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Leandro Vilar

sábado, 11 de setembro de 2021

20 anos do atentado terrorista ao World Trade Center

Na data de hoje completam-se vinte anos do maior atentado terrorista até então no século XXI, o qual vitimou mais de 4 mil pessoas nos Estados Unidos, além de ter derrubado quatro aviões, destruído parcialmente a sede do Pentágono, mas contribuído para o desabamento das torres do World Trade Center. Tal acontecimento tornou-se tão impactante que afetou a geopolítica do início da década passada, dando um alento a chamada "guerra ao terror". No texto de hoje rememorei alguns acontecimentos daquele fatídico dia que marcou o início do século XXI. 

No dia de 11 de setembro de 2001, quando ocorreu os ataques aéreos em Nova York em Washington D.C, era de manhã no Brasil, na ocasião eu era criança e estava na escola e nada soube a respeito. Apenas no final das aulas eu ouvia os adultos comentando sobre aviões que colidiram com prédios. Quando cheguei em casa e vi o noticiário, ali exibiam-se cenas da tragédia. Embora eu tivesse meus dez anos na época, ainda assim, não entendia ao certo toda a conjectura por trás daquilo, apenas lia e ouvia os jornalistas falarem em ataque terrorista contra os Estados Unidos, em que aviões foram sequestrados e dois deles usados para derrubar as torres gêmeas do World Trade Center. 

As torres gêmeas de Nova York

Na ilha de Manhattan, no coração financeiro da cidade, foi inaugurado em 1973 as torres gêmeas do complexo World Trade Center (WTC), com seus 110 andares, 417 metros de altura, sua estrutura em paralelepípedo e espelhada, tornaram-se os edifícios mais altos de Nova York e do mundo por vários anos. Os dois arranha-céus tornaram-se símbolos da economia de Nova York e sua importância para o mundo, virando cartões postais ao lado do Empire State Building, a Estátua da Liberdade e outras localidades daquela cidade cosmopolita. 

O complexo do WTC ganhou novos prédios ainda nas décadas de 1970 e 1980, totalizando sete edificações, sendo as torres gêmeas os dois prédios mais famosos desse complexo. Dessa forma, por décadas as duas torres coroaram a paisagem de edifícios de Manhattan até o trágico 11 de setembro de 2001. 

As torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, em 2001.   

A Al-Qaeda

A Al-Qaeda, fundada por volta de 1988, cujo nome significa "a base" ou "o alicerce", consistiu num grupo paramilitar fundamentalista formado por combatentes e chefes de outros grupos paramilitares surgidos durante o contexto da Guerra Fria (1945-1991), especificamente no cenário da invasão soviética do Afeganistão. Tais grupos paramilitares foram equipados e treinados pelos Estados Unidos para combater os soviéticos, porém, alguns deles se rebelaram contra seus mentores. Um dos líderes desses grupos era Osama Bin Laden (1957-2011), o qual formou a Al-Qaeda, tornando-se sua principal liderança. 

Após a saída das tropas soviéticas do Afeganistão e a rebelião dos grupos paramilitares como a Al-Qaeda, o Talibã e outros, adveio a Guerra do Golfo (1990-1991), em que o Iraque invadiu o Kuwait, levando os EUA, Reino Unido, França e Arábia Saudita a intervir. Nesse período os grupos paramilitares aproveitaram para se fortalecer e aumentar sua rixa contra os americanos e países aliados. No entanto, a Al-Qaeda optou em não bater de frente naquele momento, expandindo suas influências pelo Oriente Médio, norte da África e leste da Europa. 

Anos se passaram e em 1998 o discurso de Bin Laden contra os Estados Unidos voltou a se tornar mais agressivo, em que em diversas vezes ele declarou que se soldados ou civis americanos fossem vistos nos territórios ocupados pela Al-Qaeda, deveriam ser executados. Além disso, somava-se a presença do exército estadunidense na Arábia Saudita (terra natal de Bin Laden); sanções impostas pelos EUA ao Iraque após a Guerra do Golfo; intromissão dos EUA na política do Oriente Médio, incluindo negociações envolvendo Israel e a Palestina. 

