Em referência ao lançamento do filme Capitão América: Guerra Civil (2016), trago este artigo escrito em 2011, o qual abordou alguns aspectos da saga Civil War, uma das maiores sagas a envolver o Universo Marvel nos quadrinhos. Neste artigo, os autores debateram a influência do atentado de 11/09 e a guerra ao Terror, como tais elementos influenciaram a noção da guerra civil nos quadrinhos, iniciada em parte pela iniciativa do governo americano de legalizar e fiscalizar os super-heróis e suas ações, o que gerou a criação de duas facções, uma liderada pelo Homem de Ferro o qual defendia a fiscalização do governo, e a outra liderada pelo Capitão América, que considerava isso uma artimanha do governo.
Introdução
A saga Civil War nos quadrinhos da Marvel Comics: sua representação pós 11/09
Leandro Gilbran Vicenti
Bacharel em História (FURB)
profa. Dra. Carla Fernanda da Silva (FURB)
Introdução
Este artigo tem por objetivo evidenciar a linha discursiva
adotada pela editora Marvel Comics após os atentados de 11/09 em Nova
York, destacando estas produções como meio de manutenção e propagação de
discursos relacionados à política militar norte-americana antiterror,
desconstruindo a ideia de que tais publicações carecem da qualidade necessária
para a análise historiográfica.
Entre as diversas publicações lançadas após os atentados,
escolheu-se a saga Civil War como objeto de pesquisa, devido a sua
singularidade editorial, pois esta foi responsável por uma série de
reviravoltas dentro do cenário mundial de Histórias em Quadrinhos, e diversos
acontecimentos da narrativa tornaram-se manchetes na mídia internacional.
Assim, busca-se mostrar os eventos da saga Civil War como
uma representação dos fatos políticos ocorridos após o 11/09, destacando os atentados
a partir da concepção foucaultiana de ruptura e utilizando-se da teoria de
representação sustentada por Chartier e Bourdieu e Burke.
Ao problematizar as Histórias em Quadrinhos como uma forma
de representação do 11/09, destaca-se em suas narrativas as questões
terroristas ficcionais sendo retratadas como um mal terrível e presente na
sociedade, e que devem ser combatidas com ações militares semelhantes às
aplicadas pelo governo norte-americano após os atentados, trazendo nessa narrativa
toda a tensão vivenciada pela população dos EUA no após o atentado e a política
de guerra antiterror.
Esse discurso em apoio às ações militares conduz a grande
massa de leitores ao apoio à política de segurança adotada pelo país após os
atentados, como a privação de direitos constitucionais, suspensão do sigilo de
informações, entre outros.
A construção deste discurso político-militar, na saga Civil
War, trabalha a partir do questionamento: “De que lado você está?”, fazendo
com que os leitores tomem partido de um dos dois grupos de super-heróis que se
formam após o atentado ocorrido na publicação, o qual deu motivo para a criação
da Lei de registro de super-heróis. Lei que exige ao super-herói abrir mão da
segurança de sua identidade secreta e de seus direitos individuais em prol da
segurança nacional, fazendo com que aqueles que não se registrarem sejam
presos, e os fugitivos elevados à condição de terroristas.
Assim, tem-se o grupo do personagem Homem de Ferro,
partidário a lei de registros e profundamente ligado ao governo e a indústria
bélica do país; e o grupo do personagem Capitão América, já na condição de
foragido, pois desaprovou a lei de registro de super-heróis por considerá-la
inconstitucional, julgando serem os direitos individuais e democráticos mais
importantes que a nação.
Este dilema discursivo estende-se até as últimas páginas da
publicação, onde a Marvel Comics evidencia qual linha discursiva é
apoiada pela editora, levando a morte o personagem
Capitão América, principal opositor a lei de registro. Porém,
o discurso que se destaca não é apenas de apoio à política militar norte-americana,
mas da própria morte conceitual do antigo modelo de heroísmo, onde evidencia-se
uma representação do momento de ruptura vivido pela sociedade. Deixando claro o
discurso de que até os mais dedicados idealistas podem estar enganados, e devem
submeter-se ao apelo governamental de uma luta unificada contra os males que se
elevam contra a nação norte-americana, independentemente de tal luta confrontar
o próprio ideal de soberania do país.
A saga Civil War
Existem muitos títulos de histórias em quadrinhos
interessantes para a pesquisa historiográfica, e entre estes está à saga Civil
War2, uma publicação singular, com diversos pontos para a problematização,
a qual é objeto de estudo desta pesquisa. A saga foi dividida em onze
exemplares principais, no período de um ano, desdobrando-se por todas as demais
publicações da editora, o maior crossover3 da história dos quadrinhos.
Esta também foi responsável por uma das maiores reviravoltas
dentro do cenário mundial de Histórias em Quadrinhos comerciais, e os eventos
ocorridos em suas páginas tornaram-se manchetes na mídia norte-americana e de
diversos países do mundo. Tem, entre os principais fatos de destaque, a morte
do ícone político das Histórias em Quadrinhos, o Capitão América, a qual foi
amplamente anunciada pelas redes televisivas CNN e CBS.
