Devido ao sucesso do seriado Chernobyl da HBO, trago este artigo que comenta os acontecimentos sobre o maior acidente radioativo que teve-se até então no mundo. As imagens aqui utilizadas foram escolhidas por mim para ilustrar o texto dos autores.
Chernobyl - A Catástrofe
Me. Djmes Yoshikazu de Lima Suguimoto
Dra. Maria Augusta de Castilho
Introdução
A
usina nuclear Vladimir Lênin está localizada a cerca de 20 km da cidade de
Chernobyl, e cerca de 110 km de Kiev capital da Ucrânia e a 4 km da cidade de
Pripryat. A instalação da usina foi iniciada em 1970 e em 1983 foi entregue o
reator nº 4 onde aconteceu o acidente. Ainda existiam dois reatores em
construção no momento da tragédia, mas os dois últimos complexos só tiveram
suas obras paralisadas após três anos. Em dezembro de 2000 foram
definitivamente desativados todos os reatores, mas ainda hoje existem pessoas
que trabalham em Chernobyl, tais como: militares, funcionários da usina que
atuam no controle da radiação e na administração.
1
Finalidades da usina nuclear
A
construção desta usina teve como estratégia sua localização geográfica para
beneficiar a União Soviética, e além de oferecer energia para cidades
industriais e residenciais. A fabricação de bombas nucleares era o aspecto mais
sombrio da usina, já que o contexto geopolítico neste período tornava
indispensável à produção e a corrida armamentista entre duas potências: EUA e
URSS. Na segunda guerra mundial os EUA detonaram duas bombas atômicas nas
cidades japonesas de: Hiroshima e Nagasaki. Essa arma fez com que vários
cientistas soviéticos voltassem seu trabalho para a força do átomo, esse esforço
representava o orgulho tecnológico que uma sociedade socialista podia criar. Em
1942 a URSS deu início ao programa nuclear soviético, com seus engenheiros
apelidados de especialistas vermelhos pelos engenheiros ocidentais. Esses
cientistas soviéticos conheciam e dominavam o desenvolvimento e construção de
bombas nucleares, mas a questão das usinas estava atrasada em comparação ao
ocidente, já que a preocupação naquele momento era a produção do plutônio. A
construção de uma bomba nuclear que os soviéticos desejavam tinha como
principal combustível o plutônio, que pode ser produzido apenas
artificialmente.
Localização de Chernobyl na Ucrânia. |
Era
necessária a produção em grande escala para desenvolver reatores específicos
para fabricação deste elemento químico. Esse processo gera energia térmica,
antes de se pensar em usinas para produção de energia elétrica esse calor
resultante da transformação de urânio em plutônio causava dor de cabeça aos
pesquisadores. “A quantidade imensa de calor que produziam era tida como
inconveniente pelos projetistas” (HAWKES et al., 1986, p. 36). Os locais de
produção eram semelhantes às usinas nucleares, existindo barras de contenção
para controlar nêutrons, água ou gás, chamados de refrigerante, para a
refrigeração que se torna vapor, com os mesmos princípios de usinas
termoelétricas que utilizam o vapor para girar turbinas e produzir energia
elétrica, com algumas vantagens, e uma delas era em quantidade de combustível
utilizado. “A energia contida em um quilo de urânio utilizado em um reator,
quando liberada, equivale à fornecida pela quantidade de 3.000 toneladas de
carvão em usina convencional” (HAWKES et al., 1986, p. 34). A produção de
energia foi uma consequência das pesquisas para desenvolvimento de armas
nucleares, e isso aconteceu em todos os países que fizeram instalação e tais
usinas.
2
Visão ocidental
A
forma com que este projeto era visto pelo ocidente refere-se a mentalidade
discriminatória pelo regime adotado na URSS. Alguns pesquisadores como Michele
Lee e Oliver MacDonald examinaram a engenharia empregada na usina de Chernobyl.
Em entrevista concedida para revista New Left Review de maio/junho de 1986
esses pesquisadores não atacam a usina ou o projeto, mas explicam de forma
racional vários pontos que naquele momento ainda era uma dúvida: da evolução do
reator PWR para o modelo em questão, sendo bastante sofisticada exemplificando
a eficiência individual de cada tubo que armazena o combustível, de como é
fácil trabalhar com os bastões sendo retirados individualmente e os motivos, na
visão deles, para construção da usina (MEDVEDEV, 1987).
Examinando
em fontes publicadas no período, que para outros pesquisadores do assunto tudo
não passou de mais um erro grotesco do sistema comunista. É certo que a
utilização do reator RBMK “Reactor Bolshoy Moshchnosty Kanalny” (reator de
canaletas de alta potência) devia-se a vários fatores, tanto econômico,
político e militar, mas sem dúvida os especialistas vermelhos eram capazes de
aplicar os conhecimentos matemáticos, técnicos e científicos na criação de
usinas assim como os engenheiros ocidentais. Produzir plutônio era um orgulho
para a engenharia da União Soviética, sendo totalmente projetada pelos
especialistas vermelhos e sendo alimentado de urânio com menor índice de
enriquecimento.