Julga-se que tais motivos teriam levado Osama Bin Laden e os outros chefes a declarem um ataque terrorista nos EUA, na tentativa de amedrontá-los e causar pânico internacional, mostrando que aqueles que se intrometessem com a Al-Qaeda, sofreriam as consequências. 

O atentado terrorista de 11/09/2001

Na manhã de 11 de setembro, dezenove terroristas da Al-Qaeda, os quais estavam infiltrados nos Estados Unidos, deram início a uma missão suicida, a qual envolvia duas etapas: sequestrar aviões e depois jogá-los contra alvos específicos. As aeronaves escolhidas foram em número de quatro, dois Boeing 757 e dois Boeing 747:

  • Voo 11 da American Airlines, partindo de Boston com destino a Los Angeles, contava com quase 100 pessoas abordo. 
  • Voo 175 da United Airlines, partindo também de Boston com destino a Los Angeles, levando 65 pessoas abordo. 
  • Voo 77 da American Airlines, partindo da Virgínia com destino a Los Angeles, levando 64 pessoas a bordo.
  • Voo 93 da United Airlines, partindo Newark com destino a San Francisco, levando quase 50 pessoas abordo. 
Em todos esses voos cinco terroristas estavam infiltrados entre os passageiros em cada avião, sendo que no voo 93 eram quatro terroristas. Os 19 terroristas organizaram planos para render a tripulação, invadir a cabine de controle e tomar o comando dos aviões. 

Mapa mostrando a rota dos aviões sequestrados.

Os aviões foram sequestrados por volta da 8h da manhã, no caso, os voos 11 e 175 que partiram de Boston, foram dirigidos para Nova York, sendo utilizados na colisão contra as torres do World Trade Center. O voo 11 colidiu com a torre norte as 8h46min, já o voo 175 chegou minutos depois, colidindo com a torre sul as 9h03min. 

Foto mostrando o momento que o Voo 175 da United Airlines estava para colidir na torre sul do WTC, as nove da manhã de 11 de setembro de 2001. 

Quanto aos outros dois aviões sequestrados, o Voo 77 foi dirigido para Washington D.C, sendo atirado na sede do Pentágono, principal órgão militar dos Estados Unidos. Já o voo 93 também teria como destino o Pentágono, ou o Capitólio ou a Casa Branca, não se sabe ao certo, mas os terroristas perderam o controle da situação, havendo uma revolta na aeronave, obrigando-os a abortar a missão. O avião foi atirado num campo na Pensilvânia

Local da colisão do Voo 77 no Pentágono, em Washington D.C. 

Somente contando com as pessoas abordo nos quatro aviões, o número de mortos foi de 246 vítimas. Todavia, embora o ataque no Pentágono não tenha matado tanta gente, e a missão suicida do Voo 93 tenha falhado ao atingir seu alvo, no entanto, a colisão com as torres gêmeas, foi o que mais causou impacto visual e tendo matado mais de 2.600 pessoas. As cenas dos dois prédios ardendo em chamas e soltando muita fumaça, marcaram o mundo naquele trágico dia. Além do fogo e fumaça, pessoas em desespero pulavam das janelas. Além dos funcionários e visitantes, morreram 341 bombeiros, 60 policiais e mais de 10 paramédicos. O total de mortos foi calculado em 2.996 vítimas. 

A tragédia poderia ter sido maior, mas muitas pessoas que estavam nos andares inferiores, conseguiram escapar. As autoridades de segurança de Nova York estimaram que em torno de 14 mil pessoas se encontravam no complexo das torres gêmeas naquela hora da manhã. Dessas milhares de pessoas, entre os quase três mil mortos, havia 90 pessoas que eram de outros países, tal fato repercutiu em suas nações. 