A Civil War apresenta um ponto determinante para o
estudo deste tema, destacando-se a mudança radical na linha editorial da Marvel
Comics após os atentados de 11 de Setembro de 2001. Atentado em que a rede Al-Qaeda
seqüestrou quatro aviões em território norte-americano, utilizando-os para
atingir as torres do World Trade Center e do Pentágono, respectivamente,
o maior centro financeiro e de controle de informações do país, somando-se 2996
mortos e desencadeando uma grande crise de segurança internacional.
O 11/09 pode ser percebido como uma ruptura na continuidade
história, ou seja, uma transformação de uma ou várias formações discursivas4,
um acontecimento de proporções globais, como proposto por Foucault, com
capacidade de “transformar drasticamente a sociedade.”5
O ataque à cidade de Nova York não foi um ato de destruição
somente material, mas a destruição do ideal de soberania norte-americana, pois
há décadas via-se em produções culturais como filmes, livros e histórias em
quadrinhos a cidade como referência geográfica da liberdade democrática do
país. O ato de terrorismo de 11/09 concretizou todos os temores narrados como
ficção nas mais variadas formas de arte e entretenimento. E, a constante destruição
da cidade ficcional que até 10/09/2001 era imaginação, transformou-se em sólida
realidade.
Nas palavras de Oscar Wilde: “A vida imita a arte muito mais
do que a arte imita a vida.”6 Mas, não será este o ponto de partida para a
presença da representação e do discurso nas produções culturais? Pois, a ficção
lida com a imaginação, e esta é construída a partir da realidade convencionada.
Assim, os dramas, medos e desejos da humanidade são reapresentados a ela
própria na forma de ironia, comédia, suposição, supervalorização, descrença,
seguindo a linha discursiva de seu autor, porém, sem nunca deixar de lidar com
as referências culturais da sociedade, fazendo das narrativas literárias, uma
forma complexa de registro histórico. (Figura 01)
Figura 01: Ilustração da destruição do World Trade Center na revista
The Amazing Spider-Man. Fonte: The Amazing Spider-Man # 36. Nova York: Marvel Comics, 2001. |
A saga Civil War como representação e manutenção do
discurso antiterrorista
Dos crossovers lançados durante a trajetória da
editora Marvel Comics, a saga Civil War tomou proporções nunca vistas
por este mercado editorial. Anteriormente ao lançamento desta
publicação, o mote central destas histórias era o envolvimento de diferentes
universos de personagens (Figura 02), com o objetivo de alavancar as
vendas de revistas.
Mas, os motivos de publicação da Civil War fazem dela
uma obra única, pois diferente de tudo que se tinha visto até então, a proposta
desta saga era narrar sobre direitos, deveres, perigos e subordinação dos
super-heróis ao governo norte-americano. Para tal temática, criou-se uma
história polêmica e de forte apelo social, assim, nada mais apropriado que um
super-atentado terrorista.
Figura 02: Capa crossover Novos Vingadores/Transformers. Fonte: New Avengers/Transformers # 01. Nova York: Marvel Comics, 2007. |
A trama Civil War é construída da seguinte forma: uma
emissora de TV contrata uma desconhecida equipe de super-heróis para a gravação
de um Reality-Show, onde teriam suas atividades registradas nas mais
diversas ações contra vilões e malfeitores, proporcionando destaque para suas
carreiras e audiência para o canal televisivo. Porém, em um de seus primeiros
programas, a super-equipe encontra o esconderijo de um grupo de super-vilões. A
situação que daria grande audiência ao programa, torna-se um grandioso
atentado, o maior já registrado nos quadrinhos da editora Marvel Comics.
Logo que a inexperiente super-equipe aborda os vilões em seu
momento de descanso, um destes consegue escapar, ao ser encurralado por um dos
heróis. Percebendo a impossibilidade de fuga, o vilão evoca seu poder mutante,
o que seria muito próximo de uma mini explosão nuclear. Este, que aparentemente
mostra-se como um enredo simplório e sem grandes destaques, é inundado de
complexidade quando o vilão explode consigo uma escola cheia de crianças.
(Figura 03)
Figura 03: Atentado contra colégio de Stamford Fonte: Civil War # 01. Nova York: Marvel Comics, 2006. |
A partir desta luta entre heróis e vilões, a trama de desenvolve
a partir de dois pontos centrais na obra: O incidente passa-se a chamar de ato
terrorista; É criada uma lei que obriga o cadastro de heróis de identidade
desconhecida perante o governo norte-americano, sob alegação de controle para a
segurança pública, mote principal da saga.
