O Instituto Smithsonian: arquivos e a história da ciência
Pamela M. Henson
Diretora da Institutional History Division do Smithsonian Institution Archives
Tradução
de Maria Elisa Bustamante.
Revisão da tradução José Claudio Mattar
NOTA: Os grifos foram feitos por mim, assim como a escolha das imagens, como forma de ilustrar menções feitas neste texto.
O
Instituto Smithsonian é o maior complexo de museus e institutos de pesquisa do
mundo. Foi fundado por um legado do inglês James
Smithson (1765-1829), que deixou seu espólio para o povo dos Estados Unidos
para a fundação de uma instituição, na cidade de Washington, que deveria ser chamada de Instituto Smithsonian e
dedicada “ao aumento e difusão do conhecimento” (Ewing, 2007). Criado por ato
do Congresso Nacional dos Estados Unidos,
em 1846, o Instituto é uma “agência
governamental norte-americana criada por um fideicomisso” e financiada tanto
por doações privadas quanto por fundos federais.
James Smithson |
A
frase vaga de Smithson, de aumentar e difundir o conhecimento, proporcionou um
amplo mandato para o Instituto Smithsonian. O instituto serve como museu
nacional dos Estados Unidos e desenvolve programas de pesquisa em arte,
cultura, história e ciências (Oehser, 1970). Na década de 1970, começou a
automação do acesso a suas pesquisas e coleções, que continua a ser seu
principal foco no século XXI. Este texto apresentará ao leitor sua complexa
organização e oferecerá uma visão geral de seus recursos de pesquisa.
O
físico Joseph Henry (1797-1878) foi
o primeiro secretário ou chefe executivo do Smithsonian, no período de 1846 a 1878, tendo dado prioridade à
pesquisa básica e ao compartilhamento de informações, criando laboratórios de
física, química e história natural. Ele estabeleceu um projeto de meteorologia
para registrar e analisar padrões climáticos, que posteriormente levou à
criação do U. S. National Weather Service
(NWS).
Joseph Henry foi o primeiro secretário do Instituto Smithsonian. |
Também
criou o International Exchange Service
(IES), um programa global de exportação de publicações de pesquisa
norte-americanas para outros países e de importação de publicações estrangeiras
para serem distribuídas às academias de ensino e universidades dos Estados
Unidos. O IES gerou conexões, que continuam até hoje, entre o Smithsonian e
instituições de estudos em todo o mundo. Na década de 1980, o IES foi desligado
do Smithsonian ao ser transferido para a Library
of Congress (Reingold, 2008).
O ato de criação do Smithsonian já indicava o
estabelecimento de um museu nacional norte-americano como parte da nova
instituição. No entanto, Joseph Henry relutava em criar o museu dentro do
Smithsonian, porque achava que ele poderia consumir a doação de Smithson e
relutava em aceitar fundos do governo federal. Apesar de suas preocupações, o U. S. National Museum cresceu
rapidamente e foi muito apoiado pelo segundo secretário, Spencer Fullerton Baird (1823-1887), um naturalista que estimulou
um programa internacional de intercâmbio de espécimes com colecionadores do
mundo todo. Com fundos do governo federal, o museu se expandiu, servindo como
fonte para pesquisadores, cientistas do governo e o público em geral. Com seu
amplo mandato, nos 160 anos seguintes, a instituição desenvolveu uma variedade
de centros de pesquisa e museus.
No final do século XIX, foi criado pelo secretário
assistente Samuel P. Langley, o Observatório de Astrofísica do Smithsonian
para estudar a nova astrofísica. A pesquisa deste Observatório concentrava-se
no estudo da radiação solar e da constante solar – a quantidade de energia do
sol que atinge a camada externa da atmosfera terrestre. Hoje, a pesquisa prioriza
o sistema solar, estrelas, planetas e galáxias, o laboratório de astrofísica e
astrofísica extrema, com instalações em Cambridge (Massachusetts); Amado (Arizona);
Mauna Kea (Havaí); e no Chile. Em 1879,
foi criado o Bureau of American
Ethnology para estudar culturas norte-americanas nativas que estavam
declinando rapidamente, o qual se fundiu com o Departamento de Antropologia na década de 1960. Em 1890, é aberto
para o público o National Zoological
Park, para condução de pesquisa, exibição e ensino sobre a fauna
norte-americana que estava em processo de desaparecimento.
