Pesquisar neste blog

Comunicado

Comunico a todos que tiverem interesse de compartilhar meus artigos, textos, ensaios, monografias, etc., por favor, coloquem as devidas referências e a fonte de origem do material usado. Caso contrário, você estará cometendo plágio ou uso não autorizado de produção científica, o que consiste em crime de acordo com a Lei 9.610/98.

Desde já deixo esse alerta, pois embora o meu blog seja de acesso livre e gratuito, o material aqui postado pode ser compartilhado, copiado, impresso, etc., mas desde que seja devidamente dentro da lei.

Atenciosamente
Leandro Vilar

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Egito Negro

No século XX as produções cinematográficas para o cinema, televisão, internet, e até mesmo representações teatrais, circenses e em outras mídias como a literatura, quadrinhos, videogames, desenhos, pinturas, esculturas, etc., tendem a representar o povo egípcio como tendo sido uma população predominantemente branca. Tal tendência não começou no século XX, mas foi durante ele que essa referência imagética de um "Egito branco" prevaleceu na cultura e na mentalidade contemporânea. E mesmo no século XXI, ainda vemos filmes, novelas, desenhos, etc., retratando os faraós sempre brancos, a nobreza egípcia sempre branca, o grosso da população sendo branca, e quando há negros e pardos, estes geralmente são camponeses ou escravos. 

A proposta deste texto foi apresentar com base em fontes históricas, literárias e iconográficas, que o Egito foi uma nação mestiça, mas predominantemente negra e parda, diferente desse "branqueamento" que a sociedade europeia e ocidental tentou impor, e que infelizmente ainda acaba gerando equívocos, pois já vi pessoas dizerem que os Egito por ser localizado na região norte da África, pertence a chamada "África branca", no entanto, essa ideia de "África branca" é um mito. A África como outros continentes do mundo, é um continente mestiço, embora que o grosso de sua população seja negra. 

Descrições de estrangeiros:

O historiador grego Heródoto de Halicarnasso (c. 480 - c. 425 a.C), em seu livro Histórias, em alguns momentos menciona que havia gente negra no Egito. Em uma das passagens de seu livro, Heródoto fala sobre o povo de Cólquida, região situada na Ásia, a costa do Mar Negro, no que hoje é território da Geórgia. De acordo com ele, os colquidianos se diziam ser descendentes dos egípcios; Heródoto mostra-se incrédulo quanto a isso, no entanto, diz que os colquidianos eram negros e de cabelo crespo como os egípcios, embora ele saliente que havia outros povos com estas mesmas características, o que significava que necessariamente os colquidianos não seriam descendentes dos egípcios (HERÓDOTO, 2006, p. 179). 


Pintura num mural retratando um homem e uma mulher participando da colheita. Percebe-se que ambos têm a pele parda e o cabelo crespo.
Segundo o tratado grego Fisionomia, supostamente atribuído ao filósofo Aristóteles (384-322 a.C), nesta obra, o autor em questão diz que os egípcios e etíopes eram negros (DIOP, 2010, p. 13). 

O escritor grego Luciano de Samósata (c. 125-190) em seu livro Navegações, menciona o diálogo entre dois homens chamados Licino e Timolaus; na ocasião os dois comentam a respeito de um homem negro que haviam visto, o qual usava o cabelo longo e trançado. Timolaus diz que aquele estilo de cabelo era comumente usado entre os egípcios, inclusive que eles eram negros. Já o geógrafo grego Estrabão (64-24 a.C) autor da volumosa obra Geografia, especificamente no livro 1, cap. 3, ele diz que os etíopes e os colquidianos, eram negros como os egípcios. 


Imagem comparando a fisionomia de quatro mulheres egípcias com uma mulher atual. Nota-se as semelhanças físicas
Os romanos durante sua República e Império conquistaram terras no norte da África, e ali se depararam com populações negras e pardas, diferente da ideia de que no Norte do continente africano, todos seus habitantes seriam na maioria brancos. Um exemplo interessante diz respeito aos Numidas, um povo de origem berbere, que era descrito como sendo mestiço. Os Numidas viviam na Numídia região hoje que compreende parte da Argélia. Nos relatos sobre sua aparência, nota-se que os escritores atestam que eles tinham a pele clara ou escura. Os romanos também viam os egípcios como um povo mestiço e não predominantemente branco. 

