quarta-feira, 22 de junho de 2022

A Lei Seca dos Estados Unidos (1920-1933)

No Brasil, a Lei Seca refere-se a Lei 11.705, de 19 de junho de 2008, a qual diz que os motoristas que forem identificados com teor alcoólico acima do permitido, serão apreendidos. Todavia, nos Estados Unidos, a Lei Seca de lá foi bem mais severa. Enquanto no Brasil não se proibiu o consumo de álcool, nos EUA o consumo, produção e venda foram proibidos ao longo de treze anos. 

É evidente que as bebidas alcoólicas não sumiram de vez do país, elas ainda continuaram ilegalmente, originando a máfia das bebidas, um negócio ilegal que gerou milhões de dólares, deixando muita gente rica, mas também fomentando altos índices de criminalidade, violência e guerras de gangues. Gerando verdadeiros massacres em alguns casos. Além de que a corrupção cresceu exageradamente nesse período de proibição. Assim, redigi esse breve texto para explicar alguns aspectos centrais do infame período da Lei Seca dos Estados Unidos. 

A 18a Emenda ou Lei Volstead:

Em 1919, um ano após o término da Grande Guerra (1914-1918), o povo estadunidense retomava sua vida normal, até porque a participação do país na guerra não foi tão grande como viria a ser na Segunda Guerra. No entanto, o país foi impactado com o contexto bélico daquele período. Todavia, os Estados Unidos estavam enfrentando uma guerra interna que já durava vários anos e parecia não ter fim: a guerra contra o alcoolismo. 

Desde o século XIX, políticos e estudiosos alertaram para os altos índices de consumo de bebidas alcoólicas como cerveja e uísque, levando a dependência química, mas também contribuindo para a violência. Condição essa que ainda no XIX, alguns estados e cidades chegaram a tentar reduzir o consumo de álcool para combater o vício e a violência. Mas todas as tentativas fracassaram, pois a lei não era aplicada, a população desconhecia a respeito da proibição ou da propaganda educativa para instruir os homens a beberem com mais moderação. (RORABAUGH, 2018, p. 2).

Após a guerra civil que abalou o país na primeira metade da década de 1860, alguns grupos foram criados para combater o alcoolismo como o The Prohibition Party (1869), o Woman's Christian Temperance Union (WCTC) em 1874, e o Anti-Saloon League (ASL) em 1893, os quais contribuíram para que outras organizações, grupos e sociedades pelo país se manifestassem na luta contra o alcoolismo, o qual começava ainda cedo, em que adolescentes com seus 13 e 14 anos já tinham o hábito de beber e fumar. (RORABAUGH, 2018, p. 3; SLAVICEK, 2008, p. 3).

No entanto, uma solução efetiva somente surgiu décadas depois. O jurista Wayne Wheeler (1869-1927), então dirigente do Anti-Saloon League, em 1917, redigiu uma lei solicitando a proibição de consumo e venda de bebidas alcoólicas. Na época, ele chamou o projeto de Lei Volstead, em referência ao jurista responsável pela câmara, John Volstead. Por conta da guerra a votação do projeto atrasou, tendo começado em 1918 e sendo concluída em janeiro de 1919. Dos 48 estados que existiam na época (atualmente são 50), apenas Connecticut e Rhode Island votaram contra a proibição. 

Wayne Wheeler, o idealizador da Lei Volstead. 

Com a maioria esmagadora da aprovação, a Lei Volstead se tornou a 18a Emenda da Constituição dos Estados Unidos da América, sendo formada por três artigos: 

  1. Secção 1. Um ano depois da ratificação deste artigo serão proibidos pelo presente artigo o fabrico, venda ou transporte de licores embriagantes dentro dos Estados Unidos e de todos os territórios submetidos à sua jurisdição, bem como a sua importação para os mesmos.

  2. Secção 2. O Congresso e os Estados terão autoridade concorrente para reforçar este artigo por meio de legislação apropriada.

  3. Secção 3. Este artigo ficará sem efeito a menos que seja ratificado como emenda à Constituição pelas legislaturas da maioria dos distintos Estados na forma prevista pela Constituição e dentro dos sete anos seguintes à data em que o Congresso o submeta aos Estados.

Com a aprovação da Lei Volstead que se tornou a décima oitava emenda constitucional, deu-se o prazo de um ano para se iniciar a proibição. Houve protestos contrários a tal lei, mas nada que demonstrasse ter força para evitar que a lei começasse a vigorar. 

Todavia, inicialmente a lei foi estipulada para ser uma espécie de "teste", condição essa que ela teria prazo de vigor de no mínimo 7 anos como informa a terceira secção. Mas a lei acabou se estendendo por 13 anos e 10 meses. Embora no Brasil seja chamada de Lei Seca, nos EUA, eles se reportavam pelo benévolo nome de "o nobre experimento", ou simplesmente como "a proibição". (LERNER, 2008). 

Problemas para fiscalizar:

A lei seca começou a vigorar em 17 de janeiro de 1920, iniciando uma onda de fiscalizações e represálias por conta da polícia e agentes especializados, os quais iam a todos os bares, restaurantes, lanchonetes, hotéis, prostíbulos, mercados, lojas de conveniência, mercearias e outros locais que vendiam bebidas alcoólicas para lembrar que a proibição estava valendo, assim como, confiscar os produtos e multar os estabelecimentos que desobedeciam a lei. Nos primeiros anos a fiscalização foi bastante dura, pois devido as dimensões do país, não era uma tarefa fácil, condição essa, que muitas cidades ainda resistiram a incorporar a nova lei, negando-se a deixar de vender bebidas alcoólicas. (RORABOUGH, 2018, p. 60).

Agentes do governo descartando barris de bebida em 1921. 

Ainda em 1920, apesar das multas, das propagandas, das notícias em jornais e revistas, muitos estabelecimentos diversos pelo país, se negavam a cumprir com a lei seca, o que deu origem a corrupção ligada a essa lei. Donos de pequenos bares até grandes hotéis, começaram a subornar os agentes e policiais, outros passaram a esconder as bebidas, a transferir seus estoques, a vender as bebidas as escondidas. Outras formas de burlar a lei foram sendo criadas nesse interim. Afinal, os americanos daquela época bebiam muito mais do que os de hoje em dia, logo, tentar aproveitar o lucro desonesto era algo bastante cobiçado. (SLAVICEK, 2008). 