Uma das entradas do Smithsonian National Zoological Park em Washington D.C. |
No século XX, os centros de pesquisa científicos expandiram-se
para novas áreas de estudo, incluindo a conservação biológica, ecologia,
biologia evolucionária, biologia marinha, oceanografia, biologia tropical e
ciências dos materiais. Hoje o Smithsonian tem nove centros de pesquisa: o Archives of American Art; o Center for Folk Life and Cultural Studies;
o Conservation Biology Institute,
afiliado ao National Zoological Park e devotado à preservação de espécies
ameaçadas; o Museum Conservation
Institute, onde objetos materiais e de conservação/preservação são
estudados; o Smithsonian Astrophysical
Observatory; o Smithsonian
Environmental Research Center, localizado junto a baía de Chesapeake, que concentra-se
na ecologia da região; as Smithsonian
Institution Libraries; a Smithsonian
Marine Station, em Fort Pierce, Flórida, onde organismos marinhos são
estudados; e o Smithsonian Tropical
Research Institute, no Panamá, dedicado a biologia tropical, etologia,
estudos culturais, e ciências do meio ambiente. Os centros de pesquisa estão
localizados tanto nos Estados Unidos (Washington, D. C.; Cambridge,
Massachusetts; Fort Pierce, Flórida; Amado, Arizona; Mauna Kea, Havaí) como
fora dos Estados Unidos, em instalações no Chile, Panamá, Quênia e muitos
outros locais.
Destacam-se entre as bibliotecas do Smithsonian, a Library of the History of Science and
Technology (http://library.si.edu/libraries/dibner),
que mantém uma coleção de muitos dos principais trabalhos da história da
ciência e tecnologia, produzidos entre os séculos XV e XIX, incluindo obras
sobre engenharia, transportes, química, matemática, física, eletricidade e
astronomia, e a Joseph F. Cullman III
Library (http://library.si.edu/libraries/cullman), com sua excelente coleção
de trabalhos de história natural, incluindo dez mil volumes publicados antes de 1840 nos campos da antropologia física e cultural,
etnologia, linguística norte-americana nativa e arqueologia, botânica,
ornitologia, mamologia, herpetologia, ictiologia, entomologia, malacologia, e
outros campos da zoologia, paleontologia, e geologia e mineralogia.
As publicações de viagens de exploração do período, dos
séculos XVII ao XIX, são um ponto forte desta biblioteca, assim como a história
dos museus e do colecionismo científico (Smithsonian Institution, 2012).
O Smithsonian é mais
conhecido por seus dezenove museus
na região de Washington, D. C. e Nova Iorque. Os
museus de arte incluem o Cooper-Hewitt
National Design Museum, a Freer
Gallery of Art, o Hirshhorn Museum
and Sculpture Garden, o National
Museum of African Art, a National
Portrait Gallery, a Sackler Gallery,
o Renwick Museum e o Smithsonian American Art Museum.
São museus de história e cultura o Anacostia Community Museum, o Arts and Industries Building, o National Museum of African American History
and Culture, atualmente em construção, o National Air and Space Museum, o National Museum of the American Indian, o National Museum of American History, o National Postal Museum, o Smithsonian
Castle e o Udvar-Hazy Center.
Museus de ciência são o National Museum of Natural History e o National Zoological Park. Em conjunto,
os museus mantêm cerca de 137 milhões de espécimes e artefatos, e receberam
trinta milhões de visitantes em 2012. Todos os museus do Smithsonian, exceto o
Cooper-Hewitt, têm entrada gratuita. Em 2012, foram apresentadas exibições
itinerantes em quinhentos locais, em todos os cinquenta estados dos Estados
Unidos e no exterior (Smithsonian Institution, 2012; News Room, 2013).
Em seus primeiros anos, a instituição priorizou
principalmente a pesquisa científica. O museu original, o U. S. National Museum, colecionava, sobretudo, espécimes de
história natural e artefatos da história da ciência e tecnologia. Os museus de
arte e cultura foram estabelecidos apenas no século XX. Assim, o registro
documental do Smithsonian é fortemente voltado para a história da ciência,
documentando tanto as pesquisas científicas do próprio Smithsonian, quanto da
história da ciência, tecnologia e medicina americanas.