“Para
reduzir os riscos com o urânio, a maioria dos reatores ocidentais esfriados com
água usa urânio altamente enriquecido, a taxa de 3,5%. Para economizar, os
russos planejaram a usina de Chernobyl com reatores onde o urânio está
enriquecido a 1,8% e é guardado dentro de blocos de grafite. O grafite é
colocado em torno do urânio para manter a eficiência da operação” (REVISTA
VEJA, 1986, p. 39).
A
facilidade na troca do combustível feita por um guindaste sobre trilho também foi
fator importante para utilização deste modelo de reator, já que não era
necessário o desligamento total do reator, a queima não acontecia de forma
regular. O núcleo sofria maior deterioração se comparadas com as extremidades,
então era necessário fazer várias trocas, tornando este ponto do sistema desfavorável.
À medida que substituía as varetas era necessário fazer perfurações enfraquecendo
a tampa do reator. O tamanho do reator e a ponte móvel impedia a construção de
um vasilhame metálico de contenção que cobrisse toda a estrutura (GROSS, 1987).
A única proteção era uma tampa de cimento que pesava em
torno de 700 toneladas. Ainda assim esse modelo foi implementado em outros
locais da URSS, o que trazia a instabilidade do reator era ser operado em baixa
potência e os engenheiros soviéticos não tinham conhecimento até o acidente.
3 O acidente
A usina tinha recebido ordens do comitê estatal para uso da
energia atômica e para fazer manutenção de rotina no reator nº4 no dia 25 de
abril de 1986. Aproveitando a ocasião seriam realizados testes sobre a capacidade
de refrigeração na falta de energia. As usinas nucleares não apenas produzem energia,
mas também consomem para acionar as bombas responsáveis pela circulação do refrigerante
que vai para o núcleo e sistemas auxiliares. Se uma usina está acima de 20% de
produção ela própria se mantém, quando está abaixo deste valor precisa de
energia externa (ESTEVES, 2013).
Caso falte energia o sistema de segurança entra em ação
ligando os geradores de emergência movidos a diesel. Não é explícito, mas é
certo que o motivo maior do teste na refrigeração era o medo de um ataque como
ocorreu na central nuclear no Iraque em 1981 pelos israelenses.
"O experimento que estava prestes a ser feito foi
realizado no pior momento, pois vários pontos cruciais que levariam a instabilidade
estavam prontos para entrar em choque, tais como: todos os sistemas de segurança
foram desligados, a barra de combustível estava em seu ciclo final, neste momento
a falta de resfriamento ficou mais perigosa já que o produto da fissão no final
de ciclo gerou uma quantidade maior de calor e ficou altamente instável. “O
período final do combustível é onde tem maior acúmulo de resíduo nuclear,
resultado da fissão do urânio, com isso o risco de vazamento também aumentou”
(DALAVIA, 2014, p. 2).
Inicialmente os testes estavam programados para começar à 1h
da madrugada do dia 25 de 1983. Às 14h houve o que se pode considerar como um
dos pontos cruciais no acidente, o desligamento do sistema de resfriamento de
emergência o que evitava seu funcionamento durante os testes. No mesmo momento
houve um aumento na demanda de energia adiando o teste para o próximo turno. Às
00h houve a troca dos 256 funcionários para grupo da noite que assumiria a
usina, o sistema de emergência continuava desativado. A potência na madrugada
do dia 25 estava em 3.200MWth e foi reduzida até 1.600MWth. Manteve-se esta situação
até as 00h005min do dia 26, ocasião
em que foi reduzida para 720MWth e continuava diminuindo.
Segundo o relatório para execução dos procedimentos a potência segura do reator
para execução seria de 700MWth a 1.000MWth. Por ordem do engenheiro supervisor
Anatoly Dyatlov Stepanovich responsável pelo procedimento o reator teria sua
potência diminuída até 200MWth para dar início aos testes. O operador
responsável pela potência não conseguiu operar o sistema com a destreza necessária
para balancear a força do reator, caindo para 30MWth, nesse momento começou o
processo de envenenamento por xenônio 135.
“Os produtos de fissão produzidos durante a operação de reator
figuram o xenônio 135, um gás que apresenta uma alta taxa de absorção de
nêutrons. Quando o reator está em operação total há nêutrons suficientes para
que essa absorção não represente nenhum problema, mas quando ele funciona a
baixa potência ou é completamente desativado, o acúmulo de xenônio 135 fica
insignificante. Depois da desativação total, o iodo 135 presente no núcleo
continua a sofrer decaimento, produzindo mais xenônio 135, que vai se acumulando.
Em consequência disso, o reator, da mesma forma que um carro afogado, só pode
ser ligado depois que se tiver passado tempo suficiente para que o xenônio 135
decaia” (HAWKES et al., 1986, p.79).