Desta forma, mesmo não fazendo qualquer referência ao 11/09,
a representação do atentado mostra-se implícita, pois se observa: a morte de
milhares de pessoas inocentes, o ato suicida do “terrorista” e a cobertura da
mídia no local. Assim, a trama inicia-se pautada em uma reprodução do que é o
ato terrorista para a nação norte-americana, e mesmo não possuindo todos os
elementos do 11/09, vê-se uma representação, pois segundo Gombrich:
“[...] substituição dá-se mais pela função do que pela
forma. A representação não depende de semelhanças formais, a não ser quanto às
exigências mínimas da função [...]”7 Deste modo, é necessário ater-se a todos
os detalhes que compõem este primeiro ato da trama, pois, há diversos elementos
que são fundamentais para o entendimento da mensagem proposta pelo autor. Além
da representação dos atentados, tem-se: 1) Inconseqüência Juvenil - grupo
composto por super-heróis muito jovens, mostrando-se excessivamente
imprudentes. 2) Falta de controle do Estado sobre forças de poder bélico, no caso,
humanos mutantes. 3) Identidade secreta - Impossibilidade de punição para
heróis e vilões que cometam algum tipo de crime.
Um novo ‘11 de setembro’
É necessário problematizar o porquê do uso de um atentado
terrorista para iniciar-se a discussão de temas listados acima, pois percebe-se
que há uma intenção clara de utilizar-se do impacto cultural dos atentados para
justificar tais temáticas. O quadrinista e pesquisador Knowles destaca: Na era
Clinton, onde tudo era despreocupação e festa, porém a popularidade dos
super-heróis atingiu seu nível mais baixo. Tudo isso mudaria em 11 de setembro
de 2001. Após a queda das torres do World Trade Center ouve um breve momento em
que o mundo pareceu tão claro e sem ambigüidades quanto um super-herói dos
quadrinhos.
Mais uma vez, viam-se os sujeitos e os maus elementos,
vilões e vítimas. Os acontecimentos de 11/09 evocaram a necessidade,
profundamente arraigada, de que alguma coisa ou alguém salvasse o mundo civilizado
de um mal sem rosto e sem nome, capaz de provocar os caos instantâneo – um tipo
de destruição que antes só era visto em histórias em quadrinhos ou em filmes
inspirados em histórias em quadrinhos.
Para combater esses demônios invisíveis, precisávamos de
deuses. Com efeito, mais uma vez, a indústria das histórias em quadrinhos
reagiu, fornecendo a uma nação e aterrorizada os super-heróis que poriam ordem
ao mundo.8 Vê-se uma questão muito importante na trajetória dos super-heróis:
sua popularidade está relacionada diretamente com a manifestação da insegurança
social (Figura 04), sendo necessárias situações de guerra, terror e/ou perigo
para dar sentido à necessidade de existência de qualquer figura heróica. Em
momentos de tranqüilidade, mostram-se desinteressantes ao contexto social. A
representação destaca-se como uma das fontes primárias para a construção de
histórias de super-heróis, onde os medos e receios da população são
reestruturados em uma visão historicista9.
Figura 04: Pôster Especial Fonte: Civil War #
01. Nova York: Marvel Comics, 2006.
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A partir da identificação destes elementos é que se tem mais
claro o discurso presente nesta publicação, pois o ato terrorista é apenas a
porta de entrada para a discussão de temas mais delicados, como: controle
governamental, segurança pública e liberdades individuais, o que remete
incontestavelmente ao Patriotic Act10. Esta questão destaca os
quadrinhos comerciais como importante fonte de discurso e representação
histórica. Pois, ao relacionar-se a procura das Histórias em Quadrinhos a acontecimentos
sociais como guerras, crises e política11, percebe-se a busca dos consumidores
por um produto que lhes fale acerca destas temáticas. Assim, ao produzir estes roteiros,
a empresa está dando sua versão dos acontecimentos, imbuída de opiniões acerca
do contexto abordado.
Mas, quais são os discursos sustentados pela Marvel
Comics durante a saga Civil War? É possível observá-los logo ao
lançamento da saga, a qual se fez uma grande campanha publicitária sob o
slogan: “De que lado que você está?”. (Figura 05)
Figura 05: Capa Civil War #2 Fonte: Civil War # 02.
Nova York: Marvel Comics, 2006.
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A campanha convoca o leitor a decidir qual visão política
lhes é favorável, sendo: Ao lado de personagem Homem de Ferro, um dos homens de
maior poder econômico do universo Marvel, ligado diretamente a empresas
bélicas, sendo ele mesmo um engenheiro de armas avançadas. O personagem é
partidário da lei que obriga os super-heróis se registrarem perante o governo,
abrindo mão da segurança de sua identidade secreta e de seus direitos individuais
em prol da segurança nacional, sendo que, aqueles que recusassem o registro seriam
presos, e qualquer cidadão que lhes desse abrigo seria elevado à condição de terrorista;
Ou ao lado do personagem Capitão América, foragido, pois desaprova a lei de
registro de super-heróis, por considerá-la inconstitucional, julgando serem os
direitos individuais e democráticos mais importantes que a nação. Deste modo,
vê-se uma polarização, a qual Mark Millar, roterista da saga Civil War,
trabalha até o fim da saga.
