;">(JONNES, 2004, p. 111-112).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Após sair da empresa que levava seu nome, a qual foi fechada em seguida, Tesla viveu meses difíceis entre 1886 e 1887, estando desempregado, sem endereço fixo, tendo que recorrer a pousadas e hospedagens baratas, tendo que passar fome algumas vezes. Por ser imigrante e falar um inglês ainda ruim e carregado de sotaque, Tesla teve dificuldades de arranjar emprego; além disso, ele não tinha amigos e nem familiares ali. Em seu diário ele relatou que viveu um ano fazendo trabalhos diários e quando surgiam. Para Tesla, aquele foi o pior ano de sua vida. Mas a realidade somente melhoraria um pouco em 1887. (O'NEILL, 2007, p. 54). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Era inverno de 1887, Tesla ainda estava sem emprego fixo e trabalhava como escavador de valas, e ele aproveitava para conversar com os outros trabalhadores, falando de sua experiência como eletricista e até dizendo que havia patentes registradas, um capataz ouviu aquilo e contou ao seu chefe, o senhor <b>Alfred K. Brown</b>, o qual trabalhava para a <b>Western Union Telegraph Companion</b>,<b> </b>uma das maiores empresas de telégrafos do país e do mundo. Brown ouviu algumas ideias de Tesla, especialmente as sobre novas baterias, motores, geradores e o uso da corrente alternada, então ele decidiu investir capital nos projetos de Tesla, chamando seu amigo o advogado<b> Charles F. Peck</b>; assim, os dois montaram um laboratório para ele no sul da<b> Fifth Avenue </b>(atual West Broadway). Ironicamente o local ficava situado algumas quadras da Edison Machines Works, onde dois anos antes Tesla sugeriu a Edison investir na corrente alternada, mas ele se negou, dizendo que era muito perigosa e cara. </span><span style="font-family: verdana;">(O'NEILL, 2007, p. 54). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Até então a rede elétrica na maioria dos países era baseada na <b>corrente contínua</b> (CC), considerada mais segura e barata, inclusive amplamente difundida por Thomas Edison. Essa corrente opera com cargas positivas ou negativas, sem misturar elas. </span><span style="font-family: verdana;">No entanto, a CC possui suas limitações, sendo recomendada principalmente para <b>instalações de baixa tensão</b>, pois quando se parte para a <b>alta tensão</b> ela se torna ineficiente e acaba saindo mais caro para compensar isso. Assim, Tesla apontava em seus estudos e experimentos que usinas de energia, usinas de transmissão, grandes geradores, motores e alternadores, deveriam fazer uso da </span><b style="font-family: verdana;">corrente alternada</b><span style="font-family: verdana;"> (CA), pois era um processo mais eficiente, pois a corrente a cada tantos segundos alternava entre positivo e negativo, </span><span style="font-family: verdana;">e não saia tão caro como Edison e outros apoiadores da CC alegavam. Todavia, essa disputa só iria piorar com o tempo, como será visto adiante. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUcM2z70K7hEoXFIYLJCJ9nKZEDzaI1SXD0rTjwdwNj_sNSqboWKjOLqxu21u_j61yIcYqR6A2VLkp6lHgIb9Rtsqw7BIcME0yHabMQUmqFSWchI5Num8-rltZVO5ElzPUKvqF-6qJnBytlcz-JITcz014-VyQAcUL-Q3h6U2Xn-KMJFrN-DAHK94tk3gX/s676/320px-RMFpatent.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="676" data-original-width="320" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUcM2z70K7hEoXFIYLJCJ9nKZEDzaI1SXD0rTjwdwNj_sNSqboWKjOLqxu21u_j61yIcYqR6A2VLkp6lHgIb9Rtsqw7BIcME0yHabMQUmqFSWchI5Num8-rltZVO5ElzPUKvqF-6qJnBytlcz-JITcz014-VyQAcUL-Q3h6U2Xn-KMJFrN-DAHK94tk3gX/w302-h640/320px-RMFpatent.png" width="302" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Patente EUA 381, 968 mostrando um motor de indução baseado na corrente alternada. A patente foi desenvolvida por Tesla e registrada em 1887. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;"><b>O início da Guerra das Correntes</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O termo Guerra das Correntes refere-se a disputa comercial para se implantar nos Estados Unidos o uso de sistemas elétricos baseados na corrente alternada. Entretanto, no país vigorava os sistemas operantes em corrente contínua, os quais inclusive usavam as patentes de Thomas Edison, o que lhe garantia monopólio sobre a eletricidade do país. Logo, vendo que a CA se tornava uma ameaça, nem tanto por Tesla, que ainda seguia sendo um inventor desconhecido, mas sim por conta do empresário <b>George Westinghouse </b>(1846-1914), que atuava na indústria elétrica e vinha fazendo nos últimos anos campanha pela adoção da CA no país. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ2ejSkro5w2kYmnaj9kqKhyyN1rPDdKQDNysWB465CO7K0lgWaPAULYFGmC5PjsEjcNpPxFwo3mHOqwVTtx3wptCR7bLOqDAqKXOOcsMrMiHnniXQcIfU7Sur-LvAZa2fpjH66Fyzc13q3Kk0RERELIVGdLHqd4eiN9tec40ExpJDnjjxHg0fgz39U9xR/s1180/800px-George_Westinghouse.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1180" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ2ejSkro5w2kYmnaj9kqKhyyN1rPDdKQDNysWB465CO7K0lgWaPAULYFGmC5PjsEjcNpPxFwo3mHOqwVTtx3wptCR7bLOqDAqKXOOcsMrMiHnniXQcIfU7Sur-LvAZa2fpjH66Fyzc13q3Kk0RERELIVGdLHqd4eiN9tec40ExpJDnjjxHg0fgz39U9xR/w271-h400/800px-George_Westinghouse.jpg" width="271" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O empresário George Westinghouse investiu no potencial de Tesla. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No ano de <b>1888 </b>o trabalho de Nikola Tesla começou a receber reconhecimento. Na época ele contava com seus 32 anos e foi convidado a palestrar sobre seus inventos e o uso da corrente alternada no </span><b style="font-family: verdana;">Instituto Americano de Engenheiros</b><span style="font-family: verdana;"> Elétricos, em 16 de maio. Tratou-se da primeira palestra acadêmica de Tesla, em que ele finalmente estava diante de outros doutores e estudantes de engenharia elétrica e engenharia mecânica. Durante sua palestra, alguns dos presentes trabalhavam para a </span><i style="font-family: verdana;"><b>Westinghouse Electric & Manufacturing Company </b></i><span style="font-family: verdana;">e esses ficaram entusiasmados com as patentes de Tesla e contataram o senhor Westinghouse, o qual se mostrou bastante interessado e fez negócio. (O'NEILL, 2007, p. 57). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tesla e seus sócios Brown e Peck fecharam acordo para produzir motores e transformadores polifásicos de corrente alternada para a empresa de Westinghouse que ofereceu 60 mil dólares por tudo. Além disso, ele contratou Tesla como consultor em 1888, lhe pagando um salário de 2 mil dólares por mês, valor bastante alto para o período. Assim, Tesla se mudou para<b> Pittysburg</b> para instalar um sistema de CA para mover os bondes elétricos da cidade, mas acabou não dando muito certo, tendo que se optar pelo uso da CC também. (CARLSON, 2013, p. 110-112). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As notícias de que a Westinghouse Electric estava investindo na corrente alternada chegaram até Edison e seus sócios e isso provavelmente os irritou e deixou temerosos, pois em 1889 teve início a difusão de notícias em jornais e por boatos de que a CA era não apenas cara, mas instável e insegura, podendo causar curtos-circuitos e até incêndios. Edison e seus apoiadores dava início singelamente a Guerra das Correntes que somente pioraria com o tempo. Entretanto, esse conflito comercial não começou de imediato, apesar de seu anúncio em 1889, pois em <b>1890</b>, o <i><b>Banco Barings</b></i> (1762-1995) entrou em crise em 1890 e quase faliu. Muitas das ações da <i>Westinghouse Electric</i> e parte do seu financiamento vinham desse tradicional banco britânico. Com isso, a empresa teve que cortar gastos e alguns dos projetos de Tesla foram paralisados, o que agradou Edison e os defensores da corrente contínua. </span><span style="font-family: verdana;">(CARLSON, 2013, p. 130-131). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A bobina de Tesla </b>(1890-1891)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nikola Tesla teve que encerrar vários projetos em parceria com George Westinghouse devido a crise bancária entre 1890 e 1891, mas depois disso alguns dos projetos foram retomados. Todavia, o dinheiro que ele ganhou entre 1887 e 1890 lhe concedeu segurança financeira. Seu alto salário e à venda de motores, geradores e outras máquinas o ajudou a construir um patrimônio financeiro que lhe deu segurança por vários anos, assim, ele decidiu se dedicar aos seus inventos. Um deles adveio de sua ida a <b>Exposição Universal de Paris em 1889</b>, ano que inclusive foi inaugurada a famosa Torre Eiffel. Lá ele tomou conhecimento dos trabalhos do físico alemão <b>Heinrich Hertz</b> (1857-1894) com o <b>eletromagnetismo e as ondas de rádio</b>, algo que deixou Tesla fascinado. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Inspirado na <b>bobina de Ruhmkorff</b>, Tesla desenvolveu seu modelo, pois o anterior não suportava um sistema elétrico de carga alternada, levando-o ao superaquecimento e derretimento dos componentes internos. Assim, Tesla passou quase um ano trabalhando no projeto para desenvolver sua própria bobina, valendo-se de separar alguns componentes com uma camada de ar, a qual se aqueceria, mas não danificaria as peças. (CARLSON, 2013, p. 122).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih-UB0EeJoxbw4MI3Qlu0QC51iqEx3sKCRCDeUfcaY80mRHjztB8Ty0-9rQ6aLE4SzzGetBj7X5_qeyGaX04gkLPc28eh2rJ3Ht15EoIPwwd5ghYIjFQDa9OdouAQq8uZG5AScIF_VqzgOMXuM52kRo1T_NWiz6XiQdHMghFVek7FKpQHtX72Sf6N3sT06/s640/_99333690_raiostesla.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih-UB0EeJoxbw4MI3Qlu0QC51iqEx3sKCRCDeUfcaY80mRHjztB8Ty0-9rQ6aLE4SzzGetBj7X5_qeyGaX04gkLPc28eh2rJ3Ht15EoIPwwd5ghYIjFQDa9OdouAQq8uZG5AScIF_VqzgOMXuM52kRo1T_NWiz6XiQdHMghFVek7FKpQHtX72Sf6N3sT06/w640-h360/_99333690_raiostesla.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Nikola Tesla testando uma bobina criada por ele. O intuito era mais para espetáculos para fascinar a plateia e atrair potenciais investidores. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">A bobina de Tesla como ficou conhecida inicialmente foi utilizada para exibições de descargas elétricas de alta tensão, pois ela consegue facilmente produzir pequenos raios visíveis ao olho humano, que é algo ainda hoje fascinante para muita gente. Por sua vez, Tesla aperfeiçoou</span><span style="font-family: verdana;"> o equipamento patenteando-o em 1891. Sua bobina deixou de ser meramente um experimento para poder ser usada na geração de energia de alta tensão, além de ter sido usada inicialmente para energizar transmissores de rádio e até na eletroterapia</span><span style="font-family: verdana;"> com versões compactas. (O'NEILL, 2007, p. 71). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Porém, um dos planos de Tesla era criar torres de bobinas e fornecer energia elétrica sem fiação, usando-se o princípio do eletromagnetismo para isso. Ele chegou a investir tempo e dinheiro nisso, fazendo até experimentos públicos e dando palestras a respeito. Tesla estava confiante de que a tecnologia poderia ser melhorada a ponto de não se precisar mais de cabos, apenas se instalar estações geradoras com bobinas melhoradas, as quais forneceriam energia elétrica sem fio. </span><span style="font-family: verdana;">Uma ideia bastante ousada e a frente de seu tempo. Atualmente o uso de fornecimento de energia elétrica sem fiação ainda é pouco explorado. Alguns celulares já estão aplicando essa tecnologia. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A Exposição Universal de Chicago </b>(1893)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1892</b> Nikola Tesla foi<b> eleito vice-presidente </b>do Instituto Americano de Engenheiros Elétricos, cargo que manteve até 1894, tendo nesse período ganhado apoio de muita gente no instituto e o interesse de outros pelo país por suas ideias sobre corrente alternada, e agora sua obsessão de desenvolver uma tecnologia de transmissão energética sem fio, considerada fascinante por uns, mas para outros era tida como algo impossível. De fato, ambas as reações estavam certas. Realmente era algo estupendo, mas também impossível para ser concretizado de forma eficiente como Tesla sonhava. Apesar disso, ele seguiu insistindo no assunto. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">De qualquer forma, entre 1893 e 1894 ele estava investindo na difusão do uso do sistema polifásico, o qual utiliza três ou mais fases para conduzir energia elétrica numa corrente alternada. A ideia era promissora e estava dando certo, pois conseguia tornar o uso da CA em algo viável. Inclusive ainda hoje o sistema polifásico é utilizado na indústria e em instalações elétricas de alta tensão. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Dessa forma, a Westinghouse Electric solicitou que Tesla apresenta-se seu novo projeto na <b>Exposição Universal de 1893</b>, que foi realizada em Chicago. Se na exposição de 1889, Nikola Tesla havia participado como espectador, agora ele estava apresentando alguns de seus inventos como suas bobinas, motores de indução, sistema elétrico sem fio e o sistema polifásico, que inclusive foi utilizado para iluminar toda a exposição que durou seis meses. (SEIFER, 2001, p. 120-121). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Um dos experimentos mostrados por Tesla na exposição de Chicago foi o uso de um <b>"ovo de Colombo"</b> para apresentar os efeitos do eletromagnetismo gerado por um motor de indução de energia alternada. Um ovo feito de cobre e com bobinas no interior, ficava sobre uma plataforma eletromagnética que ao receber a energia, começava a girar no seu próprio eixo. O experimento foi uma sensação na época, inclusive a ideia de que objetos poderiam serem movidos por eletromagnetismo era algo ainda em início de estudo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbWM0WxZ7VMfkApdNGva2N_Jc3dBig_zpupe_rFJ0juo-u24xZ_fHFj3HPTk4N1xPoLKqkDUzDkNDhS7Gts8Jh3oXNjGmvLaHZ0Sn5uC5rGXpS343ITwSNabRCV6IhesEXAqFsjbJO4laNFqCRmFghERc7SivS8_SIOlFBXXYzI2Uq7jMQPiycLDJDWIym/s800/Nikola_Tesla's_Egg_of_Columbus_at_1893_Chicago_Columbian_Exposition_World's_Fair.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="642" data-original-width="800" height="514" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbWM0WxZ7VMfkApdNGva2N_Jc3dBig_zpupe_rFJ0juo-u24xZ_fHFj3HPTk4N1xPoLKqkDUzDkNDhS7Gts8Jh3oXNjGmvLaHZ0Sn5uC5rGXpS343ITwSNabRCV6IhesEXAqFsjbJO4laNFqCRmFghERc7SivS8_SIOlFBXXYzI2Uq7jMQPiycLDJDWIym/w640-h514/Nikola_Tesla's_Egg_of_Columbus_at_1893_Chicago_Columbian_Exposition_World's_Fair.png" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O ovo de Colombo usado por Tesla em experimento eletromagnético durante a Exposição Universal de 1893, em Chicago. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Ainda durante a exposição universal, Tesla mostrou outro de seus grandes inventos, um <b>gerador a vapor de corrente alternada</b>, também chamado de <b>oscilador eletromecânico</b>. Para ele a expectativa era que aquele gerador fosse uma solução para gerar grandes quantidades de energia para movimentar os circuitos elétricos de um sistema polifásico. A ideia era promissora, mas apresentava alguns problemas como grande barulho, além de causar muita vibração. Inclusive uma lenda urbana mais tarde promovida pelo próprio Tesla, disse que o tremor sentido em Nova York em <b>1898</b>, foi causado por um dos geradores a vapor em fase de teste. (CARLSON, 2013, p. 181-183). </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Também no ano de 1893, Nikola Tesla prestou consultoria para a <b>Companhia de Construção da Hidrelétrica das Cataratas do Niágara</b>, sendo convidado pelo próprio presidente da empresa, </span><b style="font-family: verdana;">Edward Dean Adams</b><span style="font-family: verdana;"> (1846-1931). Na época a hidrelétrica estava em construção e Adams pediu que Tesla lhe apresentasse o melhor projeto para construir os geradores e as instalações elétricas. Ele</span><span style="font-family: verdana;"> sugeriu adotar o sistema bifásico de corrente alternada já empregado pela </span><i style="font-family: verdana;">Westinghouse Electric</i><span style="font-family: verdana;">, sua parceira de negócios desde 1888. A ideia foi acatada, mas o irônico é que os direitos de transmissão da energia foram dados a </span><i style="font-family: verdana;">General Electric</i><span style="font-family: verdana;">, pertencente a Thomas Edison. (O'NEILL, 2007, p. 85-86). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Experimentos com raio-x</b> (1894-1896)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Um fato curioso é que no ano de 1894, <b>Mark Twain</b>, o escritor preferido de Tesla, foi visitar seu laboratório na Quinta Avenida. Tesla relatou que foi uma grande honra receber Twain, que por sua vez, ficou fascinado com os inventos tecnológicos do inventor sérvio. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR8xSWyeP9Kf2uov-gWRuuBdSreVuqxa_PrYMaoST_aaoPFmc7b2Tb94ueE_rl86h-qYq2sL5GuB2FUvR5UUeZdUSXBzWkcga037z6-nLcyg7-QBRbLozk8CHgjrTh2LNKExC944WkQAHoNIJruN9iBGgTFC0H2H1L_XDJKjivT_IGjVidT4qlkVTnjAWG/s727/Twain_in_Tesla's_Lab.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="487" data-original-width="727" height="429" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR8xSWyeP9Kf2uov-gWRuuBdSreVuqxa_PrYMaoST_aaoPFmc7b2Tb94ueE_rl86h-qYq2sL5GuB2FUvR5UUeZdUSXBzWkcga037z6-nLcyg7-QBRbLozk8CHgjrTh2LNKExC944WkQAHoNIJruN9iBGgTFC0H2H1L_XDJKjivT_IGjVidT4qlkVTnjAWG/w640-h429/Twain_in_Tesla's_Lab.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Fotografia de 1894 mostrando Mark Twain segurando um dos inventos de Tesla, enquanto esse o observa ao lado. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Além da visita de Twain, o ano de 1894 foi marcado pelo início das pesquisas de Tesla sobre a radiação, nessa época o raio-x ainda não havia sido descoberto e a radiação era ainda mal compreendida. Apesar disso, Tesla como outros pesquisadores faziam uso dos<b> tubos de Crookes </b>para estudar os <b>raios catódicos</b>. Em <b>1895</b> o o físico alemão <b>Wilhelm Röntgen</b> (1845-1923) realizando estudos com o tubo de Crookes, veio a descobrir o raio-x. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A notícia foi divulgada nos meses seguintes, Tesla sabendo agora sobre a descoberta, retomou suas próprias pesquisas, chegando a tirar um raio-x de uma de suas mãos. Entretanto, ele depois acabou abandonando o interesse devido ao risco dos experimentos, afinal, a radiação ainda era desconhecida,<b> Henri Becquerel </b>começou a estudá-la em 1896 e nos anos seguintes foi se descobrindo seus riscos à saúde. O próprio Tesla chegou a relatar em suas anotações que sofreu algumas pequenas queimaduras e mal-estar durante os experimentos com raio-x. (CHENEY, 2001, p. 134-136). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>The Nikola Tesla Company</b> (1895)</span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com o sucesso obtido em 1893 com a Exposição Universal de Chicago, Tesla ganhou vários pedidos de compra de motores, geradores e outros maquinários, além da venda de licenças de patentes e convites para se tornar sócio de empresas de energia elétrica. Um dos interessados foi<b> Edward Dean Adams </b>da hidrelétrica das Cataratas do Niágara. Adams investiu dinheiro ao lado dos dois sócios de Tesla, Brown e Peck, e depois outros investidores entraram em cena, assim, em 1895 foi fundada a<i><b> Nikola Tesla Company </b></i>com o intuito de desenvolver maquinário, aparelhos e patentes para o desenvolvimento da eletricidade. (CARLSON, 2013, p. 206). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Todavia, a nova empresa sofreu um duro golpe naquele ano. O laboratório da Quinta Avenida pegou fogo, o incêndio foi tão intenso que quase todo o prédio ruiu. A maior parte dos inventos, aparelhos, maquinário, anotações e materiais foram perdidos. Inclusive muita coisa que Tesla havia usado na exposição universal foi destruído pelas chamas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O rádio controle</b> (1898)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Interessado em conseguir acordos com as Forças Armadas, Tesla desenvolveu um dispositivo experimental controlado por ondas de rádio de curta distância. A ideia era produzir torpedos teleguiáveis por controle remoto, o que ajudaria bastante a Marinha. Ele chamou seu invento de <b>telautomaton</b>. Uma amostra feita com um barco controlado remotamente foi uma sensação em Nova York, mas para a infelicidade de Tesla, a Marinha e o Exército não tiveram interesse no invento. Ele ainda insistiu por mais algum tempo, mas a ideia foi abandonada. (CARLSON, 2003, p. 231). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLNKLVkoxv8Eqql1JP5kattqQQwgzKNxBO0xTwO8uSUG3qiFtXZasi_KfWl9xr4O1Vs9N2OdrjmIJTDAvTq8O4mhUJsMNVU_Wu4TdBT1CRvo1REINjFvlvmYHVWM3anqRuufco4-VpmOU79v_FfRE7XNBgdqZAin0rszzw3PYxjW5MNw4qp5wMGax2LJLx/s528/Tesla_boat1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="528" data-original-width="352" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLNKLVkoxv8Eqql1JP5kattqQQwgzKNxBO0xTwO8uSUG3qiFtXZasi_KfWl9xr4O1Vs9N2OdrjmIJTDAvTq8O4mhUJsMNVU_Wu4TdBT1CRvo1REINjFvlvmYHVWM3anqRuufco4-VpmOU79v_FfRE7XNBgdqZAin0rszzw3PYxjW5MNw4qp5wMGax2LJLx/w266-h400/Tesla_boat1.jpg" width="266" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O protótipo de barco movido a rádio controle, criado por Tesla em 1898. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">O telautomaton foi o primeiro projeto de Tesla pensando no interesse militar e planejado para se tornar uma arma, pois o pequeno barco a controle remoto atuaria como um torpedo ou um barco-bomba. A ideia apesar de fantástica para a época acabou se concretizando mais tarde. Atualmente temos drones e mísseis teleguiados, mesmo que não usem sinais de rádio como proposto por Tesla, mas a ideia de serem armas operacionalizadas remotamente, segue o mesmo princípio. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Laboratório no Colorado Spring </b>(1899-1900)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ainda interessado em aperfeiçoar sua tecnologia de condução elétrica sem fio, utilizando o ar como condutor elétrico, Tesla decidiu investir pesado nisso, para isso, ele resolveu construir um laboratório numa montanha, o local escolhido foi <b>Colorado Springs</b>, uma pequena cidade distante mais de dois mil quilômetros de Nova York. Todavia, ele não possuía dinheiro para isso, então foi pedir investimentos, o escolhido foi o milionário empresário <b>John Jacob Astor IV</b>. Tesla o conhecia, pois frequentava alguns de seus hotéis luxuosos. No caso, Astor ficou interessado e investiu 100 mil dólares para construir o laboratório de Tesla, o valor bastante alto para época, hoje passaria dos milhões. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjws7OzKP3Fo_I-YmI-RRI3ZGJtkupVlYyeEl8ly5ixRODhIoRN8VgyEpyOSJzSDIlZdi8wyOjaa-Dt1aaaHzNxwihIdYOct1YE7xXI3m6Fm7KXlDIDX8bd4knOZagFOHOcoDW-6qHtVOxKgSho1UH5nRJVjVUeIyypPP_1OhProM0BpuRHGuW9zho4TeB_/s629/Tesla_Colorado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="629" data-original-width="500" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjws7OzKP3Fo_I-YmI-RRI3ZGJtkupVlYyeEl8ly5ixRODhIoRN8VgyEpyOSJzSDIlZdi8wyOjaa-Dt1aaaHzNxwihIdYOct1YE7xXI3m6Fm7KXlDIDX8bd4knOZagFOHOcoDW-6qHtVOxKgSho1UH5nRJVjVUeIyypPP_1OhProM0BpuRHGuW9zho4TeB_/w318-h400/Tesla_Colorado.jpg" width="318" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Laboratório de Tesla em Colorado Springs, 1899. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Graças ao dinheiro de Astor IV, o laboratório foi construído rapidamente. Uma subestação de energia de El Paso, cidade próxima, forneceu a energia em corrente alternada para as pesquisas de Tesla. Ali ele construiu grandes bobinas, motores e geradores para projetar raios a fim de estudar a transmissão elétrica sem fio, mas também tentar criar um telégrafo sem rio, além de estudar ondas de rádio e outras coisas. Tesla estava tão obcecado com isso que chegou a dizer algumas vezes para alguns jornalistas que teria supostamente captado transmissões de rádio estranhas, que poderiam advir de fora do planeta. (SEIFER, 1998, p. 220-221).</span><span style="font-family: verdana;"> Na época, a ideia de vida inteligente em outros planetas estava em alta. Bastante lembrar que o livro </span><i style="font-family: verdana;"><b>Guerra dos Mundos</b></i><span style="font-family: verdana;"> (1897), tinha sido lançado dois anos antes. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os estudos de Tesla gerando milhares de megavolts foram conduzidos ao longo de meses a ponto de fritar os geradores da subestação de El Paso. Apesar desse contratempo, Tesla aproveitou em 1900 para voltar a Nova York. Ele precisava de mais dinheiro para um novo projeto ousado: construir uma torre para gerar energia sem fio, com intuito de iluminar parte da cidade de Nova York. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A Torre de Wardenclyffe</b> (1901-1906)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em 1901 de volta a Nova York, Tesla se reuniu com potenciais investidores, permitindo que eles comprassem várias ações da sua empresa, assim como, vendeu direitos de uso de algumas de suas patentes e outras autorizações. Um dos seus principais investidores foi<b> John Pierpont Morgan</b> (1837-1913), rico banqueiro e empresário, conhecido por financiar muita coisa. </span><span style="font-family: verdana;">O valor arrecadado foi maior do que o investido no laboratório no Colorado Springs. Assim, em posse de 150 mil dólares, Tesla comprou um terreno em </span><b style="font-family: verdana;">Wardenclyffe</b><span style="font-family: verdana;">, em </span><b style="font-family: verdana;">Long Island</b><span style="font-family: verdana;">, a alguns quilômetros de Nova York. (CARLSON, 2013, p. 314). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A ideia de Tesla era que sua torre permitiria ser usada para transmissão de telégrafo sem fio, algo que ele pretendia ser inovador, mas seu concorrente o físico e inventor <b>Guglielmo Marconi</b> (1874-1937) conseguiu realizar uma transmissão a distância antes dele, transmitindo um sinal de Londres a Terra Nova no Canadá. Aquilo irritou Tesla como ele relatou em seus escritos, inclusive ele considerava Marconi um oportunista por ter copiado suas ideias. De qualquer forma, a torre que Tesla pretendia construir não serviria apenas para o telégrafo, mas para se tornar um condutor de energia elétrica de corrente alternada sem fio. </span><span style="font-family: verdana;">(CARLSON, 2013, p. 315). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9lBaq7pdmEa0p7udXM4_Y3vULC0lwXmaFpmD2olaSYiiHiU5556dau6OnZ90JFJEMNMeBIoe26VggR9rUSA3YwLihVzTl3qB1llfo-oPIfc1XrP8K_qaiZkZ2h3aB-g5QUCKNtzbfH2C8CgiFfpsH6f_I101XeH6Yh0NbRcnekHOnwU3GtVDv37XJTQ1W/s512/Tesla_Broadcast_Tower_1904.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><b><img border="0" data-original-height="512" data-original-width="472" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9lBaq7pdmEa0p7udXM4_Y3vULC0lwXmaFpmD2olaSYiiHiU5556dau6OnZ90JFJEMNMeBIoe26VggR9rUSA3YwLihVzTl3qB1llfo-oPIfc1XrP8K_qaiZkZ2h3aB-g5QUCKNtzbfH2C8CgiFfpsH6f_I101XeH6Yh0NbRcnekHOnwU3GtVDv37XJTQ1W/w369-h400/Tesla_Broadcast_Tower_1904.jpeg" width="369" /></b></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">A torre de Tesla em <span style="text-align: justify;">Wardenclyffe, em 1904. Um dos maiores fracassos de Tesla. </span></span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">A torre foi inaugurada em 1902, tendo mais de cinquenta metros de altura. Tesla se mudou com seu laboratório para lá, a fim de tornar a torre operacional o quanto antes. O problema é que embora Tesla fosse genial, em alguns casos suas ideias eram demasiadamente loucas. Ele tinha a pretensão de que até final de 1903 ele conseguiria fazer uma transmissão de energia sem fio através do Atlântico para a Europa. O problema é que isso era impossível e ainda hoje segue impossível. Com o término de 1903, somado a propaganda negativa feita por Thomas Edison contra a corrente alternada, Tesla começou a se ver em apuros novamente. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Era o ano de 1904 e a torre ainda não estava operante. Tesla solicitou mais dinheiro para Morgan e outros investidores, mas esses começaram a negar, pois acreditavam que a ideia de transmitir energia elétrica sem fio ainda não era possível de ser feita. No ano de 1905 Tesla estava bastante endividado. O laboratório no Colorado Springs havia sido paralisado. Astor IV procurava por retorno de seu investimento alto. Além disso, Tesla havia contraído uma dívida elevada no <b>Hotel Waldorf-Astoria</b>. Soma-se a isso, que ainda em 1905, J. P. Morgan disse que não colocaria mais nenhum dinheiro no projeto da torre de Tesla, se não tivesse nenhum resultado eficiente. Para piorar a situação, sem conseguir investimentos para continuar com sua pesquisa e necessitando pagar as dívidas, Tesla vendeu a torre e o terreno de </span><span style="font-family: verdana;">Wardenclyffe e voltou para Nova York. Inclusive nessa época ele passou mal e teve um colapso nervoso novamente, ficando acamado por algum tempo. </span><span style="font-family: verdana;">(CARLSON, 2013, p. 317-320). </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A crise da Guerra das Correntes</b> (1903)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O ano de 1903 foi problemático para a reputação de Nikola Tesla, o qual já vinha passando por problemas com seus projetos em Wardenclyffe. Naquele ano Thomas Edison agiu de forma bastante desleal e canalha. Anteriormente ele havia pedido para alguns funcionários eletrocutarem animais de rua como cães e gatos, mas também vacas e cavalos, mostrando que a corrente alternada era bastante perigosa porque concederia choques, pois a corrente contínua não causaria isso. A tortura e matança desses animais eram realizadas esporadicamente pelas praças e ruas de Nova York. Porém, o ápice dessa crueldade ocorreu no começo de 1903. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em 4 de janeiro de 1903 a equipe de Edison decidiu fazer um experimento com energia elétrica gerada por uma corrente alternada, mostrando os perigos da mesma. Eles iriam eletrocutar a elefanta de circo chamada <b>Topsy</b> (c. 1875-1903). Naquele tempo, já se cogitava matar Topsy, pois no ano anterior ela num ataque de fúria matou um espectador e já havia atacado alguns membros do circo. Logo, o dono do <b>Luna Park</b>, o qual Topsy pertencia, aceitou em troca de dinheiro, ceder a elefanta para o terrível teste. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxKYyiORvKbZ76N_M_NAcM6Zu8aXZcvnozcIx_Ld9xq3h-d5BC3-XRR6N_uG4KnfBBb_XKhyphenhyphenVWKePxiLQR7oDEpWxZWoI9UynmChh1l-K5twE9veWrOqa33_Y_urYSedquuO_OCwPNoJc04q8C0r8rvKl6IZCC19eu5vlZi4fzxbprQzEzXzAUmlF539JI/s1024/1024px-Electrocuting_an_Elephant_edison_film_1903_frame_shot.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="684" data-original-width="1024" height="428" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxKYyiORvKbZ76N_M_NAcM6Zu8aXZcvnozcIx_Ld9xq3h-d5BC3-XRR6N_uG4KnfBBb_XKhyphenhyphenVWKePxiLQR7oDEpWxZWoI9UynmChh1l-K5twE9veWrOqa33_Y_urYSedquuO_OCwPNoJc04q8C0r8rvKl6IZCC19eu5vlZi4fzxbprQzEzXzAUmlF539JI/w640-h428/1024px-Electrocuting_an_Elephant_edison_film_1903_frame_shot.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">A elefanta Topsy foi eletrocutada até a morte em 1903, por conta da Guerra das Correntes. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Uma equipe da <i><b>Edison Manufactiring</b></i> gravou a execução que ocorreu em Coney Island, o ato virou um curta-metragem intitulado <i><b>Electrocuting an Elephant</b></i>, que foi vendido na época. O vídeo pode ser achado facilmente hoje em dia. Na ocasião Topsy havia sido envenenada anteriormente, porém, o choque que ela recebeu foi tão alto, que ela morreu em menos de dois minutos. Houve protestos na época por conta do alto, mas como Topsy já havia sido condenada a morte, o caso foi abafado. No entanto, após esse ato cruel, a empresa de Edison parou de executar animais. </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A turbina de Tesla</b> (1906)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tentando se recuperar do fracasso da torre em </span><span style="font-family: verdana;">Wardenclyffe, ele desenvolveu o projeto de uma turbina sem pás, que utilizaria gases para mover a turbina. Baseado na mecânica de fluídos, Tesla esperava aperfeiçoar essa tecnologia, com a qual ele trabalhou nela pelos anos seguintes, se tornando inclusive seu ganha pão até pelo menos 1922. Condição essa que seu projeto acabou até dando certo, levando-o a criar vários modelos, alguns foram utilizados em fábricas e hidrelétricas como a <b>Hidrelétrica de Waterside</b> em Nova York, onde foram instaladas turbinas de Tesla entre 1910 e 1911. (SEIFER, 1998, p. 397-398). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib5AAILN_Sik9x_d95A8pGn_4kGhwrzczBokfsXaMyydSzc2Oz4ged9bFc8PieU4aeNWtORbRR9kD5fjWPI1CkEWNQHfoQJDZVN-a_ArcdCkdVreQh7sH9ZuOMX0IgI2crUcqcni6f73OImAXNlc7JNxDVvfD927F_PJzU_FcHTvOBi0VRrXXlNbbTn7QU/s958/Tesla's_Turbine.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="958" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib5AAILN_Sik9x_d95A8pGn_4kGhwrzczBokfsXaMyydSzc2Oz4ged9bFc8PieU4aeNWtORbRR9kD5fjWPI1CkEWNQHfoQJDZVN-a_ArcdCkdVreQh7sH9ZuOMX0IgI2crUcqcni6f73OImAXNlc7JNxDVvfD927F_PJzU_FcHTvOBi0VRrXXlNbbTn7QU/w334-h400/Tesla's_Turbine.jpg" width="334" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Uma turbina de Tesla. </span></td></tr></tbody></table><b style="font-family: verdana;"><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">Dívidas, Nobel esnobado e processos </b><span style="font-family: verdana;">(1915)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A situação para Tesla piorava, mesmo tendo conseguido dinheiro e investimentos por conta de suas turbinas, Tesla ainda tinha várias dívidas. Além disso, seus investidores anteriores estavam mortos. Morgan morreu <b>1913</b>, e seu filho se recusou a patrocinar Tesla, considerando suas ideias loucas. Westinghouse, que foi seu investidor por vários anos, faleceu em <b>1914</b>. Astor IV não queria mais saber de Tesla após o fiasco no Colorado e em Long Island. Outros de seus apoiadores também haviam desistido de lhe dar dinheiro. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A situação piorou um pouco, pelo menos em termos pessoais e emocionais, quando na premiação do<b> Nobel de Física</b> de 1915, não foi concedido a ele. Na época surgiu um boato que naquele ano o prêmio seria dado a Tesla e Edison, isso até chegou a ser noticiado em alguns jornais ingleses e americanos, mas a associação do Nobel desmentiu rapidamente isso. O prêmio foi dado para <b>William Henry Brigg e seu filho William Lawrence</b>, pelos seus estudos com estruturas de cristais a partir do uso do raio-X. Na época teve gente que achou ruim Tesla não ter vencido. Inclusive ele nunca ganhou nenhum prêmio Nobel, embora tenha sido indicado. (CHENEY, 2005, p. 240). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Endividado e esnobado, Tesla tentou conseguir dinheiro processando o italiano Marconi, alegando que ele teria plagiado suas ideias quanto ao telégrafo sem fio. Todavia, os tribunais americanos consideraram as acusações infundadas. Marconi já havia apresentado uma patente do projeto em 1897, registrada outra em 1900 nos Estados Unidos, e em 1903 já estava trabalhando com comunicação a rádio. A tentativa de Tesla de conseguir algum dinheiro por isso falhou. Após tal acontecimento, ele começou a trabalhar em pequenos projetos para diferentes empresas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Os anos renegados</b> (1918-1930)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Durante quase quinze anos Nikola Tesla passou a vida renegado por distintos fatores. Com o término da guerra, ele falhou em conseguir acordos com as Forças Armadas para comprar seus inventos, além disso, a crise financeira que havia se iniciada na década anterior ainda perdurava, Tesla contraiu dívidas de aluguel, conta de luz, conta de água, telefone, salários atrasados, diárias dos hotéis etc. Por conta disso, seu nome ficou sujo na praça, como costuma-se dizer. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Somando-se a isso, ele perdeu oportunidades de negócios e voltou a ser renegado por seus opositores. Seu grande investidor, George Westinghouse faleceu em 1914, além de que sua empresa começou a não ganhar mais contratos e ficar financeiramente comprometida. Tesla também deixou de ser convidado regularmente para palestras e eventos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entre <b>1919 </b>e<b> 1922 </b>ele se mudou para <b>Winconsin</b>, onde conseguiu emprego na companhia <b>Allis-Chamers</b>, para aperfeiçoar sua turbina, motores e geradores. Foi um período de equilíbrio para suas finanças e sua saúde mental, já que não esteve totalmente isolado, apesar que mesmo com mais de 50 anos de idade, ele trabalhasse várias horas por dia. Porém, as tentativas de aperfeiçoar as turbinas como ele planejava não deram certo. Tesla vendeu os uso da patente e voltou para Nova York. (SEIFER, 1998, p. 398-399). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nessa época, Tesla desenvolveu grande <b>apreço por pombos</b>, passando-os a alimentá-los diariamente. Sua obsessão pelos pássaros foi tamanha que em </span><b style="font-family: verdana;">1923</b><span style="font-family: verdana;"> ele foi convidado a se retirar do </span><b style="font-family: verdana;">Hotel St. Regis</b><span style="font-family: verdana;">, após um ano em estar morando ali, pois os hóspedes e funcionários reclamavam da aglomeração de pombos em torno da janela do quarto de Tesla e a sujeira que eles faziam ali. Embora tenha mudado de hotel, Tesla decidiu ir alimentar seus companheiros alados nos parques para evitar problemas como os estabelecimentos. Essa prática o acompanhou quase até o fim da vida. (O'NEILL, 2007, p. 349). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nesse período de isolamento em seus quartos de hotel, Tesla aparecia pouco publicamente, indo apenas a festas de alguns amigos quando era chamado, ou participava de alguma palestra, entrevista ou ia receber alguma premiação ou homenagem ocasionalmente, diferente da época em que toda semana ele tinha compromisso social. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1928</b> ele também chegou a projetar um <b>avião biplano com hélices móveis</b>, que permitiriam ele alçar voo como um helicóptero, porém, o projeto nunca foi construído e tinha alguns problemas aerodinâmicos. Tesla abandonou a ideia. Além disso, sua situação financeira piorou, obrigando-o a ter que fechar seu laboratório na<b> Avenida Madison</b> (o último que restava) e fechar seus escritórios. Somava-se a isso ter que despedir seus empregados. Sua empresa inclusive faliu. Tesla passou a sobreviver do dinheiro que recebia pelo uso de patentes e autorizações que ele concedeu nos últimos anos. (CHENEY, 2001, p. 249-252). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Reconhecimento pela carreira </b>(1931)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A realidade de Tesla mudou um pouco a partir das homenagens feitas para ele quando completou seus 75 anos. Em 1931 ele se tornou capa da famosa Revista Time, em seu número 3, volume XVIII, trazendo matérias que elogiavam sua grande contribuição para o desenvolvimento tecnológico da eletricidade e outros inventos. O que o tornava um grande cientista contemporâneo. Isso ajudou a mídia a voltar a ter interesse nele, após mais de uma década quase esquecido. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKY1pa0ibdBbmJ3P2BuhOpCVu5gRKUkv8PzfDFeb2W-rVekDnJqoyrtEWdkmAmARaI9qrwtkV32KUANshyz6CwRVGpsar7oABERSzo14haaTZXxAFGIl51WnrReXGvAjX-_9rwd5XLvbabkx-xALI4AE9KnVcJMNy4Vd89PePiogSQ-qsM7ucO8HmZ7CkD/s527/Nikola_Tesla_on_Time_Magazine_1931.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="527" data-original-width="400" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKY1pa0ibdBbmJ3P2BuhOpCVu5gRKUkv8PzfDFeb2W-rVekDnJqoyrtEWdkmAmARaI9qrwtkV32KUANshyz6CwRVGpsar7oABERSzo14haaTZXxAFGIl51WnrReXGvAjX-_9rwd5XLvbabkx-xALI4AE9KnVcJMNy4Vd89PePiogSQ-qsM7ucO8HmZ7CkD/w304-h400/Nikola_Tesla_on_Time_Magazine_1931.jpg" width="304" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capa da Time de 1931 em celebração aos 75 anos de Nikola Tesla. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Tesla aproveitou a publicidade que ganhou com a revista <i>Time</i> e passou a ser convidado a dar entrevistas e participar de eventos entre 1932 e 1933. Ele nesse período divulgou várias ideias, algumas tidas como loucas, a ponto de se questionar se o velho inventor estava mentalmente são. Para se ter noção, Tesla alegou estar desenvolvendo um motor que funcionaria a <b>raios cósmicos</b>, que estava trabalhando em receptores de rádio que permitissem captar frequências individuais, que ele estava estudando uma <b>nova fonte de energia </b>(embora nunca revelou propriamente qual seria); ele até salientou que estava estudando fotografia, pois achava que poderia desenvolver uma forma de criar uma <b>câmera ocular</b> para capturar os pensamentos. Embora algumas ideias até fazem sentido hoje, mas há noventa anos isso era surreal. E vale lembrar que Tesla já teve ideias questionáveis anteriormente como sugerir o uso de eletroterapia, indução eletromagnética para incentivar as ondas cerebrais a pensar, usar ozônio para diferentes finalidades. (CARLSON, 2003, p. 280-285). </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O raio da morte</b> (1934)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entre os inventos estranhos e questionáveis do velho Tesla, um que chamou atenção foi o suposto "raio da morte" como a imprensa se referiu na época, apesar que Tesla o chamasse de <b>teleforça</b>. O aparato nunca foi construído, era apenas um esboço de várias ideias envolvendo a concentração de uma grande quantidade de energia a qual aqueceria alguns metais como o mercúrio, e esse seria projetado por um cano na direção do alvo designado, disparando um feixe de energia concentrado e destrutivo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A ideia de se criar um raio da morte não era novidade, na literatura de ficção científica, o livro <i><b>A Guerra dos Mundos</b></i> (1898) de <b>H. G. Wells</b> havia mostrado trípodes marcianos disparando raios mortais. A ideia incentivou físicos e inventores de diferentes países a tentarem criar algo do tipo. Tesla foi apenas mais um dos interessados em criar essa hipotética máquina mortífera. Todavia, as Forças Armadas dos Estados Unidos, Reino Unido e de outros países não tiveram interesse, pois não era o único projeto do tipo e o que havia sido apresentado, todos falharam. Inclusive hoje em dia tal tecnologia nem existe. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ainda em 1934, Tesla seguiu dando entrevistas, apresentando ideias excêntricas. Ele também foi condecorado com a Medalha John Scott, concedida pelo Franklin Institute e a Prefeitura da Filadélfia, dada aos homens e mulheres que desenvolveram invenções que melhoravam a vida das pessoas. Depois disso Tesla ainda continuou a aparecer na mídia pelos três anos seguintes. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Aposentadoria e morte </b>(1943)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No ano de 1937, Nikola Tesla recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Leão Branco, concedida pelo embaixador da Checoslováquia e uma medalha de honra do embaixador da Iugoslávia. Foram as últimas condecorações que ele recebeu em vida. Ambos os presentes foram dados numa cerimônia solene no Hotel New Yorker, onde Tesla vivia desde 1934, graças a Westinghouse que decidiu pagar suas despesas e lhe fornecer um salário simbólico naquele ano. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Todavia, em certa noite de 1937, </span><span style="font-family: verdana;">ele estava passeando na rua, seguindo para ir a um parque que costumava passear, próximo do hotel,</span><span style="font-family: verdana;"> quando foi atropelado. Se desconhece a extensão dos ferimentos sofridos, mas ele fraturou algumas costelas. Com as dores que passou a sentir nos anos seguintes, isso reduziu seus passeios, obrigando-o a ficar mais tempo em seu quarto de hotel, raramente saindo do mesmo. Ainda mais pelo fato de que Tesla por alguns anos realizava suas refeições no próprio quarto, já não indo mais a restaurantes ou lanchonetes como antes. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0OtVfyrlQV3VhW3Am01jYXAwEWM4z-aN1lAilxTrsGFYtuUlDUh4P34limmqAxgwTsYOYoSnbPbMs0bduYEftTVWuMSpHGzJy1ayZssLD6kMQm9XnBrblVqlQRVVJLduA7ugl-yJ72ckk540Lyy9-8g_RDPB3cTPufY6VI1OdaqwP0GaHv_ZpDb3hDVvY/s1144/CYHbh9DWkAAiqvh.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1144" height="430" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0OtVfyrlQV3VhW3Am01jYXAwEWM4z-aN1lAilxTrsGFYtuUlDUh4P34limmqAxgwTsYOYoSnbPbMs0bduYEftTVWuMSpHGzJy1ayZssLD6kMQm9XnBrblVqlQRVVJLduA7ugl-yJ72ckk540Lyy9-8g_RDPB3cTPufY6VI1OdaqwP0GaHv_ZpDb3hDVvY/w640-h430/CYHbh9DWkAAiqvh.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Notícia de jornal de 8 de janeiro de 1943, anunciando a morte de Tesla. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nikola Tesla morreu em </span><b style="font-family: verdana;">7 de janeiro de 1943</b><span style="font-family: verdana;">, no </span><b style="font-family: verdana;">quarto 3327</b><span style="font-family: verdana;">,</span><span style="font-family: verdana;"> do Hotel New Yorker, aos </span><b style="font-family: verdana;">86 anos</b><span style="font-family: verdana;">. A autopsia apontou que ele sofria de trombose, a qual afetou seu coração. Tesla era conhecido por não gostar de ir ao médico, tampouco se preocupar com sua saúde. Seu corpo foi achado por uma das camareiras do hotel, que tinha ido fazer a limpeza do quarto. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No dia <b>10 de janeiro</b> o prefeito de Nova York leu uma homenagem a Tesla, o qual viveu na cidade desde 1884, ausentando-se por poucos anos. O funeral ocorreu no dia 12, na <b>Catedral de São João, o Divino</b>. O corpo de Tesla foi cremado como havia sido pedido por ele. Nenhum familiar compareceu ao velório, já que ele praticamente não tinha contato com eles, no entanto, amigos, conhecidos e admiradores foram assistir as missas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Considerações finais</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nikola Tesla foi um homem curioso em vários aspectos. Dono de uma mente engenhosa, patenteou <b>mais de 270 invenções</b> em diferentes países, embora a maioria não lhe trouxe sucesso. Despontou como um visionário da tecnológica elétrica e áreas afins, apesar que lhe faltava experiência como empreendedorismo e política, o que prejudicou seus negócios e empresa. Ele também era <b>poliglota</b> e possuía uma <b>memória fotográfica</b> potente. Sobre sua criatividade, ele referia-se a ela como um dom, pois tinha visões ou sonhos das invenções que elaborava. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tesla era um homem alto, magro, pálido, de olhos claros e mãos grandes. Na época de sua fama, especialmente entre 1887 e 1920, era mais comum vê-lo sociabilizando, aparecendo sempre vestido de forma elegante aos eventos, feiras, palestras, universidades, restaurantes, festas etc. Ele era descrito como sendo sério, mas gentil e cortês. Não era um falador ou uma pessoa cômica. Gostava de falar de ciência, invenções, poesia, filosofia, música e restaurantes. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tinha uma vida dedicada ao trabalho, sendo metódico com seus horários, hábitos e compromissos. Costumava tomar café da manhã, almoçar e jantar sempre nos mesmos horários, assim como, sair para suas caminhadas de forma pontual ou quase isso, a única atividade física que fazia. Além disso, ele não ia ao médico, também não gostava de ir a clínicas e nem hospitais. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tesla era </span><span style="font-family: verdana;">obcecado por suas pesquisas, fato esse que seus amigos e as pessoas que o conheceram relatavam que ele trabalhava várias horas por dia, incluindo de madrugada e pouco dormia. Tesla mesmo escreveu em seu diário e anotações que realmente não gostava de dormir, eventualmente tirava alguns cochilos para compensar as poucas horas de sono. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ele nunca se casou e não teve filhos, isso foi uma escolha própria, pois disse que vivia pelo seu trabalho, já que se tivesse esposa e filhos isso iria distrai-lo. Além disso, Tesla também tinha poucos amigos, vivendo a maior parte da vida sozinho em quartos de hotéis, colecionando dívidas por onde passava. Ele também nunca retornou ao seu país original, tampouco foi visitar sua família, escrevendo cartas esporadicamente para suas irmãs. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nikola Tesla também teve seus problemas. Fosse o vício em jogo durante sua vida de universitário, que o levou a perder sua bolsa de estudos e a mesada, levando-o por vergonha a abandonar o curso; ele também contraiu muitas dívidas, mesmo tendo ficado rico na década de 1890. Isso se deveu a má gestão de seu dinheiro, os altos gastos com seus laboratórios e experimentos, negócios que deram errado, pessoas que o engaram, mas também o fato de ele ter ganho a fama de ser mal pagador, tendo legado várias dívidas em hotéis, restaurantes e nos prédios alugados para seus laboratórios e escritórios. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além disso, Tesla não era a favor do <b>feminismo</b>, considerando um erro as mulheres quererem direitos iguais aos dos homens e adotarem hábitos e ofícios masculinos; ele não concordava com a <b>Liga das Nações</b> (a qual viria a se tornar a ONU), dizendo que era um erro; Tesla <b>simpatizou com ideias eugênicas</b>, chegando a comentar que isso poderia responder alguns problemas relacionados ao subdesenvolvimento de alguns povos e países; </span><span style="font-family: verdana;"><b>guardou rancor por Thomas Edison</b> até o fim da vida deste, inclusive dedicou alguns comentários rudes em alguns jornais; c</span><span style="font-family: verdana;">omo também tinha uma <b>visão negativa sobre a religião</b>, considerando-se mais um agnóstico (talvez ateu, ele nunca deixou isso claro). </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA:</b> </span><span style="font-family: verdana;">Na Igreja Ortodoxa os padres não são obrigados ao voto de celibato, então eles podem se casar. Porém, uma vez feito o voto celibatário, esse é para o restante da vida, não podendo ser renunciado. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 2: </b>Em seus escritos Tesla dizia que alguns de seus inventos foram oriundos de sonhos que ele teve com máquinas, aparelhos e cálculos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 3:</b> O filme <i><b>A Guerra da Corrente</b></i> (2017) mostra alguns momentos envolvendo a disputa entre Thomas Edison e George Westinghouse, além da participação de Nikola Tesla. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 4:</b> No jogo <i><b>Red Dead Redemption 2</b></i> (2018) temos um inventor inspirado em Nikola Tesla. O qual inclusive possui inventos similares ao dele. Trata-se de uma homenagem ao gênio sérvio. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 5:</b> O jogo <i><b>Evil West</b></i> (2022) faz uso de tecnologia elétrica avançada para o final do século XIX. Um dos inventos tecnológicos é uma manopla elétrica, cuja parte da tecnologia é inspirada em invenções de Nikola Tesla. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 6:</b> A <i><b>Tesla, Inc </b></i>(2003) é uma empresa de automóveis elétricos que ganhou destaque nos últimos anos, sobretudo após ter sido comprada por <b>Elon Musk</b>. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 7: </b>O <i><b>Museu Nikola Tesla </b></i>foi fundado em 1952 e fica em Belgrado, na Sérvia. </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas:</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>CARLSON</b>, W. Bernard. <b>Tesla: Inventor of the Electrical Age</b>. Princeton, Princeton University Press, 2013. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>CHENEY</b>, Margaret. <b>Tesla: Man of Out Time</b>. New York, Simon & Schuster, 2001. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>JONNES</b>, Jill. <b>Empires of Light: Edison, Tesla, Westinghouse, and the Race to Electrify the World</b>. [s.l, Random House, 2004. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O'NEILL</b>, James. <b>Prodigal Genius: The Lifes of Nikola Tesla</b>. San Diego, The Book Tree, 2007. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>SEIFER</b>, Marc J. <b>Wizard: The Life and Times of Nikola Tesla</b>. [s.l], Citadel, 1998. </span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-57490253617235458412024-01-10T05:40:00.002-03:002024-01-10T05:40:45.851-03:00A bebida da vida: Uma história do leite <p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Naturalmente os mamíferos consomem leite nos primeiros meses ou anos de sua vida. As fêmeas de espécies mamíferas produzem em sua glândulas mamárias esse líquido branco nutritivo, carregado de gorduras, proteínas e outras substâncias necessárias para a nutrição de seus filhotes. Todavia, o ser humano é o único mamífero que após crescido continua a beber leite. E foi a espécie humana que ensinou outros mamíferos a tomarem leite também, especialmente os animais de estimação e bichos de zoológico. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Assim, para poder sustentar o consumo de leite, a humanidade passou a domesticar <b>animais leiteiros</b> especialmente <b>bovinos, caprinos e ovinos</b>, apesar que leite de equinos, suínos e de outros mamíferos também foram consumidos. No entanto, para além do consumo como bebida, o leite tornou-se a fonte para o preparo de alimentos como pães, bolos e massas, mas sobretudo pelo seu uso na produção de laticínios, em destaque o <b>queijo, a manteiga e o iogurte</b>. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O presente texto apresenta aspectos da história desse importante alimento, o qual entre algumas culturas, religiões e mitos creditou ao leite o simbolismo da nutrição, da boa saúde, da cura, da pureza, do sagrado, da vida e da imortalidade. Leite era ofertado como oferendas entre alguns povos, e essa sacralidade o tornava uma bebida da vida assim como a água e num líquido sagrado como o sangue. (CHEVALIER; GHEERBRANT, 1986, p. 631-632). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O leite materno</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Para as espécies de mamíferos o leite é o primeiro alimento que os filhotes passam a ingerir logo após o parto. Durante a gestação, as glândulas mamárias são ativadas e passam a produzir leite, os quais ficam armazenados aguardando o nascimento dos filhotes, por tal condição as mamas e os seios no caso das mulheres, crescem, ficam pesadas e até doloridas. Após os filhotes nascerem, a geração de leite continua enquanto eles necessitarem serem amamentados, embora haja casos de fêmeas e mulheres que as vezes não produzem leite o suficiente ou por outros motivos de saúde, tem que interromper a amamentação. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O leite consiste numa secreção líquida de coloração branca opaca (mas pode ter coloração amarelada também), nele estão contidos água, gordura, açúcar (lactose), carboidratos, proteínas (especialmente a caseína), vitaminas A, C, D, E, K, complexo B, cálcio, zinco, potássio, sódio, fósforo, ácido fólico etc. O valor nutricional do leite materno varia de espécie para espécie, e também é afetado pela dieta da fêmea e sua condição de saúde. No caso dos humanos, os médicos recomendam uma boa alimentação a gestante para que seu leite tenha níveis adequados de nutrientes; em alguns casos é necessário consumir vitaminas, suplementos alimentares e até tomar medicamentos durante a gestação. (MORGANO et. al, 2005). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRoz27lf9FMsv_HKNd9Y0JmTZimYNTKaMogMt1l8kbf9QT7gpfkDUAjSFGVgyfqzLWctZRCeOBb9cHUcTBUJUF7ITbjdUcHY0jnSRHodvv4d4aOnfYTUPSMfofbvY8VP-TkyZKm8cEsPeONBZ33zXe9p5bYOSHjzdj0cSYat4cauTnkRpEZXHr1FQgphNd/s1890/leite-materno.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1299" data-original-width="1890" height="440" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRoz27lf9FMsv_HKNd9Y0JmTZimYNTKaMogMt1l8kbf9QT7gpfkDUAjSFGVgyfqzLWctZRCeOBb9cHUcTBUJUF7ITbjdUcHY0jnSRHodvv4d4aOnfYTUPSMfofbvY8VP-TkyZKm8cEsPeONBZ33zXe9p5bYOSHjzdj0cSYat4cauTnkRpEZXHr1FQgphNd/w640-h440/leite-materno.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Estoque de doação de leite materno. A diferença da coloração representa as fases do leite materno humano. Confira a nota 1 no final do texto. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O consumo de leite materno é essencial para o filhote por vários motivos: ao bebê-lo o filhote vai ganhar peso e se nutrir, ajudando no seu crescimento, desenvolvimento ósseo, celular e neurológico. Além disso o leite hidrata os filhotes já que em algumas espécies esses não bebem água, apenas leite; além disso, ele também fornece anticorpos que ajudam no desenvolvimento do sistema imunológico, por conta disso, mães que possuem certos tipos de doenças, não podem amamentar os filhos pelo risco de transmitir os patógenos. (</span><span style="color: #222222; font-family: verdana; text-align: left;">MARQUES</span><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: verdana; text-align: left;">; </span><span style="color: #222222; font-family: verdana; text-align: left;">LOPEZ</span><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: verdana; text-align: left;">; </span><span style="color: #222222; font-family: verdana; text-align: left;">BRAGA, 2004). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além disso, a amamentação ajuda no desenvolvimento da musculatura facial dos filhotes, como também conecta mãe e filho, mostrando-se um laço de afeto e cuidado. </span><span style="font-family: verdana;">De qualquer forma, por tais características fica mais fácil de entender porque povos antigos creditavam ao leite fonte de força, saúde e prosperidade. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A pecuária e o leite</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A pecuária se desenvolveu na esteira da agricultura, pois ambos necessitaram que as comunidades humanas se sedentarizassem, embora que a pecuária cobrasse menos isso, já que ainda permaneceu a prática de criar gado livre, o que incluía a migração sazonal para novos pastos. Ainda assim, o processo de sedenterização foi importante, pois mesmo havendo essa migração de tempos em tempos, as pessoas viviam semanas ou meses numa mesma localidade, não sendo nômades como antes disso, em que havia a necessidade de mudar semanalmente de localidade atrás de caça. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A pecuária surgiu na Ásia por volta de 13 mil anos atrás quando espécies ovinas e bovinas começaram a serem domesticadas, a fim de fornecer alimento e matéria-prima advinda de seu couro, chifres, cascos e ossos. Antes disso, alguns animais até eram capturados e mantidos vivos nas comunidades, aguardando o abate, mas não havia uma noção de criação dos mesmos, ligada ao seu cuidado, manutenção e reprodução. Nos milênios seguintes, ovelhas, porcos, cavalos, camelos, galinhas e patos foram sendo domesticados. Quando chegamos a 4 mil anos atrás, vários animais de fazenda já estavam domesticados. (MAZOYER, 2010). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A domesticação do primeiro animal leiteiro foi de <b>ovinos</b>, ocorrida no <b>Oriente Médio</b>, por volta de 11 mil anos atrás, sendo seguida da domesticação de <b>bovinos</b> (10.500 anos), <b>suínos</b> (9.000 anos) e <b>caprinos</b> (7.000 anos). Sendo assim, por volta de 5 mil anos atrás, quando já existiam cidades na <b>Mesopotâmia</b>, em especial na região da <b>Suméria</b>, os sumérios já <b>criavam vacas, ovelhas, porcos e cabras</b>. E o leite desses animais eram consumido, além de ser usado para se fazer pães, bolos, massas e mingaus, assim como, produzir queijo e manteiga. Já o leite de <b>camelos e cavalos </b>foi consumido mais tardiamente, entre 6 mil a 4 mil anos atrás, quando esses animais foram domesticados. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW3Mo8A8Gxlfx2Jy0Voffjg7Jc4Z-Ua_TOxweYdctiU_mUhlgqDH03QkR1ZthOaX8YWl-v09devZ8iK_R0Dblj0sTgTfZv1Pypw_Yx97sGFmAtONhERbtiEo9r3IUpdF_Af-NFRlzoKXU9e5bqlG4ri2SxtvmnEacadVI2PtWMv_dXTN8g4TZV4lqiM7yS/s738/Preparo%20de%20leite.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="339" data-original-width="738" height="294" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW3Mo8A8Gxlfx2Jy0Voffjg7Jc4Z-Ua_TOxweYdctiU_mUhlgqDH03QkR1ZthOaX8YWl-v09devZ8iK_R0Dblj0sTgTfZv1Pypw_Yx97sGFmAtONhERbtiEo9r3IUpdF_Af-NFRlzoKXU9e5bqlG4ri2SxtvmnEacadVI2PtWMv_dXTN8g4TZV4lqiM7yS/w640-h294/Preparo%20de%20leite.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Friso em alto-relevo mostrando a coleta e armazenamento de leite, possívelmente para fazer queijo. Imagem datada de entre 2800-2600 a.C. Atualmente faz parte do acervo do Museu de Bagdá. </span><br /><br /></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Hannah Velten (2010, p. 15-16) comenta que foram encontrados objetos de cerâmica datados de 5 mil anos atrás, contendo vestígios de leite. A autora destaca que leite, manteiga e queijo já era produzidos por esse período em localidades da </span><b>Europa itálica, grega e balcânica, norte da África, Oriente Médio, Ásia Central, Índia, China e Sudeste Asiático</b><span style="font-family: verdana;">. Terras onde havia a criação de bovinos, ovinos, suínos e caprinos, mais tarde os cavalos e camelos foram introduzidos na Europa e África. </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">"Posteriormente,
entre 5.000 e 3.000 anos antes de nossa Era, isto é, entre 3.000 e 1.000 a.C.,
a população mundial dobrou, passando de 50 a 100 milhões de indivíduos
aproximadamente, isso se explica, ainda, em certa medida, pela extensão dos
cultivos de derrubada-queimada, mas ela se explica também pelo grande desenvolvimento
das grandes sociedades agrárias do Indus, da Mesopotâmia e do Nilo. Certamente,
os sistemas de cultivos de vazante e de cultivos irrigados que foram
implantados, então, localmente, nesses vales privilegiados, tiveram uma
extensão limitada, mas podiam suportar densidades de população impressionantes,
de muitas centenas de habitantes por quilômetro quadrado". (<o:p></o:p></span><span>MAZOYER, 2010), p. 91). </span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 0cm;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxc63SEghyphenhypheng86flqKfOV9uH_9Zy4eUWMn8eOwxcftpfZbWqn3A_41-lI01Ap7ymgSDTd9EoP2IIXHQEM4YDFHmls6MHsZSiQ3acilMr8XBT4Z9-2f4QMw2urU20ouvGLdfyVvXbzJgzsGuLiB1k3toxbjIN6ClzEph09A6zTdBsdQq503DOMp0YelxUzzu/s750/Sem%20t%C3%ADtulo.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="425" data-original-width="750" height="362" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxc63SEghyphenhypheng86flqKfOV9uH_9Zy4eUWMn8eOwxcftpfZbWqn3A_41-lI01Ap7ymgSDTd9EoP2IIXHQEM4YDFHmls6MHsZSiQ3acilMr8XBT4Z9-2f4QMw2urU20ouvGLdfyVvXbzJgzsGuLiB1k3toxbjIN6ClzEph09A6zTdBsdQq503DOMp0YelxUzzu/w640-h362/Sem%20t%C3%ADtulo.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Pintura egípcia mostrando atividades cotidianas, no entanto, nota-se um homem ordenhando uma vaca. Datação desconhecida. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana; text-indent: 0cm;"><div style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 0cm;">À medida que a pecuária se espalhava pela Ásia, Europa e África, o consumo de leite e laticínios foi aumentando, lembrando que nem todo mundo tinha o hábito de consumir leite por alguns problemas envolvendo sabor, conservação, contaminação do leite, optando-se em comer queijo e coalhada. Apesar disso, a produção de leite por volta do ano 200 a.C já era significativamente grande nesses três continentes e seguiria crescendo nos séculos seguintes. </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Os laticínios</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O termo <b>laticínio</b> ou<b> produto lácteo</b> refere-se aos alimentos produzidos à base de leite, sendo esses o <b>queijo, a manteiga, o iogurte e a coalhada</b>. Mais tarde outros laticínios foram desenvolvidos como a <b>ricota e o requeijão</b>. Entretanto, para aqui trabalharemos com os quatro primeiros, por serem os laticínios mais antigos desenvolvidos, comentando um pouco a respeito dele e sua importância na história da alimentação. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitecv8qplfGP_M3H06TKnzapLMq13CN3_PpbEwr6KGCVOss3zHA8ZaIO1bzuEWHWjcD0IdR3Ce6AaPkP5BjjTos4s7BgR_mVA6miK9rw-iAYfIZD9_lS0L2cE5ugLLgqRLDwvrfI7okDpQOqNDShlDfBj8ThW9HggqXhw_mG8a5oMkWM8z80SzOjV8co0p/s612/istockphoto-544807136-612x612.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="427" data-original-width="612" height="446" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitecv8qplfGP_M3H06TKnzapLMq13CN3_PpbEwr6KGCVOss3zHA8ZaIO1bzuEWHWjcD0IdR3Ce6AaPkP5BjjTos4s7BgR_mVA6miK9rw-iAYfIZD9_lS0L2cE5ugLLgqRLDwvrfI7okDpQOqNDShlDfBj8ThW9HggqXhw_mG8a5oMkWM8z80SzOjV8co0p/w640-h446/istockphoto-544807136-612x612.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Exemplos de laticínios. Na fotografia podemos ver queijos, manteiga, coalhada seca, coalhada cremosa e iogurte de morango. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">Não se sabe em que época o queijo, a manteiga, a coalhada e o iogurte surgiram, tampouco se desconhece o povo que teria descoberto eles primeiro e como era sua produção naquela época. Entretanto, sabe-se que queijos e manteigas eram consumidos antes de 3000 a.C, possívelmente a coalhada e o iogurte talvez fossem já conhecidos nesse período também. Apesar dessas incertezas eles tiveram uma função importante na história da alimentação de vários povos. (DALBY, 2009, p. 36-38). </div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O <b>queijo </b>consiste num laticínio sólido cuja coloração normal é branca ou amarela. Existem diferentes tipos de queijos que possuem sabor, textura e aroma distintos. Além de que o tipo de leite utilizado também altera tais características. No entanto, a produção mais simples de queijo advém do tratamento do leite coalhado que é separado de seu soro, recebendo alguns ingredientes (como sal e vinagre) para ajudar no processo de formação da massa, lhe dando consistência, sabor e aroma. A massa estando pronta ela é moldada ou colocada em recipientes, sendo deixada para maturar ou podendo ser levemente cozida. Hoje em dia se refrigera algumas receitas. </span><span style="font-family: verdana;">(DALBY, 2009, p. 52-54). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnI0ZSH9BDoEObfO2B6FWxZqAlVEXkz9uBRnN_eCU9hMeip47X1GKiTtx2NI1zGvBDGVCxOVb0IJB6zFKmeDqi6bmYDauKzQafI8c48EiUMiojiVSawawzKzY7vFruquT72BpkGFB4lHQJDYLVlRoqcvMr1p9c7ra2XXZLFMx9rHGHssOW6iANi4_kH6S3/s860/800px-9-alimenti,_formaggi,Taccuino_Sanitatis,_Casanatense_4182..jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="860" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnI0ZSH9BDoEObfO2B6FWxZqAlVEXkz9uBRnN_eCU9hMeip47X1GKiTtx2NI1zGvBDGVCxOVb0IJB6zFKmeDqi6bmYDauKzQafI8c48EiUMiojiVSawawzKzY7vFruquT72BpkGFB4lHQJDYLVlRoqcvMr1p9c7ra2XXZLFMx9rHGHssOW6iANi4_kH6S3/w596-h640/800px-9-alimenti,_formaggi,Taccuino_Sanitatis,_Casanatense_4182..jpg" width="596" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Gravura italiana do século XV, mostrando o preparo e consumo de queijo. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O queijo foi o principal laticínio consumido por milhares de anos por conta de sua conservação ser prolongada devido ao seu processo de fabrico. Dependendo da forma como isso é feita, um queijo pode durar dias ou semanas, diferente da manteiga, da coalhada e do iogurte, que sem refrigeração estragaram em horas. Assim, os povos antigos deram grande atenção ao fabrico de queijo, alguns se especializaram na produção de queijos de cabra e de ovelha, mais apreciados do que o queijo de vaca, o qual é o mais comumente consumido hoje em dia. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Já a <b>manteiga </b>consiste numa <b>emulsão feita do leite, ou creme de leite ou de nata</b>, o qual é batido até talhar, o que significa que ele adquiri uma constituição pastosa a qual deixa como resíduo o <b>soro de leite</b>. Esse soro deve ser removido e pode ser usado em outras receitas. Em seguida pega-se a "gordura" e retira-se todo o vestígio do soro, para depois adicionar-se sal (o que ajuda na conservação e na melhoria do sabor). Concluída essas etapas a manteiga é colocada para descansar, podendo ser servida algumas horas depois. Hoje em dia coloca-se ela na geladeira, mas antes da invenção dessa, a manteiga era deixada em local arejado. </span><span style="font-family: verdana;">A manteiga pode ter uma coloração branca, amarelada ou amarela, isso varia de acordo com a matéria-prima usada (leite, creme ou nata) e o tipo de leite (vaca, cabra, ovelha etc). A escolha da matéria-prima não apenas altera a coloração, mas também a consistência e sabor da manteiga. (</span><span style="color: #222222; text-align: left;">KHOSROVA, 2016, p. 14-18). </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Diferente do queijo, a manteiga apresenta uma versatilidade maior de usos, sendo utilizada na fritura de alimentos, no<b> preparo de massas, pães, bolos e biscoitos</b>. É usada também no <b>preparo de</b> <b>molhos e doces</b>, além de servir para conceder sabor no <b>preparo de carnes e legumes</b>. A manteiga também é consumida ao se passar numa fatia de pão, sendo uma das formas mais habituais de consumi-la. No Brasil e em outros países temos o famoso pão na chapa, que basicamente é uma fatia de pão com manteiga que é assado. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwP8GuBnJRB7K2yTtUFSQn2cq9cB-cm4EZTMTIE0GGH3oJhdTesAvn6zGyy6TEfne2Kmnauh5h7f1EkBbYQtEOfNgMq0TSF8bdV68dQzJFHeox2RjItyNp4CvkGndXwdVSgc7zd5fNmE_P_zbiAHi-ZKFKAmouzPyiFeodZBELP9bXIGFQpguTMaIrfHxj/s414/MakingButter1499.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="414" data-original-width="272" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwP8GuBnJRB7K2yTtUFSQn2cq9cB-cm4EZTMTIE0GGH3oJhdTesAvn6zGyy6TEfne2Kmnauh5h7f1EkBbYQtEOfNgMq0TSF8bdV68dQzJFHeox2RjItyNp4CvkGndXwdVSgc7zd5fNmE_P_zbiAHi-ZKFKAmouzPyiFeodZBELP9bXIGFQpguTMaIrfHxj/w263-h400/MakingButter1499.jpg" width="263" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Figura de uma mulher batendo leite para preparar manteiga. 1499.</span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A </span><b style="font-family: verdana;">coalhada</b><span style="font-family: verdana;"> (palavra que vem do espanhol <i><b>cuajada</b></i>) é outro laticínio antigo e bastante consumido em alguns países antigos como a </span><b style="font-family: verdana;">Grécia, a Turquia, a Síria, o Líbano, a Arábia Saudita</b><span style="font-family: verdana;">. A coalhada é o resultado do</span><b style="font-family: verdana;"> leite coalhado</b><span style="font-family: verdana;">, que consiste na </span><b style="font-family: verdana;">fermentação natural ou induzida</b><span style="font-family: verdana;"> dele. Dependendo da forma como isso é feito, o leite leva horas para ser coalhado, adquirindo uma consistência pastosa branca, a qual é matéria-prima também para o preparo de alguns queijos e iogurtes. Além disso, existe a receita de <b>coalhada seca</b>, cuja aparência lembra de alguns queijos. </span><span style="font-family: verdana;">No entanto, terminada a fermentação a coalhada está pronta para ser consumida pura ou receber a adição de açúcar, mel, suco de frutas, granola etc. Antigamente era comum o uso de mel para adoçar a coalhada, pois seu <b>gosto naturalmente é azedo</b>. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Na Europa, além dos gregos, os <b>espanhóis </b>são grandes apreciadores de coalhada, prática que remonta o medievo. Por sua vez, com a colonização das Américas, os espanhóis levaram o costume de se consumir coalhada. Atualmente países hispânicos como <b>El Salvador, Honduras, Costa Rica e Nicarágua,</b> são grandes apreciadores de coalhada. Os <b>portugueses</b> também consomem coalhada, mas em menor quantidade, porém, eles legaram isso aos <b>brasileiros</b>, que são grandes consumidores desse laticínio. A coalhada também é usada no <b>preparo de doces</b>. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWV6GunaZagU0vzRI3Psrkn_rx68MfLD4Q-4uQoOqxOj9RwIQNaaIrmDUycAIt6Dr_m37JlhjBo3mX9YowM2qYhn02TIvuiH6PU8WHgbQ2cAKOgeD1YceWcXAuZp-cCDVTmfV55z86FfEsvFYlyqutqUxrnGjCG7lnq_6pXE87IQTwqdYMZk1aWOkr2uOb/s1024/cuajada-sin-lactosa-1024x683.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="683" data-original-width="1024" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWV6GunaZagU0vzRI3Psrkn_rx68MfLD4Q-4uQoOqxOj9RwIQNaaIrmDUycAIt6Dr_m37JlhjBo3mX9YowM2qYhn02TIvuiH6PU8WHgbQ2cAKOgeD1YceWcXAuZp-cCDVTmfV55z86FfEsvFYlyqutqUxrnGjCG7lnq_6pXE87IQTwqdYMZk1aWOkr2uOb/w640-h426/cuajada-sin-lactosa-1024x683.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Potes de coalhada e de mel. A mistura de ambos é bastante popular e existe a séculos. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">O </span><b style="font-family: verdana;">iogurte </b><span style="font-family: verdana;">(palavra que vem do turco</span><i style="font-family: verdana;"><b> yogurt</b></i><span style="font-family: verdana;">) consiste num laticínio que pode ser sólido tendo textura pastosa ou cremosa, ou pode ser consumido de forma líquida. Isso varia de acordo com a maneira de produção. O iogurte teria surgido em algum lugar da região dos Balcãs na Europa ou na Anatólia na Turquia. Seu preparo é parecido com o da coalhada, havendo necessidade de deixar o leite fermentar (de forma natural ou induzida). Normalmente se utiliza bactérias dos lactobacilos no preparo de iogurte, o que demanda uma temperatura mais elevada para a fermentação ocorrer. Essa é uma das diferenças em relação ao preparo da coalhada, pois enquanto a anterior adquire um sabor azedo, o iogurte tem um sabor levemente doce, embora haja formas de prepará-lo que o deixam salgado. (WEILL, 2017, p. 28-34). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O iogurte desde a Antiguidade também era consumido naturalmente ou na companhia de mel ou frutas como morangos, maçãs, ameixas, amoras etc. Os <b>gregos e turcos </b>se destacaram no consumo de iogurte, por conta disso, o <b>"iogurte grego"</b> é famoso hoje em dia. Além disso, os turcos também têm o hábito de comer <b>iogurte salgado </b>com outros tipos de alimentos, além de usá-lo no preparo de <b>molhos, sopas e sobremesas</b>. O iogurte de morango, chocolate, banana, maçã, ameixa etc., que encontramos hoje facilmente nos mercados, são oriundos da industrialização. </span></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeJ1ajYjVQH5b9WVq0pV3q6mRDpjB2nsscU_vNymGhnJgc1Q0lZCVMv-fL4GccsxXFKm1BkYQ5Ki_qFwn2o0ERUWPrN-rTzfKWLOPhdBOVuE8KhS9vwCPuvzyNHesaTXRLuAVClRSCvRjbfcstOlWILQF_jJStITq2xpFResTxEk3uaIttHaDtp4UYH4an/s1200/ayran-turkish-yogurt-drink-12.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="1200" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeJ1ajYjVQH5b9WVq0pV3q6mRDpjB2nsscU_vNymGhnJgc1Q0lZCVMv-fL4GccsxXFKm1BkYQ5Ki_qFwn2o0ERUWPrN-rTzfKWLOPhdBOVuE8KhS9vwCPuvzyNHesaTXRLuAVClRSCvRjbfcstOlWILQF_jJStITq2xpFResTxEk3uaIttHaDtp4UYH4an/w640-h426/ayran-turkish-yogurt-drink-12.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Um copo de iogurte turco. </span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">O leite e laticínios nos mitos</b></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O mito era uma forma de explicar acontecimentos diversos e uma maneira de compreender o mundo, a vida, a morte e a natureza. Na <b>mitologia grega </b>temos alguns mitos referentes ao leite. Quando <b>Zeus</b> ainda bebê foi escondido por sua mãe <b>Reia </b>na ilha de <b>Creta</b>, para não ser devorado por seu pai <b>Cronos</b>, o pequeno deus foi amamentado com leite de uma cabra chamada <b>Amalteia </b>(outra versão do mito diz que Amalteia era uma ninfa que tinha uma cabra da qual tirava leite para amamentar Zeus). Já adulto, após a morte da cabra que o nutriu na infância, Zeus usou seu couro para forrar seu <b>escudo Égide </b>e transformou seus chifres na <b>cornucópia</b>, um símbolo de fertilidade. (BRANDÃO, 1986, p. 332). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Outro mito grego informa que após <b>Héracles </b>ter nascido, Zeus tentou cuidar do menino no <b>Olimpo</b>, colocando<b> Hera </b>para amamentar a criança. Porém, a deusa estava dormindo e ao sentir a criança mamando, acordou abruptamente e o retirou, espirrando leite no céu. Outra variante do mito diz que Hera aceitou amamentar Héracles, mas o bebê chupava com tanta força que machucou seu seio e ela o afastou, fazendo o líquido branco jorrar. Apesar da versão, em ambos os casos o leite da deusa que jorrou</span><span style="font-family: verdana;"> no céu, formou a <b>Via Láctea</b> ("o caminho do leite"). </span><span style="font-family: verdana;">(BRANDÃO, 1986, p. 321).</span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgD-UgJjit7LbDFgAoyzTZDKseQMS0CLHF9PMuhJ82JzJUXdccfElMeKhlPhLJDEzwMlMc8EDaE7VoxqzwGiymAJDxvvT_G9fsiJKr-_pkoJ2XR1wm2-6oL7bw7quUpP6Dogsba2DfkWdd9HuteaQXiMQlgMvSrRg4m_KrOEwsKO3uEMj_9zmZK3f-TV3vB/s800/800px-Rubens_V%C3%ADa_L%C3%A1ctea.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="594" data-original-width="800" height="476" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgD-UgJjit7LbDFgAoyzTZDKseQMS0CLHF9PMuhJ82JzJUXdccfElMeKhlPhLJDEzwMlMc8EDaE7VoxqzwGiymAJDxvvT_G9fsiJKr-_pkoJ2XR1wm2-6oL7bw7quUpP6Dogsba2DfkWdd9HuteaQXiMQlgMvSrRg4m_KrOEwsKO3uEMj_9zmZK3f-TV3vB/w640-h476/800px-Rubens_V%C3%ADa_L%C3%A1ctea.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O nascimento da Via Láctea. Peter Paul Rubens, 1636. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ainda na mitologia grega temos dois mitos que não se referem ao leite, mas ao queijo. Na </span><i style="font-family: verdana;"><b>Odisseia</b></i><span style="font-family: verdana;">, poema épico atribuído a <b>Homero</b>, existem alguns versos que falam sobre o leite e queijo, importante fonte de alimento na cultura grega. Ao chegar a ilha dos ciclopes, <b>Odisseu</b> e sua tripulação entram numa caverna onde encontram cabras e ovelhas, além de queijos e leite coalhado. Era a caverna do ciclope <b>Polifemo</b>. Na ilha da feiticeira <b>Circe</b>, os gregos são recebidos por ela e suas servas, as quais oferecem queijo e vinho misturado com mel. Quando Odisseu desce ao <b>Hades</b> para consultar o vidente <b>Tirésias</b>, ele faz oferendas ao mesmo, dentre os produtos ofertado estava leite, vinho e água. (HOMERO, 1997). </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Na <b>mitologia nórdica </b>o gigante primordial <b>Ymir</b>, se alimentava do leite da vaca <b>Audhumla</b>, isso nos princípios dos tempos, antes do mundo ser criado. Enquanto Ymir tomava leite para se alimentar, o mito diz que a vaca lambia o sal do gelo. Até que certo dia de tanto lamber uma massa de gelo, dessa descongelou <b>Buri</b>, o primeiro deus. Buri veio a se casar com uma das filhas de Ymir, iniciando a linhagem dos deuses. (LANGER, 2015, p. 62-63). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5AOOfNfs-OOCZGOj1FVn2ovTOkxvvAwqrJz5d8r67Syw75knxHU6BV8K7HKFyRAU-daJMaaxdVfyqfLeoxiblt38O1A6O2Uy73bbR-NUGNR2Hhrb8i84MK3noQxFOAT-JkST1TQ5YSru6lYTtqIXmoqLmdoAG0BWfBwBHlyFYZ-o5EjFNTzcwLSW3muX0/s736/Ymir.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="577" data-original-width="736" height="502" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5AOOfNfs-OOCZGOj1FVn2ovTOkxvvAwqrJz5d8r67Syw75knxHU6BV8K7HKFyRAU-daJMaaxdVfyqfLeoxiblt38O1A6O2Uy73bbR-NUGNR2Hhrb8i84MK3noQxFOAT-JkST1TQ5YSru6lYTtqIXmoqLmdoAG0BWfBwBHlyFYZ-o5EjFNTzcwLSW3muX0/w640-h502/Ymir.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O gigante Ymir tomando leite de Audhumla, enquanto ela descongela o gelo que aprisionava o deus Buri. Nicolai Abildgaard, 1790. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">Na mitologia hindu existe uma narrativa que diz que por desatenção o deus <b>Indra</b> acabou insultando o sábio <b>Durvasa</b>, destruindo sua <i><b>satanaka</b></i> (um tipo de coroa de flores). Durvasa indignado, achando que o deus havia agido de propósito, o amaldiçoa, rogando que <b>Lakhsimi </b>(deusa da fertilidade e prosperidade) deixasse de abençoar <b>Indra e os Devas</b> (seres sobrenaturais que não seriam deuses). Esses acabaram perdendo seus poderes e a imortalidade, com isso, os inimigos dos Devas, os Asuras aproveitam isso e invadem o reino de Indra, expulsando-o junto aos seus súditos e tomando posse dele. (KLOSTERMAIER, 1998, p. 49-50). </div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tempo se passa e Indra e os Devas vão procurar a ajuda de <b>Vishnu</b>, o qual aconselha que eles deveriam agitar o <b>Oceano de Leite </b>(Kshira Sagara). Para isso, eles precisariam usar a <b>montanha Mandara</b> como mexedor, e o rei naga <b>Vasuki</b> como "corda" para mover a montanha. Porém, era necessário outra equipe para ajudar. Assim, Indra recorreu aos seus contatos para pedir a ajuda dos Asuras, que aceitaram, pois cobiçavam a <b>Amrita </b>(líquido que proporcionava a imortalidade), a qual estava escondida no fundo daquele oceano leitoso. Dessa forma, Devas e Asuras trabalharam para agitar (ou bater) o Oceano de Leite, ocorrendo outros acontecimentos nesse tempo, que não vem ao caso narrar aqui por conta do mito ser mais longo. De qualquer forma, após concluir a tarefa, a deusa Lakshimi saiu do Oceano de Leite, concedendo a Amrita aos Devas e Indra, os quais recuperaram a imortalidade e seus poderes e expulsaram os Asuras de seu reino. (CUSH; ROBINSON; YORK, 2008). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBKP2SuvTODTvptk4EVtXZH9xqPBnIQd7Ct7ExL8f1Dn0UeY0do3WmQ7POHND7aSqTQ7OoxcunkrbhRWwrpzBZoa9Y6X3Z9NgFZDPwHBMSISReubWZKkIqP-DO1BdQMGSkwPkbNyF7SmtSCIKDXXD-We2iE-6scWq7tz0EJd0VzXPhsBoSjEaF972-U671/s1024/Sagar_mathan_(corrected_version).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="635" data-original-width="1024" height="396" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBKP2SuvTODTvptk4EVtXZH9xqPBnIQd7Ct7ExL8f1Dn0UeY0do3WmQ7POHND7aSqTQ7OoxcunkrbhRWwrpzBZoa9Y6X3Z9NgFZDPwHBMSISReubWZKkIqP-DO1BdQMGSkwPkbNyF7SmtSCIKDXXD-We2iE-6scWq7tz0EJd0VzXPhsBoSjEaF972-U671/w640-h396/Sagar_mathan_(corrected_version).jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ilustração mostrando os Devas, Asuras e outras divindades participando da batida do Oceano de Leite.</span> <br /><br /></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">Na <b>mitologia sumeriana</b>,<b> Dumuzi </b>era o <b>deus dos pastores e da pecuária</b>, a ele era creditado a responsabilidade de ter ensinado os sumérios como praticar a pecuária, assim como, passar a consumirem leite e saberem produzir queijo e manteiga. Por tais características o deus também estava associado com a fertilidade, o mundo rural e a prosperidade. Existem menções a orações que pediam a Dumuzi para abençoar os rebanhos, as colheitas e até que o gado desse mais filhotes e produzisse mais leite. Existe um mito que aborda o sumiço da deusa <b>Inanna</b>, de quem Dumuzi era um dos amantes, o que lhe deixou preocupado, a ponto de que a produção de leite tinha cessado. Os animais pararam de fornecer leite, pois o deus não estava mais abençoando-os. (LEICK, 2003, p. 34-36). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Na <b>mitologia romana</b> os irmãos gêmeos <b>Rômulo e Remo</b> foram abandonados por seu <b>tio Numitor</b>, que prendeu sua sobrinha<b> Reia Sílvia</b> após essa dar à luz as crianças. Porém, as crianças foram acolhidas por uma loba que os amamentou por algum tempo até que os irmãos foram encontrados por um pastor de cabras chamado <b>Fáustulo</b> que adotou as crianças e os levou para sua esposa <b>Aca Larência</b>. Vários anos depois já adultos, os gêmeos viriam a brigar pelas terras onde moravam, Rômulo acabou matando Remo e depois fundou a cidade de <b>Roma</b>. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEged1HHZJevxfY7FBV5pcccONG1jvIpDKjb1rlkVjbGMPcPMFMypuWs1_YR8MB3S4A_ScOL_R0f-v6AfjR_Oa_czC9aGoXY8fMSQCWTxS94SODtePDAvQQVLpRNK65AlfIlJkmQfgEtOO15LUGut-HnkI6bGHat64QsuvjZmI7DaNg-eGI3wFbEmkp1qVAL/s1024/1024px-0_Lupa_Capitolina_(2).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="660" data-original-width="1024" height="412" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEged1HHZJevxfY7FBV5pcccONG1jvIpDKjb1rlkVjbGMPcPMFMypuWs1_YR8MB3S4A_ScOL_R0f-v6AfjR_Oa_czC9aGoXY8fMSQCWTxS94SODtePDAvQQVLpRNK65AlfIlJkmQfgEtOO15LUGut-HnkI6bGHat64QsuvjZmI7DaNg-eGI3wFbEmkp1qVAL/w640-h412/1024px-0_Lupa_Capitolina_(2).jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estátua de bronze do século XI mostrando Rômulo e Remo mamando na loba que os acolheu. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><b>As propriedades do leite</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;">Hoje sabemos que a ingestão moderada de leite faz bem a saúde, exceto para aqueles que tem problemas estomacais e intolerância à lactose. Porém, no passado, ao longo da História, o leite foi receitado como remédio e supostamente teria outras propriedades diversas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O erudito romano <b>Plínio, o Velho </b>(23-79) relatou que a <b>rainha Cleópatra</b> e a <b>imperatriz Popeia</b> (esposa de Nero), ambas <b>tomavam banho de leite</b> <b>de jumenta</b>, pois dizia-se que era muito bom para hidratar a pele e rejuvenescê-la. Não se sabe exatamente se as duas monarcas tomavam banho de leite, mas hoje sabe-se que alguns tipos de leite realmente são usados em tratamentos de beleza, sendo assim, é provável que no passado longínquo algumas mulheres realmente fizessem uso de banhos de leite para hidratar a pele por motivos estéticos. (VELTEN, 2010, p. 51).</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Essa questão envolvendo o leite e uso estético não se limitava apenas o banho em leite de jumenta, pois relatos gregos e latinos falam de outras receitas caseiras envolvendo o uso de leite para tratar a pele. Inclusive essa prática foi vista em outras épocas da História, como no período elisabetano na Inglaterra, onde loções e cremes à base de leite de jumenta eram vendidas como artigos beleza. (VELTEN, 2010, p. 52). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Entretanto, o leite não teria apenas um uso estético, em <i><b>História Natural</b></i>, no livro 28, capítulo 33, Plínio, o Velho escreveu sobre as <b>propriedades alimentícias e medicinais do leite</b>, mencionando os melhores tipos de leite para determinadas situações e as variedades de leites que normalmente as pessoas de sua época consumiam. A respeito, ele escreveu:</div><div style="text-align: justify;"><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 0cm;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">“O
leite mais nutritivo, em todos os casos, é o leite de mulher, e depois o leite
de cabra, ao qual se deve, provavelmente, a fabulosa história de que Júpiter
foi amamentado por uma cabra. O mais doce, depois do leite de mulher, é o leite de
camelo; mas o mais eficaz, em termos medicinais, é o leite de burra. É
nos animais de maior tamanho e nos indivíduos de maior volume que o leite é
secretado com maior facilidade. O leite de cabra combina melhor com o estômago,
aquele animal que come mais do que pasta. O leite de vaca é considerado mais
medicinal, enquanto o leite de ovelha é mais doce e nutritivo, mas não tão bem
adaptado ao estômago, sendo mais oleaginoso que qualquer outro”. (PLÍNIO, liv. 28, cap. 33, tradução minha). <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 0cm;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Em seguida Plínio relata algumas aplicações medicinais que supostamente o leite teria. Embora hoje se saiba que não passava de crendices e exageros associados a um "poder curador" que os leites teriam. </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 0cm;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">“O
leite de vaca é o mais relaxante e todos os tipos de leite têm menos
probabilidade de inflar quando fervidos. O leite é usado para todos os tipos de
ulcerações internas, em particular as dos rins, bexiga, intestinos, garganta e
pulmões; e externamente, é empregado para sensações de coceira na pele e para
erupções purulentas, sendo tomado em jejum para esse fim. Já dissemos, ao falar
das plantas, como na Arcádia, o leite de vaca é administrado para tísica,
constipação e caquexia. São citados exemplos, também, de pessoas que foram curadas
de gota nas mãos e nos pés, bebendo leite de burra". (PLÍNIO, liv. 28, cap. 33). <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 0cm;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Plínio também descreve algumas receitas envolvendo leite fervido misturado com soro de leite e até mel, a qual supostamente seria usada para tratar epilepsia, melancolia (depressão), paralisia, lepra, elefantíase e doenças articulares. Além dessas doenças, ele segue prescrevendo o uso de leite para tratar de outras doenças diversas, fato esse que no título do capítulo ele menciona 54 utilidades para o leite. </span><span style="font-size: 16px;">(PLÍNIO, liv. 28, cap. 33). </span></p></div><div style="text-align: justify;">Os supostos usos medicinais do leite ainda perduraram por mais tempo. No <b>Renascimento italiano</b> entre os séculos XIV e XVI, médicos, filósofos e eruditos adotaram várias práticas medicinais gregas e romanas, tidas como corretas e mais avançadas do que a medicina medieval foi. Assim, a recomendação de consumo de leite para tratar diferentes problemas de saúde, algo já indicado por Plínio, mas também por médicos renomados como <b>Hipócrates e Galeno</b>, foram seguidas e receitadas por médicos italianos desse período. Entretanto, nem todos os médicos concordavam que o leite deveria ser consumido por qualquer um, havia aqueles que apoiavam que a bebida deveria ser ingerida por crianças, idosos e pessoas doentes, mas pessoas adultas e saudáveis não deveriam beber leite pois esse prejudicaria o seu humor (isso era reflexo da teoria dos quatro humores, oriunda na Grécia Antiga). (VELTEN, 2010, p. 61). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Na <b>Inglaterra do século XVII </b>temos relatos de leite sendo receitado por médicos ou curandeiros para tratar de problemas de saúde como epilepsia, tuberculose, bronquite etc. Assim, encontra-se em receituários de origem popular, recomendações para ingerir leite de vaca, cabra e de burra, o qual era tido ainda como um "santo remédio". <b>Jornais russos e alemães</b> do século XIX, denunciavam curandeiros charlatões que receitavam o consumo de leite de cabra ou leite de outras origens para tratar problemas de saúde diversos. Observa-se que mesmo passados séculos desde o relato de Plínio, o Velho na Roma Antiga, os supostos usos medicinais do leite ainda se mantiveram na medicina popular de alguns povos europeus. (VELTEN, 2010, p. 48-50). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><div><b><span style="font-family: verdana;">O leite na Antiguidade</span></b><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Povos mesopotâmicos</b> como os sumérios, acádios, babilônios e assírios consumiam leite, embora não se saiba o qual abrangente era isso, no entanto, eles produziam manteiga e queijo. No caso do leite, esse era tido como uma bebida com um valor sagrado ao lado da cerveja, em que ambos eram usados como oferendas aos deuses. Dessa forma, entre esses povos havia o hábito de "alimentar" diariamente os deuses, então os sacerdotes preparavam refeições para as divindades, as quais eram colocadas em mesas ou altares nos templos. </span><span style="font-family: verdana;">(CIVITELLO, 2008, p. 11). </span><span style="font-family: verdana;"> Uma variedade de alimentos e bebidas eram servidos. Alimentar os deuses era uma forma de adorá-los, servi-los, assim como, não afrontá-los, pois se isso ocorresse, eles poderiam punir a comunidade. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os <b>egípcios </b>produziam leite e laticínios há mais de quatro mil anos, sendo um dos primeiros povos africanos a domesticar gados. Para os egípcios o <b>leite tinha um valor sagrado e religioso</b>. A deusa <b>Ísis</b>, uma das mais importantes divindades do panteão egípcio, era associada com a maternidade, o cuidado do lar, a proteção das mulheres grávidas, o ofício de parteira, a proteção do faraó etc. Estátuas mostrando Ísis amamentando seu filho <b>Hórus</b> foram populares em algumas épocas do Egito Antigo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwbL6vW8I6UEnpFl2P6-XQhwI20DljU0bFXFm6UMz0TdbMtYAAY3tr_Up4VMwkut2FbVxRX6_ao0tXvWYF0l7rmMJvJfa9HNQ65cVb4JRrnw2SGipq6vJqFxBdOdfg0KF_tk2KMGZxPOkMJJ4fVUY3s-7VWLChdfsXeYx6fV8JrjX6IxkIxRxEeCYfpO61/s1056/800px-Egyptian_-_Isis_with_Horus_the_Child_-_Walters_54416_-_Three_Quarter_Right.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1056" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwbL6vW8I6UEnpFl2P6-XQhwI20DljU0bFXFm6UMz0TdbMtYAAY3tr_Up4VMwkut2FbVxRX6_ao0tXvWYF0l7rmMJvJfa9HNQ65cVb4JRrnw2SGipq6vJqFxBdOdfg0KF_tk2KMGZxPOkMJJ4fVUY3s-7VWLChdfsXeYx6fV8JrjX6IxkIxRxEeCYfpO61/w303-h400/800px-Egyptian_-_Isis_with_Horus_the_Child_-_Walters_54416_-_Three_Quarter_Right.jpg" width="303" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Estátua de Ísis amamentando Hórus. Século VII a.C. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 0cm;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">"Como