Rorabough (2018, p. 64-65) comenta que a produção de cerveja sem álcool não foi abolida, porém, em 1922, das 500 destilarias no país, autorizadas a produzirem cerveja sem álcool, 200 delas estavam descumprindo a lei, burlando a fiscalização e vendendo cervejas com álcool. O problema era grave não apenas por descumprir a lei e fornecer mercadorias para a máfia, mas também pela sonegação de imposto, já que esses produtos não eram contabilizados. De fato, a sonegação dos impostos acarretou um enorme prejuízo para o governo federal, os estados e munícipios. 

Durante a Lei Seca era comum esvaziar barris de bebida nas ruas como forma de mostrar que a lei estava em vigor e a fiscalização estava sendo cumprida. 

O contrabando de bebidas ganhou dimensões alarmantes a ponto de conseguir não apenas burlar a fiscalização, mas também de não haver agentes e policiais suficientes para fazer as patrulhas. Em geral quando bebidas eram confiscadas, tratava-se de pequenos carregamentos ou pequenas destilarias. Uma vez ou outra um grande confisco era feito. E o problema de se fazer grandes confiscos devia-se a corrupção em que as autoridades eram subornadas ou extorquidas, além da violência dos gangsteres, os quais em várias ocasiões poderiam mandar executar policiais e agentes federais. (SLAVICEK, 2008). 

Por outro lado, a população também não contribuiu para manter a proibição. Além dos mafiosos e seus clientes que compravam e revendiam as bebidas, os consumidores foram os principais responsáveis por manter esse ilícito negócio operante. Apesar dos preços terem aumentado em alguns momentos, em que uma garrafa de uísque chegava a custar trinta a cinquenta vezes mais do que era, no entanto, com o aumento da produção e do contrabando, houve barateamento nas bebidas, principalmente na cerveja e no uísque de baixa qualidade, permitindo que por um punhado de dólares pudesse-se adquirir uma garrafa. (PECK, 2009). 

O surgimento da máfia das bebidas:

As grandes cidades do país como Nova York, Boston, Chicago, Detroit, San Francisco, Miami, Los Angeles, Las Vegas, Atlantic City, Seattle e Dallas, se tornaram pedras no calcanhar da lei seca, pois os índices de criminalidade nessas cidades e estados, envolvendo a máfia americana, italiana e irlandesa, se tornaram astronômicos a ponto de iniciar a "era de ouro" da máfia estadunidense. Muitos mafiosos famosos como Al Capone, fizeram riqueza e fama nesse período de violência, corrupção e terror. 

Gangsteres posando ao lado de um automóvel durante a década de 1920. 

O fechamento das fábricas de bebidas alcoólicas foi a gota d'água para iniciar o contrabando em larga escala, além da produção ilegal. Destilarias clandestinas começaram a surgir pelo país, outros optavam pelo contrabando de bebidas advindas do Canadá, país que foi usado por muitos mafiosos para receber mercadorias advindas da Inglaterra, Irlanda, Escócia, Alemanha, França, Itália e Portugal. É preciso salientar que entre as bebidas importadas estavam cerveja, uísque, rum, vinho, vodca, gim, champanhe, espumante etc. O México também se tornou porta de entrada para tequilas, runs e outras bebidas latino-americanas. A própria conexão da Flórida com os países caribenhos, também serviu de rota para o contrabando. 

Durante os dois primeiros anos da Lei Seca, o aumento na criminalidade foi considerável nas 30 maiores cidades do país. O governo registrou um aumento de 24% nos índices de criminalidade, incluindo 13% no aumento de homicídios, 13% no aumento de agressões físicas e brigas, 45% no aumento de crimes envolvendo drogas, e os custos para a polícia aumentaram 11,7%. Porém, os valores pioraram nos anos seguintes com a expansão da máfia. (TOWNE, 1923, p. 159-162).

É preciso salientar que a máfia embora tenha feito muito dinheiro com a venda ilegal de bebidas alcoólicas, ela também movimentava outros negócios ilícitos como o tráfico de drogas (como cocaína, heroína, maconha e ópio), contrabando de cigarros e charutos; agiotagem, prostíbulos, cassinos ilegais, corridas de cavalo e de carros com apostas ilegais; extorsão, assaltos a bancos e outras lojas; além das guerras de gangue, as quais tendiam a deixar vítimas por bala perdida. (LERNER, 2008).  

A máfia nos Estados Unidos não surgiu com a Lei Seca, ela já vinha se desenvolvendo desde o século XIX com gangues de ruas, os quais cometiam roubos, agiotagem, contrabando, assaltos, além de promoverem prostituição e jogos de azar. Entretanto, como comercializar ilegalmente bebidas se tornou algo rentável, a máfia cresceu consideravelmente naquele período. Assim, surgiram sindicatos criminosos e poderosos chefões da máfia. (MAPPEN, 2013, p. 5-6). 

O mais famoso chefão da máfia naquele período foi Alphonse Gabriel Capone (1899-1947), mais conhecido como Al Capone, as vezes referido pelo temível apelido de Scarface. De origem ítalo-americana, Capone nasceu em Nova York, e ainda na adolescência envolveu-se com a máfia, entrando para a quadrilha de Frank Yale, mafioso famoso por operar no Brooklyn. Anos depois, já casado e com uma filha, Al Capone foi transferido para trabalhar em Chicago, onde ficou sob comando de John Torrio, conhecido como Papa Johnny, o mais poderoso mafioso da cidade, o qual começou a construir os esquemas de contrabando e venda de bebidas. (RORABOUGH, 2018, p. 65). 

Al Capone gerou o estereótipo do chefe mafioso nos Estados Unidos. 

Com a morte de Torrio em 1925, Al Capone o sucedeu no controle do sindicato, tornando-se rapidamente famoso por sua frieza, ambição e violência. Apesar de várias denúncias, Capone possuía políticos, delegados, juízes, procuradores e outras autoridades na sua lista de pagamento, com isso, conseguiu escapar várias vezes de ser indiciado ou receber um mandato de prisão. As defesas de Capone somente falharam em 1931, quando ele foi indiciado por sonegação de imposto (pois os outros diversos crimes, foram abafados), com isso ele foi preso, pegando oito anos de prisão até ser solto em 1939, devido a problemas de saúde graves como a sífilis, tuberculose e distúrbio mental. Apesar disso, Al Capone seguiu sua "aposentadoria" vivendo na Flórida, vindo a falecer em 1947. 

Mas enquanto ele ainda conseguiu pegar alguns anos de cadeia, outros mafiosos ou pegaram penas maiores, ou foram mortos. Papa Johnny morreu em 1925, alvejado por uma gangue rival, Frank Yale foi fuzilado em 1928, a mando de Capone devido a divergências com seu antigo pupilo. Em geral, muitos mafiosos acabavam sendo assassinados devido a guerra pelo crime. No entanto, não eram apenas os criminosos que sofriam com intensa violência do período, policiais e civis também foram alvos disso. O Massacre do Dia de São Valentim, em 1929, em Nova York, é um exemplo de tiroteio entre duas gangues que deixou sete civis mortos. 