No século XX, o
U. S. National Museum foi dividido em National Air and Space Museum (1946),
National Museum of American History (1964), National Museum of Natural History
(1910), National Postal Museum (1990) e Smithsonian American Art Museum (1906). Outros foram estabelecidos pelo
Congresso americano, inclusive o National Museum of African American History and Culture (2003) e a National Portrait
Gallery (1962).
Alguns dos aviões exibidos no National Air and Space Museum em Washington D.C. |
Em outros casos, os museus foram estabelecidos
para custodiarem coleções privadas adquiridas pelo Smithsonian, em especial o Cooper-Hewitt National Design Museum
(1967), o Freer Gallery of Art
(1906), o Hirshhorn Museum and Sculpture Garden (1968), o National Museum of African Art (1979), o National
Museum of the American Indian (1989), e a Sackler Gallery (1982) (Oehser, 1970). O
National Museum of American History tem grandes coleções sobre a história da ciência, tecnologia e medicina, além de
documentos sobre a história norte-americana.
O National Air and Space Museum custodia a principal coleção que documenta a história da aviação e da exploração
espacial, do voo de Wright ao ônibus espacial Discovery.
RECURSOS ARQUIVÍSTICOS
O Smithsonian também abriga os seguintes doze centros
arquivísticos especializados em arte, cultura, história e ciência: Archives of American Art, Archives Center of the National Museum of American History, Archives of American Gardens, Eliot
Elisofon Archives no National Museum
of African Art, Freer-Sackler Archives,
Hirshhorn Museum and Sculpture Garden
Archives, National Air and Space
Museum Archives, National
Anthropological Archives, Human
Studies Film Archives, National Museum of the American Indian Archives,
Ralph Rinzler Archives do Center for
Folklife, Cultural Heritage Archives e o Smithsonian Institution Archives. Todos esses arquivos
possuem um catálogo comum sobre suas coleções, disponível em www.siris.si.edu.
O Smithsonian Institution
Archives (SIA) (http://siarchives.si.edu/)
custodia os documentos oficiais do Smithsonian Institution, os documentos de
pesquisadores do Smithsonian e outros membros de sua equipe e documentos de
organizações profissionais relacionadas.
Oferece serviços de
referência ao público em geral, a pesquisadores e à equipe do Smithsonian Institution.
O SIA mantém mais de 1.085 m3 de acervo, os quais contêm documentos institucionais,
papéis pessoais e coleções especiais. Documentos oficiais oferecem uma história
abrangente do desenvolvimento e das atividades do Smithsonian; seu papel na
ciência norte-americana do século XIX, especialmente da história natural; o
envolvimento do Smithsonian em questões culturais e sociais; e o
desenvolvimento dos museus como instituições.
As coleções contêm
correspondência entre o Smithsonian e cientistas brasileiros e documentam a
coleção de artefatos e espécimes brasileiros. Índices automatizados e
descrições em nível de coleção estão acessíveis no sítio eletrônico englobando
as 4.265 coleções do Arquivo.
Um projeto do SIA e do
National Museum of Natural History, o Field Book
Project (http://www.mnh.si.edu/rc/fieldbooks/), catalogou cadernetas de
campo de cientistas, disponíveis em http://collections.si.edu/search/results.htm?q=unit_code%3AFBR&tag.cstype=all, que estão sendo
conservadas e digitalizadas para serem disponibilizadas na Biodiversity Heritage Library (http://www.biodiversitylibrary.org/). Esse projeto descreve
mais de 6.600 cadernetas de campo, pertencentes a 542 coleções custodiadas no
Smithsonian Institution, que documentam trabalhos de campo nas Américas do
Norte e do Sul e em todo o mundo.
O National Hall é a sede do Instituto Smithsonian. Conhecido também pelo nome popular de "castelo". |
A Institutional History Division (IHD) do SIA é o centro consagrado à
história do próprio Smithsonian. Historiadores e a equipe oferecem informações
sobre a história do Instituto para a administração e para o resto da equipe, para
pesquisadores e o público em geral, além de liderarem o projeto de história
oral do Smithsonian (http://siarchives.si.edu/research/oralvidhistory_intro.html). Também preparam exposições
(http://siarchives.si.edu/history/exhibits), inclusive uma exposição
sobre a relação do Smithsonian com a América Latina, disponível em http://siarchives.si.edu/history/exhibits/150-years-smithsonian-research-latin-america, apresentam programas
públicos e publicam a história da instituição em publicações científicas e de
divulgação.