De acordo com a Bíblia Sagrada (Gênesis 10:6), Cam o caçula de Noé, teria tido quatro filhos inicialmente, chamados de Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã. Tais filhos dariam origem as populações do Oriente Médio e da África. Curiosamente o nome Mizraim era usado pelos hebreus para se referir ao Egito, Cuxe, se referia a Kush, um antigo reino na Núbia; Pute corresponderia a uma região hoje no Marrocos, e Canaã é a PalestinaO historiador hebreu Flávio Josefo detalha melhor a história dos descendentes de Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã dizendo como eles se espalharam da Mesopotâmia ao Marrocos, da Síria à Arábia, da Palestina à Etiópia (JOSEFO, 2004, p. 21-22). 

Por sua vez, Cam significa "queimado" em hebraico, o que é interpretado por alguns estudiosos como sendo uma alusão a cor da pele escura. De fato, Heródoto (2006, p. 180-181) menciona que haveria regiões na África que o sol era tão intenso que os homens tinham a pele escura, pois ela era queimada. Inclusive os gregos antigos possuíam o termo para se referir a tal condição, algo que será visto adiante no texto. 

 Egípcios jogando xadrez. Pintura de Sir Lawrence Alma-Tadena, 1865.
Embora não podemos garantir veracidade ao relato bíblico, porém sabemos que o encontro entre tais povos ocorria, de fato, o Egito foi terra de passagem de vários povos ao longo de milênios, daí ser visto como uma nação miscigenada. Por outro lado, atribuir-se que todos os supostos descendentes de Cam seriam negros e pardos, é um problema, pois a área do Oriente Médio no qual seus descendentes teriam se estabelecido, não possuem apenas populações negras e pardas, mas possuem populações brancas e amarelas. 

Para Jean Vercoutter (1980, p. 26-27), a população egípcia era miscigenada, no entanto, era puramente de origem africana, ou seja, o povo egípcio ele era naturalmente oriundo da África, embora não se saiba de onde eles vieram, provavelmente de terras do sul, migrando até a região do Nilo. Todavia, devido ao contanto com as terras vizinhas, elementos brancos, pardos, amarelos e negros se misturaram para formar o povo egípcio. O problema da opinião de Vercoutter é que ele não dava atenção a essa miscigenação, renegando a contribuição cultural de outros povos os quais habitaram e fundaram dinastias faraônicas como os hicsos e os núbios. 

Na Idade Média e no começo da Idade Moderna, a palavra egípcio estava associada em alguns países europeus com o sentido de se referir aos ciganos e a pessoas de pele escura. No romance gótico O Corcunda de Notre-Dame (1831), embora seja uma obra de ficção, ainda assim, como em outros livros de Victor Hugo, o autor fazia uso de referências históricas para conceder maior verossimilhança as suas narrativas. 

Menciono em particular esse livro pelo fato de que a cigana Esmeralda é várias vezes chamada de "egípcia" (gipsy em inglês, gitan em francês). As palavras gipsy e gitan são contrações da palavra egyptian, ou em português, egípcio. Neste caso, no medievo e na modernidade, "egípcio" era sinônimo de cigano em alguns países. E ainda hoje o termos gipsy, gitan, gitano, etc., são usados para identificar os ciganos. 

Na obra, Esmeralda é descrita como uma bela mulher de dezesseis anos, tendo longos cabelos negros, olhos castanhos e pele escura. Embora Esmeralda fosse uma francesa de nascença, mas devido a ser uma cigana e ter a pele mais escura, era considerada uma estrangeira, uma filha da Boêmia ou do Egito, locais que o imaginário europeu da época creditava serem a terra de origem dos ciganos. Além disso, muitos ciganos franceses naquele tempo era descritos como sendo pessoas mestiças, sendo brancos ou pardos. De fato, a relação de ciganos com o Egito é um mal entendido, pois não se sabe ao certo de onde vieram os ciganos, pois pelo fato deles terem se espalhados por três continentes, traçar suas origens é algo bastante difícil. No entanto, a referência a cor da pele não está errada. 