Gangsteres usando submetralhadoras Thompson, as quais ficaram famosas pela máfia. 

Em 1929 a situação se agravou devido ao crash da Bolsa de Valores de Nova York. Muitas empresas faliram na época, porém, os negócios ilícitos, os quais sonegavam milhões anualmente, não sofreram tantos danos. Entretanto, com a economia fragilizada a partir da década de 1930, no chamado período da Grande Depressão (1929-1930), a situação nos Estados Unidos piorou consideravelmente. Muitos homens que ficaram desempregados e precisavam se manter ou sustentar a família, ingressaram nas redes da máfia; outros que possuíam pequenos negócios, decidiram vender bebidas e drogas para recuperar o dinheiro perdido. A máfia se reconfigurou para manter-se operante nesse período de crise econômica, pois sem clientela não havia motivo para sustentar o tráfico. Porém, mesmo com os problemas gerados pela depressão financeira, as pessoas ainda continuaram a buscar por divertimento e vícios. (MAPPEN, 2013). 

Apesar dos altos índices de violência, os quais foram até usados para se pressionar o governo a revogar a lei, essa não foi revogada. Em 1927 ocorreu nova eleição para inquerir se a lei continuaria em vigor, e foi votado para ela ser mantida, além de que autoridades políticas, policiais e judiciais de diferentes estados declararam guerra a máfia. Dessa forma, os anos de 1925 a 1931, vivenciaram uma intensificação nos conflitos. (MAPPEN, 2013). 

O declínio da Lei Seca:

Desde que a Lei Seca foi proposta em 1917, grupos já pediam seu veto. O mais importante movimento contrário a lei foi a Associação contra a emenda da proibição (Association Against the Prohibition Amendment - AAPA), fundado em 1918, foi o principal responsável por pressionar o governo em abolir a proibição. O grupo inicialmente era formado por políticos, empresários, donos de destilarias, restaurantes, bares, cassinos, hotéis etc., depois passou a contar com membros diversificados da sociedade. 

Passeata contra a Lei Seca. A data e local não foram identificados. 

Em 1927 o AAPA pressionou os senadores a revogarem a lei, mas falharam. Apesar disso, continuaram com sua missão de mostrar ao povo estadunidense que a lei seca foi um grande erro do governo e deveria ser imediatamente revogada. Mas de nada adiantou. Então a AAPA recorreu ao candidato a presidência Herbert Hoover (1874-1964), o qual venceu a eleição de 1928 pelo Partido Republicano. Com o apoio do AAPA, Hoover se comprometeu em rever a lei, mas pediu tempo para isso. Ele criou a Comissão Wickersham para avaliar toda a fiscalização, resultados e problemas da lei. Os relatórios foram sendo publicados gradativamente até 1931. No entanto, devido a Grande Depressão, a atenção de Hoover foi desviada, por conta disso, houve atraso para se propor o fim da lei seca. (PINNEY, 2005, p. 6). 

Em 1931 com a publicação do relatório final da Comissão Wickersham em cinco volumes, para a surpresa da nação, a comissão concluiu que a lei apesar de alguns problemas de fiscalização, no entanto, ela funcionava. Havia conseguido reduzir as mortes por cirrose; diminuiu os níveis de alcoolismo na sociedade; diminuiu as brigas causadas por embriaguez; melhorou a moral dos trabalhadores, pois muitos deixaram de chegar no trabalho embriagados ou com ressaca. Todavia, a AAPA considerou aquilo uma traição. Houve protestos contra o resultado da comissão. (PINNEY, 2005, p. 7). 

O presidente Hoover (terceiro sentado, da direita para esquerda) e membros da Comissão Wickersham, em 1929. A foto foi tirada nos jardins da Casa Branca, em Washington D.C. 

A partir de 1931 a situação envolvendo a manutenção da lei seca piorou. De um lado pessoas que eram contrárias a lei, do outro, aqueles que a defendiam. Somando-se a isso havia o problema econômico, social e político gerado pela Grande Depressão; o crescimento da miséria, da violência e da corrupção; também se somava a tal condição, outros protestos. Condição essa que em 1932, durante as eleições para presidente, Hoover perdeu a credibilidade dos apoiadores da AAPA, e não foi reeleito. Hoover foi derrotado pelo democrata Franklin Delano Roosevelt (1882-1945). (PINNEY, 2005, p. 7). 

Em sua campanha, Roosevelt prometeu uma série de iniciativas para tentar reverter a crise econômica que assolava o país. No entanto, ele também posteriormente se comprometeu em reavaliar a lei seca e o problema da máfia. É válido lembrar que em 1933, Al Capone já estava preso, mas outros grandes chefões do crime ainda estavam soltos e a máfia seguia forte. 

Após vencer as eleições de 1932 e assumir a presidência em 20 de janeiro de 1933, Roosevelt decidiu levar adiante o projeto de revogação da lei seca. Em 20 de fevereiro o Senado se reuniu para deliberar a revogação da proibição, chamada de Lei Blaine, a qual originou a 21a emenda à Constituição. Tendo a Lei Blaine sido autorizada a ser votada, nos meses seguintes os senadores deliberaram por sua aprovação. (PECK, 2009, p. 231). 

A 21a emenda da Constituição dos Estados Unidos, a qual colocou fim a Lei Seca.

Dos 48 estados que existiam na época, 38 foram a favor de revogar a proibição e 10 defenderam sua manutenção. Assim, após quase quatorze anos de Lei Seca, os Estados Unidos voltava a legalizar o consumo de bebidas alcoólicas, embora ainda fosse crime o comércio ilegal, o contrabando e bebidas adulteradas. Houve comemorações nos dias 5, 6 e 7, período que os votos foram declarados. Bares ficaram lotados e festas foram realizadas pelas semanas seguintes. (PECK, 2009, p. 232-233). 

Jornal anunciando o fim da Lei Seca. 

Se por um lado a proibição chegou ao fim, a máfia não acabou. Apesar de que o consumo, produção e venda de bebidas alcoólicas tenha sido normalizado e legalizado novamente, os mafiosos ainda continuaram a contrabandear bebidas, produzir bebidas adulteradas, a mudança foi que os lucros já não eram grandes como antes, com isso, a máfia começou a investir em apostas, jogos de azar, agiotagem, drogas e outros crimes. 