O IHD ainda recebe visitas de pesquisadores, estagiários e
bolsistas de graduação e pós-graduação que realizam pesquisas sobre a história do Smithsonian, e mantém um
abrangente sítio eletrônico sobre a história do Smithsonian disponível em http://siarchives.si.edu/history. O IHD também mantém um
catálogo da história do Smithsonian no SIRIS (http://sirismm.si.edu/siris/sihistory.htm), que contém uma bibliografia
anotada sobre a história do Smithsonian; uma cronologia de eventos importantes
de sua história, com citação de fontes; uma base de dados com cerca de sete mil
imagens históricas digitalizadas, com legendas e metadados detalhados. O
catálogo também provê uma base de dados de documentos legais, que oferece
citações dos documentos legais mais importantes que regulam o Smithsonian, e
uma base de dados biográfica sobre todos os membros do comitê que preside o Smithsonian.
Informações sobre a
história do Smithsonian e as coleções do SIA podem ser encontradas no blog do
SIA, The Bigger Picture, em http://siarchives.si.edu/blog. Os pesquisadores
interessados também podem subscrever a página do Facebook do SIA (https://www.facebook.com/SmithsonianInstitutionArchives), ou de seu Twitter (https://twitter.com/smithsonian).
O SIA tem postado conjuntos
de imagens em sua página no Flickr (http://www.flickr.com/photos/smithsonian) e pedido aos visitantes
que adicionem informações sobre elas no sítio eletrônico. O SIA tem ainda
imagens históricas das instalações do Smithsonian no sítio HistoryPin (http://www.historypin.com/channels/view/6146388/) e recebe imagens
históricas do público nestes sítio.
Imagens em movimento históricas e educativas podem ser vistas no canal do SIA
no YouTube em http://www.youtube.com/siarchives.
Dada sua importância na
história da ciência dos Estados Unidos, não é de surpreender que o National
Museum of American History tenha amplas coleções documentando a história da
ciência, da tecnologia e da medicina. Seu Centro de Arquivos (http://amhistory.si.edu/archives/b-1.htm) preserva e oferece acesso
a evidências documentais sobre o passado norte-americano, complementando os
artefatos do Museu. O Centro de Arquivos mantém uma ampla variedade de coleções
que documentam tecnologia, invenções e inovações dos séculos XIX e XX.
Tanto indivíduos quanto
empresas estão documentados em áreas temáticas, entre as quais ferrovias,
pianos, televisão, rádio, plásticos, marfim e equipamentos esportivos. A maior
coleção é a do Western Union Telegraph
Company Records, de 1840-1994. Outras coleções significativas incluem os Earl S. Tupper Papers (http://amhistory.si.edu/archives/d-8470a.htm), de 1914-1982,
documentando a invenção do Tupperware; a SmartLevel Collection, de 1985-1996, que
documenta a história da engenharia e a invenção de uma eletrônica de alta
tecnologia no Vale do Silício; e a Darby Windsurfing Collection, de 1946-1998,
documentando a invenção da prancha de windsurf. Mais de 1.200 coleções ocupam cerca de 365 metros
de estantes. Além de documentos textuais em papel, muitas coleções contêm
fotografias, filmes em movimento, videotapes e gravações sonoras.
O National Museum of
American History também abriga o Lemelson
Center (http://invention.smithsonian.org/home/), dedicado à história da
invenção nos Estados Unidos. A missão do Lemelson Center é documentar,
interpretar e disseminar informação sobre invenções e inovações, encorajando a
criatividade inventiva nos jovens e estimulando a apreciação do papel central
da invenção e inovação na história dos Estados Unidos. Através de eventos públicos, programas para estudantes,
publicações, oportunidades de pesquisa, exposições e sítio eletrônico, o Centro
registra o passado – ao preservar e aumentar o acesso aos documentos e
artefatos, ampliando nosso entendimento da história, por meio da pesquisa,
discussão e disseminação de ideias – e planeja o futuro, ao engajar-se com os
jovens no estudo e exploração da invenção e inovação. O Centro tem bolsas
disponíveis para financiar professores visitantes (http://invention.smithsonian.org/resources/research_fellowships.aspx).