A cigana Esmeralda na versão de O Corcunda de Notre-Dame (1996), feito pelo Walt Disney. No livro Esmeralda era chamada de "egípcia" devido ao fato de ser cigana, mas também por ter a pele escura. 
Questão etimológica: 

Primeiramente é preciso dizer que o nome Egito, não é um nome de origem egípcia, mas sim de origem grega, advindo de Aígyptos, palavra essa que significava "templo dedicado ao deus Ptah", sendo que Aígyptos seria uma variação de Ha-k-Ptah. Por sua vez, os romanos latinizaram o termo grego para Aegiptos. Ptah foi um importante deus associado a cidade Mênfis, uma das capitais do país. 

Nota-se que o nome Egito é de origem grega, no entanto nada tem de referência a cor daquela população, porém, quando passamos para outro termo também de origem grega, surge uma certa proximidade. 

A palavra etíope vem do grego aithiops, que significava "aquele que tem o rosto queimado". Por sua vez os romanos latinizaram a palavra para aethiops. Assim quando colocamos lado a lado as palavras gregas aígyptos e aithiops, e, as palavras latinas aegiptos e aethiops, a grafia e a pronúncia são parecidas, talvez trata-se apenas de coincidência, no entanto, um fato é que a palavra etíope antes de ser utilizada para designar o habitante que nasce na Etiópia, era um termo genérico para se referir a qualquer africano negro. Sendo assim, em obras gregas e latinas, não era incomum encontrar o termo etíope para designar qualquer africano negro, independente de onde ele era oriundo. 

Os árabes quando começaram a melhor explorar a África, eles passaram a designar as populações negras do Saara, através do termo as-sudan que significa "gente negra". O nome dos dois países Sudão e Sudão do Sul vem do árabe bilad as-sudan "a terra dos negros". Antes dos árabes melhor conhecerem a África, eles ficaram restritos aos países que englobam o deserto do Saara e como a população ali era predominantemente negra, eles chamaram aquelas terras de bilad as-sudan. Tal aspecto por si só desmente a ideia de que os africanos da região saariana fossem predominantemente brancos.


Estátua do faraó Mentuhotep II da XI Dinastia, tendo governado por volta de 2061-2010 a.C. A ideia de que todos os faraós eram brancos, isso é uma invenção midiática.  
Um dos nomes usados pelos antigos egípcios para se referir a sua nação, era Kemet, que significava "terra negra". Normalmente os historiadores interpretam que o termo Kemet fosse uma referência as terras férteis situadas ao longo das margens do Nilo. De fato, tal terra é de coloração mais escura, devido a umidade e aos nutrientes ali presentes. Por outro lado, kemet era usado para se diferenciar as terras férteis das terras desérticas ou estéreis, chamadas de deshret "terra vermelha". Entretanto, existe um ponto peculiar no uso do termo kemet; os egípcios se autodenominavam em algumas épocas usando a expressão: remet-en-kemet que significava "o povo da terra negra" (SILLIOTTI, 2006, P. 16). 

Muitos historiadores preferem creditar que o uso de Kemet deve-se apenas a referência as terras férteis as margens do rio Nilo, mas alguns alegam que além dessa conotação, kemet também poderia ser uma alusão ao seu povo, algo como a "terra dos negros". Para respaldar isso vejamos a explicação do historiador e antropologista senegalês Cheikh Anta Diop 