A favor da posição assumida por Tony Stark, o Homem de
Ferro, está: os super-heróis mais respeitados e de renome, como - Homem-Aranha,
Dr. Pyn, Miss Marvel, Senhor Fantástico, Susan Storm, o apoio da população
norte-americana (Figura 06) e do governo e a causa nobre de evitar que novos
atentados como o de Stanford aconteçam.
Figura 06: Apoio a coalizão em prol do Ato de
Registro dos super-heróis Fonte: Civil War # 02. Nova York:
Marvel Comics, 2006.
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Em relação aos apoiadores de Steve Rogers, Capitão América,
têm-se: Wolverine, O Coisa, Demolidor, Tocha Humana, Namor, na condição de
super-heróis clandestinos ou melhor, passam a ser representados como anti-heróis,
mas que continuam com suas atividades e, ao mesmo tempo, lutam para não serem presos
(Figura 07) e defendem a liberdade democrática.
Figura 07: Emboscada para prender super-heróis não
registrados. Fonte: Civil War # 03. Nova York: Marvel Comics,
2006.
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Assim, destacam-se questões que se correlacionam ao dilema
do Patriotic Act sob as seguintes indagações: Quais os riscos que a
nação deve sofrer em prol da liberdade individual? Qualquer cidadão deve, como
o personagem Capitão América, levar seus atos às últimas conseqüências para
proteger o ideal de liberdade norte-americano? Ou este é um momento de repensar
a liberdade na busca de defender a nação do terrorismo?
A posição editorial da Marvel Comics a estas questões
se dilui no decorrer da narrativa, onde as representações sociais e o discurso
antiterrorista tornam-se o centro de todos os acontecimentos da saga.
Como visto, o principal dilema da lei de registro dos super-heróis
coincide com as questões mais difíceis do Patriotic Act, referentes às
liberdades individuais asseguradas pela constituição norte-americana. Esta é
apenas uma das diversas representações políticas constantes nesta narrativa.
Deste modo, além do 11/09 e do Patriotic Act, a Civil War possui suas
representações de Guantánamo12, da propaganda de guerra e da política
armamentista, o que se remete a uma manutenção do discurso militar.
Semelhante a Guantánamo, a prisão da Zona negativa (Figura
08) é uma estrutura militar fora dos EUA, onde os prisioneiros não possuem
qualquer forma de recorrer aos direitos democráticos, como processos de defesa
e julgamento13, servindo para silenciar e aterrorizar seus detentos. É
impressionante que tal estrutura seja retratada de forma tão natural, mesmo
ante a complexidade conceitual presente nesta prisão, a qual é uma clara afronta
aos direitos democráticos.
Figura 08: Super-prisão na zona negativa. Fonte: Civil
War # 05. Nova York: Marvel Comics, 2006.
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Relembrando que um dos discursos da segunda fase da Guerra
ao Terror, resultante da invasão ao Afeganistão e o Iraque, era levar a
democracia ao povo Iraquiano, depondo o ditador Sadan Hussein sob a acusação da
presença de armas de destruição em massa no país. Desta forma, percebe-se que a
população norte-americana não possui um entendimento de sua própria visão
democrática.
Nesta página (Figura 09), vê-se um dos principais fatos em toda
a narrativa da saga Civil War, que é a revelação da identidade secreta
do personagem Homem-Aranha, um dos maiores segredos do universo quadrinístico
da Marvel Comics, que durou por 46 anos14, sob a justificativa da
preocupação do herói em proteger sua família. Como se percebe, tal revelação
serviu como ampla propaganda de guerra a favor da política adotada pelo personagem
Homem de Ferro, ao mesmo tempo que legitima a perda dos direitos individuais em
prol da nação norte-americana.
Figura 09: Propaganda
pró-registro dos super-heróis. Homem-Aranha revela sua identidade. Fonte: Civil
War # 02. Nova York: Marvel Comics, 2006.
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Ao destacar o personagem Homem de Ferro como a principal
força contra os rebeldes, a editora Marvel Comics evidencia um novo
discurso acerca do modelo de segurança desejado para a obra, pois Tony Stark
(Homem de Ferro) é a personificação do capitalismo neoliberal, sua riqueza foi
adquirida através da venda de armas aos mais diferentes países e organizações
como a S.H.I.L.D.E.15 (Figura 10) e de conflitos. Isso se confirma ao ler a biografia do herói no site da própria editora:
Figura 10: Homem
de ferro, novo diretor da S.H.I.E.L.D. Fonte: Civil War The Confession.
Nova York: Marvel Comics, 2006.