O reator não respondia de forma eficiente e o controlador
não conseguia elevar a potência devido ao envenenamento, pois a atitude feita
contrariava todas as normas de segurança. O reator possuía um total de 211 barras
de controle, mas o máximo de barras que poderia ser removida seria de 181,
porém foram deixadas pelo operador apenas 6. “Optou-se pela remoção das barras
de controle, aumentando a potência do reator entrando num regime de
funcionamento instável, com risco de sofrer elevações incontroláveis de
potência” (ESTEVES, 2013).
Normalmente o reator funciona com quatro bombas de
refrigeração, o que é suficiente para manter a pressão de água e vapor adequada
dentro dos tubos, sendo extremamente importante devido à condição do tipo de
reator. Neste dia as quatro bombas estavam em funcionamento e foram adicionadas
mais duas; posteriormente foi ligada ao sistema mais duas bombas ficando com um
total de oito.
“Estava criada, no entanto, uma situação irregular, com oito
bombas funcionando e o reator em potência de apenas 200MW, e não de 500MW
conforme estabelecida no programa. [...] Como decorrência, a residência
hidráulica do sistema de circulação (núcleo com os canais de combustível e as
próprias bombas) atingiu um ponto sensivelmente menor do que o valor previsto
para o funcionamento normal e seguro do reator. Como havia menos vapor – e,
portanto, menos pressão – nos sistemas de circulação, o volume de água em
circulação aumentou enormemente, até atingir 56.000 a 58.000m³/h. Trata-se de
regime proibido, pois implica risco de danificação das bombas e produz
vibrações nos principais sistemas de resfriamento (com ocorrência de
cavitação), criando ainda uma fonte adicional de calor” (GROSS, 1987, p. 32).
O fluxo de vapor no controlador caiu devido ao volume de
água disparando os alarmes, ao invés da manobra ser interrompida e o reator
desligado, o controlador desligou o alarme. A combinação de menos barra de controle com um fluxo maior de água e
xenônio 135 no primeiro momento ajudou a manter o nível de nêutrons no núcleo,
já que a água retém essa partícula. Quando o teste propriamente começou, foram fechadas
as válvulas de entrada da turbina e a energia das bombas d’água foi desligada, diminuindo
assim o fluxo de água no núcleo.
“Às 1:23:04h foram fechadas as válvulas que controlam o
fluxo de vapor para o turbo gerador nº8, iniciando-se assim run – down propriamente
dito. Desligou-se ao mesmo tempo o sistema de proteção que entra
automaticamente em operação quando o gerador funciona em condições irregulares”
(GROSS, 1987, p. 33).
O reator deixa a estagnação e começa o aumento na reação
criando vapor devido à falta de água para manter refrigerado. O espaço entre as
bolhas não consegue absorver os nêutrons, permitindo sua passagem gerando o
processo em cadeia e dessa forma torna-se, a formação de vapor é incontrolável.
Os operadores ainda não tinham conhecimento do que estava acontecendo no núcleo,
lembrando que todos os sistemas de segurança foram desativados, neste momento a
última opção para evitar o desastre.
Buraco ocasionado pela explosão do reator 4 na Usina de Chernobyl. |
Quando foi percebido o que estava acontecendo, o chefe de
turno ordena que fossem inseridas as barras, o operador aperta o botão AZ-5,
responsável por inserir todas as barras de controle no núcleo. O calor no interior
do reator era tão intenso que deformou as barras de combustível impedindo a
passagem das barras de controle. Em uma medida desesperada as barras foram
soltas dos motores que faziam a inserção. Todo o grafite que
existia no núcleo fez com que a força armazenada nos combustíveis fosse amplificada,
quando as barras de controle foram inseridas ao invés do reator reduzir, ele aumentou
sua capacidade. “Com a inserção das barras, houve o deslocamento da água que refrigera
os elementos combustíveis para dar lugar ao encamisamento e, no primeiro instante,
houve uma subida brusca na potência ao invés do efeito desejado que era o de reduzir
a potência” (ESTEVES, 2013).
Neste momento não existia nenhuma possibilidade de reversão
da situação, o que estava por vir seria o fim do reator e o início do maior
desastre nuclear para fins pacíficos do mundo. O nível de potência salta de 7% para
50% em apenas três segundos (HAWKES et al., 1986, p. 82).
O excesso de vapor fez com que todo o sistema começasse a
vibrar, a força exercida no sistema era além do que o projeto podia suportar; a
pressão acumulada fez com que um equipamento de 200 ton. caísse sobre o sistema
de refrigeração agravando ainda mais o problema. Ouve-se um primeiro estrondo, era
o vapor destruindo o reator, uma explosão hidráulica fazendo com que a tampa de
contenção que pesava 700 t. fosse levantada, que na sua queda destruiu boa parte
do prédio.
“Os reatores de Leningrado não contam com vaso de contenção,
nem com sistema de vaporização por canais e sistema alternativo de desativação,
tais como os adotados na Inglaterra. Contudo, o problema mais importante parece
ser o de projetar e demonstrar um sistema de contenção do núcleo que possa
resistir à pressão do vapor no caso de rompimento dos tubos pressurizados”
(HAWKES et al., 1986, p. 85).
As matérias que existiam dentro do reator como o grafite e o
zircalói, que em contato com a água e o calor extremo produziu hidrogênio e
monóxido de carbono, ao entrar em contato com o oxigênio tornando-se explosivo.