Além do impacto causado pelas milhares de vidas perdidas e a destruição de vários prédios, o impacto econômico foi severo para a cidade de Nova York e seu estado, afetando as finanças pelos anos seguintes. Mas esse impacto ainda foi maior por ter prejudicado as ações na Bolsa de Valores de Nova York, atingindo empresas e negócios em vários países. 

A enorme nuvem de fumaça e detritos também afetou a saúde de milhares de nova-iorquinos nos meses e anos seguintes. Aumentando a incidência de doenças pulmonares e de alguns tipos de cânceres. Além de sequelas mentais legadas também. 

Além dos problemas econômicos e de saúde, o atentado terrorista também inflou uma onda de xenofobia contra pessoas falantes do árabe ou originária de países islâmicos, e intolerância religiosa contra o Islão. Isso levou as leis de imigração estadunidense a ficarem mais severas e cautelosas, como também prejudicou o contato dos EUA com países islâmicos. Por outro lado, favoreceu a criação de leis antiterrorismo em alguns países, a fim de formar uma aliança ao combate ao terrorismo do século XXI. 

Os escombros

Os que não morreram pelo impacto, fogo e fumaça, pereceram quando as torres implodiram para evitar que desabassem para os lados. Se a cena dos aviões colidindo já tinha sido impactante, a cena dos dois arranha-céus sucumbido foi ainda mais impactante. Uma grande nuvem de poeira e fumaça oriunda do desabamento engoliu as ruas e quadras vizinhas do complexo do WTC. Filmagens feitas das ruas, mostravam as pessoas correndo em desespero e a grande nuvem cinza vindo em sua direção. Centenas de pessoas se feriram ou passaram mal devido a inalação da poeira e da fumaça. 

Nuvem de fumaça e escombros do desabamento das torres gêmeas. 

Além dos dois arranha-céus outros prédios desabaram também, sendo o WTC 3 e o WTC 7. Já os WTC 4, 5 e 6 sofreram danos. A Igreja Ortodoxa Grega de São Nicolau foi destruída, e o Deutsch Banking Building sofreu tantas avarias que optaram em demolirem ele posteriormente. Outros prédios nos arredores tiveram suas fachadas danificadas, incluindo janelas quebradas, postes tombados e rachaduras. Algumas pessoas morreram com o desabamento dos prédios vizinhos ou a queda de escombros. 

Local dos desabamentos e prédios danificados pela queda das torres gêmeas. 

No caso do Pentágono uma das alas do complexo desmoronou com todos seus andares, e outras foram atingidas por incêndios, aumentando os danos causados. Embora que o Pentágono sofreu consequências menores do que o complexo do World Trade Center. Mesmo assim, 184 pessoas tenham falecido nesse ataque. 

Nos dias seguintes, os bombeiros, policiais e paramédicos trabalharam exaustivamente em Nova York e Washington D.C para resgatar sobreviventes, o que incluiu inclusive esses próprios profissionais que ficaram presos nos escombros. Alguns conseguiram ser salvos, mas outros faleceram enquanto tentavam salvar vidas. 

Guerra ao terror

Em resposta ao grande atentado terrorista promovido pela Al-Qaeda, o então presidente George W. Bush (2001-2009) declarou guerra ao terrorismo, inclusive comparando sua iniciativa como uma "nova cruzada". Como Bin Laden e outros membros da Al-Qaeda viviam no Afeganistão, o alvo inicial seria esse, dando início a Guerra do Afeganistão (2001-2021), a qual resultou na caça da Al-Qaeda e na derrota do Talibã, levando a ocupação americana do país por duas décadas. 

Apesar dessa campanha militar dirigida ao Afeganistão, ela se estendeu para o Iraque, ainda governado pelo ditador Saddan Hussein (1937-2006), enforcado por seus crimes no ano de 2006. A pena de morte dada a Hussein levou Bin Laden e outros chefes da Al-Qaeda a ficarem mais cautelosos e fazerem poucas aparições públicas, fato esse que somente em 2011, Osama Bin Laden foi descoberto e executado numa operação especial. Naquele ano, para muitos americanos e pessoas de outros países, a vingança ou justiça havia sido concluída. Mesmo que tendo levado uma década para isso.  