O National Museum of American History. |
O National
Museum of Natural History abriga o National
Anthropological Archives (NAA) e o Human Studies Film Archives (HSFA). O NAA é dedicado a preservar anotações de campo
etnográficas, arqueológicas e linguísticas, dados de antropologia física,
fotografias e gravações sonoras e outras mídias criadas por antropólogos
norte-americanos. O acervo do Arquivo inclui quase 635 mil fotografias etnológicas
e arqueológicas (incluindo algumas das mais antigas imagens de povos indígenas
do mundo); vinte mil peças de arte nativa (principalmente norte-americanas,
asiáticas e da Oceania); 11.400 gravações sonoras; e mais de 2.438.400 metros
de materiais filmográficos e em vídeo. As coleções documentam o trabalho de
pesquisadores como Betty Meggers,
que requereu dos antropólogos que levassem em conta o meio ambiente em suas análises
de culturas antigas.
Ela trabalhou durante décadas no Brasil, especialmente na
Amazônia. A ampla política de coleções e apoio a pesquisas antropológicas do
Smithsonian, nos últimos 150 anos, fizeram do NAA e do HSFA recursos
incomparáveis para os estudiosos interessados nas culturas da América do Norte,
América Latina, Oceania, África, Ásia e Europa. O HSFA é dedicado a coletar,
preservar, documentar e disseminar uma ampla gama de materiais de etnografia histórica
e contemporânea e imagens em movimento relacionadas à antropologia, além de
colecionar documentos relacionados, incluindo gravações sonoras, fotografias,
manuscritos e outros textos associados, anotações de campo e registros de
câmeras, gravadores e produção.
O National Air and Space Museum (NASM), localizado no Mall,
em Washington, D. C., mantém a maior coleção da história aérea e de veículos
espaciais do mundo. Também é um centro de pesquisa em história, ciência e
tecnologia da aviação e voos espaciais, assim como das ciências planetárias e
geologia terrestre e geofísica. O Arquivo do NASM (http://airandspace.si.edu/research/arch/), localizado no Udvar-Hazy Center, contém materiais
documentando a história da aeronáutica e dos voos espaciais, incluindo uma
ampla gama de material iconográfico e textual, muitos dos quais enfatizam os
aspectos técnicos dos veículos aéreos e espaciais.
A coleção arquivística ocupa
mais de 340 metros cúbicos, contendo mais de novecentas coleções individuais,
dois milhões de fotografias, 2.895.600 metros de películas, 3.500 horas de
vídeo, e mais de dois milhões de gravuras técnicas. O museu Mall abriga objetos
tão icônicos quanto a aeronave de 1903
dos irmãos Wright e o avião Spirit of St. Louis
de
Charles Lindberg, o módulo de comando do Apollo 11, e rochas lunares. Em 2004, o
Steven F. Udvar-Hazy Center foi
inaugurado, próximo ao aeroporto de Dulles, na Virginia, para exibir coleções
que não podiam ser vistas no Mall, inclusive a superfortaleza aérea Enola Gay (um Boeing B-29) e o ônibus espacial Enterprise.
RECURSOS EM REDE
Desde a década de 1970, a
Instituição tem automatizado o acesso a suas coleções e desde 1995 dissemina
informações por meio de seu sítio eletrônico em www.smithsonian.org. Todos os centros de
pesquisa, museus e zoológicos têm ricos sítios eletrônicos, com 102 milhões e
600 mil visitantes singulares em 2012 (News Room, 2013).
As exposições dos museus são
apresentadas simultaneamente em formato online. Palestras e programas públicos são disponibilizados
por meio de gravações para serem baixadas. Informações sobre as coleções da
Instituição são disponibilizadas por meio de bases de dados online e projetos de
digitalização, como o do Smithsonian Collections Search Center (www.collections.si.edu).
A National Portrait
Gallery, por exemplo, tem uma base de dados online, o Catálogo de Retratos Americanos, que é um
levantamento em coleções públicas e privadas nos Estados Unidos e no exterior,
com informações sobre o retrato e, frequentemente, uma imagem digital do trabalho
de arte (http://npgportraits.si.edu/eMuseumNPG/code/emuseum.asp). Os retratos incluem
imagens de cientistas e inventores notáveis.
As coleções de pesquisa do
National Museum of Natural History são acessíveis ao público, por meio de uma
interface de rede padrão, com um total de 5.707.469 registros de espécimes
atualmente disponíveis. Desses registros, 292 mil são registros de espécimes
sobreviventes, que representam mais de 55% dos tipos de espécimes biológicos
sobreviventes do museu (http://collections.mnh.si.edu/search/).