Após a explosão de vapor, o hidrogênio contido no reator inicia várias outras explosões. Tais explosões, incendiárias, inicialmente
foram combatidas pela equipe de bombeiros (30 focos) e o grafite presente em
grandes quantidades está superaquecido, tornando quase impossível o controle do
incêndio pelos bombeiros que vão trabalhar no local. A explosão liberou toda a radioatividade
contida no interior do reator, materiais como: plutônio, césio, estrôncio, urânio
e grafite altamente contaminados foram ejetados para fora da usina. Fontes
divergem sobre a quantidade de material lançado para a atmosfera, uns calculam
a liberação cerca de 50 ton. De produtos nucleares, outros assinalam 3 milhões
de terabecqueréis, e outros consideram 10 vezes mais do que a bomba de Hiroshima.
O reator n° 4 de Chernobyl estava com seu futuro selado, liberando radioatividade sem nenhum
controle pelos próximos oito meses até que a limpeza e construção do sarcófago
fossem finalizadas, tornando-se um problema ainda maior para a URSS.
A cidade de Pripyat e os moradores
A cidade de Pripyat foi fundada em quatro de fevereiro de
1970, principalmente para os trabalhadores da usina. A infraestrutura contava
com casas, apartamentos, escola, hospitais, bibliotecas, cinemas, salas de
espetáculos, locais para esporte, lojas, ferrovia e rodovia. Todos os trabalhadores da usina esforçavam-se ao máximo para permanecer
na cidade, o medo de ser transferido para outros lugares sem a mesma estrutura
forçava com que as decisões do partido ou dos engenheiros chefes fossem executadas
sem alterações, ou questionamentos, o que se pode explicar em partes por que os
operários não desistiram do teste na usina.
Quando o acidente aconteceu sua população tinha cerca de
49.000 habitantes, segundo o documentário - O desastre de Chernobyl produzido
pelo Discovery Chanel, que é reconhecido pela embaixada da Ucrânia no Brasil por
meio de documento disponibilizado como fonte fidedigna. Tal documentário atesta
que só após trinta horas do ocorrido as medidas de precaução foram tomadas para
os habitantes, como a distribuição de pílulas de iodo e a evacuação em massa. O
prazo para evacuação foi de duas horas, literalmente a população saiu com a
roupa do corpo abandonado sua casa e vida naquela cidade. Segundo essa mesma
fonte todas as pessoas foram evacuadas em apenas três horas e meia, sem nenhum
tipo de pânico, ônibus levaram os primeiros refugiados atômicos da Europa. A
evacuação aconteceu sem nenhum tipo de desespero, mas não foram sem recusa, uma vez que muitos moradores em alguns
locais convocaram assembleias para evitar a saída das pessoas. Alguns idosos
não acreditavam em um inimigo invisível, chegavam a esconder-se em porões e
quando achados pelos militares ficaram aos prantos por ter que abandonar suas
terras. A cidade de Chernobyl só foi evacuada no dia 27, essa cidade era maior
que Pripyat, a estratégia para levar as pessoas a um local com melhores
condições foram as mesmas executadas nas primeiras cidades e vilas.
Conjunto habitacional em Pripyat. Ao fundo a usina de Chernobyl. A cidade foi evacuada ainda em 1986, sem receber retorno de moradores desde então. |
As cidades, vilas e casas rurais dentro da zona de exclusão
nunca mais iriam receber nenhum habitante, tornando-se cidades-fantasmas que
ainda hoje abriga objetos dos seus antigos moradores. Segundo o Greenpeace
Brasil (2011) cerca de sete milhões de pessoas estavam em zonas contaminadas no
período do acidente, e foi estimado que trezentos e cinquenta mil pessoas
deixaram seus lares nas zonas mais contaminadas.
5 Possíveis vítimas
Por mais perturbador e absurdo que possa parecer, as
informações oficiais sobre mortes no primeiro momento foi de apenas duas
pessoas, posteriormente esse número foi alterado. Ainda hoje algumas fontes
divergem sobre a contagem dos mortos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e
fontes oficiais assinalam em um total de 59 mortes relacionadas diretamente ao
acidente, outras fontes apontam 31 ou 33 pessoas.
As primeiras pessoas a morrerem no acidente foram alguns
funcionários que trabalhavam no interior da usina, nem todos morreram
imediatamente ou devido às altas doses de radiação, alguns ficaram presos, ou sofreram
queimaduras em todo o corpo. As primeiras pessoas que não trabalhavam diretamente
na usina foram os bombeiros que rapidamente atenderam o chamado. A explosão ejetou em todas as direções grafite em chamas
altamente radioativos, que se tornou quase impossível à extinção das chamas com
os métodos tradicionais. Todos os bombeiros receberam doses muito elevadas de radiação,
o equipamento de proteção não era adequado para tal situação, a temperatura do
local chegou a derreter a sola dos sapatos destes homens. Algumas horas depois
foi solicitado o reforço, os que tentavam apagar o fogo começavam a mostrar os
primeiros sintomas de contaminação, os primeiros bombeiros morreram
imediatamente ou em alguns dias depois.
