A Igreja e Mosteiro de Santa Maria da Vitória mais conhecido como Mosteiro da Batalha, consiste em uma das igrejas mais belas de Portugal, por conservar muito de seu estilo gótico do século XIV. Situado no concelho de Batalha, a igreja e seu complexo foram construídos por ordem do rei D. João I, que passava também a inaugurar uma nova dinastia real. Nesse texto decidi contar um pouco sobre essa bela igreja que tive oportunidade de visitar este ano.
A guerra dos tronos:
Para entender a história da origem do Mosteiro de Batalha devemos saber qual foi a batalha que a inspirou. Sendo assim, essa história começou dois anos antes, em 1383 com a morte do então monarca D. Fernando I (1345-1383), primogênito de D. Pedro I de Portugal e sua primeira esposa. Durante seu reinado o rei Fernando ambicionou expandir seus domínios para os reinos espanhóis, alegando ser direito seu por ancestralidade por via materna. Tal ideia não deu muito certo, já que os reis de Aragão e Navarra não aceitaram essas reivindicações. Com isso o governo de Fernando I em parte foi marcado por guerras. No ano de 1383 com 37 anos de idade, falece D. Fernando I, sem deixar herdeiros varões o que iniciou um impasse que poderia ter sido resolvido facilmente na ocasião. (OLIVEIRA MARTINS, 2010, p. 94).
O rei possuía uma filha, a infanta Beatriz que havia sido prometida em casamento ao rei D. João de Castela. Confirmado o matrimônio, João de Castela passaria a ser rei de Portugal também. Mas a situação não era tão fácil assim. D. Fernando I possuía dois meio-irmãos que detinham direito ao trono: João de Portugal (c. 1346-1387), herdeiro legítimo, mas que foi desterrado e enviado a exílio por intrigas familiares, vindo a tornar-se Duque de Valencia de Campos em território hispânico. Por sua vez, o segundo meio-irmão era João de Avis (1347-1433) que também detinha direito ao trono, mas possui o entrave para isso pela condição de ser um bastardo. Logo, o trono de Portugal era disputado por três João.
A crise se instaura quando João de Avis não reconhece-se o casamento de sua sobrinha Beatriz, que naquele mesmo ano casou-se com o rei João de Castela. Por mais que ele tenha se proclamado rei de Portugal, João de Avis e vários aliados negaram tal reconhecimento e iniciaram uma conspiração. Enquanto isso, João de Portugal foi aprisionado e levado a Toledo, saindo de cena por hora. Com a conspiração tendo sido iniciada, somando-se a intrigas, traições e assassinatos estava dado início a uma guerra civil pelo trono português. João de Avis e seus aliados tomam o controle de Lisboa e conseguem ser aclamados como defensores legítimos do reino, os quais estavam ali para defendê-lo de ser tomado por um rei estrangeiro. Entre os aliados de João de Avis estava o nobre cavaleiro e general Nuno Álvares Pereira (1370-1431), Condestável de Portugal, posteriormente aclamado herói nacional e até foi canonizado tempos depois.
Estátua de Nuno Álvares diante do Mosteiro de Batalha. Foto de minha, tirada em 2019. |
No ano de 1384 o rei D. João I de Castela ordenou que seu exército invadisse Portugal e marchasse até Lisboa com o intuito de capturar e executar João de Avis e seus conspiradores. Mas para infortúnio dos castelhanos a peste afligiu suas tropas, além disso, o engenho militar de Nuno Álvares e seus comandantes garantiram as vitórias necessárias para resistir aos ataques dos castelhanos. Apesar daquela derrota não significava João I de Castela havia desistido. Sabendo disso, João de Avis decidiu pedir socorro, enviando cartas para possíveis aliados, dentre os que lhe responderam estavam os ingleses, os quais lhe enviaram os aguardados reforços. (OLIVEIRA MARTINS, 2010, p. 99).
Em 6 de abril de 1385, João de Avis foi coroado em Coimbra como rei legítimo de Portugal. Embora representantes da nobreza portuguesa reunidos nas Cortes de Coimbra tenha feito reconhecimento formal quanto ao novo rei, alguns nobres portugueses recusaram a participar das cortes ou negaram reconhecê-lo, com isso o novo monarca declarou guerra a eles, especialmente os fidalgos da Beira. Obtendo vitória sobre os traidores que apoiavam os castelhanos, a batalha derradeira se aproximava. O rei de Castela havia organizado novo exército para uma nova tentativa de capturar Lisboa, então capital portuguesa e assim prender seu opositor. (MONTEIRO, 2000, p. 225).