NOTA: O jogo Mafia (2002/2020) conta uma história fictícia que se passa no final da época da Lei Seca, começando em 1930. Algumas das missões do jogo envolve o contrabando de bebidas. 

NOTA 2: A série Boardwalk Empire (2010-2014) mostra uma trama fictícia durante a lei seca em Atlantic City, na década de 1920. 

NOTA 3: Na série Peaky Blinders (2013-2022), há menções a lei seca, embora que a trama se passe na Inglaterra, mas cita-se o contrabando de bebidas para os EUA. 

NOTA 4: Em vida Al Capone se tornou um mafioso famoso, isso lhe rendeu aparições em filmes,  músicas, livros, quadrinhos, séries e jogos. 

Referências bibliográficas:

LERNER, Michael A. Dry Manhattan: Prohibition in the New York. Cambridge, Harvard University Press, 2009.  

MAPPEN, Marc. Prohibition Gangsteres. The Rise and Fall of a Bad Generation. New Brunswick, Rutgers University Press, 2013. 

PECK, Garrett. The Prohibition Hangover: Alcohol in America from Demon Run to Cult CabernetNew Brunswick, Rutgers University Press, 2009. 

PINNEY, Thomas. A history of Wine in America: From Prohibition to the Present. Berkeley, University of California Press, 2005. 

RORABAUGH, W. J. Prohibition: A Concise History. New York, Oxford University Press, 2018. 

SLAVICEK, Louise Chipley. The Prohibition Era: Temperance in the United States. New York, Chelsea Publishing, 2009. 

TOWNE, Charles Hanson. The Rise and Fall of Prohibition: The Human Side of What the Eighteenth Amendment Has Done to the United States. New York, Macmillan, 1923. 



domingo, 12 de junho de 2022

Jogos de videogame baseados em acontecimentos históricos

A relação entre videogames e temas históricos é algo surgido ainda na década de 1980 e progrediu bastante nas décadas seguintes. Embora que a maioria dos jogos produzidos sejam associados com guerras, abordando períodos como a Roma Antiga, Cruzadas, Idade Média europeia e a Segunda Guerra Mundial. Neste texto reuni as principais franquias pautadas em acontecimentos históricos, comentando um pouco o que elas citam. Mas lembrando que essencialmente são produções de ficção que ocorrem nesses períodos. 

Nobunaga's Ambition (1983-2022)

Consiste numa franquia de jogos de estratégia por turno baseada nas campanhas militares do daimiô Oda Nobunaga (1534-1582), o qual durante o Período Sengoku (1467-1615) tentou unificar o Japão. Nobunaga é lembrado como um herói por alguns ou um cruel e ambicioso tirano. Os jogos por vários anos tiveram gráficos simples, lembrando jogos de tabuleiro, mas à medida que a série progredia, melhorou-se os gráficos e as explicações sobre o contexto histórico, embora alguns jogos apresentem elementos fantásticos.


Romance of the Three Kingdoms (1985-2020)

Baseado no famoso clássico chinês O Romance dos Três Reinos, temos essa franquia de jogos de estratégia por turno, a qual conta com quatorze jogos principais e alguns spin-off. A trama baseia-se na época dos Três Reinos (220-280), mas englobando acontecimentos anteriores como a Rebelião dos Turbantes Amarelos (184) e outros movimentos que levaram a fragmentação do poder político e militar na China antiga. 


Genghis Khan (1985-1999)

Jogo de estratégia por turnos, baseado nas franquias anteriores, as quais eram populares na década de 1980. Nos primeiros jogos temos as campanhas de Genghis Khan (1162-1227), o mais poderoso dos imperadores mongóis, para se dominar a Ásia. Os jogos seguintes expandiram a cronologia e inseriram outros povos e histórias. 

Em Genghis Khan II: Clan of the Gray Wolf (1992) possuímos quatro campanhas: a primeira apresenta a unificação das tribos mongóis, em que Genghis se tornou imperador; a segunda apresenta a expansão do império mongol, extrapolando o período de vida de Genghis; a terceira centra-se na Dinastia Yuan, fundada por Kublai Khan na China; a quarta campanha é fictícia, em que o jogador deve conquistar a Eurásia inteira. 

O quarto jogo intitulado Genghis Khan: Aoki Oakami to Shiroki Mejika IV (1998) traz um estilo de campanha similar ao do jogo anterior; a primeira campanha mostra a unificação da Mongólia, a segunda trata-se da expansão do império, mas também permite jogar com os japoneses e os ingleses; a terceira campanha continua com a expansão do império mongol e apresenta campanhas na França e no Sacro Império Romano-Germânico; a quarta campanha se passa no século XIV, mostrando o declínio da Dinastia Yuan, a ascensão de Tamerlão, a guerra entre turcos e bizantinos e a Guerra dos Cem Anos


Age of Empires (1997-2021)

A franquia desenvolvida pela Microsoft popularizou os jogos de estratégia em tempo real, em que se cria acampamentos, bases e cidades, monta-se tropas e parte para a guerra. Age of Empires (1997) apresentava campanhas inspiradas nos gregos, egípcios, babilônios e chineses. Posteriormente a expansão The Rise of Rome (1998) introduziu a campanha da República Romana e do Império Romano. 

Entretanto, foi com Age of Empires II (1999) que a franquia ficou mundialmente famosa, abordando agora o contexto da Idade Média, tendo campanhas baseadas em Joana d'Arc, Genghis Khan, William Wallace, Saladino e Frederico Barbarossa. A expansão The Conquerors (1999) expandiu a cronologia do jogo adentrando a Idade Moderna, além de abordar outros acontecimentos da Antiguidade e do Medievo, trazendo campanhas com Átila, o Huno, El Cid, Montezuma e algumas batalhas históricas.  

Age of Empires II ainda ganhou muitos anos depois novas expansões como The Forgotten (2013) que trouxe as campanhas de Alarico I, Drácula, Bari, Orellana, Francisco Sforza e Prithiviraj. As quais ocorrem na Europa, América do Sul e Índia. Posteriormente saiu a expansão The African Kingdoms (2015) centrada no continente africano, trazendo as campanhas de Francisco Almeida, Sundjata, Tari ibn Ziyad e Yodit. Por fim, tivemos o lançamento de Rise of Rajas (2016) centrada na Índia e no Sudeste Asiático, com campanhas baseadas em Bayinnaung, Gajah Mada, Lê Lo'i e Suryavarman I

O terceiro jogo da franquia intitulado Age of Empires III (2005) apresenta histórias fictícias durante a Idade Moderna e o século XIX, explorando o período da colonização das Américas e o imperialismo, através das aventuras da família Black. O jogo é dividido em três atos, o primeiro ocorre no século XVI, explorando a lenda da Fonte da Juventude, supostamente encontrada pelo navegador Ponce de Leon; o segundo ato ocorre no século XVIII, estando associado com a Guerra dos Sete anos (1756-1763); George Washington aparece nesse ato, ainda como um proeminente coronel; o terceiro ato apresenta a expansão da malha ferroviária para o oeste americano, mas também uma visita a Colômbia e ao Peru, durante as campanhas de independência de Simon Bolivar no começo do século XIX. 