símbolo de salvação, o leite ocupou um lugar importante na cultura popular de festas
religiosas. Jarras de leite cercavam o túmulo de Osíris, marido de Ísis, na
ilha de Philae. Os sacerdotes reuniam-se ali para cantar e rezar, solenemente encher
uma tigela de libação, uma para cada dia do ano, com leite. Para o egípcio
comum, visitar este local constituía uma peregrinação sagrada que poderia
iluminar uma vida inteira". (VALENZE, 2011, p. 15, tradução minha). <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 0cm;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Na <b>Índia</b> com a <b>sacralização das vacas</b>, tudo que viesse delas (exceto a ingestão de sua carne) passou a ser visto como algo sagrado. Dessa forma, os indianos há milhares de anos já consumiam leite, manteiga, queijo e coalhada de forma mais regular. Tais alimentos<b> são</b></span><span style="font-size: 12pt; text-indent: 0cm;"><b> usados também como oferendas</b> até hoje, marcando uma longeva tradição religiosa quanto aos usos dados ao leite e os laticínios. </span><span style="font-size: 16px;">(VELTEN, 2010, p. 116). </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 0cm;"><span style="font-size: 12pt; text-indent: 0cm;"><b>Shiva</b>, um dos mais populares e conhecidos deuses hindus, relacionado a vários atributos, possui como montaria o touro <b>Nandi</b>, considerada o "senhor dos animais". Além de montaria, Nandi já ajudou o deus em outras ocasiões. E em alguns templos dedicados a Shiva é possível encontrar estátuas de Nandi, agindo como seu guardião. O touro é considerado como o "pai de todos os bovinos". E devido a sua importância, esse foi um dos fatores para se sacralizar as vacas. Mas outra divindade </span><span style="font-size: 12pt; text-indent: 0cm;">associada com as vacas é</span><b style="font-size: 12pt; text-indent: 0cm;"> Krishna</b><span style="font-size: 12pt; text-indent: 0cm;">, outro nobre deus conhecido por suas virtudes e sabedoria, o qual costuma ser retratado tocando música para esses animais. (VELTEN, 2010, p. 39-40). </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 0cm;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYiJqYgqo6oMnimMwi7rVPMEubyhtm9RZlvh3wVvCs1v7oKd8x7AAXArRTrFlnW7mY6IbjxonK1od926dPG8J-f2mYeHXBE9zhbcM0r1d24AzOkkQ1tO6wxKMs8PB97bJubxvAuATVFm8n-uB5Q36W1cbaVfadGrV8XMtlbpVPDAH2i5lgL3hGTnbZYa0E/s728/god-lord-shiva-wallpaper-preview.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="420" data-original-width="728" height="370" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYiJqYgqo6oMnimMwi7rVPMEubyhtm9RZlvh3wVvCs1v7oKd8x7AAXArRTrFlnW7mY6IbjxonK1od926dPG8J-f2mYeHXBE9zhbcM0r1d24AzOkkQ1tO6wxKMs8PB97bJubxvAuATVFm8n-uB5Q36W1cbaVfadGrV8XMtlbpVPDAH2i5lgL3hGTnbZYa0E/w640-h370/god-lord-shiva-wallpaper-preview.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O deus Shiva montado no touro Nandi. Ambos são importantes símbolos para a sacralização das vacas no Hinduísmo. </td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 0cm;"><span style="font-size: 12pt; text-indent: 0cm;"></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 0cm;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">“O
leite não era apenas o alimento dos deuses, mas também dos sábios, videntes e
santos. De acordo com o <i>Ayurveda </i>indiano, o corpo é dominado por um dos três
elementos – <i>sattva</i> (equilíbrio), <i>rajas</i> (atividade) e <i>tamas</i> (inércia) – que dão
caráter específico e impulsos para cada pessoa (muito parecido com o conceito
europeu medieval dos quatro humores). Esses mesmos elementos também são atribuídos
a diferentes alimentos para explicar seu efeito sobre o não-físico aspectos da
fisiologia – a mente, o coração, os sentidos e espírito. De todos os leites,
exceto o leite humano, o leite de vaca é considerado o alimento <i>sáttvico</i> mais
puro, o que significa que é edificante, mas estabilizante, agindo como uma ajuda
para a serenidade e a espiritualidade. Mas tem que ser bebido quatro horas
após a ordenha, caso contrário torna-se <i>rajástico</i>: levando à estimulação e
agravamento. Sábios, santos e os videntes sobreviviam facilmente apenas com
alimentos <i>sáttvicos </i>(que eram fornecidos pelos devotos locais), como leite fresco
ou <i>kheer</i> (arroz cozido em leite), pois esta dieta levou ao desenvolvimento de
uma consciência superior. O leite não induziria desejos mundanos nem distrairia
suas mentes de sua busca por verdades metafísicas superiores”. (VELTEN, 2010,
p. 42-43). </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 0cm;"><span style="font-size: 12pt; text-indent: 0cm;">Todavia, além da questão religiosa, outro motivo que levou o aumento no consumo de leite e produtos lácteos se deve também a uma questão alimentícia. </span><span style="text-indent: 0cm;">A Índia atualmente é o país mais populoso do mundo, e no passado já contava com milhões de moradores, os quais por várias épocas foram ensinados a adotarem uma </span><b style="text-indent: 0cm;">dieta vegetariana </b><span style="text-indent: 0cm;">devido a </span><b style="text-indent: 0cm;">fatores religiosos</b><span style="text-indent: 0cm;">, mas também a </span><b style="text-indent: 0cm;">escassez de animais</b><span style="text-indent: 0cm;">. Dessa forma, o consumo de leite e laticínios se tornou importante para suprir a necessidade diária por proteínas. Assim, desde a década de </span><b style="text-indent: 0cm;">1970</b><span style="text-indent: 0cm;"> a Índia se tornou um dos maiores produtores de leite no mundo, sendo um dos grandes exportadores também. A maior parte de sua produção é de leite bovino, depois caprino e de búfala. (VALENZE, 2011, p. 270-271). </span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHsmKIVNbDF7YUJ50xYj6j-_l-7zz5qSW5-PJooIATm712YlEFfBQd4VlQ_5-A-NPgP4Ro76IOB2LrhQJNYtEc-wF1G-CzhkXVdVaFMa30hSlhsWtwZ6gQE7prDk-pjWwVxvwYUKuhc4qFS1f9_af3AXtDPUvrvB2AsxDaHU2WSHutEKKRdD8tx5qVOo8G/s400/c57bb4a23689359884b9988f72ae19a4.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="400" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHsmKIVNbDF7YUJ50xYj6j-_l-7zz5qSW5-PJooIATm712YlEFfBQd4VlQ_5-A-NPgP4Ro76IOB2LrhQJNYtEc-wF1G-CzhkXVdVaFMa30hSlhsWtwZ6gQE7prDk-pjWwVxvwYUKuhc4qFS1f9_af3AXtDPUvrvB2AsxDaHU2WSHutEKKRdD8tx5qVOo8G/w640-h480/c57bb4a23689359884b9988f72ae19a4.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Alto-relevo indiano mostrando um homem ordenhando uma vaca. Arte feita por volta do século VII d.C. </td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 0cm;">Na <i><b>Bíblia</b></i> a <b>terra de Canaã</b> que viria originar <b>Israel e a Palestina</b>, é referida em alguns momentos como um lugar onde haveria <b>muito leite e mel</b> (Êxodo 33:3). De fato, isso não existe, trata-se de uma <b>metáfora </b>usada nos livros bíblicos para falar da <b>prosperidade daquela região</b>, pois muito leite significava vastos rebanhos e pastos, por sua vez, a existência de abelhas dependia de haver florestas e muitas flores. Logo, numa região desértica como é o <b>Oriente Médio</b>, uma localidade onde supostamente "leite e mel" eram fáceis de serem encontrados, significava ser um lugar bastante próspero. Essa ideia surgida com os hebreus foi transmitida aos <b>cristãos e muçulmanos</b>. (CIVITELLO, 2008, p. 17). </p></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os<b> gregos e romanos</b> eram <b>grandes consumidores de laticínios</b>, mas curiosamente eles não tinham o hábito de tomar leite. Os rebanhos de <b>cabras e ovelhas</b> eram maiores na <b>Grécia</b> do que o de vacas, principalmente por conta do território montanhoso e pastos escassos. Assim, desde cedo os gregos passaram a apreciar o queijo e manteiga feito do leite de caprinos e ovinos. Os gregos também mais tarde absorveram de povos vizinhos o gosto pelo iogurte e a coalhada. O <b>consumo de queijo era feito em todas as refeições</b>, onde ele poderia ser comido ao lado de pães, azeitonas, massas, carnes, sopas e saladas. Embora o<b> feta </b>seja um dos queijos gregos mais famosos, no entanto, eles desenvolveram diferentes tipos de queijos, a maioria feitos de leite de cabra ou ovelha. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZON3PP9pLfBhuxBAnWT5ViMeupMHU_WbFry5iAe10-KCj7JhVtP1NuxccnwAS2ht-WtCHBeTT7f4i_Gkf-iauy-FXgmrLSqRqLRa_8CvZAiMnJiAjhfJOyI0eTSNz-oPqM_ZX8Q22AFNmt7xiDWyD_3VAy2O2p52suQxXOgabm0WY3iyiooTBfXgIRCuu/s855/cheeses.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="534" data-original-width="855" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZON3PP9pLfBhuxBAnWT5ViMeupMHU_WbFry5iAe10-KCj7JhVtP1NuxccnwAS2ht-WtCHBeTT7f4i_Gkf-iauy-FXgmrLSqRqLRa_8CvZAiMnJiAjhfJOyI0eTSNz-oPqM_ZX8Q22AFNmt7xiDWyD_3VAy2O2p52suQxXOgabm0WY3iyiooTBfXgIRCuu/w640-h400/cheeses.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Alguns tipos de queijos gregos. Para eles o queijo era mais valioso como alimento do que o leite. </span></td></tr></tbody></table><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora houvesse uma grande produção de laticínios, especialmente de queijos, os quais eram um dos alimentos básicos da culinária grega, os gregos não tinham o costume de tomar leite, um dos motivos era que sua ingestão era associada aos "povos bárbaros". (VELTEN, 2010, p. 29). </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Assim, para os gregos, povos como os <b>trácios e citas</b>, os quais bebiam leite, isso era um costume incivilizado, pois o leite não era visto como uma bebida civilizada como o <b>vinho</b>. Até o consumo de cerveja que eles faziam, também era encarado como algo inferior. O historiador <b>Heródoto de Halicarnasso </b>escreveu acerca dos costumes do <b>citas</b>, relatando que eles <b>bebiam leite de éguas e jumentas</b>. A respeito ele relatou: </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 12pt; text-indent: 0cm;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 12pt; text-indent: 0cm;">"Os
Citas têm por hábito furar os olhos dos seus escravos, para utilizá-los na
ordenha de animais, cujo leite consomem diariamente. Para a extração do leite
adotam uns canudos de osso semelhantes a flautas, que introduzem nas partes
naturais das jumentas, e os escravos neles sopram, enquanto outros tiram o
leite. Dizem eles que empregam esse processo para que o sopro intumesça as
veias das jumentas e faça baixar as mamas. Extraído o leite, despejam-no em
recipientes de madeira, que os escravos sacodem e agitam. É a nata que eles
mais apreciam, considerando-a saborosíssima e nutriente. É para essa tarefa que
eles vazam os olhos dos que submetem à escravidão. Os Citas não cultivam a
terra e são nômades". (HERÓDOTO, 2009, p. 306). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">É preciso salientar que alguns dos relatos de Heródoto eram exagerados e até difamatórios, mas isso fazia parte da mentalidade da época, em que os gregos antigos atribuíam uma visão negativa e inferior aos povos vizinhos, sempre procurando destacar supostos costumes que definiam eles como sendo bárbaros. </span><span style="font-family: verdana;">Apesar de tais exageros, realmente se sabe que os citas também bebiam leite de equinos. </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os <b>romanos</b> também compartilhavam dessa ideia, relatando que povos <b>celtas, germânicos e bretões</b> bebiam leite, inclusive as vezes sem ferver. Alguns autores romanos alegavam que o leite deveria ser consumido apenas na infância, depois das pessoas crescerem e desmamarem, o leite deveria ser usado na produção de queijo e manteiga, ou em alguma receita, pois supostamente sua ingestão causava dores de barriga ou mal-estar. De fato, isso poderia acontecer por conta da intolerância à lactose ou se o leite estivesse contaminado. (VELTEN, 2010, p. 29-30). </span></div><div><br /></div><div><div><span style="font-family: verdana;"><b>O leite no medievo</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O Cristianismo não sacralizou o leite como o pão e o vinho, pelo menos não num sentido bíblico, porém, os hebreus eram consumidores de leite e laticínios. Vale ressalvar que quando o Cristianismo espalhava-se pela Europa na Antiguidade e Medievo, ele foi sendo pregado a vários povos pastores, os quais já tinham o hábito de consumir leite e laticínios. Logo, isso acabou sendo mantido e mais tarde até difundido, quando as igrejas e mosteiros começaram a ganhar terras e feudos, eles passaram a investir na agricultura e pecuária, e a produção de leite, queijo e manteiga se tornou algo comum. </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Na<b> Irlanda </b>medieval lendas sobre vacas mágicas surgiram em algumas épocas e se popularizaram. Alguns relatos falam de misteriosas vacas que apareciam de não se sabe da onde, cujo leite era mágico, podendo curar algumas doenças inclusive. Essas vacas apareciam em alguns casos em tempos de penúria, sendo milagres para os que passavam fome. Há relatos sobre vacas chamadas <b>Fuwch Frech</b>, <b>Dun Cow</b>, <b>Glas Ghaibneach</b>. No entanto, um dos relatos mais populares sobre vacas mágicas irlandesas é associado com <b>Santa Brígida da Irlanda</b> (c. 451-525), cuja lenda diz que a santa quando bebê, não conseguia tomar leite de vaca, então uma misteriosa vaca surgiu nas terras onde ela vivia, permitindo que a futura santa fosse alimentada. Por conta desse milagre, Santa Brígida passou a ser associada com os animais leiteiros, o consumo de leite e a pecuária. Os cristãos irlandeses no medievo prestavam orações pedindo a santa que ajudassem em tempos de escassez de alimentos ou quando o gado estava com problema para gerar leite. </span><span style="font-family: verdana;">(VELTEN, 2010, p.</span><span style="font-family: verdana;"> 44).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgARenK2YeU8i436gVY5Zzbf8attk94JgDsS54BgeNawt900oNKvfKCOKVNXO9Hqmy6rK8MAeZKCFsHvM4cFdcdAtHnnaGJTM51-RX_Cf10SwIGN_FvKh1HwAs0TBeXp38e1fmxtG9mzK4ddb9xyp6n96MLqV5__bAAhz1vPx4No2rx9f5htRv8P3NB5Oon/s514/anastasiaGetty.brigid.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="514" height="622" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgARenK2YeU8i436gVY5Zzbf8attk94JgDsS54BgeNawt900oNKvfKCOKVNXO9Hqmy6rK8MAeZKCFsHvM4cFdcdAtHnnaGJTM51-RX_Cf10SwIGN_FvKh1HwAs0TBeXp38e1fmxtG9mzK4ddb9xyp6n96MLqV5__bAAhz1vPx4No2rx9f5htRv8P3NB5Oon/w640-h622/anastasiaGetty.brigid.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ícone medieval de c. 1300 mostrando Santa Brígida da Irlanda e uma vaca. A santa era associada com o leite em seu país.<br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div>O leite também era visto como <b>fonte de inspiração divina</b>. Uma antiga lenda cristã diz que <b>São Bernardo de Claraval</b> (1090-1153) certa vez estava orando para a <b>Virgem Maria</b>, pedindo pôr sabedoria, enquanto ele cantava o hino <i><b>Ave maris stella</b></i>, uma estátua da santa se materializou em carne e osso e espirrou leite de um dos seios, caindo na boca do santo, lhe concedendo sabedoria e eloquência. Essa lenda justificaria a condição de Bernardo ter sido um teólogo prolífero, tendo escrito várias cartas e estudos teológicos. (VALENZE, 2011, p. 43). </div><div><br /></div><div>A lenda que São Bernardo teria recebido <b>"divino leite" de Maria</b> se espalhou pela França e Espanha, condição essa que alguns padres em seus sermões exaltavam simbolicamente o leite materno da Virgem Maria como<b> fonte de sabedoria e bonanças.</b> Dessa forma o leite materno se tornou metáfora religiosa para falar sobre crescimento, nutrição, amor, inspiração etc. O próprio seio também ganhou uma conotação divinizada, representando o acolhimento, o carinho, a maternidade, o amor materno. Por isso expressões como o "seio da igreja", "acolhido no seio da santa igreja", passaram a serem usadas. (VALENZE, 2011, p. 46-47).</div></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0RejN4pcCXdFB-SGmxU3m5nJpYpf8eEFda-nizKQv_nXT8oCyktgwMm2OR5BHK3KHXQF8m_PL7C43IMuQx5wRK7Fe84xkjdfWB8OPm_7tAHLp-u2RtqRdhyphenhyphenIUDEd8le-YLh2j5BPFgZDff4LUUIoXck4vwFtu0wp3uxIHxBYFtq1znGq7X6m5-bMRhcIs/s939/Sem%20t%C3%ADtulo.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="939" data-original-width="637" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0RejN4pcCXdFB-SGmxU3m5nJpYpf8eEFda-nizKQv_nXT8oCyktgwMm2OR5BHK3KHXQF8m_PL7C43IMuQx5wRK7Fe84xkjdfWB8OPm_7tAHLp-u2RtqRdhyphenhyphenIUDEd8le-YLh2j5BPFgZDff4LUUIoXck4vwFtu0wp3uxIHxBYFtq1znGq7X6m5-bMRhcIs/w434-h640/Sem%20t%C3%ADtulo.jpg" width="434" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">São Bernardo de Claraval recebendo o leite divino da Virgem Maria. Pintura de Alonso Cano, século XVII. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">O simbolismo de Maria amamentando o pequeno Jesus começou a se expandir na Baixa Idade Média (XI-XV) por países como França, Itália e Espanha. No caso italiano tivemos a fundação ou renomeação de igrejas que foram dedicadas a Maria e sua tarefa materna da amamentação, algo visto no <b>Monastero di Santa Maria di Gala</b>, na Sicília; <b>Chiesa Madonna da Latte</b>, em Novara; <b>Chiesa Nostra Signora di Latte Dolce</b>, em Sassari. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os <b>povos muçulmanos</b> foram incentivados ao consumo do leite. No seu livro sagrado, o<i><b> Corão</b></i>, há passagens como <i><b>Al Náhl </b></i>66 e <i><b>Al Munin </b></i>21, </span><span style="font-family: verdana;">que recomendam o leite como uma bebida importante da dieta de um muçulmano. Entretanto, um dos exemplos de maior destaque sobre a presença do leite na <b>religião islâmica</b> encontra-se na surata <b style="font-style: italic;">Mohammed</b> 47, em que se ler:</span></div><div style="text-align: justify;"><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><span>"</span><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 12pt; text-align: left; text-indent: 0cm;">Eis aqui uma <b>descrição do Paraíso</b>, que foi prometido aos tementes: Lá há rios de água impoluível; <b>rios de leite</b> de sabor inalterável; rios de vinho deleitante para os que o bebem; e rios de mel purificado; ali terão toda a classe de frutos, com a indulgência do seu Senhor. Poderá isto equipar-se ao castigo daqueles que permanecerão eternamente no fogo, a quem será dada a beber água fervente, a qual lhes dilacerará as entranhas?". (CORÃO, Mohammad 47:15, grifos meu). </span></span></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: left; text-indent: 0cm;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nesta breve descrição sobre o Paraíso para a fé islâmica, observa-se que ele é retratado como um local possuindo abundância de alimentos, tendo plantações e pomares, além de rios de leite, mel e vinho. Cada uma dessas bebidas possuem características simbólicas no Islão, estando associadas com fertilidade, prosperidade, saúde, pureza etc. Além disso, os árabes levaram consigo para a África o hábito de tomar <b>leite de camelos</b>, ensinando-os para alguns povos que foram convertidos a sua religião. Eles também difundiram a criação de ovinos e bovinos em algumas áreas do território africano. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnR_TA6xNnNX2dELC5a3k1ASn38O2IKo5bpl8ITUs0-_o8caaFNNye6z_in-qAsM_qS5TJrc07jGZmPnY2LSRZCKynacIUpxfpLnUVTrijbVg8LuEB9z5hTs07I5jcG0iFFar3SfnmK-ImQ3mph5GNQ9ssuNkLwC7VO6ge7BwONvuT1xw6Mpm-lDgv1z70/s1600/1a%20camel%20milk.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnR_TA6xNnNX2dELC5a3k1ASn38O2IKo5bpl8ITUs0-_o8caaFNNye6z_in-qAsM_qS5TJrc07jGZmPnY2LSRZCKynacIUpxfpLnUVTrijbVg8LuEB9z5hTs07I5jcG0iFFar3SfnmK-ImQ3mph5GNQ9ssuNkLwC7VO6ge7BwONvuT1xw6Mpm-lDgv1z70/w640-h480/1a%20camel%20milk.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ainda hoje o leite de camela é consumido normalmente em países muçulmanos. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">Os <b>nórdicos da Era Viking </b>(VIII-XI), popularmente chamados hoje de <b>vikings</b>, também consumiam leite, creme de leite, queijo e manteiga, hábito compartilhado com os povos germânicos. O leite além de bebido, era usado também para se fazer mingaus, massas, sopas, molhos e usado até para se amaciar algumas carnes, prática ainda hoje utilizada. Como grande parte da população escandinava era rural naquele tempo, então o acesso ao leite era mais fácil, fato esse que nas fazendas era comum bebê-lo fervido ou coalhado durante o desjejum (<i>dagverd</i>). </span><span style="font-family: verdana;">(CAMPOS, 2021, p. 128, 145). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Mas o leite consumido pelos vikings era</span><span style="font-family: verdana;"> principalmente de cabra ou de ovelha, já que rebanhos bovinos eram mais raros e pertenciam a gente mais abastada. Condição essa que na <b>Islândia</b>, ainda hoje se produz um queijo cremoso chamado <i><b>skyr</b></i>, que é feito de leite de ovelha ou de cabra, embora que hoje a palavra <i>skyr</i> também designa um tipo de iogurte. </span><span style="font-family: verdana;">E no norte da Escandinávia, os </span><b style="font-family: verdana;">povos sámis</b><span style="font-family: verdana;"> bebiam <b>leite de rena</b>, pois eles domesticaram esses animais, embora fossem pecuaristas seminômades. (NATOKER, 2009, p. 29). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc0xFEHevO3jPwM_h6XS6y6U37dSs1VjZn-0Uu4fpRFS34BMxGzNFDf4N-U74cpdTJL_V9EWmvesACLK__BMeNVRHQSSF-V8l2sGKICOQBVFy1ZUuWZeNBTpPbCPI-RyxERSMd9iYUc0T0RX5h3qQTM7G7DDLW4OWjgJGuLd4z5OYDYiCJtAYuiPM8iolT/s452/plainbowl.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="335" data-original-width="452" height="474" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc0xFEHevO3jPwM_h6XS6y6U37dSs1VjZn-0Uu4fpRFS34BMxGzNFDf4N-U74cpdTJL_V9EWmvesACLK__BMeNVRHQSSF-V8l2sGKICOQBVFy1ZUuWZeNBTpPbCPI-RyxERSMd9iYUc0T0RX5h3qQTM7G7DDLW4OWjgJGuLd4z5OYDYiCJtAYuiPM8iolT/w640-h474/plainbowl.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">No período medieval o <i>skyr</i> era consumido na forma de queijo, mas hoje ele normalmente é vendido como iogurte, requeijão e até sorvete. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No século XIII os europeus tomam conhecimento de uma bebida alcóolica apreciada por tártaros, mongóis, cazaques, turcos e outros povos das estepes asiáticas, chama-se <b style="font-style: italic;">kumis</b> (airag em mongol), o qual se trata de leite de égua fermentado e azedo. Viajantes como <b>Giovanni da Pian del Carpine</b> (c. 1182-1252), <b>William of Rubrick</b> (1220-1293) e <b>Marco Polo</b> (1254-1324) viajaram pela Ásia, tendo contato com povos das estepes, em especial os mongóis que dominavam grande parte do continente naquele tempo. Os três relataram como o <i>kumis</i> era a bebida preferida desses povos, apesar de seu gosto azedo e forte, no entanto, aqueles homens apreciavam-se em se embriagar com isso. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Carpine e Rubrick relataram que os abastados bebiam <i>kumis </i>ao som de música e até faziam barulho enquanto bebiam, como forma de exaltar sua alegria em apreciar aquela bebida. Eles também escreveram que era costume os mongóis beberem usando tigelas, enchendo-as diretamente de caldeirões ou grande recipientes. (VALENZE, 2011, p. 38). Já Marco Polo relatou que provou <i>kumis</i> em sua viagem para à China, comparando-o ao vinho branco. Além disso, ele comentou que os chineses não tinham hábito de tomar essa bebida, mas como eles foram conquistados pelos mongóis, <b>Kublai Khan</b> introduziu na corte tal costume. Polo chegou a dizer que o imperador possuiria dez mil éguas que lhe forneciam leite para abastecer a corte. (CIVITELLO, 2008, p. 81). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWng8OniQeratg-eWEY6IBA8VhjZ55eDwu2jPNnp1ZMEACDEMrmnYgFsPrewsCZvQzVge8mOOCLVCwjd1fTGkmZBsRg0HVU8YnWAEPqrk8Vv0JhXkH0CMWica_Md5zWCgFNv5Uc1ZJa897Ya63NaxoR5beEM2dPSTiHRFY1La_B9-DkrSFYC5G8JzAtaBI/s700/f952cca8-a400-4dbb-859b-b81d8abe01f1_700x467.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="467" data-original-width="700" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWng8OniQeratg-eWEY6IBA8VhjZ55eDwu2jPNnp1ZMEACDEMrmnYgFsPrewsCZvQzVge8mOOCLVCwjd1fTGkmZBsRg0HVU8YnWAEPqrk8Vv0JhXkH0CMWica_Md5zWCgFNv5Uc1ZJa897Ya63NaxoR5beEM2dPSTiHRFY1La_B9-DkrSFYC5G8JzAtaBI/w640-h426/f952cca8-a400-4dbb-859b-b81d8abe01f1_700x467.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O kumis é uma bebida alcoólica feita de leite fermentado de égua, sendo bastante popular na Mongólia ainda hoje. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">Além dos <b>mongóis, indianos, turcos, árabes, persas</b> e outros povos muçulmanos e das estepes, o consumo de leite e laticínios não foi comum entre <b>chineses, coreanos, japoneses</b> e outros povos do <b>Sudeste Asiático</b>, todavia, alguns povos himalaios mantiveram esse hábito, como os<b> tibetanos, nepaleses e butaneses</b>, os quais ainda hoje consomem<b> leite de iaque </b>(<i>Bos gruniens</i>) bovino de grandes altitudes. (CASCUDO, 2016, p. 21-22). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os tibetanos desde a Idade Média passaram a desenvolver o apreço pelo consumo de manteiga, queijo e leite. Especialmente os dois primeiros, os quais estavam bastante presentes em sua culinária, já que o leite era mais usado para a produção de mingaus e massas. No caso da manteiga essa tem um papel de destaque na cultura tibetana, sendo usada no famoso <b>chá de manteiga</b> (<i>bho jha</i>), o qual se tornou a <b>bebida nacional do Tibete</b>, apesar de ser consumido em países vizinhos. Trata-se de uma bebida calórica e salgada, feita de <b>manteiga de iaque,</b> a qual também recebe adição de sal. O chá de manteiga é consumido diariamente pelos tibetanos e até usado em cerimônias religiosas como oferenda. (KHOSROVA, 2016, p. 284-285). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-hyCH50_unVxjnG2z6G62QhdakmEtoocRv8UvFYc6nGpvuPWgGEGH98EFgV_ek8MlgRll8mzGgiHVh12ezum5edg2NJ3c2ihJjt75pyedvHjeForm_W79L1CxyopkdqxyxugbZiWTd-Qs_ZvMPwbqVeeh8mm9vdep4NTKd2HfjN71jscZZjGbsNwAi60g/s1280/chademanteiga_tibete-1280x720.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-hyCH50_unVxjnG2z6G62QhdakmEtoocRv8UvFYc6nGpvuPWgGEGH98EFgV_ek8MlgRll8mzGgiHVh12ezum5edg2NJ3c2ihJjt75pyedvHjeForm_W79L1CxyopkdqxyxugbZiWTd-Qs_ZvMPwbqVeeh8mm9vdep4NTKd2HfjN71jscZZjGbsNwAi60g/w640-h360/chademanteiga_tibete-1280x720.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O chá de manteiga é bastante popular no Tibete. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><br /><span>O chá de manteiga também é usado no preparo no <i><b>tsampa</b></i>, um alimento tibetano feito com farinha de cevada, a qual misturada ao chá forma um mingau salgado e calórico, bom para enfrentar o frio. Pois é preciso lembrar que em clima frio o corpo gasta mais calorias para se manter aquecido, por conta disso a necessidade de ingerir mais calorias diárias. </span></span><span style="font-family: verdana;">(KHOSROVA, 2016, p. 39). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além do uso alimentar da manteiga e do queijo, os tibetanos possuem uma tradição antiga de usar manteiga para fazer arte. Durante o inverno alguns templos budistas reúnem habilidosos monges escultores e pintores, os quais usam a manteiga para fazer estátuas e alto-relevo, depois as pintam. A tradição existe já a mais de quinhentos anos pelo menos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O consumo de leite, queijo e manteiga cresceu em algumas localidades europeias, especialmente as rurais, as quais predominavam na Idade Média, por conta disso, assegurar a conservação desses produtos alimentícios eram essencial para a alimentação diária daquelas fazendas e comunidades rurais, por conta disso, quando algo dava errado, significava que forças maléficas ou travessas estavam agindo. Entre os séculos XIV e XV surgiu em alguns países europeus lendas sobre seres fantásticos, assim como, foi desenvolvendo-se o conceito de bruxaria. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Na <b>Suécia </b>falava-se que os <b>tomtes</b> agiam com travessura, azedando o leite, estragando o queijo e a manteiga. Na <b>Inglaterra</b> tínhamos os <b>brownies </b>ou <b>goblins</b> como responsáveis por não fazer o queijo coalhar, a manteiga estragar rapidamente, os animais não darem leite. Eles também poderiam salgar sopas e estragar a cerveja e outros alimentos. Na <b>Irlanda, Escócia, Alemanha, Islândia</b>, entre outros países nortenhos, lendas sobre duendes e criaturas similares se difundiram entre o final do medievo e o começo da modernidade. Esses seres travessos tinham que receber suas "oferendas" ou "agrados" como tigelas com leite ou mingau, bolos, biscoitos, entre outros alimentos, do contrário, eles agiriam de forma traquina. </span><span style="font-family: verdana;">(VELTEN, 2010, p.</span><span style="font-family: verdana;"> 46).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No entanto, em alguns lugares esses seres fantásticos foram substituídos pela figura das <b>bruxas</b>, mulheres que diziam praticar "magia negra" e terem feito um pacto diabólico. Essas mulheres agiriam de forma malvada, prejudicando indivíduos ou comunidades inteiras. Assim, lendas sobre bruxas roubando manteiga para fazer bruxaria, envenenando o gado, azedando o leite etc., além de termos relatos de bruxas sendo auxiliadas por demônios ou monstros a prepararem queijo, manteiga, coalhada e outros alimentos, passaram a se difundir no século XV e se desenvolveram nos séculos seguintes. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSm9e5kGMO3LYNWly93hUBOx1sZMVuNsIbgtBJFDZYkfn_Sde2Q8W85eGv4wl5Hpz3IgHEaw7FRcdqBNgAv9GzT1L7lqPzD13OFX2bX_gsjpJO2PvHNP9vp4w_rNVHMn1SdNfPlW9yOeTlMAZKCsQHTjwFTkscYj57z9UlPXSMbWPB2Fkahrn4uUfGXRx3/s259/images.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="259" data-original-width="195" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSm9e5kGMO3LYNWly93hUBOx1sZMVuNsIbgtBJFDZYkfn_Sde2Q8W85eGv4wl5Hpz3IgHEaw7FRcdqBNgAv9GzT1L7lqPzD13OFX2bX_gsjpJO2PvHNP9vp4w_rNVHMn1SdNfPlW9yOeTlMAZKCsQHTjwFTkscYj57z9UlPXSMbWPB2Fkahrn4uUfGXRx3/w301-h400/images.jpg" width="301" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Um demônio ajuda uma mulher (ou bruxa) a bater manteiga, enquanto uma lebre vermelha vomita leite num balde, sendo assistida por uma lebre branca. Pintura de Albertus Pictor, na Igreja de Ösmo, na Suécia. Século XV. </span></td></tr></tbody></table><b style="font-family: verdana; text-align: left;"><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana; text-align: left;">A Virgem Amamentando</b></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana; text-align: left;"><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><div><span style="font-family: verdana;">No <b>Renascimento </b>(XIV-XVI), um dos temas populares dos <b>pintores italianos e franceses</b> foi a Virgem Amamentando (ou Maria Lactans, ou Madonna do Latte). Vale ressaltar que a amamentação de Maria havia sido sacralizada ainda na Idade Média, como a lenda envolvendo São Bernardo Claraval no século XI. Dessa forma, nos séculos XIV e XV, temos pinturas mostrando Maria amamentando, temática essa que foi reaproveitada pelos artistas da renascença, proliferando vários quadros sobre o tema (VERNON, 2000, p. 694). </span></div><div><br /></div><div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBojOVodXUo1bfZ7XeOLndf8QGzndaBWFjYA8ZCfOC3MWE2UulhK2iQ3QpPel9xKI4cnxZabQfrfx2L-IuJldsxlR8Sd9fz4Yy9PL1EsBQsZoaKrwoBeZjP7AmbLmDVkZMLEzWbXt4w0H432e7JN7WS9edMT3ik71og_F_6cSe4eu2nU0KH4QMF995YW04/s640/Portret_madonna_litta_hydognik_leonardo_da_vinchi.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="500" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBojOVodXUo1bfZ7XeOLndf8QGzndaBWFjYA8ZCfOC3MWE2UulhK2iQ3QpPel9xKI4cnxZabQfrfx2L-IuJldsxlR8Sd9fz4Yy9PL1EsBQsZoaKrwoBeZjP7AmbLmDVkZMLEzWbXt4w0H432e7JN7WS9edMT3ik71og_F_6cSe4eu2nU0KH4QMF995YW04/w313-h400/Portret_madonna_litta_hydognik_leonardo_da_vinchi.jpg" width="313" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Madonna Litta, Leonardo da Vinci, 1490-1491. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table></div></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Assim, importantes pintores como </span><b style="font-family: verdana;">Sandro Botticelli, Leonardo da Vinci, Andrea del Verrochio, Lorenzo di Credi, Jean Fouquet, Jan van Eyck</b><span style="font-family: verdana;">, entre outros, realizaram pinturas de Maria amamentando Jesus, o qual se tornou um símbolo de maternidade, amor, nutrição, crescimento, os quais foram sacralizados no ato de amamentar. Em parte essa importância também se deveu a Mariologia, ramo teológico que estuda a devoção, importância e mistérios da Virgem Maria. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-align: left;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana; text-align: left;"><div style="font-family: "Times New Roman"; font-weight: 400; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A vaca holandesa</b></span></div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-weight: 400; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-weight: 400; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Quando pedimos para alguém desenhar uma vaca, provavelmente a pessoa desenhará uma vaca branca com manchas pretas, isso se deve ao fato de que das raças bovinas leiteiras, a <b>raça Holstein-Frísia</b>, popularmente chamada no Brasil de "<b>raça holandesa"</b>, seja a mais eficiente no mundo na produção de leite. </span></div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-weight: 400; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-weight: 400; text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMvcyOyXEZW8vpyCthCGRwU1YDuB-wJBOWboQo8Qm3XERxDQFsXUYF-mred75zRuIP5I95v9gTQCXsDQ7x0Q4_PgV3ysJwTlvIqnPxKZFTPUsb2gFkX2PLpWQXqVqB0aUfDJt7gJwg0MoAXLkbTgFq6oDyXz8GG19Akj3e9hOJ-oOhNGv6G65-kufLVqZZ/s1200/R.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="770" data-original-width="1200" height="410" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMvcyOyXEZW8vpyCthCGRwU1YDuB-wJBOWboQo8Qm3XERxDQFsXUYF-mred75zRuIP5I95v9gTQCXsDQ7x0Q4_PgV3ysJwTlvIqnPxKZFTPUsb2gFkX2PLpWQXqVqB0aUfDJt7gJwg0MoAXLkbTgFq6oDyXz8GG19Akj3e9hOJ-oOhNGv6G65-kufLVqZZ/w640-h410/R.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Uma vaca Holstein-Frísia. A raça é atualmente conhecida por sua grande capacidade de produção de leite. </span></td></tr></tbody></table></div></b></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana; text-align: left;"><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A criação da Holstein-Frisia remontaria a Antiguidade, passando por séculos de seleção artificial para criar animais que produzissem cada vez mais leite. Todavia, os holandeses somente começaram a <b>despontar com grande produtores de leite </b>a partir da Idade Moderna, especialmente os séculos <b>XVI e XVII</b>, período conhecido como a <b>"Era de Ouro dos Países Baixos"</b>. Nesse período a república neerlandesa se tornou uma potência militar e econômica mundial, possuindo empresas que tinham negócios nas Américas, África e Ásia, fundando colônias, explorando a produção de açúcar e café; os bancos holandeses cresceram consideravelmente, o país também atraiu muitos investidores, sua produção agrícola e pecuária aumentou consideravelmente. Dessa forma, os holandeses ficaram conhecidos por serem produtores de bom leite, queijo e manteiga. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">"Queijos holandeses, manteiga, </span><span style="font-family: verdana;">e o leite tornou-se o ponto focal de discussões acaloradas sobre agricultura </span><span style="font-family: verdana;">melhoria. Na indústria leiteira, conhecimento da natureza, perspicácia comercial, </span><span style="font-family: verdana;">e o trabalho árduo veio acompanhado de uma energia quase combustível. Aqui estava um </span><span style="font-family: verdana;">campo de provas digno para o que os historiadores hoje chamam de “milagre holandês”, </span><span style="font-family: verdana;">o surgimento das Províncias Unidas como uma potência comercial líder </span><span style="font-family: verdana;">impulsionado por uma população próspera e bem alimentada". (VALENZE, 2011, p. 84, tradução minha).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Dessa forma, os queijos holandeses começaram no século XVII a ganhar fama pela Europa, sendo exportados para a <b>Alemanha, Dinamarca, França, Bélgica, Inglaterra, Escócia, Irlanda</b> e outros países. Os queijos não chegaram a se difundir tanto entre Portugal e Espanha devido a<b> Guerra dos Oitenta Anos</b> (1568-1648), em que o <b>império espanhol </b>considerava a república neerlandesa como vassalos traidores por terem declarado sua independência e depois invadido o Brasil. </span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEPYshiTXNrIR6NuQmNbFoRO2pK1wY0qquUMMxSo9GUDw-zktm1DTnGqvNNQxg5754ctrpLOUKVo5QplwGRswYkGB1FaSv96NmG4uy7QSL5Azi0IcLkIVzypbbQC8ASl8RUZ8ze8g0k4v-L0zN0OpaeW43FHCGLmsPaG7v21pbIgtYhR9MpZfUcgUU2h2E/s1024/queijos-holandes.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEPYshiTXNrIR6NuQmNbFoRO2pK1wY0qquUMMxSo9GUDw-zktm1DTnGqvNNQxg5754ctrpLOUKVo5QplwGRswYkGB1FaSv96NmG4uy7QSL5Azi0IcLkIVzypbbQC8ASl8RUZ8ze8g0k4v-L0zN0OpaeW43FHCGLmsPaG7v21pbIgtYhR9MpZfUcgUU2h2E/w640-h360/queijos-holandes.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">A partir do século XVII os queijos holandeses começaram a ficarem internacionalmente famosos. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><b style="font-family: verdana; text-align: left;">O leite se espalha pelo mundo</b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-align: left;">No período moderno a produção de leite seguia crescendo em alguns países e regiões. Porém, o consumo de leite e laticínios foi levado às Américas, a Oceania e outras localidades da África. No caso do <b>continente africano</b>, a presença de leite e produtos lácteos é bastante antiga existindo há milhares de anos, destacando-se os <b>egípcios</b> no quesito. Além disso, tais alimentos eram consumidos principalmente por <b>povos africanos próximos do Mediterrâneo</b>, pois facilitava o contato com povos europeus e asiáticos, permitindo a compra de animais e até a importação de queijos. A situação somente mudou com a <b>expansão islâmica</b> nos séculos VIII ao XII, quando os <b>árabes levaram criações de cabras e camelos para outras localizações saarianas e o leste africano</b>, que consequentemente levou tais povos a passarem a consumir leite de cabra e de camela. (VELTEN, 2010, p. 28). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-align: left;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-align: left;">Todavia, a expansão islâmica não adentrou determinadas localidades do continente, mas essas foram visitadas pelos europeus, especialmente os portugueses de início, mais tarde os <b>franceses, ingleses, alemãs e belgas</b>. No caso de Portugal, eles foram responsáveis por estabelecerem colônias no <b>Cabo Verde e em São Tomé e Príncipe</b>, ilhas desabitadas que receberam engenhos, fazendas e criação de cabras. Por sua vez, os portugueses também colonizaram a <b>Guiné e Angola</b>, e mantiveram contato no <b>Congo</b>. Eles levaram caprinos, suínos, equinos e bovinos para tais terras. </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-align: left;">A <b>colonização espanhola, portuguesa, francesa e inglesa</b> foi responsável por levar a <b>pecuária bovina, caprina, ovina, suína e equina para as Américas</b>. Além de criar-se esses animais por lá, os quais acabaram se adaptando bem a diferentes climas e territórios, o consumo de suas carnes se tornou hábito, assim como, beber seu leite (exceto das porcas e éguas), e produzir-se queijo, manteiga e coalhada. (VELTEN, 2010, p. 33). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-align: left;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Os vários povos indígenas americanos desconheciam o hábito de consumir leite após deixarem de serem crianças, tampouco não conheciam os laticínios, então para eles foi uma surpresa. No entanto, havia uma exceção. Os <b>incas</b> os quais criavam<b> lhamas </b>(<i>Lama glama</i>), dos quais bebiam seu leite. É possível que outros povos que habitavam o que hoje são Colômbia, Equador, Peru e Bolívia pudessem tomar leite de lhama, mas isso carece de mais evidências, até porque os relatos de cronistas espanhóis apontam que entre as populações andinas do Império Inca, o consumo de leite de lhama era pouco usual, não era um hábito, condição essa que eles não tinham costume de fazer manteiga e queijo, vindo adquiri-lo com os espanhóis. (ROSENBERG, 2006, p. 383). </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6SG5lFvOIM7eVHDyyJr27ywe_82weYxIZqAd2uc8J1w2sG673YCCs3RHTXdeIcZqHOHFvW_YD3t1BPfl9RXP6MdrsUdKuVLNajFzmLHQvwURIgR_Wuj2RIrn4IIJ68lIXNY6_W7dHvQeYU2bRlB_SCN6YCLr0vREN64UVy1-oknpqau2ZSyL7XHoGELh3/s640/i641525.jpeg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6SG5lFvOIM7eVHDyyJr27ywe_82weYxIZqAd2uc8J1w2sG673YCCs3RHTXdeIcZqHOHFvW_YD3t1BPfl9RXP6MdrsUdKuVLNajFzmLHQvwURIgR_Wuj2RIrn4IIJ68lIXNY6_W7dHvQeYU2bRlB_SCN6YCLr0vREN64UVy1-oknpqau2ZSyL7XHoGELh3/w640-h360/i641525.jpeg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Os incas consumiam leite de lhama, embora não fosse algo habitual. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Por outro lado, não foi de imediato que os povos indígenas se acostumaram com esses novos alimentos, especialmente os laticínios bastante estranhos para eles, os quais eram encarados tendo sabor forte e ruim, e as vezes até causavam mal-estar, devido aos seus estômagos não estarem habituados a eles ou terem intolerância à lactose. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Apesar disso, o desenvolvimento da colonização, o consumo de leite e laticínios foi se tornando cada vez normal. A <b>pecuária teve seu papel também no processo colonizador de vários países americanos</b>, destacando-se o Brasil e os Estados Unidos, em que na busca de pastos, a pecuária foi adentrando o interior do continente. No caso brasileiro, a partir da <b>segunda metade do século XVII</b> houve uma<b> massiva expansão sertaneja</b> motivada pela pecuária bovina, embora também procura-se por ouro, prata e joias, além de ir caçar indígenas para escravizá-los. Dessa forma, territórios como Maranhão, Ceará, interior da Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, tiveram sua colonização impulsionada pela pecuária bovina, que gerava carne, couro, leite, queijo e manteiga. (PRADO Jr, 2005).</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Nos <b>Estados Unidos, México e Canadá</b> algo de similar ocorreu. Os rebanhos foram sendo empurrados atrás de pastos, invadindo-se territórios indígenas. Além de procurar terras para a pecuária e a agricultura, também procuravam-se metais preciosos. No caso estadunidense isso despontou no século XVIII, levando os Estados Unidos a entrar em conflito com o México pelas terras no oeste, o que veio a originar o <b>Velho Oeste</b>. (UDALL, 2004). </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_i_eww_oZyWxcT3n92fkZdUNnTQJg94V9YLkETpSOLQhzaeegxILCdlSKo9iXEbcpS6JteUbWDapva8tBf1KzwI-v43CRyYlXnKX5MFhbEvAPKRTLd7hszq2zaU3arXQzsy9n-OxwZ_P6WwyYjnE_gLowa83Do5GdnZCKG9FFpWhuaVzbB7T4fUPVLOMA/s1024/baixados.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_i_eww_oZyWxcT3n92fkZdUNnTQJg94V9YLkETpSOLQhzaeegxILCdlSKo9iXEbcpS6JteUbWDapva8tBf1KzwI-v43CRyYlXnKX5MFhbEvAPKRTLd7hszq2zaU3arXQzsy9n-OxwZ_P6WwyYjnE_gLowa83Do5GdnZCKG9FFpWhuaVzbB7T4fUPVLOMA/w640-h360/baixados.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Foto de uma criação de gado na Flórida. A busca por pastagens e a expansão da pecuária para sustentar o consumo de carne, leite e laticínios no século XIX, impulsionou a colonização do interior da América do Norte, ajudando a criar o atual território dos Estados Unidos. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span><span style="font-family: verdana;">Assim, p</span></span><span style="font-family: verdana;">aíses como </span><b style="font-family: verdana;">Brasil, Argentina, Uruguai, México Estados Unidos</b><span style="font-family: verdana;"> se especializaram na pecuária, criando grandes rebanhos, como desenvolveram laticínios, especialmente o queijo e a manteiga, havendo uma variedade desses. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Luís da Câmara Cascudo (2014) relatou como o leite se encaixou tão bem na <b>culinária brasileira</b>. Ele menciona seu uso para se fazer pães, bolos, massas, mingau, curau (ou canjica), mungunzá, doce de leite, cuscuz com leite, cuscuz branco, leite com café, arroz de leite (ou arroz doce), uma variedade de doces e outros pratos. Cascudo lembra como o leite se tornou com o tempo alimento diário na mesa do brasileiro, ao lado do queijo e da manteiga. As vezes da coalhada e menos habitualmente do iogurte, sendo esse mais consumido hoje em dia por conta da industrialização. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8NB3cTpdEFegOWGj7WcRY7ObVFhK5jtY5TdLIFf2usCGn9-5eXA_3VcvTehk3FvbnJDJyw0wk2J5aukEVJBK1UElAwUtuXHuIvzPk5ZNwTFBEzjEEO-j5_dsSYyejq_FliJfBcD-GMNhQ71Ym7RyigwDh4Idc31HN17wv7t02WVfTtZLLEu0v3NLZJBZg/s850/Arroz-de-leite-850x560.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="560" data-original-width="850" height="422" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8NB3cTpdEFegOWGj7WcRY7ObVFhK5jtY5TdLIFf2usCGn9-5eXA_3VcvTehk3FvbnJDJyw0wk2J5aukEVJBK1UElAwUtuXHuIvzPk5ZNwTFBEzjEEO-j5_dsSYyejq_FliJfBcD-GMNhQ71Ym7RyigwDh4Idc31HN17wv7t02WVfTtZLLEu0v3NLZJBZg/w640-h422/Arroz-de-leite-850x560.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Arroz de leite ou arroz doce, é um típico prato brasileiro. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">O estado de</span><b style="font-family: verdana;"> Minas Gerais</b><span style="font-family: verdana;"> que começou a ser ocupado massivamente no final do século XVII devido a</span><b style="font-family: verdana;"> descoberta de minas de ouro</b><span style="font-family: verdana;">, mas ele tornou-se no XVIII e XIX o maior produtor de leite e laticínios do Brasil. Sendo hoje notável o </span><b style="font-family: verdana;">queijo minas</b><span style="font-family: verdana;">, a</span><b style="font-family: verdana;"> ricota</b><span style="font-family: verdana;">, o </span><b style="font-family: verdana;">doce de leite</b><span style="font-family: verdana;"> e o </span><b style="font-family: verdana;">requeijão</b><span style="font-family: verdana;">. A preponderância de Minas Gerais como produtora de leite e carne bovina foi tamanha, que na primeira metade do século XX, os candidatos à presidência eram </span><b style="font-family: verdana;">mineiros ou paulistas</b><span style="font-family: verdana;">, devido a </span><b style="font-family: verdana;">São Paulo deter a maior produção de café,</b><span style="font-family: verdana;"> o grande produto exportador do período. Por conta disso, aquele período que foi de</span><b style="font-family: verdana;"> 1898 a 1930 </b><span style="font-family: verdana;">era chamado de </span><b style="font-family: verdana;">"política do café com leite"</b><span style="font-family: verdana;">. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Entretanto, não foi apenas as Américas em que os povos nativos passaram a consumir leite, queijo e manteiga, em outras localidades do mundo isso também ocorreu. Um exemplo é o caso do <b>Japão</b>. Embora os japoneses já criassem porcos, cabras e cavalos há séculos, eles não tinham o hábito de tomar leite desses animais, tampouco produziam queijo e manteiga. De fato, foram<b> os portugueses, holandeses e ingleses nos séculos XVI e XVII</b>, quando passaram a ter negócios no país, que introduziram o costume de consumir tais alimentos, mas tal costume não se espalhou de imediato. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Os japoneses que ingeriam leite e laticínios eram poucos, se limitando aos que viviam nas cidades portuárias frequentemente visitadas pelos europeus. Além da escassez de acesso a tais alimentos, havia a estranheza pelo sabor, especialmente da coalhada por ser azeda. Além desses alimentos, os europeus também introduziram no Japão o consumo de pão, açúcar, farinha de trigo, cerveja, vinho e outros produtos. Para os ricos, isso eram iguarias que valiam o investimento, para o restante da população eram produtos caros que eles jamais conseguiriam provar, e em alguns casos eram até vistos como exóticos. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">No século XIX houve no Japão tentativas de estabelecer uma indústria leiteira e queijeira, mas somente a partir do século XX é que os japoneses começaram a se interessar em beber leite, comer queijo, manteiga, iogurte e coalhada. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhURGlp5pf1-ZHfSbo-jVOfVCSF372FoYPaVTAqjWbuniojtPf08AJ_Aelt2wA0y_J8eF9SHndSnfBvZypIlTRh0TWbZQLRz2oDtGNrDRkZRyxyR45Spr40mRPmk9G315VubvMxzJfWnUXl8NjKUUdh2UafR8r6dTZXviP3Ps4AmifObyVuKAMOdxN2v240/s626/milk-in-japan.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="626" height="460" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhURGlp5pf1-ZHfSbo-jVOfVCSF372FoYPaVTAqjWbuniojtPf08AJ_Aelt2wA0y_J8eF9SHndSnfBvZypIlTRh0TWbZQLRz2oDtGNrDRkZRyxyR45Spr40mRPmk9G315VubvMxzJfWnUXl8NjKUUdh2UafR8r6dTZXviP3Ps4AmifObyVuKAMOdxN2v240/w640-h460/milk-in-japan.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O consumo regular de leite no Japão somente foi estabelecido no século XX, apesar que os japoneses tiveram contato com ele ainda no século XVI. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">"Embora o consumo de leite tenha permanecido estável ou diminuído no Ocidente durante os últimos 40 anos, o oposto é verdadeiro na Ásia, onde culturas tradicionalmente não-consumidoras de leite adotaram o líquido branco. O consumo da China aumentou massivamente 15 vezes, de 1964 a 2004, enquanto a Tailândia aumentou pela metade, com a Índia, o Japão e as Filipinas a registarem uma triplicação ou quadruplicação do consumo". (VELTEN, 2010, p. 116). </div></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">No caso da Oceania, o consumo de leite e laticínios somente começou de forma modesta no final do século XVIII. Os ingleses passaram a colonizar a <b>Austrália</b> a partir de <b>1788</b>, inicialmente tratando a vasta ilha como uma <b>colônia penal</b>, depois iniciou-se a pecuária bovina extensiva, a qual ajudou na colonização daquele país. Em período aproximado a <b>Nove Zelândia</b> também começou a ser colonizada, recebendo gado bovino, caprino e ovino. Mais tarde no século XIX e XX, outros arquipélagos da Oceania foram sendo colonizados pelos ingleses, franceses e americanos. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0QEuy2ea_a_aeu46T4ktbewOs03i0CsHfuLrF1zsqaNIoHYUAfhkqqV1rhPk81fmebj_iOatOk1XgQancYEnZdvRptULkB7dD1DRXy-ltHNnjGifmYFfR-no6e49ioW4GbREf-xQ4TF4Sp_NTx7F24HPnRw9ckpo58U40LNmZwaC9nY_PvMHwg_tgyPus/s960/22788799_1877991085550035_2832539589480122445_n.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="581" data-original-width="960" height="388" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0QEuy2ea_a_aeu46T4ktbewOs03i0CsHfuLrF1zsqaNIoHYUAfhkqqV1rhPk81fmebj_iOatOk1XgQancYEnZdvRptULkB7dD1DRXy-ltHNnjGifmYFfR-no6e49ioW4GbREf-xQ4TF4Sp_NTx7F24HPnRw9ckpo58U40LNmZwaC9nY_PvMHwg_tgyPus/w640-h388/22788799_1877991085550035_2832539589480122445_n.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Fotografia de gado da raça droughtmaster, de origem australiana. A Oceania foi o último continente a adotar o consumo de leite e laticínios regularmente. Atualmente a Austrália é um dos maiores produtores de gado bovino no mundo. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="text-align: left;"><b style="font-family: verdana;">Leite, chocolate e café</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O chocolate era consumido por alguns povos indígenas da América Central como os <b>maias e astecas,</b> sendo no século XVI que os <b>espanhóis</b> tiveram contato com ele. Todavia, entre os indígenas o chocolate era bebido na forma de cerveja, podendo ser acompanhado de pimenta ou outras especiarias. Quando comido como uma pasta, ele tinha um gosto amargo, já que naturalmente o<b> cacau é amargo</b>. No entanto, quando os espanhóis levaram o chocolate para a Europa, os europeus trataram de incrementar isso, alterando o sabor para deixá-lo mais palatável ao gosto local, assim, no século XVII, na <b>Espanha, França, Bélgica, Holanda, Inglaterra e Itália</b>, os mestres-chocolateiros passaram a <b>misturar o chocolate com leite e açúcar,</b> originando o <b>chocolate ao leite</b> com seu sabor mais suave e doce. (LEMPS, 1998, p, 615). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8i1adIpqgPhvkFF0DPy82Zq4NQhynhJVamosucZJ1l4MZAub2PvzmnM4-ZlITXqM0EV5NhwaUO3V7VASXyGznTd1u8siQRADBdqW2j-FTWsSbFE3wQijxD0IJaU0Ig40ZacJ5IyObAAt7CsGdeM08KirnB8nXJabPDFxCtym8Lp8ik56cpgHT4VN-MfF6/s1024/chocoeurope.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="680" data-original-width="1024" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8i1adIpqgPhvkFF0DPy82Zq4NQhynhJVamosucZJ1l4MZAub2PvzmnM4-ZlITXqM0EV5NhwaUO3V7VASXyGznTd1u8siQRADBdqW2j-FTWsSbFE3wQijxD0IJaU0Ig40ZacJ5IyObAAt7CsGdeM08KirnB8nXJabPDFxCtym8Lp8ik56cpgHT4VN-MfF6/w640-h426/chocoeurope.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O chocolate ao leite foi uma invenção europeia para tornar o chocolate mais doce e macio, o que o deixou mais apreciável e tornou um doce popular nos séculos seguintes. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Mas não foi apenas a combinação entre chocolate e leite que acabou dando certo, o café também se mostrou uma mistura acertada ao unir-se com o leite. O café foi difundido pelos árabes ainda na Idade Média, mas somente passou a interessar os europeus na Idade Moderna. Os <b>árabes</b> tomavam café puro, as vezes com açúcar ou alguma especiaria como a canela. Entretanto, no século XVIII quando os <b>franceses</b> começaram a <b>apreciar o café</b>, consideravam seu gosto forte, mesmo que misturado com açúcar, então eles começaram a <b>misturá-lo com leite</b> também. Há quem diga que foram os <b>austríacos </b>que desenvolveram o hábito de tomar café com leite, de qualquer forma, essa prática acabou se espalhando e até hoje se mantém, em que encontramos pessoas que somente bebem café se for adoçado e misturado com leite. (CIVITELLO, 2008, p. 169). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0qPrDAoBbEW8_W0wd2zEfpAxEfdn0sr_JgygKQ2oK34-2dlpKfIwPAjDjssR1oq_y9LDI0yq3bnN_vsC_KIrDQ0feWwZUuXLRyW5HKM71kd-NHyiiksBnG-3LhOdsWhvN3_eSWjtM6UwIVas6Ox1tMvYA6P4g0Vne1FidEMORhmgXCGW85c23knuP9bPy/s1250/Qual-a-origem-do-cafe-com-leite.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="675" data-original-width="1250" height="346" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0qPrDAoBbEW8_W0wd2zEfpAxEfdn0sr_JgygKQ2oK34-2dlpKfIwPAjDjssR1oq_y9LDI0yq3bnN_vsC_KIrDQ0feWwZUuXLRyW5HKM71kd-NHyiiksBnG-3LhOdsWhvN3_eSWjtM6UwIVas6Ox1tMvYA6P4g0Vne1FidEMORhmgXCGW85c23knuP9bPy/w640-h346/Qual-a-origem-do-cafe-com-leite.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O café com leite teria sido uma invenção francesa surgida no século XVIII. </span></td></tr></tbody></table><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div></div><div><b><span style="font-family: verdana;">A industrialização do leite</span></b></div><div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Apesar do ser humano criar animais leiteiros há milhares de anos, no entanto, o consumo regular e amplo de leite é algo recente na História. Por séculos a maioria das pessoas que bebiam leite regularmente eram aqueles que viviam nas fazendas ou criavam vacas, cabras e ovelhas, podendo beber leite com maior frequência. Isso se devia ao fato de que não havendo uma forma eficaz de conservar o leite, isso inibia seu comércio a maiores distâncias. Somente em alguns países frios nos meses de inverno, a baixa temperatura ajudava a estender a conservação do leite, porém, na ausência de neve e gelo, o consumo de leite tinha que ser feito em poucas horas antes que ele coalhasse ou azedasse. Por conta disso, excetuando-se a população rural, a população urbana não tinha o hábito de beber leite regularmente, optando em consumir o queijo e a manteiga. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além disso havia outro aspecto a ser sublinhado, nem todo mundo gosta do sabor do leite, por conta disso, mesmo as pessoas que viviam da pecuária, optavam em ingerir queijo, coalhada e iogurte, ao invés de tomar leite. Outro fator que inibia o consumo regular de leite diz respeito a intolerância a lactose, desconhecida no passado, mas que afetava as pessoas causando náuseas, dores de barriga e vômitos; além disso, devido a falta de melhores técnicas de conservação e purificação do leite, ele poderia ser facilmente contaminado, então as pessoas para evitar adoecerem, não o bebiam. Vale ressalvar que animais doentes acabavam produzindo leite contaminado. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No entanto, esse era usado na produção de pães, bolos, biscoitos, massas, mingaus etc. O consumo regular de leite começou a se desenvolver no final século XVIII com o surgimento da indústria leiteira, a qual seguiu crescendo e se aperfeiçoando nos séculos XIX e XX. Foi nesse período de mais de cem anos que surgiu mudanças na criação do gado leiteiro (especialmente o bovino), além do desenvolvimento de técnicas e tecnologias para potencializar a obtenção de leite, seu tratamento, conservação e transporte. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No século XIX o inventor francês <b>Nicolas Appert </b>(1749-1841) realiza estudos e experimentos para desenvolver formas de melhorar a conservação de alguns alimentos, o que incluía conservá-los em garrafas e latas. Appert teria descoberto o <b>leite condensado</b>, apesar que esse fato seja contestado por parte dos historiadores, os quais creditam ao inventor americano <b>Gail Borden</b> (1801-1874), tal invento, tendo sido realizado em 1851 em caráter experimental. Condição essa que Borden com alguns sócios, investiram em mais experimentos para aperfeiçoar a fabricação de leite condensado, mas o intento que perdurou até 1858, fracassou comercialmente, embora Borden conseguiu desenvolver uma condensadora que agilizava o processo. (FRANTZ, 1948). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxjTgAQOJy4FNwCAyhVG5xC7WjSHeowHv_ih9xQiK_60nwn-w_aDFD-G8MBVMwckezUCnvU9j0KKBtcc1Iu74zUbO_qhBGVQFcMAwB20gIpVxzHGxapowoN-r6ov1tvVA8ksLtnwsTffELsw31PeN8hKAhg3w-ddfaFetlAQuLjyB-L-1KxGyQde5bLSQX/s1122/800px-Borden_Condensed_Milk_1898.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1122" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxjTgAQOJy4FNwCAyhVG5xC7WjSHeowHv_ih9xQiK_60nwn-w_aDFD-G8MBVMwckezUCnvU9j0KKBtcc1Iu74zUbO_qhBGVQFcMAwB20gIpVxzHGxapowoN-r6ov1tvVA8ksLtnwsTffELsw31PeN8hKAhg3w-ddfaFetlAQuLjyB-L-1KxGyQde5bLSQX/w285-h400/800px-Borden_Condensed_Milk_1898.jpg" width="285" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Propaganda de 1898 do leite condensado da empresa de Borden. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">O leite condensado passa por um processo de remoção de 60% de sua água, mas em seguida recebe adição de açúcar, por isso ele é pastoso e doce. Com a difusão das latas, Borden adotou esse recipiente para guardar o leite condensado, pois ajudava no prolongamento da sua conservação que poderia durar até 12 meses em condições normais. O leite condensado apesar de ter fracassado como produto na década de 1850, mas ele finalmente deu certo a partir de</span><b style="font-family: verdana;"> 1864</b><span style="font-family: verdana;">, quando Borden fundou a </span><i style="font-family: verdana;"><b>New York Condensed Milk Company</b></i><span style="font-family: verdana;">. O produto foi na época incluído na ração dos soldados em campo, servindo de sobremesa. O que ajudou a popularizar o leite condensado nos Estados Unidos. Mais tarde o produto já era feito em outros países da Europa e exportado também, sendo bastante usado na produção de doces ainda hoje. </span><span style="font-family: verdana;">(FRANTZ, 1948). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><div>"A taxa de expansão do leite condensado indústria fornece algumas dicas sobre o crescimento da produção leiteira neste momento. Entre 1890 e 1900, a quantidade de leite condensado produzido no Os Estados Unidos cresceram quase cinco vezes, de 38 milhões para quase 187 milhões de libras; com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, o número tinha atingiu mais de 875 milhões de libras. Demanda da Europa durante a guerra manteve a produção subindo, de modo que, em 1919, os Estados Unidos produziam mais de 2 bilhões de libras de leite condensado". (VALENZE, 2011, p. 187-188). </div></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por sua vez, Gail Borden também desenvolveu um processo para produzir leite em pó em 1855, comercializando em seguida, apesar que existam contestações se ele teria sido o primeiro a inventar tal tipo de leite. Outros autores apontam inventores russos e franceses que teriam desenvolvido o leite em pó anteriormente. Ainda na década de 1850, os ingleses e suíços se interessaram pelo invento e passaram a investir nesse. O leite em pó inicialmente era considerado um produto voltado para as crianças, além de ser usado também para a fabricação de alguns doces. (VALENZE, 2011, p. 187). </span><span style="font-family: verdana;">Na </span><b style="font-family: verdana;">Suíça </b><span style="font-family: verdana;">o químico e empresário </span><b style="font-family: verdana;">Henri Nestlé </b><span style="font-family: verdana;">(1814-1890) influenciado pelo leite em pó lançou em 1867 a </span><b style="font-family: verdana;">farinha láctea</b><span style="font-family: verdana;">. Um suplemento alimentar para crianças, ainda hoje vendido. (VELTEN, 2010, p. 74). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQTyoCD3WeuweRxef9vz5QRGFo3wkJtkq69ojSZ4GH44yvfmgGXefR7B09HnVYJ3EPRn7jLU-svH4wSin2QJ1-Rr9JI04TkEGpAr1hjnYtlIeHdgxQ8IojRN9IumeDkPE5Swo9xxFFR_YuAWnGVG4g-7i3Uzg8RBUH4GKIr6I4SvIouAtYUbnHVTuepgAx/s275/images.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="275" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQTyoCD3WeuweRxef9vz5QRGFo3wkJtkq69ojSZ4GH44yvfmgGXefR7B09HnVYJ3EPRn7jLU-svH4wSin2QJ1-Rr9JI04TkEGpAr1hjnYtlIeHdgxQ8IojRN9IumeDkPE5Swo9xxFFR_YuAWnGVG4g-7i3Uzg8RBUH4GKIr6I4SvIouAtYUbnHVTuepgAx/w640-h426/images.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O leite em pó passou a ser comercializado na década de 1850, tornando-se no começo do século XX um produto vendido em muitos países. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">O leite em pó se tornou uma alternativa para o consumo de leite, mesmo que algumas pessoas relutassem em usá-lo, alegando que ele era adulterado (apesar que tais problemas realmente ocorria), ainda assim, seu consumo foi crescendo consideravelmente. Em 1919, um ano após o término da <b>Primeira Guerra Mundial</b> (1914-1918), os Estados Unidos tinha exportado 44 milhões de quilos de leite em pó, a maior produção do mundo. Um valor colossal mesmo para os padrões da época. (VALENZE, 2011, p. 188). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Outra invenção importante para o leite que margou o um </span><span style="font-family: verdana;">dos grandes trunfos para prolongar a conservação do leite sem o uso da refrigeração, adveio do </span><b style="font-family: verdana;">processo de pasteurização</b><span style="font-family: verdana;">. Desenvolvido pelo químico francês </span><b style="font-family: verdana;">Louis Pasteur</b><span style="font-family: verdana;"> (1822-1895) em </span><b style="font-family: verdana;">1862</b><span style="font-family: verdana;">, a pasteurização consiste numa técnica para se reduzir a quantidade e microrganismos nocivos num alimento. O processo é simples: aquece-se o alimento acima dos 60 C por alguns minutos (ou segundos) e em seguida o refrigera à baixa temperatura rapidamente, isso causa um choque térmico que mata vários microrganismos. Dependendo do tipo de alimento, a temperatura de calor e de frio varia, assim como, o tempo em cada um. </span><span style="font-family: verdana;">(VALENZE, 2011, p. 211-212; VELTEN, 2010, p. 85-87). </span><span style="font-family: verdana;">No entanto, essa técnica simples foi revolucionária, pois permitiu prolongar a conservação do leite, mas de outros alimentos também como comidas enlatadas, ovos e bebidas como cerveja, vinho, água, sucos etc. </span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO49W3Ge45tI341CNsubI_SB14xLPlbJorg2s-tmh8cRy7EXIWqbt1WywkLR0-ZLjF4OM4SBemn1_5ik_Nv-VC-xBXwNnjAFb8o0faM9mGsay6K9B56wq-ceMfllJiVYoqCoIalUB5wRsJJADT8jRdHtP2o-gWiD6JjLZ1CmEY1qaR_uTywumh3zJSXkwT/s850/Fig-4-Milk-path-through-the-solar-pasteurization-system.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="510" data-original-width="850" height="384" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO49W3Ge45tI341CNsubI_SB14xLPlbJorg2s-tmh8cRy7EXIWqbt1WywkLR0-ZLjF4OM4SBemn1_5ik_Nv-VC-xBXwNnjAFb8o0faM9mGsay6K9B56wq-ceMfllJiVYoqCoIalUB5wRsJJADT8jRdHtP2o-gWiD6JjLZ1CmEY1qaR_uTywumh3zJSXkwT/w640-h384/Fig-4-Milk-path-through-the-solar-pasteurization-system.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Tabela mostrando o processo de pasteurização do leite. </span></td></tr></tbody></table><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora a pasteurização tenha sido desenvolvida em 1862 e aplicada em seguida ao leite, no entanto, ela demorou décadas para se tornar um processo reconhecidamente necessário. Muitos países somente adotaram a pasteurização como obrigatória no século XX. </span><span style="font-family: verdana;">Dessa forma, o leite pasteurizado é hoje em dia o mais consumido no mundo,. No entanto, existem algumas variedades quanto a isso. Com base na pasteurização foram criadas algumas categorias para identificar o leite que passa por tal processo. (VELTEN, 2010, p. 128). </span></div><div style="text-align: justify;"><ul><li><span style="font-family: verdana;"><b>Leite Tipo A:</b> a ordenha é 100% mecanizada e ocorre de um mesmo rebanho, não havendo contato humano. Sua taxa de bactéria é mínima. </span></li><li><span style="font-family: verdana;"><b>Leite Tipo B:</b> a ordenha pode ser mecanizada ou manual, podendo usar mais de um rebanho. A taxa de bactéria é mediana. O leite é refrigerado antes de ser pasteurizado. </span></li><li><span style="font-family: verdana;"><b>Leite Tipo C:</b> a ordenha pode ser mecanizada ou manual, porém, o leite não é refrigerado, sendo enviado diretamente para a pasteurização. Possui uma taxa de bactérias similar ao do Tipo B. </span></li></ul><div><span style="font-family: verdana;">A presença de bactérias no leite é normal, faz parte do produto. Neste ponto vale ressalvar que as pessoas que não tem costume de tomar leite retirado direto do animal (chamado de leite cru), não devem consumi-lo de imediato, devido a alta taxa de bactérias presentes, sendo recomendado sua fervura. Caso o consumo ocorra é provável que a pessoa tenha dores estomacais ou sinta enjoo. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;">No entanto, além do processo de pasteurização, outro foi desenvolvido mais tarde baseado no mesmo, é o <b>processo UHT </b>(ultra high temperature). Esse processo pega o leite pasteurizado, adiciona alguns produtos químicos para ele não ter seus componentes perdidos durante o alto aquecimento, então coloca ele em pré-aquecimento para deixá-lo morno, depois o coloca para ser fervido a temperaturas de 130 C a 150 C por alguns segundos; em seguida o leite é transportado para contêineres herméticos, onde será resfriado rapidamente. Ali ele fica algum tempo descansando antes de ser envazado em caixas. Por conta desse processo o leite consegue ter uma conservação que perdura por meses, desde que mantenha-se a caixa fechada e em local fresco e arejado. Devido a isso ele é conhecido também como <b>leite longa vida</b>. (VELTEN, 2010, p. 128). </span></div></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A profissão de leiteiro</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O ofício de leiteiro é antigo e se perde no tempo, não sabendo-se onde começou ou em que época isso ocorreu, pois leiteiros eram pessoas que iam de casa em casa, vender leite, mas também vendiam queijo e manteiga. Os leiteiros agiam na comunidade onde viviam, fosse um povoado, vilarejo ou vila. Caso a fazenda fosse próxima de uma cidade, ele poderia ir até ela. Todavia, o ofício de leiteiro se profissionalizou realmente a partir da segunda metade do século XIX com o avanço tecnológico dos meios de transporte, das garrafas de vidro, latas de leite, refrigeradores e o processo de pasteurização, o qual prolongava a durabilidade do leite. (VELTEN, 2010, p. 65-67). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com o progresso da indústria dos alimentos, a produção de leite e laticínios cresceu de forma avassaladora, permitindo que <b>tais alimentos passassem a serem consumidos na dieta diária</b> de pessoas de vários países europeus, no Canadá, Estados Unidos e alguns países latino-americanos. Na África e na Ásia com o atraso da industrialização, isso somente chegou no século XX. De qualquer forma, foram os<b> europeus e estadunidenses</b> que potencializaram a profissão de leiteiro, a qual surgiu em algumas cidades ou cresceu em outras que havia. Dessa forma, tais homens (pois acabou se tornando uma profissão masculinizada), logo cedo se dirigiam as fábricas ou depósitos para pegar as carroças de leite e partirem pelos bairros, vendendo o produto de porta em porta. Isso se repetia quase diariamente, pois dependendo da localidade a quantidade de entregas variava. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnd4tqNphEU6MM9xlHltAksATTeaptp-7Q-3CBIenkp7zBMUxwEkT_Q2VRVToI6dXxxFl2e9xPAtlA9JTuFi8PDqTIGPds95MLprYpi4wzg1kRSmajAxX8UcW8J5F3DUl8FWsnIlPs8njnA_urRaoREJPF5uunmeRyYXIWePqPjQMUXBNrcvcT3pbQBTIT/s800/800px-Belgium_Flemish_dog_cart_c.1880.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="622" data-original-width="800" height="498" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnd4tqNphEU6MM9xlHltAksATTeaptp-7Q-3CBIenkp7zBMUxwEkT_Q2VRVToI6dXxxFl2e9xPAtlA9JTuFi8PDqTIGPds95MLprYpi4wzg1kRSmajAxX8UcW8J5F3DUl8FWsnIlPs8njnA_urRaoREJPF5uunmeRyYXIWePqPjQMUXBNrcvcT3pbQBTIT/w640-h498/800px-Belgium_Flemish_dog_cart_c.1880.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Um leiteiro belga e sua esposa. A carroça de leite era puxada por cães. Fotografia tirada por volta de 1880. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">De início os leiteiros usavam <b>latas</b> feitas de alumínio, estanho ou latão. Dependendo do tamanho, poderiam transportar mais de 10 litros de leite. Essas latas eram carregadas nas carroças e as pessoas levavam panelas, garrafas, jarras e bacias para encher com o leiteiro. Mais tarde no começo do século XX com a difusão da indústria de garrafas de vidro, em alguns países tais latões foram sendo substituídos pelas garrafas de leite. No entanto, ainda hoje existem países em que tais antigas latas são utilizadas pelos leiteiros, algo que se ver na imagem a seguir. </span><span style="font-family: verdana;">(VELTEN, 2010, p. 66). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih6vCO1BDEiQMPnsxavY-eHZZrBuS0dU_zbCxSJKgzvXbd42jDCs4RO7077x-BsbVowJPwWXTuPRiIhk9uxEx2Qwxh9IOze_pEvaoTaaH2xMUwlGlBowc7XIdWq-R6Cri61A3T16OYDgFHOee_8UUBck17TTBGgGeEL2muLASQswFxCEfumo_hujTjkaFy/s1024/1024px-The_milk_delivery_guy_(3965278591).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="683" data-original-width="1024" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih6vCO1BDEiQMPnsxavY-eHZZrBuS0dU_zbCxSJKgzvXbd42jDCs4RO7077x-BsbVowJPwWXTuPRiIhk9uxEx2Qwxh9IOze_pEvaoTaaH2xMUwlGlBowc7XIdWq-R6Cri61A3T16OYDgFHOee_8UUBck17TTBGgGeEL2muLASQswFxCEfumo_hujTjkaFy/w640-h426/1024px-The_milk_delivery_guy_(3965278591).jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Um leiteiro nepalês transportando latas de leite. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">O comércio de leite cresceu no final do XIX e perdurou em alta até a década de 1960, pois em alguns países pelo mundo, as pessoas ainda mantiveram o hábito de comprar leite, queijo e manteiga com os leiteiros, embora que com o tempo tais produtos já fossem comercializados normalmente nos mercados e feiras. Mas em alguns lugares a profissão de leiteiro era respeitada e até vista como uma tradição, por isso perdurou por décadas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-HjS_YR0VeM_Cr9-g0AXUwtKh5WTWtBfjr1nlIhHQKU7-JUmU8FOwjWMwJjOEg0GPh2dkcoEjbmd5I-Sb999XAznyreZGaBo7kwLLnwQ5GxqGLhNUpnMgCGhzgUOFwb1wbLFM6HCTtMtxHubcwdHlXWKq4eQktazgNNEwJ50Nv0IYNfl-N1jUFsTA4wtB/s800/800px-Hevosvaunuja_Helsingin_Meijeriliikkeen_pihalla,_toisessa_kerroksessa_konttori_-_-_hkm.HKMS000005-km003lbl.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="579" data-original-width="800" height="464" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-HjS_YR0VeM_Cr9-g0AXUwtKh5WTWtBfjr1nlIhHQKU7-JUmU8FOwjWMwJjOEg0GPh2dkcoEjbmd5I-Sb999XAznyreZGaBo7kwLLnwQ5GxqGLhNUpnMgCGhzgUOFwb1wbLFM6HCTtMtxHubcwdHlXWKq4eQktazgNNEwJ50Nv0IYNfl-N1jUFsTA4wtB/w640-h464/800px-Hevosvaunuja_Helsingin_Meijeriliikkeen_pihalla,_toisessa_kerroksessa_konttori_-_-_hkm.HKMS000005-km003lbl.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Carroças de leite em Helsinki, na Finlândia, na década de 1920. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">A entrega do leite por muito tempo era feita em carroças puxadas por cavalos, jumentos ou cães, mesmo que o automóvel tenha surgido ainda no XIX, ele não foi adotado de imediato. Fato esse que os carros de leite ainda demoraram para começarem a serem empregados, passando a serem uma realidade mais regular a partir da década de 1930, mesmo assim, somente em algumas cidades, pois havia casos em que na mesma cidade poderíamos ter leiteiros usando carroças e outros usavam carros, isso dependia da empresa para qual trabalhassem. (VELTEN, 2010, p. 9). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além de vender leite, queijo e manteiga, alguns leiteiros também passaram a vender pães, bolos, iogurte, coalhada, sorvete e outros produtos, mas no geral, o leite era o principal produto vendido. Inclusive já se disse que a profissão de leiteiro iria sumir totalmente, mas ela não sumiu. Em países como Inglaterra, Estados Unidos, Índia, Nepal, França, Itália, Irlanda, Suíça, em algumas cidades ainda existem tais profissionais, em que homens e mulheres usam carros para fazerem as entregas. Em geral são pessoas que trabalham para cooperativas ou pequenas empresas que procuram manter essa tradição do ofício do leiteiro ainda viva. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqy4v4YRCnQQK1oxcntWGXNxM31K7ayeuElggczHhoVqDPMVqh2DIxH8zVvDg08hmKQrdyLE36Te_5EuR8L3jT8B6VUazUEpiR0U5_dWrkMIzjg98CwzbrYAP0nauqmaw3TtsyAPGzqYYL7sVXr6fNZ4hjZcrHne5yyDCPCF436autWZ_zTg75mnE2joqQ/s1000/Milkman-of-the-Year-2018.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="594" data-original-width="1000" height="380" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqy4v4YRCnQQK1oxcntWGXNxM31K7ayeuElggczHhoVqDPMVqh2DIxH8zVvDg08hmKQrdyLE36Te_5EuR8L3jT8B6VUazUEpiR0U5_dWrkMIzjg98CwzbrYAP0nauqmaw3TtsyAPGzqYYL7sVXr6fNZ4hjZcrHne5yyDCPCF436autWZ_zTg75mnE2joqQ/w640-h380/Milkman-of-the-Year-2018.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">A Inglaterra é um dos poucos países atuais onde a profissão de leiteiro continua a existir. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;"><b>Tipos de leite</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com o advento da industrialização tipologias para o leite foram criadas. Elas não se referem necessariamente a origem do leite, mas suas características quanto a presença de mais gordura, nata, vitamanis, nutrientes, lactose etc. </span></div><div style="text-align: justify;"><ul><li><span style="font-family: verdana;"><b>Leite integral:</b> leite que conserva sua gordura original, não tendo ela diminuída. </span></li><li><span style="font-family: verdana;"><b>Leite semidesnatado:</b> parte da nata que representa a concentração de gordura, é removida. </span></li><li><span style="font-family: verdana;"><b>Leite desnatado:</b> tem a maior parte da nata removida, sendo o menos calórico. Por conta disso, seu sabor e odor são diferentes do leite integral.</span></li><li><span style="font-family: verdana;"><b>Leite fortificado:</b> recebe a adição de vitaminas e nutrientes. É geralmente consumido por crianças e idosos com carência de nutrientes. Normalmente é vendido em forma de leite em pó, sendo bem mais caro. </span></li><li><span style="font-family: verdana;"><b>Leite sem lactose:</b> devido ao problema de intolerância à lactose, esse leite passa por um processo que remove a lactose. </span></li><li><span style="font-family: verdana;"><b>Leite achocolatado:</b> tipo de leite misturado com chocolate em pó. Normalmente passa por processo industrial, sendo vendido já dessa maneira. </span></li></ul><div><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA: </b></span><span style="font-family: verdana;">O leite materno na espécie humana é dividido em três fases: </span><b style="font-family: verdana;">colostro</b><span style="font-family: verdana;">, sendo amarelo e produzido nos primeiros dias após o nascimento do bebê; o </span><b style="font-family: verdana;">leite de transição</b><span style="font-family: verdana;">, produzido entre o sexto e décimo quinto do nascimento da criança, sendo de coloração levemente amarelada, mais denso e rico em gorduras e carboidratos. Finalmente temos o </span><b style="font-family: verdana;">leite maduro</b><span style="font-family: verdana;"> com sua coloração branca e vários nutrientes, o qual é produzido até o final do período da amamentação que é recomendado até os 2 ou 3 anos de idade. </span></div></div><div><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 2:</b> Embora a função dos seios seja para a amamentação, no entanto, eles se tornaram partes sensuais e sexuais do corpo humano. No caso, a espécie humana é a única dentre os mamíferos a sentir atração sexual pelas mamas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 3: </b>Os antigos<b> egípcios, indianos</b> e alguns povos africanos e asiáticos usavam <b>manteiga para se fazer maquiagem</b>. Por conta de ser viscosa, a maquiagem à base de manteiga concedia brilho para o rosto. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 4:</b> Para o <b>povo Massai</b> na África o leite é bebida sagrada, inclusive eles possuem um ritual no qual bebem leite misturado com sangue de vaca. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 5: </b>No Japão da segunda metade do século XVII com a expulsão dos europeus (exceto dos holandeses), o consumo de leite e laticínios foi proibido em grande parte do país, pois alegava-se ser um costume estrangeiro, não sendo algo da cultura nipônica. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 6:</b> A <i><b>Yakult </b></i>é uma empresa japonesa criada em 1938, e ela popularizou o consumo de leite fermentado, hoje difundido em vários países e considerado bebida de criança, embora que no Japão, Coreia do Sul e China, os adultos costumam tomar esse tipo de leite. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;"><b>BRANDÃO</b>, Junito de Souza. <b>Mitologia grega</b>, vol. 1. Petrópolis, Vozes, 1986. 3v</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: verdana;"><b>CAMPOS</b>, Luciana de. <b>Na mesa com a História: a alimentação na Antiguidade, Era Viking e Medievo</b>. João Pessoa, </span><span style="color: #222222; font-family: verdana;">Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos, 2021.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: verdana;"><b>CASCUDO</b>, Luís da Câmara. <b>Antologia da alimentação no Brasil</b>. São Paulo, Global, 2014. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;"><b>CHEVALIER</b>, Jean; GHEERBRANT, Alain. <b>Diccionario de los símbolos</b>. Barcelona, Editora Herder, 1986. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: verdana;"><span style="background-color: white;"><b>CUSH</b>, Denise; <b>ROBINSON</b>, Catherine; <b>YORK</b>, Michael (eds.). <b>Encyclopedia of Hinduism</b>. London, Routledge, 2008. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;"><b>DALBY</b>, Andrew. <b>Cheese: A Global History</b>.</span></span><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: verdana; text-align: left;"> </span><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: verdana; text-align: left;">London, Reaktion Books, 2009. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: verdana; text-align: left;"><b>FRANTZ</b>, Joe B. <b>Gail Borden as a Businessman</b>. <i>Bulletin of the Business Historical Society</i>, v. 22, n. 4, 1948, p. 123-133. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: verdana; text-align: left;"><b>HOMERO</b>. <b>A Odisseia</b>. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro, Ediouro, 1997. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: verdana; text-align: left;"><b>KHOSROVA</b>, Elaine. <b>Butter: A Rich History</b>. Chapel Hill, Algonquin Books, 2016. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: verdana;"><span style="background-color: white;"><b>KLOSTERMAIER</b>, Klaus K. <b>A concise Encyclopedia of Hinduism</b>. Oxford, One World, 1998. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: verdana; text-align: left;"><b>LANGER</b>, Johnni. Audumla. In: LANGER, Johnni (org.). <b>Dicionário de Mitologia Nórdica: símbolos, mitos e ritos</b>. São Paulo, Hedra, 2015, p. 62-63. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: verdana; text-align: left;"><b>LEICK</b>, Gwendolyn. <b>A dictionary of Ancient Near Eastern Mythology</b>. London, Routledge, 2003. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: verdana; text-align: left;"><b>LEMPS</b>, Alain Huetz de. As bebidas coloniais e a rápida expansão do açúcar. In: FLANDRIN, Jean-Louis; MONTARNI, Massimo (dirs.). <b>História da Alimentação</b>. Tradução de Lucian Vieira Machado e Guilherme J. F. Teixeira. São Paulo, Estação Liberdade, 1998, p. 611-624. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;"><b>MARQUES</b>, Rosa F. S. V; <b>LOPEZ</b>, Fábio A.; <b>BRAGA</b>, Josefina A. P. O crescimento de crianças alimentadas com leite materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida. </span><b style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;">Jornal de pediatria</b><span style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;">, v. 80, 2004, p. 99-105.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;"><b>MAZOYER</b>, Marcel. <b>História das agriculturas no mundo: do neolítico à crise contemporânea</b>. São Paulo, UNESP, 2010. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;"><b>MORGANO</b>, Marcelo A. et al. Composição mineral do leite materno de bancos de leite. </span><b style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;">Food Science and Technology</b><span style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;">, v. 25, 2005, p. 819-824.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: verdana;"><span style="background-color: white;"><b>NATOKER</b>, Henry. <b>Food culture in Scandinavia</b>. London, Greenwood Press, 2009. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: verdana;"><span style="background-color: white;"><b>PRADO JR</b>, Caio. <b>Formação econômica do Brasil</b>. 32a ed. Rio de Janeiro, Editora Nacional, 2005. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: verdana;"><span style="background-color: white;"><b>ROSENBERG</b>, Moshe. Llama milk. In: PARK, Young W; HAENLEIN, George F. W (eds.). <b>Handbook of Milk of Non-Bovines Mammals</b>. Ames, Blackwell Publishing, 2016, p. 383-392. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: verdana;"><span style="background-color: white;"><b>UDALL</b>, Stewart L. <b>The Forgotten Founders: rethinking the history of Old West</b>. Washington, Shearwater Books, 2004. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;"><b>VALENZE</b>, Deborah. <b>Milk: A local and global history</b>. New Haven, Yale University Press, 2011. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;"><b>VELTEN</b>, Hannah. <b>Milk: A Global History</b>. London, Reaktion Books, 2010. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;"><b>VERNON</b>, Keith. Milk and Dairy Products. In: KIPLE, Kenneth F; ORNELAS, Kriemhild Coneè (eds.). <b>The Cambridge World History of Food</b>, vol. 1. Cambridge, Cambridge University Press, 2000, p.</span></span><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: verdana; text-align: left;"> 692-701. 2v</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>WEILL</b>, Ricardo. <b>Yogurt, ancient food in the 21st century</b>. Buenos Aires, Asociación Civil Danone para la Nutrición, la Salud y la Calidad de Vida, 2017. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referência da internet</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>PLÍNIO</b>, the Elder. <b>The Natural History</b>. London, Taylor Francis, 1855. Disponível em: <a href="https://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.02.0137%3Abook%3D28%3Achapter%3D33">https://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.02.0137%3Abook%3D28%3Achapter%3D33</a>. </span></p></div></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-43307070925370842942024-01-01T09:20:00.005-03:002024-03-11T08:58:13.244-03:00Uma história dos animes<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A história dos animes, os famosos desenhos animados japoneses, ocorre em paralelo ao dos mangás, embora que na segunda metade do século XX, ambos caminhos se cruzaram, tornando os mangás fontes para os animes, tendência que se mantém até hoje. O presente texto conta alguns aspectos da história do desenvolvimento dos animes de seus primórdios no começo do XX até chegarmos ao contexto atual com animes em 3D e serviços de streaming de animes. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O conceito de anime</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A palavra anime é uma abreviação da palavra inglesa <i><b>animation</b></i>, sendo termo desenvolvido na segunda metade do século XX para se referir aos desenhos animados. Antes disso, os japoneses usavam termos como <i><b>manga-eiga</b></i> ("filmes cartunescos") e <i><b>dôga</b></i> ("filme animado"). O primeiro termo advinha da palavra mangá, já usada desde o final do XIX para se referir as histórias em quadrinhos produzidas no país. De fato, os animes vão surgir com forte influência dos mangás, por isso o termo <i>manga-eiga. </i>(CLEMENTS, 2013). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Todavia, alguns autores como Alfons Moliné (2004) e Frederik S. Schodt (1997) defendem que a palavra anime viria da palavra francesa<i><b> animé</b></i> (animado), já que os japoneses tiveram influência da cultura francesa no final do XIX, com direito a consumir revistas francesas naquela época. No entanto, essa hipótese é contestada por outros estudiosos, os quais apontam a forte influência da indústria cinematográfica americana no Japão e como essa contribuiu para a popularização dos animes a partir da década de 1960. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Outro aspecto a ser considerado é que a <b>palavra anime no Japão refere-se aos desenhos animados</b>, sejam eles nacionais ou estrangeiros. Sendo assim, produções da <i>Walt Disney, Pixar, Warner Bros, Hanah-Barbera</i>, seriam para os japoneses animes também. Porém, no resto do mundo convencionou-se adotar o termo anime apenas para se referir aos desenhos animados de origem japonesa ou que seguem seu estilo artístico e temático. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Os primórdios dos animes </b>(c. 1907-1920)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Oficialmente os primeiros animes são datados de 1917, porém, foi descoberto um curta-metragem intitulado <b style="font-style: italic;">Katsudo Sashin</b> ("Imagens em Movimento"), datado de cerca de 1907. Esse desenho de autoria desconhecida, apresenta um menino vestido com roupa de marinheiro enquanto escreve kanjis. A animação bem simples tem apenas 4 segundos de duração. Ela divide a opinião dos historiadores e estudiosos do tema, seria um anime de fato? Ou apenas um teste ou brincadeira? </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcf61A4p6BEfFtCmv5XBwfaSz-EYiaSMcCOBRi886u42Qmbj0bz2sMc9HLvm7kFhzbfGl2Ttzx4kH2FAlV73Zj5sdr-uTWZr70d6_FWQH0wsGpTkXSj_blWFUUOSrDKCgAQ8r5sF1q0ojG9BXemXirmwH8QRU8I-lq3vEslRSTEUEp1CX-UzrFE6pq-dGU/s470/Katsud%C5%8D_Shashin.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="470" height="408" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcf61A4p6BEfFtCmv5XBwfaSz-EYiaSMcCOBRi886u42Qmbj0bz2sMc9HLvm7kFhzbfGl2Ttzx4kH2FAlV73Zj5sdr-uTWZr70d6_FWQH0wsGpTkXSj_blWFUUOSrDKCgAQ8r5sF1q0ojG9BXemXirmwH8QRU8I-lq3vEslRSTEUEp1CX-UzrFE6pq-dGU/w640-h408/Katsud%C5%8D_Shashin.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Cena colorizada de<i> Katsudo Sashin</i> (c. 1907), talvez o primeiro anime conhecido. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Clements (2013) comenta que há relatos da exibição de filmes franceses e americanos no Japão entre 1900 e 1910, o que aponta que cidades como Tóquio já teriam projetores para exibir filmes. Tais aparelhos foram levados por estrangeiros, juntos aos filmes que eram curtas-metragens em preto e branco e sem áudio. No entanto, tratava-se de filmes live-action, porém, alguma animação poderia ter sido exibida também nesse período, já que elas estavam desenvolvimento. Além disso, o autor sublinha que algumas animações desse período não seriam animações propriamente, mas truques visuais para dar a sensação que os desenhos se movimentavam. Apesar disso, o autor sublinha que antes de 1917 não temos segurança de quantos animes teriam sido produzidos, pois tais registros se perderam com o tempo.</span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Sendo assim, alguns dos primeiros animes conhecidos eram curtas-metragens simples, em preto e branco e sem áudio. Um dos primeiros foi </span><i style="font-family: verdana;"><b>Namakura Gatana </b></i><span style="font-family: verdana;">(1917). Trata-se de um anime de 4 minutos de duração produzido por <b>Jun'ichi Kouchi </b>(1886-1970), cuja narrativa apresenta um atrapalhado samurai que está irritado pelo fato de sua catana está cega, apesar que ele consegue ferir um de seus dedos ao passá-lo no fio da espada, mas ao tentar cortar outras coisas e até confrontar pessoas, a espada não corta. Esse anime teria sido exibido no cinema. Além desse desenho, também é conhecida outras duas produções do autor, intituladas <i><b>Chamebo Kukijuno maki </b></i>(1917) e <i><b>Hanawa Hekonai Kappa matsuri </b></i>(1917). (CLEMENTS; MCCARTHY, 2006). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_YEG2Yea5HAxyMNJ4kYgVSQfxNqw9Y__rEkXGTtuoMhyvnSL5c3PjesxEq8LnmFofE2fHCQQlTPD-eleZJDSmONEwWyCrNOEWYsDukxT4GbKA5AG5rkTAXGeyxm0xWUSMfqf168v3LlXjfS80RSrJhQ65DnvoCxvk8aAcMdk3xP_xYkwQk_xbnVC606-A/s800/Anime_cell_1917.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="625" data-original-width="800" height="500" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_YEG2Yea5HAxyMNJ4kYgVSQfxNqw9Y__rEkXGTtuoMhyvnSL5c3PjesxEq8LnmFofE2fHCQQlTPD-eleZJDSmONEwWyCrNOEWYsDukxT4GbKA5AG5rkTAXGeyxm0xWUSMfqf168v3LlXjfS80RSrJhQ65DnvoCxvk8aAcMdk3xP_xYkwQk_xbnVC606-A/w640-h500/Anime_cell_1917.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Cena de Namakura Gatana (1917), um dos mais antigos animes conhecidos. </span></td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Outro desenhista que se destacou nos primórdios dos animes foi</span><b> Oten Shimokawa</b><span style="font-family: verdana;"> (1892-1973), o qual trabalhava como ilustrador e cartunista para revistas e jornais. São conhecidas cinco obras do autor: <i><b>Imokawa Mukuzo Genkanban no Maki</b></i> (1917), <i><b>Dekobo shingacho - Meian no shippai</b></i> (1917), <i><b>Chamebo shingacho - Nomi fufu shikaeshi no maki </b></i>(1917), <i><b>Imokawa Mukuzo Chugaeri no maki </b></i>e <i><b>Imokawa Mukuzo Tsuri no maki </b></i>(1917). No caso, Shimokawa se notabilizou pelos curtas-metragens do personagem <b>Imokawa Muzuko</b>, um personagem que lembra uma espécie de ursinho, o qual vive aventuras com seus amigos. Trata-se de um anime cujos personagens são animais antropomórficos. (CLEMENTS, 2013).</span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu2s-mHv_w9we55508LnT2lLJO4qdxgIbKweoS6PFpY7J0b_Qe_NtVFjX3emuICK0MXFyiS6rUzWD-o9WbtGP0YZraOZz42v6IyBjLShbr4LqDiJOVNQ_QL7o1d9uRSmExBd3DOnEwHe9eCu5qyPD83v7RRJynzGlGc6a5QSkYUGVrADVIA-Ln0SOp-ULn/s600/MV5BM2FlNmY5MWYtNWNmMy00ZjViLTk4NWEtZDdhYTgxNTM3NzZkXkEyXkFqcGdeQXVyNDcwNDI2MTk@._V1_.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="449" data-original-width="600" height="478" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu2s-mHv_w9we55508LnT2lLJO4qdxgIbKweoS6PFpY7J0b_Qe_NtVFjX3emuICK0MXFyiS6rUzWD-o9WbtGP0YZraOZz42v6IyBjLShbr4LqDiJOVNQ_QL7o1d9uRSmExBd3DOnEwHe9eCu5qyPD83v7RRJynzGlGc6a5QSkYUGVrADVIA-Ln0SOp-ULn/w640-h478/MV5BM2FlNmY5MWYtNWNmMy00ZjViLTk4NWEtZDdhYTgxNTM3NzZkXkEyXkFqcGdeQXVyNDcwNDI2MTk@._V1_.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Cena de <span style="text-align: justify;">Imokawa Mukuzo Genkanban no Maki</span><span style="text-align: justify;"> (1917).