Para evitar que Lisboa fosse cercada novamente, D. João I de Portugal decidiu que seu exército, o qual ele acompanhava na ocasião, deveria interceptar os castelhanos, longe da capital. O conflito ocorreu em 14 de agosto de 1385. Segundo a história tradicional, na noite de véspera da batalha o rei teria feito uma promessa a Nossa Senhora dizendo que se ele obtivesse a vitória na batalha de amanhã, iria construir uma igreja em sua homenagem. A chamada Batalha de Aljubarrota ocorreu no Campo de São Jorge próximo a Vila de Aljubarrota, no concelho de Porto de Mós. O exército anglo-luso era comandado pelo próprio rei D. João I e o general Nuno Álvares. Por sua vez, o exército castelhano contava com a presença do rei D. João de Castela e aliados franceses, além de estar em maior número. Ainda assim, graças a estratégia portuguesa, a vitória naquele conflito foi dada aos portugueses e seus aliados. (MONTEIRO, 2000, p. 230-231).
Detalhe de uma gravura medieval do século XV, representando um momento da Batalha de Aljubarrota. |
A vitória em Aljubarrota forçou a retirada do rei D. João de Castela, fazendo-o desistir de nova campanha e a contragosto, reconhecer que seu adversário era o legítimo rei de Portugal. Em homenagem a este conflito, o rei D. João I renomeou o castelo de Lisboa com o nome de Castelo de São Jorge, e por sua vez, comprometeu-se em cumprir sua promessa e providenciar a construção de uma igreja.
A igreja da promessa:
A igreja começou a ser construída no distrito de Leira, na província de Beira Litoral. Apenas em 1500 o território no qual encontrava-se a igreja e a vila em torno, foi tornada uma vila, passando a ser chamada de Batalha. A construção da igreja levou mais de dois séculos. De início ainda em 1385, já iniciando os procedimentos para a construção da nova igreja, o rei ordenou que um bom terreno próximo do campo da Batalha de Aljubarrota, fosse providenciado. O local escolhido ficava próximo a um riacho, situada na propriedade Quinta do Pinhal, a qual pertencia a Egas Coelho e sua mãe, Maria Fernandes Meira. O rei propôs comprar aquela parte da fazenda para construir a igreja, Coelho concordou e vendeu as terras. As obras tiveram início por volta de 1386. Passado dois anos, a igreja ainda estava em construção, mas D. João decidiu nomear a ordem monástica que cuidaria do templo, por influência de frei Lourença Lampreia, que pertencia a Ordem de São Domingos, e era confessor real, o rei decidiu conceder aos Dominicanos a guarda daquela igreja, nomeada de Santa Maria da Vitória. (BAPTISTA NETO, 1990, p. 6).
Como a ordem dos Dominicanos não podia herdar propriedades, o rei escreveu uma carta ao então papa Bonifácio XV solicitando uma exceção. Com isso o papa autorizou os dominicanos portugueses a passaram legalmente a dispor da propriedade da igreja em construção de suas rendas. A medida que a igreja era construída surgiu a Vila da Batalha, sendo que inicialmente ela teve início como uma vila operária, formada por alojamentos, casas simples e várias oficinas as quais eram usadas nas obras. Além disso, desenvolveu-se também uma pequena feira que abastecia com alimentos os trabalhadores. Como as obras da igreja se estenderam por dois séculos, parte da população acabou se assentando permanentemente ali. (BARBOSA, 1886, p. 6-7).
Como o reinado de D. João I foi longo, durando 38 anos e a igreja teve tempo para crescer, deixando de ser uma pequena capela de pedra para se tornar um edifício maior com mais de uma capela, sendo a mais famosa nesse período, a Capela do Fundador. Suas obras iniciaram em 1426 com o intuito de abrigar os restos mortais de D. João e sua esposa, a rainha D. Felipa de Lencastre. De fato, eles foram sepultados lá, mas apenas em 1434, ano que a capela foi concluída e que coincide também com o fato que o rei faleceu em 1433. A Capela do Fundador é a maior da igreja, possuindo um formato octogonal e na época era iluminada por altas janelas em estilo gótico tardio. Posteriormente novos vitrais góticos foram adicionados. A decisão de construir essa capela era uma novidade na época, pois até então os monarcas portugueses escolhiam igrejas ou mausoléus para serem sepultados. Dificilmente mandavam construir uma igreja para isso. Porém, D. João inovou ao ponto de ordenar a construção de uma capela funerária que serviria também de monumento a dinastia por ele fundada. (RAMÔA; SILVA, 2008, p. 77).