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"Tony Stark é proprietário da empresa Stark Industries desenvolvedora
de armas e tecnologias avançadas e de defesa. A qual é responsável pela fabricação
das armaduras usadas pelo próprio Homem de Ferro e o herói Máquina de Combate.
Além dos veículos usados pela S.H.I.L.D.E. e os Vingadores".16
Deste modo, vê-se similaridades entre a política de guerra
do governo Bush e a promoção de um fabricante de armas ao cargo de diretor da
instituição antiterrorismo (fictícia) mais importante do mundo. Esta política
adotada pelo governo norte-americano é evidenciada por Chomsky, ao destacar o
uso do terror: “A administração Bush se valeu da oportunidade para fazer
avançar seu ataque contra a maioria da população, a serviço de escusos
interesses corporativos.”17
Ao analisar estas questões, é perceptível a presença de
representações e do discurso militar norte-americano, porém sem poder atestar
se há uma aprovação ou apenas uma representação involuntária por parte da
editora Marvel Comics. Mas, todo discurso tem em sua essência a
manifestação de uma idéia a qual nunca é desprovida de um sentido18, assim,
consciente ou inconscientemente este sempre está propagando formas discursivas
que nunca podem ser consideradas inocentes.19
O discurso de um novo super-herói
Como relatado anteriormente, a saga Civil War é composta
por uma dualidade textual, que estende-se até as últimas páginas da história, a
qual é representada pelo personagem Homem de Ferro, favorável ao registro de
super heróis e o personagem Capitão América (Figura 11), contrário ao registro,
por considerá-lo uma afronta à democracia. O decorrer deste embate serve para a
construção de uma nova visão do herói nacional, onde a figura do Capitão
América é gradativamente substituída pelo poderoso empresário Homem de Ferro,
percebendo-se uma sobreposição de antigos conceitos.
Figura 11: Confronto
entre equipes pró e contra registro. Fonte: Civil War # 06. Nova
York: Marvel Comics, 2006.
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As evidências deste discurso do novo herói, apresentam-se na
troca de ideais democráticos e libertários pela garantia da segurança monitorizada,
a qual é estruturada sob a mão do governo (na saga Homem de Ferro), refletindo
a preferência da população por uma tranqüilidade social controlada e
democraticamente limitada, ao idealismo inseguro e confrontador do personagem
Capitão América.
Figura 12: Capitão
América contra a S.H.I.L.D.E. Fonte: Civil War # 01. Nova York:
Marvel Comics, 2006.
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A imagem acima (Figura 12) introduz claramente a
substituição conceitual do personagem, quando o Capitão América é convocado a
assumir o principal papel no apoio ao registro de super-heróis, e este destaca
sua total desaprovação, além de questionar a própria autoridade de Washington.
Porém, a resposta da ainda diretora da S.H.I.L.D.E., Maria
Hill, enfatiza que há um novo conceito de vilão dentro da saga, o qual
limita-se por sua postura perante o governo: “Pensei que super-vilões fossem caras mascarados que se
recusam a obedecer a lei.”20
Deste modo, percebe-se que há também uma
remodelação do super-herói, destacando-se seu compromisso com o que é
convencionado por lei e pela população, não permitindo espaço para idealismos e questionamentos ao governo. Isso contrapõe
em essência o próprio personagem do Capitão América, o qual transformou-se em
super-herói devido a sua busca pessoal em poder lutar contra as “maldades” do
nazismo. Destaca-se ainda mais esta mudança, quando o personagem Homem de Ferro
torna-se a figura central (Figura 13) na luta contra o ato de “rebeldia”
efetuado por seu antigo companheiro de equipe, o Capitão América.
Figura 13: Homem
de Ferro inicia a caçada ao Capitão América. Fonte: Civil War # 01.
Nova York: Marvel Comics, 2006.
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Esta inversão exige uma análise especial, em razão do novo
discurso adotado pela editora, pois um personagem alcoólico, boêmio, milionário
e muitas vezes inconseqüente, toma o lugar daquele que é a representação do
altruísmo e do american way of life. Desta forma, evidencia-se que o
novo herói nacional, não é aquele que reúne uma gama de virtudes, mas aquele
que segue irrevogavelmente os desejos dos governantes de seu país.
Tal situação se acentua quando o personagem Homem de Ferro,
já estando na diretoria da S.H.I.L.D.E., decide utilizar-se de criminosos
“regenerados”, os Thunderbolts (Figura 14), para auxiliá-lo no combate
ao crime. Uma representação dos diversos tipos de mercenários contratados pelo
exército norte-americano em nível mundial, entre eles o próprio terrorista
Osama Bin Laden.
Figura 14: Homem
de Ferro, heróis e os Thunderbolts. Fonte: Civil War # 06.
Nova York: Marvel Comics, 2006.
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Deste modo, a editora parece ter definido a nova linha
discursiva de suas histórias, tomando parte na luta entre liberdade e
segurança, onde a segunda mostra-se mais importante que a primeira. Porém, com
um novo movimento do roteiro, a Marvel Comics volta a uma aparente
neutralidade, quando um dos principais ícones do apoio a lei de registro decide
mudar de lado e lutar contra o sistema (Figura 15).