“Os egípcios tinham apenas um termo para designar a si mesmos: kmt, = “os negros” (literalmente). Esse e o termo mais forte existente na língua faraônica para indicar a cor preta; assim, e escrito com um hieróglifo representando um pedaço de madeira com a ponta carbonizada, e não com escamas de crocodilo. Essa palavra e a origem etimológica da conhecida raiz kamit, que proliferou na moderna literatura antropológica. Dela deriva, provavelmente, a raiz bíblica kam. Portanto foi necessário distorcer os fatos para fazer com que essa raiz atualmente signifique “branco” em egiptologia, enquanto, na línguamãe faraônica de que nasceu, significava “pretocarvão”. Na língua egípcia, o coletivo se forma a partir de um adjetivo ou de um substantivo, colocado no feminino singular. Assim, kmt, do adjetivo = km = preto, significa rigorosamente “negros”, ou, pelo menos, “homens pretos”. O termo e um coletivo que descrevia, portanto, o conjunto do povo do Egito faraônico como um povo negro”. (DIOP, 2010, p. 21-22). 


Pintura retratando dançarinas e músicas egípcias. 
Baseado neste seu argumento, Diop defendia que o termo remet-en-kemet poderia significar "o povo da terra dos negros". Para ele, kmt era utilizado de duas formas: no sentido de cor, ou seja, aquelas pessoas se reconheciam como sendo negros, mas também kmt estaria ligado a uma ideia de identidade, ou seja, eles se reconheciam como habitantes de uma nação chamada Kemet. Para respaldar essa ideia de identidade, Diop (2010, p. 25) assinala que os egípcios chamavam os núbios de nahas. Lembrando que os núbios eram na sua maioria negros, mas os egípcios não usavam o termo kmt para se referir a eles. 

Representações iconográficas:

Existem um grande número de representações iconográficas, das quais algumas anteriormente apresentadas que apontam o fato dos egípcios serem pardos e negros, embora houvessem egípcios brancos. Todavia, vejamos mais algumas dessas representações, como a de baixo na qual retrata um homem pardo e uma mulher branca, ambos segurando vasos.  



A ideia de que o Egito era uma nação branca por se localizar no norte da África não é totalmente verdadeira. De fato, a proximidade com o Mediterrâneo, que os conectava a Europa, e por sua vez com o Oriente Médio, que os ligava aos povos asiáticos brancos e amarelos, tornava o Egito um local de passagem e conversão de várias pessoas. Sendo assim ao longo da História, o Egito teve uma população mestiça. Hicsos, hititas, mitanes, hebreus, núbios, persas, gregos, romanos, fenícios, bizantinos, árabes, etc., viajaram ao Egito e ali se estabeleceram. 


Estátua do faraó Akhenaton (ou Amenhotep IV) e da rainha Nefertiti. Percebe-se que o faraó era pardo e sua esposa era mais clara, talvez branca. 
Quando vemos outras representações do faraó Akhenaton percebemos que ele era pardo e suas filhas também. No caso de Nefertiti pelo que se conhece de suas feições, ela seria branca ou parda, embora como dito, exista a dúvida quanto a suas origens, as quais poderiam ser asiáticas. Ainda assim, revela como o Egito era uma nação mestiça, ainda mais neste caso em particular, pois era comum os faraós casarem-se com suas irmãs para manter a linhagem-real, mas Nefertiti não era irmã de Akhenaton, e haja dúvidas se fosse alguma prima ou uma estrangeira completa. 

Todavia, além de Akhenaton e suas filhas serem pardas, seu famoso filho Tutancâmon também era pardo, diferente do que a mídia tenta passar de que se tratava de um homem branco. Alguns creditam que o busto abaixo seja uma representação do jovem faraó que morreu aos 19 anos. Tutancâmon assumiu o trono por volta de seus oito ou nove anos, casando-se com sua irmã Anakshunamum. Tanto ele quanto ela, eram pardos, e mesmo que tal busto não seja uma representação do faraó, existem outras representações dele e de sua esposa, que mostram a cor mais escura de suas peles. 