Muitos dos museus
instituíram diários em vídeos, ao vivo, sobre tópicos relacionados a suas
coleções, tais como a câmara voltada para a jaula do mico-leão-dourado no
National Zoological Park (http://nationalzoo.si.edu/Animals/SmallMammals/default.cfm?cam=GLT). Os micos-leões são
reproduzidos no Zoológico e preparados para serem posteriormente enviados às
florestas tropicais brasileiras. As Smithsonian
Libraries Galaxy of Knowledge (http://www.sil.si.edu/) contêm cópias digitais de
muitos recursos, incluindo livros raros da história da ciência.
O Smithsonian Astrophysical
Observatory torna acessível a pesquisadores um amplo conjunto de recursos
científicos, mas também opera o Chandra
X-ray Observatory Center para professores, estudantes e astrônomos amadores
(http://chandra.harvard.edu/).
O Smithsonian Environmental Research Center estabeleceu um centro de
ensino à distância com viagens de campo eletrônicas sobre ecologia, que podem
ser usadas nas salas de aula do ensino fundamental e médio (http://www.serc.si.edu/education/).
O Smithsonian Tropical Research Institute tem
um programa, de longo prazo, de monitoramento de meio ambiente marinho e
terrestre, que disponibiliza seus dados para pesquisadores em tempo real (https://ctfs.arnarb.harvard.edu/webatlas/datasets/bci/).
A instituição adotou as
mídias sociais como um modo de atingir uma audiência mais ampla em sua missão
de difundir o conhecimento. O Smithsonian Central e cada uma de suas unidades
mantêm páginas de Facebook, Twitter e conteúdo RSS, sítios de
vídeo no YouTube, sítios de imagem Flickr, Pinterest e sítios HistoryPin, acessíveis em www.si.edu. Todos os centros de
pesquisa, museus e arquivos proveem apoio à pesquisa online para ajudar pesquisadores à
distância. Cada um tem amplos recursos para professores de escolas do ensino
fundamental e médio, coordenados por um escritório central, o Smithsonian Center for Education and Museum
Studies (http://www.si.edu/Educators).
Todas as imagens e vídeos
nos sítios do Smithsonian, a menos que de outra forma assinalado, estão
acessíveis para uso em sala de aula. Para estudiosos à distância, todas as
organizações do Smithsonian oferecem referências por meio de seus sítios ou
correio eletrônico. Estudiosos visitantes também são bem-vindos a todas as instalações
do Smithsonian, mas são fortemente encorajados a contatarem previamente o
centro de pesquisa, museu ou arquivo, usando os recursos de contato listados
acima.
Bandeira do Instituto Smithsonian. |
A assistência financeira
para pesquisadores visitantes é oferecida por meio de concurso ao programa de
bolsas (http://www.si.edu/ofi). As bolsas pré e pós-doutorado
são disponibilizadas para trabalhos de pesquisa em todas as organizações do
Smithsonian e algumas unidades também têm programas especializados de bolsas (http://www.si.edu/OFI/Fellowships), tais como a de evolução molecular e a Guggenheim, do
Air and Space National Museum.
Há bolsas de visitante de
curto período de duas semanas, para pós-graduação, de dez semanas, e de pré e
pós-doutorado, de um ano. Os estudantes universitários também podem
candidatar-se para estágios no intuito de ganharem experiência prática em
vários campos de estudo (http://www.si.edu/OFI/Internships).
Centenas de estagiários
ganham experiência prática em pesquisa, gerenciamento de coleções ou programação
pública a cada semestre. Os estágios podem se concentrar no tratamento de
coleções de artefatos dos primórdios da aviação, no National Air and Space Museum,
na condução de pesquisa de campo em paleontologia, no National Museum of
Natural History, na catalogação de pinturas de cientistas, na National Portrait
Gallery, no rastreamento da dinâmica em um trecho de floresta, no Panamá, no
Tropical Research Institute, ou no planejamento de um ambiente com fins de conservação
para o Mpala Research Center, no
Quênia. Tais estágios oferecem remunerações e podem ser usados para ganhar créditos
acadêmicos.