Figura 15: Homem-Aranha
rebela-se contra a lei de registro de super-heróis. Fonte: Civil War #
05. Nova York: Marvel Comics, 2006.
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Entretanto, este é apenas um ato solitário frente aos indícios
de aprovação da lei de registro dos super-heróis, trazendo as evidências de um
discurso complexo, em que, por mais sincera, idealista e altruísta que seja sua
atitude, não serve à segurança da população. Assim, terrorista é todo aquele
que não aceita patrioticamente as decisões de seus governantes. Deste modo, o
desfecho da história serve para consolidar o fim de um tempo, a morte conceitual
da antiga visão do super-herói, que é retratada de forma dramática nas últimas páginas
da publicação.
Figura 16: Capitão
América vence o Homem de Ferro Fonte: Civil War # 07. Nova York:
Marvel Comics, 2006.
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No primeiro momento, vê-se a vitória do antigo campeão da
liberdade, que vence a tirania do governo em um combate épico, tendo em suas
mãos a possibilidade de desferir o golpe final contra seus perseguidores
(Figura 16), porém, algo novo acontece e a página seguinte destaca quem são os
novos heróis dos EUA. Bombeiros, policiais e cidadãos comuns, estes são os heróis
da nação, que lutam se necessário contra o próprio Capitão América (Figura 17),
para salvar o país do terrorismo da guerra entre super-heróis.
Figura 17: Cidadãos
salvam o Homem de Ferro. Fonte: Civil War # 07. Nova York: Marvel
Comics, 2006.
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A figura do
bombeiro se destaca, pois sua imagem21 serviu especificamente ao discurso pós
11/09, como exemplo de altruísmo na luta contra o terror. Sua figura também foi
amplamente utilizada pela editora Marvel Comics, na saga Civil War e em outras
publicações22 (Figura 18,19 e 20).
Assim, a Marvel Comics finaliza sua representação dos
atentados de 11/09, sob o discurso de que, independente do contexto, o
verdadeiro herói é aquele que se levanta contra o terror e que para proteger
seu país sacrifica até mesmo seus direitos democráticos.
Nota-se que o roteiro da obra foi construído para que o
leitor absorvesse de forma gradual os conceitos trabalhados na trama, fazendo
da ambigüidade discursiva uma proteção contra taxações precipitadas, permitindo
à editora uma certa neutralidade. A editora utilizou-se desta dualidade para a
tentativa de uma defesa similar entre os dois argumentos, a qual desaparece
apenas nas últimas páginas da trama, para dar lugar ao discurso defendido pela editora.
Deste modo, o epílogo da saga é esclarecedor e,
diferentemente do restante da história, expressa de forma clara quais os
motivos e repercussões desta narrativa para o futuro dos super-heróis da Marvel
Comics.
Assim, conclui-se que a Civil War não é apenas uma
representação dos atentados do 11/09 e do discurso antiterrorista do governo
Bush, ela é também uma re-significação da figura do herói dentro das novas
perspectivas políticas dos EUA. Onde, mesmo com a dualidade sustentada por
quase toda a narrativa, dá-se ao Homem de Ferro (Figura 21) e seus partidários
os louros da vitória contra aqueles considerados traidores da nação.
Figura
21: Última mensagem ao Homem de Ferro. Fonte:
Civil War # 07. Nova York: Marvel Comics, 2006.
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Este discurso, do fim do antigo modelo de super-heróis, é
sacramentado com a morte do maior ícone da Marvel Comics, quando o
personagem Capitão América é assassinado em frente à enfurecida população
norte-americana (Figura 22). Falecendo, impotente, enxovalhado, em meio a vaias
e gritos de traição, sem nem mesmo ter o direito a um julgamento. Assim, a
editora representa a morte do idealismo, substituindo-o pela razão e a ação, o
que se apresenta como uma releitura do modelo político e militar adotado pelo governo
Bush após os atentados de 11/09.
Figura 22: A morte do Capitão América. Fonte: Civil
War Epilogue. Nova York: Marvel Comics, 2006.
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A morte deste personagem destaca-se também como uma
representação do próprio momento de ruptura vivido pela sociedade, o fim de uma
linha cronológica para dar espaço a uma nova forma de enxergar a figura
heróica. Pois, a partir do momento que o Capitão América se entrega à polícia,
renegando a legitimidade de sua luta, este inicia seu próprio processo de
substituição, deixando claro o discurso de que até os mais dedicados idealistas
podem estar enganados, e devem submeter-se ao apelo governamental de uma luta
unificada contra os males que se levantam contra a nação norte-americana.
Considerações finais
Como proposto, as Histórias em Quadrinhos comerciais
destacam-se como importante material de pesquisa acadêmica, de modo que a gama
de publicações na área evidencia a possibilidade de inúmeros trabalhos nos mais
variados campos das ciências humanas.