Inaugurada em 1434 a capela em estilo gótico-tardio apresenta largas e altas colunas em arcos adornados, uma cúpula em formato de estrela e com vitrais. Ao centro encontra-se o sarcófago do rei e da rainha, cuja tampa carrega a efígie dos dois. Nas laterais foram criados nichos para abrigar os túmulos dos parentes e descendentes do monarca. Quatro dos seus filhos foram ali sepultados. Embora que nem todos os nichos foram preenchidos. Além disso, o rei deixou explícito em seu testamento que somente descendentes diretos poderiam ser sepultados naquela capela, pois se tratava de uma capela familiar.
Ainda durante o governo de D. João I foi construído o Claustro Real com 55x46 m2 e suas adjacências como a Sala do Capítulo, uma bela sala que chama atenção por seu teto que é formado pela junção de vários arcos que formam uma sala. Além disso, o recinto é ornamentado com símbolos associados a Maria. As salas do capítulo eram espaços usados para fins de reuniões e assembleias. Além dessa sala, o claustro também é formado pelo dormitório, cozinha e refeitório. Além de abrigar um belo jardim. Os corredores do claustro apresentam colunas curtas e janelões em forma de arco. O acesso a essa parte do mosteiro é reduzido, pois os monges dominicanos ainda hoje o habitam.
A igreja possui uma longa nave com mais de sessenta metros de comprimento, em estilo gótico-tardio, com suas altas colunas. A decoração interna é mais arquitetônica, havendo poucas imagens como estátuas. Não há pinturas ou afrescos. Embora que os vitrais da capela-mor contenham imagens de Jesus, Nossa Senhora e de santos. No ano de 1434 já sob reinado recente do rei D. Duarte (1391-1438), deu-se início a novas obras na igreja, dessa vez a construção de novas capelas, as quais ficaram inconclusas até hoje; primeiro, porque o rei faleceu em 1438 e no mesmo ano morreu o então arquiteto-chefe da igreja, Mestre Huguet que dedicou a vida à aquele templo. (BARREIRA, 2014, p. 187).
Com isso o novo monarca, Afonso V (1432-1481) também não deu seguimento a tais obras por ser uma criança, estando sob tutela regencial até a adolescência. Finalmente quando o rei tomou interesse em ordenar alguma obra na igreja, já havia se passado vários anos e a capela de seu pai que tinha a finalidade de ser uma capela fúnebre, nunca foi concluída, permanecendo até hoje sem teto. E assim tornaram-se capelas imperfeitas.
Durante o governo de D. Afonso V, o rei ordenou a construção de um novo claustro, embora seja um pouco menor, medindo 50x46 m2. O segundo claustro conta com primeiro andar e fica situado atrás do dormitório. Ele abriga outras salas do mosteiro. Sua visita também é limitada. Além do novo claustro, o monarca ordenou reformas e novas obras de embelezamento da igreja. Tais obras se estenderam de 1438 a 1477, sofrendo vários atrasos em parte porque o monarca dedicou-se a campanhas na África, além de ter sido confrontado por traições e conspirações. Afonso chegou a cogitar a concluir as capelas iniciadas por seu pai, mas nunca realizou tal ordem. Após a conclusão do claustro, as obras focaram-se na colocação de novos vitrais, procedimento caro e difícil que durou longos anos.
Dicas de turismo:
Como a ordem dos Dominicanos não podia herdar propriedades, o rei escreveu uma carta ao então papa Bonifácio XV solicitando uma exceção. Com isso o papa autorizou os dominicanos portugueses a passaram legalmente a dispor da propriedade da igreja em construção de suas rendas. A medida que a igreja era construída surgiu a Vila da Batalha, sendo que inicialmente ela teve início como uma vila operária, formada por alojamentos, casas simples e várias oficinas as quais eram usadas nas obras. Além disso, desenvolveu-se também uma pequena feira que abastecia com alimentos os trabalhadores. Como as obras da igreja se estenderam por dois séculos, parte da população acabou se assentando permanentemente ali. (BARBOSA, 1886, p. 6-7).