</span></span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Dessa forma, Kouchi e Shimokawa são considerados como os "pais dos animes", por terem sido os primeiros animadores a se destacarem e produzirem alguns animes em 1917. Apesar que temos um terceiro nome, trata-se do cameraman</span><span style="font-family: verdana;"> <b>Shibata Masaru </b>(1897-1991), o qual ajudou na animação de alguns filmes de Shimokawa como <i>Chamebo shin gacho</i> e <i>Chamebo-zu</i>. Apesar disso, seu nome não é creditado entre os "pais dos animes", mesmo que tenha ajudado no uso da câmera para gravar os desenhos de Shimokawa. (TSUGATA, 2003). </span></div><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Após esses animes de 1917, nos anos seguintes mais produções foram sendo desenvolvidas. Vale lembrar que tais produções eram amadoras, pois seus idealizadores não eram profissionais em animação, além de nem existir ainda estúdios de animação ou de cinema no Japão, mas isso viria a mudar na década seguinte. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Os primeiros estúdios de anime </b>(1920-1939)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A partir da década de 1920 surgiram os primeiros estúdios de animes no Japão, embora fossem estúdios bem simples, contando com poucos recursos, tecnologia e funcionários. Alguns eram formados por grupos de amigos ou entusiastas por animação, desenhos e cinema. O estúdio <i><b>Kitayama Eiga Seisakujo</b></i> foi fundado em <b>1921</b> pelo animador e diretor <b>Kitayama Seitaro </b>(1881-1945), sendo considerado o primeiro estúdio de anime a ser criado. </span><span style="font-family: verdana;">(CLEMENTS, 2013).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Kitayama já trabalhava com animes desde 1917, tendo participado da produção e direção dos desenhos. Segundo o que foi apurado por registros históricos, ele esteve envolvido em mais de dez animes anteriormente, todavia, de seu estúdio somente são conhecidos três animes: <i><b>Kiatsu to Mizuage Ponpu</b></i> (1921),<i><b> Shokubutsu Seiri: Sheishoku no Maki</b></i> (1922) e <i><b>Usagi to Kame </b></i>(1924). Outros desenhos devem ter sido produzidos, porém, em 1923 ocorreu o <b>grande terremoto de Kanto</b>, o qual destruiu parte das cidades de Yokohama, Chiba, Suzuoka, Tóquio, entre outras. O estúdio de Kitayama ficava em Tóquio e foi um dos prédios destruídos durante o sismo. Além desse estúdio, outros ficavam localizados na capital japonesa e também foram destruídos. Sendo assim, se desconhece quantos animes foram perdidos na ocasião, já que até os registros da produção dos estúdios foram destruídos. </span><span style="font-family: verdana;">(CLEMENTS, 2013).</span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYBczWwkZd4bpBpio2x6f85fBOE7yi4W0WwhBsqScN3-OXsAAjsfgWGJE_24KqwKoP3dAD_5HQ8IbnVFb7lmDiwCu0skHCHjyV5Ctk6iCihtW9x3Y2sphNdYCLS3-mtQTdIzbpK8C43bSEdMD9G0wPl3l8RMkELTnE_32DckWyRMxCL6pTFSCLehGZKZNO/s660/Sem%20t%C3%ADtulo.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="442" data-original-width="660" height="428" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYBczWwkZd4bpBpio2x6f85fBOE7yi4W0WwhBsqScN3-OXsAAjsfgWGJE_24KqwKoP3dAD_5HQ8IbnVFb7lmDiwCu0skHCHjyV5Ctk6iCihtW9x3Y2sphNdYCLS3-mtQTdIzbpK8C43bSEdMD9G0wPl3l8RMkELTnE_32DckWyRMxCL6pTFSCLehGZKZNO/w640-h428/Sem%20t%C3%ADtulo.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">A lebre e a tartaruga no anime Usagi to Kame (1924), um dos filmes lançados pelo estúdio de Kitayama após o grande terremoto de 1923. <br />Fonte: AniSearch.com. </span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1923</b> foi fundado o estúdio de animação <i><b>Yokohama Cinema Shokai</b></i>, que manteve-se operante por vinte anos, tendo produzido 44 animes. Várias das produções do estúdio eram baseadas em contos e fábulas, trazendo animais como protagonistas, algo comum no período. No entanto, o estúdio também produziu desenhos com <b>temática esportiva</b> (uma novidade na época), envolvendo basebol (que viria a se tornar bastante popular no país), jogos olímpicos e atletismo. Como destaque tivemos os animes <i><b>Doubutsu Olympic Taikai</b></i> (1928), <i><b>Doubutsu Sumo Taikai </b></i>(1931) e <i><b>Doubutsu undokai</b></i> (1931). No entanto, esta temática cresceu nos anos seguintes. (WADA-MARCIANO, 2008). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nos anos 1920 e 1930 os animes foram influenciados por desenhos animados americanos, naquela época chegaram ao Japão animações do <b>Gato Félix </b>(1919), <b>Oswald the lucky rabbit</b> (1927), <b>Mickey Mouse</b> (1928), <b>Betty Boop</b> (1930), <b>Looney Tunes</b> (1930), além de outros desenhos do <i>Walt Disney</i>. Tais produções causaram forte impacto na produção de mangás, como também foram fortes concorrentes para os animadores, pois rapidamente as crianças e adolescentes passaram a se interessar mais pelos produtos estrangeiros do que nacionais, ainda mais pela condição de tais desenhos serem de melhor qualidade e alguns já tinham até efeitos sonoros e música, algo que carecia em muitos animes ainda. (LEVI, 2006). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh48C6WIb-XF5fHWMcFf8nHNg-RqnxdPKOH13IRWM-NwQgNsjwGUlCkkgeI5ZXr-fF5p_IT165rgmlOpPpjU4p4tMLYtOX_95rovnFIOgSE7SOEbWxU_as2q-VIGICFvS7SRTJG2y41kbJG8E9xYHCOQ8Im8wPr-f0ok4LJUBO1jraU5EabG58dHcZcaveC/s411/Mabo.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="314" data-original-width="411" height="488" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh48C6WIb-XF5fHWMcFf8nHNg-RqnxdPKOH13IRWM-NwQgNsjwGUlCkkgeI5ZXr-fF5p_IT165rgmlOpPpjU4p4tMLYtOX_95rovnFIOgSE7SOEbWxU_as2q-VIGICFvS7SRTJG2y41kbJG8E9xYHCOQ8Im8wPr-f0ok4LJUBO1jraU5EabG58dHcZcaveC/w640-h488/Mabo.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Dois Mickeys e Betty Boop numa cena do anime olímpico Mabo no Daikyoso (1936). Esse curta-metragem apresenta duas influências marcantes da década de 1930, a temática esportiva e os desenhos animados americanos. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Apesar dessa concorrência alguns animadores e estúdios viram após 1923 oportunidades. Os estrangeiros levavam não apenas rolos de filmes, mas também câmeras e projetores, além do contato com técnicas novas para a animação. Alguns animadores conseguiram ter acesso a tais tecnologias e técnicas, empregando na feitura de animes melhor animados. Condição essa que de 1924 a 1938 houve uma produção massiva de animes, mesmo que a maioria fossem curtas-metragens ainda em preto e branco e sem som. (LEVI, 2006). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Uma mudança marcante nos animes da década de 1930 foi a introdução do áudio. Naquela década surgiram mais animes com emprego de efeitos sonoros, trilha sonora, mas também surgiu os primeiros animes dublados. Um deles foi <i><b>Chikara to Onna no Yo no Naka</b></i> ("O mundo do poder e as mulheres"), lançado em 1933 e dirigido por <b>Kenzo Masaoka </b>(1898-1988), um diretor de animações prolífico da época preto e branco dos animes, tendo dirigido mais de vinte animações. </span><span style="font-family: verdana;">Nesta história cômica de </span><i style="font-family: verdana;">Chikara to Onna no Yo no Naka</i><span style="font-family: verdana;">,</span><i style="font-family: verdana;"> </i><span style="font-family: verdana;">somos apresentados a um caso de adultério, em que o marido cansado de sua esposa rabugenta, decide traí-la com uma secretária de seu trabalho. Infelizmente o anime está perdido, não havendo cópias conhecidas deles, mas os registros trazem o elenco de dubladores do mesmo. </span><span style="font-family: verdana;">(CLEMENTS; MCCARTHEY, 2006). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdtZxz2WAZ97Y7EqneYUYDKeSjOLCHy5oytws78O7eteJi40D3gxUrDcGQ3-FuViXab4ao6wF1CkHOKf2juy8-D6SNAqOfSOCb5zZxBro1RYx24xPv6IDi3cTBJT5u3YlN4ayr981BqNkE_lOODNrUyZxPIrpwSDBoCcQ5IZ27W5Y7Dvjc4z6Th74_xW3z/s763/Chikara_to_Onna_no_Yo_no_Naka_screenshot.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="698" data-original-width="763" height="366" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdtZxz2WAZ97Y7EqneYUYDKeSjOLCHy5oytws78O7eteJi40D3gxUrDcGQ3-FuViXab4ao6wF1CkHOKf2juy8-D6SNAqOfSOCb5zZxBro1RYx24xPv6IDi3cTBJT5u3YlN4ayr981BqNkE_lOODNrUyZxPIrpwSDBoCcQ5IZ27W5Y7Dvjc4z6Th74_xW3z/w400-h366/Chikara_to_Onna_no_Yo_no_Naka_screenshot.jpg" width="400" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Cena do anime Chikara to Onna no Yo no Naka (1933), o primeiro anime falado. Infelizmente o desenho está perdido, não se conhecendo cópias dele. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Apesar do progresso do anime <i>Chikara</i>, não significou que os estúdios de animes adotaram a dublagem de imediato, pois ainda era algo difícil de ser feito e caro. Fato esse que vários animes do período até a década de 1950, ainda contavam apenas com efeitos sonoros e trilha sonora, a dublagem ainda demorou mais algum tempo para se normalizar. </span></div><p></p><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Animes para a propaganda de guerra </b>(1939-1945)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com o advento da Segunda Guerra Mundial, o governo imperial japonês utilizou o cinema para fazer propaganda política-militar, incentivando o alistamento, defendendo a invasão da Coreia, da China e de outros territórios, ou seja, dando motivos para o povo apoiar a causa imperialista. Isso também foi aplicado por outros países também. Mas no caso japonês, alguns desenhos acabaram servindo para essa finalidade e isso já era feito antes mesmo da Segunda Guerra eclodir, pois o Japão estava em conflito com a China. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Como exemplo temos <i><b>Sora no Momotaro </b></i>(1931), no qual acompanhamos Momotaro voando em seu avião e mostrando os territórios vizinhos os quais o Japão ambicionava conquistar. A ideia foi retomada em <i><b>Umi no Momotaro </b></i>(1932), em que dessa vez o personagem usava um navio para mostrar as fronteiras marítimas do país e a potencialidade de conquistar novas áreas. Ideias assim foram retomadas a partir de <b>1939</b> quando o governo criou a<b> Lei do Filme</b> (ou Lei do Cinema), incentivando a abertura de cinemas pelo país, além de financiar contratos com estúdios de animação e de cinema para a produção de material nacionalista e de propaganda política. (POSHEK, 1997). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O governo também criou seu depatarmento de animações chamado <i><b>Tokubetsu Eiga-ban</b></i> (1939), formado a partir da <i><b>Toho Cultural Film Departement </b></i>e do estúdio <i><b>Nihon Eigasha</b></i>, os quais se tornaram um estúdio governamental direcionado para a produção de conteúdo político, militar e educativo. Por conta do contexto da guerra, tornou-se comum a produção de animes relacionados as forças armadas, destacando-se a marinha e aeronáutica do país. Vários animes foram produzidos no período da guerra, mas muitos foram perdidos, restando hoje apenas o conhecimento de documentos que os citam. (CLEMENTS, 2013). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzXrsERaRSweXrabfobCVVPD_nenw5-Y6CLfJkUdgKuyh060sdDauP7KcWpbe00ht_n8FByyBvg0PPCAZsXpFE5p6zD_eZWqPNFXLQS3HhxKFRywpQKZ8MChbQ_kdwsN9pgtfZZqmhgn7HWzrbBIx-fhQwAoB3Ywg8x-NwnJsQX4nojs7DvjL13xcSOd_p/s625/Sem%20t%C3%ADtulo.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="435" data-original-width="625" height="446" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzXrsERaRSweXrabfobCVVPD_nenw5-Y6CLfJkUdgKuyh060sdDauP7KcWpbe00ht_n8FByyBvg0PPCAZsXpFE5p6zD_eZWqPNFXLQS3HhxKFRywpQKZ8MChbQ_kdwsN9pgtfZZqmhgn7HWzrbBIx-fhQwAoB3Ywg8x-NwnJsQX4nojs7DvjL13xcSOd_p/w640-h446/Sem%20t%C3%ADtulo.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O anime Ahiru Rikusentai (1940) era inspirado no Pato Donald, trazendo uma esquadrão de patos soldados. Fonte: AniSearch.com. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O governo solicitou que desenhos de caráter nacionalista fossem produzidos para incentivar o patriotismo desde cedo, inculcando valores que agradavam o governo, assim, as crianças cresceriam assistindo tais desenhos educativos, patrioticamente corretos e dignos. A temática esportiva, especialmente associada com as Olímpiadas que despontou na década de 1930, foi mantida. Sobre isso, Jonathan Clements (2013) destaca o fato de que o jovem menino <b>Mabo</b> se tornou o garoto propaganda de 12 filmes lançados entre 1936 e 1943, mostrando-o como atleta, soldado, marinheiro e piloto de avião. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Animes educativos também passaram a serem produzidos por financiamento do governo, tais desenhos ensinavam valores como honra, coragem, determinação, obediência, amor a família, amor à pátria, etc. Havia casos de animes sobre temáticas históricas e geográficas também. No entanto, animações mostrando o Japão em guerra contra o Ocidente, assim como, chineses e coreanos também foram produzidas, um destaque foi o filme <i><b>Momotaro no Umiwashi</b></i> (1943), que trouxe novamente o jovem Momotaro, personagem oriundo do folclore, mas que se tornou garoto propaganda da guerra. Neste filme, ele é um comandante ao lado de animais antropomórficos como macacos e coelhos, os quais estão abordo de um porta-aviões rumo ao campo de batalha. O filme era longo para os padrões da época, tendo 37 minutos de duração, embora não fosse dublado ainda. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzTwMjw4JvNOyqISgHtrXHwZi52k9czEQBWBsXiheidffofDssDp6pEwOawt0paU5sueuN-pOSGzrCxPdXnQh_nwwTrfzrElQtgOantGgqmdQi1I82b1L0Oag40k4vnCoH97DsN7WYyauTv-2paCvy_yBwM0UNgriPPXQihUjBsSPZCM9t36K6wZX_669w/s1280/image-w1280.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzTwMjw4JvNOyqISgHtrXHwZi52k9czEQBWBsXiheidffofDssDp6pEwOawt0paU5sueuN-pOSGzrCxPdXnQh_nwwTrfzrElQtgOantGgqmdQi1I82b1L0Oag40k4vnCoH97DsN7WYyauTv-2paCvy_yBwM0UNgriPPXQihUjBsSPZCM9t36K6wZX_669w/w640-h360/image-w1280.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Momotaro liderando seu exército de macacos durante a guerra, no anime Momotaro no Umiwashi (1943). </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora o período da guerra tenha determinado que os animes deveriam seguir conteúdos e temáticas específicos voltados para a propaganda política e militar, além do incentivo ao nacionalismo e o patriotismo. Nem tudo foi ruim. Graças ao financiamento público, novos estúdios surgiram e outros receberam investimento para melhorar sua tecnologia e contratar mais gente. A produção de animes cresceu consideravelmente vendo-se o lançamento de dezenas de animes nestes seis anos, além de que os filmes passaram a serem mais extensos, passando dos 20 ou 30 minutos de duração. </span></p><p style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">Animes dublados e a televisão </b><span style="font-family: verdana;">(1940-1960)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Após a Segunda Guerra, os grandes estúdios de animação começaram a surgir, assim como, passou-se por uma nova transição nos animes, que foi a gradativa mudança para as <b>animações faladas ou dubladas</b>. No entanto, foi nesse período que também surgiram clássicos mangás e animes, pois de 1917 a 1950 muitos dos animes produzidos seguiam</span><span style="font-family: verdana;"> temáticas parecidas: eram </span><b style="font-family: verdana;">narrativas cômicas </b><span style="font-family: verdana;">envolvendo animais, pessoas ou seres antropomórficos. Alguns animes eram </span><b style="font-family: verdana;">adaptações de contos populares ou fábulas japonesas</b><span style="font-family: verdana;">, marcados pela presença de dois animais como protagonistas e uma moral no final da narrativa. Além disso, houve casos de animes que mostravam apenas paisagens como cidades e campos, sem ter um personagem ou narrativa. Outros eram baseados em casos do dia a dia, <b>prática de esportes </b>e tivemos os animes de <b>temática militar</b> por conta da guerra. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Pouco tempo depois do término da guerra, os animadores <b>Kenzo Masoaka </b>e<b> Zenjiro Yamamoto</b>, veteranos da área, fundaram o <b><i>Nihon Doga Eiga</i></b> em <b>1948</b>, conhecido em inglês como <i><b>Japan Animated Films</b></i>, mais tarde renomeado para <b style="font-style: italic;">Toei Animation</b> em 1956, que viria a se tornar um dos maiores estúdios de animes do país. Produzindo até hoje animes de sucesso. De qualquer forma, o <i>Nihon Doga </i>foi um dos estúdios pioneiros na nova fase da história dos animes, agora marcada pelo pós-guerra. O estúdio passou a lançar curtas-metragens e médias-metragens, ainda em preto e branco, mas já dublados. Mais tarde produziu filmes coloridos. (CLEMENTS, 2013). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Porém, com o crescimento do mercado de mangás na década de 1950, isso ajudou no surgimento de novos gêneros literários que foram adaptados para os animes, além de tramas mais complexas e originais. Um dos responsáveis por isso foi o mangaká </span><b style="font-family: verdana;">Osamu Tezuka</b><span style="font-family: verdana;"> (1928-1989), que emplacou mangás de sucesso como<i><b> Kimba, o Leão Branco</b></i> (1950-1954), <i><b>Astro Boy </b></i>(1952-1968), <i><b>A Princesa e o Cavaleiro</b></i> (1953-1956). Embora tais narrativas tenham feito sucesso como mangás, curiosamente elas não foram adaptadas de imediato para os animes, pois diferente de hoje em que no ano seguinte um mangá que faz sucesso já começa a ser adaptado, na década de 1950 a situação era outra. Os estúdios ainda optavam por produzir curtas-metragens para o cinema. Entretanto, a realidade estava para mudar à medida que o serviço de televisão se estabelecia no país. (PHILIPPS, 2008). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O Japão foi um dos primeiros países do mundo a desenvolver a rede televisiva, algo que começou em 1939, sendo explorada na época da guerra. Fato esse que nos anos 1950 algumas importantes transmissoras de televisão foram criadas como a </span><b style="font-family: verdana;">NHK</b><span style="font-family: verdana;"> (1950), a </span><b style="font-family: verdana;">Nippon TV </b><span style="font-family: verdana;">(1953), a </span><b style="font-family: verdana;">TBS</b><span style="font-family: verdana;"> (1955), a </span><b style="font-family: verdana;">TV Fuji</b><span style="font-family: verdana;"> (1957) e a </span><b style="font-family: verdana;">TV Asashi</b><span style="font-family: verdana;"> (1957), foram as grandes emissoras de televisão naquele período, algumas delas como a NHK e a TBS surgiram anteriormente como emissoras de rádio, mas adotaram a nova tecnologia de comunicação. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A década de 1950 para os animes foi marcada por três inovações: a <b>criação das emissoras de televisão</b>, o lançamento de<b> animes dublados e coloridos</b>. Sobre isso destacamos dois casos. <i><b>Mole's Adventure </b></i>(1958) foi o primeiro anime colorido e dublado lançado para a televisão, sendo exibido pela <i>Nippon TV.</i> Ele contava apenas com 9 minutos de duração, apresentando uma aventura simples de uma toupeira em uma fazenda. Era um desenho voltado para o público infantil bem jovem. (CLEMENTS; MCCARTHEY, 2013). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEha-Z1DR0ProAAu6QP_9Cn_mEKZZw42KnMC3eBg_fXPyst5mdZ_ZG3L9ywnru7_lWrMJVAZS6Sip7lahIe4lP0CmhoLz-UEm6s2ilx4DuCTw3NNAh9n20IBM9r0ZrEQz3C5I2MOSO8f23st-uPLnCFijBjnZoJnCxjbQ7v7kgga-P_lb3t_695CO1i7rPfU/s603/Mole's%20Adventure.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="497" data-original-width="603" height="528" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEha-Z1DR0ProAAu6QP_9Cn_mEKZZw42KnMC3eBg_fXPyst5mdZ_ZG3L9ywnru7_lWrMJVAZS6Sip7lahIe4lP0CmhoLz-UEm6s2ilx4DuCTw3NNAh9n20IBM9r0ZrEQz3C5I2MOSO8f23st-uPLnCFijBjnZoJnCxjbQ7v7kgga-P_lb3t_695CO1i7rPfU/w640-h528/Mole's%20Adventure.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Mole's Adventure (1958) foi o primeiro anime colorido a ser exibido na televisão japonesa. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Todavia, a mudança veio mesmo com </span><i><b>Hakujaden</b></i><span style="font-family: verdana;"> (Serpente Branca), filme produzido pela Toei Animation e lançado ainda naquele ano. Tratava-se de um longa-metragem de 78 minutos, que narrava o famoso conto chinês da <i>Serpente Branca</i>, tratando-se de uma produção para o público juvenil e adulto<i>. </i>O filme foi lançado no cinema e fez relativo sucesso no país, além de se tornar produto de exportação, sendo exibido na <b>Itália</b> em <b>1959</b> no <b>Festival de Veneza</b>, e depois foi lançado nos Estados Unidos em <b>1961</b> com o título de <i><b>Panda and the Magic Serpent</b></i>, tendo sofrido vários cortes que alteraram parte da trama, tornando o filme um fiasco comercial. Ainda assim, <i>Hakujaden</i> foi o primeiro filme de anime a ser exibido nos EUA. </span>(CLEMENTS; MCCARTHEY, 2013). </div></span><p></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEistvrUTyNjSrltgEMWB7Wff61CmW-jPOZJ1-APRyY7X9E9ynwopxbYa8O5O0DoO60PUoh4P8HkzabYpXIwJYDtm1as0rFrOc0mssOyTd52yyVb1ndx_i2VcxoCKT0x8ossdzlm53S70pW2cowdj3I6PYD36e4MKQx9yco2gIKh3WrDdDAENN6-Nddw3sVl/s774/hakujaden-cover.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="489" data-original-width="774" height="404" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEistvrUTyNjSrltgEMWB7Wff61CmW-jPOZJ1-APRyY7X9E9ynwopxbYa8O5O0DoO60PUoh4P8HkzabYpXIwJYDtm1as0rFrOc0mssOyTd52yyVb1ndx_i2VcxoCKT0x8ossdzlm53S70pW2cowdj3I6PYD36e4MKQx9yco2gIKh3WrDdDAENN6-Nddw3sVl/w640-h404/hakujaden-cover.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O casal Bai Niang e Xu Xian do filme Hakujaden (1958), o primeiro filme de anime colorido. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Adentrando a década de 1960 ainda teríamos animes em preto e branco, mas eles passaram a serem dublados, além de se tornarem serializados pelos canais de televisão, iniciando assim o <b>costume de assistir desenho animado na televisão</b>.</span><span style="font-family: verdana;"> Um exemplo disso foi o anime </span><b style="font-style: italic;">Astro Boy</b><span style="font-family: verdana;"> (1963-1968), sucesso de Osamu Tezuka nos anos 1950, ganhou sua adaptação para desenho animado, mostrando as aventuras do robô-menino </span><b>Atom</b><span style="font-family: verdana;">, num Japão futurista. O anime acabou sendo dublado para o inglês e outros idiomas como espanhol, francês e italiano ainda naquela década. (PHILIPPS, 2008). </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9fIpJ_TQj_ACqvmePKLlawi9Jfr9DBeuN3r9IywxYExEswOURG7NARlQWB8lM5SUO0ffet_BumkoHWcR4s8o22jsbqavNGeDB01XfmaPlxLC3pow5jjhtxfFKzcz2Y7p64gi6q3waghUX4yDPXqwGbbOhRCMa-8HxdmoYZl26Xssq0CKZDP1cYwmyKpNY/s259/baixados.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="194" data-original-width="259" height="479" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9fIpJ_TQj_ACqvmePKLlawi9Jfr9DBeuN3r9IywxYExEswOURG7NARlQWB8lM5SUO0ffet_BumkoHWcR4s8o22jsbqavNGeDB01XfmaPlxLC3pow5jjhtxfFKzcz2Y7p64gi6q3waghUX4yDPXqwGbbOhRCMa-8HxdmoYZl26Xssq0CKZDP1cYwmyKpNY/w640-h479/baixados.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O anime de Astro Boy (1963-1968) era originalmente em preto e branco e depois foi colorido. Ele é considerado o primeiro anime de sucesso a ser exibido na televisão japonesa, transmitido pela TV Fuji. <br /></span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nos anos 1960 as emissoras de televisão japonesa haviam notado o potencial do mercado de animes, fato essa que algumas começaram a investir em aumentar na sua grade de animes. A <i><b>TV Fuji </b></i>foi uma das precursoras disso, despontando na exibição de vários animes de sucesso, os quais tinham episódios novos exibidos semanalmente. Isso deu início a transmissão periódica de animes na televisão, além de ampliar a quantidade de episódios feitos, se antes os animes eram curtas-metragens, agora graças a influência da serialização dos mangás, os animes passaram a ganhar episódios de 20 minutos (em média), sendo transmitidos semanalmente. À medida que um mangá fazia sucesso, ele ganhava mais capítulos, ampliando sua narrativa, e se o anime também fizesse sucesso, ele se estendia. <i><b>Astro Boy</b></i> foi um dos poucos animes daquele período a passar de 100 episódios. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A procura por mangás de sucesso para movimentar o mercado de anime crescia na década de 1960, condição essa que <i><b>Mach GoGoGo </b></i>(1966-1968), narrativa sobre um jovem piloto chamado <b>Go Mifune</b>, se revelou num sucesso instantâneo. Histórias de corrida eram raras nos mangás, além disso, corridas de automóveis estavam em moda naquele período. Apesar de voltado para o público adolescente, o mangá cativou leitores adultos também por conta da temática automobilística. U</span><span style="font-family: verdana;">m ano após seu lançamento já era um fenômeno no Japão e depois foi traduzido para o inglês sendo renomeado para <i><b>Speed Racer</b></i>, ganhando fãs nos Estados Unidos. O mangá foi rapidamente adaptado para anime, que foi exibido entre 1967-1968, tendo uma temporada de 52 episódios que eram exibidos na <i>TV Fuji</i></span><span style="font-family: verdana;">. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbXKPkHYAik75bwH4wYrAb_mJC8u7HR0vI4HCZEHtnqBiQ33QkfyruH4s4uYVsCQPZaA5uJV1bEfUFj0nXNgWH4HOHol8xVYbu64iLnAo_2QhhWA5NTLBQQcAXcr8r_hCPBQnRIb8Xwd8zckt9rnFfN5C3sptQzJ60He-66AIVMhvrKy4Xkfoq3ifOYhxo/s523/speed-racer-anime.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="350" data-original-width="523" height="428" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbXKPkHYAik75bwH4wYrAb_mJC8u7HR0vI4HCZEHtnqBiQ33QkfyruH4s4uYVsCQPZaA5uJV1bEfUFj0nXNgWH4HOHol8xVYbu64iLnAo_2QhhWA5NTLBQQcAXcr8r_hCPBQnRIb8Xwd8zckt9rnFfN5C3sptQzJ60He-66AIVMhvrKy4Xkfoq3ifOYhxo/w640-h428/speed-racer-anime.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Speed Racer foi um anime que fez rápido sucesso no final dos anos 1960 e foi levado para os Estados Unidos e depois ao Brasil, na década de 1970. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Outra produção famosa nos anos 1960 foi </span><i style="font-family: verdana;"><b>Cyborg 009</b></i><span style="font-family: verdana;">, mangá criado em 1964 por</span><b style="font-family: verdana;"> Shotaro Ishimori</b><span style="font-family: verdana;">, que narrava as missões de um grupo de nove ciborgues que passam a lutar contra uma organização criminosa mundial chamada <b>Black Ghost</b>. A trama virou sucesso e Shotaro publicou o mangá até 1981, nesse período houve dois filmes</span><span style="font-family: verdana;"> lançados em 1966 e 1967, e depois em 1968 saiu o anime. Curiosamente o anime foi lançado em preto e branco devido ao orçamento menor do que dos filmes, os quais eram coloridos. </span></div><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_xQuXlpgAah2bTtGUnEW1AB8w6HKwfxvTsgtjlaukYr-16nzShfF7lezEh79NvS5XzSTbQht6RU95bONj-nwVFpeEp6akwFWOJc-yJBn8hizeLLDwZT5hCLeI9pQpbBlbBGzc2Ex3tNDphOG6s8LZEztX8y5BdVdgs8A46d9j94N49K1fdcPoaCCjFBV_/s480/A1287-74.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="352" data-original-width="480" height="470" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_xQuXlpgAah2bTtGUnEW1AB8w6HKwfxvTsgtjlaukYr-16nzShfF7lezEh79NvS5XzSTbQht6RU95bONj-nwVFpeEp6akwFWOJc-yJBn8hizeLLDwZT5hCLeI9pQpbBlbBGzc2Ex3tNDphOG6s8LZEztX8y5BdVdgs8A46d9j94N49K1fdcPoaCCjFBV_/w640-h470/A1287-74.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O primeiro anime de Cyborg 009 (1968) ainda era em preto e branco, numa época que produções assim já estavam decaindo. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Dessa forma, a década de 1960 encerrou-se com o estabelecimento definitivo dos animes na televisão japonesa, além da exportação de filmes para o exterior e até a tradução de algumas séries animadas como <i>Astro Boy, Speed Racer e Cyborg 00</i>9, que foram exibidos nos Estados Unidos, Brasil, Espanha, Itália e França. Isso tudo contribuiu para que a partir da década seguinte os animes se tornassem mais populares até virarem um fenômeno nos anos 1980 e 1990. </span></div><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Novos públicos e temáticas </b>(1970-1980)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No começo dos anos 1970 um anime que despontou foi <i><b>Ashita no Joe</b></i> (1970-1971), sendo considerado o primeiro <i>spokon</i> (narrativas de esporte) de sucesso. O mangá foi produzido de 1968 a 1973, porém, o anime teve apenas uma temporada, mesmo assim, bastante longa, contando com 79 episódios. A trama acompanhava os desafios e sonhos do jovem boxeador <b>Joe Yabuki</b>, um garoto considerado delinquente juvenil que ganhou a oportunidade de encontrar um rumo para sua vida ao entrar no boxe. A narrativa era voltada para o público juvenil-adulto, abordando temas como solidão, frustração, miséria, esperança, violência urbana, além de que alguns personagens bebiam e fumavam também.</span><span style="font-family: verdana;"> Embora abordasse a temática da luta, não tratava-se de um desenho necessariamente violento como alguns shonen vieram a ser mais tarde. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8Ps7gNUpMr5RMqyW8M-CqSpfj_g15eTGi6BX7-Usigzwy-JRUL5aPonrWaMgJFEOQtkFb5VMaPvlggWsp7ykSW5uju6PcqFVLiGPrhjp1fkoeslUgPyObk3qfjrwcoUHebYJQCDMXQZTDPUJtXWfOy1HyrgJTobHxDek6UWs9KlS5roE6fZdgj5IJU2K6/s955/MV5BM2UwMDViOTEtM2M5OS00Y2UyLTlkZjItZTZiNGI1ZmU1YmFkXkEyXkFqcGdeQXVyNjUxNzk1OTM@._V1_.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="955" height="482" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8Ps7gNUpMr5RMqyW8M-CqSpfj_g15eTGi6BX7-Usigzwy-JRUL5aPonrWaMgJFEOQtkFb5VMaPvlggWsp7ykSW5uju6PcqFVLiGPrhjp1fkoeslUgPyObk3qfjrwcoUHebYJQCDMXQZTDPUJtXWfOy1HyrgJTobHxDek6UWs9KlS5roE6fZdgj5IJU2K6/w640-h482/MV5BM2UwMDViOTEtM2M5OS00Y2UyLTlkZjItZTZiNGI1ZmU1YmFkXkEyXkFqcGdeQXVyNjUxNzk1OTM@._V1_.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O jovem boxeador Joe Yabuki, protagonista de Ashita no Joe. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No quesito de animes cômicos e infantis destacou-se <i><b>Doraemon</b></i>, criado em 1969 por <b>Fujiko Fujio</b>, o gatinho azul tornou-se um sucesso estrondoso, ganhando um anime em <b>1973</b>, porém, foi seu anime de <b>1979</b>, o qual foi transmitido mundialmente, fazendo sucesso em países como Espanha, Itália e França, condição essa que Doraemon ganhou fama definitiva, condição essa que o anime do gatinho azul ainda hoje é produzido, sendo um dos animes com mais episódios já feito. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnYsByPcko8byGw_FjTnBzl0ulbjLvglktWt0yG83ziksynUhombf1pLYKCWYjxbrjtcpXleBcvl4JfEa98o2aHcmSz6UqGmZOjZZLzLU4OMHepQxf_OmPpYU9CwtTUspGUY1YFD4jlYrSfQHnsESHarUTU7pQKJQlAzT9yozW-jyJrMD-ZuGSsXVzWn4l/s550/doreamon550-1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="412" data-original-width="550" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnYsByPcko8byGw_FjTnBzl0ulbjLvglktWt0yG83ziksynUhombf1pLYKCWYjxbrjtcpXleBcvl4JfEa98o2aHcmSz6UqGmZOjZZLzLU4OMHepQxf_OmPpYU9CwtTUspGUY1YFD4jlYrSfQHnsESHarUTU7pQKJQlAzT9yozW-jyJrMD-ZuGSsXVzWn4l/w640-h480/doreamon550-1.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O anime de Doraemon foi lançado em 1973, mas foi com a versão de 1979 que o personagem se tornou um sucesso em outros países. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entretanto, a década de 1970 foi um período que marcou o interesse por animes mais maduros no sentido de ainda manter a comédia, mas a dirigindo para o público adolescente e adulto. Esse foi o caso do</span><span style="font-family: verdana;"> anime de <i><b>Lupin III</b></i>, criado por <b>Monkey Punch</b>, inspirado no personagem <b>Arsène Lupin</b> de <b>Maurice Leblanc</b> e no espião <b>James Bond </b>de <b>Ian Fleming</b>. Monkey Punch combinou ideias de ambos os personagens criando um ladrão franzino, engraçado e astuto, que acompanhado de seu grupo formado pelo pistoleiro <b>Daisuke Jigem</b>, o samurai <b>Goemon Ishikawa</b>, e a bela ladra <b>Fujiko Mine</b></span><span style="font-family: verdana;">, cometiam roubos através do mundo, sendo perseguidos pelo inspetor <b>Zenigata</b>, que tenta prendê-los a todo custo. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><i>Lupin III </i>foi publicado como mangá de 1967 a 1972, rendendo um anime de 23 episódios produzido pela <b><i>Tokyo Movie Shinsha</i></b>, sendo exibido entre 1971-1972. Enquanto o mangá possui um teor mais adulto, envolvendo romance policial, temas adultos (bebidas, fumo, apostas, nudez etc.), o anime teve que suavizar algumas dessas coisas por conta da faixa etária na televisão, entretanto, o primeiro filme da franquia, intitulado <i><b>Lupin III: O Segredo de Mamo</b></i> (1978), trouxe tudo que ficou de fora no anime por conta da censura. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrV2ikX4uEBqaWFnQmA8plTN1qJVrPQTAgZhXz61wPfNiNeCkGrEXcBXtsquS1T19jOmeXKT3RTvB53sh-pvRWpfBE8qJCwAcWDWqPrGjbYQyZAY9fg5jH7zFpRXm-PJ-nGNQdDHmzFjLSl3xpBQWvb2E3WuU4rfkXBGf9pTcxdehqkK6rOFl6BMSnXEaV/s1000/61SRfOGY1FL._AC_UF894,1000_QL80_.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="679" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrV2ikX4uEBqaWFnQmA8plTN1qJVrPQTAgZhXz61wPfNiNeCkGrEXcBXtsquS1T19jOmeXKT3RTvB53sh-pvRWpfBE8qJCwAcWDWqPrGjbYQyZAY9fg5jH7zFpRXm-PJ-nGNQdDHmzFjLSl3xpBQWvb2E3WuU4rfkXBGf9pTcxdehqkK6rOFl6BMSnXEaV/w434-h640/61SRfOGY1FL._AC_UF894,1000_QL80_.jpg" width="434" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capa brasileira do primeiro filme de Lupin III. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">O filme foi o primeiro longa-metragem do personagem no cinema, contendo seu humor irreverente, piadas sexistas, piadas de duplo sentido, consumo de cigarros e bebidas alcoólicas, tiroteios, cenas de ação mirabolantes, trama maluca, referências a personagens históricos e obras de artes, elementos de ficção científica, ecchi e até nudez. Inclusive o filme é famoso por mostrar a nudez da Fujiko Mine em alguns momentos, além de um Lupin mais tarado. Características que mostram que se tratava de um filme para o público adulto. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nos anos 1980 enquanto os shonen ainda iriam se popularizar, algo comentado no tópico a seguir, animes de comédia ainda eram populares como <i><b>Don Dracula</b></i> (1982) e <i><b>Dr. Slump </b></i>(1981-1986), o primeiro sucesso de <b>Akira Toriyama</b> (antes de ele lançar <i>Dragon Ball</i>), todavia, o interesse pela comédia romântica cresceu nesse período, originando desenhos como <i><b>Urusei Yatsura</b></i> (1981-1986), o qual contava com suas doses ecchi, afinal em vários momentos a protagonista vestia-se apenas com biquíni ou usava pouca roupa. Essa questão da comédia e do ecchi é algo visto também em <i><b>Ranma 1/2</b></i> (1989-1992), trama que brinca com a troca de gênero do protagonista. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixd86cWA5C6cmlLFJHkm0ugIkmMF7-lt5bGFySlqHxM8BBPMy39xFabDiehlOquCZApOFHEROnSLYJQaqBGq_7TPh9Kc_3g3UolYSspdayRrM-w6-OIpxcgKffmMXb779TX0hB8NwN6SSVbAd-EKy9QTR4iTX1LLQYp7BnPgnZbNiOzikjE_UpmV8hjHvG/s1024/capa.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1024" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixd86cWA5C6cmlLFJHkm0ugIkmMF7-lt5bGFySlqHxM8BBPMy39xFabDiehlOquCZApOFHEROnSLYJQaqBGq_7TPh9Kc_3g3UolYSspdayRrM-w6-OIpxcgKffmMXb779TX0hB8NwN6SSVbAd-EKy9QTR4iTX1LLQYp7BnPgnZbNiOzikjE_UpmV8hjHvG/w640-h480/capa.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Personagens principais de Ranma 1/2.</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Porém, além desses casos cômicos, animes sobre temática espacial e ficção científica se destacaram nesse período, principalmente influenciados por <i><b>Mobile Suit Gundam</b></i> (1979-1980) que popularizou os animes de robôs gigantes (mechas), criando toda uma franquia que ganharia novos animes, mangás, filmes e jogos. Alguns animes influenciados por <i>Gundam</i> foram <i><b>Macross: Guerra das Galáxias</b></i> (1982), <i><b>Voltron</b></i> (1984) e <i><b>Bubblegum Crisis</b></i> (1987-1991).</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3yjdThTL2hReX3AAk3_pF9eLpT5Iwa5xtwdjiS1Pd9WVE0Q8fomeGhyzlIg393Ge2GpQp-_8uRJJTlZJrCLgYEBTgEZYdhrwJstMz8vw-6-iIz7C-D0NFq2n6gqkv_7C7okmaNmqx7vjMAmRujaQ4UBSOLkP9xmnaK-0wYDVb-OpjU4RzUhR2E3iKkgWS/s600/gundam_full.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="338" data-original-width="600" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3yjdThTL2hReX3AAk3_pF9eLpT5Iwa5xtwdjiS1Pd9WVE0Q8fomeGhyzlIg393Ge2GpQp-_8uRJJTlZJrCLgYEBTgEZYdhrwJstMz8vw-6-iIz7C-D0NFq2n6gqkv_7C7okmaNmqx7vjMAmRujaQ4UBSOLkP9xmnaK-0wYDVb-OpjU4RzUhR2E3iKkgWS/w640-h360/gundam_full.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gundam popularizou os animes mecha. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">O interesse por animes policiais também cresceu na década de 1980, sendo produções voltadas para adolescentes e adultos, algo visto em <i><b>Cat's Eye</b></i> (1983-1984), que narra as aventuras de três irmãs ladras; <i><b>City Hunter</b></i> (1987-1988) que acompanhava as investigações de crimes por um detetive particular e um ex-policial, e <i><b>Patlabor</b></i> (1989), o qual apresenta uma força-tarefa policial que faz uso de robôs gigantes. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvcK6yKLd0UCLmPZZY9Lbt-QKMHEwcx9NDktezN35lO2dhzhxwffdpZDB8klnjHOgO4ZwvIyuOBO1Xy48L4CVuWLhCmb1pn9pJcFF1Ilw7jlKlSuTd4gBfjUNtZMFDET49uJsshNXibm0iHHXXO189b4PIQJY9EjguXQyB_GKW4NZ3YFqyDrnILC0hMQzX/s680/Cats-Eye-Header.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="680" height="376" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvcK6yKLd0UCLmPZZY9Lbt-QKMHEwcx9NDktezN35lO2dhzhxwffdpZDB8klnjHOgO4ZwvIyuOBO1Xy48L4CVuWLhCmb1pn9pJcFF1Ilw7jlKlSuTd4gBfjUNtZMFDET49uJsshNXibm0iHHXXO189b4PIQJY9EjguXQyB_GKW4NZ3YFqyDrnILC0hMQzX/w640-h376/Cats-Eye-Header.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Arte promocional das Cat's Eye, anime policial que destacou-se por ter protagonistas femininas. </td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>A popularização do shonen </b>(1980-2000)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os mangás shonen consistem em narrativas dirigidas ao público masculino adolescente entre seus 12 e 18 anos, tratando-se de histórias sobre heroísmo, batalhas, superação, esforço e amizade. São popularmente chamados no Brasil de <b>"animes de lutinha"</b> devido a grande ênfase dada a esse tipo de ação. Assim, a partir da popularização dos mangás shonen dos anos 1980, houve um crescimento considerável na produção de animes que adaptavam esses mangás, gerando uma disputa de audiência na tv japonesa, ao mesmo tempo em que esses animes atraíram a atenção de estúdios e distribuidoras de outros países, que passaram a dar maior atenção a esse tipo de produto. (DENISON, 2015). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nos anos 1980 animes de aventura e comédia ainda estavam alta, mas começaram a despontar os shonen como <i><b>Dragon Ball Z</b></i>, <b style="font-style: italic;">Os Cavaleiros do Zodíaco</b> e <b style="font-style: italic;">Jojo's Bizarre Adventure</b>. Os dois primeiros fizeram rápido sucesso nos <b>Estados Unidos, Brasil e México</b>, sendo até exibidos também em parte da Europa como <b>França, Portugal e Espanha</b>. Todavia, a popularidade de DB e CDZ nos anos 1990 no Brasil e Estados Unidos alavancou o interesse do público ocidental por animes, já que normalmente os animes exibidos eram de comédia, mais voltada para o público infantil ou filmes de longa-metragem que passavam raramente na tv aberta, tendo que se recorrer ao VHS para assisti-los. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjPOw_XHvqJ7dCpFjv6TjZo-Ncbd-AaGFLFGw3635zNT7uN7PYs_FeFLJcTPjYkbIcBsU3UZD6GmnKSFY1ar0P97HFv_dR9dZfUvXM_1dNhc8zOATsOGgujMNuREc8Zzl0iq6NIck8EMRX40O06yCtmvH-njQ7vOwFpYgldfNEDmZzuCxTWQJxHBztI8p4/s800/cavaleiros-do-zodiaco-x-dragon-ball-11281624-211220171527-qeq38er2ckai14x9mnbkcjstua2i0x9m8owq42dl0u.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="555" data-original-width="800" height="444" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjPOw_XHvqJ7dCpFjv6TjZo-Ncbd-AaGFLFGw3635zNT7uN7PYs_FeFLJcTPjYkbIcBsU3UZD6GmnKSFY1ar0P97HFv_dR9dZfUvXM_1dNhc8zOATsOGgujMNuREc8Zzl0iq6NIck8EMRX40O06yCtmvH-njQ7vOwFpYgldfNEDmZzuCxTWQJxHBztI8p4/w640-h444/cavaleiros-do-zodiaco-x-dragon-ball-11281624-211220171527-qeq38er2ckai14x9mnbkcjstua2i0x9m8owq42dl0u.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Os Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball Z foram os animes shonen que ajudaram a popularizar o consumo de animes no Ocidente. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Com o sucesso desses shonen, isso alavancou desenhos até de outras classificações como <i><b>Yu Yu Hakusho, Sakura Cards Captors, Sailor Moon, Samurai X, Yu-Gi-Oh!, Pokémon, Digimon</b></i>, <i><b>Slum Dunk</b></i>, <i><b>Hunter x Hunter</b></i> até chegarmos ao começo dos anos 2000 com <i style="font-weight: bold;">Naruto, One Piece, Bleach</i>, <i><b>Fullmetal Alchemist</b></i>, <i><b>Inuyasha</b></i>, <i><b>Shaman King</b></i>, <b style="font-style: italic;">Medabots, Beyblade, Death Note</b> etc. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No Brasil, a <i><b>TV Manchete</b></i> foi pioneira na exibição de animes, a maioria de comédia e aventura voltada para o público infantil. Muitas das produções eram até pouco conhecidas na época. Entretanto, o boom pelos animes na televisão brasileira ocorreu na década de 1990, onde a<i> Manchete </i>passou a disputar com a <i><b>Globo </b></i>e a <i><b>Band </b></i>esse mercado. Posteriormente a Manchete fechou e nos anos 2000 o <i><b>SBT</b></i> assumiu seu lugar na concorrência. A Record também tentou ingressar nesse mercado, mas não conseguiu sustentar a concorrência. Já na tv fechada no Brasil, o canal americano <i><b>Cartoon Netwoork</b></i> se tornou o principal distribuidor de animes no país. Depois dele foi a <i><b>Fox Kids</b></i>. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF6OTjkn5ZFKexeqlc5Fi7QUWODsD-4tvVGN6OXz9P_nj4Ey-r6rrc9uYtlIW4Ism_Cr8rKoc4Q-N0zFxhf6I9oOsvuegjWOrXXzKquMfekMPmOdbvxCQmVXde6pM1XBlTVoViexBZ6d8ZWG9IgI7sODSECwiDbD0qJJs6oP6aooqtsNG3mydWTPAHWqZ5/s1284/animes-brasil.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="726" data-original-width="1284" height="362" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF6OTjkn5ZFKexeqlc5Fi7QUWODsD-4tvVGN6OXz9P_nj4Ey-r6rrc9uYtlIW4Ism_Cr8rKoc4Q-N0zFxhf6I9oOsvuegjWOrXXzKquMfekMPmOdbvxCQmVXde6pM1XBlTVoViexBZ6d8ZWG9IgI7sODSECwiDbD0qJJs6oP6aooqtsNG3mydWTPAHWqZ5/w640-h362/animes-brasil.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">No Brasil o auge dos animes na tv aberta foi entre 1994 e 2005. </td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Apesar da popularização dos animes de ação e aventura (usando aqui um conceito ocidental), não significou que tudo estava bem. Autoridades japonesas, americanas, brasileiras e de outros países questionavam dois elementos principais nesses desenhos televisionados: a violência e o erotismo (ecchi). No Japão houve censura de questões mais pesadas presentes nos mangás que foram adaptadas para os animes, mas isso variava de produção para produção e do canal televisionado. Por exemplo, o anime de <i><b>Dragon Ball</b></i> (1986-1989) possui altos índices de ecchi, mas não foi censurado no Japão, porém, em outros países isso ocorreu várias vezes. Por sua vez, no anime <i><b>Yu Yu Hakusho</b></i> (1992-1994) o protagonista Yusuke Urameshi não fuma como ocorre no mangá. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Além disso, alguns animes voltados para o público adulto foram também lançados nos anos 1990 como <i><b>Bastard</b></i>, <i><b>Berserk</b></i>, <i><b>Ghost in the Shell</b></i>, <i><b>Neon Genesis Evangelion</b></i>, <i><b>Trigon</b></i>, <i><b>Serial Experiments Lain</b></i>, <i style="font-weight: bold;">Cowboy Bebop </i>e o filme <i><b>Perfect Blue</b></i> (1997), todos com temáticas mais sérias, violentas, psicológicas e até com altas doses de ecchi, apesar que alguns animes para o público adolescente como <b style="font-style: italic;">Tenchi Muyo!</b>, foram censurados em outros países por conta dos elementos sensuais presentes. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD6WRCAOsVYXiH65mE9EZ_NoDIq6Ce92APXFEm0qkdPA-LA1JBF-t-Pb3syYajtgWqjgZwDHdlWamiH-4RQIMdbiGdBnEj1OQECNER8TlZA9C7gsNbZvOd4umF_l-9lk-W7B9bt2efKbdisDE2ZjBzqU57tWwr23g_Sv2HYVJLE-gXp7lp9inM7jvMc9Bf/s375/Berserk_(1997_anime),_DVD_cover_1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="375" data-original-width="265" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD6WRCAOsVYXiH65mE9EZ_NoDIq6Ce92APXFEm0qkdPA-LA1JBF-t-Pb3syYajtgWqjgZwDHdlWamiH-4RQIMdbiGdBnEj1OQECNER8TlZA9C7gsNbZvOd4umF_l-9lk-W7B9bt2efKbdisDE2ZjBzqU57tWwr23g_Sv2HYVJLE-gXp7lp9inM7jvMc9Bf/w452-h640/Berserk_(1997_anime),_DVD_cover_1.jpg" width="452" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa do DVD com a série de Berserk de 1997. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><b>O Studio Ghibli</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;">Em <b>1985</b> foi fundado por <b>Hayao Miyazaki</b>,<b> Isao Takahata</b>, <b>Toshio Suzuki e Yasuyoshi Tokuma</b> o <i>Studio Ghibli</i>, o qual atualmente é mundialmente conhecido e respeitado no mundo das animações, tendo ganho vários prêmios, inclusive um Oscar em 2002. O primeiro filme do estúdio foi <i><b>O</b></i> <i><b>Castelo do Céu</b></i> (1986), baseado na ilha flutuante de<b> Laputa</b>, encontrada no livro <i><b>As Viagens de Gulliver</b></i> (1726). Entretanto, o estúdio somente começou a ganhar fama no cenário japonês dois anos depois com o lançamento de<i> <b>Meu Amigo Totoro</b></i> (1988) e o <b><i>Túmulo dos Vagalumes </i></b>(1988). Ambos os filmes são bem contrastantes, pois enquanto o primeiro é uma comédia, o segundo é um drama que se passa após o término da Segunda Guerra, acompanhando a tragédia de dois irmãos órfãos. <i>O Túmulo dos Vagalumes</i> é considerado até hoje o filme mais triste do Studio Ghibli, embora seja uma de suas obras-primas. (DENISON, 2015). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpb2XKAav1QUqUJi57IUfA4g5AZ21GVzGQZgZrF8Y92gewvkugnx5mv4qznP3eXMbqR5i9gwCXcWI_Rlt_ECtgr2SwdgffDmCT5M3pre1fgSQSTQQr4ExRS4PwzKLTyDOdF-1mLdY_TV0vtRNj9miLGpbdrg5JzB0E2pc6wlO2NIpCFByfQVO9ftz3nL37/s625/tonari-no-totoro-hotaru-no-haka_opt.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="440" data-original-width="625" height="450" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpb2XKAav1QUqUJi57IUfA4g5AZ21GVzGQZgZrF8Y92gewvkugnx5mv4qznP3eXMbqR5i9gwCXcWI_Rlt_ECtgr2SwdgffDmCT5M3pre1fgSQSTQQr4ExRS4PwzKLTyDOdF-1mLdY_TV0vtRNj9miLGpbdrg5JzB0E2pc6wlO2NIpCFByfQVO9ftz3nL37/w640-h450/tonari-no-totoro-hotaru-no-haka_opt.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cartazes originais de <i>Meu Amigo Totoro</i> e <i>O Túmulo dos Vagalumes</i>, ambos lançados em 1988. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Diferente de outros estúdios japoneses, o Ghibli se especializou na produção de longas-metragens para o cinema, tendência que mantém até hoje, apesar que o estúdio já produziu também curtas-metragens, comerciais e até fez o designer de alguns jogos de videogame como<i><b> Ni No Kuni </b></i>(2010). Apesar disso, o estúdio segue sendo mundialmente conhecido por suas produções para o cinema, algo que começou a despontar em 1996, quando a <i><b>Walt Disney</b></i> se tornou a única distribuidora dos filmes do Ghibli, nos Estados Unidos, o que contribuiu para o aumento do conhecimento do seu trabalho, período que inclusive englobou o lançamento de <i><b>A Princesa Mononoke</b></i> (1997), outro clássico do estúdio, já sendo um filme um pouco mais violento. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os filmes do <i>Studio Ghibli </i>costumam girar em torno de temáticas com comédia, aventura, drama e fantasia. É evidente que há produções que puxam para um lado mais trágico como <i><b>O Túmulo dos Vagalumes</b></i>, outras que exploram mais o drama como <i><b>Vidas ao Vento</b></i> (2013), outros exploram a fantasia como <i><b>O Castelo do Céu</b></i> (1986), <i><b>A Princesa Mononoke </b></i>(1997), <i><b>O</b></i> <i><b>Castelo Animado </b></i>(2006), <i><b>Ponyo</b></i> (2008) e <i><b>A Viagem de Chihiro</b></i> (2001), o primeiro e único filme do estúdio a ter ganho o Oscar de melhor animação, embora outras produções foram indicadas a esse prêmio também. (DENISON, 2015). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbW4nK-FijMOGQF2KdGJlmIqZghHtqlzRhI82NF8qW18d5ruLeP7kcW8kNsO3SnvyuzA0yb-qVIEYQQPV2RyaHUjZdOAP-qxCqtRt1u77buKJCXlQinTmtRXIiSx2yuuWHRmXc3GP68_9SaOxv99uDTsrV4_p7OlBI82_ZJ09WOYzA8xfl8Rs5VZbWZXKX/s819/21052756_20131024195513383.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="819" data-original-width="561" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbW4nK-FijMOGQF2KdGJlmIqZghHtqlzRhI82NF8qW18d5ruLeP7kcW8kNsO3SnvyuzA0yb-qVIEYQQPV2RyaHUjZdOAP-qxCqtRt1u77buKJCXlQinTmtRXIiSx2yuuWHRmXc3GP68_9SaOxv99uDTsrV4_p7OlBI82_ZJ09WOYzA8xfl8Rs5VZbWZXKX/w438-h640/21052756_20131024195513383.jpg" width="438" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cartaz brasileiro de A Viagem de Chihiro (2001). </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Apesar de nem todas as produções do Ghibli serem excelentes, no entanto, o estúdio redefiniu os longas-metragens de anime, colocando seu próprio estilo de desenho, deixando de lado muitos clichês, assim como, não adentrou a popularização dos shonen, tampouco adotou violência e sensualidade exagerados. Até a comédia dos seus filmes é mais leve, embora não signifique que os dramas sejam tão leves assim, além de que algumas produções possuem críticas sociais e reflexões filosóficas. Filmes como <i><b>O Túmulo dos Vagalumes</b></i> (1988), <i><b>Porco Rosso</b></i> (1992) e <i><b>O Castelo Animado</b></i> (2006), trazem reflexões sobre as consequências da guerra. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>VHS, DVDs, OVAs e ONAs</b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em <b>1976 </b>a empresa <i><b>Japan Victor Companhy</b></i> (JVC) lançou o <b>vídeo cassete </b>e a <b>fita VHS </b>(Vídeo Homem System), na década de 1980 essa tecnologia já era comum em várias cidades japonesas o que potencializou o mercado de filmes e animes. Sendo assim, filmes animados que haviam passado nos cinemas durante as décadas de 1960 e 1970, agora podiam ser comprados em VHS, além disso, os animes daquela década, vários citados nos tópicos anteriores, aproveitaram para explorar essa mídia física, lançando filmes de séries famosas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><div>Embora os animes dos anos 1980 foram marcados pelo tom cômico, havendo também histórias de romance e fantasia, no entanto, houve o lançamento de vários filmes com temáticas mais sérias e sombrias como <i><b>Golgo 13</b></i> (1983) sobre um assassino, sendo baseado no mangá dos anos 1960; <i><b>Vampire Hunter D</b></i> (1985), que apresenta um caçador de vampiros; o polêmico <i><b>Wicked City</b></i> (1986) que aborda terror e erotismo, e o clássico cyberpunk <i><b>Akira</b></i> (1988); todas produções adultas, a quais nem chegavam a serem exibidas no cinema, sendo lançadas diretamente em VHS. </div><div><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit03RowWTIDmCfI24d0At8NDnLej71t00PL7J78LMb2fE15zMP6TA2fxhuTOAaB1BghoG5Qzz7oe3Yk2ET2deEOrOQm4mFBwtK7lBIOW1yhV3LGcmQxmPTVI-egkKnSvGU0SQ8cZTB1U51ZFCOvmO3vIjMmLsMxzcJMBZqu4PeiTSwFsnU8SY6dumsy8q2/s1600/MV5BZGM4MTVmZDctZWVlMi00ODU1LThiZjAtNGU3ZmM2OTMyZTNmL2ltYWdlL2ltYWdlXkEyXkFqcGdeQXVyMzM4MjM0Nzg@._V1_.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit03RowWTIDmCfI24d0At8NDnLej71t00PL7J78LMb2fE15zMP6TA2fxhuTOAaB1BghoG5Qzz7oe3Yk2ET2deEOrOQm4mFBwtK7lBIOW1yhV3LGcmQxmPTVI-egkKnSvGU0SQ8cZTB1U51ZFCOvmO3vIjMmLsMxzcJMBZqu4PeiTSwFsnU8SY6dumsy8q2/w640-h480/MV5BZGM4MTVmZDctZWVlMi00ODU1LThiZjAtNGU3ZmM2OTMyZTNmL2ltYWdlL2ltYWdlXkEyXkFqcGdeQXVyMzM4MjM0Nzg@._V1_.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Akira (1988) é um dos filmes de anime mais famosos da década de 1980. </td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nos anos 1990 o mercado de filmes de animes para VHS proliferou para outros países como Estados Unidos, Brasil, França, Portugal, Espanha, Itália, México, China, Coreia do Sul etc., à medida em que <b>locadoras de filmes</b> se espalhavam, os aparelhos de vídeo cassete se tornavam mais acessíveis, além de haver <b>bancas de revistas que até vendiam tais filmes</b> também, alguns acompanhados de revistas sobre a temática e pôsteres. Gerando o crescimento dessa produção, pelo menos entre os animes mais populares, um caso singular diz respeito a <i><b>Dragon Ball Z</b></i>, o qual de 1989 a 1996 teve o lançamento de 13 filmes! </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirlt9HT2qcxXSEh8LTUD7B7sglDZZnB_4p-kImDYiWhjCXm2KuoXL7hx8oC5umq6__O4cOIAcYW3OteJIT2zx93vf707KRMwsfxRmUAT7zf1YbfM_R_XMyuLOqvzx2apeXzf6xET_OipZVOdQ-pqwPIi8GgHKsN3_ka5XdSE907TVNT3XokFnAjNRRah-y/s640/404358234139278.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="481" data-original-width="640" height="482" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirlt9HT2qcxXSEh8LTUD7B7sglDZZnB_4p-kImDYiWhjCXm2KuoXL7hx8oC5umq6__O4cOIAcYW3OteJIT2zx93vf707KRMwsfxRmUAT7zf1YbfM_R_XMyuLOqvzx2apeXzf6xET_OipZVOdQ-pqwPIi8GgHKsN3_ka5XdSE907TVNT3XokFnAjNRRah-y/w640-h482/404358234139278.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Alguns filmes de DBZ em VHS na edição brasileira. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Nos anos 2000 o VHS entrou em declínio diante da concorrência do <b>DVD</b> (Digital Video Disc), o qual embora tenha surgido em 1994, ainda era tecnologia cara em vários países, somente depois de 2000 é que ele começou a baratear a ponto de suplantar o uso de VHS. A mídia do DVD permitia maior capacidade de armazenamento, melhor qualidade de imagem e som, além de uma durabilidade mais longeva, apesar de ser uma mídia mais frágil do que a fita de VHS. De qualquer forma, os animes começaram a adotar essa transição também. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Um destaque para isso foi o caso do anime<i><b> Detetive Conan</b></i> (1996-presente), o qual possui mais de 1.100 episódios, sendo uma febre no Japão, e tendo relativo sucesso nos Estados Unidos, embora no Brasil não ganhou espaço. De 1997 a 2015, quando o comércio de DVD entrou em declínio, foram lançados 19 filmes. Outras produções do período também aproveitaram para apostar no DVD para lançarem muitos filmes foi o caso de <b style="font-style: italic;">Naruto </b>(2002-2017), que teve 11 filmes lançados entre 2004 e 2015. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8en_0H8KaqD0sfgl1L_mGZgt0137XNemk3Y9IEXWcMcCzdJlkcU7f3GGbj8nn22AUI0sFZoxDyN9taZQ6GTGMUajoyFRia9ljFczU5Hoza0sH5PIaMQo2AnzHgX1L-lQWodkOY2vBd5tR1Rbuu015HgMiLAIhxxwCD6zMtbZCYVFIR6FgUELYlicnipMg/s1920/dajbnm0-923bb1eb-6ccc-42b3-acbd-1805acd0fb9c.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1920" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8en_0H8KaqD0sfgl1L_mGZgt0137XNemk3Y9IEXWcMcCzdJlkcU7f3GGbj8nn22AUI0sFZoxDyN9taZQ6GTGMUajoyFRia9ljFczU5Hoza0sH5PIaMQo2AnzHgX1L-lQWodkOY2vBd5tR1Rbuu015HgMiLAIhxxwCD6zMtbZCYVFIR6FgUELYlicnipMg/w640-h360/dajbnm0-923bb1eb-6ccc-42b3-acbd-1805acd0fb9c.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Alguns DVDs dos filmes de Detetive Conan na edição americana, em que o anime é chamado de Case Closed. </td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mas além da produção de filmes para o formato VHS ou DVD, essas duas mídias físicas ajudaram de uma segunda maneira a popularizar os animes, isso ocorreu através da produção de <b>OVA </b>(Original Vídeo Animation). <b>As OVAs consistem em episódios especiais, episódios de spin-off ou minisséries</b>, os quais eram lançados diretamente para o consumo doméstico. Os episódios das OVAs variam de 20 a 60 minutos, não chegando a serem longa-metragem como os filmes. Algumas OVAs inclusive possuíam uma melhor qualidade em animação e visual por conta de terem mais tempo para o acabamento, pois no caso de uma minissérie, os episódios poderiam ser lançados com meses de intervalo um do outro. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-6HPBSrNMV_MYvCZjpp1ClVle3VXprD5_ujht64ikDEohbaatUhI96_6T2QOUtNf4n-wKWotnXHeMFnOEGkQ2c9Mz-ipcoCSys6AFJsXtCTdhMQ1Q4BzclNsEAQcY-8i8hRqHj2OiHjVFk1z-lfqvely8yhdoME4alUOfpHSCWEbAeHVSB32L9TgdVJMt/s1200/8359bbe987d570e8933e55735e83e443.jpe" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="675" data-original-width="1200" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-6HPBSrNMV_MYvCZjpp1ClVle3VXprD5_ujht64ikDEohbaatUhI96_6T2QOUtNf4n-wKWotnXHeMFnOEGkQ2c9Mz-ipcoCSys6AFJsXtCTdhMQ1Q4BzclNsEAQcY-8i8hRqHj2OiHjVFk1z-lfqvely8yhdoME4alUOfpHSCWEbAeHVSB32L9TgdVJMt/w640-h360/8359bbe987d570e8933e55735e83e443.jpe" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gunbuster foi uma popular minissérie lançada em seis OVAs entre 1988 e 1989, tratando-se de um anime de mecha. </td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Neste caso, o mercado de OVAs surgiu no Japão ainda na década de 1980, quando proliferou uma produção massiva, os quais abordavam temas de fantasia, aventura, comédia adulta, ação, trama policial, ficção científica, terror, erotismo e hentai (anime pornográfico). Essas OVAs na <b>maioria das vezes eram de produções originais</b>, não necessariamente baseadas na adaptação de mangás, mas em roteiros próprios. Por conta das OVAs não necessitarem em serem censuradas para serem exibidas na televisão, tais episódios poderiam em alguns casos apresentarem maior índice de violência, nudez, sexo, palavrões e consumo de bebidas alcoólicas, cigarros e drogas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIsPJbkzdca5lC-5vduJ3HASIIAqTWH22Iw0c-F_3mQenrMhSyGPaxy5JpEmvfDQ61vLzN1j1csqNffxsnIVBDnWnzz0Wl8uqb6p-mVvSeQpkb-Y4T0mzTys538TU0EmFjjC6oFT7mTyOLK6aMkMs1l5VauFGspxw6jf6tIMbxvzrvj4xF7xLrO2e7DiL9/s1412/MV5BMTEyNjM1MzktM2M5MS00YjRiLWIyODItZDA0OWU0ZWU3ZWZjXkEyXkFqcGdeQXVyMTE1Mzk1MzQ1._V1_FMjpg_UX1000_.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1412" data-original-width="1000" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIsPJbkzdca5lC-5vduJ3HASIIAqTWH22Iw0c-F_3mQenrMhSyGPaxy5JpEmvfDQ61vLzN1j1csqNffxsnIVBDnWnzz0Wl8uqb6p-mVvSeQpkb-Y4T0mzTys538TU0EmFjjC6oFT7mTyOLK6aMkMs1l5VauFGspxw6jf6tIMbxvzrvj4xF7xLrO2e7DiL9/w284-h400/MV5BMTEyNjM1MzktM2M5MS00YjRiLWIyODItZDA0OWU0ZWU3ZWZjXkEyXkFqcGdeQXVyMTE1Mzk1MzQ1._V1_FMjpg_UX1000_.jpg" width="284" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O popular jogo de luta Darkstalkers teve sua história adaptada em quatro OVAs, lançadas entre 1997 e 1998. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Outro tipo de temática de animes que surgiu e cresceu na década de 1980 foram os <b>animes eróticos </b>e os controversos <b>hentais</b>, os quais são histórias pornográficas. Mangás hentais já existem desde o século XIX, advindo da arte erótica dos períodos anteriores. No caso dos animes esse tipo de produção somente ganhou relevância nos anos 1980 graças as OVAs, pois permitiam que tais produções não fossem censuradas e pudessem serem feitas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Assim, a série <i><b>Lolita Anime</b></i> (1984-1985) com seis OVAs é considerado o primeiro anime hentai. A produção era bastante polêmica mesmo para época, pois as personagens lembravam adolescentes, além de incluir lesbianismo e fetiches sexuais. Esse tipo de produção abriu caminho para a franquia <i><b>Cream Lemon</b></i> (1984-1987), a qual popularizou as OVAs eróticas e pornográficas, ganhando até novas séries na década de 1990 e começo dos anos 2000. Apesar de polêmico, o mercado de animes hentais ainda contínua em produção. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nos anos 1990 e 2000 o formato de OVAs continuou a ser utilizado, levando até mesmo a publicação de continuações ou prequels de animes famosos. Por exemplo, <i><b>Samurai X</b></i> (1996-1998) recebeu quatro OVAs em 1999, que apresentavam o passado do protagonista<b> Kenshin Himura</b>, por sua vez, em 2001 saíram duas OVAs que resumiam o arco final do mangá que não foi adaptado para o anime. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqLRxj2O1UgoLdnaaNPSvbrQ4mE31d6tXWNZ3WH6XHvqJvRAnKw7k9z4QdQdov9p9ZdBEmW0SEUyYCtnY9EMqjTgKExzIq872XuYo7s-XJ7UO-dm7J4vC_dz-6HkNeMLrQgblh5cxfCzIETglVk-hOHw9SEcHNcEHgF0SPlBzSjq9-ACVLzX0BFCfj14nD/s372/Rurouni_Kenshin_Trust_&_Betrayal_BD.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="372" data-original-width="278" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqLRxj2O1UgoLdnaaNPSvbrQ4mE31d6tXWNZ3WH6XHvqJvRAnKw7k9z4QdQdov9p9ZdBEmW0SEUyYCtnY9EMqjTgKExzIq872XuYo7s-XJ7UO-dm7J4vC_dz-6HkNeMLrQgblh5cxfCzIETglVk-hOHw9SEcHNcEHgF0SPlBzSjq9-ACVLzX0BFCfj14nD/w299-h400/Rurouni_Kenshin_Trust_&_Betrayal_BD.png" width="299" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa do DVD da versão japonesa das quatro OVAs de Samurai X, lançadas em 1999. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Outro caso interessante ocorreu com o anime <b style="font-style: italic;">Os Cavaleiros do Zodíaco</b>, pois a<i><b> Saga de Hades</b></i> (2002-2008) foi lançada em 31 episódios de OVAs, não tendo sido transmitida na televisão. Essa saga marcou a continuação do famoso anime, mas devido a questões financeiras dos estúdios, espaço para exibição na grade da tv aberta, entre outros fatores, optou-se em lançar toda essa temporada em DVD, a qual foi dividida em três partes e levou seis anos para ser concluída. O exemplo de CDZ é uma exceção, pois raramente animes recebiam temporadas ou arcos inteiros em formato de OVA. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mas outro exemplo envolvendo OVAs advém do anime <i><b>Hellsing</b></i> (2001-2002), que contou com 13 episódios, mas devido as mudanças de roteiro e censura, a trama ficou bem diferente da vista no mangá, recebendo várias críticas dos fãs. Anos depois decidiram refazer o anime de forma mais fiel como vista no mangá, mas por se tratar de uma narrativa bastante violenta e pesada, envolvendo terror, violência exagerada e nazismo, decidiu-se produzi-lo no formato de OVAs, totalizando 10 episódios que foram lançados entre 2006 e 2012. O novo anime foi intitulado <i><b>Hellsing Ultimate</b></i>. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX-kKkNWz_pvnVz8HGVTlrL75DRw9hjroInOzAoP2UeiIWl1yU1ox0i8CanE1ARi6AYb2gOYyHdO6oWQwFa5qDvDGBCzw0FYVEvk1Orf0Ydnq5I9KOksvvOLJP0B3XKQPaLhQggI53C7tB0tWx8K_2Xf1lZTQpY7C8sdYb2DMUEQMwJr_mlvoDRxxJmYDM/s1600/9fbba35b97d8849b10a6d3c56468548c4661dd1a43921e8a4c3dd742f6949d5a._RI_TTW_.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX-kKkNWz_pvnVz8HGVTlrL75DRw9hjroInOzAoP2UeiIWl1yU1ox0i8CanE1ARi6AYb2gOYyHdO6oWQwFa5qDvDGBCzw0FYVEvk1Orf0Ydnq5I9KOksvvOLJP0B3XKQPaLhQggI53C7tB0tWx8K_2Xf1lZTQpY7C8sdYb2DMUEQMwJr_mlvoDRxxJmYDM/w640-h480/9fbba35b97d8849b10a6d3c56468548c4661dd1a43921e8a4c3dd742f6949d5a._RI_TTW_.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Hellsing Ultimate (2006-2012) é um exemplo de anime que foi refeito e lançado em formato de OVA. <br /><br /></td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;">Após 2016 o conceito de OVA foi sendo alterado para<b> ONA </b>(Original Net Animation), que consiste na mesma coisa que uma OVA, a diferença é que esses episódios especiais, spin-offs e minisséries não são mais normalmente lançados em mídias físicas devido ao crescimento dos serviços de streaming e plataformas digitais, assim, os estúdios optam em não mais lançar essas produções para DVDs ou Blu-ray, mas o lançam direto em formato digital para serem alugados ou baixados. As ONAs podem incluir curtas-metragens ou episódios de até 50 ou 60 minutos de duração. Em casos temos animes em minissérie ou série no formato de ONA. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Um exemplo de sucesso é <i><b>Super Dragon Ball Heroes</b></i> (2018-presente), surgido com o mangá em 2018, baseado no jogo <i><b>Dragon Ball Heroes</b></i> (2010), no qual permite se criar seu personagem para viver as narrativas presentes em <i>Dragon Ball Z</i>, <i>Dragon Ball GT </i>e depois se acrescentou o de <i>Dragon Ball</i> <i>Super</i>, combinando-os numa trama envolvendo viagem pelos universos e torneios marciais. Para promover as atualizações do jogo para os arcades em 2017, foi criado o mangá e ele rapidamente levou ao lançamento do anime ainda no mesmo ano. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Inicialmente a ideia era usar o mangá e o anime apenas como propaganda, mas os fãs gostaram da ideia e solicitaram a continuação da trama. Logo, o mangá e o anime que já se encontra em sua quarta temporada, tendo mais de 50 episódios, os quais são produzidos pela <i>Toei Animation</i> e lançados diretamente no canal do anime no <i>Youtube</i>, o que consiste numa série de anime ONA. Um fato que vem dividindo a opinião dos fãs é que a partir do episódio 50 o desenho se tornou animação em CGI. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJWvAhsjPDi6w28cG6PsjgfiYYkg1dv4FS-qmbmKJ2n-cVOTRIRBoa4_dWqmKVK5pFFBoyF4e4NhH38hAPoPEa9E-PNFemsTh9EZGZMok4S1zKi5KjZGPZ7K66GNhjzDmlzzZ7xEYVeiPrK0a0qNJ2360PcFemcWZvMWgI4MrDD5e2qscmGUifbdiOGzlO/s756/Dragon-Ball-Heroes-1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="567" data-original-width="756" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJWvAhsjPDi6w28cG6PsjgfiYYkg1dv4FS-qmbmKJ2n-cVOTRIRBoa4_dWqmKVK5pFFBoyF4e4NhH38hAPoPEa9E-PNFemsTh9EZGZMok4S1zKi5KjZGPZ7K66GNhjzDmlzzZ7xEYVeiPrK0a0qNJ2360PcFemcWZvMWgI4MrDD5e2qscmGUifbdiOGzlO/w640-h480/Dragon-Ball-Heroes-1.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Super Dragon Ball Heroes (2018) é provavelmente a série em formato de ONA mais popular e rentável da atualidade. <br /><br /></td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><b>Os videogames e os animes</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;">Na década de 1980 o console mais popular no mundo era o <i><b>Nintendo Entertainment System</b></i> (NES), desenvolvido pela <b style="font-style: italic;">Nintendo</b>, uma empresa japonesa. Mas além dela, vários estúdios que desenvolviam jogos de videogame e arcade (fliperama) eram de origem japonesa também como <i><b>a Bandai, a Namco, a Sega, a Konami, a Enix, a Capcom</b></i>, entre outras. Isso foi fundamental para que os animes pudessem adentrar o mundo dos videogames. E tal chegada ocorreu inicialmente com a adaptação de animes e mangás para os consoles. Sendo assim, quando um dos dois fazia sucesso, rapidamente uma empresa de videogame comprava os direitos para lançar um jogo, embora que na maioria das vezes fosse uma porcaria naquela época, ainda assim, foi o passo inicial. (DITTBRENNER, 2008). </div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;">Assim, naquela época jogos baseados em animes foram lançados como <b><i>Dragon Ball</i></b> (1986), <i><b>Doraemon </b></i>(1986), <i><b>Saint Seiya</b></i> (1987), <i><b>Lupin 3rd </b></i>(1987), <i><b>Captain Tsubasa </b></i>(1988),<i><b> Akira</b></i> (1988), são alguns exemplos. Tais jogos eram do gênero aventura, luta e esporte, bastante populares no período e ainda hoje algumas dessas franquias como <i>Dragon Ball</i> e <i>Saint Seiya</i> (Cavaleiros do Zodíaco) recebem jogos. No entanto, além da adaptação de animes para os videogames, outra forma de influência adveio na adoção do visual dos animes e mangás na produção de jogos originais como <i><b>Super Mario </b></i>(1983), <i><b>Bomberman</b></i> (1983) e <i><b>Mega Man</b></i> (1987), que se tornaram grandes franquias. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIvVnZUlzyQ3WGeXch1VSdZxyLeN3SZPCpGf0XQ57lkghOtQs_H2_P9fstrXlRokhz6HEx2VNHDTyIyVzG7U-ttTormYahFXKWq10I5AvSSDy1f5lXRWvNN-XSLay-tIiR8BDPrOee-BZ-6F1wFzmE9yV_hb0sdDMJMSfXmFc_tE51c_VZRbgjylCXB0zF/s354/Mariobrothers.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="354" data-original-width="250" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIvVnZUlzyQ3WGeXch1VSdZxyLeN3SZPCpGf0XQ57lkghOtQs_H2_P9fstrXlRokhz6HEx2VNHDTyIyVzG7U-ttTormYahFXKWq10I5AvSSDy1f5lXRWvNN-XSLay-tIiR8BDPrOee-BZ-6F1wFzmE9yV_hb0sdDMJMSfXmFc_tE51c_VZRbgjylCXB0zF/w453-h640/Mariobrothers.png" width="453" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Panfleto americano de Super Mario (1983). As ilustrações originais eram baseadas nos traços de anime. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Todavia, os gráficos de anime viralizaram com o <b>surgimento do JRPG</b> (Japanese Role Playing Game), um subgênero dos jogos de RPG, conhecidos por seu estilo inspirado nos animes. A ideia foi bastante acertada, pois naquela época, RPGs estavam em moda nos videogames, e os japoneses eram o maior mercado consumidor desses jogos, por conta disso, as empresas japonesas de videogames começaram a adotar em seus jogos o visual dos animes como forma de familiarizar seu público e atrair a atenção do mesmo. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O primeiro JRPG a fazer sucesso foi<i><b> Dragon Quest</b></i> (1986) produzido pela <b><i>Enix</i></b> (atual Square Enix) para o NES. Para se ter noção, a empresa contratou o mangaká <b>Akira Toriyama</b> (1955-2024), o criador de <i>Dr. Slump</i> e <i>Dragon Ball</i>, dois animes de sucesso nos anos 1980, para desenhar os personagens do jogo. Embora os gráficos dos jogos daquele tempo fossem ruins, entretanto, o trabalho de Toriyama foi usado nas artes promocionais. Ele continuou a fazer o designer dos personagens nos jogos posteriores até os mais recentes da franquia. Por conta disso, é perceptível a grande semelhança dos traços de <i>Dragon Quest</i> com <i>Dragon Ball</i>. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjThCfPOKLQO5P44EjaJ9henqShRFLymknGHi-KC_BeThWfxUXT09z5svYM3_KVKJ65fZRxjOJMD-a1js3g4hlQX47LRrgTbBWCRxkwOJp-1dxVYTnc1PHPZ3J59ZFpWfPJo0dmrPWMx_QEHpHr4a4VIqQELwvAx-LHusPON3R7ieVcGWbIH9XSLihgWU-Y/s1192/dragon_quest_iii.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="816" data-original-width="1192" height="438" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjThCfPOKLQO5P44EjaJ9henqShRFLymknGHi-KC_BeThWfxUXT09z5svYM3_KVKJ65fZRxjOJMD-a1js3g4hlQX47LRrgTbBWCRxkwOJp-1dxVYTnc1PHPZ3J59ZFpWfPJo0dmrPWMx_QEHpHr4a4VIqQELwvAx-LHusPON3R7ieVcGWbIH9XSLihgWU-Y/w640-h438/dragon_quest_iii.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa de Dragon Quest III (1988). Nota-se como o protagonista é quase idêntico ao Goku, pelo fato de Toriyama ter sido o ilustrador. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Com o sucesso de <i>Dragon Quest </i>que se tornou uma franquia, outras franquias de JRPGs surgiram nos anos 1980 como <i><b>Final Fantasy</b></i> (1987), <i><b>Ys</b></i> (1987) e <i><b>Megami Tensei</b></i> (1987). Na década de 1990 os JRPG se tornaram um fenômeno mundial, surgindo dezenas de títulos e novas franquias como <i><b>Fire Emblem </b></i>(1990), <i><b>Mana</b></i> (1991), <i><b>Tales</b></i> <i><b>of</b></i> (1995), <i><b>Suikoden</b></i> (1995), <i><b>Star Ocean</b></i> (1996), <i><b>Wild Arms </b></i>(1996), <i><b>Xenogears</b></i> (1998), <i><b>Valkyrie </b></i>(1999). Além desses títulos, vários outros JRPGs que não fizeram tanto sucesso para receber continuações foram lançados, ainda assim, eles faziam uso do visual dos animes e mangás, estabelecendo isso como uma marca desse subgênero que se mantém até hoje. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyc9w7K1peFOOTdeCkkm2REsWhIBMB-qgBCKebT7DYV7_WjCwRvapkoarO9O9FGbe6nu_EQ909qt7WWYaT83qAdQundNZ9SwW9gV2dY8x0lHgzBVEfqf2GTR9VFKSOsM104IQd9GxFlKLCKhx2er_oh6gdzvGZemImJ1PTD23mqQxZ-zPJWLsjtvecaFEq/s275/images.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="275" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyc9w7K1peFOOTdeCkkm2REsWhIBMB-qgBCKebT7DYV7_WjCwRvapkoarO9O9FGbe6nu_EQ909qt7WWYaT83qAdQundNZ9SwW9gV2dY8x0lHgzBVEfqf2GTR9VFKSOsM104IQd9GxFlKLCKhx2er_oh6gdzvGZemImJ1PTD23mqQxZ-zPJWLsjtvecaFEq/w640-h426/images.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Uma cena do famoso jogo Chrono Trigger (1995), com seus gráficos de anime. Curiosamente Akira Toriyama foi também responsável pelo designer desse jogo. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">No final dos anos 1990 os jogos de JRPG começaram a adotar os gráficos em 3D, melhorando com o tempo sua resolução. Além disso, nos anos 2000 jogos baseados em animes de luta como Dragon Ball Z, Cavaleiros do Zodíaco e Naruto se popularizaram, como também surgiram outros tipos de gêneros que ganharam destaque nesse período como foi o caso do visual novel (romance visual). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">As <b>visual novels</b> consistem em jogos de narrativa em que os personagens são apresentados de forma geralmente estática, exibindo caixas de diálogo que apresentam a trama. Assim, o jogador deve ler os diálogos, descrições e explicações e selecionar opções de pergunta ou resposta ou outro tipo de ação. As visual novels de hoje em dia já contam com personagens dublados, trilha sonora e até cenas em CGI, tendo recebido até mais traduções para o inglês, pois a partir dos anos 2000 cresceu o interesse por esse gênero em outros países. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXgvWQ3DRHFrfvwj0VgLRqGhVlEYWwhaVsjErOWHVk_vc91JkhWBRub9i5PQ6yLvVAj1k0nmtdGUFwEJtBvn6uAVJbo0s-n2eHz_2AtrDY6KAjUeyGNkqCbe9g1P4iYp0QVd6LjKkLTlxhJSHk92qbhpu1Do9lulWYE24weo6K-Ogthd_Gewku8BiWx4MR/s1200/ss_dda0bb8a347307a104f0303cdd090fea5168c1cc.0.0.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="1200" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXgvWQ3DRHFrfvwj0VgLRqGhVlEYWwhaVsjErOWHVk_vc91JkhWBRub9i5PQ6yLvVAj1k0nmtdGUFwEJtBvn6uAVJbo0s-n2eHz_2AtrDY6KAjUeyGNkqCbe9g1P4iYp0QVd6LjKkLTlxhJSHk92qbhpu1Do9lulWYE24weo6K-Ogthd_Gewku8BiWx4MR/w640-h426/ss_dda0bb8a347307a104f0303cdd090fea5168c1cc.0.0.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Um exemplo de jogo de visual novel com seus gráficos de anime.</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">As temáticas das visual novels são diversas abordando temas como romance, namoro, aventura, suspense, drama, terror, policial, fantasia, comédia e erotismo. A franquia <i><b>Ace Attorney</b></i> (2001) é um exemplo popular hoje em dia, no qual trata-se de jogos que acompanham advogados e investigações criminais. Embora que no Japão visual novels sobre romances escolares estejam entre os temas mais populares, além dos famigerados "jogos de namoro virtual". </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mas além de JRPGs, visual novels, aventura, luta e adaptações de animes, os estúdios japoneses passaram a produzir jogos de ação, terror, esportes, puzzles, investigação, fantasia, dança, eróticos etc., com visual de animes, mostrando como a influência dos animes se tornou profunda nos videogames, especialmente no Japão, onde esse tipo de produto é bastante rentável. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Por fim, houve casos de videogames que ficaram tão populares que originaram desenhos animados, algo que ocorreu ainda logo cedo com <i><b>Super Mario Bros</b></i> (1986) e <i><b>The Legend of Zelda</b></i> (1989), ambas franquias de sucesso da <i>Nintendo</i>, embora foram produzidos desenhos no padrão americano. Entretanto, o exemplo mais famoso de um jogo que originou um anime é <i>Pokémon</i>, o qual surgiu em 1996 com os jogos<b><i> Pokémon Red</i></b> e <b><i>Pokémon Blue </i></b>(Pokémon Green no Japão), lançados em preto e branco para o <i><b>Game Boy</b></i>. Um ano após seu lançamento as empresas responsáveis, <i>Game Freak</i> e <i>Nintendo</i>, decidiram lançar um anime e depois um mangá, em que ambos promoveriam o jogo, e isso acabou se revelando um sucesso estrondoso. <i><b>Pokémon</b></i> (1997-presente) segue em exibição e possui mais de 1.200 episódios, mais de 20 filmes, dezenas de jogos e é uma das franquias de jogos eletrônicos mais lucrativa da atualidade.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYzfacD6BNgdFYdpMzzPrQGw3DDEv4VQHMw7A8WkNoFEHU_AbHGe_VtHTIydgjEcKMeHl-ttfDQljL3EaEn3PQ0YR4T-MHqtnKXpprwyYVQmEhl5UP23ncES6sQYkXXq8P5GUGwihdmAx5jkp9ixBaim8O4t3YEQoUwCoX064If_mhqrSNA_p_XRZ6JihX/s1280/Ash.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYzfacD6BNgdFYdpMzzPrQGw3DDEv4VQHMw7A8WkNoFEHU_AbHGe_VtHTIydgjEcKMeHl-ttfDQljL3EaEn3PQ0YR4T-MHqtnKXpprwyYVQmEhl5UP23ncES6sQYkXXq8P5GUGwihdmAx5jkp9ixBaim8O4t3YEQoUwCoX064If_mhqrSNA_p_XRZ6JihX/w640-h360/Ash.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O anime de Pokémon (1997-presente) surgiu a partir dos jogos lançados em 1996 para Game Boy. É o caso de anime mais famoso originado a partir de um videogame. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Ao chegar aos anos 2000 os videogames adotaram de vez os gráficos em 3D, que vem sendo aperfeiçoados desde então, apesar que jogos em 2D ainda sejam produzidos em menor quantidade. De qualquer forma, com o crescimento dos videogames, muitos jogos com gráficos de anime foram produzidos, o que em parte ajudou alguns fãs a se familiarizar com a adoção desse estilo para o surgimento dos animes em 3D. Embora isso ainda divida opiniões. (DITTBRENNER, 2008). </div><br /><div style="text-align: justify;"><b>Os animes em 3D</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;">Animes em arte 3D é algo que divide a opinião dos espectadores e fãs. Há quem condene totalmente esse tipo de produção, outros ignoram e a aqueles que veem que existam algumas produções boas. O crescimento de animações 3D teve início na década de 1990 propriamente dito, quando empresas estadunidenses como a <i><b>Pixar </b></i>e a <i><b>Dreamworks</b></i> despontaram nesse mercado no cinema, sendo seguidas pela <i><b>Walt</b></i> <i><b>Disney</b></i> e outros estúdios. Além disso, data do final dos anos 90 algumas séries animadas em 3D, embora fossem de qualidade bem mais baixa do que os filmes. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No caso dos animes, a adoção do 3D teve sua estreia no limiar do novo século, com o filme<b> A.Li.Ce </b>(2000), um drama de ficção científica que começa em 2000 e acompanha a astronauta <b>Alice </b>e a <b>androide SS1X</b> após um acidente que fez a nave delas caírem na<b> Lapônia</b>, fazendo-as despertar trinta anos no futuro. As duas mulheres conseguem a ajuda de um jovem órfão chamado <b>Yuan</b>, que revela que no ano de 2030, a humanidade foi reduzida para 1 bilhão de pessoas devido ao governo aniquilador promovido pelo<b> ditador Nero</b>. Assim, os três devem sobreviver a tal ameaça. Apesar da trama scifi interessante, o filme foi um fiasco de bilheteria e crítica, além de seu CGI que lembrava gráficos das cutscenes de PS1. (CLEMENTS; MCCARTHEY, 2006). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-B4ZQVl0wXJgXCETXZ4vZdEkxw7IZe-Rz5QvtA6ZGDexQPCq4tFTZ-rThW_ALMuhfZxsMxgw5Bb8rUPBulvwLFkPc_Kwg8M3PgbCvP6FTHJUOWyPcXWmKHwdqps73niEL7Vbx53fO3fe4ACUvFwHJsy27l85cpa1HLoTPg-ZBxGlgn0CGgw96hQW9s59G/s1437/MV5BMTkzMzgxNjk3NV5BMl5BanBnXkFtZTcwOTEwODYyMQ@@._V1_FMjpg_UX1000_.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1437" data-original-width="1000" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-B4ZQVl0wXJgXCETXZ4vZdEkxw7IZe-Rz5QvtA6ZGDexQPCq4tFTZ-rThW_ALMuhfZxsMxgw5Bb8rUPBulvwLFkPc_Kwg8M3PgbCvP6FTHJUOWyPcXWmKHwdqps73niEL7Vbx53fO3fe4ACUvFwHJsy27l85cpa1HLoTPg-ZBxGlgn0CGgw96hQW9s59G/w446-h640/MV5BMTkzMzgxNjk3NV5BMl5BanBnXkFtZTcwOTEwODYyMQ@@._V1_FMjpg_UX1000_.jpg" width="446" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa americana do DVD de A.Li.Ce (2000), o primeiro anime totalmente em 3D. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Apesar do fiasco de A.Li.Ce, no entanto, tivemos um grande produção em CGI lançada poucos anos depois com o filme <i><b>Final Fantasy VII: Advent Children</b></i> (2005), o qual consiste numa continuação da trama do jogo <i><b>Final Fantasy VII</b></i> (1997). Ainda hoje sua animação e gráficos são considerados entre os melhores no gênero de filmes 3D de anime. Mas isso se deve ao fato de se tratar de uma produção baseada num jogo de videogame, o qual aproveitou essa associação do consumidor com a produção digital, embora que o jogo original fosse bem mais feio. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKtwAF-dyqKtvcNnsyOINBx2PN7miPUZHIRiYM3neuZT3A7FtpR0fl7VtXCnPild6wrPix-l_9ogQ30rmSKgvbFyXdVAroT31CwPQs3BuoYdDu_3EYEJ2EqK-v8UsjHN_gYM_z29cskKCSNRH7NbesafQnjuPRV7hiNAprGy3bod3hFVCN7Wfyi2TEqLCk/s1920/thumb-1920-802500_x7pe.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1920" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKtwAF-dyqKtvcNnsyOINBx2PN7miPUZHIRiYM3neuZT3A7FtpR0fl7VtXCnPild6wrPix-l_9ogQ30rmSKgvbFyXdVAroT31CwPQs3BuoYdDu_3EYEJ2EqK-v8UsjHN_gYM_z29cskKCSNRH7NbesafQnjuPRV7hiNAprGy3bod3hFVCN7Wfyi2TEqLCk/w640-h360/thumb-1920-802500_x7pe.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sephiroth vs Cloud em Final Fantasy VII: Advent Children (2005). O filme é considerado um dos primeiros sucessos de animes em 3D. </td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O salto na qualidade gráfica e de produção entre <i>A.LI.CE </i>e <i>FF VII: Advent Children</i> é gigantesco, ainda assim, isso não foi o suficiente para convencer a indústria japonesa em investir nesse tipo de animação, pois em geral, os animes em 3D de melhor qualidade eram filmes, algo visto com <i><b>Astroboy</b></i> (2009), <i><b>Oblivion Island</b></i> (2009), <i><b>Mobile Suit Gundam Unicorn</b></i> (2010), <i><b>Tekken: Blood Vengeance</b></i> (2011), <i><b>Capitão Harlock: Pirata do Espaço</b></i> (2013) e <i><b>Stand by Me: Doraemon</b></i> (2014), são alguns exemplos de bons animes digitais, mas isso se devia a dois fatores: filmes recebiam orçamento maiores e tinham mais tempo para a produção, diferente de séries animadas. Condição essa que quando vemos animes em 3D a situação era pior. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em<i style="font-weight: bold;"> Dinossauro Rei </i>(2007-2008), enquanto os personagens humanos eram em 2D, os dinossauros apareciam em 3D, o problema era na hora do combate e movimentação, em que se percebia os problemas da animação, apesar do desenho não ter uma ideia e narrativa ruins. Por conta disso, os estúdios decidiram evitar arriscar em fazer animes totalmente em 3D, optando por animações mistas, porém, algumas tentativas inteiramente em arte digital não se saíram também, mesmo com a melhora tecnológica, vide casos como <i><b>Knights of Sidonia</b></i> (2014-2015) e <i><b> Berserk </b></i>(2016), ambos costumam serem incluídos nas produções ruins por suas animações bastante "robotizadas", embora o anime de Sidonia recebeu até algumas críticas mais positivas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis7e2Ttm95rCYF6aq4LvmxykTWFvYNu38elG1IkGloEQXvdt8DRVTIOk5Ji4r8a_xXzG_Y8l166UfN_5cPn20hyq67ej5goyLL31JDSZScs8icbL-nJQAoXhihCYbty_JhCNhNnb4u3UDEpgwxk5RhoaNabJCOCiVkfUlC62gBqKWsAqnGltcKmHhsiToO/s736/4067271c2aeff56cbb247884abe4b593.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="414" data-original-width="736" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis7e2Ttm95rCYF6aq4LvmxykTWFvYNu38elG1IkGloEQXvdt8DRVTIOk5Ji4r8a_xXzG_Y8l166UfN_5cPn20hyq67ej5goyLL31JDSZScs8icbL-nJQAoXhihCYbty_JhCNhNnb4u3UDEpgwxk5RhoaNabJCOCiVkfUlC62gBqKWsAqnGltcKmHhsiToO/w640-h360/4067271c2aeff56cbb247884abe4b593.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O anime de Berserk de 2016, é considerado um dos piores animes em 3D por conta de uma série de fatores. </td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Embora algumas séries de animes em 3D foram duramente criticadas, tivemos casos de animes que até se saíram bem como <i><b>Ajin </b></i>(2016), <i><b>Land of Lustrous</b></i> (2017), <i><b>The King of Fighters: Destiny</b></i> (2017) e <i><b>BanG Dream!</b></i> (2017-2020), foram animes em 3D que ganharam melhor destaque na qualidade de produção. Além disso, essa tendência vem aumentando nos últimos anos. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">De<b> 2019 </b>em diante vem aumentando os animes em 3D, a maioria são filmes lançados para o cinema, streaming ou Blu-ray. Casos recentes temos<i><b> Lupin III: O Primeiro</b></i> (2019), <i><b>Dragon Quest: Your Story</b></i> (2019), <i><b>Pokémon: Mewtwo contra-ataca evolução</b></i> (2019), <i><b>Serpente Branca</b></i> (2019), <i><b>Aya e a Bruxa</b></i> (2020), <i><b>Serpente Verde</b></i> (2021), <i><b>Monster Hunter: Legends of the Guild</b></i> (2021) e <i><b>Dragon Ball Super: Super Hero</b></i> (2022). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O caso do filme de<i> Aya e a Bruxa </i>chama atenção por conta de ser a primeira produção do famoso Studio Ghibli inteiramente em 3D, o que dividiu a opinião dos fãs do trabalho do estúdio, em que muitos foram contrários ao Ghibli deixar de lado sua experiência e talento com a animação tradicional e se sujeitar ao modismo dos animes 3D. Além das críticas negativas a adoção do CGI, a narrativa também foi apontada como um dos pontos negativos dessa produção. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5NAwvEXuAWEcbjFBMcVW6rrJZpZ5MGbeLYYkiuno69fFHJuDUeC7fzrm2GMSXeRElk3rJgIgcIR_bfecXyEVtJo1bWkRvuBp8vVcAlCR0n50SLpXtxsFY430VGtecXVWulYPoz_QXyF6PeGgFkW0dpF_xGhrOz2LsITNve0ILOlhn6cfYrQPCK3CznBvW/s750/Aya-e-a-Bruxa-26.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="406" data-original-width="750" height="346" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5NAwvEXuAWEcbjFBMcVW6rrJZpZ5MGbeLYYkiuno69fFHJuDUeC7fzrm2GMSXeRElk3rJgIgcIR_bfecXyEVtJo1bWkRvuBp8vVcAlCR0n50SLpXtxsFY430VGtecXVWulYPoz_QXyF6PeGgFkW0dpF_xGhrOz2LsITNve0ILOlhn6cfYrQPCK3CznBvW/w640-h346/Aya-e-a-Bruxa-26.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Aya e a Bruxa (2020) foi o primeiro filme do Studio Ghibli em 3D, mas não foi bem recebido pelo público e a crítica. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Por outro lado tivemos séries que vêm sendo produzidas neste padrão também como <i><b>Ultraman</b></i> (2019-2023), <i><b>Beastars</b></i> (2019-presente), <i><b>Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco</b></i> (2019-presente), <i><b>Kengan Ashura</b></i> (2019-presente) e <i><b>Ghost in the Shell SAC_2045</b></i> (2020-2023), são alguns exemplos. Tais produções recentes dividem a opinião, em que alguns consideram totalmente ruins por serem animadas com computação gráfica, outros consideram até bem feitas, mas pecam quanto as suas narrativas. Neste caso, o reboot de <i>Cavaleiros do Zodíaco</i> foi o que mais sofreu nessa lista citada, devido as várias mudanças feitas em relação ao material original do mangá e o primeiro anime. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHYrp3tNqcacjrexOAh3mWzFzJP0X6w_jSIbo6S4qEaxXPpREMU8b9ep_g-x5y7MYg5Tr2GtOnnHbmbfiVRzvmHBv7byE87dwMM4WJlUgovtgDPlauX9FxxeNCob-NyG8Z2fO0b04lkrkd2EwT91VLF6SoYfUSkraiW2BXosbr0zFrNP6Q75OiezuQi3XH/s1200/E08S02C042AA_V002.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="675" data-original-width="1200" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHYrp3tNqcacjrexOAh3mWzFzJP0X6w_jSIbo6S4qEaxXPpREMU8b9ep_g-x5y7MYg5Tr2GtOnnHbmbfiVRzvmHBv7byE87dwMM4WJlUgovtgDPlauX9FxxeNCob-NyG8Z2fO0b04lkrkd2EwT91VLF6SoYfUSkraiW2BXosbr0zFrNP6Q75OiezuQi3XH/w640-h360/E08S02C042AA_V002.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O atual anime de Ghost in the Shell SAC_2045 divide a opinião de fãs e espectadores, por ser uma produção totalmente digital. </td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A tendência de mais filmes em 3D e até de algumas séries se deve a vários fatores, o que inclui questões econômicas. Desenhos em 2D de forma tradicional consomem grande quantidade de papel e tinta, embora que hoje em dia, muitos estúdios trocaram o papel pela tela, fazendo uso de canetas digitais para desenhar como se estivesse fazendo isso numa folha de papel. Até os quadrinhos e mangás vem sendo desenhados dessa forma, o que evita gastos com papel e tinta. Além disso, o uso da tecnologia digital facilita na hora de corrigir erros no desenho, alterar as cores, as proporções etc. O emprego de softwares para animar também facilita o trabalho se comparado as técnicas tradicionais de animação dos desenhos em 2D. Apesar dessas vantagens, no entanto, animações em 3D são mais demoradas e dependendo dos efeitos especiais podem até ficar caras, por conta disso é comum tais séries terem poucos episódios. </div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><b>Os streamings e os animes</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;">Os serviços de streaming de anime começaram ainda nos anos 2000 como a <i><b>Crunchyroll</b></i>, fundada em 2006, porém, esses serviços só despontaram a partir de 2015 em diante, destacando-se o <i><b>Funimation</b></i> naquela época, surgido em 2016. Outros streaming especializados em animes que foram surgindo são <i><b>Hidive</b>,<b> Looke</b>,<b> Tubi</b></i>. Todavia, em 2021 a <i><b>Sony</b></i> adquiriu os direitos da <i>Funimation </i>e da <i>Crunchyroll</i>, tornando a segunda empresa no maior streaming atual especializado em animes, em cujo catálogo são exibidos sucessos recentes como <i><b>Demon Slayer, Attack on Titan, Jujutsu Kaisen, Dr. Stone, Spy x Family</b></i> etc. Inclusive a própria transmissão de <i><b>One Piece</b></i> (que segue ainda em produção), <i style="font-weight: bold;">Boruto </i>e o remake de<i style="font-weight: bold;"> Samurai X</i>. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguiGGT0kMx3pHsZjGjynarwvarQdMCHYCQMr-q4p8I7RUK5v8cO5WyuENKO5X6q9n-aHrfI2stetkzE67T8Gh3_SsMBy77Ox9QowIt3AGiX80v5x4e4gZkguIqNgyH8jo49LAXVlxxW9b5NOLgKfSX69uodEIbSAdQgHIle6_GYplmhlbmTqUiv6XQwTi5/s474/OIP.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="269" data-original-width="474" height="364" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguiGGT0kMx3pHsZjGjynarwvarQdMCHYCQMr-q4p8I7RUK5v8cO5WyuENKO5X6q9n-aHrfI2stetkzE67T8Gh3_SsMBy77Ox9QowIt3AGiX80v5x4e4gZkguIqNgyH8jo49LAXVlxxW9b5NOLgKfSX69uodEIbSAdQgHIle6_GYplmhlbmTqUiv6XQwTi5/w640-h364/OIP.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O <i>Crunchyroll </i>é atualmente o maior streaming de animes no mundo. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Atualmente os serviços de streaming vêm investindo em animes, pelo menos parte deles como a<i style="font-weight: bold;"> Netflix </i>e o <i><b>Prime Vídeo</b></i>. No caso da <i>Netflix</i>, a empresa tomou a dianteira para comprar animes, assim como, investir na produção dos mesmos. De 2017 para cá aumentou o catálogo de animes da empresa, destacando-se produções exclusivas como <i><b>Castlevania</b></i> (2017-2022),<i><b> Baki</b></i> (2018-2020), <i><b>Beastars </b></i>(2020-presente), <i><b>Dota: Dragon's Blood </b></i>(2021-presente), <i><b>Thermae Roma Novae</b></i> (2022), <i><b>Cyberpunk Mercenários</b></i> (2022), <i><b>Ghost in the Shell SAC_2045</b></i> (2020-2023) e <i><b>Pluto</b></i> (2023). A empresa também comprou os direitos de exibição de quase todo o catálogo do Studio Ghibli. Além disso, cresceu também a adaptação em live-action de alguns animes, algo visto recentemente com <i><b>Cowboy Bebop</b></i> (2022), <i><b>One Piece </b></i>(2023) e <i><b>Yu Yu Hakusho</b></i> (2023). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieABmbixAWWlf-w1x9_LlRPfu3YD-QtTI-jwwyoGVR-57N8_My_QzEqwONV66LObCCQoBKYm-oCO4KdAMlA2LDieyk_E_E9Kw2UE9YiKJdxzP6zwLiOxJqfz0PSvQ9vtRv2wmkVPmCT2eouySluYejpyomC5xzT3pfspc-3kdfKlFhuYQ6IQPwcRyWhgjF/s1414/Anime_Japane_hero_image.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1217" data-original-width="1414" height="550" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieABmbixAWWlf-w1x9_LlRPfu3YD-QtTI-jwwyoGVR-57N8_My_QzEqwONV66LObCCQoBKYm-oCO4KdAMlA2LDieyk_E_E9Kw2UE9YiKJdxzP6zwLiOxJqfz0PSvQ9vtRv2wmkVPmCT2eouySluYejpyomC5xzT3pfspc-3kdfKlFhuYQ6IQPwcRyWhgjF/w640-h550/Anime_Japane_hero_image.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Das empresas de streaming com catálogo abrangente, a Netflix é que vem mais investindo em animes. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">A <i>Prime Vídeo </i>vem se destacando na exibição de alguns clássicos como <i><b>Inuyasha</b></i> e a continuação <i><b>Yasahime</b></i> (2021-presente). A empresa também possui em seu catálogo exclusivo, produções como <i><b>Dororo</b></i> (2019), os quatro filmes do reboot de <b style="font-style: italic;">Neon Genesis Evangelion</b>, além de alguns filmes recentes de <i><b>Lupin III</b></i>. Por sua vez, a <i><b>HBO Max </b></i>tem um catálogo ainda pequeno, já que seu foco são desenhos da Warner/DC e algumas produções do <i>Cartoon Netwoork</i>. </div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><b>NOTA:</b> Alguns dos animes antigos produzidos entre 1917 e 1950, podem ser conferidos no Youtube, basta procurar pelos títulos. Uma forma de fazer isso é conferindo as listas de animes antigos na Wikipédia em língua inglesa. </div></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 2: </b>O filme <i><b>Nausicaa do Vale do Vento</b></i> (1984) foi dirigido e escrito por <b>Hayao Miyazak</b>i, mais tarde ele foi incluído no portfólio do Studio Ghibli devido a ter sido lançado um ano antes do estúdio, assim como, inspirou sua criação. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 3:</b> Algumas OVAs podem passar dos 50 ou 60 minutos, mas são casos raros, como exemplo de<i><b> Lupin III: A Conspiração dos Fuma</b></i> (1987) que tem 73 minutos de duração e<i><b> Street Fighter Alpha: The Animation </b></i>(2000) com 93 minutos de duração. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 4: </b>A sigla <b>OAD</b> (Original Anime DVD) foi cunhado para se referir especificamente as OVAs lançadas em formato DVD, porém, o termo raramente era usado fora do Japão. O OAD ainda inclui o Blu-ray. Atualmente poucos estúdios lançam OADs, a maioria o fazem no Japão para eventos especiais ou comemorativos de algum mangá ou anime. Por outro lado, tais produções vêm sendo lançadas na internet. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 5: </b>Os animes mais longos são curta-metragens que são exibidos somente no Japão. Raramente recebem legendas ou traduções para outros países. Esses animes possuem mais de 1.500 episódios, porém,<i><b> Sazae-san </b></i>que é uma comédia do cotidiano, tem quase 10 mil episódios, sendo exibido continuamente desde 1969. Consistindo no anime mais longo da História. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 6:</b> O filme de anime mais longo é <i><b>Kono Sekai no Katasumi ni</b></i> ("Neste Canto e em Outros Cantos do Mundo), que foi lançado em <b>2019</b> pelo estúdio <i><b>MAPPA</b></i>, consistindo na versão estendida do filme original de 2016, que aborda o contexto da Segunda Guerra. A nova versão possui 168 minutos ou 2h48min de duração. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 7: Akira Toriyama</b> fez ilustrações de jogos como <i><b>Dragon Quest</b></i>, <b style="font-style: italic;">Chrono Trigger</b>, <b style="font-style: italic;">Blue Dragon</b>, <i><b>Tobal n.1</b></i>, <i><b>Tobal n.2</b></i>. Além disso, ele também fez as ilustrações de alguns jogos baseados em <i>Dr. Slump</i> e <i>Dragon Ball</i>. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 8: </b>As ilustrações de <i><b>Super Mario Bros</b></i> nos anos 1980 tinham traços de anime, mas depois foram sendo cartunizadas para o estilo ocidental. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 9:</b> <i><b>A Viagem de Chihiro</b></i> (2001) foi o primeiro filme de anime a ganhar um Oscar, feito ocorrido em 2003. Duas décadas depois <i><b>O menino e a garça</b></i> (2023), ganhou o Oscar em 2024. Ambos são os únicos animes a vencerem o prêmio de melhor animação nessa importante premiação. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 10: </b>O filme <i><b>O menino e a garça</b></i> (2023) do Studio Ghibli venceu o <b>Globo de Ouro </b>e o<b> Bafta</b> de melhor animação em 2024, sendo o único anime a conseguir tais conquistas. É também o único anime a levar esses dois prêmios e mais um Oscar, no mesmo ano. </span></p><p style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">Referências bibliográficas</b></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>CLEMENTS</b>, Jonathan. <b>Anime: A History</b>. London, Palgrave Macmillan, 2013. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>CLEMENTS</b>, Jonathan; <b>MCCARTHY</b>, Helen. <b>The Anime Encyclopedia. A Guide to Japanese Animation Since 1917</b>. Revised & expanded edition. Berkley, Stone Bridge Press, 2006. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>DENISON</b>, Rayna. <b>Anime: A Critical Introduction</b>. London, Bloomsbury, 2015. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>DITTBRENNER</b>, Nils. Anime Interactive: Video Games and </span><span style="font-family: verdana;">Manga Culture. In: MENZEL,</span><span style="font-family: verdana;"> Martha-Christine [et al] </span><span style="font-family: verdana;">(eds.). <b>Ga Netchu: The Manga Anime Syndrome</b>. </span><span style="font-family: verdana;">Frankfurt, Deutsche Filmmuseum, 2008, p. 134–43.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>PHILLIPS</b>, Suzanne. Characters, Themes, and Narrative Patterns in the Manga of Osamu Tezuka. In: MACWILLIAMS, Mark W (ed.). <b>Japanese Visual Culture</b>. New York, East Gate Book, 2008, p. </span><span style="font-family: verdana;">68-90. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>LEVI</b>, Antonia. The Americanization of Anime and Manga: Negotiating Popular Culture. In: BROWN, Steve T. (ed.). <b>Cinema Anime</b>. Critical Engagements with Japanese Animation. Hampshire, Palgrave Macmillan, 2006, p. 43-64. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>MOLINÉ</b>, Alfons. <b>O grande livro dos mangás</b>. São Paulo, Editora JBC, 2004. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>SCHODT</b>, Frederik L.<b> Manga! Manga!: The World of Japanese Comics</b>. Tokyo, Kodansha International, 1997. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>TSUGATA</b>, Nobuyuki. <b>Research on the Achievements of </b></span><span style="font-family: verdana;"><b>Japan’s First Three Animators</b>.<i> Asian Cinema</i>, vol. 14, </span><span style="font-family: verdana;">no. 1, 2003, p. 13–27.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>WADA-MARCIANO</b>, Mitsuyo. <b>Nippon Modern: Japanese Cinema of the 1920s and 1930s</b>. Honolulu, University of Hawaii Press, 2008. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Link relacionado</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2019/10/uma-historia-sobre-os-mangas.html">Uma história sobre os mangás</a><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>LINKS</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://www.bcdb.com/cartoons/Other_Studios/Y/Yokohama_Cinema_Shokai/">Animes produzidos pela Yokohama Cinema Shokai (1923-1943)</a><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://studioghibli.com.br/studioghibli/">Studio Ghibli Brasil</a><br /></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-74805526490987221712023-12-23T12:22:00.004-03:002023-12-23T12:22:55.269-03:00Empire State Building: o ícone dos arranha-céus <p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Um dos cartões-postais da cidade de Nova York, o famoso prédio embora não tenha sido o primeiro arranha-céu a ser construído, no entanto, na década de 1930, quando foi erguido, ele ganhou rapidamente fama por ser não apenas o prédio mais alto de Nova York e dos Estados Unidos, mas também do mundo. Inclusive ele manteve essa posição por quarenta anos, o que o tornou por muito tempo o mais famoso arranha-céu do mundo. O presente texto conta um pouco da história da origem desse edifício e algumas de suas características principais. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDlQZo5JWPrabj-pvXzbMzj-MhTdel_gv7wrfXZnMiUonP4EsotMZbE-mj7hXRJXBjfN32ABRRSsS1878qYcilen0LlCRrDuLxfNVrBcqo12Ww1iPSglXZaCmduOxkZS7TcIU4oi8j2uulzChp2cH0Y_wbW_K6dfWjAR95pYTbNMTWZ_Y3KlA8dfFB5MmC/s1920/empire-state-building-10-1920x1058.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1058" data-original-width="1920" height="352" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDlQZo5JWPrabj-pvXzbMzj-MhTdel_gv7wrfXZnMiUonP4EsotMZbE-mj7hXRJXBjfN32ABRRSsS1878qYcilen0LlCRrDuLxfNVrBcqo12Ww1iPSglXZaCmduOxkZS7TcIU4oi8j2uulzChp2cH0Y_wbW_K6dfWjAR95pYTbNMTWZ_Y3KlA8dfFB5MmC/w640-h352/empire-state-building-10-1920x1058.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O Empire State Building, um dos gigantes edifícios da ilha de Manhattan, em Nova York. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><b>Construção</b></span><div><br /></div><div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os arranha-céus (</span><i style="font-family: verdana;">skycraper</i><span style="font-family: verdana;">) surgiram na década de 1880 em <b>Chicago</b>, migrando rapidamente para Nova York, em especial a <b>ilha de Manhathan</b>, o coração daquela cidade. Entretanto, os arranha-céus das décadas de 1880 a 1910 não eram edifícios altos como normalmente imaginamos. De fato, eles eram altos para os padrões da época, mas hoje seria considerados "prédios normais". De qualquer forma, a construção de arranha-céus nos EUA passou por diferentes fases de efervescência, havendo períodos de construção acelerada e outros em que mal se construía tais prédios. (DOUGLAS, 2004, p. 100). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Esses períodos ocorreram de 1880 a 1900, depois de 1900 a 1914, parando por conta da <b>Grande Guerra</b> (1914-1918), retomando na década de 1920, estendendo-se para o começo dos anos 1930 quando estou em 1929 o Crash da Bolsa de Valores de Nova York, que jogou os Estados Unidos na <b>Grande Depressão</b> (1929-1939). Apesar disso, foi neste cenário de crise que o Empire State Building foi construído em tempo recorde para um edifício das suas proporções, pois quando foi inaugurado, era o arranha-céu mais alto do mundo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O terreno em que hoje se situa o Empire State, que é o </span><b style="font-family: verdana;">número 350 da Quinta Avenida</b><span style="font-family: verdana;">, já era ocupado pelos dois prédios do </span><b style="font-family: verdana;">hotel Waldorf-Astoria</b><span style="font-family: verdana;">, pertencentes a rica <b>família Astor</b>. O terreno bastante caro foi comprado em </span><b style="font-family: verdana;">1928</b><span style="font-family: verdana;"> pela empresa </span><b style="font-family: verdana;">Bethelem Engineering Corporation</b><span style="font-family: verdana;"> num valor total de </span><b style="font-family: verdana;">13,5 milhões de dólares</b><span style="font-family: verdana;">, o terreno mais caro vendido na época. Porém, a companhia que havia parcelado o valor, não conseguiu pagar a segunda parcela de 2,5 milhões, com isso os donos do terreno entraram na justiça. Além disso, a empresa também estava devendo a bancos por empréstimos feitos para efetuar a compra. Assim, no começo de 1929 o terreno foi colocado novamente à venda, sendo comparado pela empresa <b>Empire State Inc</b>, uma corporação de rico milionários, os quais pretendiam construir o mais alto arranha-céu de Nova York, superando o<b> Chrysler Building</b> que estava sendo finalizado na época. O Chrysler foi inaugurado em 1930, tendo 360 metros de altura. Na época ele era o prédio mais alto do mundo. (REIS, 2006, p. 9-10). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A<b> Empire State Inc</b> reunia milionários como o empresário e banqueiro <b>Louis G. Kaufman</b>, o empresário e político <b>John J. Raskob</b>, os irmãos <b>Coleman du Pont</b> e <b>Pierre S. du Pont</b>, ambos eram donos das indústrias <b>DuPont</b> e da <b>General Motors</b>, inclusive Raskob trabalhava para eles. Por fim, tivemos <b>Ellie P. Earle</b>, outro empresário. Além desses homens, o então governador de NY, <b>Alfred E. Smith</b> também apoiou o projeto, além de ser amigo de Raskob. </span><span style="font-family: verdana;">G</span><span style="font-family: verdana;">raças a todo esse poder econômico, o impacto da crise iniciada em 1929 não impediu o atraso das obras, pois os dois hotéis começaram a serem demolidos em setembro do ano anterior. (DOUGLAS, 2009, p. 104).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O arquiteto<b> William F. Lamb</b> do escritório de arquitetura <i style="font-weight: bold;">Shreve, Lamb and Harmon</i>, famoso por construir vários prédios na cidade no estilo <i><b>art décor</b></i>, bastante popular na época, foi contratado para projetar o maior arranha-céu do mundo naquela época. Em poucas semanas Lamb e sua equipe chegaram a um consenso quanto ao projeto. A construtora <b>Starrett Brothers and Eken</b> foi contratada para realizar as obras, enquanto <b>Homer G. Balcon</b> foi designado engenheiro-chefe do projeto. (LANGMEAD, 2009, p. 89). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-djGCKPjemxEoJ7kXZ75ZmQ30c5NqhGu2Dx47WwVfJlB1pYhutosHVfRxizQzqmAGrNyjT76IElZnoEwebCdR1zT0JxyU0K7MFdJtLWFFSy1PHUBIICTJJvllehx6DeXyB2-DnJjqAyAsnjYjYl8zntihS0pZp5Od9t_aHVCIYBTpeovwIRanoaN-o-ss/s1023/800px-Empire_State_Building_plan.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1023" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-djGCKPjemxEoJ7kXZ75ZmQ30c5NqhGu2Dx47WwVfJlB1pYhutosHVfRxizQzqmAGrNyjT76IElZnoEwebCdR1zT0JxyU0K7MFdJtLWFFSy1PHUBIICTJJvllehx6DeXyB2-DnJjqAyAsnjYjYl8zntihS0pZp5Od9t_aHVCIYBTpeovwIRanoaN-o-ss/w500-h640/800px-Empire_State_Building_plan.jpg" width="500" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Um dos esboços para o edifício. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">Dessa forma as obras começaram em janeiro de 1930 com as escavações para as fundações. Cada uma das colunas era projetada para suportar 5 mil toneladas de peso e tinham mais de dez metros de altura e pesavam 44 toneladas. (REIS, 2006, p. 64). </span><span style="font-family: verdana;">Embora que simbolicamente a data de início foi colocada em </span><b style="font-family: verdana;">Dia de São Patrício</b><span style="font-family: verdana;"> (17 de março), por conta de alguns dos empresários serem descendentes de irlandeses. Assim, em ritmo acelerado o Empire State Building começou a ser erguido com o prazo de conclusão para o ano seguinte. Significava que um prédio de mais de 300 metros de altura deveria ser construído em menos de dois anos. Hoje em dia isso é inviável, apesar do avanço tecnológico, porém, naquela época do século XX, não o era, fato esse que o Chrysler Building que tem seus 360 metros de altura, foi construído em menos de dois anos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os jornais noticiavam a construção do Empire State como a oitava maravilha do mundo. A propaganda ajudou bastante a dar visibilidade ao ousado projeto. Vale lembrar que os <b>"Empire Boys"</b>, como eram conhecidos os donos do Empire State Inc, tinham muito contato com jornais, além de contar com o apoio do governador de Nova York, de políticos e celebridades. Dessa forma, embora o país estivesse iniciando sua recessão, o desemprego começasse a aumentar, mas o setor de construção ainda estava em alta antes de estagnar. Assim, muitos dos trabalhadores do Empire State foram imigrantes irlandeses e italianos, além de contar até com indígenas também. Com a grande disponibilidade de mão de obra, os salários caíram, favorecendo a contratação de muita gente. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As obras contaram com mais de 3.500 mil trabalhadores em diferentes profissões, que atuaram nos 18 meses da construção do prédio. Em setembro de 1930 a estrutura de aço do edifício já estava quase finalizada, passando dos 300 metros de altura, após 23 semanas de construção. Eu seu auge, os operários conseguiam erguer três andares por semana. No mês de novembro o edifício já estava quase pronto, pelo menos na sua estrutura, pois internamente as obras continuariam pelos meses seguintes. Ainda assim, foi uma proeza da engenharia contemporânea, pois o prédio cresceu rapidamente em cinco meses. </span><span style="font-family: verdana;">(TAURANAC, 2014, p. 212-214). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCzYnnke1I7lXtZicqoUzvuKjn0ovHGcgQER5pQbpMJmfNKfpNgj20Gsx-vbwacl51-WvQdkUbgMvtXH1xF-NvWdkmeC5hncAUWOJwilZmHJyrdqWaUQEiQlOL9Yt0wYqIZ9Sp3jpvDPNu1eo6xNj4JpAkRXmctmx_AytEli7n_QUQqO6Pm7N5A2-g-rBo/s1400/Empire_state_building_history.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="688" data-original-width="1400" height="314" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCzYnnke1I7lXtZicqoUzvuKjn0ovHGcgQER5pQbpMJmfNKfpNgj20Gsx-vbwacl51-WvQdkUbgMvtXH1xF-NvWdkmeC5hncAUWOJwilZmHJyrdqWaUQEiQlOL9Yt0wYqIZ9Sp3jpvDPNu1eo6xNj4JpAkRXmctmx_AytEli7n_QUQqO6Pm7N5A2-g-rBo/w640-h314/Empire_state_building_history.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Fotos mostrando a evolução da construção do Empire State Building em cinco meses. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Oficialmente só cinco trabalhadores morreram durante a construção do prédio, um número baixíssimo, já que foram milhares de envolvidos. Um dos motivos disso se deve que apesar da precariedade da segurança do trabalho na época, a Empire State Inc cobrou máxima cautela possível para evitar mortes e acidentes com os operários e os pedestres, pois havia o risco de queda de ferramentas, materiais e outros objetos. Dessa forma, trocou-se quando possível, escadas de mão por escadas normais, colocava-se telas diante de poços e aberturas, elevadores de obra foram reforçados etc. (REIS, 2006, p. 58). Claro que nem sempre medidas de segurança eram executadas, por exemplo, os operários não costumavam usar capacetes e nem cordas para se prenderem. Além disso, jornais da época apontaram que o número de mortos teria sido de mais de 40 vítimas, mas isso foi abafado pela construtora. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMR0W2X0OWUB_VaqH2o8q6Bbvyk6juay8D40BPBIRXCmqZnctHozOinXBHRxIyvz96bQ_Xiv1c3R2DGtkW0VkRmpoEm0w8qLhk9MZoRXrxsy4ZmG0xWr1lVe9SGO1iZpgD_M91l8Na0A3L0xOAwDOOkT1TU3-v04CM-ujxV7i9rbolwLP2zOXqerFpU85c/s676/empire_state.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="338" data-original-width="676" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMR0W2X0OWUB_VaqH2o8q6Bbvyk6juay8D40BPBIRXCmqZnctHozOinXBHRxIyvz96bQ_Xiv1c3R2DGtkW0VkRmpoEm0w8qLhk9MZoRXrxsy4ZmG0xWr1lVe9SGO1iZpgD_M91l8Na0A3L0xOAwDOOkT1TU3-v04CM-ujxV7i9rbolwLP2zOXqerFpU85c/w640-h320/empire_state.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Operários no intervalo das obras do Empire State, em 1930. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">De novembro até a inauguração em maio do ano seguinte, tratou-se de fazer toda a parte interna do edifício como as instalações elétricas e de encanamento, a instalação dos elevadores, colocar os pisos, fazer as pinturas e acabamentos, além de transportar os móveis, montar escritórios etc. Dessa forma, a festa de inauguração ocorreu em <b>1 de maio de 1931</b>, <b>Dia Mundial do Trabalhador</b>, uma data simbólica, pois o grande edifício seria o local de trabalho de milhares de pessoas diariamente. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O então presidente dos Estados Unidos, <b>Herbert Hoover</b>, o governador e prefeito de Nova York, entre outros políticos, autoridades públicas, empresários, celebridades e membros da alta sociedade nova-iorquina e americana, compareceram para a festa de inauguração que contou com mais de 350 convidados, que foram participar de um almoço no andar 86. Todavia, na ocasião o dia estava parcialmente nublado, havendo até neblina, o que não favoreceu a bela visão da cidade para os convidados. Não obstante, no dia 2 de maio o prédio foi aberto para o público, iniciando suas atividades. (TAURANAC, 2014, p. 230-231).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmP4LW2y_BMGG0FfUyKdk0ByphoDyq4ytM72Kq3mM9-phWfR6KhMAZKwqguhlo8FthdYmaAUM47puY3GkCUz8T0GxbF3WZqR21IIdzXKZTICAFXqgJ09UF9xLjjeqYQFOmAipcNN2fyM7uFgQzriD3gLlG-8LhxEOG-lKI_oVlVVmGImZRAnBlObtp-WQS/s646/ap_esb_lobby_1931_ss_jp_120308_vblog.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="646" data-original-width="478" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmP4LW2y_BMGG0FfUyKdk0ByphoDyq4ytM72Kq3mM9-phWfR6KhMAZKwqguhlo8FthdYmaAUM47puY3GkCUz8T0GxbF3WZqR21IIdzXKZTICAFXqgJ09UF9xLjjeqYQFOmAipcNN2fyM7uFgQzriD3gLlG-8LhxEOG-lKI_oVlVVmGImZRAnBlObtp-WQS/w474-h640/ap_esb_lobby_1931_ss_jp_120308_vblog.jpg" width="474" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Fotografia de alguns convidados na festa de inauguração do Empire State, em 1 de maio de 1931. </span></td></tr></tbody></table><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Assim, era concluído em 18 meses de obras, contando com mais de 3.500 trabalhadores, tendo custado quase 25 milhões de dólares (valores da época), </span><span style="font-family: verdana;">o Empire State Building, medindo seus 381 metros de altura (sem contar a antena), divididos em 102 andares, construído em concreto, aço, tijolos, ferro, granito e mármore, em estilo <i><b>art décor</b></i>, tendo 208.879 m2 construídos, possuindo 73 elevadores. De 1931 a 1970 ele foi o prédio mais alto do mundo, por isso se tornou um ícone dos arranha-céus, além de se tornar um cartão postal da cidade de Nova York até hoje, fato esse que o prédio possui mirantes nos andares 86 e 102, recebendo milhões de turistas ao ano. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Inclusive o turismo ajudou a recuperar os investimentos da construção, pois na década de 1930 o prédio teve vários andares vazios por conta da crise econômica, mas turistas visitam local mesmo assim. Somente na década de 1940 é que os andares de escritórios, lojas e restaurantes foram sendo preenchidos propriamente. Além disso, o edifício começou a aparecer em filmes, séries, novelas e desenhos, que ajudou sua popularização pelo mundo. O filme <i><b>King Kong</b></i> (1933) foi a primeira grande produção cinematográfica a usar o edifício como cenário. Criando uma das mais icônicas cenas do cinema preto e branco. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgllR_2BUCuAQBdxlNoYEOBcwfn8hosn7WTEILPhe592Qn7EOpa_w_Uq07OTmb4i3oYMjFvohyphenhyphenX-qqNlp1OYZVn6pzfKhPyLeQ9cRYrBy9wggruj7JQ77yW3voOJgAAvxgMn2MioMVcibsPBoax-HdDNpFikpyEMeGn-NhtHXVuevcT6Rfd46wPZu9y7LPQ/s1170/kingkong1933-plano-critico-filme.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="780" data-original-width="1170" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgllR_2BUCuAQBdxlNoYEOBcwfn8hosn7WTEILPhe592Qn7EOpa_w_Uq07OTmb4i3oYMjFvohyphenhyphenX-qqNlp1OYZVn6pzfKhPyLeQ9cRYrBy9wggruj7JQ77yW3voOJgAAvxgMn2MioMVcibsPBoax-HdDNpFikpyEMeGn-NhtHXVuevcT6Rfd46wPZu9y7LPQ/w640-h426/kingkong1933-plano-critico-filme.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Cena do filme King Kong (1933). Na época fazia dois anos que o prédio tinha sido inaugurado e não contava com sua antena de rádio ainda. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><b style="font-family: verdana;">NOTA:</b><span style="font-family: verdana;"> A Família Astor após a venda do seus dois hotéis, construiu outro maior na Avenida Park em 1931, consistindo no atual Hotel Waldorf Astoria. </span></div></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 2: </b>Em <b>1965</b> foi instalada uma antena de rádio no Empire State Building, medindo 62 metros de altura, o que subiu a altura do edifício para 443 metros. Valor que conserva atualmente. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 3: </b>Atualmente o edifício é o 54o prédio mais alto do mundo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 4:</b> Em <b>28 de julho de 1945 </b>um pequeno avião de guerra que sobrevoava baixo a cidade, colidiu acidentalmente com o Empire State, atingindo o andar 79 e matando 14 pessoas. Na ocasião o dia estava nublado e com um forte nevoeiro. A imprudência do piloto o levou a voar baixo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 5:</b> O filme <i><b>Independence Day</b></i> (1996) mostra o prédio sendo destruído por uma nave alienígena. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 6: </b>O Empire State aparece comumente nos quadrinhos, desenhos, filmes e jogos do <b>Homem-Aranha</b>. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 7:</b> Atualmente o prédio abriga uma exposição em homenagem ao King Kong. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 8: </b>Algumas empresas que possuem escritórios no prédio são: <i><b>Linkedin, Shutterstock, Workday e Expedia</b></i>. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 9:</b> Atualmente pelo menos 15 mil pessoas trabalham no edifício, embora ele receba milhares de visitantes. Muitos desses são turistas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas: </b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>DOUGLAS</b>, George H. <b>Skycrapers: a social history very tall building in America</b>. New York, McFarland, 2004. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>LANGMEAD</b>, Donald. <b>Icons of American Archicture: From the Alamo to World Trade Center</b>. Greenwood, Greenwood Icons, 2009. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>REIS</b>, Ronald A. <b>The Empire State Building</b>. New York, Chelsea House Publishers, 2006. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>TAURANAC</b>, John. <b>The Empire State Building: The Making of a Landmark</b>. New York: Scribner, 2014. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>LINK:</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://www.skyscrapercenter.com/building/empire-state-building/261">Site oficial do Empire State Building</a><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><a href="https://www.esbnyc.com/"><span style="font-family: verdana;">Site para visitação turística do Empire State</span></a><br /></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-17720901605365490562023-12-14T14:33:00.004-03:002023-12-16T11:26:41.956-03:00100 anos da proclamação da República da Turquia<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No ano de 1922 o Império Otomano chegou ao fim, após anos de crise, acentuada por conta da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), com a renúncia do último sultão, um governo interino foi eleito até que a república foi efetivamente proclamada em 1923. Pondo fim a séculos de monarquia e suas regalias. O presente texto apresenta alguns aspectos centrais desse processo de transição política na história turca, que foi extenso, demorado e marcado por guerras e crises. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt2yjw0W341ew8l4YFDyJNnOcZLKSbo4LxhVsQELsQqk6fAkKRWogqtKxrwOgzU8dEg6C-lV4JZMNzrFlQHjT7HsZrd7Sg2IPjyQk2vU7SDoPtrj6VfBUcqK9h20q0xZz6kpQrx1bQCT2pfUCVRbo9pyNmwgfGUFAsMR1c0GAkPWSipxeXFwqxrkvcei59/s1920/100-years-anniversary-of-turkish-republic-festivity-card-with-number-100-and-the-turkish-flag-29th-october-1923-2023-national-victory-day-flat-style-illustration-on-white-background-vector.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1920" height="356" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt2yjw0W341ew8l4YFDyJNnOcZLKSbo4LxhVsQELsQqk6fAkKRWogqtKxrwOgzU8dEg6C-lV4JZMNzrFlQHjT7HsZrd7Sg2IPjyQk2vU7SDoPtrj6VfBUcqK9h20q0xZz6kpQrx1bQCT2pfUCVRbo9pyNmwgfGUFAsMR1c0GAkPWSipxeXFwqxrkvcei59/w640-h356/100-years-anniversary-of-turkish-republic-festivity-card-with-number-100-and-the-turkish-flag-29th-october-1923-2023-national-victory-day-flat-style-illustration-on-white-background-vector.jpg" width="640" /></a></div><b style="font-family: verdana;">Introdução</b><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O Império Otomano (1299-1922) vigorou por séculos, sendo o Estado mais poderoso e rico entre os séculos XVI e XVII, considerado sua era de ouro. Os otomanos eram uma dinastia de origem turca que entraram em destaque na história em meados do século XV, quando o sultão <b>Mehmed II </b>conquistou <b>Constantinopla</b> em <b>1453</b>, após quase três meses de cerco. As imponentes muralhas da cidade bizantina se renderam diante dos poderosos canhões turcos. Com tal façanha, Constantinopla foi renomeada para Istambul, tornando-se a nova capital dos otomanos pelos séculos seguintes, passando a sediar sua imponente e requintada corte, iniciando a ascensão desse império.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No entanto, no final do século XIX, os dias de glória eram lembranças distantes. Os tempos modernos contestavam os padrões de vida e preceitos socioculturais da dinastia otomana, ainda conservadora em vários aspectos diante do "século do progresso". Soma-se a isso as constantes derrotas militares e diplomáticas para as potências europeias como Inglaterra, França, Rússia e Áustria. Se em seu auge o império possuía domínios sobre o Oriente Médio, norte da África e leste Europeu, no final do XIX, seus domínios se restringiam a parte do Oriente Médio. Isso foi um duro golpe para as finanças do Estado, as quais dependiam da tributação dos estados vassalos, assim como, de zonas rurais, portos e cidades mercantis. (ZÜRCHER, 1992, p. 62-66). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Outro aspecto a ser comentado diz respeito as críticas a monarquia e seu luxo excessivo e autoridade ainda aos moldes absolutistas. Em meados do XIX surgiu um movimento político chamado de<b> Jovens Otomanos</b> (<i>Yeni Osmanlilar</i>), formado por intelectuais provenientes das universidades, fortemente influenciados por <b>ideários iluministas</b> como a democracia, o liberalismo, o republicano e a laicidade. Essas ideias foram defendidas mesmo após o declínio do movimento ainda na década de 1870, que coincidiu com o final do <b>Tanzimat </b>(1830-1870), nome dado ao período reformista do império, que buscou modernizar a nação em vários aspectos como reformulação do código penal, do sistema tributário, abolição de impostos sobre não-muçulmanos, mudanças no alistamento militar, criação de universidades, construção de estradas e ferrovias, mudanças fiscais etc. (HOWARD, 2016, p. 70-73). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O governo de Abdul Hamide II (1876-1909)</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O sultão <b>Abdul Hamide II </b>(1842-1918) tentou assegurar o controle do país em meio a crise daquele período, aprovando uma constituição monarquista, além de adotar outras propostas sugeridas, como a criação de um parlamento. Isso contribuiu para sua boa aceitação, pelo menos, nos anos iniciais, pois </span><span style="font-family: verdana;">decisões erradas acerca da política externa, revoltas nos estados vassalos, surtos de fome, adesão a guerras que foram fiascos, isso tudo foram gradativamente minando a ordem do império, contribuindo para a constante perda de territórios e o aumento de movimentos políticos cobrando a abolição da monarquia e aprovação de uma república e de uma constituição melhor. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdJh49old72BZO4Tm2DnFQXx1Wdr6PK3dm7LtZ88dq0P-b3-W6gzCyJGpbV4Cu-PV8go_p1riwBCrkjLsL8X9pYJWn19aUo1y16trT6Di07CMrpY2xrwzDoS-sQ1PfmypRft26RiiRfnqm3Mp1xbrYFYI8TF8PeuSLNrzRx-TBdxLULklfOd1ntNMh9HXU/s1232/800px-Sultan_Abdul_Hamid_II_of_the_Ottoman_Empire.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1232" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdJh49old72BZO4Tm2DnFQXx1Wdr6PK3dm7LtZ88dq0P-b3-W6gzCyJGpbV4Cu-PV8go_p1riwBCrkjLsL8X9pYJWn19aUo1y16trT6Di07CMrpY2xrwzDoS-sQ1PfmypRft26RiiRfnqm3Mp1xbrYFYI8TF8PeuSLNrzRx-TBdxLULklfOd1ntNMh9HXU/w260-h400/800px-Sultan_Abdul_Hamid_II_of_the_Ottoman_Empire.jpg" width="260" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Retrato do sultão Abdul Hamide II</span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Diante dos problemas enfrentados no final da década de 1870 e começo de 1880, Abdul Hamide II suspendeu a constituição e o parlamento, e governou com despotismo pelos quase trinta anos seguintes. Apesar de seu autoritarismo, o processo de modernização tecnológica do país continuou com a construção de estradas, ferroviais, portos, adoção de energia elétrica e telefonia, por outro lado, massacres contra as comunidades de minorias, a recusa de aceitar a emancipação de estados vassalos, altos gastos com obras públicas, escândalos de corrupção, aumento da inflação, contribuiu para enfraquecer a popularidade do sultão, levando a eclodir uma revolta em 1908. </span><span style="font-family: verdana;">(ZÜRCHER, 1992, p. 80-85</span><span style="font-family: verdana;">). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A Revolução dos Jovens Turcos (1908-1913)</b></span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O movimento chamado<b> Jovens Turcos</b> era influenciado pelos Jovens Otomanos da década de 1870, embora contasse com a adesão de outras alas insatisfeitas com o governo do sultão Abdul Hamide II. Muitos dos idealizadores do movimento estudaram em universidades europeias, especialmente as francesas, sendo influenciados pelo legado político daquele país. Assim, o movimento pretendia promover uma revolução política na Turquia, restaurando o parlamento que foi banido desde 1878, assim como, pedindo a abdicação do sultão e convocação para uma assembleia constituinte. (HOWARD, 2016, p. 77).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A Revolução dos Jovens Turcos ambicionava derrubar a monarquia, implementar uma república e uma nova constituição, para depois começar a resolver os outros vários problemas que afetavam o país. O sultão aceitou restaurar o parlamento, retomar a constituição de 1876 e libertar parte dos presos políticos e iniciar uma negociação para deliberar sua possível abdicação. Porém, meses depois de tais medidas, ele realizou em <b>13 de abril de 1909</b> um </span><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">contragolpe para derrubar os revolucionários, apelando para os monarquistas e conservadores, mas parte do exército havia aderido a causa revolucionária, resultando em massacres de inocentes durante os conflitos entre ambos os lados, como o <b>Massacre de Adana</b>. Após essa tentativa fracassada de contragolpe, Abdul Hamide II aceitou abdicar o trono, passando-o para seu irmão <b>Mehmed V</b>. (ZÜRCHER, 1992, p. 95-96). </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYQQiD29f9ZAk0IrK5JArW8-mlXq1VTkWvsTls51biKUx3qoZlN08i-oM7i4ew28Gf2bedSdZ5SMF-u-C9wc7TkLvZvuBNt0wb6b3iAqocuaY5J-SyXFXq60BlIZq_WoGLDaOIJDB1naqgI59VxuE7ULgMWIaed2bKy1lsmhkCsWR6E_ylhY3JOK4ymyw7/s800/Greek_lithograph_celebrating_the_Ottoman_Constitution.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="602" data-original-width="800" height="482" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYQQiD29f9ZAk0IrK5JArW8-mlXq1VTkWvsTls51biKUx3qoZlN08i-oM7i4ew28Gf2bedSdZ5SMF-u-C9wc7TkLvZvuBNt0wb6b3iAqocuaY5J-SyXFXq60BlIZq_WoGLDaOIJDB1naqgI59VxuE7ULgMWIaed2bKy1lsmhkCsWR6E_ylhY3JOK4ymyw7/w640-h482/Greek_lithograph_celebrating_the_Ottoman_Constitution.png" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Litogravura mostrando os revolucionários libertando Lady Liberdade de suas correntes. A mulher é uma alegoria para a Turquia. Propaganda política de 1908.<br /> </span></td></tr></tbody></table><span style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span><span style="font-family: verdana;">No entanto, com a retomada do parlamento, esse mudou o nome para <b>Assembleia Nacional</b>, sendo formada por sua maioria de representantes<b> monarquistas nacionalistas</b> representados pelo <b>Comitê de União e Progresso</b> (<i>Ittihad ve Terakki Cemiyeti</i>), conhecido pela sigla CUP. O qual</span></span><span style="font-family: verdana;"> defendia a <b>manutenção da monarquia parlamentarista</b>, tornando Mehmed V em um governante simbólico. No entanto, a política turca estava dividida em outros setores também. Tínhamos uma parcela de </span><b style="font-family: verdana;">monarquistas conservadores </b><span style="font-family: verdana;">os quais defendiam o retorno da autoridade do sultão, </span><b style="font-family: verdana;">liberais</b><span style="font-family: verdana;"> que eram a favor da república, e uma parcela bem menor de </span><b style="font-family: verdana;">socialistas </b><span style="font-family: verdana;">e</span><b style="font-family: verdana;"> anarquistas</b><span style="font-family: verdana;">. Porém, como os monarquistas no governo eram maioria, assim, a monarquia parlamentarista foi mantida nesta revolução. </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Os nacionalistas como ficaram mais conhecidos, detinham grande número de assentos no parlamento e na câmara federal, além do apoio das forças armadas e de políticos das províncias. Sublinha-se que o governo nacionalista ainda defendia a ideia de manter os territórios vassalos sob seu controle, o que incluía terras na Bósnia, Sérvia, Bulgária, Armênia, Síria, Palestina, Arábia Saudita e parte do Iraque. A ideia era defender um <b>pan-turquismo</b>, alegando que embora esses povos falassem outras línguas e tivessem suas culturas, mas eles faziam parte do Império Otomano, que buscava se modernizar para o século XX. </span></span><span style="font-family: verdana; text-align: left;">No entanto, a </span><b style="font-family: verdana; text-align: left;">Rússia tinha interesse na Armênia</b><span style="font-family: verdana; text-align: left;"> e incentivou revoltas ali para esses se emanciparem da Turquia, em retaliação os nacionalistas assinaram um </span><b style="font-family: verdana; text-align: left;">pacto secreto com a Alemanha</b><span style="font-family: verdana; text-align: left;">, para solicitar ajuda contra o Império Russo. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Além dessa questão política externa, o governo turco passou por problemas internos também. Em 1911</span></span><span style="font-family: verdana; text-align: left;"> ano de eleições para o parlamento, a câmara, províncias e prefeituras houve desentendimentos entre os partidos políticos, especialmente entre os membros da CUP, em que o <b>coronel Sadik Bey</b>, desgostoso com os rumos que o partido havia tomado, deixou a CUP, levando vários partidários consigo, vindo a fundar naquele ano o <b>Partido do Progresso</b>, de vertente nacionalista-liberal. Naquele mesmo ano ocorreram as eleições e vários candidatos do novo partido foram eleitos, chocando a CUP, a qual controlava o país desde 1908. Todavia, a CUP realizou um pequeno golpe de Estado, dissolvendo o parlamento, alegando fraude eleitoral e convocou eleições para 1912, as quais foram efetivamente fraudadas, lhe dando a vitória esmagadora. (HOWARD, 2016, p. 79). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-align: left;">No entanto, 1912 também foi um ano ruim para a Turquia, o país sofreu um contra-ataque de países europeus do Bálcãs. A Turquia estava em guerra contra a <b>Itália</b> na chamada <b>Guerra ítalo-turca</b> (1911-1912) pela disputa do controle da <b>colônia da Líbia</b>, enquanto parte do exército e da marinha otomanos estavam ocupados na África, os sérvios formaram a <b>Liga Balcânica </b>composta pela <b>Sérvia, Bulgária, Grécia e Montenegro</b>, com a missão de expulsar os turcos dos Bálcãs, isso iniciou a <b>Guerra Balcânica </b>(1912-1913). É válido lembrar que desde o século XV os turcos detinham territórios naquela região europeia no auge de seu império, os países balcânicos faziam parte de seus domínios, agora era chegada a hora dos oprimidos revidarem. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-align: left;"><span face=""verdana" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; text-align: justify;">“Depois que os turcos se envolveram na Guerra Ítalo-Turca (1911-1912), esses quatro países formaram a Liga Balcânica e se mobilizaram para a guerra. Em outubro de 1912, quando os turcos </span><span face=""verdana" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; text-align: justify;">f</span><span face=""verdana" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; text-align: justify;">izeram as pazes com os italianos, abrindo mão da Líbia, a Liga declarou guerra ao Império Otomano, iniciando, assim, a primeira Guerra dos Bálcãs. Entre as grandes potências, a Rússia apoiou a Liga e a Áustria-Hungria, os otomanos, e as tensões entre os dois impérios </span><span face=""verdana" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; text-align: justify;">f</span><span face=""verdana" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; text-align: justify;">icaram sérias a ponto de cada um mobilizar parcialmente seus exércitos. Quando a guerra chegou ao </span><span face=""verdana" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; text-align: justify;">f</span><span face=""verdana" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; text-align: justify;">im, em maio de 1913, as grandes potências permitiram que a Sérvia </span><span face=""verdana" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; text-align: justify;">f</span><span face=""verdana" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; text-align: justify;">icasse com Kosovo e a Grécia, com Épiro, mas determinaram que o restante do território albanês fosse cedido para um novo país independente. A Grécia também recebeu Creta e dividiu com a Sérvia a Macedônia, limitando à Trácia os ganhos da Bulgária. Incitados por uma violenta indignação pública por conta do magro espólio, apenas um mês depois os búlgaros declararam guerra à Sérvia e à Grécia, na esperança de assegurar parte da Macedônia. Na breve segunda Guerra dos Bálcãs, os turcos retomaram as hostilidades contra os búlgaros, e Montenegro também interveio, mas a entrada da Romênia (que se mantivera neutra na primeira Guerra dos Bálcãs) se mostrou decisiva, o que levou a Bulgária a abandonar parte de suas conquistas anteriores na Trácia, de modo a se defender contra uma invasão romena desde o norte. No acordo que deu </span><span face=""verdana" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; text-align: justify;">f</span><span face=""verdana" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; text-align: justify;">im ao con</span><span face=""verdana" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; text-align: justify;">f</span><span face=""verdana" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; text-align: justify;">lito em agosto de 1913, a Bulgária recuperou a Trácia ocidental e uma rota de saída para o mar Egeu, mas devolveu a Trácia oriental ao Império Otomano e cedeu Dobruja à Romênia. As Guerras dos Bálcãs deixaram a região mais volátil do que nunca”. (SANDHAUS, 2013, p. 34-35). </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><b>Interlúdio: A Primeira Guerra (1914-1918)</b></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">A Primeira Guerra Mundial teve início em 1914 após o assassinato do arquiduque austríaco <b>Francisco Fernando </b>(1863-1914) durante o trajeto de carro até a prefeitura de <b>Saravejo</b>, quando um terrorista de nome<b> Gavrilo Princip </b>(1894-1918)<b> </b>o assassinou no caminho. Fernando era herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, sua morte foi considerada um crime contra o Estado. Nesta época os sérvios reivindicavam sua independência da Áustria-Hungria, sendo assim, Princip num ato inconsequente cometeu esse assassinato que mudou a História. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Naquele ano a Áustria-Hungria era aliada da Alemanha e da Itália, tendo formalizado há vários anos o pacto da<b> tríplice aliança</b> que basicamente ditava que em caso de uma guerra contra qualquer dos aliados, os outros deveriam ajudá-los. Sendo assim, após a morte do arquiduque Fernando em <b>28 de junho de 1914</b>, o governo austro-húngaro iniciou uma série de investigações nas províncias da <b>Sérvia e da Bósnia</b>, procurando os responsáveis por planejarem a morte do nobre, havia suspeitas de que os russos estivessem envolvidos, pois eles apoiavam a independência dos sérvios. No dia <b>31 de julho </b>os russos mobilizaram seus exércitos para as fronteiras antevendo um possível conflito, todavia, os austro-húngaros e alemães consideraram aquilo como um atestado de culpa, então o<b> kaiser Guilherme II da Alemanha </b>declarou guerra ao <b>czar Nicolau II da Rússia</b>. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A notícia da declaração de guerra se espalhou rapidamente, fato esse que a <b>França</b> que era aliada da Rússia, e disse que se os alemães os atacassem, eles seriam invadidos. O kaiser Guilherme II aceitou a provocação e mandou no<b> </b>dia <b>2 de agosto</b> invadir <b>Luxemburgo </b>e no dia seguinte as tropas adentraram a <b>Bélgica</b>. A guerra havia começado. A Itália que era aliada da Alemanha e da Áustria-Hungria manteve-se de início de fora do conflito. O assassinato do arquiduque Fernando em Saravejo foi apenas um pretexto para a guerra começar, pois as tensões já eram grandes a vários anos; as potências europeias só queriam uma desculpa para começar uma guerra para se atacarem e disputarem o controle de colônias, territórios, estradas, ferroviais, portos, recursos naturais etc. Eram tempos de imperialismo ainda. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Como a Turquia havia assinado um acordo militar secreto com a Alemanha poucos anos antes, com a eclosão da guerra, os alemães fizeram valer o acordo, exigindo o suporte dos turcos. O governo da CUP encarou isso como uma grande oportunidade, pois ambicionavam o estado de guerra para recuperar territórios perdidos nos Bálcãs que resultou na Guerra Balcânica (1912-1913), a disputa da Líbia com os italianos, além de problemas na Armênia, Chipre, Síria, Palestina etc. Significava que para os nacionalistas da CUP havia chance de manter tais territórios e talvez até conquistar outros.</span><span style="font-family: verdana;"> O sultão Mehmed V chegou a fazer uma declaração pública para toda a nação anunciando a entrada do país na Grande Guerra. (SHAW; SHAW, 1977, p. 310-311).</span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1-6FdcMfSSLeLZOrj-yYHvLtI1-5B7b5MYfb8e_Yvbe6CBuDd7EPRQ0xKvQ9nXv1EuN6xy4N5lkTnPuyAMedIJwR_J3q5Mbb173UZWUXfOBoxJhZ4lZ0qKAS6WTxlO56OINcZhhOgztxcM40YDN4eY65zk9xLFe7_-Hgw_U48Y1clkfbCAA94gkupbGeG/s741/Ottoman_Empire_1914_h.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="741" data-original-width="640" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1-6FdcMfSSLeLZOrj-yYHvLtI1-5B7b5MYfb8e_Yvbe6CBuDd7EPRQ0xKvQ9nXv1EuN6xy4N5lkTnPuyAMedIJwR_J3q5Mbb173UZWUXfOBoxJhZ4lZ0qKAS6WTxlO56OINcZhhOgztxcM40YDN4eY65zk9xLFe7_-Hgw_U48Y1clkfbCAA94gkupbGeG/w345-h400/Ottoman_Empire_1914_h.png" width="345" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Mapa do Império Otomano em 1914. Os gregos, italianos, franceses e ingleses começaram a atacar tais territórios durante a guerra. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As tropas turcas basicamente ficaram restritas aos territórios vizinhos, lutando sobretudo nos Bálcãs, Mar Negro, Síria, Palestina, Arábia, Iraque e Egito. Por sua vez, a <b>Armênia</b> sofreu um duro golpe nesse período da guerra, pois suas tentativas de se rebelar ao domínio otomano eram rechaçadas com profunda truculência que durou anos, resultando no chamado <b>Genocídio Armênio</b> (1915-1923), que teria vitimando algo entre 800 mil a 1,8 milhão de armênios. Além desse grande número de mortos, soma-se mais de 400 mil soldados otomanos vitimados durante a guerra e outros milhares de civis que morreram no conflito. (</span><span style="font-family: verdana;">SHAW; SHAW, 1977, p. 317-327).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A participação na Grande Guerra foi desastrosa para a Turquia em vários aspectos. Milhares de mortos, destruição em várias cidades, altos gastos, perca de territórios, aumento do endividamento do país, aumento do custo de vida, cerco das nações europeias ao império. Frustração generalizada com a CUP e os apoiadores da campanha militar, desilusão quanto aos ideários nacionalistas e pan-turcos. Exército fragmentado em vários territórios que foram sendo perdidos. </span><span style="font-family: verdana;">O sonho de reerguer a glória do Império Otomano havia ruído mais uma vez. E para concluir 1918, o último ano da guerra, o sultão Mehmed V faleceu de velhice, sendo sucedido por seu irmão <b>Mehmed VI</b>, que se tornou o último sultão do Império Otomano. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>30 de outubro de 1918</b> foi assinado o <b>Armistício de Mudros</b> que punha fim aos conflitos entre os trucos e as nações europeias que os atacavam. O armistício foi aprovado após semanas de negociações, no entanto, a Turquia não saiu vencendo com isso, pelo menos não da forma que esperava. Os território invadidos foram mantidos sobre o controle dos exércitos europeus, importantes cidades como Damasco, Israel, Adana, Tarso, as ilhas de Chipre e Rodes, e a própria capital do império, Istambul, foram ocupadas por tropas francesas e britânicas ainda em novembro daquele ano. </span><span style="font-family: verdana;">A CUP a contragosto concordou com o armistício, embora parte de seus membros consideravam isso sinal de fraqueza. O império estava desmoralizado, invadido e a mercê de inimigos. </span><span style="font-family: verdana;">(</span><span style="font-family: verdana;">SHAW; SHAW, 1977, p. 329).</span></p><p style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana; text-align: left;">A guerra de independência (1919-1923)</b></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-align: left;">Com o fiasco da participação da Turquia na Grande Guerra, a situação do país que estava ruim, ficou pior. Várias regiões estavam ocupadas por tropas gregas, italianas, francesas e britânicas, enquanto o genocídio armênio ainda continuava. Os liberais viram a oportunidade de crescer nesse período, culpando os nacionalistas da CUP pelas mazelas do país por terem aceitado entrar numa guerra malfadada. Entre os liberais-nacionalistas que se destacaram naquele momento estava o marechal <b>Mustafa Kemal</b> (1881-1938), que ganhou fama e respeito das forças armadas por suas campanhas durante a guerra. Kemal era o típico homem que defendia preceitos nacionalistas, fato esse que ele foi um dos idealizadores do <b>Movimento Nacional Turco</b> surgido em <b>1919 </b>para defender a soberania do país frente a intervenção estrangeira. Por ser um liberal também, ele era a favor de pôr fim a monarquia parlamentarista, instaurar o republicanismo, assim como, instituir o laicidade do Estado. </span><span style="font-family: verdana; text-align: left;">O marechal Mustafa Kemal ficaria mais tarde conhecido como o "Pai da República Turca". </span><span style="font-family: verdana;">(</span><span style="font-family: verdana;">SHAW; SHAW, 1977, p. 340-342).</span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd7s2bfA2y8CKv9egQyzzBhyphenhyphendn2DuAq5zGvUxHI2P7dHuNXE78YCwYvV7M-24JX06Kx8IMU1NIPU2XsziB_27EXVwNXyW-kXnTTjkrXdiLEw37LGno6LEme91qmY6_6hfVuPieNawsPKlf4QS3xrhgy-SrbzubVqs6SwslgC5P_ipqz3-y2dLQrMRo6Z9t/s987/Ataturk1930s.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="987" data-original-width="732" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd7s2bfA2y8CKv9egQyzzBhyphenhyphendn2DuAq5zGvUxHI2P7dHuNXE78YCwYvV7M-24JX06Kx8IMU1NIPU2XsziB_27EXVwNXyW-kXnTTjkrXdiLEw37LGno6LEme91qmY6_6hfVuPieNawsPKlf4QS3xrhgy-SrbzubVqs6SwslgC5P_ipqz3-y2dLQrMRo6Z9t/w296-h400/Ataturk1930s.jpg" width="296" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Mustafa Kemal, o líder que comandou a guerra de independência e o estabelecimento da república.<br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O marechal Kemal deu início aos planos de expulsar os estrangeiros a partir de maio de 1919, iniciando a guerra de independência. Para isso, ele passou a negociar com os russos, cedendo territórios da Armênia em troca de armas e </span><span style="font-family: verdana;">veículos</span><span style="font-family: verdana;"> de guerra. Sendo assim, o armistício de Mudros durou menos de um ano, pois sete meses depois de sua aprovação a guerra havia reiniciado. Kemal tratou de focar em inimigos situados no território da Turquia, que incluía os franceses, gregos e italianos, já que os britânicos ocupavam territórios no Oriente Médio. Ainda em setembro daquele ano foi convocada eleições parlamentares e os vitoriosos a maioria apoiavam a política liberal-nacionalista de Mustafa Kemal, que apresentava o objetivo de recuperar o controle do país. (KAYALI, 2008, p, 125-128).</span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-align: left;">Com a realização das eleições entre 1919 e 1920, Kemal foi eleito vizir (primeiro-ministro), lembrando que o sultão Mehmed VI vivia em Istambul, mas sob tutela do governo britânico. Porém, ele era apenas um fantoche nas mãos dos inimigos. Estando de posse do novo cargo, Kemal tratou de mudar a sede do governo, transferindo-o de Istambul para Ankara, onde foi estabelecido o novo parlamento. Além disso, desde então a cidade se tornou oficialmente a capital da Turquia até hoje. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-align: left;">Em 10 de agosto de 1920 foi proposto o <b>Tratado de Sevres</b>, organizado entre os países europeus que ocupavam a Turquia. A ideia era pôr fim a guerra de independência, forçando o governo turco a reconhecer sua derrota, assim como, autorizando a emancipação da Armênia e a criação do estado autônomo do Curdistão. O tratado também reforçava a posse de Esmirna e de algumas ilhas para ficarem sob domínio grego. O sul da região da Anatólia e o oeste da Cilícia passariam para o controle italiano; os franceses controlariam o leste da Cilícia e o território sírio. Já os britânico abocanhavam parte do hoje é o Iraque, Israel e a Palestina. </span><span style="font-family: verdana; text-align: left;">(KAYALI, 2008, p, 130).</span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8a4UL_UkdUnFSenH6RAwdZz-dxGmSb7A8RpNMHIXK-mILMESlPczn2SHJ5DKxvVdZlz5rEcHwmCCOWMFMLPxmEPc0TUdO2e8MzNWboyFgy2xbK44K4vJV3OeXxAH8S8Y00Mz93jMXiX-9XTMUb4He108Ue7Ge_eOWkFRtRoMRUJqKlfiCbiH1fRfwcsqw/s1024/1024px-TratadoDeSevres1920-pt.svg.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="615" data-original-width="1024" height="384" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8a4UL_UkdUnFSenH6RAwdZz-dxGmSb7A8RpNMHIXK-mILMESlPczn2SHJ5DKxvVdZlz5rEcHwmCCOWMFMLPxmEPc0TUdO2e8MzNWboyFgy2xbK44K4vJV3OeXxAH8S8Y00Mz93jMXiX-9XTMUb4He108Ue7Ge_eOWkFRtRoMRUJqKlfiCbiH1fRfwcsqw/w640-h384/1024px-TratadoDeSevres1920-pt.svg.png" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Mapa do Tratado de Sevres apresentando os territórios ocupados pelos exércitos europeus, a Armênia e o Curdistão ao sul dessa. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Parte da população do império aceitava se submeter ao governo estrangeiro, o que incluía sírios, iraquianos, palestinos e árabes. Os armênios e curdos também defendiam o tratado, pois assim assegurariam sua autonomia e esperavam que isso poria fim aos massacres perpetrados pelos turcos ali. Porém, havia turcos que não gostavam de se sujeitar ao domínio grego e italiano devido a guerra contra eles que durava oito anos. Por sua vez, os nacionalistas mais fervorosos eram totalmente contrários as propostas desse tratado. Evidentemente que a CUP, o Partido do Progresso e o Partido Nacional Turco (ao qual pertencia Kemal), eram contrários a essa proposta, por conta disso, a guerra foi mantida.</span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">A campanha contra os gregos e italianos estiveram entre as mais duras, pois o exército grego ao longo de 1921 avançou rumo a Ankara, com o objetivo de capturar a capital e forçar o parlamento a aceitar o Tratado de Sevres, se isso tivesse ocorrido, teria sido uma grande derrota para as forças de resistência, no entanto, as tropas turcas conseguiram resistir e frearam o avançar grego vencendo a<b> Batalha de Inonu</b> (11 de janeiro de 1921) e na <b>Batalha de Sacaria</b> (23 de agosto a 13 de setembro de 1921), a qual foi travada nos arredores da capital. A vitória em Sacaria foi fundamental para evitar a captura de Ankara pelo exército grego, forçando a recuar até a região de Esmirna. </span></span><span style="font-family: verdana; text-align: left;">(KAYALI, 2008, p, 137-138).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtG5WkPofPdFTVxSmaRdmkeu5VdEC-DLTKTKhEUB3pXelLln9flDq5LzSiocHSO1GEG2NOdsZM6UJdNjRpQenHv4jpDEJC2-IKpDv50qD-VrsKYZVbBEwXIF9BCr4wA3z8OufY73p7U_EoL0Nnx3ygEp20t95RZOm1DhWW8Oq8lC4DyrFGPXZ43zwIKwY4/s800/800px-Battle_of_Sangarios_1921.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="609" data-original-width="800" height="488" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtG5WkPofPdFTVxSmaRdmkeu5VdEC-DLTKTKhEUB3pXelLln9flDq5LzSiocHSO1GEG2NOdsZM6UJdNjRpQenHv4jpDEJC2-IKpDv50qD-VrsKYZVbBEwXIF9BCr4wA3z8OufY73p7U_EoL0Nnx3ygEp20t95RZOm1DhWW8Oq8lC4DyrFGPXZ43zwIKwY4/w640-h488/800px-Battle_of_Sangarios_1921.png" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Litogravura grega mostrando uma cena da Batalha de Sacaria. O documento enfatizava a superioridade do exército grego, alegando que a vitória estaria próxima. </span></td></tr></tbody></table><p></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Dentre as nações europeias que ocupavam a Turquia, os gregos apresentaram-se como a maior ameaça, pois eles tentaram conquistar a capital Ankara, mas não significa que não tenha havido conflitos contra os italianos e franceses. Somente os britânicos é que mantiveram-se mais longe de grandes batalhas. O </span><b style="font-family: verdana;">Tratado de Ankara</b><span style="font-family: verdana;"> (1921) encerrou os conflitos contra os franceses, cedendo os territórios sírios em troca da Cilícia. Já os conflitos com os italianos também foram se encerrando em 1921, por sua vez, os britânicos propuseram novos acordos para manter o controle dos territórios no Oriente Médio, em troca de remover suas tropas gradativamente de Istambul e outras terras ocupadas pela Turquia. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1922</b> a situação da guerra estava se resolvendo já que o governo havia negociado alguns acordos com quase todos seus invasores, faltava resolver o problema com os gregos. Dessa forma, naquele ano ocorreu a "grande ofensiva" do exército turco, cuja missão era empurrar os gregos de volta ao <b>Mar Egeu</b> e forçar a saída desses da Anatólia. Entre janeiro e fevereiro as campanhas turcas iam minando as conquistas gregas, forçando esses a recuarem, no entanto, o governo grego relutava em abandonar aquela guerra, assim, por intermédio dos britânicos, foi proposto em março uma mesa de negociações. (ZURCHER, 1992, p. 155-156). </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Os gregos ainda assim não acataram a proposta de se retirar, postergando a guerra até setembro daquele ano, vindo a sofrer pesadas derrotas como a <b>Batalha de Dumlupinar</b> (26-30 de agosto de 1922) que marcou a derrota do exército grego. Pois em setembro o exército turco adentrou Esmirna, cidade sob domínio grego, e que funcionava como sua base de operações na Anatólia. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAo1CRYMDy_R10DNqaQ-jTsSG8VUA4kuXslL_6QIEzvi42p7Y5eg79eTz69sGFrL6xZnVOYoE76M-GyhFttDe62Ay8eAvjVsIpGZ8leh69A6tRuJ4vBx73lXPSDaKmlzhEND2OP3PM0oDd2A5B73sWtz9sqvhnQsr_OqHUorExMZ2aYa08YHDAT-kz-49H/s1024/The_Turkish_Army's_entry_into_Izmir.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="680" data-original-width="1024" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAo1CRYMDy_R10DNqaQ-jTsSG8VUA4kuXslL_6QIEzvi42p7Y5eg79eTz69sGFrL6xZnVOYoE76M-GyhFttDe62Ay8eAvjVsIpGZ8leh69A6tRuJ4vBx73lXPSDaKmlzhEND2OP3PM0oDd2A5B73sWtz9sqvhnQsr_OqHUorExMZ2aYa08YHDAT-kz-49H/w640-h426/The_Turkish_Army's_entry_into_Izmir.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Pintura representando a chegada triunfal do exército turco em Esmirna, ocupada pelos gregos nos últimos anos. </span></td></tr></tbody></table><span style="text-align: left;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No mês de setembro ocorreu a retirada das tropas gregas e se sucedeu um período de trégua, a qual foi reforçada com o </span><b style="font-family: verdana;">Armistício de Mudanya</b><span style="font-family: verdana;">, proposto em <b>12 de outubro</b>. Itália, França e Reino Unido aceitaram a proposta, mas a Grécia somente concordou com os termos dois dias depois. O armistício permitiu que populações gregas na Turquia pudessem migrar para a Grécia, Macedônia ou Bulgária, por outro lado, encerrava a perseguição aos muçulmanos na região, como ditava também a retirada de tropas e navios do território turco. A guerra contra a Grécia havia chegado ao fim. O vizir Kemal aproveitou também o momento para anunciar no mês de novembro sobre a dissolução da monarquia, destituindo o sultão Mehmed VI de seu título, mas permitindo partir para o exílio. O monarca se exilou na Itália. (HOWARD, 2016, p. 90-91). </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A monarquia otomana chegava ao fim após seis séculos, tendo o último sultão sido deposto e enviado ao exílio. No dia <b>23 de novembro</b> <b>de 1922</b> teve início na <b>Suíça</b>, país neutro, a realização da <b>Conferência de Lausanne</b>, a qual duraria alguns meses. A conferência tinha como proposta chegar a um acordo de paz entre Turquia, Grécia, Itália, França e Reino Unido, além de questões territoriais e indenizatórias. Mas enquanto esse acordo ainda não era concluído, em Ankara, Mustafa Kemal Paxá mobilizava a transição do governo para a república. </span><span style="font-family: verdana; text-align: left;">(ZURCHER, 1992, p. 161-162). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-align: left;"><b style="text-align: justify;">Viva a república (1923)</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-align: left;"><span style="text-align: justify;">No ano de 1923 a guerra de independência havia chegado ao fim. Os conflitos ocorridos eram pequenos, oriundos de protestos espalhados pelo país, além da reação dos armênios e curdos contra a opressão que viam sofrendo a anos. Em <b>24 de julho</b> foi assinado o <b>Tratado de Lausanne</b> após meses de negociações. O tratado estabeleceu uma série de exigências, mas algumas das principais foi encerrar a guerra entre os cinco países. A Grécia e a Itália foram os mais prejudicados, tendo perdido a maior parte do território que haviam conquistado, sobrando algumas ilhas para eles. Por sua vez, a França conseguiu ficar com a Síria, o Reino Unido levou para si parte do Iraque e da Palestina (o Estado de Israel ainda não existia). A Armênia conseguiu colocar fim ao genocídio, a custa de muitas vidas perdidas, e se separou da Turquia, embora tenha perdido parte de seu território e estava sob tutela da Rússia. Já o Curdistão foi novamente negada sua criação, e seu território permanece até hoje como parte da Turquia. Os turcos ainda conseguiram manter terras na Europa, disputada pelos gregos e búlgaros. (KAYALI, 2008, p. 140-142). </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; text-align: left;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzIRTzzKfvqgCpWW4crM-P_e9v6EkdBT8nJy8TA19apefSZ_fgkCRs3hGz8LTW0Mghxc9yH7i3Rlm_YDi_b6VQS0xRoaQ15q-9NfoXlGg5VVfN9BLVrop13Jd1nphTDC7fd2mwoqE9umuV7JhcWZu_-D5CVVY1JCfjz_btsgUCL8PMnvuW_6IZ10wWx5-a/s634/Turkey-Greece-Bulgaria_on_Treaty_of_Lausanne.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="324" data-original-width="634" height="328" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzIRTzzKfvqgCpWW4crM-P_e9v6EkdBT8nJy8TA19apefSZ_fgkCRs3hGz8LTW0Mghxc9yH7i3Rlm_YDi_b6VQS0xRoaQ15q-9NfoXlGg5VVfN9BLVrop13Jd1nphTDC7fd2mwoqE9umuV7JhcWZu_-D5CVVY1JCfjz_btsgUCL8PMnvuW_6IZ10wWx5-a/w640-h328/Turkey-Greece-Bulgaria_on_Treaty_of_Lausanne.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Mapa da Turquia proposto em 1923 durante o Tratado de Lausanne. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana; text-align: left;"><br /><div style="text-align: left;"><span style="text-align: justify;">Com a aprovação do tratado em julho, o governo interino iniciou os preparativos para a transição para a república, sendo essa oficialmente proclamada em </span><b style="text-align: justify;">29 de outubro de 1923</b><span style="text-align: justify;">, em que o marechal Mustafa Kemal Paxá foi eleito o primeiro presidente do país. Na prática ele já governava a Turquia desde 1919. Kemal iniciou assim uma política de reconstrução da nação que se estendeu até 1938, quando terminou seu longo mandato, devido a sua morte. Por conta das reformas empreendidas, Kemal recebeu o epíteto de </span><b style="text-align: justify;">Atatürk </b><span style="text-align: justify;">("pai dos turcos"). </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhF022lyzgJU0xNbyR86ABuejMqYZf8Jwb98qqHhjZyBvR6mtGJU1rWf-beXMfR3EVbe9LeYRGrKfWE_VLOwVGg04P9OMqnHy60l-RuDm2ANg8VmD5LOqJXesk75keNDfwpmoYYqShV99-veSDMJgFa6JflOqaIYNWAVuQHuAG4jcFiY0EcdROD2wENDrE/s730/Atat%C3%BCrk_1924'te_Bursa_halk%C4%B1na_hitap_ediyor.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="537" data-original-width="730" height="470" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhF022lyzgJU0xNbyR86ABuejMqYZf8Jwb98qqHhjZyBvR6mtGJU1rWf-beXMfR3EVbe9LeYRGrKfWE_VLOwVGg04P9OMqnHy60l-RuDm2ANg8VmD5LOqJXesk75keNDfwpmoYYqShV99-veSDMJgFa6JflOqaIYNWAVuQHuAG4jcFiY0EcdROD2wENDrE/w640-h470/Atat%C3%BCrk_1924'te_Bursa_halk%C4%B1na_hitap_ediyor.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O presidente Mustafa Kemal Atatürk discursando para o povo em 1924. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O processo para efetivação da república na Turquia foi demorado e marcado por guerras. Se levarmos em consideração que os planos para uma república tiveram início lá na década de 1870 pelo menos, isso somente se concretizou mais de cinco décadas depois, sendo que desse período, de 1911 a 1922, foi uma década de guerras contínuas, as quais ceifaram as vidas de milhões de pessoas entre turcos, armênios, curdos, sírios, palestinos, iraquianos, britânicos, gregos, italianos, franceses, russos e outros povos envolvidos na Primeira Guerra e demais conflitos. Não obstante, o estabelecimento da república em 1923 foi o primeiro passo apenas, fato esse que durante o mandato de <b>Kemal Atatürk</b> (1923-1938) ocorreu a efetivação da república e sua nova constituição. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA:</b> No quadrinho <b><i>A casa dourada de Samarcanda </i></b>(1980-1985), o protagonista<b> Corto Maltese</b> passa pela Turquia e a Armênia durante o período da guerra de independência. Alguns armênios que ele conhece, falam do conflito contra os turcos e citam até o marechal Mustafa Kemal como sendo seu inimigo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 2: </b>Mustafa Kemal foi por algum tempo chamado de Paxá, título honorífico da dinastia otomana, dado para governantes e ministros. O título foi abolido em 1934.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 3:</b> Em 1924 o presidente Mustafa Kemal aprovou o fim do califado otomano, última instituição ligada a monarquia, a qual associava o sultão como um líder religioso. Tal decisão abriu caminho para a laicidade do Estado. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 4:</b> O sultão Mehmed VI passou o restante da vida em exílio na Itália. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 5: </b>A república turca por vários anos não teve um período delimitado para o mandato dos presidentes, fato esse que Kemal Atatürk governou por 15 anos, seu sucessor, o presidente <b>Ismet Inönü</b>, governou por 12 anos, outros presidentes governaram por 6 a 8 anos. O tempo de mandato para a presidência somente foi regulamentado a partir de 2014 para um período de 5 anos. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>HOWARD</b>, Douglas A. <b>The History of Turkey</b>. 2a ed. Santa Barbara, ABC-Clio, 2016. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>KAYALI</b>, Hasan. The struggle for independence. In: KASABA, Resat (ed.). <b>The Cambridge History of Turkey</b>, volume 4: The Turkey in the Modern World. Cambridge, Cambridge University Press, 2008, </span><span style="font-family: verdana;">p. 112-146. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>SHAW</b>, Stanford J; <b>SHAW</b>, Ezel Kural. <b>History of the Ottoman Empire and Modern Turkey</b>. </span><span style="font-family: verdana;">Volume II: Reform, Revolution, and Republic: </span><span style="font-family: verdana;">The Rise of Modern Turkey, 1808-1975. 7a reprinted (2002). Cambridge, Cambridge University Press, 1977. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>SONDHAUS</b>, Lawrence. <b>A Primeira Guerra Mundial</b>. São Paulo, Contexto, 2013. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>ZÜRCHER</b>, Erik J. <b>Turkey: A Modern History</b>. 3a ed. Istambul, I.B. Tauris, 1992. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Links relacionados:</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/search?q=a+primeira+guerra+mundial">100 anos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918)</a><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2015/02/o-bombardeio-de-constantinopla-queda-do.html"><span style="font-family: verdana;">O bombardeio de Constantinopla: a Queda do Império Bizantino</span></a><br /></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-19977476260993370032023-12-05T12:41:00.003-03:002023-12-05T12:41:29.263-03:00Kowloon: a cidade do crime<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Durante algumas décadas do século XX a cidade murada de Kowloon, na China, foi um local densamente povoado, mas de condições sanitárias precárias e uma terra sem lei, onde imperava bandidos, traficantes, mafiosos e toda sorte de gente miserável e envolvida com negócios ilícitos. Kowloon era num sentido mais ruim da palavra, uma favela de prédios sujos, desorganizados, sem água potável, de becos e ruelas escuras, um lugar inseguro, fétido e sórdido. Ainda assim, foi o lar de milhares de pessoas que sem condições de morar em outra localidade melhor, se sujeitavam aquele ambiente degradante. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZrFmjsStFIt0CXMaRau6Mixdc1Jc51z6Ca5PV2mBFlgVfQhaaPiIuPMJ9L-WqyJyvnFl6EuFmXkfbo8EhPRtVpwERA70gt-Xd-Nrkiui8mEWDZlNjtrkXH5hosM5N_GSoTTH1y73C5W3P9KJGjxes1Sjxf_4Phi5NBBg4HnkX7Om7ryC2HeqE1WJ_iavo/s794/53419463c07a80d9e30000e4_the-architecture-of-kowloon-walled-city-an-excerpt-from-city-of-darkness-revisited-_kwc-p03.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="399" data-original-width="794" height="322" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZrFmjsStFIt0CXMaRau6Mixdc1Jc51z6Ca5PV2mBFlgVfQhaaPiIuPMJ9L-WqyJyvnFl6EuFmXkfbo8EhPRtVpwERA70gt-Xd-Nrkiui8mEWDZlNjtrkXH5hosM5N_GSoTTH1y73C5W3P9KJGjxes1Sjxf_4Phi5NBBg4HnkX7Om7ryC2HeqE1WJ_iavo/w640-h322/53419463c07a80d9e30000e4_the-architecture-of-kowloon-walled-city-an-excerpt-from-city-of-darkness-revisited-_kwc-p03.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Fotografia dos anos 1980 de um dos lados de Kowloon, com seu aglomerado de edificações irregulares. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><b style="font-family: verdana;">Origem</b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Kowloon é uma cidade chinesa sendo vizinha de <b>Hong Kong</b>. Suas origens remontam há séculos, mas ela nunca teve expressividade. Durante o XIX, a <b>Dinastia Qinq </b>(1644-1912) a partir de <b>1842</b> cedeu Hong Kong ao domínio colonial britânico, além de parte do território de Kowloon também. Naquele tempo a região era pouco habitada e ainda contava com bosques e fazendas. </span><span style="font-family: verdana;">Na área onde se localizava uma antiga fortaleza murada, começou a se construir um povoado em fins do XIX. Porém, esse povoado não fazia parte do território britânico, apesar de estar na fronteira desse.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Durante a <b>Segunda Guerra Mundial</b> (1939-1945) o Japão invadiu várias regiões da China, ocupando-as, incluindo Hong Kong e Kowloon. Durante os anos de ocupação, os japoneses destruíram parte das cidades, incluindo a condição que as muralhas de Kowloon foram demolidas também, revelando seu povoado com poucos milhares de habitantes. Apesar de ser chamada de cidade murada de Kowloon, na prática, tratava-se de um distrito, não uma outra cidade, mas a nomenclatura permaneceu.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com o término da guerra e os danos causadas por essa, muitos pobres sem conseguir moradia em Hong Kong, que seguia sob gestão britânica, passaram a ir morar no distrito de Kowloon, e como não havia mais muralhas, o local começou a se expandir de forma desordenada. Além disso, a região que possuía praticamente ausência de policiamento, tornou-se o lugar perfeito para criminosos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm6hBE5_XSx2NNmsAsGUCXNgI7O05-FBKqKT89MteU2XzkEuoKlV-3udR-I5LkrXd5g7kxLTvGXFwULRm7JV_AdBIH0mx6tZ8ZIUxsEiyhzYb4wmFpaOIKc3_L5xTPGUj-8iRcFtjdDPWmq3hOEJHyShg_Exe7_KtfvZtRxG9O73EoFrqF7X7IfO6VMc1J/s800/KWC_-_Playground.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="632" data-original-width="800" height="506" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm6hBE5_XSx2NNmsAsGUCXNgI7O05-FBKqKT89MteU2XzkEuoKlV-3udR-I5LkrXd5g7kxLTvGXFwULRm7JV_AdBIH0mx6tZ8ZIUxsEiyhzYb4wmFpaOIKc3_L5xTPGUj-8iRcFtjdDPWmq3hOEJHyShg_Exe7_KtfvZtRxG9O73EoFrqF7X7IfO6VMc1J/w640-h506/KWC_-_Playground.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Algumas edificações de Kowloon com sua arquitetura precária. A "cidade" foi considerada uma "favela vertical". <br /><br /></span></td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora não tivesse mais muralhas, no entanto, o território da "cidade" estava limitado a 2,6 hectares e como não se tinha direito de construir para fora dessa delimitação, a solução foi verticalizar a povoação, no que resultou em décadas de construções irregulares. Kowloon se tornou uma "favela verticalizada", com edificações que ganhavam andares extras ou eram construídas sobre as menores, mas atingiam o limite de 14 andares por conta do aeroporto ser próximo. Por conta disso, as pessoas as vezes iam para o terraço dos prédios, cheios de antenas, entulho, caixas d'água, baldes (para pegar água da chuva), para ver os aviões. As crianças e adolescentes também gostavam de ir para lá, a fim de brincar de pular de um prédio para o outro. </span></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;"><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">Uma cidade fora da lei</b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A antiga cidade murada de Kowloon começou a crescer entre as décadas de 1960 e 1980, vivenciando um forte boom populacional por conta de imigrantes pobres de algumas regiões chinesas, mas também de imigrantes vindos do Japão, Coreia e Filipinas. Por conta da carência de segurança e policiamento, já que os britânicos nada podiam fazer porque era território fora de sua jurisdição, assim como, o governo de Kowloon era negligente, com isso o crime não apenas cresceu naquela localidade, mas passou a dominar e comandar. </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Kowloon se tornou um aglomerado de cortiços e lojas, com prédios feios, colados nos outros, separados por vielas, possuindo até pontes ou passarelas improvisadas. Com exceção das ruas principais, as que adentravam o complexo eram ruelas escuras, abafadas, úmidas e sujas. Milhares de pessoas passavam diariamente por essas vias sombrias onde se podia encontrar ratos, baratas, lixo, mas também ver usuários de drogas, bêbados moribundos, mendigos, prostitutas, agiotas, mafiosos fazendo ronda. Nessa "cidade" apertada viveram de 30 a 50 mil habitantes, tornando-a a zona mais densamente povoada da China. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiC6vv1fwUgd4OKMR-q_0NQFXNQ3Hx3X_tJ31zOALbXbnfpzDUn7TiBmCYi_4TdXaRJwQb7hDPyvX9qIrFkaVNXi3oi0C6hUP-MV7k3pMWspHsSNjwpl0QIqobP5w1iBp4J5BGAWSlKy-S8VrKSeGOcYJ7bqyLjkqnklAMBBykTDaTMxJ_NTK9NioLfn7V/s1200/2ab2973ccdae292c39_Girard_Alley%2005c.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="801" data-original-width="1200" height="428" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiC6vv1fwUgd4OKMR-q_0NQFXNQ3Hx3X_tJ31zOALbXbnfpzDUn7TiBmCYi_4TdXaRJwQb7hDPyvX9qIrFkaVNXi3oi0C6hUP-MV7k3pMWspHsSNjwpl0QIqobP5w1iBp4J5BGAWSlKy-S8VrKSeGOcYJ7bqyLjkqnklAMBBykTDaTMxJ_NTK9NioLfn7V/w640-h428/2ab2973ccdae292c39_Girard_Alley%2005c.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Fotografia de Greg Girard de uma ruela em Kowloon. No teto era comum encontrar um emaranhado de tubulações e fios, representando ligações clandestinas de água, luz e telefone. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">O governo chinês apesar de pouco eficaz, não significou que nada fez durante seis décadas, houve operações policiais, principalmente nos anos 1970 para desbaratar a </span><b style="font-family: verdana;">Tríade</b><span style="font-family: verdana;"> (a máfia chinesa), mas outras medidas incluíram cortar o fornecimento de energia elétrica e água encanada, mas isso </span><b style="font-family: verdana;">não impediu que ligações clandestinas fossem feitas</b><span style="font-family: verdana;">, além de que pessoas optassem por buscar água em poços improvisados e até viver à luz de velas e lampiões, tamanha a miséria no local. Dessa forma, tais pessoas não abandoaram Kowloon. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJQF3AOPU0_3Ly5vKrFg_jij2EEHaUXMbGhQxzJCh3Z1PIrJKq2LG8pvOiu5TDdvd0-zFag_JkYsI76Wq8UdZBs3IdDp83_JVQ8COQskyR24ba-CO8JqTEM6tWjy0D-aXh4wSZ-7cOI5V31cne2qv75daqRQDn-6PVZdVz1E85M4XYQIMp3mLhHKCAHVTv/s800/f9feedf0-4be2-11ee-9b58-cb80889117a8.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="531" data-original-width="800" height="424" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJQF3AOPU0_3Ly5vKrFg_jij2EEHaUXMbGhQxzJCh3Z1PIrJKq2LG8pvOiu5TDdvd0-zFag_JkYsI76Wq8UdZBs3IdDp83_JVQ8COQskyR24ba-CO8JqTEM6tWjy0D-aXh4wSZ-7cOI5V31cne2qv75daqRQDn-6PVZdVz1E85M4XYQIMp3mLhHKCAHVTv/w640-h424/f9feedf0-4be2-11ee-9b58-cb80889117a8.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Emaranhado de cabos e fios numa loja em Kowloon, isso era comum devido a falta de infraestrutura organizada e as ligações clandestinas. </span></td></tr></tbody></table><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A <b>segurança em Kowloon era uma falsa sensação</b>, pois não havia policiamento regular, os <b>mafiosos controlavam o local e faziam suas próprias regras</b>, incluindo toques de recolher, controle de quem tinha acesso a determinadas ruas, vielas e áreas, além de mandar espancar, prender, torturar e matar os que desobedeciam suas regras, os afrontavam ou cometiam algum erro. Eles também cobravam alugueis e exploravam os comerciantes e moradores extorquindo-os. Apesar disso, parte da população decidiu se sujeitar aos desmandos dos criminosos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por sua vez, em Kowloon devido a falta de policiamento e fiscalização, espalhou-se toda a variedade de negócios ilícitos como <b>prostíbulos, casas de ópio e casas de apostas</b>. Além disso, os restaurantes e bares faziam uso de prostituição, jogatina e drogas. Na "cidade" também se estabeleceu outros negócios ilícitos como <b>clínicas clandestinas de dentistas e médicos</b> que operavam e consultavam sem ter licença e as vezes nem formação profissional concluída. </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2tnyr3LVhZiXYr22ZPw0zXPfHbrqG53NMT_wtS2A8hpvNnO9LUG8KCoiRSAqFGWPcv3icHMHe47Au_sBQZcUsvelRZk9Wx2X4uC5Qe-6Fj6WsltUDOLoTCPt1skclx_LB2a0W581zEIUvik6rblec4f0FYNh3anUSBGP_YBX0dHocZVAEPTPt459zhSNK/s500/8b3050499d506ff4305107bfd106cfbb.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="324" data-original-width="500" height="414" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2tnyr3LVhZiXYr22ZPw0zXPfHbrqG53NMT_wtS2A8hpvNnO9LUG8KCoiRSAqFGWPcv3icHMHe47Au_sBQZcUsvelRZk9Wx2X4uC5Qe-6Fj6WsltUDOLoTCPt1skclx_LB2a0W581zEIUvik6rblec4f0FYNh3anUSBGP_YBX0dHocZVAEPTPt459zhSNK/w640-h414/8b3050499d506ff4305107bfd106cfbb.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Um consultório odontológico ilegal em Kowloon nos anos 1980. A "cidade" concentrava dezenas de dentistas para um território pequeno. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Esses médicos e dentistas exerciam suas profissões de forma irregular, que em vários casos geravam problemas. Apesar de não faltar clientela, pois cobravam barato e até cobravam troca de favores. As pessoas pobres acabavam se sujeitando a eles. Inclusive pobres que viviam em outros bairros ou em Hong Kong, chegavam a procurar essas clínicas para arrancar dentes, tratar ferimentos e até praticar aborto. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além das clínicas clandestinas outros negócios sem fiscalização operavam nessa cidade criminosa como <b>restaurantes, bares, padarias, açougues, farmácias, fábricas</b> (de produtos diversos) etc., os quais <b>não tinham alvará de funcionamento</b> e a <b>vigilância sanitária nem se quer passava por ali</b>. Por conta disso, era fácil encontrar produtos pirateados, mercadorias contrabandeadas, mas o pior de tudo eram os remédios falsificados e os alimentos de procedência duvidosa. Em Kwoolon havia "fábricas" caseiras de macarrão, pães, bolos, doces e até os <b>infames açougues que vendiam carne de cachorro e gato</b>, literalmente falando. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihqFXWamtEd7gubphI3YFd4Y9mKIYTN1rsFVY7CgTKNkdeaF3mXVgXAKzWpGuaUpspQ3NhwbJNLW-ESkH1EIFxogs-Hv3PAlqrKdTB1-CnCALqUhTc_lMla63z4Q8uJVmkOQmpt8ZwPGfPy1lEVw-LWkLqZ9hQeBZrPDXKf3z5d93bqgB1y-SytLz9wTB7/s639/Sem%20t%C3%ADtulo.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="411" data-original-width="639" height="412" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihqFXWamtEd7gubphI3YFd4Y9mKIYTN1rsFVY7CgTKNkdeaF3mXVgXAKzWpGuaUpspQ3NhwbJNLW-ESkH1EIFxogs-Hv3PAlqrKdTB1-CnCALqUhTc_lMla63z4Q8uJVmkOQmpt8ZwPGfPy1lEVw-LWkLqZ9hQeBZrPDXKf3z5d93bqgB1y-SytLz9wTB7/w640-h412/Sem%20t%C3%ADtulo.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Um açougue clandestino em Kowloon, algo comum. Alguns faziam uso de carne de cães e gatos. Foto de Greg Girard. </span></td></tr></tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Essas <b>clínicas clandestinas</b> e <b>fábricas ilegais </b>operavam em ambientes insalubres, apertados, escuros, alguns funcionando em porões. Mas vale ressalvar que devido a limitação do espaço para construir a "cidade", a maioria dos apartamentos eram pequenos, equivalendo a quitinetes hoje em dia, mas eram moradias que deveriam servir para cinco ou mais pessoas viverem da melhor forma que conseguiam se sustentar. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No entanto, nem todo mundo que trabalhava em Kowloon agia de forma desonesta, parte da população possuía seus negócios e trabalhavam duro e honestamente, embora vivessem na pobreza e sob o comando da máfia. Ali também existiam escolas e creches, e crianças passaram a infância e até parte da vida adulta morando naquela localidade marginalizada. Os dentistas e médicos que tralhavam ali, nem todos eram impostores ou interesseiros, alguns que não conseguiram passar nos exames para tirar a licença de atuação ou reprovaram nos cursos, ia para Kowloon montar clínicas e consultórios para exercer a profissão com boa intenção, mesmo que ilegalmente. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">A destruição da cidade murada de Kowloon</b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A partir de <b>1987 </b>o governo chinês e o governo britânico de Hong Kong decidiram que para acabar com os problemas sociais e criminosos associados com a cidade murada de Kowloon o melhor era desapropriar aquela zona e demoli-la. Após décadas de incompetência governamental para resolver os problemas do crime naquele distrito, a solução foi pôr tudo abaixo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A partir de 1988 o processo de desapropriação e remoção das famílias teve início, durando cinco anos para ser finalizado. Parte dos moradores não gostou de ter que se mudar, apesar de viverem num local precário, o sentimento de lar existia ali. Por outro lado, os que viviam ali por não terem condições de comprarem casas ou pagar o aluguel em outras localidades, aceitaram de bom grado a mudança e a ajuda fornecida pelo governo. Dessa forma, em março de 1993 teve início o processo de demolição do complexo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgC_3s_29B3TqHMEcEGeQbTgrzEWjt4uYa0-B6cH-nfLOpF_1D4jWsb1U7hyphenhyphen0snDc7GHduOyeO2yO_3aG8XUXjwxYSVBnazZUTFy150BJxHzwKkmd4mlcWaMTOz8QqTy7iRisIRQI0Emxij64LBeulb3Tg8dBfDpl2M2ufw_yhTQ0xz4JntvqUGRtaavK1l/s800/Kowloon_Walled_City_-_1989_Aerial.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="604" data-original-width="800" height="484" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgC_3s_29B3TqHMEcEGeQbTgrzEWjt4uYa0-B6cH-nfLOpF_1D4jWsb1U7hyphenhyphen0snDc7GHduOyeO2yO_3aG8XUXjwxYSVBnazZUTFy150BJxHzwKkmd4mlcWaMTOz8QqTy7iRisIRQI0Emxij64LBeulb3Tg8dBfDpl2M2ufw_yhTQ0xz4JntvqUGRtaavK1l/w640-h484/Kowloon_Walled_City_-_1989_Aerial.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Vista aérea da antiga "cidade" murada de Kowloon em 1989, época que sua desapropriação já tinha iniciado. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Foram semanas de atividades para demolir todos os edifícios e depois mais alguns meses para remover os escombros, sendo que as obras terminaram em 1994. No lugar da antiga cidade do crime foi construído um grande parque arborizado, com lago, quadras esportivas, quiosques e até uma zona arqueológica foi desenterrada, mostrando os vestígios da antiga fortificação ali existente. O Parque da Cidade Murada de Kowloon valorizou todo o território ao redor, concedendo frescor e beleza a aquele canto sombrio e miserável que um dia havia sido. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9a0LqTxI6IMkcPqSVDXOzbaiavUoeoI24gv9BkFXUrCllum54edRKvhTfA3BZatL6hmhn0ce4ZBQ2azMoW4lNjTn6FflaWogZ6ncztNWNmPY3VFXDB_2nfEoEAwU-rtAlrOGMDk9g5sUEkGJzv3zsFfMDjoo28Hsj6GQd0FbbDuxrOn7_qcYh9xKd49_o/s1600/Kowloon_Walled_City_Park_Overview_201807.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9a0LqTxI6IMkcPqSVDXOzbaiavUoeoI24gv9BkFXUrCllum54edRKvhTfA3BZatL6hmhn0ce4ZBQ2azMoW4lNjTn6FflaWogZ6ncztNWNmPY3VFXDB_2nfEoEAwU-rtAlrOGMDk9g5sUEkGJzv3zsFfMDjoo28Hsj6GQd0FbbDuxrOn7_qcYh9xKd49_o/w640-h480/Kowloon_Walled_City_Park_Overview_201807.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Vista aérea do parque construído sobre a cidade do crime de Kowloon. </span></td></tr></tbody></table><br /></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">Referência bibliográfica</b></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">LAMBOT</b><span style="font-family: verdana;">, Ian. <b>City of Darkness: Life in Kowloon Walled City</b>. s. l: Watermark, 2007. </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências da internet</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://www.businessinsider.com/kowloon-walled-city-photos-2015-2#despite-a-reduced-crime-rate-neither-the-british-nor-the-chinese-found-the-city-tolerable-in-1987-the-two-governments-agreed-to-tear-down-the-city-26">Inside Hong Kong's lawless 'walled city' — the most crowded place on Earth for 40 years</a><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><a href="https://www.bbc.com/portuguese/articles/c4n439vdv1eo"><span style="font-family: verdana;">Kowloon, a cidade murada que virou o lugar mais populoso do mundo no final do século 20</span></a><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-52320245932766651132023-11-18T17:30:00.012-03:002024-03-01T20:23:41.661-03:00Uma história da literatura de fantasia<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A literatura de fantasia é um dos maiores gêneros literários da atualidade, repercutindo em longas séries ou livros volumosos, os quais criarem esplendidos mundos ou universos fantásticos. O presente texto comenta alguns aspectos da história desse gênero literário, apresentando seu conceito, vários exemplos e subgêneros. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Introdução</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Se considerarmos que uma narrativa de fantasia é aquela que contenha monstros, magia e sobrenatural, então hoje em dia muitas histórias em quadrinhos, seriados, desenhos, filmes e jogos de videogame são obras de fantasia, pois possuem uma ou essas três prerrogativas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por sua vez, se levarmos essas características básicas de forma <i>strictu sensu</i>, significa também que <b>narrativas oriundas de mitos, lendas, contos de fadas, folclore e canções populares</b> <b>também seriam fantásticas</b> por abordarem monstros, heróis, magia, deuses e outros seres. Sendo assim, o gênero fantástico existiria já a milhares de anos, tendo como exemplos a <i><b>Epopeia de Gilgamesh</b></i>, a <i><b>Ilíada</b></i>, a <i><b>Odisseia</b></i>, a <i><b>Eneida</b></i>, o <i><b>Mahabaratha</b></i>, o <i><b>Ramayana</b></i>, somente para citar alguns exemplos. Neste sentido, o gênero de fantasia se confundiria com a <b>poesia épica</b> (ou epopeia), a qual conota os exemplos dados acima. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">E adentrando o período medieval as obras de fantasia ainda continuaram a surgir como a <b><i>Edda Poética</i></b>, a <b><i>Edda em Prosa</i></b>, as <b>sagas islandesas</b>, a <i><b>Divina Comédia</b></i>, as <b>gestas de cavalaria</b>, as crônicas das <b>lendas arturianas</b>, o <i><b>Shahnameh</b></i> dos persas, o <i><b>Mabinogion</b></i> dos galeses; mais tarde no período moderno tivemos a compilação dos</span><b style="font-family: verdana;"> contos de fadas europeus</b><span style="font-family: verdana;">, a </span><i style="font-family: verdana;"><b>Viagem para o Oeste</b></i><span style="font-family: verdana;"> dos chineses, o </span><i style="font-family: verdana;"><b>Popol Vuh</b></i><span style="font-family: verdana;"> dos maias, </span><span style="font-family: verdana;"><b style="font-style: italic;">Os Lusíadas</b><span> (1582),</span></span><span style="font-family: verdana;"> <i style="font-weight: bold;">Paraíso Perdido</i><span> (1667), <i><b>As Mil e Uma Noites</b></i> (1707)</span>. Todas essas obras citadas poderiam ser consideradas do gênero fantástico caso tomemos conceito mais reducionista da coisa, porém, como diferencia essa produção pré-contemporânea da produção contemporânea?</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Antes de conceituar o gênero fantasia é preciso distinguir duas palavras: <b>fantasia e fantástico</b>. Neste caso, outros gêneros literários podem possuir elementos fantásticos (magia, monstros, divindades, sobrenatural). Dessa forma, <b>os mitos, lendas, contos de fadas e o folclore possuem elementos fantásticos, mas não seriam definidos como obras de fantasia no sentido de gênero literário</b>, pois se tratam de uma forma de escrita e linguajar próprios. </span><span style="font-family: verdana;">(CLUTE; GRANT, 1997, p. 335). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O Romantismo e a origem da literatura de fantasia</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A </span><b style="font-family: verdana;">literatura de fantasia</b><span style="font-family: verdana;"> começou a surgir no século XIX com influência do </span><b style="font-family: verdana;">Romantismo</b><span style="font-family: verdana;">, que resgatou aspectos do medievalismo, das mitologias europeias e do folclore para criar pinturas, esculturas, romances, contos, poemas, peças de teatro, óperas e músicas. Dessa forma, temos a construção de um texto para abordar temas diversos como amor, vingança, amizade, aventura, redenção, viagem, drama, tragédia, suspense, mistério etc., contendo elementos fantásticos em sua trama. Sendo assim, se os mitos e lendas possuem seu estilo de linguagem, o </span><b style="font-family: verdana;">romance de fantasia também possui suas características literárias</b><span style="font-family: verdana;">. (CLUTE; GRANT, 1997, p. 338). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Brian Stableford </b>(1983) assinala que uma das primeiras obras de fantasia no sentido de gênero literário foi o romance<i><b> Undine</b></i> (1811) do escritor <b>Friedrich de la Motte Fouqué</b> (1777-1843), que escreveu a história da paixão de uma ondina (um tipo de espírito aquático) por um humano. A obra fez rápido sucesso, até virou ópera em 1816, todavia, os estudiosos de literatura contestam se esse livro pode ser considerado um representante do gênero fantasia, pois Fouqué se inspirou na escrita e linguagem de contos de fadas para escrever <i>Undine</i>. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entretanto, <b>Penrith Goff</b> (1985, p. 111-121) defendia que desclassificar um romance de fantasia dos idos do XIX só porque ele era baseado nos contos de fadas seria um erro, pois os escritores românticos foram buscar nessas fontes da tradição popular inspiração para suas primeiras obras de fantasia, depois foram recorrer a mitologia, lendas e o folclore. Sendo assim, para Goff, a literatura de fantasia teria nascido com base nos contos de fadas. Dessa forma, ele cita outros exemplos literários como <b><i>The Golden Pot: A Modern Fairy Tale </i></b>(1814) e <i><b>O Quebra-Nozes e o Rei Rato</b></i> (1816), ambos escritos pelo escritor e compositor prussiano <b>Ernest Theodor Amadeus Hoffmann</b> (1776-1822). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Vale ressalvar que nessa época o escritor, poeta e tradutor<b> Ludwig Tieck</b> (1773-1853) fundou uma revista literária intitulada <i><b>Phantasus</b></i> (1812-1817) na qual se publicava contos fantásticos, a maioria baseados nos contos de fadas. O interessante dessa revista era seu título também, pois remetia a palavra fantasia que é de origem grega estando associada com <b>Fântaso</b>, um dos deuses dos sonhos, responsável por fazer termos sonhos surreais e fantásticos. (HAASE, 1985, p. 89-90). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidqSPC6xwKOeyP3Tlngg48J6tJB_BkQqxrOrMtzfu5Sviu0smALY2URxFX2xQIWjJLtlcE5Qmw9hKGANuIquZqG4N1b9iZh_YZ-8tFuujcq0go311eGeuKx76bJetCVGDHaXAme4y_GShLae6RurC3t_9wpCU4740-j10LfeeFRkn_B3ITWLUqWkKehoFM/s1000/61HA3dx4NeL._AC_UF1000,1000_QL80_.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="645" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidqSPC6xwKOeyP3Tlngg48J6tJB_BkQqxrOrMtzfu5Sviu0smALY2URxFX2xQIWjJLtlcE5Qmw9hKGANuIquZqG4N1b9iZh_YZ-8tFuujcq0go311eGeuKx76bJetCVGDHaXAme4y_GShLae6RurC3t_9wpCU4740-j10LfeeFRkn_B3ITWLUqWkKehoFM/w413-h640/61HA3dx4NeL._AC_UF1000,1000_QL80_.jpg" width="413" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Edição de 2018 do volume 1 de <i>Phantasus </i>de Ludwig Tieck, originalmente publicado em 1812. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O próprio termo fantasia foi empregado em outras obras também como o romance </span><i><b>Phantasmion</b></i><span style="font-family: verdana;"> (1837) da escritora</span><b> Sara Coleridge</b><span style="font-family: verdana;"> e </span><i><b>Phantastes</b></i><span style="font-family: verdana;"> (1858) do escritor <b>George MacDonald</b>, apenas para citar alguns exemplos, pois existem outros, o que conota como os autores daquele século já estavam ciente do emprego dessa palavra para se referir a um gênero literário em desenvolvimento. </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por conta disso, a palavra fantasia que era de origem grega, passou para o latim e outros idiomas europeus, significando algo imaginário, surreal, maravilhoso, surpreendente, onírico, estranho, mágico, entre outros adjetivos. A palavra fantasia também passou a ser usada para comentar sobre sonhos e desejos (como o fetichismo sexual), e até a designar trajes e outras coisas. (CLUTE; GRANT, 1997, p. 338-339). De qualquer forma, Tieck usou a palavra <i>phantasus</i> para remeter a essa percepção do fantástico. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Assim, o gênero fantasia havia surgido no XIX e foi se desenvolvendo pelo restante do século, havendo uma profusão de obras produzidas pela Europa, destacando isso. Inicialmente até a década de 1840, a influência dos contos de fadas era bem nítida, depois ela começou a decair e passou a crescer elementos folclóricos e de mitologia germânica, celta, nórdica, eslava e grega. O uso de monstros também foi se tornando mais comum, surgindo até algumas narrativas sombrias. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A fantasia no século XX</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No século XX, mais especificamente entre as décadas de 1900 e 1940 nos Estados Unidos, o gênero fantasia vivenciou suas primeiras mudanças mais drásticas. Foi nesse período que se popularizou</span><span style="font-family: verdana;"> as </span><i style="font-family: verdana;"><b>pulp fiction</b></i><span style="font-family: verdana;">, revistas de papel barato que publicavam semanalmente ou mensalmente contos, alguns até contendo ilustrações. Eram periódicos que publicavam narrativas de aventura, mistério, investigação, ficção científica, fantasia, romance, terror, erotismo etc. (STABLEFORD, 2005). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Algumas revistas que se popularizaram nessa época foram: <i><b>The Popular Magazine, Adventure, Blue Book Magazine, Amazing Stories, Marvel Tales, Planet Stories, Unknown</b></i> etc. </span><span style="font-family: verdana;">Mas uma das revistas que teve um forte destaque para reinventar o gênero fantasia foi</span><span style="font-family: verdana;"> a </span><i style="font-family: verdana;"><b>Weird Tales</b></i><span style="font-family: verdana;">, lançada em</span><b style="font-family: verdana;"> 1923</b><span style="font-family: verdana;"> e que completou cem anos de atividade. Essa revista ficou conhecida por publicar histórias de fantasia, aventura, ficção científica e terror, sendo um grande sucesso nas décadas de 1930 e 1940. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipDKf4PJoFpM8vfZSoPrhMBqniKpHUPpRMQEAOepdd_w8HhSDLhROKU96jnrC4HtQ1Dv0YoMmuvLqKsXnvEbWTEksuRkJ-phJYOu61Wf-aRnUwZgxGJWT5AUJUk6q_BW5QkUKpZR-m6ln_iJwHJnftHtH_uW3xBZsgA0Oj3q9eQztN8MhVf5rww2xr2f_6/s1132/Weird_Tales_March_1923.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1132" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipDKf4PJoFpM8vfZSoPrhMBqniKpHUPpRMQEAOepdd_w8HhSDLhROKU96jnrC4HtQ1Dv0YoMmuvLqKsXnvEbWTEksuRkJ-phJYOu61Wf-aRnUwZgxGJWT5AUJUk6q_BW5QkUKpZR-m6ln_iJwHJnftHtH_uW3xBZsgA0Oj3q9eQztN8MhVf5rww2xr2f_6/w283-h400/Weird_Tales_March_1923.jpg" width="283" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capa da primeira edição da Weird Tales, em 1923. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No caso das histórias de fantasia, observou-se nas décadas de 1920 a 1940 a tendência de apresentar narrativas com pegada adulta, contendo violência, mistério, magia e erotismo. Inclusive a parte erótica era marcante nas capas e ilustrações dessas revistas. Foi na <i>Weird Tales </i>que surgiu </span><b style="font-family: verdana;">Conan, o Bárbaro</b><span style="font-family: verdana;"> (1932)</span><span style="font-family: verdana;">, que se tornou um ícone de uma nova forma de escrever fantasia no século XX. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O sucesso das <i>pulp fiction</i> durante a<b> Grande Depressão</b> (1929-1939), contribuiu para impulsionar o mercado de <b>histórias em quadrinhos</b>, o qual por sua vez, alavancou o gênero de fantasia com as<b> histórias de super-heróis</b>. Por sua vez, na<b> década de 1950</b> uma nova leva de livros de fantasia começaram a serem publicados como <i><b>O</b></i> <i><b>Senhor dos Anéis</b></i> e as <i><b>Crônicas de Nárnia</b></i>, duas obras que tiveram um grande peso no desenvolvimento da literatura de fantasia para fora das revistas e quadrinhos, além de influenciar a origem do subgênero <b>alta fantasia</b>, que marcou o surgimento de algumas séries literárias nas décadas seguintes. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por sua vez, nos <b>anos 1990 e 2000</b>, observou-se o aumento de livros de fantasia voltados para o público infanto-juvenil, graças a popularidade de obras como <b><i>Harry Potter</i></b> e <b><i>Percy Jackson</i></b>, condição essa, que hoje o mercado de literatura fantástica para jovens entre seus 10 a 25 anos é bem produtivo, havendo um aumento de novos escritores na área, embora nem sempre consigam destaque nesse nicho. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Os Fantasmas do Natal</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1843</b> o escritor <b>Charles Dickens</b> (1812-1870) então escreveu em um mês um pequeno romance natalino intitulado <i><b>Um Conto de Natal</b></i> (A Christmas Carol), uma narrativa juvenil-adulta de fantasia. A trama se passa em Londres no século XIX, num ano indefinido, mas a história ocorre principalmente durante as vésperas do Natal, quando o banqueiro avarento <b>Ebenezer Scrooge</b> é visitado tarde da noite pelo fantasma de seu falecido sócio Marley, o qual diz que três fantasmas iriam visitá-lo em breve, pois eles tinham duras lições a ensinar para Scrooge.</span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjURZdsD19vUzSH2AZoGiN2f_pQrY_ZFBPOWwmBoZk0WkZBqHQC0toRs7slfxDujJkVg-78uvu5tr3purmn6J4qXOp_vRZi8cKVj0WUvLTrzM7er9PRuO3TP6AZzjsr95R6wdyIQjMRWGYZ_3FkSYlRs2y8_7VzuZSKJ-ItlnG6lAZ_M8xHshAPEW-Qa-JV/s1112/Marley's_Ghost_-_A_Christmas_Carol_(1843),_opposite_25_-_BL%20(1).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1112" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjURZdsD19vUzSH2AZoGiN2f_pQrY_ZFBPOWwmBoZk0WkZBqHQC0toRs7slfxDujJkVg-78uvu5tr3purmn6J4qXOp_vRZi8cKVj0WUvLTrzM7er9PRuO3TP6AZzjsr95R6wdyIQjMRWGYZ_3FkSYlRs2y8_7VzuZSKJ-ItlnG6lAZ_M8xHshAPEW-Qa-JV/w461-h640/Marley's_Ghost_-_A_Christmas_Carol_(1843),_opposite_25_-_BL%20(1).jpg" width="461" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ilustração da primeira edição do livro, mostrando Scrooge recebendo a visita do fantasma de seu sócio, Marley na noite de véspera de Natal. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Cada fantasma que aparece apresenta o Natal para Scrooge em diferentes épocas: <b>passado, presente e futur</b>o, o que significa que além da presença fantástica de fantasmas, a obra conta com <b>viagem no tempo</b>, conceito até pouco utilizado em produções fantásticas na época. </span><span style="font-family: verdana;">Embora o livro hoje seja visto como uma obra de fantasia, na época que ele foi publicado, Dickens se referia a ele como um livro de </span><b>histórias de fantasmas</b><span style="font-family: verdana;"> (veja a nota 1 no final da postagem)</span><span style="font-family: verdana;">, apesar que não fosse uma obra de terror, mas um drama natalino com uma moral no final. </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O País das Maravilhas</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1865</b> o escritor, matemático e reverendo <b>Charles Lutwidge Dodgson</b> (1832-1898) o livro infantil <i><b>As Aventuras de Alice no País das Maravilhas</b></i>, assinando a obra com o pseudônimo de <b>Lewis Carroll</b>. O livro mescla os gêneros aventura, fantasia e nonsense de forma brilhante, sendo até inusitado para a época, em que a <b>fantasia juvenil</b> não era tão estranha assim, dessa forma, o livro de Carroll que contava a história da jovem Alice que após seguir um coelho branco e entrar em sua toca, foi parar num misterioso e fantástico País das Maravilhas, com animais falantes e outros seres estranhos. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijr-X_3Ad2rgz5CY5fIAjiw08Ykkiqvc4CBOGyyrCv7Ip4fGBAyUr4jk91924aolYuJRNMDK0r6R4fJN2Lzrp3-2yqPuliF5TBKR1ni5EPs6wtmgViYIaRmWyka7Ltp1aXQSeeZBiLY0ojNaaxH_cCX6KSXvHkJTyLvO5B81Ms-AhVlIgPLTkgJ5ObDuXZ/s800/800px-Alice_par_John_Tenniel_25.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="611" data-original-width="800" height="488" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijr-X_3Ad2rgz5CY5fIAjiw08Ykkiqvc4CBOGyyrCv7Ip4fGBAyUr4jk91924aolYuJRNMDK0r6R4fJN2Lzrp3-2yqPuliF5TBKR1ni5EPs6wtmgViYIaRmWyka7Ltp1aXQSeeZBiLY0ojNaaxH_cCX6KSXvHkJTyLvO5B81Ms-AhVlIgPLTkgJ5ObDuXZ/w640-h488/800px-Alice_par_John_Tenniel_25.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ilustração mostrando Alice participando da hora do chá promovido pelo Chapeleiro Maluco. </span></td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">O livro fez sucesso em pouco tempo, tendo recebido novas tiragens, embora que somente em 1871 Carroll publicou uma continuação intitulada <i><b>Alice no Outro Lado do Espelho</b></i>, em que apresenta Alice se aventurando por outro país fantástico. Mais tarde Carroll cogitou lançar um terceiro livro, até fez o esboço dele, mas desistiu da ideia. De qualquer forma, ambos os livros se tornaram bem populares no século XIX e ainda hoje influenciam escritores e outros artistas. O primeiro livro que é o mais famoso, ganhou adaptações para o teatro, a rádio, o cinema, a televisão e os videogames. </div><div style="text-align: justify;"><p style="font-family: "Times New Roman";"><span style="font-family: verdana;"><b>Mundos perdidos</b></span></p><p style="font-family: "Times New Roman";"><span style="font-family: verdana;">A literatura de mundo perdido surgiu como <b>subgênero da literatura de aventura</b>, tendo o livro <b><i>As minas do Rei Salomão </i></b>(1885) de <b>Herny Rider Haggard </b>(1856-1925) considerado por alguns como a origem desse subgênero, o qual apresentava a jornada de caçadores de tesouros no sul da África, liderados por <b>Allan Quatermain</b>, os quais seguiam as pistas de um aventureiro que sumiu, mas que teria supostamente descoberto o paradeiro das minas do Rei Salomão. Nessa narrativa não temos elementos fantásticos nítidos, exceto que a trama abordava uma lenda, pois nunca se descobriu onde ficariam as tais minas salomônicas. </span></p><p>Todavia, Haggard em sua obra seguinte intitulada <i style="font-family: verdana;"><b>She: A History of Adventure</b></i> (1887) acrescentou elementos fantásticos e mágicos a esse subgênero, tornando-o hibrido. Neste segundo livro acompanhamos a expedição do professor <b style="font-family: verdana;">Horace Holly</b>, seu discípulo <b style="font-family: verdana;">Leo Vencey </b>e o criado<b style="font-family: verdana;"> Job</b>, os quais procuram pistas sobre uma civilização misteriosa perdida na África. Finalmente os três chegam ao <b style="font-family: verdana;">Reino de Kôr</b>, onde vive o<b style="font-family: verdana;"> </b>povo negro chamado <b style="font-family: verdana;">Amahagger</b> (descrito como sendo primitivos e canibais, algo típico do racismo científico da época), porém, eles eram governados por uma bela feiticeira branca chamada <b style="font-family: verdana;">Ayesha</b> (referida pelos aventureiros como Ela), que supostamente era imortal, tendo usado magia para viver por séculos. Observa-se nessa narrativa claramente o emprego já de elementos fantásticos como a magia. </p><p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQRw_s8kJ-2fBV-9J5TWZCP_uhVConeKLbG8RODL17blq0UPpe-dKiPSPZ_Y0g1H5v_JsFdGohNykMG48tvWkxy1qAnj6LMEPiWf4Irja_LwHOhn1JhMeZ9loebDZgAiiy69D3Y-Wy00WQmSjCDMnCtAPdJgvXEAcUvEgC3uCajoGI7hKN_JVaz-LSmhpJ/s469/She_fire.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="290" data-original-width="469" height="396" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQRw_s8kJ-2fBV-9J5TWZCP_uhVConeKLbG8RODL17blq0UPpe-dKiPSPZ_Y0g1H5v_JsFdGohNykMG48tvWkxy1qAnj6LMEPiWf4Irja_LwHOhn1JhMeZ9loebDZgAiiy69D3Y-Wy00WQmSjCDMnCtAPdJgvXEAcUvEgC3uCajoGI7hKN_JVaz-LSmhpJ/w640-h396/She_fire.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ilustração de 1887 mostrando a feiticeira Ayesha manipulando o Fogo da Vida, enquanto Horace, Leo e Job estão subjugados diante de seu poder. </td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Haggard ainda voltaria a escrever sobre sua feiticeira em <i><b>Ayesha: The Return of She</b></i> (1905). Além disso, ele escreveu outras obras neste subgênero, intercalando entre narrativas de aventura com ou sem fantasia. De qualquer forma, nas últimas décadas do XIX a literatura de mundo perdido começou a se tornar popular, embora fossem obras principalmente voltadas para o gênero aventura do que o fantástico. </span><p></p><p><span style="font-family: verdana;">No começo do XX o subgênero mundo perdido ganhou uma leva de publicações, algumas com caraterísticas de fantasia como <i><b>O Mundo Perdido</b></i> (1912) de <b>Arthur Conan Doyle</b>, que apresenta uma expedição científica a um misterioso platô na <b>Amazônia brasileira</b>. Neste local viveriam dinossauros, homens das cavernas e até homens-macacos. O interessante desse livro é que ele combina aspectos de aventura, fantasia e ficção científica, pois troca os monstros pelos dinossauros. O livro se tornou popular, rendendo filmes, quadrinhos e seriados. </span></p><p><span style="font-family: verdana;">Inspirado no livro de Doyle, o escritor <b>Edgar Rice Burroughs </b>decidiu escrever algo similar. Burroughs já era conhecido por seus romances de <b>espada e planeta</b> com a<b> série Barsoom</b> sobre <b>John Carter</b> e as aventuras de <b>Tarzan</b>, mas influenciado sobre a temática de mundos perdidos e dinossauros ele escreveu o livro <i><b>The Land that Time Forgot</b></i> (1916), que aborda a aventura de sobreviventes num submarino alemão que vão parar num mundo perdido situado na <b>Antártida</b>, habitado por dinossauros e outros animais pré-históricos. A história se tornou popular e rendeu uma trilogia, sendo publicada em partes em algumas <i>pulp fiction</i>. Novamente os monstros eram substituídos por dinossauros, os quais estavam em moda. </span></p><p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVt6IO-4_z_DyIcqFJwbyR2HuyDRfELY45JQqJkdaSzvbLc8ro17m-ZD2PVslhDBrYRpRDv5pzSCUQa4oFiFlyqHCI9qIV03d1gPN2Ga6FYeP0OEagkx8I6ls0VgJl-VAdNYdqokVLljDNzfFDAw_hniBXsZKu6KxomCU7o3gdhyphenhyphencb1Odo-kKkZvaNIQ08/s856/TheLandThatTimeForgot.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="856" data-original-width="582" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVt6IO-4_z_DyIcqFJwbyR2HuyDRfELY45JQqJkdaSzvbLc8ro17m-ZD2PVslhDBrYRpRDv5pzSCUQa4oFiFlyqHCI9qIV03d1gPN2Ga6FYeP0OEagkx8I6ls0VgJl-VAdNYdqokVLljDNzfFDAw_hniBXsZKu6KxomCU7o3gdhyphenhyphencb1Odo-kKkZvaNIQ08/w273-h400/TheLandThatTimeForgot.png" width="273" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa de uma edição de 1924 compilando a trilogia. </td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Burroughs até voltou a abordar sobre mundos perdidos em sua franquia de maior sucesso, Tarzan, embora em algumas narrativas o fantástico não era visto, tratando-se mais de aventuras em que Tarzan visitava cidades perdidas na África, tendo que confrontar povos selvagens. </span><p></p><p><span style="font-family: verdana;">O escritor e editor<b> Abraham Merritt </b>(1884-1943) se popularizou na literatura de mundos perdidos no século XX, sendo hoje considerado uma referência neste subgênero, especialmente com o viés da fantasia. Merritt ganhou destaque com sua trilogia <i><b>The Moon Pool</b></i> (1918), <i><b>The Conquest of Moon Pool</b></i> (1919) e <i><b>The Metal Monster</b></i> (1920), as quais acompanham as aventuras do cientista <b>Dr. Goodwin</b>, protagonista das três aventuras. Embora que o terceiro romance não tenha uma conexão com os outros dois.</span></p><p><span style="font-family: verdana;">Em <i>The Moon Pool</i> e <i>The Conquest of Moon Pool</i>, Dr. Goodwin e sua equipe descobrem uma civilização perdida vivendo na <b>Terra oca</b>, a qual detém conhecimento avançado sendo encarado como algo mágico, além de construírem autômatos também. Por sua vez, em <i>The Metal Monster</i>, Goodwin no Himalaia se depara com o misterioso reino do <b>Imperador de Metal</b>, que possuí uma estátua metálica que solta raios. Com o sucesso dessas obras, Merritt se consolidou como um escritor de fantasia, tendo passado o restante da vida escrevendo romances, novelas e contos.</span></p><p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikzBoEbLuLquf4p1WZtvSOkVT_GQNan6Bboz4PsDRIqo9GUI7eB-UoCgoQYEzldLDJftuZvglWJQT6TJ5O0-oTGCph2IKJRFl3lvnZfM-w-XdN9l46hWj3Vkyyye9bfjE4WovolDw_tAwK5jkHljKeWPpLhF_sL6Mmz-mK_W9S2gjXMN3NlPQZlIVxuE0X/s315/220px-Metal_monster_sharp.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="315" data-original-width="220" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikzBoEbLuLquf4p1WZtvSOkVT_GQNan6Bboz4PsDRIqo9GUI7eB-UoCgoQYEzldLDJftuZvglWJQT6TJ5O0-oTGCph2IKJRFl3lvnZfM-w-XdN9l46hWj3Vkyyye9bfjE4WovolDw_tAwK5jkHljKeWPpLhF_sL6Mmz-mK_W9S2gjXMN3NlPQZlIVxuE0X/w279-h400/220px-Metal_monster_sharp.jpg" width="279" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa de 7 de agosto da revista Argosy, destacando o romance fantástico The Metal Monster, serializado nesse periódico. <br /><br /></td></tr></tbody></table>O subgênero mundo perdido continuou a crescer bastante até a década de 1940, quando entrou em declínio, no entanto, permitiu a publicação de centenas de narrativas sobre aventura, fantasia e ficção científica. Inclusive ele influenciou as histórias em quadrinhos, em que algumas deram continuidade a esse subgênero, mantendo vivo até hoje, apesar que fora dos quadrinhos e desenhos, ele tenha quase desaparecido. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>O menino de madeira</b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em <b>1881 </b>o escritor italiano <b>Carlo Collodi</b> (1826-1890) criou seu personagem mais famoso, uma marionete de madeira chamado <b>Pinóquio</b>, esculpido pelo velho <b>Gepetto</b>. Graças a magia de uma fada de cabelos azuis,<b> </b>o boneco de madeira ganhou vida, tornando-se uma criança tagarela, travessa e até mentirosa, por isso seu nariz crescia quando ele mentia. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5rZtp-hM5N5I6JYqwNxZdF1I0NUiHc4xsXWQwKe5JGzaZybS_3_Yfgd1d71VQIvEtOyConxKdzHhMlODl_Xb0APmWlPxehRODhFEnPqzZ9HSIKMbvHxa27ttXMwuQVcsra9u4D-8Iia9YjWm8TcA8QWfAuy1XrYXnvlpKWs9_2lb63cZMkQd2utMDoUBE/s441/Pinocchio.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="441" data-original-width="320" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5rZtp-hM5N5I6JYqwNxZdF1I0NUiHc4xsXWQwKe5JGzaZybS_3_Yfgd1d71VQIvEtOyConxKdzHhMlODl_Xb0APmWlPxehRODhFEnPqzZ9HSIKMbvHxa27ttXMwuQVcsra9u4D-8Iia9YjWm8TcA8QWfAuy1XrYXnvlpKWs9_2lb63cZMkQd2utMDoUBE/w290-h400/Pinocchio.jpg" width="290" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ilustração original para a primeira edição de Pinóquio.</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Por conta de ser um menino desobediente e travesso, Pinóquio acaba se metendo em confusões e foge de casa, sendo enganado por oportunistas como animais falantes, funcionários de um circo e ladrões, iniciando a jornada de Gepetto para reaver o filho, o qual aprenderá algumas lições durante suas atribulações. Pinóquio se tornou tão famoso que foi adaptado para desenhos, quadrinhos, filmes e jogos até hoje. <br /><p></p><p style="font-family: "Times New Roman";"><b style="font-family: verdana;">O Mágico de Oz</b></p></div></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O escritor<b> L. Frank Baum</b> (1856-1919) em<b> 1891</b> ao se tornar jornalista e redator em Chicago, Baum passou a escrever contos infantis para os jornais e revistas, gostando da temática. Nove anos depois ele decidiu publicar uma história original, já que normalmente trabalhava na adaptação de contos de fadas e histórias infantis antigas, então ele publicou<i><b> O Mágico de Oz</b></i> (1900), que narrava a aventura inesperada de uma menina chamada <b>Dorothy Gale </b>e seu cachorro<b> Totó</b>, os quais viviam no Kansas, até que eles foram sugados por um tornado e ao despertarem, eles </span><span style="font-family: verdana;">se encontravam na mágica <b>Terra de Oz</b>, um país habitado por bruxas, animais falantes e outros seres estranhos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em Oz, Dorothy e Totó decidem procurar uma forma de retornar para casa, então ela fica sabendo que na <b>Cidade Esmeralda</b> viveria um poderoso mágico que poderia ajudá-la. No caminho para essa encantada cidade, Dorothy e Totó fazem importantes amizades com um espantalho, um homem de lata e um leão medroso, enquanto seguem pela estrada de tijolos amarelos. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiroULEjj8ZdYAJJP8KKifEZctIR87XnK6IPX_nPXkZ2VhCv-Ee4K29ho0flFHNAeupCdeb07WIdt8GSD4SW-3gqC59gkE0y9AYYhmjHim5ZtpmAakw6h0gjD7oVNye7uTmFPAJJE2AoUzTq02vboKnAzMWknQ8C-lcBQjrPndB8kQ4RShq9BfoXJM-h53X/s1046/800px-Cowardly_lion2.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1046" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiroULEjj8ZdYAJJP8KKifEZctIR87XnK6IPX_nPXkZ2VhCv-Ee4K29ho0flFHNAeupCdeb07WIdt8GSD4SW-3gqC59gkE0y9AYYhmjHim5ZtpmAakw6h0gjD7oVNye7uTmFPAJJE2AoUzTq02vboKnAzMWknQ8C-lcBQjrPndB8kQ4RShq9BfoXJM-h53X/w306-h400/800px-Cowardly_lion2.jpg" width="306" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ilustração de W. W. Denslow para a primeira edição do livro, mostrando Dorothy, Totó e os demais personagens principais. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A obra de Braum fez rápido sucesso a ponto de que o público lhe escrevia cartas pedindo continuações dessa fantasia juvenil. Entusiasmado com aquilo, Braum passou o restante da vida publicando outras histórias na Terra de Oz, com direito a introduzir novos personagens. A série de Oz rendeu quatorze livro e alguns contos, todos escritos por L. Frank Baum. Após sua morte em 1919, a franquia continuou a ser produzida por outros escritores, por mais de cem anos, tornando-a série de fantasia juvenil mais longeva. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A fada da areia</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Certo dia, cinco crianças chamadas <b>Cyril, Anthea, Robert, Jane e Lamb</b>, se deparam com uma misteriosa criatura que vive no jardim da nova casa deles. O pequeno ser mágico se chama <b>Psammead</b> e diz ser uma fada da areia, podendo realizar desejos, assim tem início ao livro <i><b>Five Children and It</b></i> (1902) da</span><span style="font-family: verdana;"> escritora britânica <b>Edith Nesbit </b>(1858-1924). Psammead acaba enganando os irmãos iniciando assim um problema entre eles de como conseguir escapar da armadilha daquele traiçoeiro fada de areia. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIXi-V8ydx1RKc9l0akFSxbrUJQCVujKBk-BqCvJo1wfbeswj6y8JAORiwG6ZJMKHyUjYpDMEjwMsKSNCjJr3rrsCcpsXbhaFodHz71UnNR49BJsb88oTqmdyqAZ1sVYoTMg8kmhqUxr1astgQuug8sg4vi-gvv4o-mqImMSUUVbCZyxDE6lACq0WlRi3e/s499/EdXX0vEXgAA7nYk.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="499" data-original-width="342" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIXi-V8ydx1RKc9l0akFSxbrUJQCVujKBk-BqCvJo1wfbeswj6y8JAORiwG6ZJMKHyUjYpDMEjwMsKSNCjJr3rrsCcpsXbhaFodHz71UnNR49BJsb88oTqmdyqAZ1sVYoTMg8kmhqUxr1astgQuug8sg4vi-gvv4o-mqImMSUUVbCZyxDE6lACq0WlRi3e/w274-h400/EdXX0vEXgAA7nYk.jpg" width="274" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Uma edição de Five Children and It, destacando Psammead, a fada da areia. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Com a popularidade desse livro, Nesbit decidiu escrever uma continuação que foi intitulada</span><i style="font-family: verdana;"><b> The Phoenix and the Carpet</b></i><span style="font-family: verdana;"> (1904), nesta segunda história que se tornou o livro mais popular da série, os irmãos ganham um tapete velho de presente, no qual descobrem um misterioso ovo que se choca e revela ser de uma fênix falante. A ave diz que aquele tapete era mágico também, podendo voar, então os irmãos partem para a ajudar a fênix a encontrar um tesouro. Eventualmente o grupo acaba se metendo em problemas e tem que pedir a ajuda de Psammead. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrJF72KIt6xo00P52qjdE5meKI_-k3uUYFe9GvBalmG3S1DjzH86zNUkoYBrj_WcSJ0-Of5d1FG0I7hHlxNMPlHbop7PJaA3fz54xL6fjbFvORLIwMl9lV_smClweKAK0D4LYVdx6_UNzguRdGJFco3QS02N_AADqfyZLEG7K0VpJDuRx3EsANzNf03tRd/s1200/the-phoenix-and-the-carpet-39.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrJF72KIt6xo00P52qjdE5meKI_-k3uUYFe9GvBalmG3S1DjzH86zNUkoYBrj_WcSJ0-Of5d1FG0I7hHlxNMPlHbop7PJaA3fz54xL6fjbFvORLIwMl9lV_smClweKAK0D4LYVdx6_UNzguRdGJFco3QS02N_AADqfyZLEG7K0VpJDuRx3EsANzNf03tRd/w640-h640/the-phoenix-and-the-carpet-39.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capa de uma edição em áudio-livro. </span></td></tr></tbody></table><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No entanto, as aventuras dos cinco irmãos não chegaram ao fim, Nesbit lançou o terceiro e último livro, intitulado <b><i>The Story of Amulet</i></b> (1906), em cuja obra a autora aumentou o tom fantástico. Nessa narrativa Cyril, Anthea, Robert e Jane estão hospedados na casa de uma babá, pois seus pais estão em viagem, e Lamb foi com a mãe. Ali os irmãos conhecem um egiptólogo de nome Jimmy, que estuda um misterioso amuleto. Eventualmente os irmãos se deparam com Psammead, que estava preso e o libertam. A fada de areia em retribuição decide ajudá-los a procurar pelo amuleto, e eles acabam viajando para o passado, iniciando a jornada para tentar voltar para o futuro. </span><br /><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A trilogia de Nesbit originou quadrinhos, livros de colorir, peças de teatro, filmes, desenhos e até continuações por outros autores. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A Terra do Nunca</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O escritor e dramaturgo <b>James Matthew Barrie</b> (1860-1937) no começo do século XX escreveu algumas peças juvenis-adultas como <i><b>Little White Bird</b></i> (1902), <i><b>Boy Who Wouldn't Grow Up</b></i> (1904) e <i><b>Peter Pan in Kensington Gardens</b></i> (1906). Foi na primeira peça que ele criou o seu personagem mais famoso, uma garoto que não queria envelhecer e era chamado de Peter Pan. Entretanto, levou alguns anos para Barrie decidir aprofundar e expandir a história desse menino travesso, e assim surgiu o livro<i><b> Peter Pan & Wendy</b></i> (1911), em que finalmente fomos apresentados a uma ilha misteriosa chamada <b>Terra do Nunca</b> (Neverland). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9wPiP09Fh0jJM4U3HJtK4R6Wgr2PH0onCRnwYF6ekwcj6fmz1lyM4rvpxMTfboqcKhN7Gg8USsuv2NKCAIU9VT2w1xTqTVwXSB1Zn1PMiI4tT0qZv-zFXoBvGKkcHSDjZxAMSvEcOuyHLXoi4LnPTgNUt95jZxGe3sMW6I5L2i7oFU5o9BrPwsoJopajP/s450/Peter_Pan_1915_cover_2.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="292" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9wPiP09Fh0jJM4U3HJtK4R6Wgr2PH0onCRnwYF6ekwcj6fmz1lyM4rvpxMTfboqcKhN7Gg8USsuv2NKCAIU9VT2w1xTqTVwXSB1Zn1PMiI4tT0qZv-zFXoBvGKkcHSDjZxAMSvEcOuyHLXoi4LnPTgNUt95jZxGe3sMW6I5L2i7oFU5o9BrPwsoJopajP/w416-h640/Peter_Pan_1915_cover_2.jpg" width="416" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ilustração de 1915 de uma edição de Peter Pan & Wendy. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Neste livro somos apresentados ao jovem, travesso, arrogante e teimoso Peter Pan e sua</span><b style="font-family: verdana;"> fada Sininho</b><span style="font-family: verdana;">, os quais viajaram até Londres, pois Peter perdeu sua sombra. Ao entrar na casa dos </span><b style="font-family: verdana;">Darling</b><span style="font-family: verdana;"> para recuperá-la, ele acorda os filhos do casal, chamados </span><b style="font-family: verdana;">Wendy, João e Miguel</b><span style="font-family: verdana;">. Peter convence os irmãos a viajarem com ele até à Terra do Nunca, então ele voam para lá, um país habitado por piratas, indígenas, sereias, fadas e os Garotos Perdidos, meninos que nunca deixavam de serem crianças. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Apesar da trama simples, a qual mistura elementos do gênero aventura e fantasia juvenil, Peter Pan se tornou o maior sucesso da vida de J. M. Barrie, mesmo ele tendo escrito mais de trinta livros e peças, ainda assim, ele ficou marcado por apenas essa história. Por sua vez, Peter Pan originou filmes, desenhos e jogos, e até levou a criação do <b>Complexo de Peter Pan</b>, uma síndrome na qual as pessoas se recusavam a reconhecer sua vida adulta. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O Sítio do Picapau Amarelo</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Concebido pelo escritor brasileiro<b> Monteiro Lobato</b> (1882-1948), trata-se de sua obra mais famosa e a série brasileira de literatura infantil fantástica mais conhecida no país, rendendo mais de vinte livros. A ideia inicial surgiu no conto<i><b> A Menina do Narizinho Arrebitado</b></i> (1920), que contava a história de uma travessa menina chamada <b>Lúcia</b>, mais conhecida por seu apelido de Narizinho, a qual vivia no encantado Sítio do Picapau Amarelo com sua avó Benta, seu primo Pedrinho, a cozinheira chamada tia Anastácia, a boneca falante Emília, o porco falante Marquês de Rabicó, o erudito Visconde de Sabugosa, entre outros personagens. Como Lobato gostava de ler sobre folclore, várias ideias desse foram sendo acrescentadas a série do Sítio do Picapau Amarelo como a condição de termos o <b>Saci-pererê </b>como um personagem e a <b>Cuca</b> como vilã. Além disso, o livro traz animais falantes, seres fantásticos e acontecimentos mágicos. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZRIMc1DrFXlkHjUJES_IM2JY76XCKRte_dIZ6nzSFvJ3Kn9jl4qSZkF3U4L2oUUd9MIoutMYCMt9I_2xCtbh58U24VQf3K6V2UMepGNWZcrajBibFQxjiBbVkxAzYzyP8V71hGKMs97cnQyW6A5hKN5nzVBX8RE-xIGb6TpfjK2D5dFTDh_Np8fD3Uv9V/s500/Monteiro_Lobato_Reina%C3%A7%C3%B5es_de_Narizinho.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="349" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZRIMc1DrFXlkHjUJES_IM2JY76XCKRte_dIZ6nzSFvJ3Kn9jl4qSZkF3U4L2oUUd9MIoutMYCMt9I_2xCtbh58U24VQf3K6V2UMepGNWZcrajBibFQxjiBbVkxAzYzyP8V71hGKMs97cnQyW6A5hKN5nzVBX8RE-xIGb6TpfjK2D5dFTDh_Np8fD3Uv9V/w446-h640/Monteiro_Lobato_Reina%C3%A7%C3%B5es_de_Narizinho.jpg" width="446" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capa da primeira edição da obra. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A trama dos livros mescla a aventura e a fantasia, geralmente acompanhando </span><b style="font-family: verdana;">Narizinho</b><span style="font-family: verdana;">, seu primo </span><b style="font-family: verdana;">Pedrinho</b><span style="font-family: verdana;"> e a boneca de pano falante de nome </span><b style="font-family: verdana;">Emília</b><span style="font-family: verdana;">. No caso, foi a partir do livro </span><i style="font-family: verdana;"><b>Reinações de Narizinho </b></i><span style="font-family: verdana;">(1931) que a série foi estabelecida, ganhando novas histórias anualmente. Além das referências ao folclore, Lobato também colocou referências históricas como a visita do holandês Hans Staden que esteve no Brasil no século XVI, realizou um crossover com </span><b style="font-family: verdana;">Peter Pan</b><span style="font-family: verdana;">, </span><b style="font-family: verdana;">Dom Quixote</b><span style="font-family: verdana;"> e até com personagens da mitologia grega como o </span><b style="font-family: verdana;">Minotauro e Hércules</b><span style="font-family: verdana;">. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por se tratar de uma obra fantástica, os personagens do sítio conseguiam viajar para outras épocas e lugares, incluindo o Reino das Águas Claras e até uma rápida viagem ao Céu. Mas além dessas referências folclóricas, literárias e mitológicas, Lobato também publicou narrativas com teor educacional, escrevendo livros que abordavam temas sobre gramática, matemática, geografia e geologia.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Solomon Kane, o justiceiro</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O escritor e poeta <b>Robert Ervin Howard</b> (1906-1936) se notabilizou no gênero fantasia e de faroeste, ele escreveu para várias <i>pulp fiction </i>nos anos 1920 e 1930. Seu primeiro personagem de fantasia famoso foi concebido ainda na adolescência, embora somente suas histórias vieram a ser publicadas anos depois com o conto <i><b>Red Nails</b></i> (1928), que saiu na <i>Weird Tales</i>, revista que Robert manteve parceria até o fim da vida. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPd4whmTdYz1Qtc5mwyAdIjeasmLl8JK3HSH4C39Vb8bWilz0rPRCCx48EHgNUEs_39xD2NqgLW3tc9b6VOPmF9niyc7p9V328PMwGPHyeui2n3lHJk-O5l5nh4NwOTEAhF0YqPYJjI28I0rYg2eP60vh9hLnwlFYZxr49bIGA7gcx5nrhQMH8uWFeOfej/s736/fa78458668407beccdb9fb74010b5055.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="736" data-original-width="474" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPd4whmTdYz1Qtc5mwyAdIjeasmLl8JK3HSH4C39Vb8bWilz0rPRCCx48EHgNUEs_39xD2NqgLW3tc9b6VOPmF9niyc7p9V328PMwGPHyeui2n3lHJk-O5l5nh4NwOTEAhF0YqPYJjI28I0rYg2eP60vh9hLnwlFYZxr49bIGA7gcx5nrhQMH8uWFeOfej/w413-h640/fa78458668407beccdb9fb74010b5055.jpg" width="413" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ilustração de Solomon Kane<br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Dessa forma em </span><i>Red Nails </i><span style="font-family: verdana;">surgia o protótipo do caçador de monstros e bandidos, que usava espadas, pistolas e até magia para combater as forças do mal, esse era Solomon Kane, um colono inglês das Treze Colônias, revoltado com o mundo, que decidiu usar suas habilidades de combate para fazer justiça com as próprias mãos. Kane era descrito como um homem alto, pálido, de cabelos pretos longos, olhos azuis, puritano e temperamento frio que agia entre os séculos XVI e XVII. </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Howard escreveu as histórias de Solomon Kane de 1928 a 1932, publicando-as na <i>Weird Tales</i>, cujas aventuras levavam o caçador de monstros através da América do Norte, Europa e África. Tais histórias lhe concederam</span><span style="font-family: verdana;"> fama. Ele depois acabou deixando de lado o personagem focando nas narrativas de seus bárbaros: Kull e Conan. As narrativas de Kane foram mais tarde incluídas no subgênero de espada e feitiçaria, inspirando outros caçadores de monstros como <b>John Constantine</b>. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A era dos bárbaros</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com a popularidade do trabalho de </span><b style="font-family: verdana;">Robert E. Howard</b><span style="font-family: verdana;"> através de suas publicações com Solomon Kane, ele </span><span style="font-family: verdana;">decidiu investir no gênero fantasia, assim surgiu o bárbaro </span><b style="font-family: verdana;">Kull, o Atlante</b><span style="font-family: verdana;">, no conto </span><i style="font-family: verdana;"><b>The Shadow Kingdom</b></i><span style="font-family: verdana;"> (1929), que narrava a jornada de um bravo guerreiro, pirata, bárbaro, escravo e gladiador que mais tarde se tornou um rei. Kull era um<b> atlante</b> que foi ainda bebê exilado de sua terra natal, vindo a morar em <b>Thuria</b>. Sua trajetória de vida foi bastante difícil e marcada por muitas batalhas e façanhas num mundo antigo violento e assombrado por monstros e magia (normalmente a magia era representada como algo perigoso e maligno nessas histórias). Tais façanhas lhe renderam a alcunha de<b> Kull, o Conquistador</b>. </span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcFZ2TPQqyMjoeiuibkp5d1EdzxdpDTUkUMqZ73oum8AtjyxvHhX3aF0I7vZrrf8oipHU7AQVfYmo4ghyphenhyphen7eWhE8gvTHPXGxofOjlbTBZSzcSNgPMuHMdN-cI895eCxGhDiXAXyz492pg_jRcrbqNbcXGMGyTrwon_SBjDFugnhOHayE9PqdgR2qHdOQYw0/s576/8d9a6075deea2833af29b52d5592ae6f.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="403" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcFZ2TPQqyMjoeiuibkp5d1EdzxdpDTUkUMqZ73oum8AtjyxvHhX3aF0I7vZrrf8oipHU7AQVfYmo4ghyphenhyphen7eWhE8gvTHPXGxofOjlbTBZSzcSNgPMuHMdN-cI895eCxGhDiXAXyz492pg_jRcrbqNbcXGMGyTrwon_SBjDFugnhOHayE9PqdgR2qHdOQYw0/w448-h640/8d9a6075deea2833af29b52d5592ae6f.jpg" width="448" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Kull, o Conquistador, o primeiro bárbaro criado por Robert. E. Howard.</span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Howard ainda lançou mais três histórias sobre Kull na <i>Weird Tales</i>, mas as narrativas não causaram o sucesso esperado, condição essa que ele engavetou as demais narrativas, as quais somente foram publicadas após sua morte. Entretanto, em 1932, ele decidiu apresentar uma versão diferente desse personagem</span><span style="font-family: verdana;"> e assim surgiu </span><b style="font-family: verdana;">Conan, o Cimério</b><span style="font-family: verdana;">. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Vários dos conceitos de Kull e seu universo situado numa Pré-história fantástica foram reutilizados para criar o personagem de Conan, um bárbaro, mercenário, ladrão e pirata do reino da Ciméria, que acabou se tornando rei da </span><b style="font-family: verdana;">Aquelônia</b><span style="font-family: verdana;">. A trama de Conan se passa quase três mil anos depois da Kull, não havendo uma conexão direta entre eles, inclusive a geografia de seus mundos é ligeiramente diferente, pois na época de Kull, a <b>Atlântida</b> e a <b>Lemúria</b> ainda não tinham afundado, como Howard escreve nas histórias de Conan. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyjVsLD5UMUJ6Y1DV7kTiivjSDzUYNQ6Y5cg63T6q_CU5jS_M-kXcIHqpQcfG-cuXTVIYWN7Bao2lxwDQmQS5-KTsKDuSqrBZEPNAdwQt3KyKk1ghLMdLPoc082BBH_MoP0Z3DaB1-O5pwmnRjTlX5ye_fo2M_l989o7HYx8gaqpvhbrMf-R4_3-Ql2QQu/s800/Muscular_conan_ai-art.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="799" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyjVsLD5UMUJ6Y1DV7kTiivjSDzUYNQ6Y5cg63T6q_CU5jS_M-kXcIHqpQcfG-cuXTVIYWN7Bao2lxwDQmQS5-KTsKDuSqrBZEPNAdwQt3KyKk1ghLMdLPoc082BBH_MoP0Z3DaB1-O5pwmnRjTlX5ye_fo2M_l989o7HYx8gaqpvhbrMf-R4_3-Ql2QQu/w400-h400/Muscular_conan_ai-art.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Uma ilustração de Conan. O personagem se tornou o estereótipo do bárbaro das produções de fantasia, seja em livros, quadrinhos, filmes, séries e jogos. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Assim, Howard publicou a primeira aventura de Conan, intitulada<b> <i>The Phoenix in Sword</i> </b>(1932) na revista <i><b>Wierd Tales</b></i>, a mesma que quatro anos antes ele apresentou a primeira aventura de Kull (inclusive esse conto era uma reescrita de uma aventura de Kull). Porém, diferente do bárbaro atlante que era mais sério e honrado, Conan interessou mais o público da época, por ser um brutamontes grosseiro, um mulherengo, um beberrão, além de que nas histórias dele temos mais ação e erotismo do que nas narrativas de Kull, pautadas mais na aventura. Assim, Howard </span><span style="font-family: verdana;">mesclando ideias e elementos advindos da mitologia egípcia, grega, indiana, mesopotâmica e nórdica, porém, as aventuras de Conan duraram poucos anos, pois em 1936, num ato de desespero, Howard cometeu suicídio. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Robert E. Howard ainda conseguiu concluir 17 histórias sobre Conan, embora tenha deixado outras inacabadas, além disso, ele também escreveu um importante ensaio no qual explicava e descrevia seu mundo mitológico que se passava na fictícia <b>Era Hiboriana</b> (sucessora da <b>Era Thuriana </b>de Kull), um mundo de fantasia, monstros e magia, características tão marcantes que levaram ao surgimento do <b>subgênero espada e feitiçaria</b>, marcado pelo padrão narrativesco da bela donzela em perigo, locais sombrios e um feiticeiro (ou feiticeira) maléfico, que influenciou várias gerações, fato esse que Conan ganhou histórias em quadrinhos, em desenho animado e até rendeu filmes, seriado e jogos. Kull também recebeu adaptações para os quadrinhos e filme, mas não teve o mesmo impacto do que seu irmão literário. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Faroeste fantástico</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Trata-se de um subgênero surgido nos anos 1930 nas <i>pulp fiction</i>, contendo elementos de fantasia inseridos no cenário histórico do <b>Velho Oeste</b>. Na década de 1970 esse subgênero foi nomeado também de<i><b> weird west </b></i>ou <b style="font-style: italic;">fantasy western</b>. O escritor <b>Robert E. Howard </b>que criou Solomon Kane, Kull e Conan, também era autor de histórias de faroeste, ganhando inclusive fama escrevendo contos fantásticos no Velho Oeste. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Howard é considerado um dos primeiros escritores notáveis desses subgênero, publicando <i><b>The Horror from the Mound</b></i> (1932). Além dele se destacaram outras publicações como <i><b>The Circus of Dr. La</b></i><b>o </b>(1935) de <b>Charles G. Finney</b>, <i><b>Spud and Cochise </b></i>(1936) de <b>Oliver La Farge</b>.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As histórias de faroeste fantástico são um subgênero bem flexível, pois algumas continham elementos de fantasia sombria, comédia, romance, aventura, ação e até ficção científica, mas tudo girando em torno de uma versão fantástica do Velho Oeste, trazendo caubóis confrontando zumbis, lobisomens, vampiros, fantasmas, bruxas, maldições, deuses indígenas etc. Algumas narrativas não focavam os caubóis, mas a ambientação estereotipada do Velho Oeste com suas pequenas cidades de uma rua só, os ranchos, os acampamentos, as feiras, os rodeios, os circos etc. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS9iC-KEWXJbtFknv0hXcj4m3363VxwV_6pd9Tw3JJhyASQU875FmQKXtty6l423HYB0K8CwtwPsoFf4VfWpwJ695BA66ui7PBVWaEX5WfQkiefhlMSCZFh01KkJz5mxd_9Qr-duCwv5ak1oJXUP5G58FR8RDXbKwTwnj62jUrrb_-cHicVAzsg7Nxjo-b/s594/ShowImage.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="594" data-original-width="400" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS9iC-KEWXJbtFknv0hXcj4m3363VxwV_6pd9Tw3JJhyASQU875FmQKXtty6l423HYB0K8CwtwPsoFf4VfWpwJ695BA66ui7PBVWaEX5WfQkiefhlMSCZFh01KkJz5mxd_9Qr-duCwv5ak1oJXUP5G58FR8RDXbKwTwnj62jUrrb_-cHicVAzsg7Nxjo-b/w430-h640/ShowImage.jpg" width="430" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">A revista Weird Western Tales popularizou novamente o faroeste fantástico entre as décadas de 1970 e 1980. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O subgênero do faroeste fantástico rapidamente se popularizou migrando para o cinema, as histórias em quadrinhos e depois a televisão e mais tarde os videogames. Embora hoje em dia esteja bastante em baixa, ele influenciou franquias como </span><b>Jonah Wex, Preacher, Desesperados e o Cavaleiro Solitário</b><span style="font-family: verdana;">. </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O realismo fantástico latino-americano</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Chamado também de <b>realismo mágico</b>, consiste num subgênero artístico surgido inicialmente na pintura da década de 1920, influenciada pelo modernismo e o surrealismo. Porém, na literatura esse subgênero começou a despontar nos anos 1930 com escritos da América Latina. Uma das primeiras obras creditadas tem o título de <i><b>La Lluvia</b></i> (1936) do escritor <b>Uslar Pietri</b>, que aborda um misterioso homem que aparece durante um dia de chuva e vai embora quando a chuva termina. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O termo realismo fantástico foi desenvolvido na década de 1940 para se referir a alguns trabalhos de escritores latino-americanos que abordavam narrativas baseadas no cotidiano, mas com algum toque de fantástico. Fato esse que nessas narrativas a fantasia fica em terceiro plano, o foco é a realidade nua e crua da vida, mas em dados momentos os personagens se depararam com acontecimentos misteriosos e fenômenos inexplicáveis. Neste tipo de literatura <b>não há a presença de monstros ou de magia</b>, mas <b>apenas do sobrenatural</b> que pode ser retratado como<b> uma visão, uma praga, o destino, um milagre, uma maldição, uma profecia, uma anomalia</b> etc. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O escritor colombiano <b>Gabriel Gárcia Márquez</b> (1927-2014) ficou famoso nesse subgênero com seu romance <i><b>Cem Anos de Solidão</b></i> (1967), no qual acompanhamos sete gerações da <b>Família Buendía</b>, que costumava fomentar casamentos entre primos para manter a linhagem, até que algumas pessoas falavam que aquilo era perigoso e errado. Inclusive o personagem <b>Melquíades, o Cigano</b> diz ter recebido uma profecia sobre os Buendía, profecia essa associada a uma maldição, fato esse que em cada geração alguns dos membros da família acabam morrendo, enlouquecendo, sendo traídos, adoecendo, tendo outros tipos de problemas. Por fim, um dos membros, nascido de incesto, tem um rabo de porco, confirmando a profecia de Melquíades. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnM7UzrEhbROm-Fekk7FUhNkPZdf9O0b8_j1QqUbwVoucUsqNAOhIaVAa1Kj4rvPr1wkP0pQN5XBPS1hWJHrYvoz8V6HE2VHNhPH0m4YjbYsBfTGTLvF9h6hEEF0f41YWmo03duZYDwj5dE6wWhzhctvREOINVb49pwMcI4kgbL8BJgZSEkze6ZfTDV_Kr/s480/Cem_anos_de_solid%C3%A3o.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="319" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnM7UzrEhbROm-Fekk7FUhNkPZdf9O0b8_j1QqUbwVoucUsqNAOhIaVAa1Kj4rvPr1wkP0pQN5XBPS1hWJHrYvoz8V6HE2VHNhPH0m4YjbYsBfTGTLvF9h6hEEF0f41YWmo03duZYDwj5dE6wWhzhctvREOINVb49pwMcI4kgbL8BJgZSEkze6ZfTDV_Kr/w426-h640/Cem_anos_de_solid%C3%A3o.jpg" width="426" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capa da primeira edição de Cem Anos de Solidão. </span></td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">No Brasil temos o livro <i><b>Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta</b></i> (1971) de <b>Ariano Vilar Suassuna</b>. A obra apresenta toda a concepção artística do <b>movimento armorial</b> concebido por Ariano anos antes, como forma de valorizar a cultura nordestina e sertaneja. Neste longo livro de mais de 700 páginas, somos apresentados as peripécias de vários personagens, as quais se conectam pela narração do protagonista, um bibliotecário chamado <b>Pedro Dinis Quaderna</b>, preso em 1938, em <b>Taperoá</b> no estado da <b>Paraíba</b>. Ele é acusado de ter roubado seu padrinho, que morreu misteriosamente num quarto-forte na torre de sua casa. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Todavia, Quaderna alega que é descendente da monarquia sertaneja, pois seus antepassados foram imperadores do <b>Reino da Pedra do Reino</b>, situado no sertão paraibano e pernambucano no século XIX. Assim, ele diz ser o imperador <b>Dom Pedro Dinis Ferreira-Quaderna IV</b>, legítimo soberano do Brasil e profeta da <b>Igreja Católica-Sertaneja</b>. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8-1diHfUHphUZK3_pVWM-o7s7B24SmMxtQSbj_fFm4PeqIClODae9tCkp-fsvtI2r7TKTHz0bMFUQTBil54gtD8WPMqiwRmRT-alQ-obHIe6ZHM-Brfm57rsV9M5HqYIvLpVzB_X46ptD6IAdHY9hOBHA4S3QsE8UitC172_X3WmVtvS66eCwYQsZkMjW/s1280/maxresdefault.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8-1diHfUHphUZK3_pVWM-o7s7B24SmMxtQSbj_fFm4PeqIClODae9tCkp-fsvtI2r7TKTHz0bMFUQTBil54gtD8WPMqiwRmRT-alQ-obHIe6ZHM-Brfm57rsV9M5HqYIvLpVzB_X46ptD6IAdHY9hOBHA4S3QsE8UitC172_X3WmVtvS66eCwYQsZkMjW/w640-h360/maxresdefault.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cenário usado na minissérie de A Pedra do Reino (2007). Na história essas duas pedras seriam as torres da catedral do reino, o qual misteriosamente sumiu. </td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">A partir de então, Quaderna relata ao corregedor as histórias desse reino que ninguém havia ouvido falar, fundado de forma mística, assim como, soterrado de forma misteriosa; ele também relata os problemas de sucessão, das tragédias acometidas por sua família, da profecia do Sebastianismo, além da sua mirabolante trajetória até ser preso. A obra mescla o tom da literatura de cordel, dos romances de cavalaria com o realismo fantástico, abordando os costumes e crenças sertanejos. </div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A Terra-Média</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Foi também na década de 1930 fomos apresentados a um fantástico mundo literário criado pelo escritor, poeta, professor e linguista <b>John Ronald Reuel Tolkien</b> (1892-1973). Enquanto a Era Hiboriana se passava num Antiguidade primitiva, caótica, selvagem, violenta e sombria, a Terra-Média de Tolkien passava-se num mundo fantástico medieval, com monstros e magia, apresentando humanos, elfos, anões, orcs, magos, hobbits e outros seres. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tolkien começou a conceber a Terra-Média quase vinte anos antes, tendo feito rascunhos que viriam originar <b style="font-style: italic;">O Silmarillon</b> (livro incompleto, somente publicado postumamente em 1977). Todavia, foi em 1928 quando ele começou a escrever o esboço de <i>O Hobbit</i>, lançado somente nove anos depois, que ele começou a dar forma a seu mundo fantástico. Tolkien devido a seu amor pela linguística e a filologia, se valeu disso para criar idiomas e alfabetos, com destaque os alfabetos élficos. Além disso, como era um ávido leitor de mitologia nórdica, celta e lendas medievais, ele reuniu ideias dessas fontes para criar a grande narrativa de seu mundo fantástico: a <b>Demanda do Anel</b>, iniciada com o <i><b>O Hobbit</b></i> (1937), mas apresentada e finalizada em<i> <b>O Senhor dos Anéis</b> </i>(1954-1955), volumosa obra com mais de mil páginas que lhe rendeu mais de uma década de escrita, tornando-se sua obra mais famosa. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6UWG2qi2ta9CR5-RyWuKPuEIrkqEav31rIinYtlJIqWGKY4Bp2DkEpvOYI4dwCmY61NiTfEna4znKrA-fj6-Nodwk7tQDlNpf31U-0FKpgOcUq8OwRVcfF1UjZxkKuCKzGO38yrqN-y6wJc1J7Kz4Z3kms4nIpvKEjzuac_s7WlyYkVi_RbJry8MnluPk/s720/24900023_1696980580377079_3202436109228628265_n.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="502" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6UWG2qi2ta9CR5-RyWuKPuEIrkqEav31rIinYtlJIqWGKY4Bp2DkEpvOYI4dwCmY61NiTfEna4znKrA-fj6-Nodwk7tQDlNpf31U-0FKpgOcUq8OwRVcfF1UjZxkKuCKzGO38yrqN-y6wJc1J7Kz4Z3kms4nIpvKEjzuac_s7WlyYkVi_RbJry8MnluPk/w446-h640/24900023_1696980580377079_3202436109228628265_n.jpg" width="446" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ilustração representando os membros da Sociedade do Anel, no primeiro livro de O Senhor dos Anéis. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em </span><i>O Senhor dos Anéis </i><span style="font-family: verdana;">somos apresentados a uma densa e poderosa história sobre superação, amizade, dever, lealdade, traição, honra, esperança, temor, desconfiança etc., que giram entorno do clássico maniqueísmo</span><span style="font-family: verdana;"> Bem vs Mal, Luz vs Trevas, apesar disso, a trama foi belamente escrita, pois Tolkien era perfeccionista e um linguista nato, tendo cuidado em escrever seus livros, inclusive com direito a passagens exaustivamente detalhadas, além de outras com canções e poesia. </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entretanto, as aventuras e descrições da Terra-Média não se limitaram a esses dois livros. Tolkien foi um escritor prolífico, tendo dedicado a vida a expandir e explorar seu universo literário, por conta disso, ele escreveu mais de vinte livros, entre romances, contos e ensaios que se passam por esse mundo fantástico, inspirando filmes, livros, jogos e seriados. Diferente da Era Hiboriana que acabou não sendo melhor explorada por seu criador, a Terra-Média contou com uma profunda densidade de detalhes que se tornaram temas de estudos literários. Mesmo as produções derivadas da obra de Tolkien, ainda não conseguiram adaptar nem metade do que ele concebeu. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAkyIXUW8fxHzHatvXpotYHToezE8oc6HizSlnTI4JdbXfMJpLLAputx5Rq8wqy-O2H0KZFUAh5mMajhYWQ_nAkP_OGcALkW1zIPO2xk_B1ENz_Hf19pXOAgsfIezCn4rm5lJovXjGlGiHev8xu2yQ-6CALAH0dXwQh5CXIXJ-7GeD4OcpCl65dokOXxD2/s2500/CFC24B4A-AB8B-49A6-A53A-EC69C297D9DE.jpeg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1667" data-original-width="2500" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAkyIXUW8fxHzHatvXpotYHToezE8oc6HizSlnTI4JdbXfMJpLLAputx5Rq8wqy-O2H0KZFUAh5mMajhYWQ_nAkP_OGcALkW1zIPO2xk_B1ENz_Hf19pXOAgsfIezCn4rm5lJovXjGlGiHev8xu2yQ-6CALAH0dXwQh5CXIXJ-7GeD4OcpCl65dokOXxD2/w640-h426/CFC24B4A-AB8B-49A6-A53A-EC69C297D9DE.jpeg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Mapa da Terra-Média<br /><br /></span></td></tr></tbody></table><b style="font-family: verdana;">O mundo mágico de Nárnia</b><div><b style="font-family: verdana;"><br /></b></div><div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O escritor irlandês <b>Clive Staples Lewis</b> (1898-1963) o qual era amigo de Tolkien, também decidiu investir no gênero de fantasia, mas diferente de seu amigo, ele optou por tramas voltadas para um público infanto-juvenil. Dessa forma, Lewis escreveu entre 1949 e 1954 sete livros que formam as <i>Crônicas de Nárnia</i>. Inicialmente ele pretendia escrever apenas um livro no que resultou em <b><i>O Leão, a Feiticeira e o Guarda Roupa</i></b> (1950) que apresentava a jornada dos jovens quatro <b>irmãos Pevensie</b>, que em meio a Segunda Guerra, descobrem um guarda roupa com uma passagem secreta para um mundo fantástico, iniciando sua jornada para combater a <b>Feiticeira Branca</b>. </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi455EeyadbyzsBbDew-X2RjvGPc-a0Ife_YwjXgxyv-bAYagqjya_O4OdbSpxnCk319A01mXhREduqVfX9bsiZW8qIjGHtvk3WWbgP7xd6EyHBwQgqwteJlH-DGDjt1VE2qz0F9gD6jtKG41l81t5V5tOUO_S010YVEYXFK1WkUdAgiggV-2SnqMq-Ecsi/s710/7cd845b6a01bc0e69bcec6f94f44bf23.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="710" data-original-width="685" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi455EeyadbyzsBbDew-X2RjvGPc-a0Ife_YwjXgxyv-bAYagqjya_O4OdbSpxnCk319A01mXhREduqVfX9bsiZW8qIjGHtvk3WWbgP7xd6EyHBwQgqwteJlH-DGDjt1VE2qz0F9gD6jtKG41l81t5V5tOUO_S010YVEYXFK1WkUdAgiggV-2SnqMq-Ecsi/w618-h640/7cd845b6a01bc0e69bcec6f94f44bf23.jpg" width="618" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ilustração mostrando o leão Aslan e os irmãos Pevensie. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Devido a popularidade da história, o público e a editora pediram uma continuação. Curiosamente a trama do livro se encerrava nele mesmo, já que após a batalha contra a Feiticeira Branca, os Pevensie estabeleceram a paz em Nárnia governaram pacificamente pelos anos seguintes, quando já adultos eles reencontram o guarda roupa mágico e voltam para sua época. Entretanto, como Lewis decidiu escrever outras histórias, transformou sua ideia em sete livros, redigindo-os em fora de ordem cronológica, explorando outros acontecimentos desse período e até outros protagonistas, como um primo e amigos dos Pevensie. Além de que o livro </span><b style="font-family: verdana;">O cavalo e o seu menino</b><span style="font-family: verdana;"> (1954) não conta com os personagens principais e se passa a maior parte no reino desértico de </span><b style="font-family: verdana;">Calormânia</b><span style="font-family: verdana;">, um dos reinos vizinhos de Nárnia, inspirado na cultura persa e árabe. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além do reino de Nárnia, outras localidades fantásticas são apresentadas nos livros, além disso, por conta de Lewis ser um fervoroso cristão, tendo escrito livros de apologia, vários elementos do Cristianismo foram incorporados a sua obra, além de elementos da mitologia grega, céltica, irlandesa e obviamente ideias e conceitos dos contos de fadas. Sua obra fez bastante sucesso, sendo adaptada logo cedo para a rádio e o teatro, apesar que não conquistou o cinema, em que apenas três filmes foram produzidos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O Dr. Seuss</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Thedoro Seuss Geisel </b>(1904-1991) foi um escritor, ilustrador, cartunista, animador e cineasta que se popularizou na literatura infantil. Seuss inspirado em <i>Alice no País das Maravilhas</i>, no<i> Mágico de Oz</i>, nos desenhos da Disney e em contos de fadas, começou a produzir seus próprios livros de fantasia infantil, puxando bastante para o lado cômico e nosense visto na obra de Lewis Carroll. Condição essa que ele criou personagens icônicos, apresentando tramas em versões fantásticas da realidade ou em mundos completamente novos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Seuss passou a vida escrevendo livros infantis e produzindo desenhos animados e ilustrações, na década de 1950 ele se lançou no mercado literário com algumas de suas obras mais populares como<i><b> Horton e o Mundo dos Quem</b></i> (1955), <i><b>O Gato de Chapéu </b></i>(1957) e <i><b>Como o Grinch roubou o Natal!</b></i> (1957), foram os primeiros livros de sucesso do autor, que contribuiu para impulsionar sua carreira na década seguinte.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjknO_3ekk-dxlhPxR8vH_WK-Dq9CqL9DTYuupUr2A4fa7hnSeitkDtf5Du4msETgldvasbOC8xZdQ-rPrDbWnbWkx56obIRgbMTTuvk-T8hA5ENBgmnPxh_pSCBqpnRPRE2p-pKNlIy4kHWGvakRv_nZoEYYCWhAf0r2tM5yx4I-w0JFbOY9OqVyyH-2Hk/s377/How_the_Grinch_Stole_Christmas_cover.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="377" data-original-width="264" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjknO_3ekk-dxlhPxR8vH_WK-Dq9CqL9DTYuupUr2A4fa7hnSeitkDtf5Du4msETgldvasbOC8xZdQ-rPrDbWnbWkx56obIRgbMTTuvk-T8hA5ENBgmnPxh_pSCBqpnRPRE2p-pKNlIy4kHWGvakRv_nZoEYYCWhAf0r2tM5yx4I-w0JFbOY9OqVyyH-2Hk/w280-h400/How_the_Grinch_Stole_Christmas_cover.png" width="280" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Primeira edição do livro. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">Seuss escreveu mais de vinte livros, embora a maioria não fez sucesso como seus clássicos, no entanto, isso o notabilizou como escritor de literatura infantil, e como ele era desenhista e animador, ele mesmo produziu curtas-metragens animados de seus livros, os quais também se tornaram histórias em quadrinhos, peças de teatro e filmes. Além disso, por ser um cartunista que fazia sátiras políticas, alguns dos seus livros abordam temas políticos e sociais como pano de fundo das narrativas, apresentando críticas ao consumismo, ao racismo, a guerra, a indiferença, etc. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O Ciclo de Terramar</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1964 </b>no conto <i><b>The Word of Unbinding</b></i>, a escritora <b>Ursula K. Le Guin</b> (1929-2018), criou um mundo fantástico chamado <b>Terramar </b>(Earthsea), que consistia numa nação insular. Anos depois a autora decidiu retornar a esse mundo pouco explorado no conto, vindo a publicar o livro <i><b>The Wizard of Earthsea</b> </i>(1968), cuja obra deu origem a sua série de fantasia mais famosa, embora não tenha sido a única. Le Guin escreveu inclusive séries literárias de ficção científica também.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No primeiro livro acompanhamos o jovem e imprudente mago <b>Ged da ilha de Golt</b>. Durante uma briga na escola de magia, Ged utiliza um feitiço proibido e invoca um monstro, iniciando os problemas que irão acompanhá-lo na narrativa até ele conseguir resolver essa sua culpa, além de amadurecer e aprender a ter responsabilidade com seus poderes. Por se tratar de uma obra infanto-juvenil, Le Guin abordou temas associados a vida escolar e a adolescência. Por sua vez, a autora decidiu escrever uma trilogia, contando com os livros</span><i style="font-family: verdana;"><b> The Tombs of Atuan</b></i><span style="font-family: verdana;"> (1971) e </span><i style="font-family: verdana;"><b>The Fartest Shore</b></i><span style="font-family: verdana;"> (1972), os quais apresentam outros protagonistas, e as histórias não necessariamente são continuações diretas. Então ela se deu satisfeita em encerrar a história.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo6Vudy16Rk8L7aJsQowas9HlT2L5Uude-SVb7M2q-2NZPtS4B6fAVTF51dUqXr9pVhn9vRYP0mPkA-AAEaB9sXPDZ2wfV0ymUoBpdqDB-PEyIZLIFQhDyn-r7UBuNiUMlPv35x8h3itehDm2gshF1s7jLid6NO-ZMeUfi1F_sWf3i1eE4PHp41rAKdJ1E/s347/AWizardOfEarthsea(1stEd).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="347" data-original-width="250" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo6Vudy16Rk8L7aJsQowas9HlT2L5Uude-SVb7M2q-2NZPtS4B6fAVTF51dUqXr9pVhn9vRYP0mPkA-AAEaB9sXPDZ2wfV0ymUoBpdqDB-PEyIZLIFQhDyn-r7UBuNiUMlPv35x8h3itehDm2gshF1s7jLid6NO-ZMeUfi1F_sWf3i1eE4PHp41rAKdJ1E/w462-h640/AWizardOfEarthsea(1stEd).jpg" width="462" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capa da primeira edição do livro, mostrando o mago Ged.<br /> </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">No entanto, muitos anos depois, Ursula K. Le Guin decidiu retornar ao mundo de Terramar, publicando </span><i style="font-family: verdana;"><b>Tehanu</b></i><span style="font-family: verdana;"> (1990), que acompanha o <b>mago Ogion</b> e a trama ocorre antes do terceiro livro. A série chegou novamente ao fim até que onze anos depois a autora escreveu mais dois livros:</span><i style="font-family: verdana;"><b> Tales from Earthsea </b></i><span style="font-family: verdana;">(2001) e </span><i style="font-family: verdana;"><b>The Other Wind </b></i><span style="font-family: verdana;">(2001), o primeiro um livro de contos, o último um romance que encerrou as histórias ambientadas em Terramar. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As histórias de Terramar foram best-sellers nos Estados Unidos em distintos momentos e até inspirou um filme animado <i><b>Contos de Terramar</b></i> (2006) do renomado <b>Studio Ghibli</b>, apesar que a autora apontou que o filme fosse totalmente diferente de seus livros, apenas pegaram o mundo fantástico que ela criou. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A fábrica de chocolate</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1964</b> o escritor britânico <b>Roald Dahl</b> (1916-1990), lançou seu livro infantil mais famoso,<b><i> A Fantástica Fábrica de Chocolate</i></b> (<i>Charlie and Chocolate Factory</i>), obra de baixa fantasia, a qual apresenta a maravilhosa fábrica de chocolate e doces de <b>Willy Wonka</b>, em que ele utiliza uma tecnologia misteriosa que parece ser muito mais mágica do que tecnológica a ponto de criar doces que fazem as pessoas mudarem de cor, esticarem, flutuarem, crescer pelos etc. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR_A_2NDYE3tcRZ7ymPKqE6pm1gXBj-FFX-Un1O3OCErXMH8Uu6e3w9IjbqAeHfTAmWvmrAUxwlJ9Uxq0B1zl3DRTb96Wm6u4wnZjd8SBeTMPCHnl3dEVP9EUap8XGR-Sqi3uIGgrFkXmW0HOJ8RHkotR5rVxtOCKCElupmIt1kZPEl4-SpgPkHXJeNfz7/s380/Charlie_and_the_Chocolate_Factory_original_cover.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="380" data-original-width="261" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR_A_2NDYE3tcRZ7ymPKqE6pm1gXBj-FFX-Un1O3OCErXMH8Uu6e3w9IjbqAeHfTAmWvmrAUxwlJ9Uxq0B1zl3DRTb96Wm6u4wnZjd8SBeTMPCHnl3dEVP9EUap8XGR-Sqi3uIGgrFkXmW0HOJ8RHkotR5rVxtOCKCElupmIt1kZPEl4-SpgPkHXJeNfz7/w440-h640/Charlie_and_the_Chocolate_Factory_original_cover.jpg" width="440" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa original do livro. </td></tr></tbody></table><br />Dessa forma, Charlie, seu avô e outras crianças premiadas pelo concurso de Wonka, tem a oportunidade de visitar essa encantadora fábrica, na qual trabalham os <b>Oompa Loompa</b>, um misterioso povo que é uma mistura de pigmeus com duendes, os quais atuam como operários na fábrica de Wonka, além de ajudá-lo na criação dos fantásticos doces. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A fantasia sombria</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O termo fantasia sombria (dark fantasy) é creditado ao escritor <b>Charles L. Grant</b> (1942-2006), especializado em histórias de terror, a ponto de despertar a admiração de <b>Stephen King</b>, um dos atuais mestres do terror. Grant concebeu o termo fantasia sombria para se referir a parte de sua produção literária, em que suas narrativas de terror continham monstros, maldições e forças sobrenaturais. No caso, Grant salientava que uma história de terror não necessariamente precisa ter monstros ou sobrenatural, ela pode contar com assassinos humanos. Além disso, a presença desses elementos fantásticos não necessariamente a torna uma fantasia sombria. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora Grant tenha criado esse termo na década de 1970, nos estudos de literatura fantástica observou-se que décadas antes obras que poderiam ser classificadas nesse subgênero já tinham sido lançadas. Por conta disso, a fantasia sombria já existia no século XIX, antes do conceito ser criado. No entanto, é difícil distinguir naquele tempo a fantasia sombria da história de terror, pois se considerarmos apenas a presença de elementos fantásticos, obras como <i><b>Frankenstein </b></i>(1818) e <i><b>Drácula</b></i> (1897), poderiam ser consideradas de fantasia sombria? No caso, os estudiosos do assunto, dizem que não. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Brian Stableford (2004) aponta que a fantasia sombria não poderia ser totalmente aterrorizante, pois isso a tornaria numa obra de terror, porém, esse subgênero contém elementos de terror que endossam alguns momentos ou personagens da trama. Por exemplo, o conto <i><b>The Masque of the Red Death</b></i> (1842) de </span><span style="font-family: verdana;"><b>Edgar Allan Poe</b> (1809-1849) é considerado uma fantasia sombria, embora a obra normalmente seja classificada como pertencente ao <b>subgênero terror gótico</b>. Todavia, no estudo dos gêneros literários é preciso ter em mente que uma obra pode ser encaixar em mais de um gênero. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No começo do século XX o mestre do terror<b> H. P. Lovecraft</b> (1890-1937), escreveu várias histórias de fantasia sombria e algumas até com elementos da ficção científica, a ponto de combinar características de três gêneros distintos. Lovecraft como outros escritores americanos do período, publicavam vários de seus trabalhos nas <i>pulp fiction</i>, que inclusive ajudaram na difusão do gênero terror, aventura, fantasia e ficção científica. Sendo assim, alguns dos contos lovecraftianos de fantasia sombria que podem ser citado são: <i><b>A Tumba </b></i>(1917), <i><b>Dagon</b></i> (1917), <i><b>O Templo</b></i> (1920) e <i><b>O Chamado de Cthulhu </b></i>(1928). Esses são exemplos de narrativas que abordam lugares assombrados e criaturas monstruosas adoradas como divindades. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAFtq1GuEDywFN5lgDs3diXh9N0auDagHPBjh6HTXDm5GRkT_OVvK-MJM5TQVOwCM0dWBdzYqswAJXCOpFiVPoM6SeKCHDCf_Whw0ln2ucqjRHaTPjel56EC85MKFBKxCLm8HzkQeB7CMrA852yC5ZXtDKsQsBt3b5o1CoSZjWpN3bD3l7BsuaI4s51tgW/s1143/Weirdtales-1928-02-thecallofcthulhu.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1143" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAFtq1GuEDywFN5lgDs3diXh9N0auDagHPBjh6HTXDm5GRkT_OVvK-MJM5TQVOwCM0dWBdzYqswAJXCOpFiVPoM6SeKCHDCf_Whw0ln2ucqjRHaTPjel56EC85MKFBKxCLm8HzkQeB7CMrA852yC5ZXtDKsQsBt3b5o1CoSZjWpN3bD3l7BsuaI4s51tgW/w448-h640/Weirdtales-1928-02-thecallofcthulhu.jpg" width="448" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Página inicial de O Chamado de Cthulhu na revista Weird Tales, em 1928. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">O escritor, pintor e escultor <b>Clark Ashton Smith</b> (1893-1961) é considerado um dos três grandes escritores de fantasia da <i>Weird Tales</i>, ao lado de Robert E. Howard e H. P. Lovecraft. Como ele era amigo de Lovecraft, se inspirou em algumas ideias dele, com direito a fazer menção a monstros e narrativas que seu amigo escreveu. </span><span style="font-family: verdana;">Smith teve uma fase produtiva na <i>Weird Tales</i> entre 1926 e 1936, escrevendo várias histórias de fantasia sombria e de ficção científica. Alguns de seus trabalhos de destaque são </span><i style="font-family: verdana;"><b>The Tale of Satampra Zeiros</b></i><span style="font-family: verdana;"> (1931), </span><i style="font-family: verdana;"><b>The Empire of Necromancers </b></i><span style="font-family: verdana;">(1932) e </span><i style="font-family: verdana;"><b>Xeethra</b></i><span style="font-family: verdana;"> (1934). O trabalho com fantasia também repercutiu na pintura e escultura de Smith. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Graças as <i>pulp fiction</i> a literatura de fantasia sombria ganhou espaço no mercado literário, podendo se desenvolver e crescer e até sobreviveu a queda desse mercado de revistas, adentrando os mercado de histórias em quadrinhos e da literatura comum. Condição essa que décadas depois escritores como <b>Stephen King</b>, seguiram publicando em alguns momentos, algumas obras de fantasia sombria, embora é preciso ressalvar que grande parte do trabalho dele seja do gênero terror. Uma de suas obras de destaque é a série <i><b>A Torre Negra </b></i>(1978-2012), a qual combina elementos de fantasia sombria, terror, ficção científica e faroeste. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Os canibais do Norte</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A década de 1970 foi produtiva para a literatura de fantasia, levando ao surgimento de alguns subgêneros ou a reformulação de outros, um dos que se destacou nessa época foi a <b>fantasia histórica</b> com o livro <i><b>Devoradores de mortos </b></i>(1976) de<b> Michael Crichton</b> (1942-2008). Baseado na popularidade da Vikingmania, Crichton decidiu escrever um livro que mesclasse uma base histórica, com elementos de aventura e fantasia. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Neste livro acompanhamos a jornada do emissário árabe <b>Ahmed ibn Fadlan</b>, que em 922 viajou pela Ásia e a Europa oriental. Em uma de suas jornadas pelo o que hoje é o sul da Rússia, Fadlan conheceu uma <b>comunidade de vikings</b>, que estavam realizando os ritos fúnebres pela morte de seu chefe. Crichton decidiu pegar essa especificidade para criar sua narrativa. Na história real, após o funeral, Fadlan seguiu com sua comitiva para outro destino da expedição, mas em <i>Devoradores dos Mortos</i> o árabe é sequestrado pelos vikings que decidem voltar para a Dinamarca, onde atuam como mercenários para ajudar um rei cujo salão é atacado por supostos monstros. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiznPjFJ5CUFd9M7JdqzIiRPenpmAYw4ovg2KvuF6M9d0wAdJBEiaezgHFEATEgd8pTK7W6t6TekLD8mCaTtksSS2z8k5bHkGkE-f8wdJSmCulPNzJzpc9hLSVSAneb45K-lFZiJCJT8N3S2-BvJLXYpdXhvNvyqxnV_CXb-qnUpCPZ4uhhdR__WPmuWddh/s377/Big-eatersofthedead.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="377" data-original-width="263" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiznPjFJ5CUFd9M7JdqzIiRPenpmAYw4ovg2KvuF6M9d0wAdJBEiaezgHFEATEgd8pTK7W6t6TekLD8mCaTtksSS2z8k5bHkGkE-f8wdJSmCulPNzJzpc9hLSVSAneb45K-lFZiJCJT8N3S2-BvJLXYpdXhvNvyqxnV_CXb-qnUpCPZ4uhhdR__WPmuWddh/w446-h640/Big-eatersofthedead.jpg" width="446" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capa da primeira edição. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">Na Dinamarca, Fadlan e os demais personagens do romance passam a defender o salão que é atacado à noite por possíveis monstros. Mais tarde é revelado que não eram monstros e o dragão de fogo era uma farsa, todavia, o livro contém elementos de fantasia, por mostrar anões e um povo de canibais que habitava em cavernas, povo esse inspirado nas ideias das pulp fiction. Vale ressalvar que Crichton também se baseou no poema épico <i><b>Beowulf</b></i> (1000) para compor sua aventura. Assim, <b>m</b></span><span style="font-family: verdana;"><b>esclando fantasia e história</b>, o livro fez relativo sucesso e até rendeu um filme intitulado o </span><i style="font-family: verdana;"><b>13o Guerreiro</b></i><span style="font-family: verdana;"> (1999). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>As Brumas de Avalon</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A escritora <b>Marion Zimmer Bradley</b> (1930-1999) decidiu escrever sua própria versão das lendas arturianas, mas saindo do convencional, a autora decidiu dar voz as mulheres dessas lendas, uma decisão muito acertada, pois resultou em quatro volumes publicados na década de 1980, que compõe essa série focada em <b>Morgana, Guinevere, Viviane, Igraine, Morgause</b>, entre outros personagens. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A trama dos livros segue a premissa básica das lendas arturianas com direito a alguns dos personagens clássicos e acontecimentos, o diferencial é que tais acontecimentos são narrados a partir do ponto de vista das mulheres que conviveram diretamente com o Rei Artur, alguns dos cavaleiros da Távola Redonda, ou outros personagens da narrativa. Bradley também acrescentou fortes elementos de magia, baseados na cultura céltica, além de dar um toque feminista para as personagens. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZQ0Qi8J7HDTeG4Xxr54-h3GxzmE9aiDrvx3rermWXcQVJ8XQU5poqA8nfyIO1N6aJFUXDtVlvywaQCzPOy8SdEq1ukWafGPFRdVJUBgCRjejigPbnWhW4qTl5oUHK62Cz9JD5fHoOvUYytQovx7gbgbIV-OeASDLSzTYEXbWiCEciaRD1NDJjQCPX9Zgt/s383/Mists_of_Avalon-1st_ed.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="383" data-original-width="259" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZQ0Qi8J7HDTeG4Xxr54-h3GxzmE9aiDrvx3rermWXcQVJ8XQU5poqA8nfyIO1N6aJFUXDtVlvywaQCzPOy8SdEq1ukWafGPFRdVJUBgCRjejigPbnWhW4qTl5oUHK62Cz9JD5fHoOvUYytQovx7gbgbIV-OeASDLSzTYEXbWiCEciaRD1NDJjQCPX9Zgt/w432-h640/Mists_of_Avalon-1st_ed.jpg" width="432" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capa da primeira edição. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><b style="font-family: verdana;">The Witcher</b></div><div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O escritor polonês<b> Andrzej Sapkowski</b> antes de se dedicar a literatura, era um caixeiro-viajante, por conta disso, ouvia muitas histórias, se interessando especialmente pelas narrativas folclóricas de seu país. Em 1986 ele decidiu participar de um concurso literário da revista <i><b>Fantastyka </b></i>e escreveu um conto de fantasia chamado <i><b>O Bruxo</b></i> (Wiedzim), o qual ficou em terceiro lugar. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os amigos de Sapkowski gostaram da narrativa que apresentava a aventura de um caçador de monstros, um bruxo forte, frio, charmoso, de olhos amarelados e cabelos prateados, chamado <b>Geralt de Rívia</b>. Assim, eles incentivaram Sapkowski a escrever outros contos, e ele o fez nos anos seguintes, vindo a reuni-los em dois livros intitulados <b><i>O Último Desejo</i></b> (1993) e a <i><b>Espada do Destino</b></i> (1992). Quando o autor lançou esses dois livros de contos, as aventuras de Geralt e seu universo no chamado <b>Continente</b>, um mundo fantástico inspirado na Europa medieval, fortemente influenciado pelo folclore eslavo, com alguns elementos de mitologia nórdica e de histórias de cavalaria, já havia feito relativo sucesso na Polônia, o que levou Sapkowski a expandir aquele universo literário, vindo a escrever cinco romances, totalizando sete livros que narravam a jornada de Geralt de Rívia, da <b>princesa Cirilla de Cintra</b>, da <b>feiticeira Yennefer de Vengerberg</b>, e uma outra série de personagens. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1J3XwsMioiRvSP8S2MTTogX2suUiSG23pXE8ZxfRSNjDeb7-clvcrQuAgArRdEmDb-gPr_YXfRUXovZHMt_2AB9MzBrShyphenhyphen3IC7U3GO2iY0H2etEs1WG43WsomUDjfKYQBsZdAyyhxRhJdAZjjrgYRl2EId2ak1JWHA2DkW1_IlxoTY1x8X75QLkoCDruX/s275/images%20(1).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="275" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1J3XwsMioiRvSP8S2MTTogX2suUiSG23pXE8ZxfRSNjDeb7-clvcrQuAgArRdEmDb-gPr_YXfRUXovZHMt_2AB9MzBrShyphenhyphen3IC7U3GO2iY0H2etEs1WG43WsomUDjfKYQBsZdAyyhxRhJdAZjjrgYRl2EId2ak1JWHA2DkW1_IlxoTY1x8X75QLkoCDruX/w640-h426/images%20(1).jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ilustração do bruxo Geralt de Rívia. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Incialmente seus dois livros focavam apenas nos trabalhos de Geralt em caçar monstros, já que nesse mundo literário, os bruxos são mutantes criados e treinados para essa finalidade, porém, como Sapkowski foi incentivado a expandir a história, ele deu maior atenção a Cirilla e os outros personagens, criando uma trama sobre destino e guerra. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Diferente de Tolkien, Sapkowski não gastou muitos anos trabalhando em sua obra, fato esse que ainda na década de 1990, ele concluiu todos os sete livros, vindo lançar um prequel em 2013, apesar que atualmente ele trabalhe em novas histórias de Geralt; no entanto, o Continente não é um mundo tão detalhado como a Terra-Média, mas isso não chega a ser um demérito. Sapkowski possui uma escrita diferente da de Tolkien, puxando para questões de intrigas políticas, traições, violência e sexo, fato esse que todas as feiticeiras de seus livros são retratadas como mulheres extremamente belas e sensuais, além do fato de Geralt ser mulherengo, pelo menos em alguns momentos da sua vida. Em seus livros ele também descreveu os problemas da geopolítica militar do Continente, algo desenvolvido ao longo da saga, além de também possuir descrições geográficas, sociais e culturais de seu mundo fantástico medieval. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Mas se por um lado Andrzej Sapkowski não deu mais detalhes e expansões para seu universo literário, a </span><i style="font-family: verdana;"><b>Saga The Witcher </b></i><span style="font-family: verdana;">cresceu consideravelmente com as adaptações feitas para os quadrinhos e videogames, os quais popularizaram essas histórias, originando filmes e um seriado, que expandem alguns dos conceitos criados pelo autor ou inseriram novas ideias. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A Roda do Tempo</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O escritor <b>Robert Jordan </b>(1948-2007) se especializou em literatura fantástica tendo ingressado na literatura na década de 1970. Embora tenha escrito vários livros, inclusive alguns sobre Conan, o Bárbaro, no entanto, a maior criação de Jordan foi a série de alta fantasia <i>A Roda do Tempo</i> (The Wheel of Time), em que o primeiro volume o <i><b>Olho do Mundo</b></i> saiu em 1990. À medida que escrevia seus longos livros, Jordan os concebeu para serem seis, mas acabou estendendo a saga para 11 volumes! Acreditando que o décimo segundo o encerraria. </span><span style="font-family: verdana;">Entretanto, ele faleceu antes de concluir a série, legando o trabalho ao seu amigo <b>Brandon Sanderson</b>, que utilizando as várias anotações e recomendações de Jordan, escreveu mais três livros, totalizando 14 volumes. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A longa trama do livro aborda centenas de personagens e acontecimentos, os quais giram em torno do destino do mundo, em que o <b>Dragão Renascido</b> é incumbido de derrotar o <b>Tenebroso</b>. Os livros são fortemente influenciados por ideias religiosas como destino, carma, profecia, bem, luz, trevas e mal. Além desse teor religioso, a trama aprofunda-se em questões de guerra, conspiração, traição, superação, política e evidentemente magia, com direito que os principais personagens mágicos são mulheres chamadas<b> Aes Sedai</b>, cuja sede fica na <b>Torre Branca</b>. As Aes Sedai se dividem em classes, identificadas pelas cores de suas vestes, o que conota também algumas especialidades de seus poderes. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiOrgC89NA8z37dxCVymLNHh76S2iVD6tvWh92FJD3Mm2cM53jvh5qhHbR1FwQfTC3b4WqhU-lIo6uPASlLeF8ilT0oJUO9K4XHc1HxXfAhLlfHvBSp8t_NJcMmIcxoZjrDTM-Pi7yhNgg4Gp-0JTySmOKgZaltzb982XymXLhErryfvfbTPnFA55husAP/s719/A%20Roda%20do%20Tempo.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="336" data-original-width="719" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiOrgC89NA8z37dxCVymLNHh76S2iVD6tvWh92FJD3Mm2cM53jvh5qhHbR1FwQfTC3b4WqhU-lIo6uPASlLeF8ilT0oJUO9K4XHc1HxXfAhLlfHvBSp8t_NJcMmIcxoZjrDTM-Pi7yhNgg4Gp-0JTySmOKgZaltzb982XymXLhErryfvfbTPnFA55husAP/w640-h300/A%20Roda%20do%20Tempo.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Os quatorze volumes da série A Roda do Tempo. </span></td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com a expansão da narrativa, a história deixa de ser centrada nos amigos <b>Rand al'Thor, Perrin, Nynaeve, Egwene, Moiraine</b>, incluindo muitos outros, além de apresentar outros povos, países e continentes. Por se tratar de livros volumosos, Robert Jordan foi bem detalhista nos cenários e acontecimentos, o que até concede um ritmo lento de leitura. </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A franquia foi adaptada para história em quadrinhos (pelo menos alguns dos livros), inspirou músicas, jogos de rpg e recentemente foi adaptada como seriado pelo <i><b>Prime Video</b></i>, em que os dois primeiros livros foram apresentados nas temporadas iniciais. Embora que a série traga várias mudanças em relação a obra original, tanto na fisionomia dos personagens, quanto na ordem de acontecimentos, omissões de personagens e momentos, etc. Por conta de serem livros longos, o seriado resume os acontecimentos. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Os materiais sombrios</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Influenciado pelas <i>Crônicas de Nárnia</i>, o poema épico <i><b>Paraíso Perdido</b></i> (1667) e outras fontes, o escritor <b>Phillip Pullman</b> iniciou sua série de fantasia, com a diferença de conter elementos de ficção científica. Inicialmente ele escreveu uma trilogia nomeada <i><b>His Dark Materials</b></i> (no Brasil chamada de Fronteiras do Universo), em que conhecemos uma realidade paralela similar a nossa Terra no começo do século XX, onde acompanhamos a jornada da jovem <b>Lyra Belacqua</b> e seu <b>daemon</b> <b>Pan</b>. Lyra vive na <b>Faculdade Jordan</b>, em Oxford, e é tratada como uma órfã, vivendo na tutela de seu tio <b>Lorde Asriel</b>, um aristocrata e cientista. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O primeiro livro<b> <i>A Bússola de Ouro</i></b> (1995) somos apresentados ao mundo de Lyra, em que existe uma substância mágica primordial chamada de <b>Pó</b>, a qual permite a existência dos daemon, animais falantes que são conectados com seus donos, numa conexão espiritual, condição essa que se um dos dois morrer, ambos morrem. Além dos daemon, nesse mundo existe também magia, principalmente representada pelas feiticeiras e as alguns aparatos mágicos usados pela organização religiosa nomeada <b>Magisterium</b>, que representa os interesses do deus referido como <b>Autoridade</b>. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDQ2p0NEK4sWcNsO8f2zJLsQbYNOd6gZsgqlaTZjbIBeLmXIIbV5zBotXuQ5L1Jg7xClT0mupMYMnkkYxCvK7HYcW7Cdat2z3rF4TdSwoDXpGFj0YrnrVRxG17J87BcZ08EkOVmbUOnfm0_EspieexiVVrysToWl770-uVk85xcl_ggurUIKvDOMQbX5cF/s511/206163-ml-1940736.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="511" data-original-width="418" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDQ2p0NEK4sWcNsO8f2zJLsQbYNOd6gZsgqlaTZjbIBeLmXIIbV5zBotXuQ5L1Jg7xClT0mupMYMnkkYxCvK7HYcW7Cdat2z3rF4TdSwoDXpGFj0YrnrVRxG17J87BcZ08EkOVmbUOnfm0_EspieexiVVrysToWl770-uVk85xcl_ggurUIKvDOMQbX5cF/w328-h400/206163-ml-1940736.jpg" width="328" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capa de uma edição do primeiro volume da série. Em português ele foi renomeado como <i>Bússola de Ouro</i>. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">A partir do segundo livro somos apresentados a outros mundos paralelos que se conectam com a nossa realidade e o mundo de Lyra Belacqua, dessa forma, ela e seu amigo <b>Will Parry</b> começam a explorar esses outros mundos, dando continuidade a jornada que inicialmente se encerrou no terceiro livro. Embora tenha sido concebida como uma série infanto-juvenil, a trama contém momentos dramáticos e até sombrios, como vingança, experimentos com crianças, o mundo dos mortos etc. </div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A obra de Pullman é marcada não apenas pela combinação de fantasia possuindo animais falantes, magia, feiticeiras e outros seres, como também contém elementos de ficção científica devido aos experimentos para estudar o Pó, as armas e veículos do Magisterium e até de outros mundos, mas também se destaca pelo tom religioso, especialmente de crítica ao Cristianismo, em que o Magisterium representa o estereótipo da Igreja corrupta e opressora, assim como, a Autoridade é uma referência a Lúcifer. Além disso, o livro também faz referências aos conceitos de pecado, carma, destino, pureza, livre-arbítrio etc. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A trilogia rendeu um filme que não fez sucesso, mas depois virou a série <i><b>His Dark Materials</b></i> (2019-2022) que adaptou os três livros, embora com várias diferenças para o enredo original, uma delas foi atualizar a realidade da Terra para o século XXI. Além disso, o multiverso criado por Pullman segue em desenvolvimento, pois após concluir a trilogia, ele já escreveu outros livros e iniciou uma nova série intitulada <i><b>The Book of Dust</b></i> (no Brasil chamada de O Livro das Sombras). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A guerra pelo Trono de Ferro</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Na década de 1990 o escritor e roteirista <b>George R. R. Martin</b> publicou o livro <i><b>A </b></i><b><i>Guerra dos Tronos</i> </b>(1996), que veio a originar a série <i><b>As Crônicas de Gelo e Fogo</b> </i>(Song of Ice and Fire), que originalmente seria uma trilogia, mas o autor estendeu a longa trama para cinco livros, embora tenha prometido mais dois para encerrar essa série, livros esses que estão a anos em produção. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1x2t7iiXjrMgOYwLE25i_CaBA1grGJH1RLFyIcM3Ra79jpHXYGcOoIdqdxvoTz_jKjJ4FZL88ZqwAtnfp5kweAxCxDDVAu9n8EvcJXy54jaCiFgUN084iUcdDnPNYqLD5lsEDDwBwTmgEVws8pXGEI5DkyGR7DDDNtlkpRdmJkGuRNL909YqO3Hdy1mS0/s700/91b27d74e26f31c12d4135b205a9f91c.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="700" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1x2t7iiXjrMgOYwLE25i_CaBA1grGJH1RLFyIcM3Ra79jpHXYGcOoIdqdxvoTz_jKjJ4FZL88ZqwAtnfp5kweAxCxDDVAu9n8EvcJXy54jaCiFgUN084iUcdDnPNYqLD5lsEDDwBwTmgEVws8pXGEI5DkyGR7DDDNtlkpRdmJkGuRNL909YqO3Hdy1mS0/w400-h400/91b27d74e26f31c12d4135b205a9f91c.jpg" width="400" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ilustração do imponente Trone de Ferro como descrito nos livros. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Inspirado por Tolkien, Howard e outros escritores, Martin criou seu universo fantástico, também baseado num mundo medieval, mas reunindo aspectos inspirados na Europa e na Ásia, originando os continentes de <b>Westeros e Essos</b>, apesar que nos seus livros ele cite o nome de outros continentes que não são retratados. Em sua obra ele nos apresenta vários reinos, povos e culturas, tendo até criado línguas e religiões. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As <i>Crônicas de Gelo e Fogo </i>consiste em densos livros de mais de 600 páginas, os quais apresentam uma série de tramas e subtramas que acompanham vários personagens, as quais se desenvolvem em paralelo, tendo contato ou não entre si, </span><span style="font-family: verdana;">focando principalmente em conspirações políticas, que giram em torno do controle do <b>Trono de Ferro</b>, o símbolo do poder sobre os <b>Sete Reinos de Westeros</b>,<b> </b></span><span style="font-family: verdana;">que é o grande mérito de sua saga literária. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Esse tom de complôs, alianças, casamentos, justas, traições, golpes, regicídios</span><span style="font-family: verdana;"> e guerras concedem o diferencial ao mundo fantástico de Martin, que não fica preso aos dragões, mortos-vivos, espadas mágicas, gigantes etc. Além disso, sua obra conta com grande quantidade de personagens, várias casas reais e genealogias até detalhadas em alguns casos, além da descrição geográfica de várias localidades, dos brasões, castelos e cidades. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeqFPPzw_Tkw8wAy6GOxffHKsM8sKcrzzcDh8xAHxq1-mopuSLDKOsElOmkdMKiBtt0Q4nLRObdxD9HoVEks1bO8pFr7gX-VtyaK6_tFC2SYYjgHTkr07quYdvHFhfmeOHLVwkSz03joSNf0h3JSmylSFuDYinREXfG5Lng8URvFhF3ILMwF5ktGsmIw_J/s4642/762bc3ab6abf94957c84fe232b97b061.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="4642" data-original-width="4642" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeqFPPzw_Tkw8wAy6GOxffHKsM8sKcrzzcDh8xAHxq1-mopuSLDKOsElOmkdMKiBtt0Q4nLRObdxD9HoVEks1bO8pFr7gX-VtyaK6_tFC2SYYjgHTkr07quYdvHFhfmeOHLVwkSz03joSNf0h3JSmylSFuDYinREXfG5Lng8URvFhF3ILMwF5ktGsmIw_J/w640-h640/762bc3ab6abf94957c84fe232b97b061.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Mapa dos continentes e ilhas apresentados em As Crônicas de Gelo e Fogo. Os principais continentes que aparecem na trama são Westeros (à esquerda) e Essos diante dele. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Assim como visto em <i>The Witcher </i>e <i>A Roda do Tempo</i>, os livros de Martin tem um tom adulto, contendo tensão, drama, violência, sexo, elementos até pesados em alguns momentos como vícios, incesto, estupro, tortura etc., características que foram aproveitadas no seriado</span><span style="font-family: verdana;"> </span><i><b>Game of Thrones</b></i><span style="font-family: verdana;"> (2011-2019) que adaptou os cinco livros e foi além, desenvolvendo seu próprio fim para a trama, que inclusive ainda hoje divide a opinião dos fãs da série e dos livros. Apesar disso, o seriado expandiu algumas ideias concebidas por Martin e ainda não exploradas em seus livros, como também entregou outras versões de seus personagens e tramas. O sucesso da trama rendeu uma série derivada </span><i><b>House of Dragon</b></i><span style="font-family: verdana;"> (2022-presente). </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além disso, Martin também expandiu as histórias por Westeros, escrevendo livros de contos, novelas, romances e até uma enciclopédia sobre seu mundo fantástico, ainda em desenvolvimento, quase trinta anos depois. Nessas obras paralelas ele explora mais sobre o passado de Westeros, especialmente sobre a </span><b style="font-family: verdana;">Dinastia Targaryen </b><span style="font-family: verdana;">que veio de Varília e tomou o controle do continente.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O mundo bruxo </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1997</b> a escritora britânica<b> J. K. Rowling</b> apresentava ao mundo seu livro <i><b>Harry Potter e a Pedra Filosofal</b></i>, que iniciava a jornada por sete livros, acompanhando a trajetória escolar do bruxo adolescente durante as décadas de 1980 e 1990 numa versão mágica do Reino Unido, condição essa que boa parte da trama se desenvolve no castelo que serve como a <b>Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts</b>, situado em algum lugar da Escócia, embora a trama também ocorra em Londres e em outras localidades da Inglaterra. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Diferente dos outros livros aqui anteriormente apresentados, em que a maioria ocorre em fictícios mundos situados na Antiguidade ou Medievo, Rowling optou pelo chamada <b>baixa fantasia</b>, termo usado para se referir a produções que se passam numa versão fantástica do mundo real, no caso, seu país natal. Entretanto, apesar dessa escolha, a autora soube construir ao longo de sete livros e alguns spin-offs todo um Reino Unido mágico, contando até com menções a alguns outros países também, embora esses raramente aparecem na obra. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTZToXOujsB7yYgHQ4pWGcVM89J4fmCSwPhhY06_bwm3mU3ZFRmXFKVp7Ly75FAwhWYVHtL8ZSjmY6ckrBILYmi7WYx_WAabFrkdk-RUX2PDGnLw0GrnJdXKgQFJ8qm_KWsN2YiubxMZwHI1IJcqLO-0JtUL4fYGhyphenhyphen9huRDWtIPLLzWjyDdUa2022MNkTh/s391/Capa_HP1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="391" data-original-width="250" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTZToXOujsB7yYgHQ4pWGcVM89J4fmCSwPhhY06_bwm3mU3ZFRmXFKVp7Ly75FAwhWYVHtL8ZSjmY6ckrBILYmi7WYx_WAabFrkdk-RUX2PDGnLw0GrnJdXKgQFJ8qm_KWsN2YiubxMZwHI1IJcqLO-0JtUL4fYGhyphenhyphen9huRDWtIPLLzWjyDdUa2022MNkTh/w410-h640/Capa_HP1.jpg" width="410" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capa da primeira edição britânica de Harry Potter. </span></td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A saga de Harry Potter consiste numa produção fantástica de caráter infanto-juvenil, algo perceptível no tom das narrativas e no seu linguajar, condição essa que somos apresentados a uma aventura mágica no colegial, embora que os últimos livros acabaram se tornando mais sérios e sombrios, culminando com a fatídica <b>Batalha de Hogwarts</b>, em que parte dos personagens acaba morrendo, e encerrando com o destinado confronto de Harry Potter e </span><b>Lorde Voldermot</b><span style="font-family: verdana;">. </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Harry Potter se tornou um fenômeno mundial rapidamente, virando uma série de oito filmes, ganhando vários jogos, uma peça de teatro, um site com conteúdo extra produzido pela autora, e até rendeu a origem de uma segunda franquia de filmes, baseada no livro<i><b> Animais Fantásticos e onde Habitam</b></i>, que explora outros países dessa Terra mágica concebida por Rowling. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O mundo de Malazan</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Trata-se de um vasto mundo de alta fantasia criado pelos amigos<b> Steven Erikson e Ian Cameron Esslemont</b> no começo da década de 1980 para um jogo de RPG de mesa que eles estavam desenvolvendo. No entanto, vários anos depois, Erikson aproveitou os conceitos e ideias desse jogo de rpg e decidiu publicar livros, o primeiro foi <b><i>Os Jardins da Lua</i></b> (1999), iniciando uma série de dez livros, concluída em 2011. Com o tempo, Erikson escreveu outras séries ambientadas no mesmo mundo, e no caso, Esslemont também aproveitou para fazer isso. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ_7OMxx5aOagQRzD_zWe2n6sqb6DYnGkEV_01dFinetOPSEtz_fky8nwYM_8xIYq1-7oUo5ydmAmQ7wy3q6Vu7-f01oIzvclNBsSBIkvXd-Voptoha4AYy7_FZ37Gl30NGYSLTV125zTX7O8UHPQvHnicgcfPlbYWKPalhHLy9Tyg5gupuck-GlUALPk3/s1000/Malazan_World_Map.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="556" data-original-width="1000" height="356" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ_7OMxx5aOagQRzD_zWe2n6sqb6DYnGkEV_01dFinetOPSEtz_fky8nwYM_8xIYq1-7oUo5ydmAmQ7wy3q6Vu7-f01oIzvclNBsSBIkvXd-Voptoha4AYy7_FZ37Gl30NGYSLTV125zTX7O8UHPQvHnicgcfPlbYWKPalhHLy9Tyg5gupuck-GlUALPk3/w640-h356/Malazan_World_Map.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Mapa dos continentes e ilhas de Malazan. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Malazan consiste num mundo fantástico em que as séries escritas por Eriksen e Esslemont transcorrem em diferentes países e épocas. Os dois amigos passaram a escrever muitos livros a respeito, expandindo as narrativas e detalhes desse mundo. Atualmente a franquia conta com 26 romances publicados. E por se tratar de histórias que não necessariamente possuem conexão direta, somos apresentados a uma variedade de personagens e tramas que se desenrolam em lugares específicos, ou durante grandes eventos que afetam diferentes livros, além de que algumas narrativas ocorrem com anos, décadas ou séculos de distância uma da outra. O mundo de Malazan é um exemplo de mundo fantástico literário constantemente</span><span style="font-family: verdana;"> ampliado pelos seus autores, algo visto com a franquia Star Wars. </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Eragon e os cavaleiros de dragões</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Originalmente escrito na adolescência de <b>Christopher Paolini</b>, <i>Eragon </i>seria inicialmente apenas um livro, publicado em 2001 pelos pais do autor, já que somente em 2003, o livro saiu por uma editora, ganhando rápido sucesso. A história se passa no continente fantástico de <b>Alagaësia</b>, em que existe magia, dragões e outras criaturas e raças mágicas. A trama começa com Eragon, um jovem de quinze anos que é agricultor e descobre que a pedra azul que ele herdou, na verdade era um ovo de dragão. Desse nasce sua dragoa, chamada <b>Saphira</b>. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh09Ff3zvAf9B3b6Cnh1LbrsYldBG3-kS4WHoJsZnipledYdHuTvrRFCKRDjsU6IoqM7Wgojqlbbvejl36C5HO3KZF1gG7GN1GLpp6oEapI6He10k1MPdCEZSutu4qHs2voYoc1y_5I71tJrcKNqZl3mWLAV4WoJiiwOkp7KEGjQA49LbRlCGoWnha3L170/s330/Ciclo_da_Heran%C3%A7a_capas.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="330" data-original-width="220" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh09Ff3zvAf9B3b6Cnh1LbrsYldBG3-kS4WHoJsZnipledYdHuTvrRFCKRDjsU6IoqM7Wgojqlbbvejl36C5HO3KZF1gG7GN1GLpp6oEapI6He10k1MPdCEZSutu4qHs2voYoc1y_5I71tJrcKNqZl3mWLAV4WoJiiwOkp7KEGjQA49LbRlCGoWnha3L170/w426-h640/Ciclo_da_Heran%C3%A7a_capas.png" width="426" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capas da série Ciclo da Herança. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com exceção do</span><b> rei Galbarotrix</b><span style="font-family: verdana;">, não havia outros dragões naquele reino, então ao saber da existência de um novo dragão, o monarca ordena que Saphira seja capturada, iniciando a fuga dela e de Eragon, o qual vem aprender sobre os antigos cavaleiros de dragão, iniciando sua jornada do herói para confrontar a tirania de Galbarotrix. Porém, ao término do primeiro livro, o herói e seus aliados percebem que a guerra somente estava começando. Paolini lançou as continuações alguns anos depois, sendo intituladas </span><i><b>Eldest</b></i><span style="font-family: verdana;"> (2007),</span><b><i> Brisingr </i></b><span style="font-family: verdana;">(2008) e </span><i><b>Herança </b></i><span style="font-family: verdana;">(2011), encerrando assim o Ciclo da Herança.</span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">À medida que ele escreveu a tetralogia, somos apresentados a outros dragões, cavaleiros, reinos e povos, como elfos e anões. Eragon também teve um filme lançado em 2006, mas devido ao fracasso de bilheteria, os planos de lançar as continuações foram descartados.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Velhos deuses e novos semideuses</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O escritor americano <b>Rick Riordan</b> em 2005 lançou o livro <b><i>O ladrão de raios </i></b>que apresentava a história de um adolescente chamado <b>Percy Jackson</b> que descobre ser um semideus, pois seu pai era <b>Poseidon</b>. Percy é levado para o Acampamento Meio-Sangue para treinar e ser educado ao lado de outros meio-sangues, lá ele conhece seus amigos inseparáveis <b>Annabeth Chase</b> e <b>Grover Underwood</b>. Percy e seus amigos iniciam sua jornada pelo mundo da mitologia grega secretamente escondido em pleno século XXI, ou seja, os antigos deuses eram reais. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1r3aE8pNmMQFOMDDTSmJteWkKTb3ylNDMLEWRCNX4-gkisPlKfqnfHyx5HGQNTII9mPnGE9uVnadWsu3bu9RXdHUU-mS6-p8B9EL4xwppi6ubTIRnUyOHOcMP4TB0DJ-pF9TB2tXX5U9mazdBSw1yOpKSJK4mhLsMS4zyLSpfPdLtXokvL6N8kVbXIsza/s625/pj-header.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="195" data-original-width="625" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1r3aE8pNmMQFOMDDTSmJteWkKTb3ylNDMLEWRCNX4-gkisPlKfqnfHyx5HGQNTII9mPnGE9uVnadWsu3bu9RXdHUU-mS6-p8B9EL4xwppi6ubTIRnUyOHOcMP4TB0DJ-pF9TB2tXX5U9mazdBSw1yOpKSJK4mhLsMS4zyLSpfPdLtXokvL6N8kVbXIsza/w640-h200/pj-header.png" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ilustração combinando as artes para uma edição dos cinco livros de Percy Jackson e os Olimpianos. <br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com o sucesso do primeiro livro, Riordan escreveu mais quatro, criando assim a série <b>Percy Jackson e os Olimpianos</b>, uma obra infanto-juvenil. Mesmo tendo finalizado a série em 2009, o autor seguiu produzindo derivados, escrevendo contos e guias sobre seu mundo fantástico baseado em mitologia grega. </span><span style="font-family: verdana;">Porém, Riordan decidiu expandir esse mundo, entre 2010 e 2012 ele publicou a trilogia das </span><i><b>Crônicas dos Kane</b></i><span style="font-family: verdana;">, em que acompanhamos os irmãos </span><b>Carter e Sadie</b><span style="font-family: verdana;">, que descobrem ser reencarnações de faraós. A trilogia se passa no mesmo mundo de Percy Jackson, no entanto, seu foco é em <b>mitologia egípcia</b>. A trilogia acabou se expandida nos quadrinhos. </span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsDC_Xkes-fo_prvVf1bRSwO3p9vT92RVxyR2osUn1F2MkjIarK_dQp1mbqvsrRFU7Pc4EI2l9hj0wN3zIIGLAQGlkKl3WsT5VRAB2eH-zcsWne1VmQfQlipnXzQByyLZ36D7Ufef19EYwoSPCvYuG6W-Ws-5puZzOm5nsAL1MX7NKwOhHdZH0sxcYI7B9/s633/the-kane-chronicles.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="314" data-original-width="633" height="318" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsDC_Xkes-fo_prvVf1bRSwO3p9vT92RVxyR2osUn1F2MkjIarK_dQp1mbqvsrRFU7Pc4EI2l9hj0wN3zIIGLAQGlkKl3WsT5VRAB2eH-zcsWne1VmQfQlipnXzQByyLZ36D7Ufef19EYwoSPCvYuG6W-Ws-5puZzOm5nsAL1MX7NKwOhHdZH0sxcYI7B9/w640-h318/the-kane-chronicles.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capas da trilogia As Crônicas dos Kane. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Enquanto escrevi sobre os Kane, ele voltou a investir naquilo que lhe fez famoso: a mitologia grega, escrevendo a série de seis livros chamada </span><b style="font-family: verdana; font-style: italic;">Os Heróis do Olimpo</b><span style="font-family: verdana;"> (2010-2014)</span><span style="font-family: verdana;">, cuja narrativa é uma continuação de Percy Jackson e os Olimpianos, apesar de não ter o trio original como protagonistas em toda a trama. A série até ganhou um spin-off de contos. </span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Rick Riordan decidiu então investir numa terceira mitologia, vindo a publicar entre 2015 e 2017 a trilogia</span><b style="font-family: verdana;"> Magnus Chase e os Deuses de Asgard</b><span style="font-family: verdana;">. Seguindo o mesmo estilo infanto-juvenil das suas séries anteriores, agora Riordan contava a história de um adolescente, que é primo de Annabeth, que descobre ser filho de Freyr. Assim, a presente trilogia inspira-se na mitologia nórdica para desenvolver seu enredo. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk4x7pWrmYY9HY_L_fPxdlGnPE6Ag02Sujuz_hKI7ZNJPDJU5eoRpU3OTmu92n5sAkKjH3c2GezK50Nz2rJYVCxCVrpBSviigirGHyVJxO0_41zu1WO05R8h2ba9nSYgGFGe8BJj_W7QupJQENhcXKaSIb4BRiI8J5M0HXiOfGYQ-5R9pTEpiQChbJOysH/s1000/bc23380ad60044583df9d4de59f51ac95397455773787546521.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="1000" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk4x7pWrmYY9HY_L_fPxdlGnPE6Ag02Sujuz_hKI7ZNJPDJU5eoRpU3OTmu92n5sAkKjH3c2GezK50Nz2rJYVCxCVrpBSviigirGHyVJxO0_41zu1WO05R8h2ba9nSYgGFGe8BJj_W7QupJQENhcXKaSIb4BRiI8J5M0HXiOfGYQ-5R9pTEpiQChbJOysH/w640-h320/bc23380ad60044583df9d4de59f51ac95397455773787546521.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Capas da trilogia do Magnus Chase. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Concluída a trilogia sobre mitologia nórdica, Riordan retornou para a mitologia grega novamente, escrevendo a série </span><i style="font-family: verdana;"><b>As Provações de Apolo</b></i><span style="font-family: verdana;"> (2016-2020), formada por cinco livros e dois spin-offs, que segue continuando alguns acontecimentos de Os Heróis do Olimpo. Nessa série atual, o autor já apresenta versões jovens adultas dos protagonistas Percy, Annabeth e Grover. Além disso, o autor informou que está trabalhando em mais livros a respeito, que focará no trio. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Percy Jackson e seus derivados e séries irmãs causaram forte impacto nos últimos anos, a franquia original rendeu dois filmes que não fizeram sucesso, embora que a Disney lançará em 2024 a série que adaptará O ladrão de raios, com a expectativa de adaptar os cinco livros da série original. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Subgêneros da literatura de fantasia</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Pode haver variação no nome desses subgêneros, pois alguns não possuem consenso entre os escritores, roteiristas e literatos. Além de haver casos que alguns subgêneros são bem parecidos, o que suscita confusão, assim como, um mesmo livro pode ser classificado em mais de um subgênero. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><ul><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Fantasia de fadas: </b>subgênero surgido no começo do XIX, que era caracterizado pelo estilo de narrativa comum dos contos de fadas, histórias curtas e simples. Entrou em declínio no final daquele século. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Fantasia juvenil:</b> subgênero voltado para as crianças e adolescentes, surgido no XIX, influenciado pelos contos de fadas também. Trata-se de narrativas curtas ou medianas, simples e leves, como exemplos, Alice no País das Maravilhas, o Mágico de Oz, Peter Pan, Sítio do Picapau Amarelo. Esse subgênero ainda hoje continua a ser praticado. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Fantasia romântica:</b> narrativas focadas no romance dos protagonistas, que se passam em mundos fantásticos, tendo surgido no XIX. É um subgênero comum de livros juvenis, alguns mangás e em desenhos animados. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Fantasia urbana:</b> surgido na segunda metade do XIX, trata-se de histórias ocorridas exclusivamente em cidades, mansões, palácios, castelos, prédios, bibliotecas, escolas etc. São narrativas que poderiam conter elementos de suspense, tragédia, romance, terror, valendo-se inclusive de tecnologia mágica. </span>. </li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Mundo perdido</b>: é um subgênero surgido no final do XIX, que combina elementos do gênero aventura, fantasia e ficção científica, abordando civilizações geralmente fictícias ou as vezes reais (mais representadas de forma fantástica), que guardavam geralmente algum tipo de tesouro, mistério ou perigo. Esse subgênero influenciou franquias como Tomb Raider e Uncharted. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Espada e feitiçaria ou Fantasia heroica: </b>surgido na década de 1930, é uma variação do subgênero de aventura espada e capa, com a diferença de ter mais elementos mágicos presentes. Consistem em histórias centradas num herói, normalmente guerreiro ou feiticeiro. Conan, o Bárbaro popularizou esse subgênero. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Faroeste fantástico:</b> o conceito surgiu na década de 1970, sendo conhecido também como <i>Weird Western</i> ou <i>Fantasy Western</i>, todavia, sua origem remonta a décad de 1930 com as pulp fiction. Tratava-se de histórias de faroeste com elementos fantásticos como magia, monstros e o sobrenatural. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Realismo fantástico ou realismo mágico:</b> é um subgênero surgido nas artes plásticas, mas que migrou para a literatura. Consiste em narrativas baseadas no mundo contemporâneo, focada no subgênero do realismo literário, com a diferença de se acrescentar acontecimentos estranhos e sobrenaturais que afetam diretamente ou indiretamente os personagens e acontecimentos, mesmo que tais fenômenos sejam ambíguos. O livro Cem Anos de Solidão é um clássico exemplo. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Alta Fantasia ou Fantasia épica</b>: designa as narrativas que se passam em mundos fantásticos inteiramente criados por seus autores, apresentando densidade e riqueza de detalhes. O termo surgiu no final da década de 1950 para se referir a obra de Tolkien. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Média Fantasia:</b> consiste num meio termo, pois as narrativas podem ocorrer entre o nosso mundo e um mundo fantástico, algo visto com As Crônicas de Nárnia, Percy Jackson, a Bússola de Ouro. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Baixa Fantasia: </b>são tramas que ocorrem no mundo real, mas possuindo elementos fantásticos. Por exemplo, Harry Potter. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Fantasia sombria: </b>termo surgido na década de 1970 para se referir a tramas em que o sombrio é mais marcante, além de as narrativas conterem mais elementos de terror. Alguns contos de Edgar Allan Poe e H. P. Lovecraft, além de livros de Charles L. Grant e Stephen King se encaixam nesse subgênero. Nos quadrinhos, Vampirella e Sandman são exemplos. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Ficção fantástica: </b>uma combinação de características da fantasia e da ficção científica, em que as narrativas apresentam monstros e alienígenas, magia e tecnologia avançada. Esse subgênero é muito popular nos quadrinhos e videogames, em especial em jogos de RPG. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Fantasia cômica:</b> como o nome sugere, são histórias de comédia ambientadas em mundos fantástico. Algo comum em narrativas para crianças, mas também em histórias em quadrinhos e desenhos animados. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Fantasia histórica:</b> narrativas que apresentam personagens históricos ou acontecimentos históricos num tom fantasioso. As narrativas também não precisam retratar acontecimentos reais, mas podem passar em períodos históricos. O livro Devoradores de Mortos (1976) é um exemplo. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Isekai:</b> um subgênero de origem japonesa surgido na década de 1980 para se referir a histórias em que o protagonista ou protagonistas são levados para um mundo fantástico, fosse na mesma época, no passado, no futuro. Esse mundo fantástico poderia ser plenamente mágico, ficar numa realidade paralela ou dentro de uma realidade virtual. Atualmente os isekais mais populares ocorrem em mundos baseados em jogos de RPG. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Hard Fantasy: </b>são histórias nas quais a magia é tratada como uma ciência, havendo inclusive uma lógica por trás dela. Os praticantes de magia agiriam como cientistas, respeitando parâmetros e leis. Em outas palavras, uma "cientifização da magia". Esse subgênero é inspirado no hard scifi. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Fantasia de pólvora:</b> um subgênero inspirado no subgênero steampunk da ficção científica. As narrativas se passam em mundos com armas de fogo a pólvora, indústrias, máquinas a vapor, trens, mas possuindo a presença de monstros, magia e o sobrenatural. A série Carnival Row (2019-2022) é um exemplo recente desse subgênero. </span></li></ul><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA: Histórias de fantasmas </b>(<i>ghost stories</i>) é conhecido como um gênero literário, embora hoje ele seja mais visto como um subgênero dos gêneros de terror, mistério e fantasia. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 2: </b>O subgênero mundo perdido embora costuma ser creditado tendo iniciado em <b>1885 </b>com o lançamento de <b style="font-style: italic;">As Minas do Rei Salomão</b>, é questionável de ter sido a primeira obra, pois no século XVIII encontramos narrativas de viajantes que foram parar em mundos perdidos. E no XIX temos também o caso de <i><b>Viagem ao Centro da Terra</b></i> (1864) de <b>Júlio Verne</b>. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 3: </b>Alguns escritores e literatos conceberam outros termos para designar subgêneros de fantasia de acordo com sua temática, então é possível encontrar termos como fantasia pré-histórica, fantasia antiga, fantasia medieval, fantasia contemporânea, fantasia árabe, fantasia oriental, fantasia africana, fantasia céltica etc. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas</b></span></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">BLEILER</b><span style="font-family: verdana;">, E. E. <b>Supernatural Fiction Writers: Fantasy and Horror</b>. New York, Charles Scribner's Sons, 1985. </span></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">CLUTE</b><span style="font-family: verdana;">, John; </span><b style="font-family: verdana;">GRANT</b><span style="font-family: verdana;">, John (eds.). </span><b style="font-family: verdana;">The Encyclopedia of Fantasy</b><span style="font-family: verdana;">. London, Orbit Books, 1997. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>GOFF</b>, Penrith. E. T. A. Hoffmann. In: </span><b style="font-family: verdana;">BLEILER</b><span style="font-family: verdana;">, E. E. <b>Supernatural Fiction Writers: Fantasy and Horror</b>. New York, Charles Scribner's Sons, 1985, p. 111-121. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>HAASE</b>, Donald P. Ludwig Tieck. </span><span style="font-family: verdana;">In: </span><b style="font-family: verdana;">BLEILER</b><span style="font-family: verdana;">, E. E. <b>Supernatural Fiction Writers: Fantasy and Horror</b>. New York, Charles Scribner's Sons, 1985, p. 83-91. </span></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">STABLEFORD</b><span style="font-family: verdana;">, Brian. </span><b style="font-family: verdana;">The A to Z of Fantasy Literature</b><span style="font-family: verdana;">. Plymouth, Scarecrow Press, 2005. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Link relacionado:</b></span></div><div style="text-align: justify;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2019/01/uma-historia-da-literatura-de-ficcao.html"><span style="font-family: verdana;">Uma história da literatura de ficção científica</span></a></div><p></p></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-16896918605194869002023-11-12T10:28:00.002-03:002023-12-12T09:15:19.551-03:00200 anos da Noite da Agonia: a dissolução da Primeira Assembleia Constituinte Brasileira<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No ano de 1823 a primeira constituição brasileira começou a ser produzida, tendo uma série de reveses até que o projeto foi recusado pelo imperador D. Pedro I, por conta disso, a constituição foi refeita e somente aprovada em 1824. No texto de hoje conheceremos alguns aspectos dessa primeira tentativa de conceder ao Império do Brasil uma constituição nacional. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5AmPyNn7XbB648MW_YMvuFP91XHSh36BdwKUJVGA5sJrQWncxNo7PgYq_60lec0lUNGXbNLfqgbzY8ugvkG049ZbzkoFoagmWVPUb34FROp1x4t7JEIYTqbrGqoMJuZrG7HK2FsbaSdqv638zmXIAs4zdaicjOOyY7ngWWp-krgkMj9irlmuAlgvsTDR7/s1600/Pal%C3%A1cio_Tiradentes.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1177" data-original-width="1600" height="470" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5AmPyNn7XbB648MW_YMvuFP91XHSh36BdwKUJVGA5sJrQWncxNo7PgYq_60lec0lUNGXbNLfqgbzY8ugvkG049ZbzkoFoagmWVPUb34FROp1x4t7JEIYTqbrGqoMJuZrG7HK2FsbaSdqv638zmXIAs4zdaicjOOyY7ngWWp-krgkMj9irlmuAlgvsTDR7/w640-h470/Pal%C3%A1cio_Tiradentes.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Palácio Tiradentes, no centro histórico do Rio de Janeiro. Em 1823 o local abrigou as sessões da Assembleia Constituinte. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Antecedentes</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O processo revolucionário tinha começado ainda em 1820, aproveitando a <b>Revolução do Porto </b>que obrigou o retorno de <b>D. João VI </b>para Portugal, assim, o monarca deixou seu filho <b>Pedro de Alcântara</b> como regente. Dessa forma, o príncipe com o apoio das elites do Rio de Janeiro e São Paulo começou a se interessar pelo projeto de independência que se desenvolveu nos dois anos seguintes, condição essa que a situação se acirrou em 1822, quando D. Pedro recusou-se novamente a ir à Portugal, iniciando assim a guerra de revolução, já que os portugueses tentaram aprisioná-lo ainda em maio daquele ano, por sua vez, a guerra estourou propriamente na Bahia, espalhando-se por algumas outras províncias. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A guerra de independência brasileira se estenderia até 1824, apesar disso, após o <b>7 de setembro de 1822 </b>(independência do Brasil) e o <b>1 de dezembro de 1822</b> (coroação de D. Pedro I), o governo revolucionário já estava formalizado a meses, mas havia a necessidade de elaborar uma constituição, uma das principais reivindicações dos apoiadores da independência e do império, assim, o recém empossado imperador encomendou para 1823 a elaboração de uma constituinte. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>3 de maio de 1823 </b>a constituinte foi iniciada no Rio de Janeiro, no prédio da <b>Cadeia Velha </b>(atual Palácio Tiradentes), ao lado do <b>Paço Imperial</b> (onde morava o imperador), sendo </span><span style="font-family: verdana;">presidida pelo capelão-mor </span><b style="font-family: verdana;">José Caetano da Silva Coutinho</b><span style="font-family: verdana;"> (1768-1833), um dos homens de confiança do imperador, já que ele providenciou a coroação, casamento e mais tarde o batismo dos filhos do monarca. Além de Coutinho, a assembleia contava com representantes do </span><b style="font-family: verdana;">Conselho dos Procuradores ou Conselho do Estado</b><span style="font-family: verdana;">, criado no ano anterior, contando com membros que representavam as 14 províncias brasileiras. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ao todos foram 90 membros entre fazendeiros, empresários, políticos, advogados, médicos, juristas, profissionais liberais etc. Esses membros eram divididos entre os partidários de uma constituição mais conservadora e outros que representavam a proposta de uma constituição mais liberal. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">É preciso destacar que o próprio imperador em seu discurso inaugural do início das atividades da constituinte, <b>criticou as constituições da França, Espanha e Portugal</b>, apontando se tratar de cartas magnas que acabaram sendo fracassos, tendo sido meramente "teóricas", não possuindo um efeito prático. Curiosamente Pedro I não citou a <b>constituição dos Estados Unidos</b>, a qual era eficaz, mas sobretudo, era uma constituição republicana, e o monarca não estava interessado nisso, fato esse que ele apontou que a <b>constituição republicana da França</b>, não havia dado certo, condição essa que o país com <b>Napoleão </b>voltou a ser uma monarquia. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em seu discurso, o imperador salientou que a constituição que estava sendo feita deveria evitar a desordem, a implementação de uma anarquia, os abusos de poder por parte dele, dos políticos, das forças armadas e do povo. As leis deveriam serem elaboradas de forma consciente, objetiva e prática para que fossem devidamente aplicáveis, não conjecturas de difícil aplicação, ponto que ele alegou haver de errado nas constituições francesa, espanhola e portuguesa. Assim, os membros da constituinte tendo esse apelo feito no dia 3 de maio, deram início as atividades. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4h3RUWtRk_W2hEm_PJzw0F2ehyphenhyphenEea9aP2jg7f6CxWt5IsWmujIqPx3YS58xRPpf81_cxCn9SuOWhaa_CpxL1ecQmp_AswHg2OJQ9H822q1Rkw-Ch4Cy-KKEYXguj12W6380nqoTkRh0ttK_BDqCaheiYCIyhFQET5cOmcpRc8TvuXAl0Q1WcBtifooTuZ/s1020/Pedro_I_Imperador_1823.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1020" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4h3RUWtRk_W2hEm_PJzw0F2ehyphenhyphenEea9aP2jg7f6CxWt5IsWmujIqPx3YS58xRPpf81_cxCn9SuOWhaa_CpxL1ecQmp_AswHg2OJQ9H822q1Rkw-Ch4Cy-KKEYXguj12W6380nqoTkRh0ttK_BDqCaheiYCIyhFQET5cOmcpRc8TvuXAl0Q1WcBtifooTuZ/w314-h400/Pedro_I_Imperador_1823.jpg" width="314" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Retrato de D. Pedro I no ano de 1823. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Três facções constituintes</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">À medida que os meses avançavam e os trabalhos da constituinte se desenvolviam, três facções surgiram entre os membros da Assembleia Constituinte, embora todos os lados defendessem a monarquia, cada um o fazia com diferenças consideráveis.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O grupo dos <b>"bonifácios" </b>tinha esse nome em referência a <b>José Bonifácio de Andrade e Silva </b>(1763-1838), conhecido como o Patriarca da Independência, tendo papel importante no processo de 1821 e 1822, apesar de estar brigado com o imperador em 1823. Seus seguidores defendiam um governo centralizado, moderado, mas tinham em pauta a proposta de abolir a escravidão, uma reforma agrária, além de outras medidas econômicas políticas, que visivelmente não agradavam o agronegócio, que dependia do modelo escravocrata para funcionar. (LUSTOSA, 2007). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A segunda facção era chamada de <b>"portugueses"</b>, pois era formada por portugueses que apoiaram a independência, mas também descendentes diretos e simpatizantes. Esses "portugueses" eram a favor de uma monarquia também centralizada, mas que mantivesse a escravidão e concedesse maior autoridade ao imperador, por isso ser dito que eles era a favor do absolutismo monárquico. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">E a terceira facção era a dos <b>"liberais" </b>que representavam a proposta de uma monarquia constituinte federalista, em que o imperador não deteria autoridade propriamente, mas para isso seria eleito um primeiro-ministro ou chanceler. Os liberais eram inspiradores no modelo britânico, propondo maior autoridade e autonomia as províncias e o parlamento, embora eles também defendessem a manutenção do sistema escravocrata. (LIMA, 1989). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O primeiro esboço da constituição foi apresentado pelo deputado <b>Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva</b> (1773-1845), irmão de José Bonifácio, o que o tornava membro da facção dos "bonifácios". Antônio Carlos e seus partidários se basearam no modelo das constituições da <b>França</b> (1791) e da <b>Noruega </b>(1814), da primeira eles tiraram ideais iluministas e liberais, da segunda, ideias monarquistas que permitiam o estabelecimento de um parlamento e da democracia, mas mantinha a autoridade régia. (HOLANDA, 1976). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora o projeto dos "bonifácios" fosse bom, eles sofreram rejeições por parte dos "portugueses" e dos "liberais". Pontos sobre a divisão das terras, a possibilidade de alterar o sistema econômico, tributação, reorganização geopolítica das províncias etc., desagradaram os "portugueses" e os "liberais" também, ainda mais os "liberais" que discordavam da condição que o imperador teria mais autoridade do que deveria tê-lo, pois a Constituição Norueguesa daquele tempo permitia isso. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A <b>adoção dos Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário</b> como proposto por Montesquieu em <i><b>O Espírito das Leis</b></i> (1748) e já adotada pelos países anteriormente citados, foi aceita no projeto brasileiro, mas com a diferença de que os "bonifácios" e "portugueses" concediam maior autoridade de intervenção ao monarca, que representava o Poder Executivo, podendo inclusive ter direito de veto na Assembleia e no Senado. Evidentemente que isso não agradou os "liberais". </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Porém, a situação era mais complexa, pois não eram apenas os "liberais" que representavam a oposição ao projeto dos "bonifácios", os "portugueses" também eram contrários a ele, não apenas pelas propostas de abolir a escravidão ou encerrar o tráfico negreiro (o encerramento do tráfico não significaria o fim da escravidão, apenas da importação de escravos), mas os "portugueses" também estavam ressentidos com o ministro José Bonifácio por conta da perseguição que ele cometeu contra os portugueses no ano anterior, retirando direitos e confiscando bens e propriedades, sob alegação de combater os inimigos do Estado. Assim, juntando esses aspectos com outras condições que foram se desenvolvendo nas sessões da assembleia, em junho de 1823, os "portugueses" e "liberais" propuseram uma aliança para derrubar os "bonifácios". (LUSTOSA, 1989). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A aliança formada por duas das facções da constituinte levou a uma crise não apenas interna na assembleia, mas que respaldou publicamente. Os irmãos Andrada: <b>José Bonifácio, Antônio Carlos e Martim Francisco</b>, foram acusados de antilusitanismo, pois supostamente os jornais vinculados a eles e seus aliados divulgaram críticas e sátiras ao imperador, políticos portugueses e os próprios portugueses que viviam no Brasil. Algumas brigas ocorreram na rua, além de atos de vandalismo contra os jornais. </span><span style="font-family: verdana;">(LUSTOSA, 1989). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">D. Pedro I nessa época estava sendo influenciado a desconfiar dos Andrada, condição essa que ele cogitava usar o exército para intervir em caso de uma revolta estourasse na capital. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A Noite da Agonia</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No mês de novembro a tensão entre o monarca e os "bonifácios" não era mais disfarçada como antes, D. Pedro I já tinha sido influenciado a tal ponto de desconfiar de seus antigos aliados, ainda mais pelo fato de que os próprios "bonifácios" mudaram de projeto durante a constituinte, se aproximando de propostas mais liberalistas como defendidas pelos "liberais", e uma delas era reduzir drasticamente a autoridade do soberano, apesar disso, não significa que os "liberais" deixaram de lado sua rixa. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Devido a desentendimentos que atrapalharam a ocorrência da sessão do dia <b>12 de novembro</b>, a assembleia solicitou estender o horário de funcionamento para a madrugada, para poder votar em pautas importantes. No entanto, pela noite o imperador autorizou a invasão da assembleia, os "bonifácios" foram presos e enquanto os demais deputados foram enviados para suas casas. A sessão foi encerrada. Por conta dessa ação inesperada aquela noite foi dita ser agonizante para os constituintes. (LIMA, 1989). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL04tifbGXDVQTRe-GeRLqlpet4KM9q2-DE3X09oup_7lbRYeGz0eiX-mx1FO1_D6eisjj-nyfauX7oVg1SlMpMHsW3Y9e_AFNdmGmtXsF6SAIlT7v1OUnPY7Lz8dXlzoALvFNvbCWO8ddXpRZ4VksE-wjFzCgq8Yrg9ESwMbusinhnLlMYUFI03tSuLYf/s800/agonia01293847yghnc_widelg.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="800" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL04tifbGXDVQTRe-GeRLqlpet4KM9q2-DE3X09oup_7lbRYeGz0eiX-mx1FO1_D6eisjj-nyfauX7oVg1SlMpMHsW3Y9e_AFNdmGmtXsF6SAIlT7v1OUnPY7Lz8dXlzoALvFNvbCWO8ddXpRZ4VksE-wjFzCgq8Yrg9ESwMbusinhnLlMYUFI03tSuLYf/w640-h360/agonia01293847yghnc_widelg.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Pintura representando uma sessão da Assembleia Constituinte. Ao centro, na mesa temos José Bonifácio.</span> <br /><br /></td></tr></tbody></table><b style="font-family: verdana;">Consequências</b><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No dia <b>13 de novembro </b>o ministro <b>Francisco Vilela Barbosa</b> (1769-1846), obedecendo ordens de D. Pedro I, publicou decreto dissolvendo a Assembleia Constituinte e informando que suas atividades seriam remetidas a um novo Conselho de Estado, formado pelos atuais seis ministros e mais seis membros a serem escolhidos por ele, dentre homens justos, honrados, cultos e comprometidos com a causa da nação. </span><span style="font-family: verdana;">O novo conselho teria o prazo de menos de um mês para concluir a elaboração do esboço da Constituição. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Apesar dessa atitude autoritária tendo sido expressa logo no dia seguinte a dissolução da constituinte, as medidas de Pedro I não pararam por aí. O monarca também mandou fazer patrulhamento em praças, restaurantes e bares para evitar debates políticos e críticas as suas ações, com direito a voz de prisão. Os "bonifácios" mais radicais foram deportados, incluindo os três irmãos Andrada, enviados para exílio. Todavia, as ordens também incluíam que se qualquer outro ex-membro da constituinte se posicionasse publicamente contrário a decisão do soberano, seria preso ou exilado. O autoritarismo do monarca dividiu a opinião pública, entre os que apoiavam suas medidas e outros que o criticavam por agir como um tirano. (HOLANDA, 1976). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Para justificar suas ações drásticas, D. Pedro I emitiu um <b>manifesto no dia 16 de novembro</b>. Neste manifesto o imperador alegou que suas medidas severas se deveram para evitar o pior para a nação, pois parte dos membros da Constituinte haviam se distanciado dos objetivos daquela assembleia, e passaram a lutar por seus próprios interesses (de fato, isso era verdade), os quais fomentavam uma traição ao soberano e ao povo, dessa forma, para evitar mazelas maiores, D. Pedro I decidiu agir imediatamente e cortar o mal pela raiz. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No dia <b>11 de dezembro</b>, menos de um mês desde a dissolução da Assembleia Constituinte, uma nova versão da constituição foi apresentada ao imperador pelo Conselho de Estado. Ele gostou do que viu, mas ordenou reajustes que foram feitos nos meses seguintes, já que essa constituição somente foi aprovada em março de 1824. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A Constituição da Mandioca</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O projeto da Constituição de 1823, que acabou nunca sendo aprovado, ganhou o apelido desdenhoso de "constituição da mandioca" por conta de que os <b>alqueires de cultivo de mandioca</b> foram usados como <b>modelo para definir a riqueza dos cidadãos aptos</b> <b>a poderem votar e se candidatar</b>. O problema era que o valor apresentado era demasiadamente elevado, o que acarretava que somente os ricos teriam direito ao voto e participar da vida política. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No caso, o cultivo de mandioca não necessariamente estava atrelado ao consumo da população geral, pois as pessoas comiam trigo, milho e soja, a mandioca era cultivada principalmente para alimentar os escravos e os mais pobres, por conta disso ela ser chamada também de <b>"pão de pobre"</b>. Dessa forma, quanto mais escravos um fazendeiro ou mercador tivesse, mas mandioca teria que plantar para alimentar seus empregados. Logo, alguém que possuísse vários alqueires de mandioca tecnicamente era uma pessoa rica por conta desse contexto do sistema escravocrata. </span><span style="font-family: verdana;">No entanto, devido ao desentendimento</span><span style="font-family: verdana;"> dessa taxa anual de alqueires, os opositores da ideia começaram a usar o termo mandioca de forma debochada. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>HOLANDA</b>, Sérgio Buarque de Holanda. <b>O Brasil monárquico: o processo de emancipação</b>. 4a ed. São Paulo, Difusão Europeia do Livro, 1976. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>LIMA</b>, Manuel de Oliveira. <b>O império brasileiro</b>. São Paulo, Editora da USP, 1989. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>LUSTOSA</b>, Isabel. <b>D. Pedro I</b>. São Paulo, Companhia das Letras, 2007. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Links relacionados: </b></span></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2022/09/200-anos-da-independencia-do-brasil.html"><span style="font-family: verdana;">200 anos da Independência do Brasil</span></a><br /></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2022/12/200-anos-da-coroacao-de-d-pedro-i-do.html">200 anos da coroação de D. Pedro I</a></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>LINKS: </b></span></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6a/JUSTIFICA_A_DISSOLU%C3%87%C3%83O_DA_ASSEMBLEIA_CONTITUINTE_DE_1823.pdf"><span style="font-family: verdana;">Manifesto da dissolução da Assembleia Constituinte - 16 de novembro de 1823</span></a><br /></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://www.senado.leg.br/publicacoes/anais/pdf/ACE/ATAS2-Segundo_Conselho_de_Estado_1822-1834.pdf">Atas do Conselho de Estado (1823-1834)</a><br /></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-33343953079783987972023-11-04T08:15:00.006-03:002023-12-12T09:13:12.376-03:00A invenção do avião<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Voar é um sonho antigo da humanidade, fato esse que nos mitos e lendas encontramos narrativas de deuses, espíritos, seres, monstros e até pessoas que conseguiam voar de diferentes formas. Inventores chineses, persas e árabes tentaram criam meios de fazer pessoas voarem. Leonardo da Vinci elaborou projetos de máquinas voadoras, embora não tenha conseguido fabrica-las e testá-las. Todavia, somente a partir do século XVIII quando surgiu os primeiros balões tripuláveis, começou a oportunidade das pessoas poderem voar. No século seguinte os balões foram sendo aperfeiçoados, assim como, surgiu o dirigível e os planadores, para finalmente chegarmos aos aviões. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Existe uma polêmica que tenta definir quem inventou o avião, como historiador, a pergunta correta seria: quem foram os pioneiros da aviação? Pois vários homens contribuíram de alguma forma para que o avião fosse criado. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>George Cayley e o planador tripulado </b>(1853)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No século XVIII alguns engenheiros, físicos e inventores que estudavam balonismo escreveram artigos sobre projetos distintos para criar máquinas com asas e hélices, porém, tais projetos nunca saíram do papel. Entretanto, seus estudos foram importantes para conceber a forma básica do avião: uma estrutura comprida com duas asas, movido a motor. Entretanto, no século XVIII o motor a vapor era pesado; por sua vez, motoros a combustão movidos a gasolina e diesel surgiriam somente na segunda metade do século XIX, e esses ainda não tinham a potência adequada para propulsionar as aeronaves, por conta disso, os primeiros aviões eram planadores.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No ano de <b>1799 </b>o engenheiro e inventor inglês <b>George Cayley </b>(1773-1857) publicou alguns artigos sobre aeronaves com asas e cabine para um piloto. Como os motores a combustão ainda não existiam naquele tempo e os motores a vapor eram pesados, Cayley concebeu sua aeronave movida apenas pela corrente de ar, surgia assim o planador contemporâneo, já que ideias similares já tinham sido cogitadas no passado. Mas diferente do protótipos dos séculos anteriores, Cayley a partir de <b>1804 </b>começou a construir planadores não tripulados. (DEE, 2007). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Cayley dedicou a vida a aperfeiçoar os planadores, fazendo vários testes e designers, além de ter escrito artigos sobre aerodinâmica, tendo estabelecido alguns dos princípios desse campo da física, ainda hoje utilizados no voo de aviões e aeronaves similares. Além dessa questão física, Cayley também estabeleceu princípios da fuselagem das aeronaves como duas asas, cabine, cauda de três pontas, trem de pouso etc., embora que nem todos os aviões dos primeiros anos seguissem esse padrão. </span><span style="font-family: verdana;">(DEE, 2007). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Cayley relutou em construir planadores motorizados, pois em seus testes observou que os motores a vapor não era eficazes para isso. Apesar dessa condição, dois inventores ingleses chamados <b>Wiliam Samuel Honson </b>e<b> John Stringfellow</b> conceberam o<i><b> Aerial steam carriage </b></i>em <b>1842</b>, que consistia numa aeronave motorizada usando um motor a vapor. O problema é que os testes falharam todos. Somente em <b>1848</b> um pequeno modelo conseguiu alçar voo de forma segura, mas foi teste não tripulado. O protótipo do aerial voou cerca de dez metros num hangar. (BARROS, 2006). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgHNUNigck3GMR9EKHIxWSfeBL6srecHwVtWnTPaqDhmh3Wh1xODrMOF5Gjr0s2ZrhrdvZ3welngJppnx6ceUAvAHJYd3zec7O1G2cyFDMc9bSGSmBT7OnWiXoa04cuv6yAbObq7Qbva8ogm9OHy3UBTbu5VpEKpLLHRb6qDDBNkXbkBDHsXNcQ5wRzRR9/s1235/800px-Governableparachute.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1235" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgHNUNigck3GMR9EKHIxWSfeBL6srecHwVtWnTPaqDhmh3Wh1xODrMOF5Gjr0s2ZrhrdvZ3welngJppnx6ceUAvAHJYd3zec7O1G2cyFDMc9bSGSmBT7OnWiXoa04cuv6yAbObq7Qbva8ogm9OHy3UBTbu5VpEKpLLHRb6qDDBNkXbkBDHsXNcQ5wRzRR9/w414-h640/800px-Governableparachute.jpg" width="414" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Modelo de 1852 de um planador de George Cayley. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Após vários anos de estudos, fracassos e descobertas, em</span><b style="font-family: verdana;"> 1853 </b><span style="font-family: verdana;">um companheiro de Cayley, de identidade desconhecida (talvez algum empregado seu), realizou um teste tripulado, voando num planador por alguns metros em </span><b style="font-family: verdana;">Brompton-by-Sawdon</b><span style="font-family: verdana;">, na Inglaterra. Como o planador possuía trem de pouso, o piloto conseguiu realizar a aterrissagem. Esse é considerado o primeiro teste satisfatório de uma aeronave tripulada que não era um balão ou dirigível. </span><span style="font-family: verdana;">(DEE, 2007). </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Jean-Marie Le Bris e L'Albatros </b>(1868)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com o sucesso do planador de Cayley, outros inventores ingleses, mas também franceses, alemães e de outras nacionalidades começaram a investir em modelos de planadores. Um que se destacou foi o inventor francês <b>Jean-Marie Le Bris</b> (1817-1872). Influenciado por sua vida costeira, na qual ele observava aves como gaivotas e albatrozes, Le Bris começou a desenvolver seus planadores, fazendo testes bem sucedidos a partir de 1856. (GIBBS-SMITH, 2008). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Le Bries inicialmente fez testes não tripulados, usando cavalos para rebocar os planadores fazendo-os alçar voo. Em <b>1857 </b>um de seus experimentos permitiu que um de seus protótipos alcançasse uma altura de cerca de 100 metros e percorresse 200 metros de distância. Ainda no mesmo ano, Le Bries fez um teste tripulado, mas a aterrissagem foi brusca e ele fraturou uma das pernas. </span><span style="font-family: verdana;">(GIBBS-SMITH, 2008). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Após esse acidente ele se tornou prudente, pois poderia ter morrido na aterrissagem insegura. Assim, ele passou a década seguinte aperfeiçoando seus planadores e desenvolvendo o sistema de pouso e controle, para finalmente em 1868 ele realizou novo teste com o <i><b>L'Albatros</b></i>, que embora tenha ficado ligeiramente avariado na aterrissagem, Le Bries conseguiu voar nele por mais de cem metros de distância. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjASbRYem4C7LRI0XXZDRSNNXflul4et7gi3YeK_Aqj6G4YBkPkS9oWYA-2SsCneEorTTeHjtwSbAHhQRy3cy_9b5gYJhhOiicFYZiwPCCVkJ0S9LjKnOecrrBdeyRPcgabkXhLPNuyRuKet-6tggICp3jAnL_1asP_3YxvSLmVKIJ_VW26prJg7KBy1Qpt/s669/LeBris1868.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="423" data-original-width="669" height="404" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjASbRYem4C7LRI0XXZDRSNNXflul4et7gi3YeK_Aqj6G4YBkPkS9oWYA-2SsCneEorTTeHjtwSbAHhQRy3cy_9b5gYJhhOiicFYZiwPCCVkJ0S9LjKnOecrrBdeyRPcgabkXhLPNuyRuKet-6tggICp3jAnL_1asP_3YxvSLmVKIJ_VW26prJg7KBy1Qpt/w640-h404/LeBris1868.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Le Bries abordo do <i>L'Albatros</i> em 1868. Fotografia de Pépin. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora tenha conseguido voar, o</span><i style="font-family: verdana;"> L' Albatros</i><span style="font-family: verdana;"> apresentou instabilidade no voo por conta de seu formato, apesar disso, o projeto de Le Bries chamou atenção do Exército francês, já que em 1870 teve início a </span><b style="font-family: verdana;">Guerra Franco-Prussiana</b><span style="font-family: verdana;"> (1870-1971), da qual ele participou, embora não tenha conseguiu desenvolver de forma satisfatória planadores para reconhecimento do campo de batalha. Vale ressalvar que a ideia de usar máquinas voadoras para isso não era nova, pois antes balões foram usados para fazer isso. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Os irmãos Du Tample e o Monoplano</b> (1874)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Na década de 1870 vários projetos para se criar aviões motorizados combinando o conceito dos planadores de Cayley, Le Bries e outros inventores, foram desenvolvidos. Como os motores a combustão tinham se desenvolvido melhor, acreditava-se que agora seria possível criar aviões que pudessem voar sem precisar serem rebocados ou catapultados. Na prática isso ainda levaria décadas para ser resolvido. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os irmãos <b>Felix e Louis Du Tample de La Croix </b>desde a década de 1850 vinham estudando planadores, mas sem sucesso conseguiram produzir algo eficaz e seguro. Entretanto, no começo dos anos 1870 eles investiram em novos projetos e desenvolveram o <i><b>Monoplano</b></i>, um avião feito com estrutura de alumínio, tendo 13 metros de envergadura, pesando cerca de 80 quilos. Ele possuía uma hélice e um motor movido a gasolina. </span><span style="font-family: verdana;">(GIBBS-SMITH, 2008). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Usando uma rampa, os Du Tample conseguiram lançar o <i>Monoplano </i>que obteve sucesso ao voar e depois aterrissar, consistindo num primeiro avião primitivo a conseguir fazer isso utilizando um motor. Porém, a aeronave não era tripulada e ainda precisou usar uma rampa para ganhar velocidade e altitude. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6PS-bCEBLiuGwOuEQuH1_u5Sfx0pNWblsPvnUaEkp9m0grlmddG1p_LXYD_WG3KwC0gaduvumygEtOWvkfir4rRxHWJUDLohmCS9pS_0LTxQkpnEIqXfcVGwSBQN4Z0lLSP-gadiblTjzOrRKTEQFpK6sleueyNrIpjjz_wr7vpt-ADaMPh1aM1X_PDWZ/s1920/Felix_de_la_Croix_du_Temple_airplane_mockup.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="636" data-original-width="1920" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6PS-bCEBLiuGwOuEQuH1_u5Sfx0pNWblsPvnUaEkp9m0grlmddG1p_LXYD_WG3KwC0gaduvumygEtOWvkfir4rRxHWJUDLohmCS9pS_0LTxQkpnEIqXfcVGwSBQN4Z0lLSP-gadiblTjzOrRKTEQFpK6sleueyNrIpjjz_wr7vpt-ADaMPh1aM1X_PDWZ/w640-h212/Felix_de_la_Croix_du_Temple_airplane_mockup.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Réplica do <i>Monoplano</i> dos irmãos Du Temple, 1874. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O projeto dos Du Tample inspirou outros inventores a investirem em aviões motorizados, algo visto com <b>Alphone Pénaud</b> e <b>Victor Tatin</b>, que conseguiram construir seus modelos, mas todos eram não tripulados e os motores a vapor e a combustão não detinham potência suficiente para fazer o avião decolar por conta própria, além de permanecer alguns minutos voando. Os voos de testes duravam apenas segundos. </span><span style="font-family: verdana;">(GIBBS-SMITH, 2008). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Clément Ader e o Avión III </b>(1897)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Clément Ader (1841-1925) foi um inventor e engenheiro francês que na década de 1880 passou a investir em projetos de planadores e aviões. Baseado nos estudos daquela década, em que existiam vários projetos da construção de aviões motorizados, Ader concebeu o <i><b>Éole </b></i>em <b>1890</b>, um protótipo não tripulado, tendo um motor a vapor de 20hp, que conseguiu erguer a aeronave de 300 quilos por uma distância de 50 metros, mas apenas a 20 centímetros acima do solo. Insatisfeito com aquilo, Ader passou os anos seguintes criando novos protótipos e motores mais potentes, mas todos os testes foram sem tripulação. (LISSARAGUE, 1990). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1897</b> ele criou o <i><b>Avión III</b></i> (ou <i>Éole III</i>), possuindo dois motores de 30hp, movendo duas hélices. Seu avião tinha a estranha forma de asas de morcego, que Ader julga ser mais aerodinâmico que asas lisas. Em 14 de outubro de 1897 um teste com piloto foi realizado num campo diante de representantes do Exército francês, o qual patrocinava o trabalho de Ader. Entretanto, o Avión III não conseguiu alçar voo, apenas realizou alguns saltos. </span><span style="font-family: verdana;">(LISSARAGUE, 1990). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI1D_BDaxnypaRnk3ojs1WQrcamcsAZlr4Dk8_0Vpc3PB0GB6_rL1YTo3mGkzhpw-Wzw4tZ2nTNMFER96xsatk5R-wk1lTVIk_Wk7uMgaqAfjKwWnXayWNBE63LDV-ENE1ntLiHMxKFogGr-9WDH5R428Z-2uz2EMZEONe7NwtkHJcu5G9kS_zd4-5pK0q/s540/AderAvion3(1897).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="164" data-original-width="540" height="194" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI1D_BDaxnypaRnk3ojs1WQrcamcsAZlr4Dk8_0Vpc3PB0GB6_rL1YTo3mGkzhpw-Wzw4tZ2nTNMFER96xsatk5R-wk1lTVIk_Wk7uMgaqAfjKwWnXayWNBE63LDV-ENE1ntLiHMxKFogGr-9WDH5R428Z-2uz2EMZEONe7NwtkHJcu5G9kS_zd4-5pK0q/w640-h194/AderAvion3(1897).jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Fotografia do <i>Avión III</i> (1897) de Clément Ader. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora os projetos de Ader tenham fracassado em não conseguir criar um avião tripulado que conseguisse decolar, voar e pousar, no entanto, ele ficou famoso por ter criado a palavra </span><i style="font-family: verdana;">avión</i><span style="font-family: verdana;">, que originou o termo avião em alguns idiomas como o português e espanhol. Além disso, observa-se novamente o interesse das forças armadas em desenvolver aviões para fins militares, algo que somente se concretizou com a <b>Primeira Guerra Mundial</b> (1914-1918). </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Os irmãos Wright e os aviões catapultados</b> (1900-1905)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A partir de <b>1900</b> os irmãos <b>Wilbur </b>(1867-1915) e<b> Orville </b>(1871-1948) que eram empresários do ramo de bicicletas, passaram por hobby a se interessar por aeroplanismo, assim começaram a estudar a respeito, tendo como principais influências os artigos de <b>George Caylay</b>, o aeroplano de <b>Chanute-Herring</b> e os experimentos de <b>Otto Lilienthal </b>com planadores. Dessa forma, os Wright começaram a construir em 1901 seus planadores sem motor, mas que conseguiam voar dezenas de metros de distância, assim como, eram pilotados por um dos irmãos, normalmente o Wilbur. (HOWARD, 1998). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLTSJyK9El8ACx7JUtoXu6NEdL0FkilqTtW3IwbbmCa9Ceq2m0baAwfKCggPoRaram3HmWwDGK4M8lI-ckHxfoiZYxTEa9joBT8RYzLPPC0kTbFbz5YWQaAWH67liOeuyEnGLxlmblRdwnsmR8MxjUxiv7thRNrM8s6o_cG7s-N2Va55GqMTY7_U0zB8Nx/s800/Wright_1901_glider_landing.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="599" data-original-width="800" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLTSJyK9El8ACx7JUtoXu6NEdL0FkilqTtW3IwbbmCa9Ceq2m0baAwfKCggPoRaram3HmWwDGK4M8lI-ckHxfoiZYxTEa9joBT8RYzLPPC0kTbFbz5YWQaAWH67liOeuyEnGLxlmblRdwnsmR8MxjUxiv7thRNrM8s6o_cG7s-N2Va55GqMTY7_U0zB8Nx/w640-h480/Wright_1901_glider_landing.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Wilbur Wright no planador <i>Wright 1 </i>em 1901. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com os voos promissores do <i>Wright 1</i>, os irmãos investiram em novos modelos revendo os dados fornecidos por Lilienthal, na época uma referência em planadores. Além disso, Wilbur e Orville construíram um pequeno túnel de vento para testar a aerodinâmica de modelos em escala, fazendo alterações no formato das asas. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Após dois anos de testes e vários voos, em 1903, os dois decidiram testar o <i><b>Wright Flyer 1</b></i>, um avião motorizado, que realizou um voo de demonstração em 14 de dezembro, mas sofreu uma queda segundos depois, tendo que ser reparado. Finalmente no dia 17 de dezembro, Orville e Wilbur realizaram quatro voos que duraram segundos, percorrendo dezenas de metros, mas a baixa altitude. No último voo, o avião não aterrissou de forma segura e ficou danificado, mas Wilbur não se feriu. Cinco homens, incluindo um jornalista e um fotógrafo testemunharam os voos. (HOWARD, 1998). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTW1k5GwTYL3zEHK6UcFHzkK-MftZCH0LKoBYwmWigP3y-wfdgchD5S-eFH9LmnT3CI_mQ6lhSZTc-ZCwB2_2B2qGCPYMEKV755AMc1ps1WdGVYLObiJaG8L6xZc7rAt4hOenaKynHmDwe_mhoK-e811Z5MOlhNUw3BOjhSF6hZdYGPotv69G2g6gBK3ND/s1024/First_flight2.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="664" data-original-width="1024" height="416" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTW1k5GwTYL3zEHK6UcFHzkK-MftZCH0LKoBYwmWigP3y-wfdgchD5S-eFH9LmnT3CI_mQ6lhSZTc-ZCwB2_2B2qGCPYMEKV755AMc1ps1WdGVYLObiJaG8L6xZc7rAt4hOenaKynHmDwe_mhoK-e811Z5MOlhNUw3BOjhSF6hZdYGPotv69G2g6gBK3ND/w640-h416/First_flight2.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O <i>Wright Flyer 1</i> em teste de voo rasante em 1903. Orville o pilotava na época, enquanto Wilbur assistia. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora os quatro voos tenham sido satisfatórios, apesar da baixa altitude, entretanto, o </span><i style="font-family: verdana;"><b>Wright Flyer 1</b></i><span style="font-family: verdana;"> dependia de suporte para levantar voo. Os Wright usavam uma combinação de trilhos para rebocar ou catapultar seus aviões. Isso levou a algumas controvérsias, fato esse que nas primeiras décadas os dois não eram creditados como os inventores do avião, pelo menos, de um modelo eficiente. (ANDERSON, 2004). </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com o sucesso do Flyer 1, o <i><b>Flyer 2 </b></i>foi lançado em <b>1904</b> e depois o<i><b> Flyer 3</b></i> em <b>1905</b>. Esses dois modelos voaram mais longe e mais alto do que o seu antecessor. E finalmente o reconhecimento público e oficial que os Wright aguardavam somente veio a partir de 1905, após os testes do <i>Flyer 3</i>, que conseguiu em sua última volta, voar por 39 km antes de ter que pousar devido ao término do combustível. O voo histórico de longa distância foi realizado sobre <b>Huffman Praire</b>, tendo o avião sido pilotado por Orville, pois Wilbur havia se ferido em uma queda nos testes anteriores. </span><span style="font-family: verdana;">(ANDERSON, 2004). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkomZw9xrf55_u1ZciRLt6QKpAG3DHTlyoTdxrnhfhiUmWP13tdsIicyE1jhZMOpVMvBuP7kTfNMJ_GWzRyRC45DV8lLrdKBo6OQaSIihHX-A8HDqER6WzGK44djLbaNu_Zs-VfxvzpfkXCGsOdbj-CXwJan_on6oZjiVE7cuylyeG7mcjA1QJTgKeun2M/s601/Wright_Flyer_III_above.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="601" data-original-width="400" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkomZw9xrf55_u1ZciRLt6QKpAG3DHTlyoTdxrnhfhiUmWP13tdsIicyE1jhZMOpVMvBuP7kTfNMJ_GWzRyRC45DV8lLrdKBo6OQaSIihHX-A8HDqER6WzGK44djLbaNu_Zs-VfxvzpfkXCGsOdbj-CXwJan_on6oZjiVE7cuylyeG7mcjA1QJTgKeun2M/w266-h400/Wright_Flyer_III_above.jpg" width="266" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O<i> Flyer 3 </i>pilotado por Orville Wright em 1905. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Apesar do sucesso desse voo, alguns jornais americanos questionavam a veracidade do feito. Seria possível que um avião que não conseguia levantar voo sem ser ajudado, poderia ter potência para percorrer uma longa distância como eles dois e as testemunhas na fazenda alegaram? Essa dúvida chegou aos jornais europeus, especialmente os franceses que contestavam as longas distâncias que os aviões do Wright teriam percorrido. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Fato esse que Wilbur e Orville passaram os dez anos seguintes tentando provar a veracidade de seus experimentos, o que incluiu demonstrações públicas e idas à Inglaterra e França. No entanto, somente a partir de <b>1908</b> é que os aviões dos Wright passaram a decolar sem ajuda externa, mas nesse período eles já eram famosos, especialmente nos Estados Unidos onde eram creditados como os inventores do avião. </span><span style="font-family: verdana;">(ANDERSON, 2004). </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Santos Dumont e o 14-bis</b> (1906)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O engenheiro e inventor brasileiro <b>Alberto Santos Dumont</b> (1873-1932) vivia a vários anos em <b>Paris</b>, sendo uma figura pública famosa por conta de seus experimentos com balões e dirigíveis. Dumont então influenciado por aeroplanistas franceses, alemães e ingleses decidiu desenvolver seu modelo de avião. Dumont diferente dos Wright que estudavam planadores desde 1900, não tinha familiaridade com esses veículos, já que sua especialidade eram os balões e dirigíveis, apesar disso, ele montou em <b>1906</b> o 14-bis, um avião bem estranho, pois as asas e a hélice ficavam na traseira. </span><span style="font-family: verdana;">(BARROS, 2006). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">De julho a novembro de 1906, Dumont realizou vários testes com o 14-bis, resultando em voos fracassados e até acidentes leves. O avião não tinha potência para conseguir alçar voo, tendo sido atirado de um lugar alto para planar e depois acionar os motores. Condição essa que Dumont trocou de motor e alterou alguns detalhes da estrutura para conceder maior estabilidade. Vale ressaltar que nesses meses ele conseguiu voar várias vezes curtas distâncias, mas o desafio proposto pelo <b>Aeroclube da França </b>era que o avião deveria levantar voo por conta própria (uma clara indireta aos voos do Wright, que já era conhecidos naquela época). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Assim, após meses de testes e reformulações do projeto do 14-bis (conhecido em francês como <i><b>Oiseau de Proie</b></i>), finalmente o avião de Dumont conseguiu voar. </span><span style="font-family: verdana;">Ao longo dia <b>12 de novembro de 1906</b>, Dumont realizou cinco voos com o 14-bis, sendo demonstrações públicas, as quais milhares de pessoas assistiram, além de juízes do Aeroclube. O último voo realizado foi o mais extenso, percorrendo mais de 200 metros e passando dos 35 km/h. </span><span style="font-family: verdana;">(FONTES; FONTES, 1967). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAlrmuwYYOm0Kv5osUPCt2WrfpydJp6Mh0ESLsqXtKmipLqinRzoH0byWTmdvaOEu3r2LW5aytpHOJSjsydOUj_F_bblmQ59HEY5P9g5_SuACtEenFBAABJc3q41p7U4Yqi4OoyKEfSl5aiIi83-MYd4phj2-6cYXzTsD32dZMM722qrQPEkX3IgntIFKB/s800/800px-Santos_-_Nov12_1906.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="579" data-original-width="800" height="464" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAlrmuwYYOm0Kv5osUPCt2WrfpydJp6Mh0ESLsqXtKmipLqinRzoH0byWTmdvaOEu3r2LW5aytpHOJSjsydOUj_F_bblmQ59HEY5P9g5_SuACtEenFBAABJc3q41p7U4Yqi4OoyKEfSl5aiIi83-MYd4phj2-6cYXzTsD32dZMM722qrQPEkX3IgntIFKB/w640-h464/800px-Santos_-_Nov12_1906.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Matéria de um jornal francês de 12 de novembro de 1906, noticiando o voo histórico de Santos Dumont com o 14-bis. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os Irmãos Wright ficaram abismados com o relato dos voos de Santos Dumont, em Paris. Eles cobraram descrições e dados a respeito, pois estavam incrédulos como um piloto que não tinha experiências com aqueles veículos conseguiu em cinco meses tamanha façanha, algo que os Wright passaram anos estudando e não tinha obtido sucesso similar. (BARROS, 2006). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Dumont ainda chegou a realizar outros voos com o 14-bis até que numa queda em 1907 o avião ficou tão danificado, que ele desistiu de consertá-lo, então passou a trabalhar em outro modelo. </span><span style="font-family: verdana;">Apesar disso, os jornais franceses e de outros países europeus creditavam ao brasileiro Santos Dumont a criação do avião, ou pelo menos o reconhecimento de sua proeza. (FONTES; FONTES, 1967). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Gabriel Voisin e o biplano</b> (1907-1908)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O empresário e piloto <b>Gabriel Voisin</b> (1880-1973) inspirado pelo sucesso dos voos dos Wright e de Santos Dumont decidiu investir no mercado de aviões, com isso ele contratou engenheiros para auxiliá-lo, incluindo seu irmão <b>Charles Voisin</b>, vindo a criar o <b style="font-style: italic;">Voisin I</b>, o primeiro modelo bem sucedido de avião produzido em massa, lançado poucos meses antes do <i>Demoiselle </i>de Santos Dumont. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Assim, Voisin usou sua empresa a <i><b>Appareils d'Aviation Les Frères Voisin</b></i> para produzir aviões para pilotos de testes, aviadores e ricos que gostavam de aventura. Entre esses destacaram-se <b>Leon Delangrange</b> (1872-1910), piloto e escultor que se destacou nas competições de voo e <b>Henri Farman</b> (1874-1958), piloto e empresário que ganhou fama em participar de competições de voo, mas ele ficou tão interessado por aviões que abriu a própria empresa para produzir motores e peças para aviões. Farman passou a fazer negócios com Voisin, ambos cooperaram para as melhorias dos aviões. </span><span style="font-family: verdana;">(GIBBS-SMITH, 2008). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoVYQ458OKcCU01R713MIGN8V2m_bPMaNMVBKjB8OvOWxUJfusog_V11kOZwk9FOtPaqTOUg3Rz4UxivxMTW6BdPe5Lv7iQdxMZSRuvMBxolWCH7u4kpjrsIu0XaM3zyodPhITId-lBSAoDGKPP35NSUp8AbZat_GZyBh7oZkHQK1obMc3vvzxZs4yEuce/s1024/1024px-Voisin-Farman_I.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="698" data-original-width="1024" height="436" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoVYQ458OKcCU01R713MIGN8V2m_bPMaNMVBKjB8OvOWxUJfusog_V11kOZwk9FOtPaqTOUg3Rz4UxivxMTW6BdPe5Lv7iQdxMZSRuvMBxolWCH7u4kpjrsIu0XaM3zyodPhITId-lBSAoDGKPP35NSUp8AbZat_GZyBh7oZkHQK1obMc3vvzxZs4yEuce/w640-h436/1024px-Voisin-Farman_I.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Henri Farman voando num <i>Voisin I</i> em 1908. </span></td></tr></tbody></table></div><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Santos Dumont e o Demoiselle</b> (1907-1909)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Após o sucesso do 14-bis, Dumont decidiu mudar totalmente seus projetos de aviões, vindo a desenvolver o <i style="font-weight: bold;">Demoiselle </i><i style="font-weight: bold;">N. 19</i>, também chamado de <b style="font-style: italic;">Libellule</b>. O primeiro nome se devia que o designer do avião era bonito e delicado, já o outro nome se referia a condição de ser uma aeronave leve e frágil. De fato, o <i>Demoiselle</i> pesa somente 56 kg, o que o torna o primeiro ultraleve eficiente da História. </span><span style="font-family: verdana;">(FONTES; FONTES, 1967). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em 1907, Dumont realizou alguns voos com seu<i> Demoiselle </i>pelos céus de Paris, mesmo que fosse a distâncias inferiores a 200 metros, o motivo se devia a capacidade de combustível da aeronave, que ainda era pequena. Apesar disso, ele construiu nos anos seguintes alguns modelos dessa aeronave, cada um aperfeiçoava problemas do anterior. Em 1909 o <i><b>Demoiselle N. 22</b></i> foi considerado a melhor versão desenvolvida por Dumont. Com esse modelo ele realizou vários voos por Paris e cidades nos arredores, percorrendo pela primeira vez, alguns quilômetros de distância. O aviador estava tão habituado aos passeios aéreos que viajava de uma cidade para a outra para ir almoçar ou jantar com admiradores e amigos. Vale ressalvar que nessa época voo longos não era incomuns, além de haver competições aéreas na França. </span><span style="font-family: verdana;">(FONTES; FONTES, 1967). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQj0DFzCnerpnkTZ8gVn7seOSuuy4QtRWMB6YmCzWRWT7-Rr5EkDmex7eR-BsWI5LHhCKMP4X8raELyxVkDdMHR8puG3MrQ_wTag3FpvOxis5QRflH0VW5CBcLhXlbBb5V9Ly5sjvdJFUX4CLzrqYgpiedtOUvLvwLkzP4PCcjs3tRHQ1sGJmre6G6C2qe/s450/Santos_Dumont_Demoiselle.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="269" data-original-width="450" height="382" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQj0DFzCnerpnkTZ8gVn7seOSuuy4QtRWMB6YmCzWRWT7-Rr5EkDmex7eR-BsWI5LHhCKMP4X8raELyxVkDdMHR8puG3MrQ_wTag3FpvOxis5QRflH0VW5CBcLhXlbBb5V9Ly5sjvdJFUX4CLzrqYgpiedtOUvLvwLkzP4PCcjs3tRHQ1sGJmre6G6C2qe/w640-h382/Santos_Dumont_Demoiselle.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Santos Dumont voando no <i>Demoiselle </i>em 1909. </span></td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">A ideia de um avião tão pequeno e leve advinha do sonho do aviador brasileiros de tornar os aviões em veículos baratos e acessíveis ao público. Para Dumont, havia a expectativa que nas décadas seguintes voar fosse algo comum, além de que as pessoas teriam seus aviões como tinham carros, condição essa que ele liberou as patentes do<i> Demoiselle</i>, tornando-as públicas para que qualquer pessoa pudesse construir a aeronave. Diferente do que fez empresários como Voisin, os Wright e Farman. </div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No ano de 1910, após uma queda com o <i>Demoiselle N. 22</i>, Dumont desistiu de continuar pilotando, mesmo que não tenha sofrido ferimentos graves. Entretanto, o aviador sofria de outros problemas de saúde como vertigens agudas quando passava muito tempo voando. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Louis Blériot e o voo sobre o Canal da Mancha</b> (1909)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O empresário, inventor e aviador Louis Blériot (1872-1936) ganhou fama mundial ao sobrevoar a França para a Inglaterra, cruzando o Canal da Mancha. Blériot começou a construir seus aviões ainda em 1905, mas sem muito sucesso, de fato, os melhores exemplares foram surgir em 1907. Assim, em 1908 ele teve interesse em participar de uma disputa de voo proposta pelo jornal <i><b>Daily Mail</b></i> que oferecia 500 libras esterlinas para o aviador que cruzasse o Canal da Mancha. Alguns candidatos cogitaram participar da disputa, incluindo Wilbur Wright, que na época estava na Europa divulgando sua empresa e aviões. Todavia, ele e outros concorrentes desistiram. (ELLIOT, 2000). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Assim, em 1909, como o prêmio havia sido aumentado para 1000 libras esterlinas, Blériot decidiu se arriscar, pois seria um voo de mais de 30 km de distância e sem nenhum lugar para aterrissar em caso de pane. Cair no mar seria morte certa. Apesar disso, Blériot escolheu seu melhor modelo de avião, o Blériot IX, ele partiu antes das 5h da manhã do dia 25 de julho, levando 36 minutos para chegar em Dover na Inglaterra. Apesar do voo curto, Blériot relatou que foi a meia-hora mais demorada de sua vida, inclusive ele não levou bússola, tendo que se guiar pela visão, enquanto seguia um navio que atravessava o canal. </span><span style="font-family: verdana;">(ELLIOT, 2000). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcNqhR-pUGDXxmHIQYTeRwzkAyGzpbvZuXnO8KSDutl_5fwcZ-fCZknZTxWpcQky9Fe49-5xzYfQyAlGG8GZUTr0Do6vQADVODuCDEgnMkbAWwHdaz7A508ovqH9i0PbZ1kl9zUUoedTdxMf5CWaIegRFvXkC23sF8PRR9pEDSkHdbIkEJK3nJ5UaSX4jN/s921/Bleriot_pre-takeoff-25_July_1909.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="599" data-original-width="921" height="416" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcNqhR-pUGDXxmHIQYTeRwzkAyGzpbvZuXnO8KSDutl_5fwcZ-fCZknZTxWpcQky9Fe49-5xzYfQyAlGG8GZUTr0Do6vQADVODuCDEgnMkbAWwHdaz7A508ovqH9i0PbZ1kl9zUUoedTdxMf5CWaIegRFvXkC23sF8PRR9pEDSkHdbIkEJK3nJ5UaSX4jN/w640-h416/Bleriot_pre-takeoff-25_July_1909.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Louis Blériot no<i> Blériot IX</i> em 1909. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Blériot ganhou o prêmio de 1000 libras e fama, se tornando o primeiro homem a cruzar o Canal da Mancha num avião. Ele nos anos seguintes como Voisin e Farman, desenvolveu sua fábrica de aviões, investindo na construção desses. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Os irmãos Nieuport e o Nieuport IV</b> (1911)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O piloto e empresário Édouard Nieuport (1875-1911) junto com seu irmão <b>Charles</b> fundaram a empresa <i><b>Société Anonyme Des Éstablissementes Nieuport</b></i> em 1909, para produzir aviões. Inicialmente eles produziram aviões para participar das competições aéreas, bastante comuns na França, fato esse que Édouard ganhou algumas disputas, especialmente as de velocidade, que eram suas preferidas. Todavia, com a eclosão da <b>Guerra Ítalo-Turca</b> (1911-1912), o governo italiano negociou com a empresa de Nieuport para fornecer aviões para fins de reconhecimento do território inimigo. (SANGER, 2002). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Naquela época o modelo<i><b> Nieuport IV </b></i>era a melhor versão da empresa, mas além do uso para reconhecimento, a aeronave também foi a primeira da História a ser usada para ataque, atuando como bombardeio, quando pilotos italianos bombardearam acampamentos turcos. A ideia rapidamente se espalhou e a Turquia tratou de fazer o mesmo, além disso, países como França, Alemanha, Inglaterra e Rússia também demonstraram interesse nesse modelo de avião para fins militares. </span><span style="font-family: verdana;">(SANGER, 2002). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh22k5EHs2mF6OyJEvoc1-Sce02AhsmRm4BPKwxI8zEga7BLF0poEjEsUkDSG7BGYpQ3RDy_JIgVWISi-UneliJgeUb-GiseTxv8oHGDBCzLu1Y3MdSaSVHeMYJbusrvBKNu0ohQUt469d0eJ5xuxhWiGwE4PEb04_LgW8tTelboFbCX6m6EyU9sJGHvQS3/s818/RFC_Nieuport_IVG_serialled_B4.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="445" data-original-width="818" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh22k5EHs2mF6OyJEvoc1-Sce02AhsmRm4BPKwxI8zEga7BLF0poEjEsUkDSG7BGYpQ3RDy_JIgVWISi-UneliJgeUb-GiseTxv8oHGDBCzLu1Y3MdSaSVHeMYJbusrvBKNu0ohQUt469d0eJ5xuxhWiGwE4PEb04_LgW8tTelboFbCX6m6EyU9sJGHvQS3/w640-h348/RFC_Nieuport_IVG_serialled_B4.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Um <i>Nieuport IV.G</i> em fotografia de 1911 ou 1912. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><br /><div style="text-align: justify;">Édouard morreu num acidente aéreo, não vivendo para ver seus aviões serem amplamente empregados na Grande Guerra, porém, seu irmão Charles seguiu comandando a empresa, tendo feito negócios com vários países para fornecer suas aeronaves. O modelo <i>Nieuport IV </i>e suas variantes foram usados ao longo da guerra. Além disso, foi o primeiro modelo de avião a definir alguns padrões de designer que seriam adotados por outras empresas durante a guerra. </div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Considerações finais</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com o sucesso de aviões inventados pelos Wright, Santos Dumont e outros inventores baseados neles, países como Alemanha, Inglaterra, França, Estados Unidos e Itália começaram a investir em aviões de guerra. Lembrando que a ideia para isso já existia no século XIX. Os próprios irmãos Wright trabalharam para o Exército produzindo modelos para fins militares. Santos Dumont foi convidado a fazer o mesmo pelo governo francês, mas recusou a proposta por ser um pacifista, inclusive foi um crítico ao uso de aviões na guerra. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As empresas de Farman, Voisin, Blériot e Nieuport ganharam muito dinheiro com a guerra, produzindo aviões, motores e peças. Fato esse que além de produzir motores e peças para as aeronaves, algumas dessas empresas também faziam isso para carros, motos e caminhões. A Grande Guerra impulsionou a indústria de veículos terrestres, náuticos e aéreos. Dessa forma, milhares de aviões foram produzidos em quatro anos, sendo testados em condições extremas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entretanto, durante a guerra os aviões já estavam bem mais avançados do que eram cinco anos antes, permitindo realizar manobras rápidas, voos de longa distância, atingir velocidades superiores aos 200 km/h, possuir uma maior dirigibilidade, poder carregar armamento, e em alguns casos havia aviões que levavam dois a três pilotos, embora o usual fosse apenas um piloto. A guerra com toda sua infelicidade em destruição e morte, ajudou a consolidar a invenção do avião. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5fItSKQqoiB95kTHVbLPBN_0fzialLTb2RKvKrytSCyx9aq1jiGCu6NVMz2Io_xGaJhtsnKwW6QNp_O3zfBcczB1Nf05Tr8kbjC8SqZBmQ9rrmZopPz3k-6NL8n8G9pWMgQ8AU2nkhMQHkVOYSwE8C5cLVv1aVNnR1TtQE54pE08DHP290mersOv1jA8G/s1009/800px-AlbatDIII.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1009" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5fItSKQqoiB95kTHVbLPBN_0fzialLTb2RKvKrytSCyx9aq1jiGCu6NVMz2Io_xGaJhtsnKwW6QNp_O3zfBcczB1Nf05Tr8kbjC8SqZBmQ9rrmZopPz3k-6NL8n8G9pWMgQ8AU2nkhMQHkVOYSwE8C5cLVv1aVNnR1TtQE54pE08DHP290mersOv1jA8G/w318-h400/800px-AlbatDIII.jpg" width="318" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Aviões modelo <i>Albatros D.IIIs</i> e <i>Jasta 11</i> do exército alemão em uma pista de pouso na França, em 1917. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas:</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>ANDERSON</b>, John D. <b>Inventing Flight: The Writgh Brothers and Their Predecessors</b>. Baltimore, John Hopkins Univrsity Press, 2004. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>BARROS</b>, Henrique Lins de. <b>A invenção do avião</b>. Rio de Janeiro, Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT/Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas - CBPF, 2006.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>DEE</b>, Richard. <b>The Man who Discovered Flight: Geroge Cayley and the First Airplaine</b>. Toronto, McCelland and Stuart, 2007. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>ELLIOT</b>, B. A. <b>Bleriot, Herald of An Age</b>. Stroud, Tempus, 2000. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>FONTES</b>; Ofélia; <b>FONTES</b>, Narbal. <b>A vida de Santos Dumont</b>. 3a ed. São Paulo, Reper Editora, 1967.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>GIBBS-SMITH</b>, C. H. <b>Aviation: An historical survey</b>. London, NMSI, 2008. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>HOWARD</b>, Fred. <b>Wilbur and Orville: A biography of the Wright brothers</b>. New York, Ballantine Books, 1998. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>LISSARAGUE</b>, Pierre. <b>Ader, inventor of Aeroplanes</b>. Toulose, Edition Privat, 1990. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>SANGER</b>, Ray. <b>Nieuport Aircraft of World of War</b>. Wilthshire, Crowood Press, 2002. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Links relacionados: </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2016/07/santos-dumont-o-brasileiro-que-ganhou.html">Santos Dumont: o brasileiro que ganhou os céus</a><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2023/02/o-barao-vermelho-e-os-primordios-da.html">O Barão Vermelho e os primórdios da guerra aérea</a></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-26785161355581357042023-10-25T20:47:00.010-03:002023-10-25T20:48:14.234-03:00A mandrágora: uma planta mágica<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Uma das plantas mais famosas associadas a práticas mágicas e lendas é a mandrágora, cujo seu uso remonta aos tempos antigos, assim como, lendas a ela associadas. A ideia de que a mandrágora sempre foi considerada uma planta que gritaria, não é tão antiga, além disso, dependendo da época, lugar e do referencial, os usos dados a mandrágora poderiam ser benéficos ou maléficos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A planta</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Mandrágora consiste num gênero botânico que possui algumas espécies, sendo nativas da Eurásia. A mais comum é a <b style="font-style: italic;">Mandragora officinarum</b><span> (chamada no passado de <i>Atropo mandragora</i>)</span>. Em geral as mandrágoras são plantas perenes, de folhas em formato de sino, cuja aparência lembra a folhagem da couve. São plantas de dimensões pequenas e rasteira, tendo belas flores, normalmente em tons de lilás. Seus frutos são do tipo baga, possuindo coloração amarela, verde, laranja e vermelha. </span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJOO2F7ecYWvLZHrXRS35XgYnqQNzfSP18BNzvVl7OyyNdC5WIeAq-C_BYG5kww7Ae76FxIAmw0TV5HvlObu8-AnItOmPgZZ27o2N8lAkaZDzqHRIgcgwStq_4Urhoq8pA_bZadztNnbHjXj3DdifO9aT-zLpzZMbvvpApufSGG6ijndZC622_okPabcHo/s2048/%D7%A9%D7%A8%D7%95%D7%9F-%D7%97%D7%A1%D7%93%D7%90%D7%99.jpeg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJOO2F7ecYWvLZHrXRS35XgYnqQNzfSP18BNzvVl7OyyNdC5WIeAq-C_BYG5kww7Ae76FxIAmw0TV5HvlObu8-AnItOmPgZZ27o2N8lAkaZDzqHRIgcgwStq_4Urhoq8pA_bZadztNnbHjXj3DdifO9aT-zLpzZMbvvpApufSGG6ijndZC622_okPabcHo/w640-h480/%D7%A9%D7%A8%D7%95%D7%9F-%D7%97%D7%A1%D7%93%D7%90%D7%99.jpeg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Exemplar de mandrágora. </span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora as folhas, flores e frutos da mandrágora sejam usados desde a Antiguidade para fins medicinais ou mágicos. Entretanto, a parte mais famosa dessa planta consiste em sua raiz. As mandrágoras possuem raízes que lembram a mandioca, a macaxeira, a batata, a cenoura. Entretanto, em alguns casos as raízes da mandrágora se assemelhavam ao formato humano, por isso, o surgimento das lendas e seu papel na magia. Porém, a ideia de que toda raiz teria um formato humanoide é errada. Isso a ficção e as lendas popularizaram ao extremo. Em muitos casos as raízes dessa planta não tem essa aparência. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Na Europa medieval surgiu a lenda de que mandrágoras se originariam do sêmen de homens enforcados, por isso, suas raízes terem forma humanoide. Além disso, outras lendas diziam que as raízes de mandrágora gritariam ao serem arrancadas da terra, assim para uma pessoa evitar morrer, usava-se um cachorro, o qual era preso a planta e ao correr ele arrancaria a raiz, recebendo toda a carga do grito, vindo a morrer. Depois disso a pessoa poderia recolher a raiz em segurança. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYcWwbK0g0K7rS9GPJFKvaMXceD7dpJuG0RZ3O5tp3VoigWPYLgDcqwCuWIGLAiYPn67dtZrFHIDRRlo1YiaKEvMhUxJmg3bbuzDmUY7MJHD7ScKmBAUuMnXp9t2t1lnb3E2k-_frz9VzPm-DxnUULnryE6HwNHI0-YiZAXj01K3QH8v4ac2tOzIPHbP-s/s838/be57b075662b767acdb5e71ecee4bcce.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="838" data-original-width="736" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYcWwbK0g0K7rS9GPJFKvaMXceD7dpJuG0RZ3O5tp3VoigWPYLgDcqwCuWIGLAiYPn67dtZrFHIDRRlo1YiaKEvMhUxJmg3bbuzDmUY7MJHD7ScKmBAUuMnXp9t2t1lnb3E2k-_frz9VzPm-DxnUULnryE6HwNHI0-YiZAXj01K3QH8v4ac2tOzIPHbP-s/w562-h640/be57b075662b767acdb5e71ecee4bcce.jpg" width="562" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Pintura medieval representando um homem tapando os ouvidos, enquanto usa um cachorro para arrancar a raiz de uma mandrágora. Para o animal não fugir, ele é enganado com uma tigela de comida. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">Elementos mágicos</b></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O uso da mandrágora para fins medicinais e mágicos gira entorno da ambiguidade. Desde a Idade Antiga há relatos entre os gregos, romanos, egípcios, persas, hebreus, árabes e outros povos falando bem ou mal dessa planta. Uns apontavam que suas raízes, frutos e folhas eram tóxicos, sendo utilizados para o preparo de venenos. Outros comentam que até a ingestão dessas partes poderia causar vômitos, diarreia e outros problemas de saúde. Porém, devido as lendas surgidas sobre essa planta, especialmente suas raízes, há relatos que recomendavam seu uso para prepará-lo de medicamentos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O uso medicinal poderia advir da condição de que algumas substâncias da mandrágora empregadas em baixa dosagem ajudavam a aliviar algumas dores. O problema é que acertar a dosagem era a questão, fato esse que os remédios feitos com essa planta tendiam a gerar efeitos colaterais como dores, náuseas, tontura, febre, alucinação e convulsões. Em altas doses poderia levar até a morte. </span><span style="font-family: verdana;">Na prática não há um uso seguro da raiz, folhas e frutos da mandrágora para fins medicinais, pois</span><span style="font-family: verdana;"> suas propriedades químicas podem causar alucinações se ingeridas ou absorvidas pela pele e suas mucosas através de pastas ou unguentos. Por conta disso, praticantes de magia faziam uso dessa planta para terem visões. </span><span style="font-family: verdana;">(CAMPOS, 2014, p. 6).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os gregos, romanos, egípcios, hebreus e chineses receitavam o consumo de mandrágora para tratar de problemas de fertilidade, esterilidade, mas também outras doenças variáveis. Sobre isso, Guerrino (1959, p. 5) escreveu que o médico <b>Hipócrates</b> (460-370 a.C) dizia que em pequenas doses ela servia de calmante, já o filósofo <b>Aristóteles </b>(384-322 a.C) escreveu que seu consumo poderia causar entorpecimento ou sono, a depender da dosagem ministrada. </span><b style="font-family: verdana;">Plínio, o Velho</b><span style="font-family: verdana;"> (23-79 a.C)</span><span style="font-family: verdana;"> relatou o uso de mandrágora misturada com azeite e vinho para tratar dores nos olhos. </span><b style="font-family: verdana;">Celso</b><span style="font-family: verdana;"> a recomendava para tratar dores de cabeça, no quadril, no fígado, no baço; falta de ar (dispneia), ulcerações, inflamações uterinas etc. Nota-se por esses dois exemplos como não havia um consenso para os usos medicinais da mandrágora, pois por ser tratada como planta mágica lhe era atribuída uma suposta utilidade para muitos problemas de saúde. (GUERRINO, 1959, p. 5-6). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLwqqsKfGrE-Q2dB05Xt6YvgcVGa6Bu_JKrGBl3mqMF061k9i5KGm945UYKP2pN_xTgpqZXI9uwZ18jbpzO-oL1NFJjj7CLB-dlsrcOw3I53HfspJurllbD0gIbT-z00ty6_imyRQUkOb7wRvpTRv0FAZ21AZYLU7qBFOnLjrlAnQv7tjMY6V5T72I_Utr/s941/800px-NaplesDioscuridesMandrake.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="941" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLwqqsKfGrE-Q2dB05Xt6YvgcVGa6Bu_JKrGBl3mqMF061k9i5KGm945UYKP2pN_xTgpqZXI9uwZ18jbpzO-oL1NFJjj7CLB-dlsrcOw3I53HfspJurllbD0gIbT-z00ty6_imyRQUkOb7wRvpTRv0FAZ21AZYLU7qBFOnLjrlAnQv7tjMY6V5T72I_Utr/w544-h640/800px-NaplesDioscuridesMandrake.jpg" width="544" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Raízes de mandrágora num manuscrito grego do século VII. </span></td></tr></tbody></table><br /><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A planta também poderia ser utilizada para preparo de poções do amor e até como contraveneno. Ironicamente sabe-se do emprego de mandrágora para fins de envenenamento. O general romano <b>Cipião, o Africano</b> teria mandado envenenar com mandrágora o vinho dos cartagineses, gerando alucinações e náuseas nos soldados que o consumiram. Apesar de haver dúvidas se ele teria obtido sucesso nesse intento, realmente sabe-se que esses são efeitos colaterais causados pela ingestão de extrato de raiz de mandrágora. </span><span style="font-family: verdana;">(GUERRINO, 1959, p. 4).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A recomendação da mandrágora como sonífero é algo que marcou diferentes épocas. Aristóteles citou isso, depois <b>Oribásio</b> (325-403), <b>Isidoro de Sevilha</b> (c. 560-636), <b>Avicena </b>(c. 980-1037), entre outros eruditos receitavam a ingestão de raiz de mandrágora misturada ao vinho ou numa poção para ajudar a dormir. </span><span style="font-family: verdana;">(GUERRINO, 1959, p. 6).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No período medieval a mandrágora foi difundida em vários países europeus, havendo relatos positivos e negativos sobre ela. No caso dos séculos XII ao XV, é comum a abundância de relatos associando a mandrágora com a feitiçaria e a bruxaria, condições que a tornavam algo no mínimo suspeito. Neste caso, a planta, em especial sua raiz, era utilizada para diferentes tipos de poções, mas geralmente eram poções associadas com a fertilidade e o amor, sendo recomendada como afrodisíaco. (CAMPOS, 2014, p. 6).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Pedaços de raiz de mandrágora foram usados na Idade Média como amuleto de sorte e até para combater a infertilidade feminina e masculina, pois ao invés de se ingerir tal substância devido a sua nocividade, algumas pessoas optavam pela crença mágica dos amuletos de proteção e fertilidade. (GUERRINO, 1959, p. 4).</span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ7s9Kwqa85RX7kcv1USSrLCdnbhhWzqYwty9rC251_zXBehfB0jy5Wtqt-9YcAYvhAKhWb7t3iShBIR6Tk4T8Qaqqmiu_YRCQ46njwLWuy209x_75ZaGFZ55knHsaMPxJY1-p2fuhBaB6rN0vsnARGzQET87jLVQcMrNUYTODdhe0eRJdMBTulzqPyE_v/s1500/35d289d19e6bf2cc7926e7d3f0908c59.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1500" data-original-width="983" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ7s9Kwqa85RX7kcv1USSrLCdnbhhWzqYwty9rC251_zXBehfB0jy5Wtqt-9YcAYvhAKhWb7t3iShBIR6Tk4T8Qaqqmiu_YRCQ46njwLWuy209x_75ZaGFZ55knHsaMPxJY1-p2fuhBaB6rN0vsnARGzQET87jLVQcMrNUYTODdhe0eRJdMBTulzqPyE_v/w421-h640/35d289d19e6bf2cc7926e7d3f0908c59.jpg" width="421" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Pintura de 1500 mostrando as supostas versões masculina e feminina das raízes de mandrágora. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">De acordo com alguns estudiosos dos séculos XV e XVI, para a eficácia das poções e unguentos de mandrágora ser maior, deveria se observar se a raiz seria masculina ou feminina. Isso se dava especialmente no contexto de preparo de poções voltadas para fins de fertilidade e de amor. </span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas:</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>CAMPOS</b>, Luciana de. <b>Mandrágora: a planta das bruxas</b>. <i>Notícias Asgardianas</i>, vol. 6, 2014, p. 4-9. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>GUERRINO</b>, Antonio Alberto. <b>Historia de la mandragora</b>. Medicina & Historia, fascículo LIV, 1959, p. 4-15.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA: </b>No livro <b style="font-style: italic;">Harry Potter e a Câmara Secreta</b> (1998), mandrágoras realmente gritam quando são removidas da terra. No caso das adultas elas podem matar uma pessoa, mas as bebês causam desmaio. O momento se tornou icônico no filme. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 2:</b> <b>Nicolau Maquiavel </b>escreveu uma peça cômica chamada <b style="font-style: italic;">A Mandrágora</b> (1524), a qual ele satiriza a sociedade florentina. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 3: </b>No jogo <i><b>Odin Sphere</b></i> (2008) existem diferentes tipos de mandrágoras, que são raízes que se movem. Elas possuem distintas propriedades mágicas, sendo usadas para o fabrico de poções e até no preparo de alimentos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 4: </b>Em diferentes jogos as mandrágoras são utilizadas para o preparo de poções. <br /><br /></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-51392227996678011552023-10-12T18:09:00.003-03:002023-10-19T08:10:12.756-03:00Onna-musha: as mulheres guerreiras do Japão<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Erroneamente chamadas de samurais, as onna-musha consistiram numa tradição militar japonesa vigente entre os séculos XII e XVI, a qual treinava algumas mulheres, normalmente para defender seus lares e vilarejos, porém, em alguns casos as onna-musha foram treinadas para irem ao campo de batalha, lutando ao lado de ashikagas, arqueiros e samurais. No presente texto contei alguns aspectos sobre essas guerreiras da história nipônica.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Tomoe Gozen: a "primeira" onna-musha</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Não se sabe exatamente quando as onna-musha surgiram, entretanto, a primeira que ganhou fama na História foi Tomoe Gozen (?-1184?), a qual serviu o futuro xogum <b>Minamoto no Yoshinaka</b> (1154-1194), atuando na <b>Guerra Genpei</b> (1180-1185) que marcou o fim da <b>Era Heian</b> (794-1185) e o início do<b> Xogunato Kamakura </b>(1185-1333) fundado por Minamoto. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Pouco se conhece sobre a vida de Tomoe, a principal fonte que dispomos sobre ela é o <i><b>Conto dos Heike </b></i>(Heike Monogatori) que narra o confronto entre os clãs Taira e Minamoto durante a Guerra Genpei. Nesta crônica histórica é citado em alguns momentos a presença de uma guerreira que liderava tropas, chamada Tomoe Gozen, a qual servia Minamoto. Entretanto, nada se sabe sobre sua origem exatamente e como ela se tornou guerreira e ganhou a confiança do futuro xogum. A palavra Gozen é um título honorífico, não um sobrenome, o que dificulta ainda mais em saber a qual família Tomoe pertenceu. Mas é possível que ela pudesse advir da aristocracia ou até da nobreza, já que naquele tempo os casamentos arranjados entre os clãs respeitados era bastante comum. (TURNBULL, 2010, p. 9). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O <i>Conto dos Heike</i> descreve Tomoe como uma bela mulher de pele branca e longos cabelos pretos, sendo bastante habilidosa com o arco e a espada, e exímia na luta a pé e a cavalo. Sua bravura e força eram admiráveis e punha medo nos inimigos. </span><span style="font-family: verdana;">(TURNBULL, 2010, p. 9-10). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsV54jNmewiy-5KCfF7x0p_wWc9EFuyG9LXgJT81Ur8ilrUjg2HwO4KKh9dk1Xa4BvenUqovsLOlqxNspYTCum_E1FQzXOlBOKP4LsDgFt9aJqpZFkfxQdBDS0wqyOPnWkjeFMoArMLGeQr61QWIwj5QWxtHSW4REMRWdLpUWreIQN-wJ3XekTS1UBpVVQ/s670/320px-Tomoe-Gozen.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="670" data-original-width="320" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsV54jNmewiy-5KCfF7x0p_wWc9EFuyG9LXgJT81Ur8ilrUjg2HwO4KKh9dk1Xa4BvenUqovsLOlqxNspYTCum_E1FQzXOlBOKP4LsDgFt9aJqpZFkfxQdBDS0wqyOPnWkjeFMoArMLGeQr61QWIwj5QWxtHSW4REMRWdLpUWreIQN-wJ3XekTS1UBpVVQ/w306-h640/320px-Tomoe-Gozen.jpg" width="306" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Pintura do século XVI imaginando Tomoe Gozen. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora haja dúvidas quanto a existência de Tomoe, no entanto, sabe-se que no século XII já existiam algumas onna-musha (mestra em artes marciais), termo usado para se referir a mulheres que aprendiam a lutar. Normalmente elas eram instruídas no arco, na lança naginata, no combate desarmado, mas também aprendiam a lutar com espada e até outras armas. Vale ressaltar que a arte da guerra japonesa era predominantemente masculina, raramente mulheres conseguiam acessar esse meio e se destacar. </span><span style="font-family: verdana;">(NONAKI, 2015, p. 64). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Hangaku Gozen e o assalto ao Castelo Torisaka</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">É sabido que algumas mulheres chegaram a lutar no final do século XII e começo do XIII, especialmente nas primeiras décadas do Xogunato Kamamura. Sendo assim, além de Tomoe, outra guerreira que se destacou foi Hangaku, que também recebeu o título de Gozen. Pelo pouco que se conhece, ela teria sido filha de um samurai chamado <b>Jo Sukekuni</b>, que era vassalo do Clã Taira, a família rival do Clã Minamoto, o qual governava o xogunato. (COOK, 2006, p. 326).