Busto de um menino encontrado na tumba do faraó Tutancâmon. 
Por fim, exponho a imagem de um dos faraós mais conhecidos, Ramsés II, terceiro faraó da XIX Dinastia. Ramsés II cognominado "o Grande" foi um guerreiro e conquistador, além de supostamente ser o "faraó do Êxodo". Nos anos 70 quando sua múmia foi levada para Paris, a fim de se estudada, alguns dos cientistas que trabalhavam na pesquisa, especialmente P. F. Ciccaldi ao analisar a pigmentação dos cabelos de Ramsés II, constatou que havia pigmentos de origem vermelha, ou seja, o faraó teria sido ruivo. 


Ciccaldi publicou um artigo defendendo que o faraó Ramsés II, seu pai Seti I, e um de seus avós, todos seriam de linhagem ruiva, logo, seriam brancos. Todavia, mesmo os ruivos na Europa não são comuns, estando restritos ao Norte do continente. Além disso, hoje se sabe que existem povos negros que possuem naturalmente olhos azuis e cabelos louros, e em alguns casos, encontram-se negros e pardos que são ruivos naturais. O problema é como definir o fator que levou a tais pessoas nascerem ruivas. Teria sido alguma miscigenação de algum antepassado desconhecido? Ou uma mutação genética?

No caso de Ramsés, os cientistas concluíram que ele não seria ruivo como sugerido por Ciccaldi, provavelmente os testes que ele fez, foram contaminados com pigmentos encontrados na múmia, pois percebeu-se que os cabelos mesmo brancos, continham pigmentos de tinta. Os egípcios tinham o costume de pintar as perucas ou os próprios cabelos em alguns casos.  

De qualquer forma, os cientistas hoje na maioria descartam uma ascendência ruiva para Ramsés II e seus antepassados, e apontam que ele fosse mestiço, talvez sendo branco ou pardo, mas não negro como sugeriu Cheikh Anta Diop. Todavia, em 90% das representações midiáticas de Ramsés II, ele é retratado como sendo branco, mas quando vemos algumas representações da sua época, elas nos revelam outro ponto de vista. 


Pintura retratando o faraó Ramsés II durante a invasão a Núbia. Nota-se que os núbios são representados como sendo negros e pardos, assim como, os egípcios. E no caso do faraó em si, ele é retratado como sendo pardo.
Considerações finais: 

Depois desse breve estudo, acredito que fique mais nítido a percepção de que o povo egípcio era mestiço, mas sendo na sua maioria formado por pardos e negros. Se hoje no Egito há mais brancos do que negros, deve-se a colonização que o país sofreu ao longo de mais de mil anos. No século V a.C o Egito começou a ser atacado constantemente pelos persas, depois vieram os greco-macedônios com Alexandre, o Grande, por sua vez Ptolomeu fundou sua dinastia em Alexandria, abrindo ainda mais o país ao acesso dos gregos. No século I a.C, os romanos tomaram o país, tornando-o sua província e assim o mantiveram até o século V d.C. No século VII os árabes invadiram o Egito e por ali se estabeleceram pelos séculos seguintes. 

Assim, se hoje o Egito parece ser mais uma nação de pessoas claras, deve-se a essa grande mistura com os persas, gregos, romanos, árabes, turcos, bizantinos, etc., mas antes de tudo isso ocorrer, o chamado Egito Antigo embora fosse miscigenado, sempre foi mais escuro. Porém devido as teorias raciais do século XIX, era inconcebível para os europeus que uma civilização tão avançada como o Egito, fosse uma nação de povos negros e mestiços, pois de acordo com tais teorias raciais, os negros sempre foram uma "raça inferior", daí a tentativa de se "branquear" o Egito a todo o custo, pois era inaceitável que "gente negra" fosse tão ou mais desenvolvida que os gregos e romanos, os quais eram predominantemente brancos. 

