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Leandro Vilar

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

A Rainha de Sabá

Citada brevemente na Bíblia e no Corão, descrita como uma bela, rica e poderosa rainha, a qual teria sido amante do famoso rei Salomão, ainda hoje a misteriosa Rainha de Sabá nunca teve sua identidade identificada com certeza, inclusive nem se sabe exatamente a vastidão de seus domínios, e há quem sugira que ela teria sido apenas uma lenda.

Menções na Bíblia:

Na Bíblia, as informações sobre a rainha de Sabá aparecem principalmente no Antigo Testamento, nos livros de Reis e Crônicas, sendo que em ambos os relatos o texto é o mesmo. Para este caso, utilizei a tradução presente na versão da Bíblia de Jerusalém

1 Reis 10: 1-13 e 2. Crônicas 9: 1-12

1. A rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salomão, por ordem do nome de Iahweh, e veio pô-lo à prova por meio de enigmas. 

2. Chegou a Jerusalém com numerosa comitiva, com camelos carregados de aromas, grande quantidade de ouro e de pedras preciosas. Apresentou-se diante de Salomão e lhe expôs tudo que tinha no coração. 

3. Mas Salomão a esclareceu sobre todas as suas perguntas e nada houve por demais obscuro para ele, que não pudesse solucionar. 

4. Quando a rainha de Sabá viu toda a sabedoria de Salomão, o palácio que fizera para si,

5. As iguarias de sua mesa, os aposentos de seus oficiais, as funções e vestes de seus domésticos; seus copeiros, os holocaustos que ele oferecia ao Templo de Iahweh, perdeu o fôlego ficou fora de si,

6. E disse ao rei: "Realmente era verdade quanto ouvi na minha terra a respeito de ti e da tua sabedoria!

7. Eu não queria acreditar no que diziam antes de vir e ver com meus próprios olhos, mas de fato não me havia contando nem a metade: tua sabedoria e tua riqueza excedem tudo quanto ouvi.

8. Feliz a tua gente, felizes destes teus servos, que estão continuamente na tua presença e ouvem a tua sabedoria! 

9. Bendito seja Iahweh teu Deus, que te mostrou sua benignidade, colocando-te sobre o trono de Israel. e porque Iahweh ama Israel para sempre que ele te constituiu rei, para exerceres o direito e a justiça.

10. Ela deu ao rei cento e vinte talentos de ouro, uma grande quantidade de aromas e de pedras preciosas; a rainha de Sabá trouxe ao rei Salomão uma tal abundância de aromas, que jamais se viu em tanta quantidade. 

11. Por sua vez, a frota de Hiram, que trouxe ouro de Ofir, trouxe também madeira de sândalo em grande quantidade e pedras preciosas.

12. Com esse sândalo o rei fez balaustradas para o Templo de Iahweh e para o palácio real, liras e harpas para os músicos. nunca mais se transportou dessa madeira de sândalo e não se viu mais dela até hoje. 

13. Por sua vez, o rei Salomão ofereceu a rainha de Sabá tudo o que ela desejou e pediu além dos presentes que lhe deu com munificência digna do rei Salomão. Depois ela partiu e voltou para sua terra, ela e seus servos. 

Por esses versículos observa-se que pouco se comenta sobre a soberana de Sabá, apenas destacando que ela era bastante rica e viajou até Jerusalém para conhecer o famoso rei Salomão, descrito como homem muito sábios e rico. De fato, tais versículos servem mais para exaltar a fama de Salomão do que falar sobre a rainha propriamente. 

Posteriormente em Mateus 12:42 a rainha é mencionada novamente, sendo referida como a "Rainha do Sul", que há muito tempo visitou o rei Salomão. 

A rainha de Sabá e Salomão. Robert Leinweber, 1925. 

Menções no Corão: 

Na Sura A Forminga (An Naml), a qual expõe sobre o rei Salomão (Suleyman) que conversa com os pássaros e os gênios (jinn), pois no Corão, o monarca recebeu de Allah o dom de entender a linguagem dos pássaros e de outros animais. Na ocasião, um dos pássaros informa ao soberano a respeito de uma rainha de Sabá. Devido a sura ser extensa, peguei apenas alguns versículos que falam diretamente da rainha, já que após Salomão saber sobre ela, ele enviou uma carta convidando-a a visitá-lo, com isso, vários versículos abordam essa troca de correspondência e presentes até que a rainha viajou a Jerusalém. 

22 Porém, ela não tardou muito em chegar, e disse: Tenho estado em locais que tu ignoras; trago-te, de Sabá, uma notícia segura.