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com a morte de seu pai, Hangaku decidiu vingá-lo, então se uniu a seu tio e o filho dele, que iniciaram uma revolta chamada de <b>Rebelião Kennin</b> (1201), a qual contestava a autoridade do xogunato. Assim, Hangaku vestiu-se de homem e entrou na tropa da família para lutar. Neste ponto, diferente do que foi dito sobre Tomoe, a qual teria recebido treinamento militar e até chefiado tropas, Hangaku atuou como uma guerreira rebelde, participando da rebelião promovida pelo seu tio<b> Jo Nagamochi</b>. </span><span style="font-family: verdana;">(COOK, 2006, p. 327).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKIRSFNHRnREb4ld01c8xx5R-wZCuM83MPpyFh2MQKcpIOXHb8pebVp4IJudEKiQYYAF5szvVWwcJ4aWgWkK2R7h3EP1_l4Fbp46roi23lSDm3EMclQJe3srNTAiuV5M5TJPEkTvgGQtc-_kJYwChCclxIeHxoxvAGjbl6z5QPTZqi3LaIH1DeciunUUA_/s1194/Hangaku_Gozen_by_Yoshitoshi.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1194" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKIRSFNHRnREb4ld01c8xx5R-wZCuM83MPpyFh2MQKcpIOXHb8pebVp4IJudEKiQYYAF5szvVWwcJ4aWgWkK2R7h3EP1_l4Fbp46roi23lSDm3EMclQJe3srNTAiuV5M5TJPEkTvgGQtc-_kJYwChCclxIeHxoxvAGjbl6z5QPTZqi3LaIH1DeciunUUA_/w268-h400/Hangaku_Gozen_by_Yoshitoshi.jpg" width="268" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Pintura imaginando como seria Hangaku Gozen. Yoshithosi, c. 1865. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">O caso de Hangaku é interessante devido a condição de que na história japonesa várias mulheres que foram para à guerra tiveram motivações parecidas com a de Hangaku: vingar maridos ou familiares, ou defender suas terras, famílias e suseranos. Fato esse que as mulheres que optaram em fazer isso, algumas tinham treinamento militar, outras não foram treinadas, mas sabia usar o arco e a lança, então se disfarçavam de homem e se alistavam. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>As onna-musha no Período Sengoku (1467-1615)</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O Período Sengoku marcou o declínio do <b>Xogunato Ashikaga</b> (1336-1573), quando a partir da <b>Guerra de Onin</b> (1467-1477) os xoguns perderam sua autoridade sobre o país, permitindo a ascensão de daimiôs que passaram a disputar o controle de províncias e regiões, jogando o Japão nas guerras feudais que se estenderam por mais de um século. E por conta desse período de grande turbulência na história nipônica, em dados momentos houve a escassez de soldados, assim, algumas mulheres se voluntariaram para ir ao campo de batalha. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Ohori Tsuruhime</b> (1526-1543) era a filha de <b>Ohori Yasumochi</b>, sumo-sacerdote de um importante templo na ilha de <b>Oyamazumi</b>. Ela era descrita como valente e recebeu treinamento militar. Em 1541 seu pai e irmãos foram mortos numa batalha, Tsuruhime pegou as armas e partiu para o campo de batalha, lutando ao lado dos guerreiros que serviam seu pai. Ela inclusive divulgou a ideia de que seria a reencarnação de um avatar guerreiro que era venerado no santuário de sua família. Tsuruhime participou do ataque ao navio do general <b>Ohara Takakoto</b>, no intuito de matá-lo, obtendo sucesso na missão. Ela ainda participou de outras batalhas pelos dois anos seguintes. Em 1543 após ter perdido um dos conflitos, ela teria optado pelo suicídio. Tsuruhime foi comparada por alguns historiadores estrangeiros com Joana d'Arc. </span><span style="font-family: verdana;">(NONAKI, 2015, p. 65). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPcRF5Crahb0RVP2grdfT1TGMR0fa_Bcqv8htJ04JoAzXi7ym-AQfPY5iK8II_KziwGjrJpaecW5EgGgKrTtHjVh2dnQ3xAXAiSvLRdhofnGbcMG2WZpANsSj-Og2P__twqQtzf6Qab_eUaaG196bv3FBmtHghbGeBsiyB36uBrHJsmMtYXm0c66ecna8M/s798/2af6c2eec33c06a34bca3b508dd90999.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="618" data-original-width="798" height="496" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPcRF5Crahb0RVP2grdfT1TGMR0fa_Bcqv8htJ04JoAzXi7ym-AQfPY5iK8II_KziwGjrJpaecW5EgGgKrTtHjVh2dnQ3xAXAiSvLRdhofnGbcMG2WZpANsSj-Og2P__twqQtzf6Qab_eUaaG196bv3FBmtHghbGeBsiyB36uBrHJsmMtYXm0c66ecna8M/w640-h496/2af6c2eec33c06a34bca3b508dd90999.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ilustração representando Ohori Tsuruhime atacando o general Ohara Takakoto.</span></td></tr></tbody></table><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Houve casos de mulheres que se uniram as milícias de um <b>ikki </b>(grupo rebelde) que se opunha ao domínio de algum daimiô. Durante o Período Sengoku isso foi comum em diferentes momentos, havendo o surgimento de vários ikkis pelo país. Stephen Turnbull (2010, p. 17) cita o caso do Ikko-ikki, um grupo rebelde com influência budista, que atuou entre as décadas de 1570 e 1580, confrontando a autoridade e a opressão de<b> Oda Nobunaga </b>(1534-1582). Nos relatos da época é mencionado que algumas tropas contavam com onna-musha. Em 1575 numa grande vitória contra o Ikko-ikki, Nobunaga ordenou a execução de milhares de rebeldes, incluindo as mulheres também que lutaram ou ajudaram os rebeldes. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No ano de <b>1590</b> durante as campanhas de <b>Toyotomi Hideyoshi </b>(1537-1598), no ataque realizado ao <b>Castelo Oshi</b>, na província de Musashi, <b>Kaihime</b>, a viúva do daimiô <b>Narita Ujinaga</b>, assumiu o controle de sua defesa, o que incluiu colocar até mesmo as servas para lutarem durante o cerco. O castelo foi capturado, Kaihime se rendeu e foi poupada, porém, algumas das mulheres preferiam saltar das muralhas, optando pela morte do que se tornarem escravas dos captores. A violência contra as mulheres durante os anos de guerra era muito comum. Em geral as nobres eram poupadas, pois se tornavam reféns ou forçadas a se casar para fomentar alianças familiares. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No cerco do <b>Castelo de Hondo</b> ocorrido em <b>1590</b> houve a participação de onna-musha, inclusive o padre português <b>Luís Fróis </b>(1533-1597), que relatou a respeito dessa batalha, escreveu que pelo menos 300 mulheres participaram da última tentativa de defesa, ocorrida em 1590. O castelo já estava avariado pelo cerco de meses, sobrando poucos homens para defendê-lo, então Fróis escreveu que a esposa do comandante reuniu todas as mulheres, mandou elas pegarem armas como lanças, arcos, espadas e facas, então marcharam até o portão. Algumas das mulheres, segundo o relato do padre, cortaram os cabelos curtos, outras vestiam apenas kimonos, algumas chegaram a colocar armadura. Algumas das onna-musha eram cristãs, pois carregavam rosários e crucifixos consigo. Fróis relatou que embora elas tenha matado vários homens, o exército inimigo era superior e as massacrou, mas a bravura daquelas 300 onna-musha foi registrada na História. (TURNBULL, 2010, p. 45). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Na importante<b> Batalha de Sekigahara </b>(1600) que marcou o caminho da ascensão iminente de <b>Tokugawa Ieyasu </b>(1543-1616) para se tornar o novo xogum, nessa batalha mulheres também participaram. Foi uma das maiores batalhas do Período Sengoku, estimativas apontam mais de 150 mil guerreiros envolvidos no conflito, havendo dezenas de milhares de mortos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>As onna-musha no século XIX</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com o fim do Período Sengoku e o estabelecimento do <b>Xogunato Tokugawa</b> (1603-1868), vieram os anos de paz, embora alguns conflitos eventuais ocorreram nesse meio tempo. Porém, a necessidade de se manter mulheres guerreiras se tornou desnecessária, inclusive parte dos samurais foram dispensados do serviço militar, indo tornar-se fazendeiros, comerciantes, funcionários públicos e estudiosos. Alguns até viraram ronins e mercenários. Dessa forma, somente tivemos relatos de onna-musha atuando no ano de 1868, durante a queda do xogunato. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A <b>Guerra Civil Bonshin</b> (1868-1869) marcou o conflito entre os monarquistas apoiadores do imperador Meiji contra os defensores do xogunato Tokugawa. A guerra resultou na derrota do xogunato, apesar que seus apoiadores ainda tentaram reverter o resultado com novas batalhas nos anos seguintes, mas sem sucesso. De qualquer forma, em alguns dos conflitos dessa guerra civil, mulheres estiveram na frente de batalha, sendo o último relato conhecido propriamente de onna-musha em atuação numa guerra.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com a necessidade de combatentes, mulheres foram aceitas em algumas tropas. Armadas com arcos, naginatas e as vezes espadas e rifles, as tropas femininas mesmo sem treinamento militar (somente algumas poucas sabiam lutar, pois eram filhas de samurais ou militares) foram a campo. Algumas delas se voluntariaram para defender suas famílias, terras, vingar maridos e familiares, e algumas até mesmo teriam aderido a causa política de um dos lados.. A Batalha de Aizu (1868) no contexto da guerra civil foi um marco da participação das onna-musha. (TURNBULL, 2010, p. 53). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt5L5qC6cDTJAiZKSjII1ChaIhyphenhyphenFsatIkc6-nf1X3F0yRs0s6hNm6tvgQ4C7kk7LXlEAFap_pDP0JKrYhPH3Lel-xSUz3ujdgG_ANFSky5UrWRz3TKGQEvzEA_2Org52BY19rKh2DAMLFRX2Ihyphenhyphene6467QFBHpQZF44uZE6Luj8PPKULsvWzg_Ud8GFtn21/s1280/Aizu_War_Records_by_Adachi_Ginko_1877.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="645" data-original-width="1280" height="322" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt5L5qC6cDTJAiZKSjII1ChaIhyphenhyphenFsatIkc6-nf1X3F0yRs0s6hNm6tvgQ4C7kk7LXlEAFap_pDP0JKrYhPH3Lel-xSUz3ujdgG_ANFSky5UrWRz3TKGQEvzEA_2Org52BY19rKh2DAMLFRX2Ihyphenhyphene6467QFBHpQZF44uZE6Luj8PPKULsvWzg_Ud8GFtn21/w640-h322/Aizu_War_Records_by_Adachi_Ginko_1877.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Onna-musha representadas numa pintura sobre a Batalha de Aizu. Adachi Ginko, 1877. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Durante a Batalha de Aizu se notabilizaram algumas mulheres, uma delas que ganhou destaque foi <b>Nakano Takeko</b> (1847-1868) que empunhando uma naginata, liderava as tropas femininas. Takeko tinha 20 anos quando passou a liderar mulheres no combate na defesa de Aizu quando as tropas imperiais. A irmã e mãe de Takeko chegaram a participar das lutas, além de amigas, vizinhas e mulheres de outras localidades da região. </span><span style="font-family: verdana;">(TURNBULL, 2010, p. 54). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlypSIISF-BQhAAgrIeY0nrMzpVWc0ow3orLySCdb-BcfcNx4_OwE6EejMNBq0k8TpoXybJFD0muG9vpJsvWUF5GEitpdlRbiH5e9I3tC9ZuGNdpW8702Du8_WuwNemjFvDMwigiYzK7EAf5JUslu2n07D3WAP7ctUFCnxBbKi-Cer4iIEtyxzN-gDc_Zx/s600/Nakanotakekostatue.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="445" data-original-width="600" height="474" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlypSIISF-BQhAAgrIeY0nrMzpVWc0ow3orLySCdb-BcfcNx4_OwE6EejMNBq0k8TpoXybJFD0muG9vpJsvWUF5GEitpdlRbiH5e9I3tC9ZuGNdpW8702Du8_WuwNemjFvDMwigiYzK7EAf5JUslu2n07D3WAP7ctUFCnxBbKi-Cer4iIEtyxzN-gDc_Zx/w640-h474/Nakanotakekostatue.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Estátua da onna-musha Nakano Takeko, em Aizubange, em Fukushima. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Anos depois ocorreu a <b>Rebelião de Satsuma</b> (1877), uma revolta iniciada por apoiadores do xogunato, mesmo ele tendo sucumbido onze anos antes, ainda existiam japoneses contrários ao fim do governo dos xoguns. Assim, em Satsuma tivemos a eclosão de uma revolta que foi rechaçada pelas tropas imperiais. Na ocasião, algumas mulheres chegaram a lutar contra a polícia e o exército. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A Rebelião de Satsuma durou algumas semanas, contando com milhares de envolvidos, foi uma das últimas revoltas promovidas pelos samurais e seguidores inconformados com o fim do xogunato Tokugawa. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwR3YKv9Y1qLdUYZ88hmHf1xGgmah5GI_JC_RcTbOXn6Qr9_tnksvCr3ktC2H-zmPEWI8t6DZl75rhMOfX3A7N9S7CDMZgBY9NSvomSvBRO0RZQSlvNIbNHWmXM-S8BtTed3LrbMYM2tBhMOwpI93pDMVmW3DI4YC181bDifzXAr8BrnTTc3KAeyCy9Xqh/s1280/Subjugation_of_Kagoshima_in_Sasshu_(Satsuma)%20(1).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="617" data-original-width="1280" height="308" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwR3YKv9Y1qLdUYZ88hmHf1xGgmah5GI_JC_RcTbOXn6Qr9_tnksvCr3ktC2H-zmPEWI8t6DZl75rhMOfX3A7N9S7CDMZgBY9NSvomSvBRO0RZQSlvNIbNHWmXM-S8BtTed3LrbMYM2tBhMOwpI93pDMVmW3DI4YC181bDifzXAr8BrnTTc3KAeyCy9Xqh/w640-h308/Subjugation_of_Kagoshima_in_Sasshu_(Satsuma)%20(1).jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Algumas onna-musha enfrentando tropas imperiais durante a subjugação de Kagoshima, durante a Rebelião de Satsuma. Yoshitoshi, 1877. <br /><br /><div style="text-align: justify;"><b>As onna-musha foram samurais mulheres?</b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">As vezes é possível encontrar tal referência, inclusive em livros e artigos, mas o termo estaria certo? Aqui temos um problema de interpretação e delimitação. Os <b>samurais não eram apenas guerreiros</b>, mas entre os séculos XII e XIX eles consistiram numa <b>classe social militar</b>, com direitos, deveres e regalias. Tornar-se samurai significava ascender a essa classe que poderia abrir oportunidades para um guerreiro se tornar funcionário público, subir na hierarquia militar e até se tornar um aristocrata, e em alguns casos até um nobre.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Além disso, <b>samurais eram guerreiros juramentados</b> a outros samurais, algo parecido com a relação de vassalagem e suserania no feudalismo europeu. Inclusive os samurais deveriam prestar votos de juramento e servidão. Quando um samurai prestava tais votos, sua família automaticamente também estava sujeita a vassalagem ao mestre dele. Por tal condição as mulheres estavam indiretamente sujeitas ao juramento feito por seus pais, tios, irmãos e maridos. Mas essa sujeição indireta não a tornava um samurai. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Sendo assim, uma mulher nascer na classe dos samurais não a tornava um samurai, até porque havia homens dessa classe que não eram samurais, mas exerciam outros ofícios. Sendo assim, é comum manter esse equívoco que o fato de uma onna-musha ser uma guerreira isso a tornava um samurai, mas em geral elas não eram juramentadas, vinha, das classes baixas, não tinham treinamento militar. Elas estariam mais próximas do ashikaga, termo usado para o soldado comum. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Além disso, vale frisar que no século XIX a literatura e o teatro romantizaram as onna-musha, com direito a ter livros e peças falando delas e até representando de forma fictícia algumas onna-musha famosas como Tomoe Gozen. Inclusive data do XIX fotos de mulheres vestidas com armaduras samurais, sugerindo que seria as tais mulheres samurais, mas na verdade são fotos feitas por atrizes ou modelos, ou por filhas e netas de samurais, que para orgulhar seus antepassados, faziam aquelas fotos. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnuhCHzzIjkWQG1USmzq0Jt10N2T8DVCtldGaHzkCoHcXCNbM6jHPfLfYMHFIrBopRsMubo7NDM3rJ0jBUUA8A9k6dj7uNZNuHypkqJBTzTXjoulFZyDPGqIHhaZQM_uHxGgG46OSbb08qceAMe-ttYj9vhSP-eis-QXmdzgVd_NN-G5Q6kdxQjgFY22Np/s640/e17d21a7f5bf76c140bbc1aae306137e--japanese-warrior-th-century.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="403" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnuhCHzzIjkWQG1USmzq0Jt10N2T8DVCtldGaHzkCoHcXCNbM6jHPfLfYMHFIrBopRsMubo7NDM3rJ0jBUUA8A9k6dj7uNZNuHypkqJBTzTXjoulFZyDPGqIHhaZQM_uHxGgG46OSbb08qceAMe-ttYj9vhSP-eis-QXmdzgVd_NN-G5Q6kdxQjgFY22Np/w405-h640/e17d21a7f5bf76c140bbc1aae306137e--japanese-warrior-th-century.jpg" width="405" /></a></div>Foto de uma atriz vestida como samurai. Fotos assim se tornaram comuns nas últimas décadas do XIX por conta da popularização das histórias de onna-musha que lutaram em 1868 e 1877. <div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Por fim, pode-se falar que houve samurais mulheres? A afirmação é difícil. Se a mulher não fez o juramento típico para se tornar um samurai (lembrando que o juramento era diferente dependendo da época) e se ela não era reconhecida como tal, o fato de ela ser uma guerreira, mesmo pertencendo a classe dos samurais, não a definia como um samurai. Fato esse que os historiadores japoneses até evitam usar o termo samurai mulher, optando por onna-musha mesmo. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>NOTA:</b> O termo onna-bugeisha é uma interpretação errada de onna-musha. E hoje em dia está em desuso. </div><div style="text-align: justify;">NOTA 2: Nos jogos de videogame e alguns animes e mangás é comum vermos onna-musha, embora historicamente a presença delas fosse algo pontual em algumas batalhas. Não houve tropas fixas de mulheres. </div><div style="text-align: justify;"><b>NOTA 3:</b> Em <i><b>Samurai Warriors 5 </b></i>(2021) além das onna-musha fictícias do jogo, é possível ver guerreiras armadas com naginatas, lutando ao lado dos soldados comuns. Essas seriam as onna-musha reais. </div></span></td></tr></tbody></table><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas:</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>COOK</b>, Bernard. <b>Women and War: A Historical Encyclopedia from Antiquity to the Present</b>. New York, ABC-CLIO, 2006. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOWAKI</b>, Rochelle. <b>Women warriors of Early Japan</b>. Hononu, vol. 13, 2015, p. 63-68. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>TURNBULL</b>, Stephen. <b>Samurai Women: 1184-1877</b>. Illustrated by Giusepe Rava. New York, Osprey, 2010. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Links relacionados:</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2022/03/kunoichi-as-ninjas-mulheres.html">Kunoichi: as ninjas mulheres</a><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2022/07/o-que-foram-os-xogunatos.html"><span style="font-family: verdana;">O que foram os xogunatos?</span></a><br /></div><div style="text-align: justify;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2016/07/ninjas-x-samurais-cronicas-de-uma.html"><span style="font-family: verdana;">Ninjas x samurais: crônicas de uma guerra feudal (XV-XVII)</span></a><br /></div><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-71097532058127464282023-10-01T12:30:00.003-03:002023-12-12T09:09:51.089-03:00O que se estuda na história da sexualidade? <p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A história da sexualidade costuma ser mal compreendida, sendo confundida como uma espécie de Sexologia histórica, ou uma área de estudo voltada para falar apenas de práticas sexuais, que acaba gerando o preconceito de que se trata de uma forma "culta" em falar de "putaria". No entanto, o termo sexualidade no contexto historiográfico engloba não apenas as relações sexuais, mas também a orientação sexual, a sensualidade e uma série de aspectos culturais e sociais relacionados a isso, como será visto adiante. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Para facilitar essa explicação, dividi o texto em segmentos temáticos, nos quais expliquei cada um dos diferentes assuntos e algumas abordagens pelos quais podem ser estudados a partir da história da sexualidade. Nesse quesito, uma das inspirações para esse texto adveio do filósofo e historiador <b>Michel Foucault </b>(1926-1984), o qual escreveu uma tetralogia intitulada <i><b>História da sexualidade</b></i>, publicada em diferentes anos. Nesses livros Foucault analisou o tema principalmente a partir de um viés sociocultural tratando de tabus, repressão sexual, orientação sexual, perspectiva médica etc. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgC4mIJmD7uq1L1QdYsUcuP5tcA9lnQyjKms_xaMjluBgJOFVmKPyn5CJ8jxZD50SrERuamjR9dC5qhwXZOjuJcXxH5msuOxd1Rz6zaP0yJgyA43yhyphenhyphenOdJPl4oAGKqhsxe2YWhrYmK_c_pCpUcoyOnEkj0ZYn4oKtvpH0rOmAGJakcSyIFDhgQ51F-SQzIy/s2016/il_fullxfull.2604976995_5po0.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1512" data-original-width="2016" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgC4mIJmD7uq1L1QdYsUcuP5tcA9lnQyjKms_xaMjluBgJOFVmKPyn5CJ8jxZD50SrERuamjR9dC5qhwXZOjuJcXxH5msuOxd1Rz6zaP0yJgyA43yhyphenhyphenOdJPl4oAGKqhsxe2YWhrYmK_c_pCpUcoyOnEkj0ZYn4oKtvpH0rOmAGJakcSyIFDhgQ51F-SQzIy/w640-h480/il_fullxfull.2604976995_5po0.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Edições francesas da História da Sexualidade de Michel Foucault. O quarto livro ainda não tinha sido lançado na época dessa foto, inclusive ele é uma publicação póstuma. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>1) O sexo na História</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O primeiro tema que pode ser abordado diz respeito como o ato sexual foi e é visto ao longo da História. Aqui se trata propriamente de uma análise histórica mais tradicional, assinalando como as <b>práticas sexuais</b> eram compreendidas em diferentes sociedades, épocas e culturas, evidenciando o que era permitido, tolerado e proibido. </span><span style="font-family: verdana;">Aqui o historiador ou pesquisador elenca seus objetos de estudo, recortes temporais, casos a serem investigados.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Neste ponto pode-se estudar não apenas o ato sexual em si, mas também a percepção da orientação sexual, as leis e crimes sobre o sexo, a prostituição, as representações artísticas sobre a nudez e o sexo, a pornografia, as doenças sexuais, as políticas de controle do corpo (biopolítica), a moda, a indústria da beleza, as questões morais, religiosas, políticas sobre o sexo; o erotismo, o fetichismo sexual, o casamento, a poligamia, o concubinato, a virgindade etc. Esses são alguns dos vários exemplos gerais pelos quais a história da sexualidade pode ser pesquisada. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Neste primeiro tema apresentado pode-se estudar tais questões a partir de uma abordagem da história cultural, social, política, econômica, religiosa, artística e até mesmo num estudo interdisciplinar com a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia etc., o que revela como a história da sexualidade permite múltiplas abordagens. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>2) Nudez, corpo e sexo</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Outra forma de abordagem do tema é inspirada diretamente nos estudos de Foucault, especialmente nos que ele analisou o seu <b>conceito de biopolítica</b>. Aqui evidenciamos como é possível estudar a sexualidade a partir da compreensão da nudez e do corpo humano. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No caso, ambos podem ser analisados a partir das representações artísticas como pinturas, esculturas, cinema, fotografia, teatro, videogames, arte digital etc., realizando-se análises culturais, sociais, estéticas para compreender a noção de belo, feio, padrões de beleza, moda, indústria cultural. Trata-se de uma análise que pode ser aplicada tanto ao passado quanto ao presente, pois a beleza é cultural como assinalou <b>Umberto Eco</b> e outros estudiosos, apontando que tais noções mudam com o tempo, a cultura e o lugar. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCG11kv0hg_z8w8D-GdD92l-rGzAf_yHN6Bx_yFQwx6zyp1lOCk9QkXzPAZDrdMe8LEjt-Bwb_603OhoIxb9UwdV1r2OIvoB_v-MbH8qJFr32osCy7kV1Fsd2-xLEF3Bnmb2ui5q7wgJ0fBwkLvIMZaY8i5S8h3qCNfEnTSTGo_KYQBNEz0HOME0ZHBQUw/s1200/670442.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="708" data-original-width="1200" height="378" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCG11kv0hg_z8w8D-GdD92l-rGzAf_yHN6Bx_yFQwx6zyp1lOCk9QkXzPAZDrdMe8LEjt-Bwb_603OhoIxb9UwdV1r2OIvoB_v-MbH8qJFr32osCy7kV1Fsd2-xLEF3Bnmb2ui5q7wgJ0fBwkLvIMZaY8i5S8h3qCNfEnTSTGo_KYQBNEz0HOME0ZHBQUw/w640-h378/670442.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Os dois livros de Umberto Eco sobre a História da Beleza e a História da Feiura, nos quais ele abordou a percepção cultural sobre ambos</span>. </td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Mas também pode-se analisar isso através da política, da economia e da religião. No âmbito político pode-se investigar como diferentes sociedades estabeleceram normas, posturas e leis para permitir a exibição do corpo e da nudez, ou seja, até que ponto a nudez ou o corpo pouco vestido se tornava tolerável ou passava ser um crime, um atentado ao pudor. Vale lembrar que ainda hoje algumas sociedades não permitem que mulheres andem com pouca roupa, pois é considerado ofensivo. Por outro lado, quando os trajes de banho começaram a se popularizar no começo do XX, eles eram bem mais longos e menos sensuais. Quando o biquíni foi lançado na década de 1940, ele criou alarde. Foi considerado depravação. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No <b>quesito econômico</b> a nudez e o corpo podem ser analisados principalmente através da propaganda vinculada com as <b>indústrias da beleza, da moda e da pornografia</b>. Por tal quesito trata-se de uma abordagem mais contemporânea, remontando ao século XIX quando começaram a se delinear essas três indústrias, hoje mundialmente difundidas. Neste caso, cada uma dessas indústrias trata o corpo e a nudez de diferentes formas, sendo a pornografia a qual aborda esses aspectos de maneira profundamente erótica e sexista, condição essa que em alguns países a pornografia é considerada ilegal, um crime. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn5owBY9JKGSflI8C3_eF9VX1Zcr3rYu7BwHmozFpjXOx_15Wu9j6eHSEJ51zqy40VD4kijpt9PHbNt9l1o8QxGgD0dd4NV4r4hyX5RbOfxhqCHtwz9_oeaMiWH1Z7nlm8nm37ZZml3kgeBKLcLQaOTx2lbxq14tDJAt0SkoN6VcOVAXFhLy_cDNtiDI8W/s269/baixados.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="269" data-original-width="187" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn5owBY9JKGSflI8C3_eF9VX1Zcr3rYu7BwHmozFpjXOx_15Wu9j6eHSEJ51zqy40VD4kijpt9PHbNt9l1o8QxGgD0dd4NV4r4hyX5RbOfxhqCHtwz9_oeaMiWH1Z7nlm8nm37ZZml3kgeBKLcLQaOTx2lbxq14tDJAt0SkoN6VcOVAXFhLy_cDNtiDI8W/w278-h400/baixados.jpg" width="278" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Em A invenção da pornografia, Lynn Hunt e os demais autores mostram como a pornografia surgiu no Ocidente, originando-se do entretenimento baseado na nudez passando para o sexo. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ainda no âmbito econômico a nudez, o corpo e o sexo também podem ser analisados a partir da <b>prática da prostituição</b>, o que permite remontar isso a Antiguidade, analisando como a prostituição era realizada em diferentes épocas da História, ora sendo proibida, ocultada e normalizada. Vale lembrar que em muitos países atualmente a prostituição é legalmente um crime, mas ainda assim por conta da falta de fiscalização e da própria indiferença das autoridades, ela segue em atividade. </span><span style="font-family: verdana;">Sobre a prostituição também é possível analisá-la por um viés </span><b style="font-family: verdana;">jurídico, político e ético</b><span style="font-family: verdana;"> para interpretar essa prática comercial polêmica. E por essa conjectura adentramos ao </span><b style="font-family: verdana;">estudo legal sobre a nudez e o sexo</b><span style="font-family: verdana;">, estudando o atentado ao pudor, gestos obscenos, sodomia (termo pejorativo para a prática do homossexualismo masculino), importunação sexual, adultério, bigamia, abuso sexual, estupro, pornografia, pedofilia, zoofilia etc. No quesito legislativo é possível analisar em diferentes épocas e lugares as normas, leis e crimes sobre essas práticas que se tornaram imorais e criminosas. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhi_Zt9T9gMv5H_bJ5bi90lScjjz8qR_K8WCWSMD2g6IjvPY36EJG_McCOcHRp-XrkfJgDLzhGvhaVps35PFAMxRflhQ1HDB9EymA34Sh-XMld0tO6EpvjeKRTPcBYAky5fgqMoXW9NCuUQcruNLk50Z77KPVki9xD_uvN-r_amvixoQGz5aUOLdnXd1JN9/s296/2d5cd12b4722593b3dbab7b147fcccdbe8dff705.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="296" data-original-width="200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhi_Zt9T9gMv5H_bJ5bi90lScjjz8qR_K8WCWSMD2g6IjvPY36EJG_McCOcHRp-XrkfJgDLzhGvhaVps35PFAMxRflhQ1HDB9EymA34Sh-XMld0tO6EpvjeKRTPcBYAky5fgqMoXW9NCuUQcruNLk50Z77KPVki9xD_uvN-r_amvixoQGz5aUOLdnXd1JN9/w270-h400/2d5cd12b4722593b3dbab7b147fcccdbe8dff705.jpg" width="270" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Livro que estuda a prostituição em alguns contextos. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No <b>âmbito religioso</b> esses três temas também podem ser analisados de diferentes formas a depender de como a religião escolhida os compreendia. Normalmente pode-se pensar que todas as religiões tendem a condenar a nudez, o corpo e o sexo, mas não é bem assim, inclusive há crenças religiosas que enalteciam e enaltecem isso. </span><span style="font-family: verdana;">Vale lembrar que existiram e existem deuses e deusas da fertilidade, da beleza e do sexo. Dessa forma, existia e existem práticas religiosas associadas com tais divindades. Por outro lado, temos religiões que tratam a nudez pública como tabu, o homossexualismo e a masturbação como pecados; além de impor normas e regras para o controle do corpo. Um caso a respeito é visto no livro </span><b style="font-family: verdana;"><i>O martelo das bruxas</i></b><span style="font-family: verdana;"> (1484), obra que popularizou os </span><b style="font-family: verdana;">conceitos de bruxa e bruxaria</b><span style="font-family: verdana;">. Nesse livro o corpo e o sexo são malvistos, pois estão associados de forma leviana e perversa, em que as bruxas teriam supostamente relações sexuais com demônios e até mesmo praticariam a promiscuidade e outros atos sexuais imorais. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJByB6-DfoY_mu_Lsxi62F6iKSgye3naqMuvqek8MKd5h9g9HdgD64u5InvR318vHCXkQ9ELNtTPPxLNT9BIuwXJsAzp8UlVldZHQ4pVKiOLmURvT5MGorwHSfExp5dQzBlixtl55hFbH7X3CpmIxGfqt_M8CJmg5Gp2Rm2uVoVlxsyb2an_wW9ghc-24T/s1133/800px-J._Sprenger_and_H._Institutoris,_Malleus_maleficarum._Wellcome_L0000980.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1133" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJByB6-DfoY_mu_Lsxi62F6iKSgye3naqMuvqek8MKd5h9g9HdgD64u5InvR318vHCXkQ9ELNtTPPxLNT9BIuwXJsAzp8UlVldZHQ4pVKiOLmURvT5MGorwHSfExp5dQzBlixtl55hFbH7X3CpmIxGfqt_M8CJmg5Gp2Rm2uVoVlxsyb2an_wW9ghc-24T/w283-h400/800px-J._Sprenger_and_H._Institutoris,_Malleus_maleficarum._Wellcome_L0000980.jpg" width="283" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Frontispício de O martelo das bruxas (<i>Malleus Maleficarum</i>) em edição de 1669. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A nudez e o corpo também podem ser pensados por um <b>viés sociológico e antropológico</b> quando se estuda como ambos são compreendidos e tratados em <b>sociedades nas quais os indivíduos vivem nus</b>. Pode-se pensar que tal abordagem remeta apenas povos antigos, como as populações ameríndias e aborígenes, no entanto, isso não é exato. Ainda em pleno século XXI temos povos que seguem vivendo nus ou fazendo uso de pouca roupa. Sem contar que no passado ocorriam eventos em que ficar nu era comum, como o caso dos <b>jogos olímpicos</b> na Antiguidade. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">E vale ressalvar que atualmente temos <b>eventos em que as pessoas ficam seminuas ou com pouca roupa</b>, como o Carnaval, desfiles de roupa de banho, desfiles de lingerie, desfiles de roupas eróticas etc. Inclusive existe até a prática do <b>naturismo</b>, em que pessoas ficam totalmente nuas em praias, praças e outras localidades específicas. </span><span style="font-family: verdana;">A forma como a nudez e o corpo são compreendidos nesses exemplos é bem diferente entre si. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaQcrB7VJe_a-m4-6PMDp4yXTWvsHvgRHhW3eP6qPge_IoCCxL2l1Hthk3Ocn5ruOhNiPlUR4r2N5Ff9b21WVDLNRWxUZ8if9XsGM2fvFuOFFRuRNz9CiBjD8GSTFqdqfvgri1rtP5MN6HxR1tQKwSw_Taj0fFBUuIXlraycDfVQUHsSBm4xgoIH4oiSVc/s750/O%20CORPO%20NU.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="750" data-original-width="750" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaQcrB7VJe_a-m4-6PMDp4yXTWvsHvgRHhW3eP6qPge_IoCCxL2l1Hthk3Ocn5ruOhNiPlUR4r2N5Ff9b21WVDLNRWxUZ8if9XsGM2fvFuOFFRuRNz9CiBjD8GSTFqdqfvgri1rtP5MN6HxR1tQKwSw_Taj0fFBUuIXlraycDfVQUHsSBm4xgoIH4oiSVc/w400-h400/O%20CORPO%20NU.jpg" width="400" /></a></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ainda num <b>viés sociológico, cultural e acrescentando o psicológico</b>, corpo, nudez e sexo podem ser estudados por uma perspectiva do <b>entretenimento e da satisfação</b>. Aqui entra novamente a <b>pornografia e a prostituição</b>, mas acrescenta-se o<b> fetichismo sexual</b>, o <b>strip-tease</b>, o <b>vouyerismo</b>, a <b>masturbação</b>, a <b>arte erótica</b>, as <b>casas de swing</b> etc. Tais práticas sexuais expressam formas de entretenimento, satisfação sexual, assim como, podem ser analisadas socialmente, moralmente, psicologicamente, pois elas podem levar ao vício, a imoralidades, a transtornos e até distúrbios mentais. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O psiquiatra </span><b style="font-family: verdana;">Sigmund Freud</b><span style="font-family: verdana;"> (1856-1939) chegou a comentar sobre o ato de masturbação e sua relação com a percepção da sexualidade, da identidade do masculino e feminino, da relação familiar e com outras pessoas etc., em três ensaios que compõem a </span><b style="font-family: verdana;"><i>Teoria da Sexualidade </i></b><span style="font-family: verdana;">(1905). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsGK4FJCmHbOCznm3CWlMl6LolnFt5TLB06KIO5QhASFkXhXHqM9fbOwqUfWDiTnyUwN9uC01IOlWOUZxG9o2dGzA0mUfy0Ti2gpEsuJZ5qNCYnyFQmkEjQlENdjNAHjwdjDMQZ7OoIMFLCYkA1e-Jc_vCGSRXDlZgaVHg7w2ZhfEkncJ99kalCtmymwBS/s1000/614C6tnRGQL._AC_UF1000,1000_QL80_.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="655" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsGK4FJCmHbOCznm3CWlMl6LolnFt5TLB06KIO5QhASFkXhXHqM9fbOwqUfWDiTnyUwN9uC01IOlWOUZxG9o2dGzA0mUfy0Ti2gpEsuJZ5qNCYnyFQmkEjQlENdjNAHjwdjDMQZ7OoIMFLCYkA1e-Jc_vCGSRXDlZgaVHg7w2ZhfEkncJ99kalCtmymwBS/w263-h400/614C6tnRGQL._AC_UF1000,1000_QL80_.jpg" width="263" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Uma edição que reúne os ensaios de Freud sobre sexualidade. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>3) Orientação sexual e identidade de gênero</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ambos os termos costumam serem confundidos pelo senso comum, mas são distintos, embora tenham conexão entre si por conta da forma como a sexualidade é compreendida. A <b>orientação sexual</b> refere-se a condição pela qual um indivíduo <b>sente atração sexual</b>, condição essa que o define como heterossexual, homossexual, bissexual, pansexual, assexual etc. Por sua vez, a <b>identidade de gênero</b> diz respeito a forma como uma <b>pessoa se identifica culturalmente com as noções tradicionais de masculino e feminino</b>. Assim, aplica-se conceitos como cisgênero, transexual, queer, não-binário etc. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Sendo assim, a história da sexualidade pode abordar ambas as perspectivas. Por exemplo, analisar como o <b>homossexualismo e o bissexualismo</b> eram compreendidos na Grécia Antiga e na Roma Antiga, ou na Índia, na China, em populações indígenas, e até mesmo na Europa cristã medieval e no mundo islâmico. A orientação sexual nos permite fazer análises históricas mais longínquas no passado, diferente da identidade de gênero, que é um conceito contemporâneo que foi formalizado no século XX, apesar de haver alguns estudos que apliquem essa percepção para antes do século passado, o que é problemático por conta de gerar anacronismo. Embora se diga que no passado já houvesse pessoas que questionassem sua identidade de gênero, o conceito e a compreensão do que seria isso não existia, o que torna difícil sua aplicação.</span></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ_v0mwJGo6Ny2JapPBgLWB4cqmz0LEzE9r2owjpCm8WNdjJpz0I4BaLdYNI2hdnfWjpb4_oAg9a4EkS8L_EIvdpGJE3CfHjSxQ336KYoCteKgL_1E5AMojXXjtHgZWZS5rp_Wk9BWsa-1pweS8DiCP-zuULwxE8noP_Mi9zTq8byUsinguJTjXrRhkzvM/s350/41LQxdtNRIL._AC_UF350,350_QL50_.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="350" data-original-width="246" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ_v0mwJGo6Ny2JapPBgLWB4cqmz0LEzE9r2owjpCm8WNdjJpz0I4BaLdYNI2hdnfWjpb4_oAg9a4EkS8L_EIvdpGJE3CfHjSxQ336KYoCteKgL_1E5AMojXXjtHgZWZS5rp_Wk9BWsa-1pweS8DiCP-zuULwxE8noP_Mi9zTq8byUsinguJTjXrRhkzvM/w281-h400/41LQxdtNRIL._AC_UF350,350_QL50_.jpg" width="281" /></a></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entretanto, estudar a identidade de gênero sua relação com a orientação sexual, a sensualidade e a sexualidade, é algo que vem sendo feito normalmente nas últimas décadas, condição que os <b>estudos de gênero</b> consistem numa área já formalizada, com suas próprias teorias e abordagens. Vale ressalvar que tais estudos não abordam apenas outros tipos de gênero, mas também estudam a própria noção sociocultural de masculino e de feminino, algo visto em livros como a trilogia <i><b>História da Virilidade</b></i> e <i><b>O segundo Sexo</b></i> de <b>Simone de Beauvoir</b>. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIyhXGSrFFnnppkGOToe1JdHcxknd9cqOCdC29lfW8WMIEakiceO9BXlLaiigFkh6o53DIBHZb-lbfxJU37H76mrhBcu23mWCvRsqy1kpRD_919mystTq20RcrVxdlO13n8b9_sAB7pKrf6r7cp1-7fTYVVju2ZekWaH02MbsqVIajnhSuSOMynJqjrw4U/s2277/b13233d5eed778349325cf11c78475be619e5d0a.png"><img border="0" data-original-height="2277" data-original-width="1584" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIyhXGSrFFnnppkGOToe1JdHcxknd9cqOCdC29lfW8WMIEakiceO9BXlLaiigFkh6o53DIBHZb-lbfxJU37H76mrhBcu23mWCvRsqy1kpRD_919mystTq20RcrVxdlO13n8b9_sAB7pKrf6r7cp1-7fTYVVju2ZekWaH02MbsqVIajnhSuSOMynJqjrw4U/w279-h400/b13233d5eed778349325cf11c78475be619e5d0a.png" width="279" /></a></div><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nesta temática insere-se também estudos sobre o preconceito sobre as orientações sexuais e as identidades de gênero, abordando como isso ocorreu em diferentes épocas da História, estudando os métodos aplicados para se proibir isso, o repúdio (<b>homofobia, lgbtfobia, transfobia </b>etc.), o deboche; passando até para os atos de violência como agressões físicas, verbais, psicológicas, culminando em crimes de assassinato. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>4) Sexo e saúde</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Um dos temas abordados por Michel Foucault foi a relação entre sexo e saúde, já que ele tratou a questão da saúde em outras de suas obras, abordando-o por outras temáticas. Sendo assim, a partir da história da saúde é possível compreender o sexo de diferentes maneiras, sendo elas positivas ou negativas. Dessa forma é possível analisar através da História o que foi escrito pela <b>literatura médica </b>a respeito das diferentes compreensões sobre o sexo, sua necessidade, as práticas sexuais permitidas e proibidas, as doenças venéreas, os <b>transtornos psicológicos </b>como parafilia, pedofilia, zoofilia, necrofilia etc. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Assim, no âmbito da saúde o historiador ou pesquisador pode analisar desde o passado ao presente como <b>a saúde sexual foi sendo percebida, definida e desenvolvida</b>. Aqui entra-se também questionamentos culturais, sociais e religiosos que influenciaram a percepção médica, como o caso da teoria dos quatro humores surgida na Grécia Antiga e em voga ainda na Idade Média; as proibições religiosas para o sexo antes do casamento, a promiscuidade, a iniciação sexual de jovens (como a pederastia na Grécia Antiga), a permissão ou proibição da masturbação etc.</span></p><p style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg63JyCRLg8X5MKqZ1AePNYqo2f1YK-2A9IyWaWmdeqtV0ga1QKhJxFxP7IyX0-4TIaDPpmtH-TWfvk3T0iEcrGh0Rh6Whhw0ijPjpcmyBryiYJnB7yabpEJGnrgyrAombdx-Qh1lyNrLENj8fijmyLNRibyL3hYaKZWe8VJIKKoC96EjJOoP3xd5DncgxQ/s360/_e049907623751cc5ad04c8833fdc746ae0294159.jpg"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="240" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg63JyCRLg8X5MKqZ1AePNYqo2f1YK-2A9IyWaWmdeqtV0ga1QKhJxFxP7IyX0-4TIaDPpmtH-TWfvk3T0iEcrGh0Rh6Whhw0ijPjpcmyBryiYJnB7yabpEJGnrgyrAombdx-Qh1lyNrLENj8fijmyLNRibyL3hYaKZWe8VJIKKoC96EjJOoP3xd5DncgxQ/w266-h400/_e049907623751cc5ad04c8833fdc746ae0294159.jpg" width="266" /></a></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Pelo viés da saúde também pode-se estudar os <b>tratamentos para doenças sexualmente transmissíveis </b>como a <b>sífilis, a gonorreia, a candidíase</b>, até chegarmos a doenças mais recentes como a <b>AIDS</b> e os tabus e preconceitos a ela associada. </span><span style="font-family: verdana;">O estudo da saúde sobre o sexo e a sexualidade engloba também pesquisas sobre <b>medidas anticoncepcionais</b></span><span style="font-family: verdana;"><b>, gravidez precoce, natalidade, aborto, educação sexual</b>, <b>tratamento de vítimas de abusos sexuais ou de estupro </b>etc. </span></div></span><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-57173064370022319072023-09-26T21:55:00.002-03:002023-12-16T08:23:48.902-03:00Os castelos japoneses<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ao longo de séculos os japoneses construíram castelos em planícies, montanhas, colinas e cidades. E entre os séculos XII ao XVI houve uma construção massiva dessas fortificações de madeira e pedra, até o desenvolvimento da arquitetura militar para isso, pois foram tempos de guerra civil contínuas, que levaram os daimiôs a investirem em castelos para se proteger, mas também para impor respeito, intimidar e esbanjar riqueza. O presente texto conta um pouco da história dos castelos japoneses, os quais diferentes dos castelos vistos na Europa, possuíram sua própria arquitetura e estilos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Origens</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os castelos japoneses surgiram a partir de fortes de madeira que começaram a serem construídos no século III d.C. Tratava-se de fortificações simples com muros de madeira e torres de vigia, as quais cercavam uma fazenda ou vilarejo. Mais tarde os japoneses adotaram padrões vistos na Coreia e na China, construindo fortes de madeira maiores e com muros mais robustos. (TURNBULL, 2008, p. 4-6).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Foi no século VII que surgiram propriamente os primeiros castelos japoneses, os quais combinavam torres fortificadas com muros de madeira ou de pedra, possuindo torres de vigia. Um exemplo que ainda se encontra de pé dessa época é o <b>Castelo Kikuch</b>i, cuja arquitetura foi influenciada por modelos coreanos, pois naquele século a corte de Yamato realizou expedições de invasão à península coreana, aprendendo com o povo vizinho a respeito de arquitetura militar e outros saberes. </span><span style="font-family: verdana;">(TURNBULL, 2008, p. 6-7).</span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghFxn5e-5Wxw0N9lqska4PnQaBy2INhq50teLMIJyOvZ78ldkDPH7cHEhkFUZlG-DLrl4CbYjQKIhOR3rtcuk9Ygo4sSG-nL-6GUya7AWcs3IDcL-lWuiCijiUxKmHnJwigANrYZJIChMQUrld2TX8G_v4L9H44MMm_hipdQ4a3Vx3EgXgUWld4LaIKuF_/s1200/800px-%E9%9E%A0%E6%99%BA%E5%9F%8E%E9%BC%93%E6%A5%BC.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghFxn5e-5Wxw0N9lqska4PnQaBy2INhq50teLMIJyOvZ78ldkDPH7cHEhkFUZlG-DLrl4CbYjQKIhOR3rtcuk9Ygo4sSG-nL-6GUya7AWcs3IDcL-lWuiCijiUxKmHnJwigANrYZJIChMQUrld2TX8G_v4L9H44MMm_hipdQ4a3Vx3EgXgUWld4LaIKuF_/w426-h640/800px-%E9%9E%A0%E6%99%BA%E5%9F%8E%E9%BC%93%E6%A5%BC.jpg" width="426" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">A torre central do Castelo Kikuchi, construído em 687. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ao mesmo tempo que a invasão a Coreia ocorria, conflitos internos também se desenvolviam, levando alguns nobres a construírem castelos e fortes para si. Por conta disso começaram a surgir fortificações em montanhas, vales, colinas e até novas formas de arquitetura defensiva como o emprego de fossos com água, levando a originar o termo <i><b>mizuki </b></i>(fortificação da água). Além disso, os castelos e fortes não atuavam apenas para fins militares de defesa do território, também serviam de base de operações para campanhas, depósito de suprimentos e até refúgio para os moradores locais. Em alguns casos os castelos também serviam de lar para nobres, mesmo que por um breve período. </span><span style="font-family: verdana;">(TURNBULL, 2008, p. 7-9).</span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com o fim das ondas de guerra civil ocorridas no século VII e do VIII teve início o <b>Período Heian</b> (794-1192), marcado por uma paz mais duradoura, condição que as guerras reduziram drasticamente, havendo conflitos pequenos e esporádicos, fato que reduziu a necessidade de construção de novos castelos e fortes. Assim, as construções que não foram destruídas nas guerras anteriores, foram mantidas. Todavia, no século XI os conflitos voltaram a se acirrar como a <b>Guerra Zenkunen</b> (1051-1062) e a <b>Guerra Gosannen </b>(1083-1087) marcaram uma escalada de violência que levou a construção de novas fortificações. </span><span style="font-family: verdana;">(TURNBULL, 2008, p. 13-15).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Os castelos do xogunato </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com a crise dinástica do final do Período Heian, isso permitiu a ascensão do xogum <b>Minamoto Yoritomo</b> (1144-1199) que implementou o governo do xogunato, uma espécie de ditadura militar baseada em preceitos monarquicos e feudais. O governo de Minamoto originou o chamado Período Kamakura (1192-1333) que consistiu numa reformulação política, econômica e social do Japão. O imperador perdeu sua autoridade política e militar, a qual passou a ser controlada pelo xogum, deixando o monarca como figura simbólica e associada a questões religiosas. Os samurais se tornaram uma classe social importante e com poder. A aristocracia rural originou os daimiôs (senhores feudais). (YAMASHIRO, 1964).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No âmbito dos castelos esses sofreram uma reformulação arquitetônica motivada principalmente após as invasões mongóis de <b>1274 e 1281</b>, as quais assolaram as ilhas de<b> Tsushima e Iki</b>, a <b>baía de Hakata</b> e suas cercanias. Os exércitos mongóis foram enviados pelo imperador<b> Kublai Khan </b>na tentativa de se conquistar o Japão, nas duas invasões realizadas os mongóis, chineses e coreanos que compunham aquele exército, utilizaram armas de fogo, e os explosivos impactaram os japoneses. Suas fortificações de madeira não eram páreas para o poder da pólvora. Diante disso, após a vitória sobre os mongóis, os xoguns e comandantes militares começaram a ordenar que as muralhas dos castelos e fortes fossem feitas com pedras, temendo que os invasores pudessem retornar, mas isso nunca mais aconteceu. (SANSOM, 1958). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora os mongóis não tenham retornado, entretanto, no século XIV eclodiram violentas batalhas como a <b>Guerra Genko</b> (1331-1333) que marcou o final do domínio do xogunato Kamakura, iniciando o <b>xogunato Ashikaga</b> (1336-1573) época em que os conflitos iriam piorar cada vez mais, iniciando o <b>Período Sengoku</b> (1467-1615), a época das guerras feudais, quando os xoguns Ashikaga perderam o controle e a autoridade, então vários daimiôs começaram a disputar o controle de suas regiões e províncias, gerando uma época de décadas de guerras. E por conta desse período beligerante muitos castelos e fortes foram construídos. (HENSHALL, 2004). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Data também dos séculos XIV e XV a adoção de castelos maiores e com vários cômodos, parecendo verdadeiras mansões militares, pois os castelos se tornaram bases de operação e o lar de daimiôs, abrigando dezenas e mais de uma centena de pessoas. Além disso, foi nessa época que se popularizou os <b>castelos de montanha</b> (yamashiro), considerados os mais difíceis castelos a serem atacados por conta do seu terreno acidentado e que dava pouca margem para se fomentar cerco com catapultas e até mesmo o emprego de escadas. (TURNBULL, 2008, p. 20). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>A era de ouro dos castelos japoneses</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Castelos são originalmente edificações militares, construídas para a defesa de um território e seu povo. Logo, em tempos de acirrada guerra, os engenheiros militares tiveram que desenvolver novas técnicas e estruturas para melhorar as edificações. Nos séculos XVI e XVII os castelos japoneses se tornaram as grandes e complexas estruturas que hoje conhecemos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Foi nesse período que os castelos se tornaram robustas torres de menagem, com quatro a cinco andares, possuindo vários cômodos para abrigar a família do daimiô e seus samurais, o que levou alguns castelos se tornarem vilarejos contendo casas, oficinas, estábulos, jardins, pátios etc. Além de uma torre principal, os castelos possuíam cinturões de muralhas de pedra, contendo seteiras e vários portões. Torres de vigia, fossos secos ou com água. Vale ressalvar que os castelos eram construídos em montanhas, colinas, planícies, cidades e vilas. Dependendo do terreno as estruturas defensivas variavam. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaTh9kTKGEGalfH9i-9lAmErVVAd4L8d2DfNfMColoEpLNDEv14xa5Kv8FxxhA65rCtv4bsVzs_UJKLCk-NFPsY4OhUYcNj1PfDfkgUxMgEzBckBHElLofQ5F5TJVLzTgtRKai8ujBDZM69j-Df103fUUZZwyW-tWIFE577j5qRM7YsjhnGX1Vw9AWkdtq/s1024/1024px-140721_Kokura_Castle_Kitakyushu_Japan01s3.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="683" data-original-width="1024" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaTh9kTKGEGalfH9i-9lAmErVVAd4L8d2DfNfMColoEpLNDEv14xa5Kv8FxxhA65rCtv4bsVzs_UJKLCk-NFPsY4OhUYcNj1PfDfkgUxMgEzBckBHElLofQ5F5TJVLzTgtRKai8ujBDZM69j-Df103fUUZZwyW-tWIFE577j5qRM7YsjhnGX1Vw9AWkdtq/w640-h426/1024px-140721_Kokura_Castle_Kitakyushu_Japan01s3.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Vista do Castelo Kiyosu a partir de seu fosso, destacando sua fundação rochosa. Esse castelo foi inaugurado em 1608. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tais castelos se tornaram gigantescos por uma série de fatores: no século XVI os japoneses por intermédio dos portugueses obtiveram armas de fogo, primeiro mosquetes, depois arcabuzes e canhões, logo, era preciso construir estruturas mais resistentes aos disparos de tais armas, embora canhões nunca foram massivamente usados nas guerras japonesas daquele período. Apesar disso, as muralhas se tornaram mais sólidas e os castelos embora fossem feitos de madeira, ainda assim, ganharam estruturas de reforço para resistir a tiros. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Outro fator para os castelos serem grandes se deve a condição de eles operarem como bases militares, tendo que resguardar entre suas muralhas centenas ou milhares de soldados. Por exemplo, o <b>Castelo de Himeji</b> possui 83 cômodos. Mas outro motivo pelo qual tais castelos ficaram grandes também se deve ao fator da intimidação e ostentação. Fortificações grandes geram impacto, elas intimidam, levando inclusive a se pensar que são inexpugnáveis. Por sua vez, alguns castelos como o Castelo Azuchi construído por Oda Nobunaga entre 1576 e 1579, não apenas era imponente, mas luxuoso, possuindo várias estátuas e decorações. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg2Yk2O0QzQQq0o602DSwdAPcFgiuko6diD3erapDBUWwKkT8DOw9lDIZxJEhWn4suVPx3nPQQN9XUoHELQ1qwEJS5UIRYENMkTIRy05NfdgPD2x6AuvYZOfe8DQ55pMY-9i1KHtScs9IIDUeHgQUk7NcQW9Dx_l185OonqSAnOQxq-CixOPs9QHM05q4n/s800/800px-%E5%AE%89%E5%9C%9F%E5%9F%8E.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="575" data-original-width="800" height="460" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg2Yk2O0QzQQq0o602DSwdAPcFgiuko6diD3erapDBUWwKkT8DOw9lDIZxJEhWn4suVPx3nPQQN9XUoHELQ1qwEJS5UIRYENMkTIRy05NfdgPD2x6AuvYZOfe8DQ55pMY-9i1KHtScs9IIDUeHgQUk7NcQW9Dx_l185OonqSAnOQxq-CixOPs9QHM05q4n/w640-h460/800px-%E5%AE%89%E5%9C%9F%E5%9F%8E.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Pintura retratando o Castelo Azuchi de Oda Nobunaga. A fortificação foi destruída em 1582 pelos inimigos de Nobunaga, para evitar que seus filhos e generais a continuassem a utilizar. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Estruturas de um castelo japonês</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A estrutura dos castelos do Japão mudou pouco nos séculos, sendo as principais mudanças a disposição de sua torre de menagem em relação as demais estruturas. Além disso, outras variações diziam respeito ao tipo de terreno onde a fortificação eram construída, por conta disso surgiram termos como: <b>mizuki</b> (fortificação da água), <b>yamashiro</b> (castelo da montanha), <b>hirajiro </b>(castelo da planície), <b>hirayamajiro </b>(castelo situado numa colina ou platô). Esses estilos foram sendo alterados com o emprego de novos materiais e estruturas, mas consistiram a base arquitetônica dos castelos japoneses ao longo de séculos. (TURNBULL, 2003, p. 8-9). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além dessas nomenclaturas quanto a localidade dos castelos, outra nomenclatura adotada referia-se a localização da torre de menagem (hon maru). Dependendo do tipo de castelo ela ficava localizada de forma distinta. A palavra<b> hon maru</b> pode ser traduzida como "cidadela interior", sendo essa cercada por dois pátios chamados <b>ni no maru</b> e <b>san no maru.</b> A combinação da torre com esses dois pátios gerou três estilos arquitetônicos chamados <b>Rinkaku, Renkaku </b>e<b> Hashigogaku</b>. (TURNBULL, 2003, p. 22). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXLiqvn6vZ-VORyUTCkCi8pGPIoinXHqf8qWYPe5IWYWDW7VEaBpDwcex4PttcdyGr6T9aMFd55ljb59vnLHEDYY9nXxlvqUcqg-Wo1Hx7s3Ey-OCwVq1UUWf-pC7bwcrYZdoMsD_ff2nt2FcPsJmEXa9QuvZpEUdogJnbA30h5-_99s3SgxjkHpUrcSwv/s500/Shiro_layout.svg.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="250" data-original-width="500" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXLiqvn6vZ-VORyUTCkCi8pGPIoinXHqf8qWYPe5IWYWDW7VEaBpDwcex4PttcdyGr6T9aMFd55ljb59vnLHEDYY9nXxlvqUcqg-Wo1Hx7s3Ey-OCwVq1UUWf-pC7bwcrYZdoMsD_ff2nt2FcPsJmEXa9QuvZpEUdogJnbA30h5-_99s3SgxjkHpUrcSwv/w640-h320/Shiro_layout.svg.png" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Diagrama mostrando os estilos de castelos japoneses de acordo com a posição do hon maru (torre de menagem) e os pátios circundantes. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O estilo do Hashigokaku foi mais usual em castelos de montanha (yamashiro), pois a torre ficava numa ponta do terreno rodeada por precipícios, sendo precedida pelos dois pátios. Por sua vez, os outros dois estilos foram habitualmente usados no hirajiro e no </span><span style="font-family: verdana;">hirayamajiro, onde se optava em centralizar o hon maru, rodeando pelos pátios que possuíam muros, paliçadas e até outras estruturas também. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os castelos contavam com uma série de estruturas defensivas como muralha (zumi), portão (mon), fossos (hori), yagura (torre), maru (pátio), ponte (karamete) etc. Cada uma dessas estruturas possuía suas variações arquitetônicas, desenvolvidas principalmente entre os séculos XV e XVII, havendo nomenclaturas específicas para definir seus formatos, quantidade e forma de construção. Por exemplo, a forma como as muralhas eram construídas recebiam diferentes nomes que se referenciavam as técnicas de construção. Por sua vez, a quantidade de torres de vigia também recebiam nomes distintos para se referir a elas. </span><span style="font-family: verdana;">(TURNBULL, 2003, p. 63). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os castelos situados em planícies, vilas e cidades possuíam uma estrutura defensiva marcada pelo uso de corredores, portões e cinturões de muralhas. Isso se devia a condição de que em caso de um cerco fosse realizado os primeiros portões e a muralha mais externa fossem transpostos, invasores teriam que cruzar outros portões e muralhas, mas no caso dos corredores esses eram propositais para atrasar e confundir os invasores, além de contar com muros ocos, pelos quais passavam corredores que permitiam as forças de defesa contra-atacar, valendo-se de seteiras para disparar flechas ou tiros de mosquete. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUL175jPHDLgKz1p6JL5jVfZcWqQa5T5AP3eke86-tpwvXrtPpcOhcmHpLppVBO164iUEJoHjExci_sKS9oSvpgd6-apKuoJhMdA3w1HoqyqfM8n-OrJwAjL0XpgWhEgF-XY7nUKgLF9d9t8frxaY6BjI1wU7mxIQ-_KZH_ggSBJ_8U2Q5wyKmBervwAQE/s832/3501_02.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="468" data-original-width="832" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUL175jPHDLgKz1p6JL5jVfZcWqQa5T5AP3eke86-tpwvXrtPpcOhcmHpLppVBO164iUEJoHjExci_sKS9oSvpgd6-apKuoJhMdA3w1HoqyqfM8n-OrJwAjL0XpgWhEgF-XY7nUKgLF9d9t8frxaY6BjI1wU7mxIQ-_KZH_ggSBJ_8U2Q5wyKmBervwAQE/w640-h360/3501_02.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Um dos corredores do Castelo de Himeji. À esquerda um muro com várias seteiras, por sua vez, à direita um muro rochoso e inclinado, o que impossibilitava de os invasores tentarem escalar, tornando-os alvos fáceis para serem alvejados. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além das muralhas e muros, os castelos também contavam com o uso de fossos secos (karabori) ou fossos de água (mizuhori). O </span><b style="font-family: verdana;">Castelo de Osaka</b><span style="font-family: verdana;"> é um exemplo famoso por fazer uso de vários mizuhori, tornando-o uma fortificação ilhada. Esses fossos eram separados por caminhos de terra ou por pontes, tais estruturas dificultavam o avançar de tropas invasoras. Além disso, as muralhas externas do castelo eram construídas de forma a dificultar qualquer ataque naval no qual se cogitasse usar escadas para tentar escalar as muralhas. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEika7-iN04ZCeZm7f1HlJnSkap-txPquz-59UT_3v8ghekyQ5PqYZyFuMAbRq6hgovZjaoie6QzB_85I5t0tASYRkfZz1xIYrSbsVbY_ey_roso5dQEdL8qEaLSpv7CtqtDYL3xAN3BikJ65KqvjEjIVNe9COgTIKZ3G_JKNk_n2xbvPNNkgiJOdPkWc_jn/s800/Osaka_Castle_Aerial_photograph_2017.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="728" data-original-width="800" height="582" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEika7-iN04ZCeZm7f1HlJnSkap-txPquz-59UT_3v8ghekyQ5PqYZyFuMAbRq6hgovZjaoie6QzB_85I5t0tASYRkfZz1xIYrSbsVbY_ey_roso5dQEdL8qEaLSpv7CtqtDYL3xAN3BikJ65KqvjEjIVNe9COgTIKZ3G_JKNk_n2xbvPNNkgiJOdPkWc_jn/w640-h582/Osaka_Castle_Aerial_photograph_2017.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Vista aérea do Castelo de Osaka e seu complexo de fossos. O castelo encontra-se na ilha central e foi construído no século XVI. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além das muralhas, muros, fossos, pontes e corredores, os castelos também contavam com torres de vigia. Algumas das torres ficavam situadas pelas muralhas, servindo para observação e defesa das mesmas, mas dependendo da estrutura do castelo, a torre de menagem (hon maru) era acompanhada por torres menores (yagura), as quais lhe davam suporte defensivo, mas também abrigavam cômodos como salas, quartos, dispensas etc. </span></div><p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3-0YkvM2pdXcs5SikRXymuXFkyhTEc7UEY2wl1l1J1QzQI-3_uBogQ1AtDd5QKrFpFCIKulVLqN4kQMpm7tftE_SXtmTmqUGOf9jlAGBHY0PYorsk-4YP5_6sJ_G6w82--Bvk9KQgLGwu1EFExlRzDRpN2N-hit-fCbWrUXSExXnjVPQLqeZ5Go7Oqp9x/s1024/Himeji_castle_in_may_2015.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="683" data-original-width="1024" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3-0YkvM2pdXcs5SikRXymuXFkyhTEc7UEY2wl1l1J1QzQI-3_uBogQ1AtDd5QKrFpFCIKulVLqN4kQMpm7tftE_SXtmTmqUGOf9jlAGBHY0PYorsk-4YP5_6sJ_G6w82--Bvk9KQgLGwu1EFExlRzDRpN2N-hit-fCbWrUXSExXnjVPQLqeZ5Go7Oqp9x/w640-h426/Himeji_castle_in_may_2015.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O imponente Castelo de Himeji foi construído em 1333, porém, foi sendo ampliado e reformado até o século XVII, conquistando a forma atual pela qual ele se encontra desde então. Observa-se ao lado da torre de menagem, duas torres secundárias. </span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Caso os invasores conseguissem transpor as defesas externas e chegassem ao castelo propriamente dito, eles ainda teriam que enfrentar outras medidas defensivas como portas reforçadas, seteiras, passagens secretas para mobilização das tropas de defesa e até da fuga dos moradores; pisos que rangiam anunciando a presença de alguém andando por ali; caminhos sem saída etc. O hon maru era a última defesa para o daimiô ou seus ocupantes. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Apesar das medidas defensivas apresentadas isso não significava que os castelos fossem inexpugnáveis, vários deles ao longo dos séculos foram invadidos e destruídos. Alguns foram rendidos por conta não dos ataques, mas por causa da fome e de doenças, obrigando seus defensores a se render. Além disso, a condição de os castelos serem feitos de madeira, apesar de que seu exterior fosse reforçado para não ser inflamável facilmente, no entanto, seu interior era vulnerável, condição essa que tais castelos eram incendiados de dentro para fora. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora vários castelos tenham sido destruídos por conta das guerras e dos terremotos, ainda assim, hoje é possível visitar mais de vinte deles, embora alguns sejam ruínas, contendo o que sobrou de suas muralhas e fundações. Desse total doze possuem seu aspecto mais original, tendo sido conservado e restaurado, outros tiveram a estrutura alterada para se tornarem museus. Os castelos de Osaka e Himeji estão entre os mais visitados. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas:</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>HENSHALL</b>, Kenneth G. <b>A history of Japan: from Stone Age to Superpower</b>. 2a ed. New York, Palgrave Macmillan, 2004. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>TURNBULL</b>, Stephen. <b>Japanese castles: AD 250-1540</b>. Illustrated by Peter Denis. Oxford, Osprey, 2008. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>TURNBULL</b>, Stephen. <b>Japenese castles: 1540-1650</b>. </span><span style="font-family: verdana;">Illustrated by Peter Denis. Oxford, Osprey, 2003. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>SANSOM</b>, George. <b>The history of Japan to 1334</b>. Tokyo, Charles E. Tuttle Company, 1958. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>YAMASHIRO</b>, José. <b>Pequena história do Japão</b>. 2a ed. São Paulo, Editora Herder, 1964. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Links relacionados: </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2022/07/o-que-foram-os-xogunatos.html">O que foram os xogunatos?</a><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2016/07/ninjas-x-samurais-cronicas-de-uma.html?m=0"><span style="font-family: verdana;">Ninjas x Samurais: crônicas de uma guerra feudal (XV-XVII)</span></a><br /></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2010/03/oda-nobunaga.html?m=0"><span style="font-family: verdana;">Oda Nobunaga</span></a><br /></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: verdana;">LINK:</span></b></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://jcastle.info/view/Home">Guide to Japanese Castles</a></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-36370679566968107502023-09-17T09:35:00.007-03:002023-12-12T08:54:38.256-03:00A farinha láctea e a desnutrição infantil na Suíça do XIX<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Durante o século XIX a Suíça ainda era um país pobre, em um dos vários problemas enfrentados por aquela nação alpina era a desnutrição infantil, a qual afetava principalmente os camponeses e pobres, mas até mesmo as crianças da classe média, por conta disso, haver altos índices de mortalidade entre crianças de 1 a 6 anos. Foi nesse cenário desolador que o farmacêutico e empresário Henri Nestlé decidiu produzir um suplemento alimentar para ajudar as crianças a ganharem peso, no intuito de amenizar os problemas da desnutrição. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Antecedentes</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Heinrich Nestlé </b>(1810-1890)<b> </b>nasceu em<b> Frankfurt </b>na<b> Alemanha</b>, sendo o décimo primeiro de quatorze filhos que tiveram o vidraceiro <b>Johann Ulrich Matthias Nestlé</b> e a dona de casa <b>Anna-Maria Catharina Ehemann</b>. Heinrich como parte dos irmãos, herdaram o ofício do pai, entretanto Heinrich que optou pelo apelido Henri, se interessou por Farmácia, tornando-se aos 15 anos aprendiz de um farmacêutico. Aos 20 anos foi oficializado como farmacêutico leigo, sendo autorizado a fazer algumas receitas simples e prestar orientações. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy4xvBY-LCe-r8Nzvp43oRvyAvggkHQ-qxmOxIrA_W7P9mgAMYAQ-A7t7t_8bI2fEWawhf86bKY-lfl8B86Bvp0m8tuEbe9iwAY0rxx7bNGSy0_fl_O-JD_-3nFtQDaVssh_PbK5bHlN-W99gG-82WpJ3wxKsmHEKxg8EC8jNOa7E9UE7fTk2In0TXuTzF/s183/Henry_Nestle.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="140" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy4xvBY-LCe-r8Nzvp43oRvyAvggkHQ-qxmOxIrA_W7P9mgAMYAQ-A7t7t_8bI2fEWawhf86bKY-lfl8B86Bvp0m8tuEbe9iwAY0rxx7bNGSy0_fl_O-JD_-3nFtQDaVssh_PbK5bHlN-W99gG-82WpJ3wxKsmHEKxg8EC8jNOa7E9UE7fTk2In0TXuTzF/w306-h400/Henry_Nestle.jpg" width="306" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Retrato de Henri Nestlé<br /><br /></span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;">Interessado em seguir a própria carreira, Henri Nestlé deixou a Alemanha e mudou-se para a Suíça, trabalhando no novo ofício. Durante a década de 1840 ele começou a se interessar por negócios rurais como produção de óleo vegetal, agricultura e depois extração de água mineral e produção de limonada (a famosa </span><b style="font-family: verdana;">limonada suíça </b><span style="font-family: verdana;">que despontava na época). Foi nesse período que Nestlé veio a se casar também, além de que alguns familiares seus se mudaram também para a Suíça. </span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No final dos anos 1850, Henri Nestlé já era um empresário reconhecido na região onde vivia, tendo vários negócios. Contudo, foi nessa época que ele testemunhou os problemas com a fome e a desnutrição infantil. Crianças de sua própria família, assim como das famílias de amigos e empregados demoravam para ganhar peso e alguns morriam ainda nos primeiros meses. A esposa de Henri Nestlé, Anna Clémentine chegou a publicar um artigo comentando sobre os índices de mortalidade infantil na Suíça, algo que influenciou o marido a pensar numa solução para isso.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">É importante salientar que a Europa do século XIX vivenciou momentos de surtos de fome e desnutrição geral, ocasionados por guerras, pragas e invernos rigorosos. Basta lembrar da fome causada nos territórios assolados pelas <b>guerras napoleônicas </b>(1804-1815) ou a <b>grande fome na Irlanda</b> (1845-1849), sendo assim, era um problema que ocorria em distintas partes do continente, e a montanhosa Suíça não estava isenta disso. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Surge a farinha láctea</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em algum momento do começo da década de 1860, Henri Nestlé começou a trabalhar num composto alimentar para ajudar no ganho de peso das crianças. Ele passou a se corresponder e trabalhar com o <b>Jean Balthasar Schnetzler</b> (1823-1896) um naturalista e professor universitário que forneceu importantes informações sobre óleos vegetais, aminoácidos, vitaminas, digestão de fibras vegetais etc. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Não se sabe quanto tempo exatamente Nestlé trabalhou em sua fórmula, mas ele teve que fazer vários testes, pois algumas das crianças tinham reações alérgicas ao trigo, ao leite de vaca e dificuldades para digerir o amido e outros componentes da farináceos. Graças aos estudos de Schnetzler, Nestlé conseguiu pensar em alternativas para isso chegando a um composto formado de <b>farinha de trigo, leite e açúcar</b>. Essa receita simples era usada para se fazer uma papa para dar as crianças pequenas como complemento alimentar.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Diferente do que se pensa hoje, a farinha láctea originalmente não era um alimento nutritivo ou o que poderia ser chamado de saudável para os padrões atuais, mas tratava-se de um composto alimentar para ganho de peso, por isso ela ser bastante calórica. Apesar disso, a ideia se mostrou promissora e em 1867 ele lançou seu produto chamado de <b style="font-style: italic;">Farinee Lactée Henri Nestlé</b>, o qual em poucos anos ganhou destaque na Suíça e começou a ser exportado também, já que nesse tempo sua empresa a Nestlé começava a ganhar renome internacional.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxSu_K4SfK0SLrcB0K7s6kUWXqQOV3fIVPTJdJR0FFFAAnZ6uiQbXswsbJFuNLH-DPa77IFTbbcT5wXJEzGrGXh-ott5CtnIVkRuYNdtmOmEMJPTZw4SSiZCMMBvsaflC8_R3zLIERL_TcxgqeOr7o_QQ9iwCMHRxRn7sUOt4TeY5BD-Q9bl7SMG3aKfQm/s640/2019%20-%20farine%20lact%C3%A9e%20henri%20nestl%C3%A9.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="526" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxSu_K4SfK0SLrcB0K7s6kUWXqQOV3fIVPTJdJR0FFFAAnZ6uiQbXswsbJFuNLH-DPa77IFTbbcT5wXJEzGrGXh-ott5CtnIVkRuYNdtmOmEMJPTZw4SSiZCMMBvsaflC8_R3zLIERL_TcxgqeOr7o_QQ9iwCMHRxRn7sUOt4TeY5BD-Q9bl7SMG3aKfQm/w526-h640/2019%20-%20farine%20lact%C3%A9e%20henri%20nestl%C3%A9.jpg" width="526" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Lata de farinha láctea na década de 1860. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><br /> </span><span style="font-family: verdana;">Nos anos seguintes a fórmula da farinha láctea foi sendo aprimorada, permitindo também ser feita apenas com água para o caso de crianças com intolerância a lactose. Uma versão enriquecida com vitaminas e outros nutrientes também foi desenvolvida e até uma versão contendo chocolate em pó, já que a Nestlé passou a trabalhar no ramo dos achocolatados nas décadas de 1870 e 1880, período em que Henri deixou o comando da empresa. </span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A farinha láctea de Nestlé conseguiu fazer que algumas crianças realmente ganhassem peso e evitar a piora da desnutrição infantil em alguns casos. Ela não foi um milagre como esperado, porém, tornou-se um produto bastante rentável para a empresa nos ano seguintes, sendo exportado para outros continentes sob recomendação de ajudar no ganho de peso de crianças e ajudar na sua nutrição. Desde então, mais de cento e cinquenta anos depois, a farinha láctea ainda é produzida no mundo.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referência bibliográfica:</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>PFIFFNER</b>, Albert. <b>Henri Nestlé, 1814 bis 1890</b>. Zurich, Chronos-Verlag, 1993. </span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-16178201126289674362023-09-07T09:31:00.003-03:002023-12-12T08:53:15.319-03:00Cidade dividida: o Muro de Berlim (1961-1989)<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por 28 anos uma das mais importantes capitais do mundo esteve dividida por um extenso muro de concreto, reforçado com arame farpado, trincheiras e torres de vigia. Por quase três décadas os cidadãos de Berlim foram proibidos de ir de um lado para o outro da cidade, se não tivessem autorização para isso. O famigerado muro que dividiu a capital alemã, foi um dos reflexos bizarros da <b>Guerra Fria </b>(1945-1991) uma disputa ideológica entre o <b>Capitalismo </b>e o <b>Socialismo</b>. No presente texto apresentou-se alguns fatos sobre essa história que poderia até parecer ficção: um muro dividir uma cidade ao meio? Ainda mais a capital de um país? Mas infelizmente foi uma história bem real. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Antecedentes</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O contexto que levou a construção do Muro de Berlim remonta a própria <b>Guerra Fria</b> (1945-1991) termo dado para a disputa global entre os <b>Estados Unidos da América</b> representando os interesses capitalistas, contra a <b>União das Repúblicas Socialistas Soviéticas </b>(URSS) representando os interesses socialistas. Essa bipolaridade iniciou-se logo após o término da <b>Segunda Guerra Mundial</b> (1939-1945), após a derrota do <b>Nazismo</b> e do <b>Fascismo italiano</b>. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com o fim da guerra e tendo derrotado inimigos em comum, americanos e russos voltaram a se estranhar, iniciando um conflito que perduraria por décadas. O nome de "guerra fria" se deveu a ideia de que não haveria tido guerras nesse período, embora seja uma concepção equivocada. Nesse tempo ocorreram conflitos importantes como a <b>Guerra da Coreia </b>(1950-1953) e a <b>Guerra do Vietnã</b> (1959-1975), além de uma outra série de invasões, ocupações, batalhas e revoltas pela Ásia e África, além do estabelecimento de ditaduras militares na América Latina. A guerra fria não foi tão "fria" assim. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">De qualquer forma, com a Alemanha pós-nazismo reduzida a escombros e numa crise financeira profunda, a capital Berlim foi dividida em quatro zonas de controle estrangeiro: o leste dominado pela URSS, o noroeste ocupado pelos franceses, o oeste ocupado pelos britânicos e o sul controlado pelos americanos. Essa divisão ainda foi implementada em 1945, no ano do término da guerra e tinha um intento provisório, pois os quatro países alegavam que a intervenção era necessária para ajudar o povo alemão, além de caçar os nazistas e impedir focos de resistência. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCVzuqaTS3-9kHoE9KxkhVLCOksxGMlDLFSROmUQrgAfm2peVWBXr3wUXtX5xyJbVUNzmPJWA65OL9I50xRfg7H4Axokx290y39vSY8ZkJ8uwNUp27WftPp54FMEAAWIIGBUU65SHsmCKNEsqa5nu7M_2OVZ6pa4B62N7UbDhMrC6mGOcZq3oPi49LeiRr/s800/Berlin_Blockade-map.svg.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="613" data-original-width="800" height="490" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCVzuqaTS3-9kHoE9KxkhVLCOksxGMlDLFSROmUQrgAfm2peVWBXr3wUXtX5xyJbVUNzmPJWA65OL9I50xRfg7H4Axokx290y39vSY8ZkJ8uwNUp27WftPp54FMEAAWIIGBUU65SHsmCKNEsqa5nu7M_2OVZ6pa4B62N7UbDhMrC6mGOcZq3oPi49LeiRr/w640-h490/Berlin_Blockade-map.svg.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">As quatro zonas de ocupação de Berlim já em 1945. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entretanto, os americanos largaram na frente para ajudar o país, incluindo-o na lista do <b>Plano Marshall</b> (1947-1953), uma política exterior de auxílio econômico dirigido as nações europeias arruinadas pela guerra. Basicamente os EUA emprestaram bilhões de dólares para tais países, em troca de acordos comerciais favoráveis, entre outras regalias políticas e econômicas. O capital investido ajudou a resolver alguns problemas básicos enfrentados pelos países em crise. Entretanto, <b>Josef Stálin</b> não apreciou com bons olhos essa ajuda americana aos alemãs, ainda mais depois de descobrir que eles, os britânicos e franceses tramavam por debaixo dos panos. Uma das tramoias foi criar uma nova moeda alemã, mas sem a anuência soviética para debater o assunto. Stálin considerou aquilo um ato de desconfiança com ele. F</span><span style="font-family: verdana;">ato esse que ele instituiu o <b>Bloqueio de Berlim</b> (1948-1949). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O chamado Bloqueio de Berlim iniciou-se em <b>junho de 1948 e perdurou até maio de 1949</b>, consistindo numa decisão extremista de Stalin, que ordenou o bloqueio de estradas, ferroviais e rios, barrando o envio de alimentos, medicamentos e outros produtos. Basicamente foi determinado que os americanos, franceses e britânicos somente poderiam transportar tais produtos por aviões, sendo determinadas três rotas específicas para abastecer a Berlim Ocidental, pois a Berlim Oriental não sofreu problemas com o bloqueio, pois estava sob administração soviética. De resto, os soviéticos como tinham um exército poderoso, controlavam as vias terrestres e fluviais, mantendo o povo de Berlim sob seu jugo. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com o término do bloqueio em 1949, uma decisão política foi tomada, o país foi dividido em dois. O lado oriental ganhou relativa autonomia sendo chamado de <b>República Democrática Alemã</b>, por sua vez, o lado ocidental se tornou a <b>República Federal da Alemanha</b>. A cidade de Berlim permanecia dividida ao meio, ainda sendo respectivamente a capital de uma Alemanha dividida. Contudo, o impasse entre as duas Alemanhas pioraria na década de 1950, culminando na construção do famigerado muro que separou Berlim. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE8W203eFzhMvtyJTpsn4GaJsWieN7F7K8GavgyYHyPx0lP3i5hJk4KPn46q6MoiV4n44tLBfEn5zYWJuTJQMTgQYCewt4CsSgn7M5qG7_UA37FBpPGqBVnOQbTvyOTBs-VQ978iAT6zZcL_xyHx5k7mQryE8W14mab_wd3FhlIKnLV-edl_52_11g6RKC/s1024/divided-germany.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="874" data-original-width="1024" height="546" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE8W203eFzhMvtyJTpsn4GaJsWieN7F7K8GavgyYHyPx0lP3i5hJk4KPn46q6MoiV4n44tLBfEn5zYWJuTJQMTgQYCewt4CsSgn7M5qG7_UA37FBpPGqBVnOQbTvyOTBs-VQ978iAT6zZcL_xyHx5k7mQryE8W14mab_wd3FhlIKnLV-edl_52_11g6RKC/w640-h546/divided-germany.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">A Alemanha dividida entre o lado capitalista (azul) e o lado socialista (vermelho). No mapa é possível ver a divisão final do território acordada em 1949, quando foi instituída as duas repúblicas alemãs.</span> </td></tr></tbody></table><b style="font-family: verdana;"><br /></b><p></p><p style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">A construção do muro</b></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com os investimentos do Plano Marshall na Alemanha Ocidental ou República Federativa da Alemanha, a economia foi se recuperando gradativamente e mais rapidamente. Além disso, ocorreu uma forte americanização cultural nessa parte do país, incluindo a Berlim Ocidental também. Costumes, modas, produtos, ideologias, o consumismo americano foram se tornando parte do cotidiano alemão dos anos 1950, e isso atraiu a atenção dos alemãs que viviam sob o regime socialista, que era menos consumista e seguia uma economia rígida. Com isso, vários alemãs começaram a deixar a Alemanha Oriental e migrarem para o lado ocidental em busca de melhores condições de vida e oportunidades de negócios. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A situação foi se intensificando ao longo daquela década, levando o governo soviético alemão tomasse uma decisão ríspida: construir um muro para evitar a debandada dos berlineses para o lado ocidental da cidade, assim como, evitar a entrada e contrabando de produtos americanos no lado oriental. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em<b> 13 de agosto de 1961 </b>oficialmente o muro que separaria Berlim por mais de vinte anos, começou a ser construído por ordem do presidente <b>Walter Ulbricht</b>, o qual governou a Alemanha Oriental de 1960 a 1973. O<b> Portão de Brandemburgo</b>, um dos cartões-postais da cidade, foi escolhido como marco para separar os dois lados da cidade, fato esse que o muro foi construído na praça diante dele. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk-7kYnBqqolMrBPBz71BVtgSIUoetfdw0QjqpK8JTYogxsWqBPGgUib9M6DUtpLROyNCEeN9qwcna1Qhu8B3KA6T3r1uWXnSVLWCHX-tjfHpF_x3sugl2aOTVChg_FQg8easmmC-AknQM-UQ3t4ROMefpHMJeKn-cXd-vzUEdqk7YyINLiwiW1BRT4-R-/s800/Bundesarchiv_Bild_B_145_Bild-P061246.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="591" data-original-width="800" height="472" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk-7kYnBqqolMrBPBz71BVtgSIUoetfdw0QjqpK8JTYogxsWqBPGgUib9M6DUtpLROyNCEeN9qwcna1Qhu8B3KA6T3r1uWXnSVLWCHX-tjfHpF_x3sugl2aOTVChg_FQg8easmmC-AknQM-UQ3t4ROMefpHMJeKn-cXd-vzUEdqk7YyINLiwiW1BRT4-R-/w640-h472/Bundesarchiv_Bild_B_145_Bild-P061246.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">O Muro de Berlim diante do Portão de Brandemburgo em 1961. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">O muro foi erguido ao longo de 1961, no entanto, ele foi ampliado nos anos seguintes, totalizando <b>155 km de extensão</b>, possuindo 302 torres de vigia, 20 bunkers, além de vários postos, portões e bloqueios. El </span><span style="font-family: verdana;">era feito de tijolos, pedras, concreto, em algumas partes havia barricadas militares em ruas, vias e pontes. Cercas de arame farpado e até trincheiras também foram instaladas. Em alguns trechos chegava haver dois muros, pois ao centro era um campo aberto no qual havia estrada para transporte das tropas, as casernas, postos e até cães de guarda.</span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Milhares de soldados faziam a patrulha e guarda do longo muro, de dia e noite. Os cidadãos da Berlim Ocidental poderiam ir para as cidades vizinhas, mas eram proibidos de ir para o lado oriental, e vice-versa. Algumas autorizações especiais foram emitidas para permitir a travessia. O <b>ponto de checagem Charlie</b>, foi o mais famoso dos vários postos os quais eram usados para permitir a travessia dos alemães. Todas as pessoas eram ali revistadas para ver se não estavam contrabandeando algo; além dos veículos serem também revistados, pois houve várias tentativas de embarcar pessoas escondidas nos mesmos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Berlim dividida</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O muro não apenas dividiu a cidade ao meio, mas cercou a Berlim Ocidental inteira, tornando-a uma cidade murada. A ideia era que os berlineses não fossem para o outro lado, exceto se tivessem autorização, pois até para visitar parentes isso foi vetado. Condição essa que famílias entraram em desespero quando souberam que ficariam divididas. Fato esse que alguns tentaram fugir de um dos lados (geralmente do lado oriental) para se unirem. Outras famílias chegaram até a deixar Berlim, partindo para outra cidade. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEix-dubv2dbFNHeKOpTxJ-MEgs8RLbXlsE0EATFW-oiyNMf09EQt7BvXdEQ-g6beq8V7hbk3FCKupVCEbIuflIxmC_y69MbvJO6z78GLYqIyvugaCvVhA1X9J1Vmj4T-j430az7i3KOjBU_OdXvn2vJ7uADy9JKxAPkDytrxq04owZdDxVs9YzU59OL-gBq/s720/GettyImages-548194885-e0e5a16-7d250df.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="479" data-original-width="720" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEix-dubv2dbFNHeKOpTxJ-MEgs8RLbXlsE0EATFW-oiyNMf09EQt7BvXdEQ-g6beq8V7hbk3FCKupVCEbIuflIxmC_y69MbvJO6z78GLYqIyvugaCvVhA1X9J1Vmj4T-j430az7i3KOjBU_OdXvn2vJ7uADy9JKxAPkDytrxq04owZdDxVs9YzU59OL-gBq/w640-h426/GettyImages-548194885-e0e5a16-7d250df.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Crianças caminhando ao lado de um dos trechos do Muro de Berlim.</span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;">Além disso, aqueles que trabalhavam em outro lado da cidade, chegaram a serem demitidos, pois até a licença para trabalhar era vetada em vários casos. Estudantes que iam para a escola ou faculdade do outro lado da cidade, também perderam o direito de continuar a estudar ali, tendo que trocar de escola ou faculdade. A vida e a economia da cidade mudaram drasticamente com a construção do muro, tendo causado forte impacto nos primeiros anos. </span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ao longo dos anos várias pessoas tentaram cruzar o muro, pelo menos 5 mil obtiveram sucesso, embora que outras acabaram sendo presas ou até mortas, pois os guardas tinham autorização para atirar e até matar. Condição essa que muitas das pessoas que conseguiram atravessar o muro o fizeram através de túneis clandestinos, escavados ao longo de meses. Embora nem sempre o plano dava certo, pois os túneis desabavam ou as patrulhas de vigia os localizavam. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Apesar das reclamações da República Federativa Alemã, dos Estados Unidos, da ONU etc., o muro não foi demolido. A tensão da Guerra Fria evitava medidas extremistas, embora que isso não impediu de haver o medo de uma guerra civil eclodir na cidade, como ocorreu em outubro de 1961, quando o governo americano ameaçou de invadir o lado oriental caso o muro não fosse demolido. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRSyO3KLoxsT1DdBqiQeMZOSWDZlNa1QUEWPNh1S1NDEb-RqaVYYuwiC7KAwrQMjWB-L_Ybdj3UHRZDtuN2Y08ISf0YmgNEYYqy5NzT7gxqlXRopLH8fzBc-8XFfralSWwaKAfhAzxr013_1g3HOfvbIjUNu716irGZok2V_URpRNDzb12QzY2ZBPKebby/s800/800px-US_Army_tanks_face_off_against_Soviet_tanks,_Berlin_1961.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="603" data-original-width="800" height="482" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRSyO3KLoxsT1DdBqiQeMZOSWDZlNa1QUEWPNh1S1NDEb-RqaVYYuwiC7KAwrQMjWB-L_Ybdj3UHRZDtuN2Y08ISf0YmgNEYYqy5NzT7gxqlXRopLH8fzBc-8XFfralSWwaKAfhAzxr013_1g3HOfvbIjUNu716irGZok2V_URpRNDzb12QzY2ZBPKebby/w640-h482/800px-US_Army_tanks_face_off_against_Soviet_tanks,_Berlin_1961.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Tanques de guerra americanos no primeiro plano e ao fundo os tanques soviéticos. Cena da crise de outubro de 1961 no posto de fronteira Charlie. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">A queda do muro</b></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em </span><b style="font-family: verdana;">1963 </b><span style="font-family: verdana;">o presidente americano</span><b style="font-family: verdana;"> John F. Kennedy </b><span style="font-family: verdana;">fez um discurso histórico se dizendo ser "cidadão de Berlim" e pedia que os soviéticos derrubassem o muro. Seu apelo de nada adiantou. Muitos anos depois, em <b>1987</b>, o presidente <b>Ronald Reagan</b> discursou diante do Portão de Brandemburgo desafiando o presidente da URSS, <b>Mikhail Gorbachev</b>,<b> </b>a pôr fim a separação de Berlim. Na época, Gorbachev vinha adotando uma política de abertura, favorecendo o fim do endurecimento do regime soviético na URSS, culminando em seu fim em 1991.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Diante das pressões internacionais e da própria política de abertura de Gorbachev, o governo da Alemanha Oriental foi orientado a cogitar pôr fim a separação de Berlim. Em 1989 o governo começou a rever a política de imigração entre as duas Alemanhas, além de ocorrerem em alguns momentos manifestações pedindo o fim da separação na capital e do país. A<b> manifestação de Alexanderplatz</b>, ocorrida em <b>4 de novembro de 1989</b>, foi um dos mais marcantes daquele ano, reunindo milhares de pessoas naquela praça. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nos dias seguintes houve uma confusão no governo da Berlim Oriental, pois os planos de pôr fim a separação já eram concretos, o problema era como anunciar eles, pois parte do governo era contra o fim da divisão. Condição essa que no dia 9 de novembro, apenas à noite foi formalmente informado que a proibição de ir de um lado para o outro da cidade estava suspensa. Apesar da mensagem ter demorado para sair, ao longo daquele dia, os berlineses fizeram protestos nos portões e postos de fronteira. Um dos atos mais marcantes ocorreu entorno do Portão de Brandemburgo, onde milhares de pessoas se reuniram para celebrar e protestar. Muitos subiram no muro, outros fizeram apresentações artísticas, alguns picharam o muro, e alguns levaram marretas e picaretas para começar a quebrá-lo. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFC7rX-73Jy1bUhlPXjI54ZqWMbYiA83xwDHzHHYRq4tvcbaiPBXGHbz1cEr7yQ7cyy9EGVSkF-UZ470TxcWi3cji5BiUKH5qLcj4AtHAtgrsMVTK1XFFfK7rx-fhuRSNnF8rNbvzL6ghBnhiWvAVc76uINSsadrscqAZW1khHq0ER7h159Sl_NurHWfH3/s661/West_and_East_Germans_at_the_Brandenburg_Gate_in_1989.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="498" data-original-width="661" height="482" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFC7rX-73Jy1bUhlPXjI54ZqWMbYiA83xwDHzHHYRq4tvcbaiPBXGHbz1cEr7yQ7cyy9EGVSkF-UZ470TxcWi3cji5BiUKH5qLcj4AtHAtgrsMVTK1XFFfK7rx-fhuRSNnF8rNbvzL6ghBnhiWvAVc76uINSsadrscqAZW1khHq0ER7h159Sl_NurHWfH3/w640-h482/West_and_East_Germans_at_the_Brandenburg_Gate_in_1989.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Foto histórica da manifestação de 9 de novembro de 1989, no Muro de Berlim, diante do Portão de Brandemburgo. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os soldados na noite de 9 de novembro foram autorizados a abrirem os portões. Nos dias seguintes as pessoas seguiram atravessando os portões, indo encontrar familiares e amigos, até mesmo cumprimentavam estranhos. Manifestações continuaram a ocorrer. Apenas em 1990 o governo autorizou a demolição do muro, que perdurou até 1994. Partes do muro foram cortadas e levadas para museus de outros países, mas alguns trechos ficaram de pé como recordação desses anos trágicos da história de Berlim, podendo serem encontrados espalhados pela cidade, hoje estando com grafites ou pichações. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDlEi4z0DK2OrXehIvdVYowYp2ZvgqeK0rBdh9nLTWn_Tr8bNqo3N069_5ClXUWhLQPZ13nBLVVEZN_90yBCmFFnn5KahugBZhZvaAW2ATpUG7fZTDWBEVLmKPCOJc4bX3psEoK-1vwQfHZ2KkNpYUuGhBODQOriUz4t1UYXx7LdHp1VjDSo2v7XLAdDTw/s784/Bundesarchiv_Bild_183-1990-0105-029,_Berlin,_Loch_in_Mauer_am_Reichstag.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="784" data-original-width="496" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDlEi4z0DK2OrXehIvdVYowYp2ZvgqeK0rBdh9nLTWn_Tr8bNqo3N069_5ClXUWhLQPZ13nBLVVEZN_90yBCmFFnn5KahugBZhZvaAW2ATpUG7fZTDWBEVLmKPCOJc4bX3psEoK-1vwQfHZ2KkNpYUuGhBODQOriUz4t1UYXx7LdHp1VjDSo2v7XLAdDTw/w404-h640/Bundesarchiv_Bild_183-1990-0105-029,_Berlin,_Loch_in_Mauer_am_Reichstag.jpg" width="404" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Um dos vários buracos abertos no muro. Foto de 5 de janeiro de 1990, ano que o muro começou a ser demolido.<br /> </span></td></tr></tbody></table><b style="font-family: verdana;">Referências bibliográficas</b><p></p><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">BUCKLEY JR</b><span style="font-family: verdana;">, William F. <b>The Fall of the Berlin Wall</b>. New Jersey, Hoboken, 2004. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>HERTLE</b>, Hans-Hermann. <b>The Berlin Wall</b>. Bonn, Federal Centre for Political Education, 2007. </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div><b style="font-family: verdana;">Link relacionado: </b></div><div><span style="font-family: verdana;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2011/10/guerra-fria_14.html">Guerra Fria (1945-1991)</a><br /></span></div><div><b style="font-family: verdana;"><br /></b></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-67262828881226056802023-08-26T20:43:00.009-03:002023-10-28T23:07:39.035-03:00Os reis citados na Bíblia<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Alguns dos livros que compõe o Antigo Testamento possuem relatos históricos, descrevendo mesmo que de forma resumida, o governo de vários reis, enfatizando uma história política e militar. Tais relatos se referem tanto a monarcas de Israel e Judá, como também a soberanos de povos vizinhos que direta ou indiretamente tiveram influência nos reinos hebraicos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Faraós</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Poucos faraós são citados no Antigo Testamento, curiosamente o mais famoso e importante deles não tem seu nome revelado, sendo simplesmente chamado de Faraó. Alguns historiadores sugeriram que ele teria sido <b>Ramsés II</b>, que teria reinado entre 1279 e 1213 a.C. O problema disso é que o governo dos Juízes de Israel teria durado pelo menos quatrocentos anos, sendo que o primeiro rei israelita assumiu o trono por volta de<b> 1030</b>, tendo sido <b>Saul</b>. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Sendo assim, se Ramsés II teria sido o tal Faraó que confrontou <b>Moisés e Aarão</b>, significa que as datas estariam erradas. Além disso, há outro problema: nas crônicas do governo de Ramsés II não há relatos sobre uma saída massiva de hebreus do Egito. Logo, o tal Faraó pode ter sido um monarca anterior, ainda não identificado, ou relato bíblico não é tão exato assim, podendo inclusive ter mesclado elementos lendários e acontecimentos históricos de diferentes épocas. Os faraós são citados principalmente em <b>Gênesis, Êxodo, I Reis, II Reis, I Crônicas, II Crônicas, I Macabeu, Isaías, Jeremias e Ezequiel</b>. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><ul><li><span style="font-family: verdana;">Faraó da época de Abraão - antes de 1800 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Faraó da época de José - antes de 1600 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Faraó da juventude de Moisés - antes de 1400 a.C ou 1200 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Faraó da velhice de Moisés - antes de 1400 a.C ou 1200 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Faraó sogro de Merede - antes de 1100 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Faraó cunhado de Hadade - antes de 1000 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Psusenés II - 959-945 a.C - possível sogro de Salomão</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Sisaque I - 945-924 a.C - invadiu o Reino de Judá</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Taharqa - 690-664 a.C - confrontou o rei assírio Senaqueribe</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Necao ou Neco II - 610-595 a.C - confrontou o rei Josias de Judá</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Apriés ou Hofra - 589-570 a.C - confrontou Nabucodonosor II</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Ptolomeu VI - 180-145 a.C - sogro de Alexandre Balas</span></li></ul><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O chamado <b>Faraó do Êxodo</b>, caso haja precisão nos eventos relatados, teria sido mais de um monarca, como apontam alguns historiadores e teólogos. Pois de acordo com a <i>Bíblia</i>, Moisés tinha 80 anos quando Deus o chamou para iniciar a missão de libertação dos hebreus. Entretanto, quando criança, Moisés foi adotado pela filha de um faraó. Logo, não teria como ser o mesmo homem, a não ser que ele tivesse mais de 100 anos ou a idade de Moisés esteja errada. </span><span style="font-family: verdana;">Quantos as hipóteses de quem teriam sido os faraós do livro do <i>Êxodo</i>, vários são os candidatos: Pepi I, Amós I, Tutmés II, Tutmés III, Aquenaton, Seti I, Ramsés I, Ramsés II, entre outros. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Apesar que Ramsés II seja o preferido por conta das menções às cidades construídas por ele, embora não seja uma segurança que ele tenha sido o "faraó do Êxodo", pois o relato pode ter sido atualizado por algum cronista, como ocorreu em outros livros bíblicos. Além disso, Ramsés II faleceu com quase noventa anos, logo, ele não poderia ser o mesmo faraó da infância de Moisés. </span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Reis de Israel </b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana; text-align: justify;">De acordo com os livros bíblicos,</span><span style="font-family: verdana; text-align: justify;"> a realeza de Israel começou com <b>Saul</b>, escolhido por Deus para essa missão, até porque anteriormente o território era governado por chefes tribais e possuía a figura dos juízes como governantes auxiliares. Após a morte de Salomão o reino de Israel sofreu uma cisão, surgindo o Reino de Judá, governado por outras casas reais. Essa parte da história é vista nos livros de <b>I</b> <b>Samuel, II Samuel, I </b></span><b style="font-family: verdana; text-align: justify;">Reis, II Reis, I Crônicas, II Crônicas, Amós, Osaías, Miquéias e Isaías</b><span style="font-family: verdana; text-align: justify;">. </span></div><ol style="text-align: left;"><li><span style="font-family: verdana;">Saul - c. 1030 - c. 1010 a.C.</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Davi - c. 1010 - c. 970/960 a.C.</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Salomão - c. 970/960 - c. 931 a.C.</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Jeroboão I - 931-910 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;"><span style="background-color: white;">Nadab - 910-909 a.C.</span></span></li><li><span style="font-family: verdana;"><span style="background-color: white;">Baasa - 909-886 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Ela - 886-885 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Zambri - 885 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Amri - 885-874 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Acab - 874-853 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Ocozias - 853-852 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Jorão - 852-841 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Jeú - 841-814 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Joacaz - 814-798 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Joás - 798-783 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Jeroboão II - 783-743 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Zacarias - 743 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Seleum - 743 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Menaém - 743-738 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Faceias - 738-737 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Faceia - 737-732 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white;"><span style="font-family: verdana;">Oseias - 732-724 a.C.</span></span></li></ol></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Reis de Judá</b></span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O Reino de Judá surgiu após a morte de Salomão, quando os territórios do sul de Israel se rebelaram contra o governo de <b>Jeroboão I</b>, levando a separação territorial e o surgimento de novas casas reais. Esse reino foi conquistado pelos exércitos babilônicos de Nabucodonosor II. Esses soberanos são apresentados principalmente nos livros de <b>II</b> <b>Reis e II Crônicas</b>. Mas alguns deles voltam a serem mencionados em alguns dos livros dos Profetas Menores. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><ol><li><span style="font-family: verdana;"><span style="background-color: white; text-align: start;">Roboão - 931-913 a.C.</span></span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Abiam - 913-911 a.C.</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Asa - 911-870 a.C.</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Josafá - 870-848 a.C.</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Jorão - 848-841 a.C.</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Ocazias - 848 a.C.</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Atalaia - 841-835 a.C.</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Joás - 835-796 a.C.</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Amasias - 796-781 a.C.</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Ozias (Azarias) - 781-740 a.C.</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Joatão - 740-736 a.C.</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Acaz - 736–716 a.C.</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Ezequias - 716-687 a.C.</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Manassés - 687–642 a.C.</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Amon - 642–640 a.C.</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Josias - 640–609 a.C</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Joacaz - 609 a.C</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Joaquim - 609–598 a.C</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Joaquin - 598 -597 a.C</span></li><li><span style="background-color: white; font-family: verdana; text-align: start;">Zedequias - 597–587/586 a.C</span></li></ol><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Reis Assírios</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os domínios da Assíria que compreendiam o norte da antiga Mesopotâmia, ou atualmente o norte do Iraque e territórios vizinhos, existiram por séculos. Entretanto, no século VIII a.C, Salmanaser V e Sargão II conquistaram o <b>Reino de Israel</b>, subjugando ao seu poder. Além disso, Senaqueribe chegou a ordenar a invasão do Reino de Judá, mas não obteve sucesso em conquistá-lo totalmente, mas manteve ocupado parte de seu território. Esses monarcas são citados em <b>II</b> <b>Reis, II Crônicas, Esdras e Isaías</b>.</span></p><p style="text-align: justify;"></p><ul><li><span style="font-family: verdana;">Salmanaser V - 727-722 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Sargão II - 722-705 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Senaqueribe - 705-681 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Assaradão - 681-669 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Assurbanipal - 669-627 a.C</span></li></ul><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O livro de <b>Tobias</b> inclui Nabucodonosor II como rei assírio e governando a partir de Nínive, mas são dados incorretos. A cidade de Nínive foi destruída e saqueada em <b>612 a.C</b> pelo pai de Nabudoconosor, e esse somente começou a governar anos depois, cuja capital era a <b>Babilônia</b>. Além de que ele nunca usou o título de rei assírio. </span></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: verdana;">Reis </span><span style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Babilônios</span></span></b></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A <b>Babilônia</b> era uma cidade com mais de três mil anos de história, tendo sido uma cidade-Estado depois um reino e império. Na <i>Bíblia</i> enfatiza-se bastante a época dos séculos VII a.C e VI, a.c que marcaram o período do exílio dos hebreus naquele reino. Esse período é referido como <b>Império Neobabilônio</b>, que marcaria o fim da autonomia desse povo, já que seus domínios seriam conquistados pelos persas. Os monarcas desse reino são mencionados em<b> II Reis, II Crônicas, Esdras, Neemias, Tobias, Daniel</b>. Nabucodonosor II também é mencionado em <b>Jeremias</b>. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><ul><li><span style="font-family: verdana;">Nabucodonosor II - 604-562 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Evil-Merodaque - 562-560 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Nabonido - 556-539 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Belsazar ou Baltazar - 556-539 a.C (corregente de seu pai Nabonido)</span></li></ul><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os livros bíblicos não citam os usurpadores <b>Neriglissar</b> (560-556 a.C) e <b>Labasi-Maruque</b> (556 a.C). Além disso, o <b>livro de Daniel</b> diz que com a morte de Belsazar (ou Baltazar), a Babilônia foi governada pelo rei <b>Dario, o Medo</b>. Todavia, historicamente quem assumiu o governo foi Ciro, o Grande. Provavelmente o tal Dario fosse algum governante. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Reis Persas</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A <b>Pérsia </b>foi um vasto império que surgiu no século VI a.C, formado a partir das conquistas promovidas pelo <b>rei Ciro II</b>, que mais tarde ficou conhecido como Ciro, o Grande. Foi durante seu longo reinado que a <b>Babilônia</b> foi conquistada e os judeus foram libertados de seu cativeiro, sendo autorizado o retorno deles para Israel e Judá. Alguns dos sucessores de Ciro, como <b>Xerxes e Artaxerxes</b> mantiveram a política de permitir os judeus reconstruírem suas cidades. </span><span style="font-family: verdana;">Dos reis persas que governaram nos séculos VI e V, apenas quatro são mencionados na </span><i style="font-family: verdana;">Bíblia</i><span style="font-family: verdana;">, aparecendo principalmente nos livros de </span><b style="font-family: verdana;">Esdras, Neemias, Tobias, Judite e Ester</b><span style="font-family: verdana;">. Sendo eles: </span></p><p style="text-align: justify;"></p><ul><li><span style="font-family: verdana;">Ciro II, o Grande (559-530 a.C) - fundou o império persa</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Dario I, o Grande (522-486 a.C) - invadiu a Grécia e falhou</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Xerxes I (486-465 a.C) - invadiu a Grécia e falhou </span></li><li><span style="font-family: verdana;">Artaxerxes I (465-424 a.C)</span></li></ul><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O filho de Ciro II, <b>Cambises II</b> (530-522 a.C) e o usurpador <b>Esmérdis</b> (522 a.C) não são citados nos relatos bíblicos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além disso, no livro de Ester, o rei persa é chamado de <b>Assuero</b>, o qual costuma ser associado como sendo Xerxes, mas alguns historiadores e teólogos apontam que poderia ter sido Artaxerxes devido a alguns acontecimentos citados nesse livro. O problema é que o nome de Ester não consta como rainha de nenhum desses monarcas, o que abre margem para questionar se ela existiu de fato, ou se existiu não teria sido uma rainha, talvez uma concubina, ou ela teria tido outro nome entre os persas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Reis da Macedônia</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Esses monarcas são citados apenas no livro <b>I Macabeu</b>, para se referir a origem do <b>Helenismo</b>, quando a cultura grega foi difundida para o Oriente Médio, sobretudo por conta do império de Alexandre, o Grande. Assim, os antigos reinos de Israel e Judá foram helenizados, adotando a língua grega e costumes daquele povo, algo que gerou conflitos séculos depois, como narrado nesse livro bíblico. </span></div><div style="text-align: justify;"><ul><li><span style="font-family: verdana;">Felipe II da Macedônia - 359-336 a.C - conquistou a Grécia</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Alexandre, o Grande - 336-323 a.C - conquistou o Império Persa</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Felipe V da Macedônia - 221-179 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Perseu da Macedônia - 179-168 a.C - rendeu-se aos romanos</span></li></ul></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Reis Selêucidas</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Após a morte de <b>Alexandre, o Grande</b> em <b>323 a.C</b>, seu império foi usurpado de seu herdeiro legítimo, <b>Alexandre IV</b>, sendo dividido entre os generais veteranos. Nesse caso, os domínios que compreendiam boa parte do antigo Império Pérsia da época de <b>Dario III</b>, foram herdados pelo general <b>Seleuco I</b>. Assim, os domínios selêucidas foram mantidos pelos séculos seguintes, incluindo os territórios da Judeia. Fato esse que no século II a.C, <b>Matatias</b>, <b>Judas Macabeu, Jônatas e Simão</b> confrontaram os selêucidas por anos para tentar libertar as terras dos judeus. Essa história é narrada nos livros <b>I</b> <b>Macabeu e II Macabeu</b>. </span></div><div style="text-align: justify;"><ul><li><span style="font-family: verdana;">Antíoco III - 223-187 a.C - promoveu a tolerância religiosa com os judeus</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Antíoco IV - 175-164 a.C - ordenou perseguições ao Judaísmo</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Antíoco V - 164-161 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Demétrio I - 161-150 a.C - mandou matar Judas Macabeu</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Alexandre Balas - 150-145 a.C - negociou com Jônatas</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Demétrio II - 145-138 a.C - usurpou o trono de Balas</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Antíoco VI - 144-142 a.C - eleito herdeiro oficial de Balas</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Diódoto Trifão - 142-138 a.C - protetor de Antíoco VI</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Antíoco VII - 138-129 a.C - governou no lugar do irmão Demétrio II</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Demétrio II - 129-125 a.C - retorno da prisão na Pártia</span></li></ul></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Reis da Judéia (ou Reis Herodianos)</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Na época do <b>Império Romano</b>, os territórios de Israel e da Palestina compreendiam as províncias da Judeia, Síria e Arábia Pétrea. Neste caso, temos menções a <b>Dinastia Herodiana</b>, iniciada com Herodes, o Grande que teve vários filhos e filhas, cujos alguns dos seus descendentes foram monarcas, mas a maioria viveu como nobres, e alguns atuaram como governadores (tetrarcas). Os primeiros Herodes são citados nos <b>Quatro Evangelhos</b> e os demais em <b>Atos dos Apóstolos</b>.</span></div><div style="text-align: justify;"><ul><li><span style="font-family: verdana;">Herodes, o Grande - 37-4 a.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Herodes Arquelau - 4 a.C - 6 d.C (sucedido por governadores romanos)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Herodes Agripa I - 41-44 (rompeu com os romanos)</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Herodes Agripa II - 48-92/100 (rei vassalo dos romanos)</span></li></ul><div><span style="font-family: verdana;">Existe um debate entre os historiadores e teólogos se teria sido Herodes, o Grande ou Herodes Arquelau que teria ordenado o censo que levou José a voltar para Belém, acarretando nesse processo a condição de Maria dar à luz a Jesus durante a viagem. A ideia de que Jesus teria nascido no ano 1 d.C, é questionada por alguns historiadores e até teólogos, os quais apontam que ele poderia ter nascido nos últimos anos do reinado de Herodes, o Grande. Vale ressalvar que a divisão temporal Antes de Cristo e Depois de Cristo somente foi adotada séculos depois desses eventos. </span></div><div><br /></div></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Imperadores Romanos</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os monarcas de Roma são normalmente chamados pelo<b> título de César</b>, embora que no <b>Evangelho de Lucas</b> temos a menção ao nome do imperador <b>Tibério</b>, em <b>Atos dos Apóstolos</b> cita-se o imperador <b>Cláudio</b>. Todavia, a partir da época de alguns eventos ocorridos nos séculos I a.C e I d.C, é possível identificar os reinados desses imperadores. Por exemplo, o governo de <b>Herodes, o Grande</b>, que governou sob o reinado de Augusto; a gestão de <b>Pôncio Pilatos </b>durante o governo de Tibério; a <b>expulsão dos judeus de Roma</b>, durante o governo de Cláudio; a <b>visita de Paulo à Roma</b> durante o governo de Nero. </span></div><div style="text-align: justify;"><ul><li><span style="font-family: verdana;">Augusto - 27 a.C - 14 d.C</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Tibério - 14-37</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Cláudio - 41-54</span></li><li><span style="font-family: verdana;">Nero - 54-68</span></li></ul><div><span style="font-family: verdana;">O imperador <b>Calígula</b> (37-41) não é citado na<i> Bíblia</i>. </span></div><div><br /></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Outros reis mencionados:</b></span></div><div><br /></div><div><span style="font-family: verdana;">Nos livros de <b>Gênesis, Êxodo, Números, Josué, Rute, Juízes, I Samuel, II Samuel, I Reis, II Reis, I Crônicas, II Crônicas, citam reis de Jerusalém, Moab, Amon, Edom, Sidônia (Fenícia), Cananéia, Filistéia</b> etc., porém, o reinado desses monarcas é de difícil identificação por falta de evidências históricas e arqueológicas, além de haver a questão de que alguns supostos reis desses povos poderiam ter sido governadores ou chefes tribais, não soberanos de fato. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;">Sabe-se que Moisés, Josué, Saul e Davi lutaram contra vários reis de povos vizinhos, a maioria nem se quer tem o nome citado, o que dificulta sua identificação. Por exemplo, no relato de <b>Josué 12:9-24</b> é citado que Josué venceu 31 monarcas. Seus nomes não são citados, embora nesse mesmo capítulo cite-se <b>Siom, rei dos Amorreus</b> e <b>Og, rei de Basã</b>. Além disso, os locais os quais os 31 reis governavam, eram pequenos territórios que lembrariam a condição de eles parecerem mais chefes ou governadores, como comentado anteriormente. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Melquisedeque</b>, que viveu na época de Abraão, era o <b>rei de Salém</b>, cidade não identificada com clareza, embora algumas hipóteses sugerem que ela poderia estar situada em terras nas quais Jerusalém hoje se encontra. Ainda na época de Abraão recordamos a condição de que havia cidades pecadoras como <b>Sodoma e Gomorra</b>, que eram governadas por reis cujos nomes não são citados. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;">A <b>Rainha de Sabá</b> que foi visitar o rei Salomão, é outra monarca da qual nada se sabe. Biblicamente ela aparece poucas vezes e teria vindo de um reino ao sul de Jerusalém, situado em algum lugar da península arábica. Outras tradições apontam que a rainha se tornou uma das esposas de Salomão e até deu origem a realeza da Etiópia. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA: </b>O rei Ezequias de Judá é citado no livro de <b>Isaías</b>. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 2:</b> Os reis Manassés, Josias, Joaquim e Joaquin são mencionados no livro de <b>Jeremias</b>. Inclusive algumas menções são indiretas, pois referem-se a acontecimentos ocorridos durante seus reinados. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 3:</b> Os reis Joaquim, Joaquin e Nabucodonosor são citados também nos livros de <b>Baruc, Ezequiel e Daniel</b>. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 4:</b> No livro de Ezequiel é mencionado um rei de Tiro que era inimigo de Judá, e foi atacado por vários anos pelos exércitos de Nabucodonosor. O nome do monarca não é citado, mas os historiadores apontam que possa ter sido <b>Hirão II</b>, pois em seu reinado a cidade de Tiro foi destruída pelos babilônios. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 5:</b> No livro de Ezequiel, <b>Magog </b>é referido como um reino bárbaro e governado pelo <b>rei Gog</b>, que também era príncipe de <b>Meseque e Tubal</b>. Porém, em outros livros bíblicos Magog, Meseque e Tubal são nomes de alguns homens, não o nome de lugares. Existem dúvidas se Gog realmente teria sido um governante real ou apenas um monarca fictício para servir de exemplo para o relato de Ezequiel. Exemplo esse reaproveitado no livro de Apocalipse. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 6:</b> No <b>livro de Daniel</b> é citado brevemente o <b>rei Astiages</b> (610-540 a.C) último monarca dos <b>Medos</b>, que foi destronado por Ciro, o Grande. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 7:</b> Alguns Herodes citados no Novo Testamento não foram reis, mas governadores (tetrarcas) como o caso do pai e tio de Salomé, os quais ambos se chamavam Herodes. Neste caso, ela é lembrada por ter mandado matar o profeta João Batista. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 8: Herodes Agripa II </b>na prática era um governador (tetrarca) que usava o título de rei em caráter simbólico, pois ele era vassalo dos imperadores romanos. Sendo assim, seu longo governo que vai de 48 até sua morte em 92 ou 100, deve ser visto como um mandato de governador. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Fonte:</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Bíblia de Jerusalém</b>. Nova edição, revista e ampliada. 12a reimpressão [2017]. São Paulo, Paulus, 2002. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas:</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>FREEDMAN</b>, David Noel (ed.). <b>The Anchor Yale Bible Dictionary</b>. New York, Doubleday, 1992. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>KASCHEL</b>, Werner; ZIMMER, Rudi. <b>Dicionário da Bíblia Almeida</b>. 2a ed. Baueri, Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Link relacionado: </b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/search?q=rainha+de+sab%C3%A1">A Rainha de Sabá</a><br /></span></div></div><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-10698864701931412702023-08-14T17:16:00.004-03:002023-12-16T08:29:24.845-03:00Os Yokais no folclore japonês<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Graças a popularidade dos mangás, animes e videogames, figuras do folclore japonês como os yokai se difundiram pelo mundo, sendo bastante representadas em diferentes narrativas, sendo até adaptadas para os padrões atuais. Entretanto, esses seres não seriam meros monstros de lendas, mas também possuíam e ainda possuem funções religiosas nas crenças populares do Budismo e do Xintoísmo. O texto a seguir apresenta o conceito de yokai e seus desdobramentos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O conceito de yokai:</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A palavra yokai engloba uma série de seres sobrenaturais como fantasmas, animais fantásticos, onis, monstros, entidades espirituais etc. Por conta dessa diversidade de seres, traduzir yokai como "fantasma", "demônio" e "monstro" é impreciso, pois há casos de yokais que possuem a forma humana e de animais; além de que nem todo yokai seja uma criatura maléfica. Sendo assim, os folcloristas hoje em dia preferem <b>interpretar yokai como uma "criatura sobrenatural"</b>, já que o termo em si tenha um caráter mais de categoria (referir-se a um conjunto de seres) do que especificar algo em particular. (FOSTER, 2015). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWSlZpyajzMm-ohRhw3tY9DS3wjsz0DVKLnnhQlEooihdG0TBEtV8cL75bBK0EojWFwEfhL5EnIGqbKDlmb84ZVGVr7U6Pvpf-MClAtZyoOcU6Tf_0l_47C4cxPJx_oNj3-oRPfpW_t0dEvSNiGt8w-BqCiBIGfED99uxO_tBucjMbGHwC1i2kiXlJndqW/s1280/Hyakki-Yagyo-Emaki_Tsukumogami_1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="638" data-original-width="1280" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWSlZpyajzMm-ohRhw3tY9DS3wjsz0DVKLnnhQlEooihdG0TBEtV8cL75bBK0EojWFwEfhL5EnIGqbKDlmb84ZVGVr7U6Pvpf-MClAtZyoOcU6Tf_0l_47C4cxPJx_oNj3-oRPfpW_t0dEvSNiGt8w-BqCiBIGfED99uxO_tBucjMbGHwC1i2kiXlJndqW/w640-h320/Hyakki-Yagyo-Emaki_Tsukumogami_1.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Pintura retratando alguns yokais. Datação incerta, mas pertenceu ao Período Muromachi (1336-1573). </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os yokais podem assumir a forma humana, de animais, de plantas, de objetos, de estruturas (geralmente casas e santuários) e até aparecerem personificados como elementos da natureza como o vento, a chuva, o fogo, raios e trovões. Vale ressalvar que alguns yokais podem mudar de forma também, o que revela como essas criaturas são ainda mais complexas. Nota-se como essa categoria abrange diferentes tipos de seres sobrenaturais como assinalado anteriormente. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os yokais podem ser criaturas tolas, pequenas e fracas, mas também podem ser seres inteligentes, grandes e poderosos; alguns fazem uso de magia; outros yokais conseguem transitar entre o mundo dos vivos e dos espíritos. Não obstante, nem todo yokai é maléfico, pois alguns são apenas trapaceiros e brincalhões, e tem alguns que ajudam as pessoas também. (FOSTER, 2015). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Há yokais que existem na própria natureza, outros vieram do mundo espiritual e há casos de humanos que se tornaram yokais, porque foram amaldiçoados, reencarnaram ou sofreram alguma morte trágica ou cruel, lhes deixando cheios de sofrimento, ódio e rancor e eles se tornam yokais geralmente do tipo fantasma ou assombração. Em outro casos há yokais que podem ser filhos de humanos, ou seja, são meio-humanos (<b>hanyo</b>). E esses seres híbridos podem possuir alguns poderes yokai. (FOSTER, 2015). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIXcUmIQTcwpavXopZ_jJHMYqx3ugJ6yZqT91RpKFhIIfL8IUi6pPlkOQijlELgLT5bgbWht1ITxVLdyYS_kTDaq2NVcFI99cVzAej9flOMtY1jk39Rrg1aFFDJ4RhAqfslEDGCh-esaXdF4d9y2VWP8368rCEBzQ8IVdSqoa7YsgWHauuQlPluV9luN4N/s590/Suuhi_Nure-onna.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="584" data-original-width="590" height="396" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIXcUmIQTcwpavXopZ_jJHMYqx3ugJ6yZqT91RpKFhIIfL8IUi6pPlkOQijlELgLT5bgbWht1ITxVLdyYS_kTDaq2NVcFI99cVzAej9flOMtY1jk39Rrg1aFFDJ4RhAqfslEDGCh-esaXdF4d9y2VWP8368rCEBzQ8IVdSqoa7YsgWHauuQlPluV9luN4N/w400-h396/Suuhi_Nure-onna.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Nure-onna é um tipo famoso de yokai no folclore japonês. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Explanado de forma breve sobre o conceito de yokai, vejamos algumas subcategorias a ele associada, as quais expressam algumas particularidades específicas. Vale ressalvar também que excetuando-se os fantasmas (yusei) e os dragões (ryu), alguns folcloristas consideram que os bakemonos podem ser também tratados como yokais. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>1) Bakemono ou obake: </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A palavra bakemono significa <b>"o que troca de forma"</b>, porém, hoje ela é usada até mesmo pelos próprios japoneses para se referir ao conceito de monstro e fantasma (aqui no sentido de assombração). Entretanto, os bakemonos não necessariamente possuem uma forma fantasmagórica, alguns são animais fantásticos, espíritos da natureza e até objetos possuídos (tsukumogami). (ROBERTS, 2009, p. 11). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por exemplo, animais como a <b>kitsune</b> (uma raposa mítica), a <b>kappa</b> (um tipo de monstro aquático), o <b>nekomata</b> (gato de duas caudas), o <b>bake-danuki</b> (guaxinim mítico), tais seres são bakemonos, os quais inclusive podem mudar de forma (incluindo assumir forma humana) ou terem um aspecto mais monstruoso como no caso das kappas, que são criaturas travessas e maléficas que habitam rios e lagos. Mas a própria kitsune também pode agir de forma malvada, enganando, roubando, trapaceando e possuindo pessoas, agindo como espíritos obsessores. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2WytllMnnch6ng9E9IAGCTEBTu33WSBMpMsflnBfTETgk4VV42rxWABVhZp5e9WGO_Mt0QPFfo6ZAHDqpcq3YLtyp01jQ9Lv8vZfhvYZdynbFwWFYqm-wvYZNpZtSpNUR7adAKUkW2LcCFOEoYkXLG0ANdyIz8bO19eEBIdALw0ciPhtvRvYXoGY7YDwl/s1119/Morokoshi_%E4%B8%AD%E8%8F%AF_(China)_(BM_2008,3037.07001_1).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1119" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2WytllMnnch6ng9E9IAGCTEBTu33WSBMpMsflnBfTETgk4VV42rxWABVhZp5e9WGO_Mt0QPFfo6ZAHDqpcq3YLtyp01jQ9Lv8vZfhvYZdynbFwWFYqm-wvYZNpZtSpNUR7adAKUkW2LcCFOEoYkXLG0ANdyIz8bO19eEBIdALw0ciPhtvRvYXoGY7YDwl/w286-h400/Morokoshi_%E4%B8%AD%E8%8F%AF_(China)_(BM_2008,3037.07001_1).jpg" width="286" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Uma mulher confrontando uma kitsune de nove caudas. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Além disso, a palavra bakemono possui etimologia associada com <b>baku</b>, termo usado para se referir a um tipo de assombração espiritual. O baku consiste num monstro quimérico, ou seja, seu corpo é formado por diferentes partes de animais, o qual aparece durante o sono e se alimenta dos sonhos, a manifestação do "devorador de sonhos". Quando um baku acomete uma pessoa ele causaria os pesadelos. Nesse ponto ele é associado a manifestação monstruosa do pesadelo, algo visto em outros folclores também. (ROBERTS, 2009, p. 12). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdsfbwdkN_ctKQjemyQmAlYt_i3r79MdqvnHCo2BD1Vi1G8vw8XxLl9LFPLv0IuJCs_S54VlyOSifXuWWCHWuBld16fhBCGdysRzo-D4v5QnLsuRT0nvt8Iyry760pTdaIaVfoWvSh6hunzxNM9QZhO8C0zRJVb2-Ml36oL_y3un7Xgm52ZhkKKOuQJceK/s806/MET_29_100_898_O2.jpeg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="806" data-original-width="774" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdsfbwdkN_ctKQjemyQmAlYt_i3r79MdqvnHCo2BD1Vi1G8vw8XxLl9LFPLv0IuJCs_S54VlyOSifXuWWCHWuBld16fhBCGdysRzo-D4v5QnLsuRT0nvt8Iyry760pTdaIaVfoWvSh6hunzxNM9QZhO8C0zRJVb2-Ml36oL_y3un7Xgm52ZhkKKOuQJceK/w384-h400/MET_29_100_898_O2.jpeg" width="384" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Representação de um baku, o devorador de sonhos. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Existem outros bakemonos com aspectos mais específicos, um deles são os <b>kodamas</b>, espíritos da natureza que normalmente vivem em florestas, mas podem aparecer em montanhas também. Os kodamas estão associados a proteção da floresta, habitando em árvores, tocas e cavernas. Eles são associados com os <b>elfos</b> do folclore escandinavo e as <b>dríades</b> da mitologia grega. Por conta de seu papel como guardiões das matas, os kodamas recebiam oferendas e orações também. Em geral, são descritos como seres pacíficos e tímidos, pois raramente se manifestam diante dos humanos, não tendo uma forma definida, apesar que podem aparecer em forma de animais, pessoas e outros seres. Todavia, os kodamas como guardiões da floresta, eles podem punir aqueles que as destroem, derrubando árvores antigas, desmatando, queimando, caçando de forma irresponsável. (FOSTER, 2015, p. 198-199). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYeuJxcLquwrS-FmG_hKOGF_eGIM3PkZ8FplIZ16TNgBujFdSCUqv3kqYNoew9BPVauUR0oyBeP4ap67nmB1WQ78ATyN568zT7xjTUB1LdLEwu6Wx6mSTm3evDIVzkLEKWLffKdFodnBtz8kqkU88nSWzvcCMYRo1qj0XfIeCqQ7zqP16z4IqHavBoR8OL/s1200/PoqwZ.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="675" data-original-width="1200" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYeuJxcLquwrS-FmG_hKOGF_eGIM3PkZ8FplIZ16TNgBujFdSCUqv3kqYNoew9BPVauUR0oyBeP4ap67nmB1WQ78ATyN568zT7xjTUB1LdLEwu6Wx6mSTm3evDIVzkLEKWLffKdFodnBtz8kqkU88nSWzvcCMYRo1qj0XfIeCqQ7zqP16z4IqHavBoR8OL/w640-h360/PoqwZ.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Kodamas como vistos no filme <i>Princesa Mononoke</i> (1997). </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Outro tipo de bakemono específico são os<b> tengus</b> ("cão do paraíso"), os quais aparecem como seres híbridos, apresentando corpo humano, asas, nariz comprido, bico ou <b>cabeça de corvo</b> (karasu tengu ou kotengu). Os tengus são apresentados de duas maneiras, ora como criaturas protetoras, pacíficas e cultas, mas também como seres perigosos e traiçoeiros, causando problemas e crimes. Eles costumam serem bastante representados na arte japonesa, inclusive no teatro e em cerimônias é possível encontrar máscaras de tengus com rosto vermelho e nariz comprido. (</span><span style="font-family: verdana;">FOSTER, 2015, p. 261-263). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpAITvfbwxFAxBY0_fmByHd76zgnrvBtII1Drri5v1YbvC77M2Rvt0_At7edv-qhILBRRsPzuqqqHUpxhSO0Wuarviol71zeDbH4RJOfZaZx_0MVRE-tUmFj54Gr21yzAPZ2EDVuWPfLDD1T-jxXlqo4pfOZzxcKcoL-i2xsyaK7Y04YeuAU2nHjerpjQA/s1308/Tengu.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1308" data-original-width="753" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpAITvfbwxFAxBY0_fmByHd76zgnrvBtII1Drri5v1YbvC77M2Rvt0_At7edv-qhILBRRsPzuqqqHUpxhSO0Wuarviol71zeDbH4RJOfZaZx_0MVRE-tUmFj54Gr21yzAPZ2EDVuWPfLDD1T-jxXlqo4pfOZzxcKcoL-i2xsyaK7Y04YeuAU2nHjerpjQA/w230-h400/Tengu.jpg" width="230" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Uma máscara de tengu. </span></td></tr></tbody></table><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Algumas lendas falam de tengus especialistas em magia e artes marciais, os quais ajudaram algumas pessoas, lhes tomando como seus discípulos. Alguns tengus também agiriam como protetores de alguns lugares tidos sagrados, incluindo templos, por isso sua associação com a palavra "cão", aqui no sentido de "cão de guarda". Por outro lado, existem narrativas que os retratam como tendo a função do </span><span style="font-family: verdana;">"bicho-papão</span><span style="font-family: verdana;">", acometendo as crianças que se perdiam nas florestas e montanhas. Em outros casos as pessoas contavam histórias sobre tengus que sequestravam crianças travessas, como forma de inculcar medo nelas para que assim se comportassem melhor com base no medo de poderem serem levadas embora por um tengu. (ROBERTS, 2009, p. 115; FOSTER, 2015, p. 261). </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg799_sH3P9WlVQNQ10aaxGjJX6pD55efvGsP45sX9-sbtGH3R7L8U1L1S7qJ2OUmrYpxsE6Dcou42d0Y1q_BB9vRGMPqOk1UulxqCakmkciiV7UHcUgg0jgkmXYOso3lL0nP-bBjUBJyrXQQxh0qPtr6j--2O0e4IreomnG-qLT0Hk_aDOkkSqCUhPdbOP/s1200/Statue_of_Tengu_(15929880465).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg799_sH3P9WlVQNQ10aaxGjJX6pD55efvGsP45sX9-sbtGH3R7L8U1L1S7qJ2OUmrYpxsE6Dcou42d0Y1q_BB9vRGMPqOk1UulxqCakmkciiV7UHcUgg0jgkmXYOso3lL0nP-bBjUBJyrXQQxh0qPtr6j--2O0e4IreomnG-qLT0Hk_aDOkkSqCUhPdbOP/w266-h400/Statue_of_Tengu_(15929880465).jpg" width="266" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Estátua de um tengu num templo.</span></td></tr></tbody></table></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os <b>tsukumogamis</b> (objeto-espírito) são um tipo de bakemono bem específico, pois enquanto os outros citados são normalmente animais ou seres antropomórficos, essa classe se refere aos bakemonos que são <b>objetos encantados ou possuídos</b>. (FOSTER, 2015, p. 390). Existem vários termos específicos para nomear esses seres conforme os objetos que eles representam, por exemplo, <b>bake-zori</b> (sandálias de palha), <b>ungaikyo</b> (espelho), <b>zorigami</b> (relógio), <b>furu-utsubo</b> (jarra de saquê), <b>kasa-obake</b> (guarda-chuva ou sombrinha). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A manifestação de um tsukumogami pode ocorrer de distintas formas: um bakemono incorporou num objeto (possessão) ou a criatura aprisionou algum espírito num objeto; em alguns casos há yokais que usam seus poderes para animar os objetos, conjurando-os de magia animadora, tornando os objetos em tsukumogamis. Esses bakemonos podem ser usados para causar sustos, travessuras, mas também provocar acidentes e assombração. (FOSTER, 2015, p. 407-408). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No caso, não há uma representação exata desses seres, dependendo do artista eles podem aparecer como objetos comuns os quais flutuam, mas há representações que os mostram tendo olhos, rostos, cabelos, chifres, dentes, braços e pernas. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEht6RRm1B_a-6-V2QXDJ2ucJ76y-ofWqzIw0fvt7LTG21bP2-1R_5aelCIv67lgkN3p0Z7iUSkJBMJTzbB5PDr__TgR6kgSGJB-nzCNkQXRXlxZlaOsmFbF6R4jVIZUp77uwZO0WnrAUBlveupZpBYJoygszW94nnojLZwiAcu2vBjtfzoqRgrOhPsX-agT/s1105/Katsushika_Hokusai_-_The_Lantern_Ghost,_Iwa_-_Google_Art_Project.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1105" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEht6RRm1B_a-6-V2QXDJ2ucJ76y-ofWqzIw0fvt7LTG21bP2-1R_5aelCIv67lgkN3p0Z7iUSkJBMJTzbB5PDr__TgR6kgSGJB-nzCNkQXRXlxZlaOsmFbF6R4jVIZUp77uwZO0WnrAUBlveupZpBYJoygszW94nnojLZwiAcu2vBjtfzoqRgrOhPsX-agT/w290-h400/Katsushika_Hokusai_-_The_Lantern_Ghost,_Iwa_-_Google_Art_Project.jpg" width="290" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Um tsukumogami em forma de lanterna. Hokusai, entre 1826 e 1837. </span></td></tr></tbody></table><br /><p></p><p style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">2) Oni:</b></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Normalmente a palavra oni costuma ser traduzida como demônio ou monstro, de certa forma, tais traduções não estão erradas, pois, de fato, tratam-se de criaturas com aspectos monstruosos e que causam malefícios. No caso, a <b>palavra oni </b>advém de <b>onu </b>(invisível ou algo que não se enxerga). Sendo assim, de acordo com as crenças quando algo de ruim ocorria, punha-se a culpa nos onis, seres inicialmente considerados invisíveis, os quais agiam para prejudicar as pessoas, por conta disso haver orações e ritos para afastá-los e se proteger de suas ações. (PIGOTT, 1969, p. 62). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com o advento da arte japonesa, essa ajudou a conceder características físicas aos onis, sendo esses retratados em forma humanoide, como criaturas robustas, brutas e feias, podendo possuir chifres, barba, presas e garras. Alguns apresentam faces antropomórficas como se fossem de urso, leão, lobo e boi. Ele também podem aparecer nas cores azul, verde, vermelho, cinza, preto, marrom. </span><span style="font-family: verdana;">Os onis são representados como tendo grande força e até mesmo devorariam os seres humanos. </span><span style="font-family: verdana;">(PIGOTT, 1969, p. 62). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEscc6770m0Og0l5njEj3oCBc8TS_9D8Lhy3BhoWgGDpAceu5SXa7FsUMMJHuAlvKCcTGMoIamax9CoU8-VZyXcxSsjp8UGVDw_hFyWeiBK9xF50ZiY3NiIRAyzT7I8g7P4WUOGiKPkEIMs0v38iJX9kTfnQAcS5nTof2auXz4KXciWnGcoD4sLXdHsE1P/s1089/800px-Sessen-Doji-Offers-His-Life-Ogre-Oni-1764-Soga-Shohaku.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1089" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEscc6770m0Og0l5njEj3oCBc8TS_9D8Lhy3BhoWgGDpAceu5SXa7FsUMMJHuAlvKCcTGMoIamax9CoU8-VZyXcxSsjp8UGVDw_hFyWeiBK9xF50ZiY3NiIRAyzT7I8g7P4WUOGiKPkEIMs0v38iJX9kTfnQAcS5nTof2auXz4KXciWnGcoD4sLXdHsE1P/w294-h400/800px-Sessen-Doji-Offers-His-Life-Ogre-Oni-1764-Soga-Shohaku.png" width="294" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Uma mulher ameaçada por um oni azul. Soga Shokaku, c. 1764. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por conta dessas características mais bestiais, hoje em dia folcloristas e estudiosos de outros países costumam associar os onis as figuras do <b>ogro</b> e do <b>troll</b>, os quais no folclore nortenho europeu apresentam funções similares, sendo criaturas que costumam causar dano ou até matarem as pessoas, sendo que essas bestas se esconderiam em florestas, cavernas ou debaixo de pontes. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>3) Yurei</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O termo <b>yurei </b>("espírito fraco" ou "espírito obscuro") costuma ser traduzido como <b>fantasma</b> ou <b>alma penada</b>, sendo ele um tipo de yokai. Os yureis normalmente são representados como sendo fantasmas de pessoas, mas há casos de serem também fantasmas de animais e outros yokais. No Japão, <b>histórias sobre fantasmas </b>(kaidan) são bastante populares, havendo centenas delas, e normalmente eles originam-se a partir de momentos trágicos e violentos: acidentes, assassinatos, suicídio, catástrofes etc. Em alguns casos os fantasmas também surgem porque a pessoa foi amaldiçoada ou morreu com muito rancor, tristeza e ódio. (FOSTER, 2015, p. 53-54). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_L50thAphnMtTASB0Cw1-8v6XChlpxL1S_SHF_c70NkNZPW7GitrJUWoK9UiIhtXsONvSoPADfNVMaehhjvCpOMV5Ln_OPWfBPA3cfFqY8fLo5LQlHVpScPgh6OUcDEnYuEfuSOMt4hjGnVLDhsxX0yTtwEXQSqach9xyKDWzMmwcFksiwA70jApRZfKv/s800/800px-23.Yuurei.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="621" data-original-width="800" height="496" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_L50thAphnMtTASB0Cw1-8v6XChlpxL1S_SHF_c70NkNZPW7GitrJUWoK9UiIhtXsONvSoPADfNVMaehhjvCpOMV5Ln_OPWfBPA3cfFqY8fLo5LQlHVpScPgh6OUcDEnYuEfuSOMt4hjGnVLDhsxX0yTtwEXQSqach9xyKDWzMmwcFksiwA70jApRZfKv/w640-h496/800px-23.Yuurei.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Pintura de um yurei datada por volta de 1700. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tradicionalmente os yurei costumam serem representados usando roupas brancas, geralmente um kimono. Todavia, como os costumes mudaram, os yurei atuais aparecem usando vestes mais modernas. Eles também costumam serem retratados como não tendo pés, sendo um indicativo de estarem mortos. Antigamente também os retratavam sem os pés e mãos. Em alguns casos os yurei podem aparecer sem uma forma definida, surgindo como se fosse uma nuvem ou uma bola espectral nas cores azul, verde ou roxa, chamada <b>hitodama</b>. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os yureis podem aparecer conservando sua fisionomia original, mas há casos que eles surgem de forma mais feia, podendo ter aspecto cadavérico e até feições monstruosas. Alguns yurei também podem praticar vários males, havendo necessidade de serem exorcizados, por conta disso, os monges budistas e sacerdotes xintoístas desenvolveram técnicas de exorcismo, orações e ritos para mantê-los afastados. </span><span style="font-family: verdana;">(FOSTER, 2015, p. 55). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora fantasmas sejam associados em geral a histórias de terror, nem todo yurei é vingativo ou malvado, há aqueles que são bons, mais devido a algum problema não conseguiram seguir para a outra vida, então buscam a ajuda dos vivos para fazer isso. E há casos de alguma pessoa que se manifesta como fantasma para avisar ou ajudar alguém. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O folclore japonês possui diferentes termos para classificar os tipos de yurei, alguns mais comumente usados são:</span></p><p style="text-align: justify;"></p><ul><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Onryo:</b> fantasma vingativo, considerado bastante perigoso, pois ele pode atacar tanto aqueles que o feriram, quanto outras pessoas que não tem nenhuma culpa. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Goryo: </b>é a variação do onryo, mas está ligado a um fantasma de alguém que era nobre ou rico. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Funayurei:</b> fantasma de pessoa que morreu no mar.</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Zashiki-warashi:</b> fantasma de criança. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Ubume:</b> fantasma de uma mãe que morreu no parto ou morreu deixando filhos pequenos. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Fuyurei:</b> fantasma flutuante que vagueia sem um propósito definido. Não necessariamente causam males. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Jibakurei:</b> fantasma que ficou preso nesse mundo por algum motivo específico, não necessariamente por conta de ódio, vingança e maldição. </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Ikiryo:</b> consiste na projeção astral em que uma pessoa consegue projetar seu espírito e controlá-lo. O termo inclusive é traduzido como "fantasma vivo". </span></li></ul><p></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj60khqx7vSQtSYJZhC3s45iPHe0d2ph-urm6KZQuZ3cijkfO4d_WwAiBdvtdLOUzciU7_nbHP9zxDLfnwAGKyHP_5Kv1ZiYO5Qiup3Y3eGEDMPdMyqoLZnl3JoRNl5xs3FX4CSsEi-jyrEsx1Xj3TZtQusCB0O0OQXyVt8H4mbPnwh2_ZgiSToloPGQlcy/s1306/yuurei.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1306" data-original-width="1000" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj60khqx7vSQtSYJZhC3s45iPHe0d2ph-urm6KZQuZ3cijkfO4d_WwAiBdvtdLOUzciU7_nbHP9zxDLfnwAGKyHP_5Kv1ZiYO5Qiup3Y3eGEDMPdMyqoLZnl3JoRNl5xs3FX4CSsEi-jyrEsx1Xj3TZtQusCB0O0OQXyVt8H4mbPnwh2_ZgiSToloPGQlcy/w306-h400/yuurei.jpg" width="306" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Representação clássica de um yurei com seu quimono branco. </span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: verdana;"><b>4) Ryu</b></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A palavra ryu designa o <b>dragão japonês</b>, entretanto, existem vários tipos de dragões no folclore e na mitologia do Japão. Alguns são pequenas criaturas e outros podem ser monstros imensos. Alguns dragões podem assumir a forma humana. Todavia, a grosso modo todo dragão seria um yokai, entretanto, existem alguns dragões que são classificados como <b>kamis</b> (deuses) por conta de seu papel religioso. Entretanto, aqui os tratamos mais especificamente como sendo yokais por conta de serem criaturas sobrenaturais. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Os dragões japoneses são seres associados com a água, em especial o mar, mas eles também podem aparecer associados com montanhas, chuva, raios e trovões. Os dragões podem ser criaturas benevolentes e sábias, a ponto de serem cultuados como divindades, por isso existir templos e cerimônias dedicados aos deuses-dragão; porém, há outros que agem de forma mesquinha, invejosa e violenta, personificando as forças destrutivas da natureza. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyavUYkKpMZifeQubsJa5Uu3B145OPNpTbMx30WOQ_XW596QDQj_vhVOxN6iutgCg2263iPmLbCpWaXpxsZiA9KG7fKN4ehfdY881GBY7VeFxupRXJj11tZbAbd_oz6OnfxTBA5p0-wPvf2w4HYBy-_4ytlpm1Kp3941s3JUkLnNIWzzyca_lqE6N-E4bg/s1164/Ogata_Gekko_-_Ryu_sho_ten_edit.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="1164" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyavUYkKpMZifeQubsJa5Uu3B145OPNpTbMx30WOQ_XW596QDQj_vhVOxN6iutgCg2263iPmLbCpWaXpxsZiA9KG7fKN4ehfdY881GBY7VeFxupRXJj11tZbAbd_oz6OnfxTBA5p0-wPvf2w4HYBy-_4ytlpm1Kp3941s3JUkLnNIWzzyca_lqE6N-E4bg/w275-h400/Ogata_Gekko_-_Ryu_sho_ten_edit.jpg" width="275" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Um dragão voando diante do Monte Fuji. Ogata Gekko, 1897. </span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Várias lendas japonesas costumam associar histórias de princesas com dragões, em que as princesas seriam filhas desses ou tentavam de alguma forma roubar algum artefato mágico dos palácios desses dragões. Outras narrativas também apresentam lendas sobre dragões que causaram inundações, tempestades, terremotos e erupções vulcânicas. </span></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;"><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><b style="font-family: verdana;">NOTA: </b><span style="font-family: verdana;">A palavra <b>mono-no-ke</b> era usada no passado, especialmente no <b>Período Heian</b> (794-1185), para se referir aos<b> fantasmas vingativos</b>. Hoje em dia o termo tem pouca usabilidade, optando-se em usar onryo ou goryo. Inclusive esse termo foi escolhido pelo<b> Studio Ghibli </b>para seu famoso filme<b> Princesa Mononoke</b> (1997), cuja personagem age de forma vingativa para proteger uma floresta cujos kodamas são ameaçados pelo ser humano. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 2:</b> O <b><i>Hyakki Yagyo </i></b>é um termo usado para se referir a uma <b>"parada de yokais"</b>, que ocorre à noite em determinadas épocas do ano, geralmente associado a eclipses lunares, dias sombrios, feriados dos mortos etc. Esse desfile de monstros ocorreria por estradas, campos e cidades, e as pessoas deveriam evitar se aproximar para não serem raptadas ou mortas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 3:</b> O mangá e anime<b> Inuyasha</b> (1993-2008) é famoso por retratar vários tipos de yokais. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 4:</b> Os jogos <b>Nioh</b> (2017) e <b>Nioh 2</b> (2020) também trazem uma variedade de yokais. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 5:</b> No mangá e anime <b>Demon Slayer</b>, os onis são retratados de forma variada, apresentando características de outros yokais. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 6:</b> A franquia de jogos <b>Fatal Frame</b> é conhecida por abordar a temática dos yureis. </span></div><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas: </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>FOSTER</b>, Michael Dylan. <b>The Book of Yokai: mysterious creatures of Japanese Folklore</b>. Oakland, University California Press, 2015. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>PIGOTT</b>, Juliet. <b>Japanese Mythology</b>. London, The Hamlyn Publishing, 1969. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>ROBERTS</b>, Jeremy. <b>Japanese Mythology A to Z</b>. 2. ed. New York, Chelsea House, 2009. </span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-16315127919415867562023-08-01T11:56:00.004-03:002023-12-12T08:49:21.435-03:00Os cavaleiros-arqueiros do Império Mongol <p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Quando se pensa em cavalaria normalmente associamos a figura do cavaleiro usando espadas e lanças, embora eles também pudessem usar maças, porretes, alabardas, no entanto, os cavaleiros mongóis se notabilizaram pelo manejo do arco, o que lhe concederam características únicas em sua estratégia militar, assim como, a fama de implacáveis arqueiros que a galope conseguiam acertar um alvo a centenas de metros de distância. Apesar dos exageros sobre a pontaria dos cavaleiros-arqueiros mongóis, entretanto, é fato que a cavalaria consistiu na principal força de ataque desse povo, permitindo que <b>Genghis Khan</b>, seus filhos, netos e generais pudessem formar um império que se expandiu do China até a Áustria. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"></span></p><p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: left; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"></p><p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-family: "Times New Roman"; letter-spacing: normal; margin-left: auto; margin-right: auto; orphans: 2; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; text-transform: none; widows: 2; word-spacing: 0px;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB6J-zvkIgiIwRaMfXhM6QB51aOo_egm03aur7zeGyPVK4srXFKzwjAh1XNZ5uUVWjs5MW1_rdYWGc_UkwDqisLr-3wdSGi8TQ-AkWMyAIfvcdDT3PQnd-FLD3XmhvbeIWbd66wTn2DM5Wv3WuIt5fW5yIUhRnCRpDC_SI96MTdqQC6oJGzEhwfDFfLuzO/s411/Bataille_de_v%C3%A2liy%C3%A2n_(1221).jpeg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="268" data-original-width="411" height="418" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB6J-zvkIgiIwRaMfXhM6QB51aOo_egm03aur7zeGyPVK4srXFKzwjAh1XNZ5uUVWjs5MW1_rdYWGc_UkwDqisLr-3wdSGi8TQ-AkWMyAIfvcdDT3PQnd-FLD3XmhvbeIWbd66wTn2DM5Wv3WuIt5fW5yIUhRnCRpDC_SI96MTdqQC6oJGzEhwfDFfLuzO/w640-h418/Bataille_de_v%C3%A2liy%C3%A2n_(1221).jpeg" style="cursor: move;" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">À esquerda cavaleiros-arqueiros mongóis confrontando cavaleiros persas na Batalha de Valiyan (1221). Ilustração de Rashid-al-Din, 1430-1434. </span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O mongol e seu cavalo</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Na Idade Média falar dos mongóis era falar também de seus cavalos, principais animais ao lado das cabras, ovelhas e bois que eram criados por esse povo. Por conta dos mongóis habitarem as vastas estepes, além de possuírem um estilo de vida nômade ou seminômade, a locomoção era essencial, por conta disso, suas casas chamadas de <i><b>yurt</b></i>, eram tendas que podiam ser desmontadas, colocadas em carroças e transportadas. Por séculos, os mongóis como outros povos das estepes como</span><span style="font-family: verdana;"> <b>hunos, turcos, turcomanos, cazaques</b> etc., mantiveram esse estilo de vida nômade ou seminômade, apesar que os outros povos adotaram o sedentarismo mais rápido em alguns casos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Todavia, devido a esse estilo de vida em que se demandava trocar de região em busca de pastos para uma pecuária extensiva, os mongóis desde cedo criaram um forte vínculo e dependência com os cavalos. Por sua vez, o arco e flecha se tornaram suas principais armas ao lado da lança, depois da espada, por conta da necessidade de se caçar, mas também de guerrear. Antes do governo de <b>Genghis Khan</b> (1162-1227), o qual unificou as tribos mongóis sob seu reinado no começo do século XIII, as tribos guerreavam entre si, disputando territórios, recursos e por outros motivos. (TURNBULL, 1980, p. 3). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Sendo assim, os homens e mulheres mongóis devido a essa vida hostil, desde cedo aprendiam a cavalgar e manejar o arco, apesar que as mulheres não iam à guerra, mas eventualmente aprendiam a caçar e lutar se fosse necessário. Por sua vez, os homens eram logo cedo instruídos na equitação, arquearia e no combate. Enquanto não estavam guerreando ou em exercícios militares, os mongóis eram pecuaristas, artesãos, caçadores, além de exercer outras atividades cotidianas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O cavalo para além de meio de transporte e carga, também representava status: um senhor que possuísse uma manada grande, significava que era próspero e poderoso. Além disso, o leite de égua era usado na alimentação diária, fosse para ser bebido, ou se produzir manteiga, queijo, iogurte e até uma bebida alcoólica chamada <i style="font-weight: bold;">airag</i> (chamada de <i>kumis</i> em outros países), considerada a bebida típica da Mongólia, apesar de ser consumida em outros países da Ásia Central, recebendo outros nomes. Não obstante, além dos usos dado ao leite de égua, a carne de cavalo também em alguns casos poderia ser consumida. (TURNBULL, 2003, p. 16-17). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWe4fwCE3NOENoQTQMrpGsfudd_HTWz1XITZRfMJ_TjJNXzbcQoNOfuo2D7kOkMP0fJv1P-8ZBcGbEVDhLHedairjWwOGZMKdyYY_7CqwegWU0snHhb9Tfky8MUCyjcy--khmWaFU8snLurz6I20nWBbvvJY3hANpH_7BMRHhsl0DOze1ytHF0goPef_X6/s580/R.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="386" data-original-width="580" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWe4fwCE3NOENoQTQMrpGsfudd_HTWz1XITZRfMJ_TjJNXzbcQoNOfuo2D7kOkMP0fJv1P-8ZBcGbEVDhLHedairjWwOGZMKdyYY_7CqwegWU0snHhb9Tfky8MUCyjcy--khmWaFU8snLurz6I20nWBbvvJY3hANpH_7BMRHhsl0DOze1ytHF0goPef_X6/w640-h426/R.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Mongóis cavalgando o típico cavalo mongol, uma raça nativa de médio porte, veloz e resistente. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Stephen Turnbull (2003, p. 4) comenta que a ideia de que os mongóis viveriam sobre seus cavalos a ponto de fazer suas refeições e até dormirem, enquanto percorriam centenas de quilômetros num dia, é fantasioso. De fato, o exército mongol possuía grande mobilidade por conta de suas principais tropas serem montadas, entretanto, acampamentos eram erguidos normalmente. Os cavaleiros dormiam em tendas ou até mesmo ao relento, ao lado de fogueiras ou cobertos com grossos cobertores. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Dessa forma, diante dessas condições de vida: o nomadismo, a pecuária extensiva, vida tribal, longas distâncias, ameaças, entre outros fatores, os mongóis se tornaram hábeis cavaleiros, os quais no século XIII, ganharam a fama de lobos das estepes, cruéis e sanguinários bárbaros. Entretanto, os mongóis daquele tempo, era homens que mediam entre seus 1,55 e 1,70 metro de altura, e montavam cavalos de porte pequeno para os padrões de outras localidades. Apesar da baixa estatura, subestimar um oponente pelo seu tamanho é um erro comum. Esses cavaleiros-arqueiros conseguiram causar grandes conquistas, além de levar a calamidade para várias partes da Ásia e da Europa. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O arco mongol</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Um dos trunfos do exército mongol era o seu arco, um tipo de arco curto, composto e recurvo, condição essa que gerava uma tração maior do que a vista em arcos curtos convencionais. Essa arma era feita de chifre ou bambu, usando-se tendões para se fazer a corda. Ele media de 80 cm a 100 cm de comprimento. As flechas eram feitas comumente como vista em outros lugares, utilizando-se penas de diferentes aves. Evidentemente que guerreiros mais ilustres poderiam ganhar ou comprar flechas com penas de aves mais difíceis de obter, como águias. Um bom arqueiro conseguia disparar flechas a mais de 200 metros de distância, alguns experimentos mostram flechas passando das 350 jardas (320 metros). (BURGAN, 2005, p. 24). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A corda era feita de forma a ser bastante flexível, mas sem se afrouxar, de forma a conservar sua tensão. Dessa forma, arqueiros habilidosos conseguiam puxá-la até ao lado dos olhos ou das orelhas. Por se tratarem de arcos curtos, isso facilitava seu manejo sobre a sela, pois o grande trunfo dos mongóis não era tanto o arco em si, mas a forma de como usá-lo. Os mongóis desenvolveram suas próprias técnicas para disparar, assim como, a arte da arquearia montada, uma forma mais difícil, pois o arqueiro encontra-se em movimento, tendo que compensar o balanço da cavalgada para poder efetuar disparos mais precisos. (BURGAN, 2005, p. 24).</span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiNvhla3wRF1NSmlO_mkVdjW1zhh-VjcUsEgM3AnVh55m6OFsbPF6rfAF7m00wcq9q-6-htseH-pg3fFWIItfJqQ6CFGYknvTff8Tty33ZA9G8rQXcKIGROM-4sULsSa5Rb8A5vjeO9yWHfP3WHEa_ceELxTrMQPypLJfU3QjTUloD1TurMzmk7NvvPr9U/s3452/MongolSalukiHorn.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="891" data-original-width="3452" height="166" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiNvhla3wRF1NSmlO_mkVdjW1zhh-VjcUsEgM3AnVh55m6OFsbPF6rfAF7m00wcq9q-6-htseH-pg3fFWIItfJqQ6CFGYknvTff8Tty33ZA9G8rQXcKIGROM-4sULsSa5Rb8A5vjeO9yWHfP3WHEa_ceELxTrMQPypLJfU3QjTUloD1TurMzmk7NvvPr9U/w640-h166/MongolSalukiHorn.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Exemplo moderno de arco mongol. </span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Michael Burgan (2005, p. 25) comenta que os arqueiros mongóis poderiam carregar dois tipos de arcos com eles: um arco para curtas distâncias e outro para longas distâncias. Isso dependeria do objetivo em questão, e o mesmo valeria para os cavaleiros também. Além disso, havia casos que os arcos acabavam rachando-se ou a corda arrebentando, então era necessário ter um arco de reserva. O autor também sublinha que os mongóis dependendo da missão, poderiam carregar aljavas com mais de 50 flechas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Apesar de que a precisão sobre-humana atribuída aos mongóis seja exagero, ainda assim, havia verdade nesses relatos. Os melhores arqueiros treinavam bastante para poderem acertar o máximo possível. Sem contar que os mongóis possuíam jogos e campeonatos de tiro ao alvo, lutas e corridas a cavalo. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>O cavaleiro-arqueiro</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora a cavalaria mongol seja lembrada principalmente pelo manejo do arco, no entanto, ela usava armas como espadas e lanças, e até mesmo porretes e maças. Além disso, o exército mongol após a conquista da <b>China</b>, passou a usar armas de cerco e armas de fogo como canhões e bombas. Entretanto, o trunfo ainda era a cavalaria, dividida em<b> cavalaria leve</b> (geralmente formada pelos arqueiros e lanceiros) e a <b>cavalaria pesada </b>(armada com espadas e lanças). Além da mudança de armamento, o que diferia ambas as cavalarias estava em sua proteção. Cavaleiros leves usavam trajes comuns ou armaduras leves. Já a cavalaria pesada usava diferentes tipos de armadura de escamas. Em alguns casos os cavalos também recebiam proteção. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O equipamento básico de um cavaleiro mongol era sua roupa comum, consistindo em calças, botas, camisa, casaco ou túnica, chapéu, gorro, capacete, cinto, bainha da espada. No caso da armadura, o tipo mais comum era a armadura de escamas, sendo feita de placas de ferro e couro, as quais eram sobrepostas, uma técnica usada por distintos povos da Ásia Central e do Extremo Oriente. (TURNBULL, 2003, p. 13-14). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnnb_Lx-IbUygC2YooVc1MRoRjngEWInw_RGX6ylKsjB3jDYzwiiCXzIP-aVRXxlOn4JtY7V8HWAZrH_nwlzuQhEVM5UiZGhhx2_0QBzkZ4q74ixjI1ROaNquA4Q2dG63_TcdgdJCz0IGWzpcvDTnzQXCc-Q3yaPgYCdOEh35SaplBZGcmYs58TEckvrf6/s300/04cdc67dd9d0da410d761b2d3c5921ff.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="242" data-original-width="300" height="323" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnnb_Lx-IbUygC2YooVc1MRoRjngEWInw_RGX6ylKsjB3jDYzwiiCXzIP-aVRXxlOn4JtY7V8HWAZrH_nwlzuQhEVM5UiZGhhx2_0QBzkZ4q74ixjI1ROaNquA4Q2dG63_TcdgdJCz0IGWzpcvDTnzQXCc-Q3yaPgYCdOEh35SaplBZGcmYs58TEckvrf6/w400-h323/04cdc67dd9d0da410d761b2d3c5921ff.jpg" width="400" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Exemplos de armaduras mongóis, usadas pela cavalaria pesada e a infantaria pesada.</span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O cavaleiro além do arco, poderia levar consigo a espada ou a lança, mas também uma faca ou pequeno machado. Esses seriam armas secundárias, mas também servindo de ferramentas. Os tipos de espada variavam, mas geralmente eram apenas de um gume e de mão única, o que permitia o uso de pequenos escudos feitos de madeira ou de ferro. A combinação com o escudo era mais comumente usada pela infantaria, apesar que há relatos e pinturas mostrando cavaleiros armados com espadas e escudos. (TURNBULL, 2003, p. 13-14). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O cavaleiro mongol, assim como, o soldado e o arqueiro, carregavam suprimentos como comida, água, medicamentos, ferramentas, saco de dormir ou cobertor etc. Claro que dependendo da situação, as tropas poderiam dormir em tendas, mas havia casos que deveriam permanecer ao relento. Nesse ponto vale ressalvar que na sociedade mongol o cavaleiro não era um nobre como visto entre alguns países europeus. O cavaleiro era sobretudo o soldado que lutava a cavalo. Por conta disso, eles tinham o mesmo tratamento que outras tropas do exército mongol. (BURGAN, 2005, p. 25). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Dentro da cavalaria-arqueira mongol havia um grupo chamado de <b>mangudai</b>. Esses foram várias vezes mal interpretados pelos cronistas asiáticos e europeus, sendo associados como uma tropa de elite ou como "tropas suicidas". Porém, como explica Chambers (1973, p. 63, 99), trava-se de uma tropa de cavalaria leve especializada em emboscadas. Os mangudais eram escolhidos entre os cavaleiros mais velozes e habilidosos no arco, para ir ao encontro do inimigo, fazer alguns disparos para amedrontá-los ou causar pânico. Eles atacavam de forma sorrateira, causando o máximo de distração ou dano possível e recuavam. Apesar que Chambers saliente que isso foi uma tática comum dos mongóis, sendo aplicada por outras forças de seu exército, não sendo exclusiva dos mangudais.</span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigZ7zPaMNs0mDXVhUSNTOlUQLQ2WtHz4oyyw88-23W0WdoveTtLzSjbEac9Wj4MKmMYDH964agjXO8Q3kbnkN9gctXGcXpK_w8TYFrzloREa3-KRlfNEb-Lqd76fjmTROGPp0NNcEFeIGZhq4mN6TebCI_di3ubja2qVthns-7JAj6ZCUVT_85Q9RJSdCz/s1024/1024px-DiezAlbumsArmedRiders_II.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="715" data-original-width="1024" height="446" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigZ7zPaMNs0mDXVhUSNTOlUQLQ2WtHz4oyyw88-23W0WdoveTtLzSjbEac9Wj4MKmMYDH964agjXO8Q3kbnkN9gctXGcXpK_w8TYFrzloREa3-KRlfNEb-Lqd76fjmTROGPp0NNcEFeIGZhq4mN6TebCI_di3ubja2qVthns-7JAj6ZCUVT_85Q9RJSdCz/w640-h446/1024px-DiezAlbumsArmedRiders_II.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Cavaleiros mongóis perseguindo cavaleiros chineses. Ilustração do século XIV. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em alguns casos os mangudais seguiam em pequenos grupos para atrair tropas montadas ou a pé forçando a persegui-los até algum local de emboscada. Eles também poderiam serem usados como batedores, em ataques de vanguarda e em contra-ataques pelos flancos. Nesse ponto, uma tática usada era o de fugir e disparar ao mesmo tempo. Os mongóis desenvolveram uma técnica que permitiam se virar em suas selas e poderem disparar enquanto fugiam. E isso para inimigos desavisados poderia ser mortal, pois em alguns casos, os alvos eram os soldados, mas os cavalos, os quais ao serem atingidos, caíam, derrubando seus cavaleiros, causando-lhes ferimentos ou até a morte. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA:</b> Os mongóis também usavam camelos e dromedários tanto como meio de transporte e fornecimento de recursos como leite, carne, couro e ossos. Na ausência de cavalos, alguns cavaleiros podiam usar camelos para a locomoção, apesar que não fossem úteis para os ataques rápidos, devido a falta de agilidade e serem mais difíceis de manobrar e controlar.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 2: </b>No jogo <i><b>Age of Empires 2 </b></i>(1998) os mangudais são representados como uma cavalaria de elite do Império Mongol, sendo unidades mais poderosas do que outros cavaleiros-arqueiros. Todavia, em <i><b>Age of Empires 4 </b></i>(2021) isso foi alterado. Os mangudais não são mais uma tropa mortal, mas uma categoria da cavalaria leve, inclusive rápida e boa para ataques-relâmpagos e emboscadas, como era historicamente utilizada. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas: </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>BURGAN</b>, Michael. <b>Empire of the Mongolians</b>. New York, Facts on File, Inc, 2005. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>CHAMBERS</b>, James. <b>The Devil's Horsemen: the mongol invasion of Europe</b>. London, Book Club Association, 1979. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>TURNBULL</b>, Stephen. <b>Mongol Warrior</b>: 1200-1350. Illustrated by Wayne Reynolds. Oxford, Osprey Publishing, 2003. (Warrior, 84). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>TURNBULL</b>, Stephen. <b>The Mongols</b>. Illustrated by Angus McBride. Oxford, Osprey Publishing, 1980. (Men-at-Arms, 105). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Links relacionados: </b></span></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2009/09/o-grande-khan.html"><span style="font-family: verdana;">O Grande Khan</span></a><br /></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2011/11/os-mongois.html"><span style="font-family: verdana;">Os Mongóis</span></a><br /></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2022/07/as-invasoes-mongois-do-japao-em-1274-e.html">As invasões mongóis do Japão em 1274 e 1281</a><br /></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-80370436690600710212023-07-21T10:39:00.004-03:002023-12-12T08:48:06.046-03:00Isaac Newton e a Pedra Filosofal<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O renomado matemático, físico, astrônomo e filósofo natural<b> Isaac Newton </b>(1642-1727) é lembrado pelas suas grandes contribuições aos campos da Matemática e da Física, as quais o tornaram um dos maiores cientistas da História, no entanto, Newton possuía outros interesses de estudo, dois deles o acompanharam por anos: a teologia e a alquimia. No caso da alquimia, ele se interessou por várias pesquisas, umas uma delas lhe atraiu bastante a atenção, a pedra filosofal. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A <b>pedra filosofal </b>consiste numa<b> substância alquímica</b> que caso fosse produzida, poderia transformar metais em ouro, além de ser utilizada para a produção de um elixir que poderia gerar o rejuvenescimento, estender a vida e até mesmo conceder a imortalidade. Para alguns alquimistas a pedra filosofal realmente era uma substância real que poderia ser redescoberta, pois seu segredo havia se perdido no tempo. Porém, outros alquimistas viam essa substância como uma alegoria, um símbolo que representava ideias de transmutação, mudança, aperfeiçoamento. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No caso de Isaac Newton, ele esteve no grupo de alquimistas que acreditavam que a pedra filosofal fosse uma substância que poderia ser produzida. Da vasta produção escrita deixada pelo cientista, 169 cadernos de anotações, contendo 1 milhão de palavras sobre alquimia foram encontrados. Apesar que se sabe que alguns dos seus manuscritos foram perdidos e até destruídos por ele mesmo. Dentro dos vários estudos sobre alquimia, em que Newton abordava temas diversos, fazendo anotações e hipóteses, escrevendo-as em latim e inglês, em vários momentos ele retomava a ideia da pedra filosofal, algo que para alguns biógrafos se tornou uma espécie de obsessão, similar a condição de que ele também tentou descobrir a data do Apocalipse, analisando os números contidos na Bíblia, tentando descobrir um código numérico secreto. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW6sDlB8WTslx8vuHv8M8g5LISfX4bCOWMqtZe5L_bhtStyJYEA-vHpCLSMtqO1fBN1DpgLRKegzoJTNv1toQgR-oCOZS9rWl0ELooZk7sBoGCr8fwp5mJ_JurAMf23Ez2k_Uxx8-dkBU9RHdIWCb0zT2_Quxh9QgDsgfQCS1yrSr1d1LdPoqmVBo8_M4H/s600/a68842c648b34ddbe3_NewtonManuscript2016.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="600" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW6sDlB8WTslx8vuHv8M8g5LISfX4bCOWMqtZe5L_bhtStyJYEA-vHpCLSMtqO1fBN1DpgLRKegzoJTNv1toQgR-oCOZS9rWl0ELooZk7sBoGCr8fwp5mJ_JurAMf23Ez2k_Uxx8-dkBU9RHdIWCb0zT2_Quxh9QgDsgfQCS1yrSr1d1LdPoqmVBo8_M4H/w640-h426/a68842c648b34ddbe3_NewtonManuscript2016.jpg" width="640" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Duas páginas do caderno de anotações de Newton, sobre alquimia. Ele escrevia em inglês e latim, e as vezes até usava jogos de palavras para ocultar assuntos polêmicos, com medo que seus escritos fossem roubados e lidos. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A respeito da pedra filosofal, Isaac Newton admirava os trabalhos alquimistas do americano<b> George Starkey</b> (1628-1665), um médico, alquimista e químico leigo. A obra de Starkey foi bastante popular nos Estados Unidos e Inglaterra, fato esse que chamou a atenção do renomado químico <b>Robert Boyle </b>(1627-1691) e do próprio Isaac Newton, o qual julgava que das melhores explicações de como criar a pedra filosofal, Starkey teria sido aquele que mais chegou perto de desvendar a fórmula secreta. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Para Starkey o segredo para se criar a pedra filosofal era uma mistura especial chamada de "<b>mercúrio sófico"</b>, uma combinação de mercúrio, prata e antimônio, os quais deveriam ser dissolvidos em ouro líquido. Apesar desses supostos ingredientes, Starkey havia dito que não sabia a quantidade, temperatura e tempo para se fazer a mistura. Newton escreveu comentários sobre isso, sugerindo algumas ideias, apesar que não se sabe ao certo se ele realmente tentou realizar esse experimento, pois os manuscritos conhecidos nada indicam alguma experiência para elaborar a pedra filosofal, apenas hipóteses de quais poderiam ser os ingredientes. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora Newton tenha permanecido no campo da ideias, ainda assim, sua atenção a tentar criar a pedra filosofal é algo bastante curioso, já que ele em várias ocasiões comentou a respeito. Há quem considere que seria um passatempo para o renomado matemático e físico, mas outros sugerem que talvez realmente ele pudesse acreditar naquilo, pois os cientistas dos séculos XVI ao XIX eram influenciados também pelo misticismo, fato esse que eles estudavam alquimia, astrologia, cabala, esoterismo etc. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas: </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>MENDELSOHN</b>, Andrew J. <b>Alchemy and Politics in England: 1649-1665</b>. <i>Past & Present</i>, n. 135, may 1992, p. 30-78. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NEWMAN</b>, William R. <b>Newton the Alchemist: Science, enigma, and the Quest for Nature's "Secret Fire"</b>. Princenton: Princenton University Press, 2019. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Link relacionado: </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2010/09/alquimia_09.html">Alquimia</a><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2012/10/a-revolucao-cientifica-moderna.html"><span style="font-family: verdana;">A Revolução Científica Moderna</span></a><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2551737695039525556.post-82671169383494905202023-07-13T12:56:00.006-03:002023-12-12T08:46:39.268-03:00Alexander Graham Bell e o telefone<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Bell é lembrado como o inventor do telefone, apesar que como será visto adiante, essa informação já foi contestada há mais de vinte anos, apesar disso, ele teve sim seus méritos e uma grande importância por difundir , criando a primeira empresa de telefonia do mundo, crucial para que essa tecnologia da comunicação pudesse ser implementada em outros países. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1Ixjt1TelBKHA2dOuuvD2TFOVuglm7T5SHoyzkyBDpLaKD635GQ_08nEnZlLCmFA7xcyGZROUrIcU3nWOZjEuhdkg8aXTVb1VqxqAGYpzUqrjsyjk5ZCdrQk7uX4C4GVoIjiJs3xfz45d1PcArU0XHQXu_F2V0lPGNVJFe73xXxDMBh7ntEaJ1vv4VjUx/s259/baixados.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><img border="0" data-original-height="194" data-original-width="259" height="299" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1Ixjt1TelBKHA2dOuuvD2TFOVuglm7T5SHoyzkyBDpLaKD635GQ_08nEnZlLCmFA7xcyGZROUrIcU3nWOZjEuhdkg8aXTVb1VqxqAGYpzUqrjsyjk5ZCdrQk7uX4C4GVoIjiJs3xfz45d1PcArU0XHQXu_F2V0lPGNVJFe73xXxDMBh7ntEaJ1vv4VjUx/w400-h299/baixados.jpg" width="400" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Modelo experimental do telefone de Bell, datado de 1876. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Os telefones antes de Graham Bell</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A invenção dos primeiros telefones aproveitaram tecnologias usadas no telégrafo, especialmente o <b>telégrafo </b>inventado em <b>1837</b> por <b>William Cooke e Charles Wheatstone</b>, inventores britânicos que desenvolviam melhoramentos para essa tecnologia. Em 1850 o inventor belga <b>Charles Bourseul</b>, o qual estuda a telegrafia, apresentou uma pesquisa na <b>Academia de Ciências de Paris</b>, apontando a teoria de que ondas sonoras poderiam ser transmitidas através da energia elétrica via um cabo. Na época Bourseul cogitava aperfeiçoar a tecnologia do telégrafo, a qual apesar de eficiente, era difícil de ser operada, pois esse funcionava com base no Código Morse, desenvolvido em 1841, permitindo a transmissão de informações curtas que necessitavam serem decodificadas. Conseguir que o telégrafo transmitisse vozes seria um grande avanço para a tecnologia da informação. Bourseul não conseguiu desenvolver um aparelho que fizesse essa conversão, mas suas ideias estavam certas. (MERCER, 2006, p. 24). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A ideia de transmitir ondas sonoras através de cabos somente seria empregada quando o inventor italiano <b>Antonio Meucci </b>(1808-1889), querendo ajudar sua esposa que estava acamada por conta de reumatismo, decidiu criar um aparelho que permite-se falar com ela no quarto, enquanto ele seguia em seu escritório. </span><span style="font-family: verdana;">Era o ano de </span><b style="font-family: verdana;">1856</b><span style="font-family: verdana;">, Meucci e sua esposa moravam nos Estados Unidos desde 1851, e devido a quadro de saúde de </span><b style="font-family: verdana;">Ester</b><span style="font-family: verdana;">, Meucci decidiu desenvolver um aparelho com base na tecnologia elétrica vigente na época, inventando o </span><i style="font-family: verdana;"><b>telletrofono</b></i><span style="font-family: verdana;">, um telégrafo que permitia transmitir ondas sonoras. Ainda naquele ano ele registrou uma patente provisória do invento, o qual havia funcionado, mas necessitava de investimentos para ser aperfeiçoado, porém, Meucci não conseguiu apoio e abandonou a ideia, investindo em outras pesquisas e inventos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Alguns anos depois o inventor alemão <b>Johann Philipp Reis </b>(1834-1874), em <b>1861</b>, fez uma apresentação pública de um telefone rústico para membros da <b>Sociedade de Física de Frankfurt</b>, no entanto os testes não foram promissores, e membros presentes não se interessaram por aquele invento, frustrando Reis, fazendo-o desistir de continuar com aquele projeto. (MERCER, 2006, p. 25). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg02QT3qdm1PB-zqurgirbzy0PbD7XR0luJvJRIaUducbKOcRPm_7bJpmHpnCJsgSfbPNLhS4q8AzDU-vE0f7rqD-w-Qlhj3G3E0AFRotVWu03v2ybSBGK6qrug3xA5h96hQVfcZOIvITJLr__roy2WOTHi3q9yP7MF4gSIo9OApZx8l-_D2bHbuviMZO2g/s1024/1024px-Johann_Philipp_Reis_telephone.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="1024" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg02QT3qdm1PB-zqurgirbzy0PbD7XR0luJvJRIaUducbKOcRPm_7bJpmHpnCJsgSfbPNLhS4q8AzDU-vE0f7rqD-w-Qlhj3G3E0AFRotVWu03v2ybSBGK6qrug3xA5h96hQVfcZOIvITJLr__roy2WOTHi3q9yP7MF4gSIo9OApZx8l-_D2bHbuviMZO2g/w640-h400/1024px-Johann_Philipp_Reis_telephone.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Ilustração do telefone inventado por Reis para o experimento de 1861. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><br />O projeto de Reis ficou mais conhecido do que o de Meucci, fato esse que alguns historiadores comentam que o invento dele se aproximava mais de um telefone do que o de Meucci, que tecnologicamente era mais parecido com um telégrafo. De qualquer forma, ambos os inventores foram precursores da invenção da telefonia. </span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Bell inventa seu telefone</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Alexander Graham Bell </b>(1847-1922) nasceu em <b>Edimburgo </b>na Escócia, seu pai, um tio e o avô trabalhavam com fonoaudiologia e ensino de surdos, o que acabou influenciando Bell, além de que sua mãe acabou ficando surda também. Na juventude, ele se tornou professor de linguagem de sinais e instrutor de surdos. Em 1870 a família se mudou para o Canadá, onde Bell tomou conhecimento dos estudos acústicos relativos ao desenvolvimento de aparelhos para transmitir a voz. O invento de Reis era relativamente conhecido na época e depois Bell teve contato com a invenção de Meucci. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Motivado para desenvolver uma aparelho que transmitisse a voz de forma eficiente, Bell dedicou-se nos anos seguintes a isso, fazendo vários testes. Ele tomou como assistente <b>Thomas Watson</b>, que o ajudou na construção dos aparelhos, apesar que ele pouco seja lembrado por sua grande contribuição no desenvolvimento do telefone. Além disso, mais tarde Meucci acusou Bell de ter roubado algumas de suas ideias, abrindo um processo contra ele, mas que nunca chegou a uma conclusão. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As pesquisas para criar o telefone começaram em 1873, e dois anos depois se mostravam promissoras. Bell e Watson trabalhavam regulamente no aperfeiçoamento de seus protótipos, tendo obtido sucesso em transmitir notas musicais de um piano e outros instrumentos, mas o objetivo era conseguir transmitir palavras. Em <b>7 de março de 1876</b>, Bell registrou nos Estados Unidos uma patente sob o <b>número 174465</b> para seu telefone, apesar que no mesmo período Antonio Meucci já havia registrado uma patente anos antes e <b>Elisha Gray</b> também fez aquilo em 1876. Todavia, Bell necessitava de mostrar o funcionamento de sua invenção e de conseguir investidores. E para sua sorte a Exposição Universal de 1876 ocorreria na Filadélfia, nos Estados Unidos, era a grande oportunidade de Bell de apresentar o telefone. (CHAMBERS, 2015, p. 68-73). </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPy_a_ikEyGYnkOBSsQSwU6uoM0tsqyc44hOSgIf76KeiloPLu-S8q0wkYcU2bzfvVYJ1vXpI5URgywQspBCY9wg4ty4FTl4mLnT6ASEupHYKxJwf4kPzNJpmUMkvA7LCF_S7NOyZs5yUKOIoaIS9wcEXHU2ezoBIKRcz8jVItRMreVLwg-QWU2RcdbX_R/s1280/p07gxtqg.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPy_a_ikEyGYnkOBSsQSwU6uoM0tsqyc44hOSgIf76KeiloPLu-S8q0wkYcU2bzfvVYJ1vXpI5URgywQspBCY9wg4ty4FTl4mLnT6ASEupHYKxJwf4kPzNJpmUMkvA7LCF_S7NOyZs5yUKOIoaIS9wcEXHU2ezoBIKRcz8jVItRMreVLwg-QWU2RcdbX_R/w640-h360/p07gxtqg.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Os dois primeiros modelos funcionais de telefone, inventados por Bell.</span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Bell e D. Pedro II</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A Exposição Universal de 1876 reuniu inventores dos Estados Unidos e de outros países, apresentando inventos relacionados a locomotivas, motores a combustão, produtos químicos, lâmpadas, armas, alimentos industrializados, máquinas diversas, ferramentas etc., e em meio as mais de cem atrações que apresentavam seus inventos naquela feira mundial, estava Alexander Graham Bell, na época com seus 29 anos e sem reconhecimento. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Bell e Watson montaram um estande simples o qual praticamente passava despercebido diante das grandes atrações apresentadas por inventores e empresas famosas. No entanto, seu estande foi visitado por um senhor alto, barbudo, de olhos azuis, vestido como qualquer outro homem no local. O homem apesar de falar fluentemente o inglês era estrangeiro. Ele havia conhecido Bell semanas antes durante uma das palestras dele sobre surdez, realizada em Boston, e agora voltava a reencontrá-lo para ver sua invenção, chamada de telefone. O distinto cavalheiro aceitou fazer um teste, onde foi até um segundo aparelho distante alguns metros do primeiro, então Bell falou "ser ou não ser, eis a questão", e o homem ouviu através do telefone aquela frase famosa da peça de <i><b>Hamlet</b></i> de <b>William</b> <b>Shakespeare</b> e teria exclamado "Meu Deus! Isso Fala! Eu escuto!. (CHAMBERS, 2015, p. 100, 105). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O visitante ficou deslumbrado com aquilo e teceu elogios a Bell, dizendo inclusive para outras pessoas irem testemunhar aquela invenção fascinante, fato esse que os juízes e avaliadores do evento decidiram dar uma chance ao telefone. Aquele distinto cavalheiro que gerou visibilidade ao telefone de Graham Bell se chamava </span><b style="font-family: verdana;">Pedro II</b><span style="font-family: verdana;"> (1825-1891), o </span><b style="font-family: verdana;">imperador do Brasil</b><span style="font-family: verdana;">. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsQYjEt26xqyvVBzuQkYf6dFoX_qfMkcJeJqYgUlV-BWLKinXtfDmF8Ptbzbt--A1zu1-sGqn78w1Hq3OyzCkUj4NdNfcPHoac1OwBvY-k6iv4aqWrHRrpFKetmeRpFQEZfwuhx2YCtbxihZSJqo6Of_nep3969kF8npAgMGs-3BvR6juCZJfxDKLmdgkO/s400/Alexander_Graham_Bell_-_1876_e_D._Pedro_II.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="258" data-original-width="400" height="412" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsQYjEt26xqyvVBzuQkYf6dFoX_qfMkcJeJqYgUlV-BWLKinXtfDmF8Ptbzbt--A1zu1-sGqn78w1Hq3OyzCkUj4NdNfcPHoac1OwBvY-k6iv4aqWrHRrpFKetmeRpFQEZfwuhx2YCtbxihZSJqo6Of_nep3969kF8npAgMGs-3BvR6juCZJfxDKLmdgkO/w640-h412/Alexander_Graham_Bell_-_1876_e_D._Pedro_II.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Fotos de Dom Pedro II e Alexander Graham Bell em 1876, ano que se conheceram nos Estados Unidos. </span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><br /><b>Surge a telefonia</b></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nos meses seguintes a Exposição Universal da Filadélfia, o interesse pelo telefone foi crescendo, Bell foi convidado a fazer testes públicos e dar palestras e isso prosseguiu no ano seguinte, quando ele pediu para que seu sogro <b>Gardiner Greene Hubbard </b>se torna-se seu sócio na abertura da primeira empresa de telefonia do mundo, a <b style="font-style: italic;">Bell Telephone Company</b>, fundada em <b>9 de julho de 1877</b>, recebendo contratos para construir postes de telefonia e implantar telefones nos Estados Unidos. (MERCER, 2005, p. 48). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O entusiasmo era tamanho que a BTC recebeu vários pedidos até mesmo fora dos EUA, como o caso do Brasil, de onde o <b>imperador D. Pedro II</b> solicitou a instalação de uma <b>linha telefônica entre o Palácio de São Cristóvão</b> (atual Museu de História Nacional)<b> e o Senado</b>, ambos nos <b>Rio de Janeiro</b>, tornando essa cidade a primeira do Brasil e da América Latina a ter uma linha telefônica. Mais tarde o monarca solicitou a ampliação da rede telefônica da cidade e do estado, algo que foi sendo desenvolvido nos anos seguintes.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1878</b> por iniciativa de Hubbar e alguns acionistas</span><span style="font-family: verdana;"> surgiu a </span><b style="font-family: verdana;">New England Telephone and Telegraph Company</b><span style="font-family: verdana;">, responsável pela construção da rede telefônica na região americana da <b>Nova Inglaterra</b>, a qual engloba os estados de Connecticut, Maine, Massachusetts, New Hampshire, Rhode Island e Vermont. A empresa era uma subsidiária da BTC, focada especificamente naquele território no nordeste dos Estados Unidos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em <b>1879</b> as duas empresas de telefonia de Alexander Graham Bell se fundiram e foram renomeadas para <i style="font-weight: bold;">National Bell Company</i>. Mais tarde ela mudou de nome para <b style="font-style: italic;">American Bell Telephone Company</b> (ABTC). No entanto, a grande novidade desse ano foi o fato de que Bell conseguiu abrir uma empresa na Europa, chamada <b><i>International Bell Telephone Company</i></b> (IBTC), sediada em <b>Bruxelas</b>, na Bélgica. </span><span style="font-family: verdana;">(</span><span style="font-family: verdana;">KINGLEL; </span><span style="font-family: verdana;">NOYED, 2003, p. 27).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A IBTC entre 1879 e 1885 implantou redes telefônicas pela <b>Bélgica, Holanda, Suíça, Itália, Suécia, Noruega e Rússia</b>, outros países não aceitaram os serviços da IBTC ou fundaram suas próprias companhias de telefonia. </span><span style="font-family: verdana;">No ano de </span><b style="font-family: verdana;">1882</b><span style="font-family: verdana;"> a IBTC fundou na <b>Antuérpia</b>, na Bélgica, a subsidiária</span><b style="font-family: verdana;"> <i>Bell Telephone Manufacturing</i></b><i><span style="font-family: verdana;"> </span><b style="font-family: verdana;">Company </b></i><span style="font-family: verdana;">(BTMC), responsável pela fabricação dos telefones, aparelhos, cabos de telefonia, postes etc., para ajudar na implementação da rede telefônica europeia, já que até então esses produtos e materiais eram importados dos Estados Unidos. </span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEia46HE3TjBQ_OH-WtLXbWs0hcL1IpD5QbE6F0Vzs9kh2cCxyQ3v4vywBXxDgFz7bXDySc6I4_I3mvjKvWbGjc5hvu9cVgo6-bozDBwBYozW2wzuzWMD9Et-5KuzEMqIfA-eE2--niVfiKQ2q34F4U0O7gaMTyz0Mk-dQHR20iRNFdLuqIRKnRspdUB_itJ/s800/BTMC-Bell_Telephone_Manufacturing_Company-Antwerp_Belgium_1882-company_logo_c_1912.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: verdana;"><b><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEia46HE3TjBQ_OH-WtLXbWs0hcL1IpD5QbE6F0Vzs9kh2cCxyQ3v4vywBXxDgFz7bXDySc6I4_I3mvjKvWbGjc5hvu9cVgo6-bozDBwBYozW2wzuzWMD9Et-5KuzEMqIfA-eE2--niVfiKQ2q34F4U0O7gaMTyz0Mk-dQHR20iRNFdLuqIRKnRspdUB_itJ/w400-h400/BTMC-Bell_Telephone_Manufacturing_Company-Antwerp_Belgium_1882-company_logo_c_1912.png" width="400" /></b></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Logo da <span style="text-align: justify;">Bell Telephone Manufacturing</span><span style="text-align: justify;"> </span><span style="text-align: justify;">Company. </span></span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em </span><b style="font-family: verdana;">1885</b><span style="font-family: verdana;"> surgiu outra das várias subsidiárias da ABC, sendo essa uma das mais famosas e longevas a </span><i style="font-family: verdana;"><b>American Telephone and Telegraphy Company</b></i><span style="font-family: verdana;"> (AT&T), empresa que passou a dominar o estabelecimento de linhas telefônicas e de telégrafo em alguns estados americanos, e mais tarde foi expandindo seus negócios. A AT&T à medida que se tornou poderosa, passou a representar os negócios da <i><b>Bell System</b></i>, nome dado as empresas de comunicação fundadas por Bell e seus sócios. Por sua vez, a AT&T passou a deter o maior controle da telefonia e telégrafo dos EUA por décadas. A empresa inclusive absorveu outras subsidiárias da <i>Bell System</i> em <b>1899</b> e até hoje existe. </span><span style="font-family: verdana;">(</span><span style="font-family: verdana;">KINGLEL; </span><span style="font-family: verdana;">NOYED, 2003, p. 28).</span></p><p style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtQL-ic-BypU35sBm4zFoVqBg28Orwx0blktGzCoMI2Q0_vnpsVkM6taX2znjcpkWaIp-CsU2kjMn5usSpL8LQUuqUtjU_UOqDznYWZT72mo2_KQhu0GMn2OnOu7fyQUiT-B74ZQX1aV1eJaN8qoDv9zdgVwh0P0Hqkb7TrGDt_dmiia_TLmXFNImLZXfP/s580/Alexander_Graham_Telephone_in_Newyork.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="580" data-original-width="445" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtQL-ic-BypU35sBm4zFoVqBg28Orwx0blktGzCoMI2Q0_vnpsVkM6taX2znjcpkWaIp-CsU2kjMn5usSpL8LQUuqUtjU_UOqDznYWZT72mo2_KQhu0GMn2OnOu7fyQUiT-B74ZQX1aV1eJaN8qoDv9zdgVwh0P0Hqkb7TrGDt_dmiia_TLmXFNImLZXfP/w308-h400/Alexander_Graham_Telephone_in_Newyork.jpg" width="308" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Alexander Graham Bell em 1892, inaugurando a primeira linha-direta de Nova York a Chicago. </span></td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Considerações finais:</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Embora Alexander Graham Bell não tenha sido o primeiro inventor do telefone, todavia, seu grande mérito foi ter conseguido desenvolver aparelhos comercializáveis, além de ter fundado a própria telefonia, fato esse que em poucos anos entre 1877 e 1882, várias empresas foram criadas com o intuito implantar redes telefônicas pelos Estados Unidos, parte da Europa, Brasil, Canadá e outros países pelo restante do século XIX.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Bell, seu sogro Hubbard e outros sócios se tornaram bastante ricos, ficando milionários com a prosperidade dos negócios, mesmo que isso tenha significado adotar medidas de monopólio e truste. De qualquer forma, Bell até o fim da vida seguiu divulgado o telefone, desenvolvendo novos aparelhos e até contratando engenheiros e inventores para aperfeiçoarem a tecnologia da telefonia. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA:</b> Graham Bell foi um dos idealizadores do <i><b>National Geographic Society</b></i>, fundada em 1888, conhecido hoje pela abreviatura NatGeo. Em <b>1898</b> ele foi presidente dessa sociedade científica. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 2:</b> Os processos movidos por Meucci contra Bell foram arquivados em 1892, quando Meucci faleceu. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 3:</b> Além da cidade do Rio de Janeiro, Dom Pedro II mandou instalar um telefone em seu palácio em <b>Petrópolis</b>, distante da capital mais de 60 quilômetros.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 4: </b>O anime <i><b>Time Travel Girl</b></i> (2016) dedica os episódios 8 e 9 para falar de Alexander Graham Bell. No nono episódio é mostrado o encontro dele com o imperador Pedro II na</span><span style="font-family: verdana;"> Exposição Universal da Filadélfia. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 5:</b> Bell é um personagem do jogo <i><b>Assassin's Creed: Syndicate</b></i> (2015). A trama do jogo se passa em 1868, época que Bell ainda morava em Londres e não era famoso e tampouco sonhava em inventar o telefone. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 6:</b> O filme <i><b>The Story of Alexander Graham Bell</b></i> (1939) romantiza alguns aspectos da vida do inventor. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>NOTA 7: </b>Em <b>1926 </b>a AT&T lançou um curta-metragem em preto e branco e mudo, mostrando Bell apresentando o telefone para Dom Pedro II. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>Referências bibliográficas: </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>CHAMBERS</b>, Catherine. <b>The first telephone</b>. New York, DK Publishing, 2015. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>KINGLEL</b>, Cynthia; <b>NOYED</b>, Robert B. <b>Alexander Graham Bell</b>. Chanhassen, The Child's World, 2003. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>MERCER</b>, David. <b>The telephone: the life and story of a technology</b>. Westport, Greenwood Press, 2006. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><b>LINKS: </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://www.youtube.com/watch?v=Zl-9jEwEyiE">Time Travel Girl - Episódio 9: Bell e Pedro II</a><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://www.youtube.com/watch?v=96MMT-TKv3Y"><span style="font-family: verdana;">Curta-metragem que mostra Bell e Dom Pedro II</span></a> <span style="font-family: verdana;">(1926)</span><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0