A análise de sua trajetória permite problematizar o uso das
representações e do discurso em seus enredos, algo que se percebe recorrente
desde suas primeiras publicações, o que demonstra seu potencial de retratação
do momento histórico vivenciado pela população do período.
A saga Civil War confirma esta potencialidade ao
evidenciar a linha discursiva adotada pela editora Marvel Comics após os
atentados de 11/09, em que estas produções serviram como meio de propaganda da
política militar antiterror, fazendo com que a população envolva-se em uma
manutenção do politicamente convencionado, afastando-os da crítica do modelo
político adotado.
A reformulação da figura do super-herói adotada pela Marvel
Comics é a principal ferramenta no discurso de transformação aplicado à
sociedade, pois busca-se propagar a idéia de uma mudança conceitual, o que
impacta na própria forma de viver da população norte-americana.
A mensagem central é: mesmo os mais patrióticos cidadãos
devem refletir na necessidade de aceitar as mudanças sociais em busca de um país
mais seguro, pois o bem máximo da população é maior do que os direitos individuais.
Algo aceitável a qualquer regime totalitarista.
Percebe-se que as histórias em quadrinhos são apenas uma das
ferramentas de entretenimento utilizada pelo governo dos EUA como veículo de
propaganda militar, somando-se à ela o cinema, as séries de TV, desenhos animados,
a literatura, numa corrente de conversão da população aos rumos políticos do
país.
Porém, há um destaque especial para o uso das histórias em
quadrinhos como veículo de apoio à política antiterror, em que, diferentemente
das outras formas de entretenimento, estas possuem uma profunda ligação com a
temática bélica, o que é recorrente aos seus leitores desde as primeiras
publicações do gênero, pois estes que buscam tal literatura o fazem por seu
gosto pessoal por estas temáticas.
Deste modo, o leitor é consensualmente exposto ao discurso
dos roteiristas, e da própria editora, acerca de seus conceitos de guerra, inimigos,
terror, nação e outras temáticas políticas, o que evidencia os quadrinhos como ferramenta
própria à propagação do discurso político-militar.
Assim, como não há discurso inocente, não há arte sem o
poder de discursar a favor da realidade proposta por seu autor.
Notas:
Notas:
1 Esse artigo é um recorte da pesquisa e Trabalho de
Conclusão de Curso de graduação em História, pela FURB – Universidade Regional
de Blumenau/SC, apresentado em novembro de 2010.
2 Tradução do inglês, Guerra Civil.
3 Termo que representa mistura em inglês. Utiliza-se sempre
que uma publicação de uma ou mais editoras
interfere em outra publicação, ou quando personagens de HQ’s
diferentes saem em uma mesma revista. Ex: Homem-Aranha participando de
histórias do X-mens, Homem de Ferro, Thor, etc.
4 FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 8ª ed. São
Paulo: Loyola, 2002.p. 203.
5 Idem. p. 203.
6 WILDE, Oscar. Pen,
Pencil and Poison in Intentions. Londres: Methuen & Co, 1913.
7 GOMBRICH, Ernst H. Meditações sobre um cavalinho de pau
e outros ensaios sobre a teoria da arte. Tradução de Geraldo Gerson de
Souza. São Paulo: EUSP, 1999. p. 187.
8 KNOWLES, Christopher. Nossos deuses são super-heróis.
São Paulo: Cultrix, 2007.p. 24.
9 BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. Vol. 1. Magia e
técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura.
São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 222-232.
10 Este é nome dado ao Ato H. R. 3162 de 24, Outubro de
2001, também conhecido como EUA Patriotic Act. O qual consiste em um
conjunto de leis, que legitima qualquer intervenção federal na suspeita de ações
terroristas. Dando autonomia ao estado de: 1) Invadir casas, empresas ou
qualquer instituição sem necessidade de mandatos judiciais; 2) Grampear
qualquer ligação; 3) Acessar contas de e-mail e áreas restritas de sites; 4)
Dar voz de prisão sem fragrante. Entre outras questões de liberdade individual.
A qual foi aprovada com a contestação de um único senador, Russ Feingold. (http://epic.org/privacy/terrorism/hr3162.pdf)
acessado em 30/10/2010.
11 KNOWLES. Op. Cit. 24.
12 Prisão de alta segurança do governo Bush, a qual foram
enviados os prisioneiros da Guerra ao Terror.
13 Semelhante a um dos artigos de lei do Patriotic Act.
14 (http://marvel.com/universe/Spider-Man_%28Peter_Parker%29)
acessado em 05/11/2010.
15 Sigla que representa: Superintendência Humana de
Intervenção, Espionagem, Logística e Dissuasão - Criada
por Stan Lee e Jack Kirby em 1966, a agência internacional S.H.I.E.L.D.