23 Encontrei uma mulher, que me governa (o povo), provida de tudo, e possuindo um magnífico trono.

24 Encontrei-a, e ao seu povo, e se prostrarem diante do sol, em vez de Deus, porque Satã lhes abrilhantou as ações e os desviou da senda; e por isso não se encaminham.

25 De sorte que não se prostram diante de Deus, Que descobre o obscuro nos céus e na terra, e conhece tanto o que ocultais como o que manifestais.

26 Deus! Não há mais divindade além d’Ele! Senhor do Trono Supremo!

27 Disse-lhe (Salomão): Já veremos se dizes a verdade ou se és mentirosa.

28 Vai com esta carta e deixa-a com eles; retrai-te em seguida, e espera a resposta.

42 E quando (a rainha) chegou, foi-lhe perguntado: O teu trono é assim? Ela respondeu: Parece que é o mesmo! E eis que recebemos a ciência antes daquilo, e nos submetemos (à vontade divina).

43 Desviaram-na aqueles a quem ela adorava, em vez de Deus, porque era de um povo incrédulo.

44 Foi-lhe dito: Entra no palácio! E quando o viu, pensou que no piso houvesse água; e, (recolhendo a saia), descobriu as suas pernas; (Salomão) lhe disse: É um palácio revestido de cristal. Ela disse: Ó Senhor meu, em verdade fui iníqua; agora me consagro, com Salomão, a Deus, Senhor do Universo!

No Corão, a rainha é chamada de Bilqis e ela é descrita como uma mulher rica, bela, pagã e imoral. Salomão ao ouvir a respeito do próspero reino que ela governava ao sul de Jerusalém, lhe enviou uma carta, a convidando ir a sua cidade para se converter a fé de Deus. Todavia, Bilqis decidiu testar se o monarca era realmente sábio como dizia, e lhe propôs enigmas e engodos para ele decifrar. Enquanto na Bíblia não se descreve o que ela mandou fazer, no Corão, se comenta a respeito das tentativas de ela enganar Salomão. Além disso, o rei utilizou-se dos gênios e pássaros para também impressionar Bilqis, realizando o que ela considerou como milagres (como transportar o trono dela para Jerusalém), a qual quando chegou ao palácio do monarca, ficou deslumbrada com o que viu. Por conta disso, ela exaltou o soberano, lembrando que no Islão, Salomão é considerado um dos grandes profetas. Por fim, ela decidiu se converter a Allah. 

Bilqis, a rainha de Sabá. Pintura de autoria desconhecida, c. 1595. 

Diferente a versão bíblica em que a rainha apenas comprova a sabedoria e riqueza de Salomão, e encantada com aquilo, retornou para seu reino, na versão corônica, ela além de atestar tudo o que foi dito, ainda converteu-se a fé do monarca. Nota-se aqui o acréscimo de um exemplo religioso, em que Bilqis mediante os poderes concedidos por Allah ao profeta Salomão, decidiu reconhecer a grandiosidade de Deus. 

Tradição etíope: 

A Etiópia, também chamada de Abissínia e por outros nomes, teve contato com o Cristianismo Primitivo a partir de viajantes, mercadores e missionários, vindos do Egito e da Núbia. Depois missões enviadas pelos romanos e bizantinos. Nos séculos VII-VIII o Islão chegou a região, no entanto, diferentes religiões conviviam naquele território que hoje compreende a Etiópia. Entretanto, surgiu em época ainda não precisada, a tradição de que alguns monarcas etíopes seriam descendentes de Salomão e Bilqis, os quais teriam tido um filho chamado Manelique I

A tradição etíope mescla o relato da visita de Bilqis a Salomão, principalmente a partir da versão corônica, a qual dá fornece mais informações, além de dizer que ela converteu-se ao Islão. Na Bíblia não temos essa condição da conversão. Além disso, lendas surgiram a partir desse encontro, em que narram que Bilqis teria se tornado uma das esposas de Salomão. E a partir daí tomou forma a tradição etíope. (VENCHI, 2008, p. 17). 

O encontro de Makeda, a rainha de Sabá, com o rei Salomão. Ícone etíope de autoria desconhecida, c. XVII. 