A limpeza do desastre ficou por conta dos liquidadores, um
apelido dado às pessoas que trabalharam em qualquer função relacionada à
limpeza e contenção da radiação. Esse termo está ligado a questão de “liquidar
Chernobyl” ou “acabar com o problema”. Os liquidadores eram: engenheiros,
reservistas, militares das forças armadas, bombeiros, civis, mineiros, trabalhadores
de construção, médicos e policiais. Essas pessoas fizeram parte de uma operação
gigantesca que envolvia a limpeza na zona de exclusão, caça aos animais contaminados,
construção de um túnel embaixo do reator avariado para instalação do sistema de
refrigeração, fiscalização dos limites, construção do sarcófago entre outras funções.
Uma estimativa do contingente de pessoas foi de seiscentas mil, todas contaminadas
de alguma forma sofrendo os efeitos até os dias de hoje. Essas pessoas ficaram
fisicamente incapacitadas e seus auxílios constantemente são reduzidos, deixando
sua situação ainda mais precária.
Outro grupo que esteve no centro do problema foi apelidado
de biorobôs, jovens com a tarefa de limpar o telhado onde seria erguida a
estrutura do sarcófago. Quando os engenheiros descobriram que o resto do telhado
que resistiu a explosão estava cheio de grafite contaminado, decidiram jogar o
lixo de volta para dentro do prédio, já que a estrutura cobriria tudo. Optou-se
em utilizar robôs. Depois de algum tempo em funcionamento esse
equipamento foi seriamente danificada devido ao alto grau de radioatividade que
emanava do núcleo, a alternativa seria utilizar pessoas para fazer esse
trabalho. Os homens selecionados para função tiveram que adaptar placas de
chumbo ao seu corpo para minimizar os efeitos da contaminação, o trabalho tinha
que ser rápido e só podiam permanecer no local por no máximo 40 segundos.
Funcionários limpando escombros no texto da usina do reator 4. Na época foram chamados de "biorobôs" devido as proteções feitas de chumbo que utilizavam. |
Esses homens sacrificaram suas vidas para evitar um desastre
sem precedentes. Combateram o incêndio, diminuíram o nível de radioatividade, e
limparam da melhor forma possível a zona de exclusão. Alguns homens não foram
reconhecidos como liquidadores, foram excluídos dos méritos e da história,
fizeram o trabalho que nem as máquinas suportavam. Foram os verdadeiros
heróis que evitaram algo ainda pior e estão sendo
esquecidos.
6 Como o mundo soube da tragédia
A União Soviética escondeu o que estava acontecendo ao
máximo. A Suécia foi o primeiro país que achou que havia algo errado, devido ao
seu programa rígido de controle nas usinas, notaram que a poeira na roupa dos
trabalhadores apresentava radioatividade muito acima do normal. Nesse momento todos os alarmes soaram e deixaram os suecos
preocupados; medidas foram tomadas sem saber o que tinha acontecido, não estava
no seu país mais sim no seu vizinho. Depois de uma extensa verificação percebeu-se
que nada tinha acontecido nas suas usinas, voltaram suas dúvidas para os soviéticos.
A Suécia tem em todo o território sensores que podem verificar qualquer variação
na radioatividade, assim comunicaram à Casa Branca (EUA), que no primeiro
momento não deu atenção ás informações afirmando que poderia ser gases que
escaparam do subsolo devido aos testes. Os sensores sísmicos que foram
instalados para verificar testes nucleares no subsolo não detectaram qualquer
movimentação e os isótopos que estavam viajando junto com as nuvens apontavam que algo mais grave ocorrera.
Matérias dos jornais The Times e The Guardian de 29 de abril de 1986, noticiando o acidente nuclear em Chernobyl. |
Os soviéticos só assumiram que algo tinha acontecido dentro
de suas fronteiras dois dias depois, enquanto isso, satélites espiões já vasculhavam
para verificar o que tinha acontecido dentro da cortina de ferro. O mesmo
documento cedido pela embaixada ucraniana reconhece que a nuvem com material
tóxico fez seu passeio em praticamente toda a Europa, alcançando pontos do
litoral leste dos EUA. Em outra fonte também é citado o tamanho da dimensão
“[...] praticamente toda a Europa, parte da Ásia e, em menor escala, a América do
Norte foram contaminadas pelos radionuclídeos liberados no acidente” (PASCHOA,
1987, p. 36).
Após alguns dias o líder Mikhail Gorbachev fez um
pronunciamento revelando o que tinha acontecido. A ocasião inédita que marcou a
história foi o pedido de auxílio que fez ao ocidente. Foi o próprio Gorbachev
que convidou Hans Blix na época presidente da Agência Internacional de Energia
Atômica (1981-1997), para inspecionar as consequências do desastre, sendo o
primeiro ocidental designado para tal função. Para alguns o acidente em
Chernobyl foi um golpe duro para URSS.