é uma organização fictícia do
Universo Marvel, com objetivo de realizar a contra
espionagem e manutenção da lei. Fundada pela ONU e financiada pelas potências
da OTAN, tem a função de proteger todo o planeta de ameaças de grande porte, desde
terrorismo internacional até invasões alienígenas. (http://marvel.com/universe/S.H.I.E.L.D.)
acessado em 05/11/2010.
16 (http://marvel.com/universe/Iron_Man) acessado em
05/11/2010
17 CHOMSKY, Noam. 11 de setembro. 6ª ed. São Paulo:
Bertrand, 2002.p. 159.
18 ORLANDI, Eni. Análise de Discurso: princípios e
procedimentos. Campinas: Pontes, 1999. p. 43.
19 Idem. p. 43.
20 Civil
War # 01. Nova York: Marvel Comics, 2006.
21 Após os atentados de 11/09, os bombeiros de Nova York
foram protagonistas de filmes hollywoodianos, como, Brigada 49 (2004)
(Touchstone Pictures), As Torres Gêmeas (2006) (Paramount Pictures). Além de
uma série chamada Rescue-me (2004-2011) (FX Series) dedicada ao cotidiano
destes após os atentados.
22 STRACKZINSKY, Michael. Incrível Homem Aranha #36. Nova York:
Marvel Comics, 2001. ROSS, Alex.
Heroes. Nova York:
Marvel Comics, 2001.
QUESADA, Joe. A
Moment of Silence. Nova York: Marvel Comics, 2002.
Diversos
artistas. The call of Duty. Nova
York: Marvel Comics, 2002.
EISNER, Will. 9-11Emergency
Relief. Nova York: Alternative Comics, 2002.
Referências:
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas: Magia e técnica, arte e
política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. Vol. 1. São
Paulo: Brasiliense, 1987.
BOURDIEU, Pierre. Sobre o poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2002.
BURKE, Peter. A Escrita da história: Novas perspectivas.
Tradução de Magda Lopes. São Paulo: Editora UNESP, 1992.
BURKE, Peter; BRIGGS,
Asa. Uma história social da Mídia de Gutenberg à Internet. Rio de
Janeiro: Zahar, 2006.
CHARTIER, Roger. O mundo como representação. Revista das
Revistas, 1991.
CHARTIER, Roger. A história Cultural – Entre práticas e
representações. Algés: Difel, 1987.
CHOMSKY, Noam. 11 de setembro. 6ª ed. São Paulo: Bertrand,
2002.
CIRNE, Moacy. Uma introdução política aos quadrinhos. Rio
de Janeiro: Angra Achiame, 1982.
DANIELS, Les. DC Comics: A Celebration of the Worlds’ favorite
comic book Heroes. Nova York: Billboard Books, 2003.
EISNER, Will. Quadrinhos e arte seqüencial: a compreensão e a prática da
forma de arte mais popular do mundo. 3ª
ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
EISNER, Will. 9-11 Emergency Relief. Nova York:
Alternative Comics, 2002.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 8ª ed. São Paulo:
Loyola, 2002.
FOUCAULT, Michel. Arqueologia do Saber. 7ª ed. Rio de
Janeiro: Forense Universitária,
2005.
GOMBRICH, Ernst H. Meditações sobre um cavalinho de pau e outros
ensaios sobre a teoria da arte. Tradução de Geraldo Gerson de Souza. São
Paulo: EUSP, 1999.
KNOWLES, Christopher. Nossos deuses são super-heróis. São Paulo: Cultrix, 2007.
ORLANDI, Eni. Análise de Discurso: princípios e procedimentos.
Campinas: Pontes,
1999.
QUESADA, Joe. A Moment of Silence. Nova York: Marvel Comics, 2002.
ROSS, Alex. Heroes. Nova York: Marvel Comics, 2001.
STRACKZINSKY, Michael. Incrível Homem Aranha #36. Nova York:
Marvel Comics,
2001.
WILDE, Oscar. Pen, Pencil and Poison in Intentions.
Londres: Methuen & Co, 1913.
Referências da
internet:
(http://epic.org/privacy/terrorism/hr3162.pdf) acessado em
30/10/2010.
(http://marvel.com/universe/Iron_Man)
acessado em 05/11/2010
(http://marvel.com/universe/S.H.I.E.L.D.) acessado em
05/11/2010
(http://marvel.com/universe/Spider-Man)
acessado em 05/11/2010
Fonte: VICENTI, Leandro Gilbran; SILVA, Carla Fernanda da. A saga Civil War nos quadrinhos da Marvel Comics: sua representação pós 11/09. Revista História, imagem e narrativas, n. 13, p. 4-32, out. 2011.
Fonte: VICENTI, Leandro Gilbran; SILVA, Carla Fernanda da. A saga Civil War nos quadrinhos da Marvel Comics: sua representação pós 11/09. Revista História, imagem e narrativas, n. 13, p. 4-32, out. 2011.
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