O jogo recebeu duas expansões: a primeira intitulada The Warchiefs (2006) centrada novamente nos EUA, agora abordando algumas guerras indígenas durante o século XIX como a Guerra da Nuvem Vermelha (1866-1868) e a Grande Guerra dos Sioux (1876-1877), ambos os conflitos ocorreram após a Guerra Civil Americana (1861-1865). 

A segunda expansão de Age of Empires III foi intitulada Asian Dynasties (2007), a qual introduziu tramas ocorridas no Japão com a campanha do xogum Tokugawa Ieyasu no começo do século XVII; a lenda da Expedição do Tesouro, a qual teria deixado a China e chegado a América Central em 1421; e a Rebelião Indiana de 1857

Age of Empires IV (2021) retomou a trama medieval trazendo quatro campanhas: A campanha dos normandos, a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), as invasões mongóis do século XIII, e o Grande Ducado de Moscou (1263-1517). O jogo ainda receberá expansões em algum momento. O jogo mostra vídeos e fotografias dos lugares em que as batalhas ocorreram, abordando eventos que vão do século XI ao XVI. 

Dynasty Warriors (1997-2018)

A franquia de ação popularizou o subgênero Musou, apresentando batalhas com grande quantidade de inimigos a serem enfrentados. A trama se baseia no Romance dos Três Reinos, um dos clássicos da literatura chinesa, condição essa que muitos aspectos apresentados nos mais de dez jogos, são frutos do romance, não necessariamente do contexto histórico, sobretudo a condição de ter personagens inventados e a preponderância dada a personagens femininas, as quais historicamente não foram guerreiras. Apesar desse romantismo, a franquia traz vários aspectos sobre as guerras que marcaram a época dos Três Reinos, começando com a Rebelião dos Turbantes Amarelos (184) e indo até o final dos reinos em 280 d.C. 

Medal of Honor (1999-2020)

Foi a primeira franquia de jogos de guerra baseada na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) a fazer sucesso, impulsionando outras franquias a seguirem esse segmento. Os jogos apresentam personagens fictícios que lutam durante a guerra em campanhas reais ou fictícias. Tal padrão foi mantido em outras franquias. A lista a seguir apresenta os jogos baseados na Segunda Guerra. 

  • Medal of Honor (1999)
  • Medal of Honor Underground (2000)
  • Medal of Honor Allied Assasult (2001)
  • Medal of Honor Frontiline (2002)
  • Medal of Honor Rising Sun (2003)
  • Medal of Honor: Infiltrator (2003)
  • Medal of Honor: Pacific Assault (2004)
  • Medal of Honor: European Assault (2005)
  • Medal of Honor: Heroes (2006)
  • Medal of Honor: Vanguard (2007)
  • Medal of Honor: Airbone (2007)
  • Medal of Honor: Heroes 2 (2007)

Europa Universalis (2000-2013)

Baseado no jogo e tabuleiro homônimo, trata-se de um jogo de estratégia por turnos, cujo objetivo é reunir recursos e conquistar territórios através do comércio, da diplomacia ou da guerra. O jogo aborda tanto o território europeu, quanto africano, asiático e americano, geralmente abarcando o período histórico do século XV ao XIX, o que inclui as Grandes Navegações, o Colonialismo, o Renascimento, a Revolução Francesa, as Guerras Napoleônicas a Revolução Francesa. Todavia, o Europa Universalis: Rome (2008) é o único da franquia a abordar um período diferente, no caso, a República Romana a partir de 279 a.C até 27 d.C. 

History Channel Games (2000-2013)

Durante o começo do século XXI o canal History Channel investiu em jogos de videogame, especialmente os sobre Segunda Guerra, Roma Antiga e Guerra Civil Americana, mas outras produções acabaram sendo feitas. Os jogos de guerra eram focados no FPS, já os sobre Roma, Cruzadas e Idade Média no general eram produções de estratégia. 

  • Civil War: Great Battles (2000)
  • Crusades - Quest of Power (2003)
  • Alamo - Fight to the Independence (2004)
  • Civil War: A Nation Divided (2007)
  • Great Battles of Rome (2007)
  • Civil War - Secret Missions (2008)
  • Battle for the Pacific (2008): Segunda Guerra
  • Great Empires - Rome (2009)
  • Great Battles - Medieval (2011)
  • Legends of War - Patton (2013): Segunda Guerra

Total War (2000-2023)

A franquia de jogos de estratégia por turno é conhecida por aproveitar contextos históricos para apresentar embates entre diferentes povos que não foram necessariamente vizinhos ou contemporâneos, os quais disputam um território a nível de país, continente ou intercontinental. Todavia, alguns jogos da franquia trouxeram elementos históricos mais precisos, os quais os listei a seguir:

  • Rome: Total War (2004): aborda o período da República de 270 a.C até o começo do império em 14 d.C. 
    • Barbarian Invasion (2004): a expansão inclui a época da chamada invasão dos povos bárbaros, ocorrida no século V d.C. 
    • Alexander (2006): a segunda expansão traz um enredo baseado nas campanhas de Alexandre, o Grande (356-323 a.C)
  • Napoleon: Total Warrior (2010): aborda as Guerras Napoleônicas
  • Total War: Rome II (2013): traz novamente a República e o Império, mas inserindo acontecimentos e campanhas que ficaram de fora do primeiro jogo. Além disso, o jogo ganhou várias DLCs. 
  • Total War: Atilla (2015): a trama se baseia nas campanha de Átila, o Huno no século V a.C, mas se expande para depois da queda do Império Romano. 
  • Total War Saga: Thrones os Britannia (2018): apresenta a guerra entre saxões e vikings pelo controle da Inglaterra e Irlanda no século IX e X. 
  • Total War: Three Kingdoms (2019): apresenta conflitos ocorridos durante a época dos Três Reinos Chineses (222-280). 
  • Total War: Pharaoh (2023): a trama ocorre durante o Novo Reinado, entre os séculos XVI a.C e XI a.C. 