7 Contaminados por radiação e esquecimento
A contabilização das mortes que já aconteceram e ainda vão
acontecer para a OMS, chegou à casa de quatro mil vítimas. O curioso nos dados
que são apresentados por este órgão internacional ligado as Nações Unidas é a
forma branda que a pesquisa leva em conta a aceitabilidade das pessoas permanecerem
em locais contaminados. Ela julga que cerca de cinco milhões de pessoas ainda
residem em locais onde se deve tomar medidas defensivas para diminuir o nível
de contaminação, e assume que essas pessoas estão recebendo algum tipo de
radiação lentamente. O documento dá a entender que é aceitável o nível de
radiação destes locais, por mais que as pessoas estão sendo envenenadas aos
poucos.
Para Dupuy (2007), o modelo usado pelos pesquisadores e
autoridades para definir o número de pessoas afetadas ou as mortes é um cálculo
que analisa o nível de radiação recebida proporcionalmente (modelo linear limiar),
ou seja, não existe nenhum tipo de carga que se possa receber sem que afete os seres
em geral, o que vai contra o relatório acima citado. O mesmo documento estima
que até quatro mil crianças receberam doses suficientes para desenvolver câncer
de tireóide no dia do acidente. Identificou-se também (de acordo com o mesmo documento)
que as pessoas de baixa renda econômica resistiram em sair, mas como o nível de
radiação estava acima dos padrões, tais pessoas sofreram grande radiação.
Como observado no relatório de Chernobyl Fórum de Saúde, o
impacto sobre a saúde mental de Chernobyl é o maior problema de saúde pública desencadeada
pelo acidente até hoje. Sofrimento psíquico decorrente do acidente e suas
consequências têm tido um impacto profundo sobre o comportamento individual e
da comunidade populações em áreas afetadas exibem atitudes fortemente negativas
na auto-avaliações de saúde e de bem-estar e um forte sentimento de falta de
controle sobre suas próprias vidas. Associado a estas percepções é um
sentimento exagerado os perigos para a saúde da população exposta a radiação.
Os afetados apresentam uma crença generalizada de que as pessoas expostas são
de alguma forma condenadas a uma expectativa de vida mais curta. Esse fatalismo também está ligado a uma
perda de iniciativa para resolver os problemas de sustentar uma renda e
dependência de ajuda do Estado (FORUM DE CHERNOBY, 2005, p. 36 - tradução
nossa).
Crianças apresentando deformações físicas, oriundas devido a contaminação pela radiação emitida no acidente em Chernobyl. |
Segundo a jornalista, política e escritora Alla
Yaroshinskaya pesquisadora sobre o tema, que em sua carreira publicou vários
trabalhos e livros sobre Chernobyl e indicada ao prêmio Nobel da paz em 2005, teve
acesso aos documentos secretos enquanto ela fazia parte do Supremo Soviético em
1990 quando a URSS estava se desfazendo. Segundo esta autora os documentos comprovam
que a alta cúpula do partido modificou deliberadamente os níveis aceitáveis de
radiação que uma pessoa pode receber, diminuindo as taxas de pessoas contaminadas.
Essa foi uma das decisões macabras que o governo soviético decidiu fazer, os
motivos certamente seriam a sua permanência no poder, manter o controle sobre
as pessoas e a imprensa e diminuir os gastos com o acidente. Segundo Yaroshinskaya
além dos materiais radioativos, o reator liberou outro produto que afetou
apenas os líderes da URSS à mentira ou como ela cita “a mentira de 82” fazendo um
jogo de palavras com o césio 137.
Um documento que comprova que a sociedade afetada e os
órgãos de pesquisa não chegaram ao um consenso sobre as mortes e vítimas, foi
produzido pelo parlamento Europeu em onze de abril de 2011 com este registro:
B5-0325/2001 que trata sobre a segurança nuclear quinze anos depois do acidente.
Este documento relata a divergência de opiniões da seguinte forma:
“Considerando que, até à data, as consequências do acidente
reconhecidas oficialmente se limitam a 33 mortos e a 1800 crianças e
adolescentes vítimas de cancro da tiróide; que o relatório 2000 do UNSCEAR
sobre esta matéria apenas reforça esta atitude, apesar de este balanço oficial
ser veemente e continuamente contestado pelas vítimas e pelos especialistas e
os cientistas ligados a este domínio; que organismos oficiais como a
Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Serviço das Nações Unidas para a
Coordenação dos Assuntos Humanitários têm uma posição muito diferente”
(PARLAMENTO EUROPEU, 2011, p. 2).
É evidente que o trabalho de memória e esquecimento de micro
e macro-história está fortemente ligado a este assunto, já que quando o assunto
torna-se alvo das atenções, os temas lembrados são apenas o acidente, cidade
fantasma, comunismo, erros e etc. Sempre esquecendo-se das pessoas que morreram
ou tiveram suas vidas afetadas. O processo de esquecimento também refere-se aos
problemas econômicos. Em 1986 a segunda crise do petróleo e a demanda de energia
barata fez com que a URSS suprimisse o reconhecimento de quatro mil mortes,
pois era necessário que a opinião pública não interferisse em questões
nucleares do país. A questão das pensões também entra no cálculo para não
reconhecer essas pessoas como vítimas. O relatório do fórum de Chernobyl
reconhece que a radiação pode modificar ou matar.