No livro Kebra Negast (Glória aos Reis) narra a origem da família real etíope, informando que há muito tempo, a rainha Makeda da Etiópia viajou a convite do rei Salomão de Jerusalém. Nota-se que tal obra identifica Sabá como estando na Etiópia. A monarca interessada na fama de rico e sábio de Salomão viajou até lá e teria sido seduzida por ele (outras versões dizem que foi a rainha que o seduziu), e com isso ele foram para cama. Makeda retornou ao seu reino e nove meses depois deu à luz a um menino, que ela chamou de Bayna-Lekhem (mais conhecido como Menelique na versão árabe)

Com 12 anos de idade o príncipe descobriu que Salomão era seu pai e pediu para mãe permissão para ir conhecê-lo, mas Makeda recusou. Dez anos depois, o jovem finalmente realizou sua viagem e ao encontrar-se com seu pai, foi reconhecido como filho legítimo e coroado Rei da Etiópia (ou Sabá). Salomão deu muitos presentes ao filho, incluindo a Arca da Aliança, a qual foi conduzida pelo jovem rei com a ajuda do Arcanjo Miguel até a Etiópia. Dessa forma, Menelique teve um governo longo, justo e próspero e muitos reis daquele país descendiam de sua linhagem. 

O rei Menelique I em pintura na Igreja de Axum, na Etiópia. 

Lendas arábes 

"Lassner estuda dois tipos de versões árabe-islâmicas: aquela do Livro Sagrado e algumas narrativas de juristas medievais que interpretam os cânones dos versos nos quais ela aparece ao lado do rei. As versões medievais são mais detalhadas porque constroem interpretações e ficções a partir da versão alcorânica. Nas versões escritas do comentador Al-Thalabi, há uma complexa reconstrução narrativa da relação entre Bilqis e Suleyman, a começar pela genealogia da rainha. Seu pai teria sido al-Bashrakh, um rei poderoso, governador de todos os reinos sabeus do Iêmen, membro de linhagem considerada superior às dinastias de outras províncias, recusando-se a casar com os clãs de seu povo. Diz a lenda que ele casou-se com a filha do rei dos jinni, Rayhanah bint Al-Shukr, e teve uma única filha, Bal‘amah ou Bilqis". (VENCHI, 2008, p. 17). 

"Com a morte de al-Bashrakh, Bilqis herda o trono, mas uma dissidência palaciana recusa-se a aceitá-la como rainha, por ser uma soberana mulher e descender de uma linhagem “perigosa”. Ela é preterida por um jovem dos círculos palacianos que se revela um rei tirânico. Ao ocupar o trono, ele a exila, exigindo a posse das mulheres de seus subalternos e matando uma a uma. O reino se divide. Ardilosa, Bilqis tem uma estratégia para destronar o tirano: manda uma carta oferecendo sua própria mão em casamento. Surpreso, ele diz ter pensado no assunto, mas mostrara-se recalcitrante em propor-lhe a união, sendo ela de origem nobre e filha de uma jinni. Ela aceita oficialmente o pedido de casamento, dizendo aos diplomatas “Eu amava esse rapaz. Não respondi a ele antes porque preferia não me casar, mas agora dou meu consentimento a ele.” Na noite de núpcias, embebeda o noivo e decepa sua cabeça, pendurando-a no portão  principal do palácio, com a qual os súditos se deparam, assombrados, na manhã seguinte. Ela recupera seu título de rainha legítima por direito de sucessão e ocupa o poder, cujo status é simbolizado por um suntuoso trono e descrições extravagantes de seu palácio lendário. Só a sala do trono possuía sete antecâmaras, cada qual era protegida por um portão trancado". (VENCHI, 2008, p. 17-18). 

O Rei Salomão e a Rainha de Sabá. Pintura de Giovanni Demin, 1824. 

Existem alguns relatos que também traziam versões apócrifas ao texto corônico apresentando outras decisões tomadas por Bilqis para testar se Salomão era mesmo sábio. Uma dessas situações foi disfarçar escravos homens vestidos como mulheres e depois escravas vestidas de homens e enviá-los como uma embaixada para entregar presentes a Salomão. Apesar dos disfarces terem sido bem elaborados e a condição dos homens falarem com voz fina e as mulheres com voz grossa, ainda assim, Salomão descobriu o engodo. (VENCHI, 2008, p. 18). 

Outra lenda comenta que Bilqis teria problemas físicos. Num relato diz que ela teria pés de mulas, mas Salomão constatou que aquilo era mentira, no entanto, ele viu que ela era coxa; porém, em outra narrativa ela não seria coxa, mas teria pernas cabeludas, pois não as depilava. Salomão e sua corte considerou aquilo um comportamento de bárbaros. (VENCHI, 2008, p. 19). Realmente é preciso lembrar que na tradição bíblica e corônica, a rainha era vista como uma monarca pagã, e no caso, o paganismo desde os tempos antigos era associado com ideias de barbárie e falta de civilidade. A condição de Bilqis aparecer coxa ou com pernas peludas ressaltava esse imaginário bárbaro. E o interessante que depois que ela se converteu, teve seu problema curado; ou depilou as pernas, mostrando que agora além de convertida, ela estava civilizada. 