Sudden Strike (2000-2018)

Trata-se de uma série de jogos de estratégia em tempo real tendo como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial. A série foi elogiada por retratar várias campanhas militares diferentes na Europa, África e Pacífico, permitindo jogar com as forças Aliadas e do Eixo. É possível controlar unidades terrestres, navais e aéreas. Os jogos também trazem uma variedade de veículos dessa guerra. A franquia possui atualmente quatro jogos.

Kessen (2000-2004)

Lançado para o PS2 e desenvolvido pela Koei, trata-se de jogos de estratégia em tempo real, em que o jogador comanda as tropas a partir de uma visão aérea, participando de batalhas históricas e fictícias. Kessen (2000) aborda a disputa de poder entre Tokugawa Ieyasu e Toyotomi Hideyoshi no final do século XVI, já Kessen II (2001) aborda o período dos Três Reinos na China, por sua vez, Kessen III (2004) retorna a história japonesa, abordando as campanhas de Oda Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi, mas contendo elementos romantizados, inspirados em outros jogos como Samurai Warriors e Sengoku Basara. 

Cossacks European Wars (2001-2016)

Seguindo a moda de jogos de estratégia com temática histórica, a Microsoft e a GSC Game World lançaram Cossacks: European Wars (2001) foca em guerras dos séculos XVII e XVIII como a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) e a Guerra de Sucessão Austríaca (1740-1748), além de outros conflitos. O jogo permite se jogar com os cossacos e outros povos europeus e alguns asiáticos como os turcos. 

Com o sucesso do primeiro jogo foi lançado Cossacks II: Napoleonic Wars (2005), agora focado nas Guerras Napoleônicas. A franquia se encerrou numa trilogia com Cossacks 3 (2016), lançado vários anos depois, trazendo gráficos mais modernos e jogabilidade atualizada, o terceiro jogo aborda distintas batalhas nos séculos XVII e XVIII na Europa, abordando conflitos na Escócia, Holanda, Prússia, Áustria, Suécia, Rússia, Alemanha etc. 

Stronghold (2001-2021)

Uma popular franquia de jogos de estratégia e construção. A série ocorre durante a Idade Média europeia, permitindo realizar batalhas, assaltos e cercos, além de possuir missões para administrar e fortificar castelos, vilas e feudos. O jogo também se destacou por seu modo de construção. Todavia, nem todo jogo da série segue acontecimentos históricos específicos, baseando-se em tramas fictícias. A lista a seguir traz os jogos que fazem isso.

  • Stronghold Crusader (2002): apresenta acontecimentos relativos a Primeira, Segunda e Terceira cruzadas.
  • Stronghold Crusader II (2014): baseado nas três primeiras cruzadas, mas permitindo se jogar pelo lado dos árabes dessa vez. 
  • Stronghold Warlords (2021): traz campanhas sobre o império mongol, a Dinastia Yuan na China, a Dinastia Qin, o reino de Au Lac no Vietnã etc. 

Battlefield (2002-presente)

Trata-se de uma famosa franquia de jogos de guerra em FPS, iniciada com a temática da Segunda Guerra e a Guerra do Vietnã, depois expandida para conflitos fictícios nos anos 2000 e até no futuro, após 2030. A lista a seguir apresenta os jogos baseados em guerras históricas:

  • Battlefield 1942 (2002): Segunda Guerra
  • Battlefield Vietnam (2004): Guerra do Vietnã
  • Battlefield 1943 (2009): Segunda Guerra
  • Battlefield: Bad Company 2 Vietnam (2010): Guerra do Vietnã
  • Battlefield 1 (2016): Primeira Guerra
  • Battlefield V (2018): Segunda Guerra


American Conquest (2002)

Da mesma produtora de Cossacks: European Wars, temos um jogo de estratégia em tempo real, dedicado a história da fundação e desenvolvimento dos Estados Unidos. Originalmente o jogo englobava acontecimentos desde o século XVI indo até o final do XVIII, quando a Independência dos Estados Unidos foi concluída. Nesse processo é possível jogar com os ingleses, os americanos, os espanhóis, os franceses e alguns povos indígenas. No entanto, o jogo ganhou algumas expansões expandido a história para acontecimentos do século XIX como a independência do Texas e a Guerra de Secessão (1861-1865). 


Hearts of Iron (2002-2016)

Consiste numa franquia de jogos de estratégia por turno criada pela Paradox Development Studio, a mesma responsável pela franquia Europa Universalis. O jogo além das batalhas, é focado na gestão de recursos e no uso da diplomacia para se conquistar territórios e executar missões. Todos os jogos da franquia, incluindo os principais, abordam o contexto da Segunda Guerra Mundial. Embora alguns jogos também tratem de acontecimentos antes e depois da guerra, adentrando parte da Guerra Fria (1945-1991). O spin-off Darkest Hour: Hearts of Iron (2011) aborda a Primeira Guerra. 


Victoria (2003-2021)

A franquia consiste numa trilogia dos mesmos criadores de Heart of Iron, fato esse que a jogabilidade é similar, a grande diferença é o contexto histórico abordado. Victoria inicia-se no reinado da rainha Vitoria (r. 1837-1901), chamado de Era Vitoriana, período de grande desenvolvimento e expansionismo imperialista do Reino Unido. Mas embora os jogos comecem no XIX, eles costumam se estender até a década de 1930, poucos anos antes do início da Segunda Guerra. O jogo permite se interagir com vários países, alguns historicamente realmente tiveram contatos e acordos com os britânicos, outros são relações fictícias. 


Call of Duty (2003-presente)

A franquia surgiu como principal concorrente de Battlefield, também começando pela Segunda Guerra (1939-1945) e depois adotando guerras fictícias. A lista a seguir apresenta os jogos baseados em guerras históricas. 

Segunda Guerra:

  • Call of Duty (2003)
  • Call of Duty 2 (2004)
  • Call of Duty 3 (2006)
  • Call of Duty World at War (2009)
  • Call of Duty: WWII (2017)
  • Call of Duty Vanguard (2021)

Vietcong (2003-2005)

Foi uma curta série de jogos FPS produzido pela Pterodon e Illusion Softworks que se passavam durante a Guerra do Vietnã. Lançado originalmente para PC, o primeiro jogo depois foi portado para o PS2. O primeiro jogo acompanha um sargento americano fictício durante o ano de 1967, quando os EUA entraram na guerra. Uma DLC foi lançada posteriormente e em 2005 foi lançado Vietcong 2, que acabou não fazendo tanto sucesso e levou ao fim da franquia.


