Neste domingo, 13 de maio de 2018, data que se comemora no Brasil o Dia das Mães, relembramos o marco histórico dos 130 anos da abolição da escravidão. Sendo que o Brasil foi o último país das Américas a abolir essa desumana prática que vigorou em seu território desde meados do século XVI. Todavia, o processo abolicionista no Brasil foi algo que percorreu décadas, e mesmo tendo recebido apoio por parte da nobreza, o que incluiu membros da família real como a princesa D. Isabel e alguns de seus filhos, ainda assim, a abolição sofreu fortes entraves. As aprovações de leis que concediam alforria aos escravos demoraram anos para serem aprovadas e os abolicionistas que frequentavam os salões das elites, em muitas vezes não eram levados a sério. No caso eu estava para escrever a respeito desse processo de abolição que culminou com a Lei Áurea de 13 de maio de 1888, aprovada pelo Senado e assinada pela princesa Isabel, mas a BBC Brasil publicou um belo infográfico a respeito, então preferi postar aqui o link para a matéria deles.
Todavia se faz necessário comentar, mesmo de forma breve, algumas questões relacionadas a real significância da abolição de 1888. Embora tenha posto fim definitivamente a escravidão, a lei não contribiu para a reintegração dos ex-escravos a sociedade. Com o advento da República em 15 de novembro de 1889, pretensões de se fazer reforma agrária, pagar indenização aos escravizados, políticas públicas para lhes fornecer habitação e emprego, foram abandonados. A população negra e mestiça tornou-se marginalizada no novo regime político que passou a vigorar no Brasil. E essa marginalização infelizmente ainda hoje perdura. O movimento negro tardou a ganhar força e reconhecimento no Brasil. Os crimes de racismo eram velados e ignonarados. Somente nos últimos 30 anos tivemos a criação de leis para combater o racismo contra negros e indígenas, além de políticas de valorização das suas culturas, consideradas como algo primitivo, bárbaro, inferior, exótico, etc. Por outro lado, o Brasil além dos problemas relacionados ao preconceito de cor, ainda sofre com o trabalho semi-escravo e em alguns casos até mesmo escravo.
Embora tenha se passado 130 anos desde o término da escravidão, a mentalidade cultural de alguns brasileiros é de que a população negra ainda conserva o estigma de serem descendentes de escravizados. O preconceito de cor ainda sobrevive mesmo com políticas de combate ao racismo, mesmo com o movimento negro que tenta mostrar que ter preconceito por cor é ruim e errado, mesmo com a revigoração do ensino de história com a lei 10.639/03 sobre o ensino de história africana e afro-brasileira, e a lei 11.645/08 sobre o ensino da história dos povos indígenas, e a própria criação do Dia da Consciência Negra, celebrado anualmente na data de 20 de novembro, como forma de conscientizar a população brasileira, que ser negro não significa ser algo ruim, ser inferior, ser estigmatizado como descendente de escravo, pois há negros cujos antepassados não foram escravos, e mesmo que tenham sido, isso não é motivo para insultá-los ou menosprezá-los.
Então fiquem com o trabalho da BBC Brasil: http://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-sh/lutapelaabolicao.
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