Mas além da tradição etíope, algumas lendas islâmicas falam que Salomão e Bilqis teriam se casado ou ela tornou-se sua concubina. Por outro lado, algumas versões diziam que ela passou a morar em Jerusalém, outras apontam que ela retornou para Sabá, reino situado na península arábica, em que Salomão ia visitá-la. 

Informações históricas

Mas após vermos relatos religiosos e lendários, afinal, o que se sabe historicamente sobre essa rainha? 

Historicamente não há certezas sobre o reinado dessa rainha, onde ela realmente governou e quando isso ocorreu. Tradicionalmente acredita-se que Salomão teria reinado no século X a.C, logo, Bilqis teria que ter vivido nessa período também. A historiadora Naomi Lucks (2008) assinala que Salomão teria reinado por volta de 980 a 940 a.C, sendo que a Rainha de Sabá teria visitado ele entre 955 e 945 a.C. No entanto, Lucks aponta que o reinado de Bilqis poderia ter ocorrido entre 970 e 940 a.C, o que sugeriria um governo de três décadas bastante longevo. O problema é que tais datas são apenas hipotéticas, não havendo evidências exteriores para sustentar esses períodos.

Mas quanto a localização do tal Reino de Sabá, ainda hoje é motivo de controvérsias. As hipóteses mais aceitas são que esse reino ficaria situado no sul da península arábica, onde hoje é o Iêmen. Esse reino teria sido fundado por volta do século XII a.C pelos Sabeus, povo de origem semita que migrou do norte, do que poderia ser hoje o Iraque, mas na época, poderiam ser terras associadas a Mesopotâmia ou Assíria. O reino dos sabeus ou Reino de Sabá, teria existido entre os séculos XII e X a.C, talvez até durado mais algum tempo, como sugerem inscrições assírias. (LUCKS, 2008). 

Localização do reino de Sabá no atual Iêmen, e reinos vizinhos. 

Os sabeus foram um povo próspero, tendo se firmado sobre a agricultura, pastoril e principalmente no comércio, fazendo negócios pela península arábica, Israel, Egito, Etiópia, Índia e possivelmente a Mesopotâmia. A posição estratégica no sul da península, permitia acesso as rotas marítimas entre o Egito e a Índia. Por conta disso, os sabeus tinham acesso a ouro, joias, especiarias, perfumes e outros produtos de luxo, os quais alguns foram ofertados ao rei Salomão, como dito nos relatos bíblico e corônico. (LUCKS, 2008). 

Embora os sabeus possuíssem sua língua e alfabeto, no entanto, poucos relatos escritos foram descobertos, o que ainda torna grande parte da história desse povo e seu reino, desconhecidos, condição essa que os relatos encontrados, pouco ou nada informam sobre os monarcas, não permitindo ter acesso a uma cronologia dos reis e rainhas. (LUCKS, 2008). 

O historiador hebreu Flávio Josefo (c. 37-100 a.C), escreveu que Nicolis, que era Rainha do Egito e Etiópia, decidiu conhecer a fama de Salomão, como rei muito sábio e rico, e assim viajou a Jerusalém. Tal afirmação é interessante, pois respalda a tradição etíope de situar ali o reino de Sabá. (JOSEFO, 2004, p. 336).

Além disso, alguns historiadores contestam se Bilqis realmente seria uma rainha que governava de forma independente, pois as sociedades daquele tempo eram predominantemente patriarcais. Todavia, as lendas árabes apontam que ela seria viúva, tendo assumido o trono há pouco tempo. Por outro lado, essas lendas também dizem que Bilqis casou-se com Salomão, ou tornou-se uma de suas concubinas, e tal fato teria assegurado sua posição como governante de Sabá. Mas isso são apenas especulações das quais não temos como responder devido a falta de mais evidências para análise. 

Fontes:

Alcorão online. Disponível em: https://alcorao.com.br/

BÍBLIA de Jerusalém. Nova edição, revista e ampliada. 12a reimpressão. São Paulo, Paulus, 2017. 

JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus: de Abraão à queda de Jerusalém. Tradução de Vicente Pedroso. 8a ed. Rio de Janeiro, Casa Publicadora da Assembleia de Deus, 2004. 

THE QUEEN of Sheba and Her Only Son Menyelek (Kebra Nagast). Translated by Sir E. A. Wallis Budge. Cambridge/Ontario, Parentheses Publications, 2000. 

Referências bibliográficas: 

LUCKS, Naomi. Queen of Sheba. New York, Chelsea Publishing, 2008. (Ancient World Leaders). 

VENCHI, Mariane. Seduções e traições de gênero no Islã: a rainha de Sabá e o corpo feminino circuncidado. Cadernos Pagu, v. 30, n. 1, 2008, p. 139-197. 


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