“Interação da radiação ionizante (alfa, beta, gama e outros
tipos de radiação) com matéria viva pode danificar as células humanas, causando
a morte de alguns e modificando outras. A exposição à radiação ionizante é
medida em termos de energia absorvida por unidade de massa, isto é, a dose
absorvida. A unidade de dose absorvida é o gray (Gy)” (FORUM DE CHERNOBY, 2005,
p. 36).
O mesmo relatório aponta que a radiação mais forte foi
recebida pelos trabalhadores da usina e pelos bombeiros, já a população não
sofreu com uma dose de corpo inteiro, não mais do que o mesmo nível da radiação
de fundo. O impacto socioeconômico reconhecido foi enorme nas regiões europeias
mais afetadas, o nível de pessoas principalmente crianças que desenvolveram
câncer, de tireoide foi de quatro mil em 2002 (FORUM DE CHERNOBY, 2005).
Outro estudo realizado por 60 pesquisadores a pedido da
organização não governamental Greenpeace (2006) aponta que o número de mortes
provocadas pelo acidente pode alcançar a marca próxima de cem mil vítimas nos
três países mais afetados. O mesmo documento acredita que só na Rússia o número
de mortes já alcançou cerca de sessenta mil, e na Belarus e Ucrânia o número é
de cento e quarenta mil vítimas, contestado pelo relatório da UNO como na
seguinte passagem:
“Apesar das dificuldades para dimensionar o real número de
vítimas, os resultados do relatório do Greenpeace comprovam que as estatísticas
oficiais da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), divulgadas em
setembro último e que falam em 4 mil vítimas, subestimam de forma grosseira o
número de mortes provocadas pelo acidente, numa atitude desrespeitosa para com
as vítimas” (GREENPEACE, 2006a).
Quando analisado esse documento na íntegra, identificam-se
pontos controvertidos quanto ao número de mortes.
“Apesar da seriedade e extensão geográfica documentada da
contaminação causada pelo acidente, a totalidade de impactos em ecossistemas,
saúde humana, desempenho econômico e estruturas sociais continua desconhecida.
Em todos os casos, impactos assim tendem a ser extensos e duradouros”
(GREENPEACE, 2006b, p. 3).
Na pesquisa se leva em conta tudo que afeta a vida das
pessoas, e é detalhada os tipos de doenças que as pessoas podem desenvolver,
tais com: problemas respiratórios, digestivos, hormonais e diversos tipos de
câncer. Além disso, em nenhum outro estudo analisado foi discriminado quais grupos
de pessoas ficaram mais suscetíveis a essas doenças.
- Trabalhadores de limpeza ou ‘liquidatários’, incluindo civis e militares designados a continuar com suas atividades de limpeza e construir a camada protetora para o reator;
- Evacuados de territórios perigosamente contaminados num raio de 30km ao redor da usina;
- Residentes dos territórios menos (mas ainda perigosos) contaminados; e
- Crianças nascidas em famílias de qualquer um dos 3 grupos acima. (GREENPEACE, 2006b, p. 3).
Não se pode analisar o pós-tragédia sem levar em conta todas
as estruturas em que essas pessoas vivem atualmente. Não é possível isolar o
homem e analisar só sua saúde, sua alimentação, pois cada fator influencia o
outro. Essa pesquisa evidencia como os governos escondem juntos com órgãos a
real dimensão da tragédia. Essas políticas só causam mais mortes, e menos acesso
à verdade e são ligadas ao esquecimento.
Segundo a revista online Exame (26/04/2011) as perdas no
acidente já somam 180 bilhões de dólares alcançando 10% do orçamento anual da
Ucrânia, sem contar com as indenizações e auxílios pagos ainda hoje. Recentemente
jornais do mundo todo noticiaram que houve desabamento do teto do sarcófago,
sendo necessária a construção de uma nova estrutura que cobrirá toda a unidade 4.
Seu custo foi estimado em 1,8 bilhões de dólares, sem essa nova contenção o material
que está armazenado no interior do prédio pode voltar a expelir radiação para a atmosfera (ver mapa a
seguir).
Escala continental da nuvem radioativa emitida pelo vazamento do reator 4 da Usina de Chernobyl. |
8 O ocidente a um ponto de torna-se uma Chernobyl
A ideologia que possuímos não pode influenciar como olhamos
especificamente este acidente, é necessário manter-se o mais neutro possível
para não usar os julgamentos de que o outro não é capaz de fazer algo que possamos.