Como o reinado de D. João I foi longo, durando 38 anos e a igreja teve tempo para crescer, deixando de ser uma pequena capela de pedra para se tornar um edifício maior com mais de uma capela, sendo a mais famosa nesse período, a Capela do Fundador. Suas obras iniciaram em 1426 com o intuito de abrigar os restos mortais de D. João e sua esposa, a rainha D. Felipa de Lencastre. De fato, eles foram sepultados lá, mas apenas em 1434, ano que a capela foi concluída e que coincide também com o fato que o rei faleceu em 1433. A Capela do Fundador é a maior da igreja, possuindo um formato octogonal e na época era iluminada por altas janelas em estilo gótico tardio. Posteriormente novos vitrais góticos foram adicionados. A decisão de construir essa capela era uma novidade na época, pois até então os monarcas portugueses escolhiam igrejas ou mausoléus para serem sepultados. Dificilmente mandavam construir uma igreja para isso. Porém, D. João inovou ao ponto de ordenar a construção de uma capela funerária que serviria também de monumento a dinastia por ele fundada. (RAMÔA; SILVA, 2008, p. 77).
Inaugurada em 1434 a capela em estilo gótico-tardio apresenta largas e altas colunas em arcos adornados, uma cúpula em formato de estrela e com vitrais. Ao centro encontra-se o sarcófago do rei e da rainha, cuja tampa carrega a efígie dos dois. Nas laterais foram criados nichos para abrigar os túmulos dos parentes e descendentes do monarca. Quatro dos seus filhos foram ali sepultados. Embora que nem todos os nichos foram preenchidos. Além disso, o rei deixou explícito em seu testamento que somente descendentes diretos poderiam ser sepultados naquela capela, pois se tratava de uma capela familiar.
Visão parcial da Capela do Fundador no Mosteiro da Batalha. |
“O
moimento ou monumento funerário mandado executar por D. João I para acolher, em
arca única, os seus restos mortais e os de D. Filipa de Lencastre, sua esposa,
constitui a segunda originalidade que importa desde logo assinalar. Trata-se de
um sarcófago extenso, de pedra calcária, constituído por uma grande arca
paralelepipédica assente sobre oito leões, com os dois jacentes dos tumulados
sobre a tampa única, extensos epitáfios laudatórios de cada uma das personagens
nos dois faciais maiores e decoração heráldica e fitomórfica nos dois menores. As
dimensões da arca, verdadeiramente excepcionais – 375cm (de comprimento) X
170cm (de largura) X 107cm (de altura), sem contar com os suportes, que lhe
acrescentam com esta última medida 77cm –, ajustam-se convenientemente à
realidade de nela se reunirem, mais até do que dois corpos, dois ataúdes
distintos (no cumprimento de uma determinação expressa exarada em testamento
pelo próprio rei D. João I), separação que, contudo, dada a composição do
monumento numa arca e tampa únicas, apenas transparece nos jacentes e nos
baldaquinos individuais que os cobrem”. (RAMÔA; SILVA, 2008, p. 80).
Sarcófago de D. João I e D. Felipa de Lencastre na Capela do Fundador. |
Ainda durante o governo de D. João I foi construído o Claustro Real com 55x46 m2 e suas adjacências como a Sala do Capítulo, uma bela sala que chama atenção por seu teto que é formado pela junção de vários arcos que formam uma sala. Além disso, o recinto é ornamentado com símbolos associados a Maria. As salas do capítulo eram espaços usados para fins de reuniões e assembleias. Além dessa sala, o claustro também é formado pelo dormitório, cozinha e refeitório. Além de abrigar um belo jardim. Os corredores do claustro apresentam colunas curtas e janelões em forma de arco. O acesso a essa parte do mosteiro é reduzido, pois os monges dominicanos ainda hoje o habitam.
Claustro Real do Mosteiro da Batalha |
Com isso o novo monarca, Afonso V (1432-1481) também não deu seguimento a tais obras por ser uma criança, estando sob tutela regencial até a adolescência. Finalmente quando o rei tomou interesse em ordenar alguma obra na igreja, já havia se passado vários anos e a capela de seu pai que tinha a finalidade de ser uma capela fúnebre, nunca foi concluída, permanecendo até hoje sem teto. E assim tornaram-se capelas imperfeitas.
