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Leandro Vilar

quinta-feira, 27 de abril de 2023

70 anos da primeira escalada ao topo do Monte Everest

Em 2023 completará 70 anos desde que dois alpinistas conseguiram realizar a façanha de chegar ao topo da montanha mais alta do mundo. Embora o Monte Everest não seja a mais perigosa das montanhas para se escalar, ainda assim, seu tamanho e altura o tornam um obstáculo por si só. 

Introdução: O Monte Everest

O Everest é um maciço montanhoso com 8.848 metros de altura, que está situado na Cordilheira do Himalaia, na Ásia, compreendendo os territórios do Nepal, Butão, China e Índia. O Himalaia aglutina as maiores montanhas do mundo, condição essa que várias delas possuem mais de 8 mil metros de altitude. 

O Monte Everest ao centro e seus irmãos. 

O Monte Everest fica situado na fronteira do Nepal com a China, possuindo 8.848 metros de altitude acima do nível do mar, o que o torna a mais alta montanha do planeta Terra. Os nepaleses se referem ele hoje em dia pelo nome de Sagarmatha, já os tibetanos o chamam Chomolungma, e os chineses o nomeiam de Zhumulangma Feng. Todavia, essa montanha é mundialmente conhecida pelo nome de Everest por conta do geógrafo que a mapeou e determinou sua altitude. 

Em 1852 a Royal Geographical Society da Inglaterra enviou mais uma expedição científica ao Himalaia; expedições desse tipo era comuns no século XIX, em que a RGS realiza em vários países, geralmente optando em enviar seus sócios e funcionários às colônias britânicas e nações aliadas. Naquele ano o então diretor da expedição Survey of India, o major general, topógrafo e agrimensor Andrew Waugh (1810-1878), o qual coordenava o mapeamento de parte do Himalaia notou que a zona que ele estava trabalhando, carecia do nome de algumas montanhas e outras localidades. Nos mapas tais lugares eram identificados por números e letras, condição essa que o Monte Everest foi inicialmente chamado de Pico B e depois Pico XV. 

No ano de 1852 a altura do Everest foi calculada pelo matemático indiano Radhanath Sidkar (1813-1870), após meses de trabalho, o qual informou a Waugh, que o então Pico XV era a montanha mais alta do mundo. Em 1856 Waugh sugeriu a RGS que aquela montanha fosse nomeada de Everest, em homenagem ao seu antecessor, o coronel Sir George Everest (1790-1866), o qual foi geógrafo, cartógrafo, engenheiro e topógrafo, tendo assumido como Engenheiro Cartógrafo Geral da Índia entre 1830 e 1843, trabalhando por vários anos para a Royal Geographical Society. 

George Everest, cujo nome foi dado em homenagem a montanha.

No entanto, Everest e outros membros da RGS não foram favoráveis a escolha desse nome, por conta disso, a montanha ainda continuou a ser chamada Pico XV, somente em 1865 foi oficializado chamá-la de Monte Everest. 

Rumo ao topo do mundo:

Os britânicos por décadas foram os principais alpinistas a tentarem chegar ao topo do Everest, isso se devia a condição do colonialismo na Índia que ainda vigorava naquele tempo, o que facilitava a entrada de britânicos naquelas terras. Depois deles, americanos, franceses e alemães estiveram entre os principais a tentarem também alcançar o topo do mundo. 

Embora a montanha tenha sido nomeada oficialmente como Everest desde 1865, no entanto, nenhuma expedição científica para fazer reconhecimento dela e tentar chegar ao seu cume, ocorreu nas décadas seguintes devido as dificuldades para isso. Somente no século XX tiveram início as tentativas de escalar a mais alta montanha do mundo. 

Em 1904 a expedição explorador militar Francis Younghusband (1863-1942), realizou fotografias da Face Oriental da montanha, no entanto, somente em 1921 ocorreu a primeira tentativa de se escalar a montanha. Naquele ano foi enviada uma expedição de reconhecimento, cuja missão não era atingir o cume da montanha, mas mapear o terreno, fazer demarcações e estipular possíveis rotas para se alcançar o topo. A expedição era formada por nove membros e seus ajudantes. Entre os membros estavam:

  • Harold Raeburn: experiente alpinista e líder da expedição;
  • Charles Howard-Bury: alpinista, militar e explorador;
  • George Mallory: alpinista;
  • Guy Bullock: alpinista;
  • Alexander Wollaston: médico, botânico, ornitólogo e alpinista; 
  • Alexander Heron: geólogo; 
  • Henry Morshead: alpinista e explorador;
  • Oliver Wheeler: alpinista e miliar especialista e sobrevivência;
  • George Bernard Shaw: fotógrafo.
Membros da expedição de reconhecimento ao Monte Everest, em 1921. Em pé, da esquerda para direita: Wollaston, Howard-Bury, Heron e Raeburn. Sentado, da esquerda para direita: Mallory, Wheeler, Bullock, Morshead. Foto feita por George Shaw. 