NOTA: Na Europa da Idade Média e no começo da modernidade até o século XVI mais ou menos, os termos etíope, egípcio, abissínio e mouro eram usados de forma genérica para se referir a qualquer pessoa negra, independente dela ter nascido ou não nestes países. No poema português Os Lusíadas (1580) os termos etíope e mouro são bastante usados para designar os africanos negros e pagãos, e os africanos muçulmanos, sendo estes negros ou pardos. 
NOTA 2: Existe uma controvérsia se a rainha Cleópatra VII era parda, negra ou branca. A questão é que Cleópatra era descendente de greco-macedônios, além disso, a sua família praticava o incesto real à moda dos faraós, logo, considerar que Cleópatra fosse negra é um tanto difícil, pois a Dinastia Ptolomaica foi na sua maioria de pessoas brancas que se casavam entre si. No entanto, não se sabe exatamente quem era a mãe de Cleópatra, e há possibilidade que sua mãe fosse uma concubina e talvez de pele parda. Outro problema que não contribui para tal explicação é que as representações iconográficas conhecidas não fornecem detalhes sobre a cor de sua pele. E as fontes escritas dizem que ela era uma bela mulher, mas não dizem qual era a sua cor. 

Referências Bibliográficas:
DIOP, Cheikh Anta. A origem dos antigos egípcios. In: MOKHTAR, Gamal (ed.). História Geral da África II: África Antiga. 2a ed. Brasília, UNESCO, 2010. 8v. 
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus: de Abraão à queda de Jerusalém. Tradução de Vicente Pedroso. 8a ed. Rio de Janeiro, CBAD, 2004. 
HERÓDOTO. Histórias. Tradução de J. Brito Broca. Rio de Janeiro, W. M. Jackson Inc., 1950 (2006). 
HUGO, Victor. O Corcunda de Notre-Dame. Tradução Jorge Bastos. Rio de Janeiro, Zahar, 2015. 
SILLIOTI, Alberto. Egito. Barcelona, Ediciones Folio, S. A., 2006. 
VERCOUTTER, Jean. O Egito Antigo. Tradução de Francisco G. Heidemann. 2a ed. São Paulo, Difel, 1980. 

Referência da internet:
EARLSON, Karl. Redheaded Pharaoh Ramsés II. Disponível em: http://marchofthetitans.com/earlson/rameses.htm. Acessado em 14 de novembro de 2015. 

7 comentários:

Unknown disse...

De fato os egipcios nativos eram negroides. Nao se pode considerar nem mesmo o atual egito como caucasiano. Os atuais egipcios sao no maximo morenos.

Regiane souza disse...

brancos sendo brancos. O povo é Preto,rico em sabedoria,poderoso,lindos e tem uma energia Suprema!. O europeu fica cm essa ideia de asno, querendo apagar nossa História além de querer usufruir de privilégios. Avante Negros!!!!

Unknown disse...

Infelizmente não são apenas os europeus. Mas grande parte dos brancos ou pseudobrancos.

Unknown disse...

Acredito que eram peles pardas porém bronzeadas por conta do Sol pois é
muito predominantes nessas bandas.

Unknown disse...

Kkkkk vc é branco e Jesus branco que nasceu na África passava protetor solar kkk

Unknown disse...

Isto é óbvio,só não vê quem não quer,eles mesmo se descreveram nas pinturas,era um povo da pele avermelhada,bronzeada,eu acredito que vieram da onde chamamos ser o Oriente médio, portanto foram descendo via Palestina,é não vieram subindo da África subsariana.

Lilium Martins disse...

Pelo que tenho estudado do Egito acredito que eles deviam ser como nós brasileiros, alguns de pele clara, outros pardos e os negros. E mesmo considerando os de pele clara, acredito que são mais parecidos com os árabes do que com os brancos europeus. Outro ponto crucial é o clima, o que sugere um bronzeado como o que conhecemos no Brasil. Tem a questão dos albinos que são "comuns" na África, mas mesmo assim não são um caso frequente. E quanto aos Egiptólogos e europeus, gente, houve "arqueólogos" europeus do Século XIX, que ao verem as pirâmides das Américas (México, América Central), diziam que ou os egípcios estiveram aqui, ou uma tribo perdida de Jerusalem, mas não conseguiam admitir que foram os ÍNDIGENAS - Ameríndios, quem construíram aquelas maravilhas.