Insistentemente os trabalhos produzidos no ocidente visam desqualificar a usina,
os engenheiros e os modelos sociais, administrativo e econômico adotados pela URSS. Assim, como
os soviéticos o ocidente superestimou todas as questões nucleares, várias questões
técnicas foram tratadas com improviso, ou acabaram utilizado peças alternativas paras
situações que não foram planejadas, como no caso da usina de Windscale no Reino
Unido:
“É evidente que a maior parte da história de Windscale vem
sendo entremeada de acidentes e ‘desastres que não ocorreram por um triz’. Em
outubro dede 1976, detectou-se (por acaso) um vazamento de estrôncio e césio
radioativos de um deposito de lixo atômico durante uma obra na usina. Só então
percebeu que o vazamento já vinha ocorrendo há uns quatro anos. Enquanto se investigava esse problema,
encontrou-se outro grande vazamento em uma estrutura próxima, provavelmente
ainda mais antigo que o primeiro, talvez com sete anos de existência” (HAWKES
et al., 1986, p. 44.)
Em outra passagem, este mesmo o autor aponta a seguinte
estatística:
“Ao todo, já ocorreram mais de 300 acidentes das mais
diversas proporções em Windscale, gerando críticas de parte da indústria
nuclear e de outras fontes. Só que nenhum desses acidentes se equipara à série
de ocorrências que teve início em 8 de outubro de 1957, quando um físico responsável
pelo reator nº1 de produção de plutônio cometeu um erro fatal: ligou uma chave
antes da hora durante um procedimento de rotina. Como ele não tinha à mão um
manual para consulta, e os instrumentos básicos não estivessem marcando o que
deveriam, de maneira que ele pudesse obter dados precisos, iniciou-se um
incêndio que envolve instantaneamente o reator e permaneceu incontrolável
durante 42 horas” (HAWKES et al., 1986, p. 44).
A irresponsabilidade das autoridades inglesas chegou a tal
ponto que testes com bombas nucleares foram feitas na Austrália. Um destes
testes produziu uma enorme nuvem de material radioativo que foi levado pelo
vento até uma aldeia aborígene local. Toda a aldeia dos foi contaminada e os moradores
começaram a sentir os efeitos da exposição, como se não bastasse pilotos foram
enviados para verificar o nível de radiação dessas nuvens sem nenhum tipo de proteção.
Para demonstrar como as usinas do ocidente não eram tão boas assim, uma comissão
do governo norte americano fez uma pesquisa constatando que em 1982 já tinha
acontecido cerca de 169 acidentes que poderia ter como causa a fusão do núcleo
de reator no território dos EUA. Como última exemplificação e a mais
aterrorizante mostra as incoerências no ocidente:
[...] Em um certo reator nuclear, era empregada uma bola de
basquete, do tamanho regulamentar, envolta em fita de borracha, para bujonar um
tubo. Inevitavelmente, a pressão da água fê-la disparar como uma bala de
revolver, causando o vazamento de 53 mil litros de água radioativa. Em outro,
um tanque de dejetos com capacidade para 11mil litros estava ligada a um
bebedouro. [...] Relata que certos sistemas de segurança foram inutilizados em decorrência de algumas válvulas e chaves
terem sido deixadas em posição errada, às vezes durante semanas seguidas
(HAWKES et al., 1986, p. 52- 53).
É evidente que todos os países desrespeitaram as normas
independentes para que finalidade tivesse. As usinas inglesas, norte
americanas, francesas ou soviéticas não eram e não são lugares seguros como é vendida
a imagem de uma energia limpa e segura.
Fotografia da Usina de Chernobyl em 2018, apresentando a nova estrutura de contenção da radiação, chamada desde 1987 de sarcófago. |
Considerações finais
Fica claro que a maioria dos países desrespeitava as normas
de segurança. A crendice na hipótese de que nada dará errado torna-se ainda
mais perigosa ao tratar de algo que pode exterminar vidas em questão de minutos,
isso acontecia não só na URSS. Infelizmente qualquer uma das usinas estava pronta
para torna-se uma Chernobyl. Acusar o projeto ou a capacidade dos engenheiros soviéticos
é uma clara demonstração na tentativa de desqualificar os pontos positivos que
esses homens criaram. Infelizmente o acidente aconteceu, criando munição para
os ataques ocidentais. O que se pode fazer agora é reconhecer que não se deve
trabalhar com “amadorismo”, pois nesta área o respeito a todas as normas devem
ser cumpridas ao pé da letra para que não ocorram novos acidentes nucleares.
O reconhecimento de todas as vítimas, ajudá-las e fazer o
possível para que todas possam viver com melhores condições de vida deve ser um
compromisso das autoridades dos países envolvidos, pois muitas gerações ainda
sentem esse passado que deixa marca e números de mortes não calculadas.
A história como se sabe nunca se repete, pode apenas ter
fatos semelhantes. Hoje se vive a sobra de uma nova catástrofe localizada no
Japão mais precisamente na usina de Fukushima, por isso deve-se utilizar o que
já foi ensinado da forma mais dolorosa para evitar que vidas inocentes paguem
por irresponsabilidades de outros.
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uma usina nuclear soviética pega fogo, explode e joga na atmosfera nuvem
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Fonte: SUGUIMOTO, Djmes Yoshikazu de Lima; CASTILHO, Maria Augusta de. Chernobyl: A Catástrofe. Revista da Universidade do Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 12, n. 2, ago./dez. 2014, p. 316-322.
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