As capelas imperfeitas que originalmente deveria ser uma grande capela fúnebre para o rei D. Duarte. |
Claustro de Afonso V |
“No
período decorrido entre 1477 e 1490, a partir dos dados recolhidos na documentação,
os trabalhos devem ter estado concentrados principalmente na produção e
colocação de vitrais, pois temos dois mestres vidreiros a coordenar o estaleiro
(mestre Guilherme, entre 1477 e 1480) e João Rodrigues (de 1480 a 1485). Entre
1485 e 1490 temos João Arruda: muito provavelmente estariam a ser colocados os
vitrais das janelas da nave central”. (BARREIRA,
2014, p. 193).
A fabricação e colocação dos vitrais nas capelas da igreja compreenderam o reinado de D. João II (1455-1495), herdeiro e sucessor de Afonso V. Apesar que diferente de seu pai, João II não deu muita atenção as obras da igreja, estando preocupado com questões políticas que comprometiam a integridade de seu reinado. Após sua morte o trono foi herdado por D. Manuel I (1469-1521), lembrando pelas grandes navegações e obras empreendidas especialmente em Lisboa. Durante seu governo a Igreja de Santa Maria da Vitória teria seu visual modernizado, recebendo traços barrocos do período, apesar que grande parte de sua arquitetura ainda conserve os traços góticos de sua fundação. E um dado curioso é que data do reinado de Manuel I a construção de várias gárgulas.
Uma das gárgulas da igreja. Localizada nas Capelas Imperfeitas. Fotos por mim tirada em 2019. |
As gárgulas foram colocadas na parte externa das Capelas Imperfeitas, sendo as mais famosas de Portugal, enquanto na França temos as gárgulas de Notre-Dame de Paris. Por outro lado, D. Manuel I tinha como planos concluir as capelas imperfeitas lhes dando teto e uma cúpula, algo que seu pai e avô nunca fizeram. Porém, os planos foram adiados várias vezes, além do fato que o rei acabou por algum tempo ocupado com as obras do novo paço, a Igreja de Belém e o Mosteiro dos Jerônimos, além da política comercial com os negócios no Brasil, África e Índia.
Após a morte de D. Manuel I em 1521, seu sucessor D. João III (1502-1557) ordenou que em 1551 fosse construído um terceiro claustro, mas feito de madeira. Esse serviu como hospedaria para nobres, clérigos e pessoas autorizadas. As obras foram ordenadas por D. João III. No entanto, no ano de 1810 durante a invasão dos exércitos napoleônicos, o claustro foi incendiado. Durante o reinado de D. João III as obras na igreja de Batalha progrediram pouco, e o grande destaque do período foi o claustro que hoje não existe mais. Depois de sua morte seus sucessores não deram mais atenção significativa a igreja. De qualquer forma por quase duzentos anos a Igreja de Santa Maria da Vitória ou Mosteiro da Batalha como é mais conhecido desde então, foi o templo da Dinastia de Avis, abrigando reis, rainhas e príncipes, além de ser o monumento para exaltar as façanhas dessa família, passando pelos cuidados atenciosos de seis gerações.
Entrada principal da igreja. Foto tirada por mim em 2019. No lado direito da entrada temos a Capela do Fundador e no lado esquerdo o muro do Claustro Real. |
- É recomendável ir por conta própria de carro, ou de ônibus pois existem percursos diretos para Batalha; ou por alguma excursão, apesar que no caso das excursões turísticas normalmente se permanece de 30 a 45 minutos na cidade, pois tais excursões exploram várias cidades. Se você quer ter mais tempo para explorar o local, vá por conta própria ou combine uma excursão privada, ditando seus termos.
- Há um estacionamento público ao lado do mosteiro para quem for de carro.
- Em torno do mosteiro há algumas praças com oliveiras frondosas e bem antigas. São boas para se fotografar e descansar, especialmente em dias quentes, pois em torno do mosteiro há grande incidência de calor, apesar que no seu interior seja fresco, e as paredes e colunas ficam até mesmo frias.