A expedição passou vários dias em campo fazendo seu reconhecimento e chegaram a conclusão que a Face Norte aparentava ser o caminho mais fácil. De fato, isso foi uma conclusão correta, pois ainda hoje a Face Norte é o principal caminho escolhido pelos alpinistas. Com isso em mente, foi realizado em 1922 a primeira expedição para se escalar o Everest, formada por britânicos e nepaleses, todavia, a expedição foi um fracasso. Sete nepaleses morreram por conta de uma avalanche em junho daquele ano, levando a expedição a ser abordada. 

Após o desastre de 1922, a expedição de 1923 foi cancelada, somente ocorrendo em 1924. A nova tentativa ocorreu entre maio e junho daquele ano, contando inclusive com a participação de George Mallory, que retornava a grande montanha, dessa vez decidido a atingir seu cume. Porém, Mallory foi um dos quais morreram nessa empreitada. Seu corpo somente foi achado em 1999. Além dele morreram também Man Bahadur por conta de pneumonia, Lance-Naik por uma hemorragia cerebral e Andrew Irvine, de causas desconhecidas. Apesar dessas mortes, outras expedições foram realizadas, mas todas fracassaram nos anos seguintes, e algumas resultaram em novas mortes. 

Hillary e Norgay no topo do mundo:

Desde que as primeiras expedições para escalar o Everest tiveram início em 1922, trinta anos se passaram e ninguém tinha obtido sucesso em alcançar o topo do mundo. Inclusive algumas pessoas já tinham falecido nesse meio tempo. As principais causas de morte eram avalanches, quedas e problemas respiratórios gerados pelo frio e o ar rarefeito. Mais tais fatores não mantiveram longe o sonho de chegar ao topo da montanha mais alta do mundo. 

Em 1951 o alpinista e explorador neozelandês Edmund Hillary (1919-2008), na época com 32 anos, participou da expedição neozelandesa para escalar o Everest, mas devido a dificuldades climáticas, a missão foi cancelada. Apesar disso, Hillary não desistiu do sonho de escalar a mais alta montanha. Dois anos depois ele retornou ao Nepal, dessa vez ingressando numa expedição britânica. 

Em março de 1953 a expedição britânica deixou Katmandu, capital do Nepal, rumo ao acampamento base do Everest. Foi em meados de abril que os alpinistas deixaram a base e iniciaram a longa subida. Além de Hillary seguiram também os alpinistas: John Hunt (líder da expedição), Eric Shipton, Tom BourdillonGeorge Band, Robert Charles Evans, Tenzin Norgay (1914-1986), entre outros. 

Após quase um mês de escalada, com direito a criação de alguns acampamentos em diferentes altitudes e localidades para se aclimatar por conta do ar rarefeito, a pressão e o frio. Em 26 de maio, Bourdillon e Evans tentavam alcançar o cume pela Face Sul, faltando menos de cem metros para isso, mas problemas com o tanque de oxigênio de Evans e o equipamento de Bourdillon, levou os dois a desistirem de prosseguir, pois corriam risco. 

No dia 29 de maio, Edmund Hillary e Tenzin Norgay realizaram a segunda tentativa de subir ao topo. Ele seguiram até o cume sul e de lá deram uma volta para escalar um paredão rochoso evitando a neve, a qual poderia desabar com o peso deles e ocultar fendas. Foi uma subida difícil nem tanto pela altura, mas pelas condições ambientes, no entanto, ambos conseguiram transpor o paredão e alcançaram o topo nevado do Monte Everest. 

Edmund Hillary e Tenzin Norgay, os dois primeiros homens a chegar ao topo do Everest. 

Hillary e Norgay tiraram fotos, colocaram uma bandeira, deixaram presentes e contemplaram uma visão vista por poucos. Apesar de mais de dois meses de expedição, ambos permaneceram somente alguns minutos ali em cima, devido ao vento e o ar rarefeito. Hillary começou a ter tonturas por conta disso. 

Usando-se o telégrafo a notícia de que dois alpinistas conseguiram realizar a façanha de chegar ao topo da montanha mais alta do mundo começou a ser espalhada em 30 de maio. Hillary, Norgay, Hunt e outros membros da expedição ganharam medalhas e presentes o governo britânico, nepalês, indiano e de outros povos. Com o sucesso da expedição de 1953, escalar o Everest não era impossível, dessa forma, novas expedições ocorreram desde então.

NOTA: O paredão rochoso que Hillary e Norgay escalaram para atingir o topo é chamado de Degrau de Hillary e mede cerca de 12 metros. 

NOTA 2: Segundo dados oficiais, mais de 300 pessoas morreram tentando escalar o Monte Everest. 

NOTA 3: O nepalês Kami Rita Sherpa já escalou 26 vezes o Everest, sendo a pessoa que mais vezes chegou ao topo do mundo. 

NOTA 4: Em 1955, Edmund Hillary publicou um livro narrando sua jornada para escalar o Everest. 

Referências bibliográficas: 

BAND, George. Everest: 50 years on top of the World. [s.l], Mount Everest Foundantion/Royal Geographical Society, 2003. 

HILLARY, Edmund. High Adventure: The True Story, of the First Ascent of Everest. London, Houston & Stoughton, 1955. 


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