Jornais de 2011 exibindo a manchete da morte de Osama Bin Laden. 

Com tal vitória que levou dez anos para ocorrer, o presidente Barack Obama (2009-2017) ordenou a saída gradativa das forças americanas do Afeganistão, algo somente concluído em 2021 por ordem do presidente Joe Biden (2021-presente).

Embora a Al-Qaeda e o Talibã tenham sido desestabilizados, Saddan Hussein, Osama Bin Laden e outros terroristas foram executados ou presos, a guerra ao terror custou caro para os Estados Unidos, mas também para o Afeganistão e o Iraque, devido as despesas das campanhas militares e os efeitos colaterais dos conflitos, legando milhares de mortos e feridos. Além disso, os dois grupos terroristas da Al-Qaeda e do Talibã não foram eliminados, ainda existindo e recentemente o Talibã retomou o controle do Afeganistão, gerando um novo impasse. Além dele, o grupo terrorista do Estado Islâmico (ISIS), surgiu a partir da Guerra do Iraque (2003-2011), mantendo-se em atividade e expansão. 

Memorial e Museu Nacional do 11 de setembro

Em 2006 o memorial e o museu começaram a serem construídos no local em que as torres gêmeas se encontravam. As obras foram concluídas em 2011, na data de dez anos do atentado. Ali foi erguido um parque, o prédio do museu e duas enormes fontes quadradas no local em que se encontravam os arranha-céus. O nome dos quase três mil mortos também se encontra no memorial. 

Vista aérea do Memorial e Museu do 11 de setembro, em Nova York. 

Além do parque que abriga o memorial e o museu, ruas, calçadas, praças e edifícios danificados foram reconstruídos. Soma-se também o fato de que novos prédios também foram construídos como meta de recuperar o complexo WTC. Alguns dos prédios ainda seguem em construção, mas o mais famoso deles foi inaugurado em 2014, sendo o One World Trade Center, chamado anteriormente de Freedom Tower, um arranha-céu de 417 metros de altura e 523 metros contando com sua antena. O novo prédio simboliza o renascimento do complexo WTC e do povo de Nova York frente a tragédia de 11 de setembro de 2001. 

Vista da ilha de Manhattan com destaque para o One World Trade Center. 

NOTA: Em 1993 o complexo do WTC sofreu um atentado terrorista, quando uma bomba foi explodida num carro em um estacionamento subterrâneo. 
NOTA 2: Vários livros, documentários e filmes sobre o atentado e suas consequências foram escritos. 
NOTA 3: Teorias da conspiração sobre o 11 de setembro, algumas renderam sites, livros, pesquisas e documentários. Entre algumas dessas teorias estão as que defendem que o governo sabia dos atentados, mas deixou ocorrerem; outras sugerem que o próprio Bush e seus ministros cooperaram com tais ataques, para favorecer uma invasão do Afeganistão e do Iraque; que Osama Bin Laden não foi assassinado em 2011, mas estaria escondido sob proteção da CIA; Nostradamus tinha previsto o atentado; a queda dos prédios não foi causada pelos aviões, mas por supostas bombas colocadas nos arranha-céus; o governo teria mentido sobre o número de mortos que teria sido bem maior. 

Referências bibliográficas: 

ATKINS, Stephen E. The 9/11 Encyclopedia. [S.l.]: ABC-CLIO, 2011.

DAMICO, Amy M; QUAY, Sara E. September 11 in Popular Culture: A Guide. [S.l.]: Greenwood, 2010.

LANGLEY, Andrew. September 11: Attack on America. [S.l.]: Compass Point Books, 2006.

LINKS: 

Loosechange911

The September 11 Digital Archive

National Commission on Terrorist Attacks Upon the United States

Linha do tempo do 11/09 pela CNN

Tragedy of 9/11

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