Crusader Kings (2004-2020)

Consiste numa série de jogos de estratégia cujo foco é administrar seus territórios e alianças, expandido seus domínios através da guerra, diplomacia, casamentos e conspirações. A franquia aborda distintos acontecimentos durante a Idade Média, geralmente tratando do período de 1066 a 1453. Crusader Kings (2004) trazia campanhas como a conquista normanda da Inglaterra (1066), a Terceira Cruzada (1187-1191) e a Guerra dos Cem anos (1337-1453). 

Todavia, o segundo jogo, Crusader Kings II (2012) manteve o recorte temporal original, mas trouxe várias DLCs adotando campanhas de outras épocas como a Grande Invasão Viking da Inglaterra (866-878), o reinado de Carlos Magno (r. 768-814), além de outros acontecimentos. 

Por fim, Crusader Kings III (2020) tem como período histórico, os anos que vão de 1066 a 1453, enfantizando disputas feudais e dinásticas, começando na Irlanda e expandindo-se pela Europa, África e Ásia.  


Men of War (2004-2019)

Uma franquia de jogos de estratégia em tempo real com base na Segunda Guerra, Guerra do Vietnã e Guerra Fria. A série possui onze jogos e lembra outras séries como Company of Heroes e Sudden Strike, apesar de ter um ângulo de câmera diferente, tendo uma visão mais próxima das unidades. 


Brother in Arms (2004-2014)

É uma série de jogos de FPS produzido pela Gearbox Hardware, que ocorrem na Segunda Guerra Mundial. A franquia possui mais de dez jogos, tendo sido lançados anualmente. Suas campanhas e jogabilidade foram elogiadas na época. Os jogos mesclam histórias fictícias com acontecimentos reais. 


Samurai Warriors (2004-2021)

Produzido pela Omega Force da Koei, a mesma produtora da franquia Dynasty Warriors, a série Samurai Warriors faz uso das mesmas mecânicas de jogo e estilo, mas trocando a China antiga pelo Japão do Período Sengoku (1467-1603), conhecido como a época das "guerras feudais", tempo de grande violência e desordem no país, marcado pela ascensão de poderosos daimiôs como Oda Nobunaga, Toyotomi Hideyoshi e Tokugawa Ieyasu, que lutaram para reunificar a nação. Apesar do contexto histórico e referências a batalhas reais, o jogo como sua franquia irmã segue um enredo parcialmente verídico, trazendo inclusive momentos fictícios e personagens caricatos e inventados para a narrativa. 


Company of Heroes (2006-2023)

Trata-se de uma série de ação sobre a Segunda Guerra, mas ao invés de seguir uma habitual jogabilidade de jogos de tiro em terceira pessoa ou FPS, a jogabilidade é pautada na estratégia em tempo real, em que em cada fase o jogador comanda soldados ou um esquadrão para efetuar as missões de ataque ou defesa. A franquia possui três jogos principais, dois spin-off e até uma versão online. 


Air Conflicts (2006-2013)

É uma série de jogos de combate aéreo produzido originalmente para computadores e depois para outros consoles, focada na Segunda Guerra. Os jogos retratam campanhas aéreas históricas, permitindo pilotar várias aeronaves do período, de diferentes países. Em 2013 um jogo específico sobre a Guerra do Vietnã foi lançado. 


Red Orchestra (2006-2011)

Uma trilogia de jogos FPS sobre a Segunda Guerra, criada pela Tipware Games inicialmente para computadores. Diferente de outros jogos do tipo, a franquia se centra nas campanhas do Front Oriental, destacando as ações do exército russo, ao invés do exército americano como normalmente ocorre em muitos jogos. 


Assassin's Creed (2007-presente)

Provavelmente a franquia Assassin's Creed é a mais famosa neste contexto. Embora que em vários jogos apresentem mudanças nos acontecimentos históricos, ainda assim, AC se tornou referência quando o assunto é pegar temática histórica e criar um enredo. A lista a seguir apresenta os temas abordados nos principais jogos da franquia.

  • Assassin's Creed (2007): Terceira Cruzada (1189-1192).
  • Assassin's Creed II (2009): Renascimento italiano e governo do papa Alexandre VI (1492-1503).
  • Brotherhood (2010): Renascimento italiano e governo do papa Alexandre VI (1492-1503).
  • Revelations (2011): Império Otomano sem acontecimento histórico definido.
  • Assassin's Creed III (2012): Revolução Americana (1775-1783).
  • Assassin's Creed IV: Black Flag (2013): Piratas do Caribe no XVIII.
  • Unity (2014): Começo da Revolução Francesa (1789-1794).
  • Syndicate (2015): Contexto da Inglaterra Industrial no XIX, sem acontecimento histórico específico.
  • Origins (2017): Governo de Ptolomeu XIV e Cleópatra VII na década de 40 a.C.
  • Odyssey (2018): Início da Guerra do Peloponeso (431-429 a.C)
  • Valhalla (2020): Invasões vikings à Inglaterra entre os anos de 872 e 878. 

Períodos históricos abordados em alguns spin-off e jogos secundários: 
  • Rogue (2014): Guerra Franco-Indígena (1756-1763) e Grande Terremoto de Lisboa (1755).
  • Chronicles India (2014): Guerra Anglo-Sikh (1845-1846). 
  • Chronicles Russia (2014): Revolução Russa (1917). 
  • Mirage (2023): Anarquia de Samarra (861-870). 
King's Crusade (2010)

O jogo que é também produzido pela Paradox, mescla elementos de jogos de estratégia e de RPG, abordando o reinado de Ricardo, Coração de Leão (1189-1199), com sua atuação durante a Terceira Cruzada e campanhas na França. O jogo permite jogar tanto com o exército de Ricardo, quanto com os exércitos de seus inimigos. 


March of the Eagles (2013)

Apesar do título não deixar claro do que se trataria o jogo, ele consiste em outra produção do Paradox Studio, dessa vez, focado na Era Napoleônica (1804-1820). O jogo segue a premissa estratégica de outros jogos da Paradox, permitindo se jogar com o exército de Napoleão Bonaparte ou com os exércitos de outros países que o enfrentaram. 


Verdun (2015)

Consiste num jogo de ação FPS baseado na Primeira Guerra Mundial, embora o jogo aborde mais especificamente a Batalha de Verdun, uma longa campanha ocorrida na França que se iniciou em fevereiro de 1916, estendendo-se até dezembro daquele ano, tornando-se uma das batalhas mais importantes da época. 