- Batalha fica acerca de 20 minutos de carro de Fátima, quem tiver interesse, dá para visitar os dois lugares no mesmo dia e até ir ao Parque do Buda em Bombarral, ou ir para Tomar, Alcobaça ou Nazaré, todas são cidades relativamente próximas.
- A entrada no mosteiro é gratuita, porém, algumas áreas dele são acessíveis apenas por ingresso comprado no local. Quando fui em 2019, custava 6 euros. No caso, para visitar a Capela dos Fundadores e os claustros é preciso pagar ingresso. Todavia, se você tiver com pouco tempo, não dará para visitar essas partes.
- Em torno do mosteiro há várias lojas, restaurante e lanchonetes. Se você for para passar mais tempo, terá local para se alimentar.
- Nas lojas vendem-se souvenires e artesanato. É possível comprar camisas, xales, panos de prato, toalhas de mesa e de banho, cobertores, tapetes a um bom preço.
- Se tiveres com tempo para fotografar, aconselho fotografar o mosteiro por vários ângulos, para captar sua beleza gótica medieval.
- Embora o Mosteiro da Batalha seja a principal atração turística da cidade, há outros lugares para se visitar em Batalha como o Jardim do Lena, a Igreja Matriz e a Ponte da Boutaca. As excursões turísticas tendem ir apenas ao mosteiro.
Referências bibliográficas:
BAPTISTA NETO, Maria João Quintas Lopes. O restauro do Mosteiro de Santa Maria da Vitória de 1840 a 1900, vol. 1. Dissertação de Mestrado em História da Arte, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, Lisboa, 1990. 2v
BARBOSA, Ignácio de Vilhena. Monumentos de Portugal históricos, artísticos e archeológicos. Lisboa, Castro Irmãos Editores, 1886.
BARREIRA, Catarina Fernandes. O mosteiro de Sta. Maria da Vitória e a vocação moralizante das gárgulas do Panteão Duartino. In: BARREIRA, Catarina Fernandes; SEIXAS, Miguel Metelo de (coors.). D. Duarte e sua época: arte, cultura, poder e espiritualidade. Lisboa, Universidade Lusíada de Lisboa, 2014, p. 185-210.
BARBOSA, Ignácio de Vilhena. Monumentos de Portugal históricos, artísticos e archeológicos. Lisboa, Castro Irmãos Editores, 1886.
BARREIRA, Catarina Fernandes. O mosteiro de Sta. Maria da Vitória e a vocação moralizante das gárgulas do Panteão Duartino. In: BARREIRA, Catarina Fernandes; SEIXAS, Miguel Metelo de (coors.). D. Duarte e sua época: arte, cultura, poder e espiritualidade. Lisboa, Universidade Lusíada de Lisboa, 2014, p. 185-210.
MONTEIRO, João Gouveia. A aventura da guerra no Portugal Medieval. Máthesis, n. 9, 2000, p. 221-231.
OLIVEIRA MARTINS, Joaquim Pedro de. História de Portugal. Lisboa, Edições Vercial, 2010.
RAMÔA, Joana; SILVA, José Custódio Vieira da. O retrato de D. João I no Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Um novo paradigma de representação. Revista de História da Arte, n. 5, 2008, p. 76-95.
RAMÔA, Joana; SILVA, José Custódio Vieira da. O retrato de D. João I no Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Um novo paradigma de representação. Revista de História da Arte, n. 5, 2008, p. 76-95.
4 comentários:
Ñ li ainda,mas pretendo ler,tempos atrás eu era um leitor assíduo do teu blog,mas ando sem tempo.ñ sou formado,mas apenas um amante nerd em história,grande abraço...
Obrigado Devaneios pela atenção dada ao blog. Sei como a vida está corrida. Eu mesmo diminui a quantidade de postagens por falta de tempo para ler, elaborar, editar e planejar os conteúdos. Mas vou dando meu jeito.
Estive nesse lugar em nov/2016. Senti realmente uma emoção diferente dentro da Igreja! Pena q não tinha muito tempo porquê tinha q seguir um roteiro. Espero um dia voltar e poder admirar os detalhes já que agora conheci muitos pormenores desta obra admirável! Obrigada por narrar está história que definiu o destino de Portugal na "Batalha de Aljubarrota" !
A Igreja da Batalha merece uma visita apenas para contemplá-la e explorara-la. Também pretendo retornar lá algum dia.
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