TRABALHOS QUE UTILIZAM OS
RECURSOS DO SMITHSONIAN
Dado o tamanho e a gama da
atuação do Instituto Smithsonian, é impossível listar todos os trabalhos
recentes que utilizaram seus recursos. Cada unidade do Smithsonian tem numerosos
artigos e livros publicados a cada ano. Muitas das publicações das equipes do Smithsonian
estão disponíveis em formato digital em seu repositório digital e a pesquisa de
publicações relevantes pode ser feita diretamente lá, em http://si-pddr.si.edu/dspace/community-list.
Um bom exemplo recente de
uso das coleções do Smithsonian pode ser encontrado no trabalho de Marcel LaFollette. Na última década,
como pesquisadora associada dos arquivos do Instituto Smithsonian, LaFollette
tem estudado a Science Service
Collection, disponível em http://siarchives.si.edu/collections/siris_arc_217249. O Science Service, uma
organização sem fins lucrativos, foi fundada para aumentar e melhorar a disseminação
pública de informação técnica e científica, e começou seu trabalho em 1921.
Embora inicialmente
orientado para ser um serviço de notícias, o Science Service produziu um amplo
leque de filmes noticiosos, programas de
rádio, filmes, registros fonográficos, e atuou também em várias atividades educacionais, de tradução e de
pesquisa. Hoje sobrevive como o Science Service, Inc., uma organização que publica a Science News e promove a educação
científica. Uma pesquisadora da
história das comunicações científicas, LaFollette primeiramente ofereceu-se como voluntária para ajudar o processamento
técnico da coleção e torná-la mais acessível.
Ela encontrou uma série de
fotografias, previamente não publicadas, do julgamento Scopes – ocorrido na década de 1920, em Dayton,
Tennessee, sobre o ensino da teoria
evolucionária de Darwin em escolas americana. Tiradas por membros da equipe
do Science Service, essas fotografias informais capturam o impacto da atenção
sobre essa pequena cidade. Quando essas imagens foram colocadas no Flickr,
muitos residentes idosos de Dayton contataram o SIA para identificarem a si
próprios, vizinhos e familiares, e isto abriu um canal de diálogo entre o SIA e
os residentes. LaFollette, então, publicou um livro, Reframing scopes: journalists, scientists, and lost photographs from the
trial of the century, que
analisava a descoberta das fotografias e sua relação com o histórico
julgamento.
LaFollette também ofereceu
metadados para milhares de imagens digitalizadas da Science Service Collection.
Uma grande coleção de retratos de cientistas não possuía muitas informações
sobre estes indivíduos, especialmente as mulheres cientistas. Estas foram colocadas
no Flickr juntamente com um pedido de informação sobre as faces anônimas.
Numerosas identificações foram oferecidas por familiares, estudantes,
colaboradores e colegas das cientistas, tornando a coleção bem mais valiosa
para pesquisas (http://www.flickr.com/photos/smithsonian/sets/72157614810586267/comments/).
Ademais, a partir de sua
pesquisa na Science Service Collection e em muitas outras fontes, ela também produziu
um elogiado livro sobre a ciência na comunicação, Science on
the air: popularizers and
personalities on radio and early television, e o recente Science on
American Television: a history.
Referências Bibliográficas:
EWING, Heather P. The Lost World of James Smithson: Science, Revolution, and the Birth of the Smithsonian. New York: Bloomsbury USA, apr. 2007.
HENSON, Pamela M. A National Science and a National Museum.
In: LEVITON, Alan E.; ALDRICH, Michele L. (eds.). Museums and Other Institutions of Natural History: Past, Present, and
Future. San
Francisco: California Academy of Sciences, 2004, p.
34-57.
NEWS ROOM. Smithsonian Institution Website. Disponível em:
.Acesso em: 2 set. 2012.
OEHSER, Paul H. The Smithsonian Institution.
New York: Praeger Publishers, 1970.
REINGOLD, Nathan et al. The Papers of Joseph Henry,
v. 1-12. Washington, D. C.: Smithsonian Institution, 1972-2008.
SMITHSONIAN
INSTITUTION. Smithsonian Institution Annual
Report for 2011. Come Closer. Washington,
D. C.: Smithsonian Institution, 2012. Disponível em:
.
FONTE: Revista Acervo, Rio de Janeiro, v. 26, n. 1, p. 113-122, jan/jun. 2013. http://revistaacervo.an.gov.br/seer/index.php/info/issue/view/42.
Nenhum comentário:
Postar um comentário