Kingdom Come: Deliverance (2018)

Consiste num RPG e simulador medieval em que se controla Henry, o jovem filho de um ferreiro, o qual decide trilhar o caminho para se tornar um cavaleiro. A trama se passa no Reino da Boêmia em 1403, na época da guerra do rei Wenceslau IV contra seu meio-irmão Sigismundo de Luxemburgo. Henry inevitavelmente acaba entrando nas intrigas políticas e militares do período. O jogo foi elogiado por suas ideias, por retratar conceitos medievais, pela trama, mas recebeu críticas negativas principalmente pela jogabilidade e os gráficos. 


Imperator: Rome (2019)

Consiste num jogo de estratégia por turnos produzido pela Paradox Interactive, sendo o segundo abordando a temática da Roma Antiga. A trama original do jogo focava-se entre 304 a.C e 27 d.C, porém, com o lançamento de DLCs os acontecimentos históricos foram ampliados como as Guerras Púnicas contra Cartago, mas a novidade foi a inserção de conteúdo referente a Grécia Antiga, incluindo campanhas na Grécia e uma campanha de Alexandre, o Grande.


Ghost of Tsushima (2020)

O jogo traz uma história fictícia do samurai Jin Sakai para proteger a ilha de Tsushima durante a primeira invasão mongol ao Japão, ocorrida em 1274, como parte dos planos do imperador Kublai Khan para conquistar aquele país. Na época o exército japonês era bem menor e mais fraco, mesmo assim, ele conseguiu resistir a invasão mongol. Embora o jogo não se aprofunde em detalhes do contexto histórico, ele foi bastante elogiado e ganhou diversos prêmios. 


Isonzo (2022)

É jogo de guerra em primeira pessoa baseado em campanhas da Primeira Guerra Mundial. O jogo foi produzido pela M2H e Blackmail Games. A versão base é focada na campanha italiana, mas duas DLCs expandem a história, como Verdun que traz a campanha francesa e Tannenberg que traz uma campanha no Front Oriental. 


Outros jogos:
  • Red Baron (1990): jogo de simulador de avião de guerra que retrata as batalhas aéreas do Barão Vermelho, famoso piloto alemão durante a Primeira Guerra. O jogo recebeu uma continuação em 1997. 
  • Birth of America (2003): jogo de estratégia que aborda a Guerra Franco-indígena (1754-1763) e a Revolução Americana (1776-1783).
  • Line of Sight: Vietnam (2003): FPS na Guerra do Vietnã. 
  • Alexander (2004): jogo de estratégia em tempo real baseado no filme homônimo que explora as campanhas de Alexandre para conquistar o Império Persa de Dario III.
  • The Hell in Vietnam (2007): FPS na Guerra do Vietnã.
  • East India Company (2009): jogo de batalha naval que apresenta as potências europeias dos séculos XVI e XVII, disputando territórios nas Índias.  
  • Sengoku (2011): um jogo de estratégia por turnos que se passa no período das guerras feudais japonesas, chamado de Sengoku Jidai (1467-1615). 
  • Rise of Storm (2013): jogo FPS da Segunda Guerra, um spin-off de Red Orchestra 2. O jogo ganhou uma continuação Rise of Storm 2: Vietnam (2015). 
  • Rise of Prussia (2014): jogo de estratégia que apresenta a ascensão do antigo reino europeu da Prússia (1701-1918), tendo como foco o reinado de Frederico II, o Grande (r. 1740-1786).
  • Battle of Empires: 1914-1918 (2014): jogo de estratégia sobre a Primeira Guerra, similar em jogabilidade a Company of Heroes
  • Valiant Hearts: The Great War (2014): um jogo indie de aventura e puzzles sobre a Primeira Guerra. 
  • Steel Division: Normandy 44 (2017): é um jogo de estratégia sobre a Segunda Guerra, tendo ganho uma continuação intitulada Steel Division 2 (2019). 
  • Hell Let Loose (2021): jogo FPS sobre a Segunda Guerra. 
NOTA: As franquias Indiana Jones, Tomb Raider e Uncharted são baseados em mitos e lendas, não em acontecimentos históricos propriamente. 
NOTA 2: Oda Nobunaga aparece em vários jogos como vilão, embora tais produções não seguem acontecimentos históricos propriamente. 
NOTA 3: A franquia Sid Meirer's Civilization (1991-presente) embora traga vários personagens históricos, a série não apresenta campanhas históricas, mas a competição por territórios entre diferentes povos em cenários fictícios e épocas anacrônicas. 
NOTA 4: A franquia Sniper Elite apesar de se passar durante a Segunda Guerra, ela não traz histórias verídicas. 
NOTA 5: A franquia Caesar (1992-2006) não aborda acontecimentos históricos específicos da Roma Antiga, mas consiste num simulador de cidade, em que se constrói uma cidade romana e a administra. O mesmo é perceptível na franquia Anno (1998-presente), a qual aborda ambientações históricas do final da Idade Média ao século XIX, embora dois jogos se passam num futuro distante ainda. 
NOTA 6: O jogo Nioh (2017) se passa durante o governo do xogum Tokugawa Ieyasu, tendo como protagonista o marinheiro e samurai inglês William Adams, que realmente existiu. No entanto, trata-se de uma obra de ficção. Por sua vez, Nioh 2 (2020), aborda algumas campanhas de Oda Nobunaga e Totoyotomi Hideyoshi, mas de forma bastante fictícia. 
NOTA 7: Shadow of Rome (2005) traz uma história fictícia envolvendo o assassinato de Júlio César em 44 a.C. Embora que o foco do jogo seja a ação nas lutas de gladiadores.
NOTA 8: Wars & Warriors: Joan of Arc (2004) é um jogo que traz uma campanha fictícia baseada na história de Joana d'Arc, na qual ela é uma guerreira em ação, embora que historicamente ela não tenha lutado. 
NOTA 9: O jogo Ryse: Son of Rome (2014) apresenta de forma anacrônica o governo do imperador Nero e da rainha Boudica. 
NOTA 10: Port Royale (2002-2020) é uma franquia de jogos de estratégia baseada no Caribe dos séculos XVI e XVII, mas os jogos não seguem acontecimentos históricos propriamente. 
NOTA 11: O jogo Call of Duty: Black Ops - Cold War (2020) apesar de se passar durante a década de 1980, ele não trata de campanhas históricas. 
NOTA 12: A franquia Sengoku Basara (2005-2016) da Capcom, consiste num jogo musou que aborda o Período Sengoku, mas diferente de Samurai Warriors, essa franquia é bem mais fantasiosa e fictícia com seus personagens e tramas. 
NOTA 13: A franquia Warriors Orachi (2007-2018) é um crossover entre Dynasty Warriors e Samurai Warriors, reunindo personagens históricos e fictícios de ambos os jogos, numa trama fictícia. 

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