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Leandro Vilar

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Por que Fevereiro tem menos dias?

No calendário gregoriano, o qual é utilizado internacionalmente em vários países, dos doze meses, o mês de Fevereiro é o único que possui menos de 30 dias, mas nem sempre foi assim. No passado, Fevereiro chegou a possuir seu trigésimo dia em algumas ocasiões, mas acabou perdendo dois deles e ganha um vigésimo nono dia nos anos bissextos. 

O caso romano

O primeiro calendário usado pelos romanos possuía 10 meses, sendo que sete tinham 30 dias e outros três possuíam 31 dias. Todavia, nessa primeira versão do calendário, surgida supostamente durante o reinado de Rômulo (753-715 a.C), não existia o mês de Fevereiro. Sendo assim, os demais meses tinham uma duração equilibrada. Entretanto, uma reforma ocorreu anos depois.

Durante o reinado de Numa Pompílio (715-673 a.C), o segundo rei de Roma, o monarca mandou atualizar o calendário, inserindo mais dois meses, chamados Januário e Februário. Além desses novos meses, foi reformulada a quantidade de dias. Se antes a regra eram meses com 30 e 31 dias, agora passou-se para 29 e 31 dias, porém, Februário que era naquele calendário o último mês do ano, ele ficou 28 dias, sobrando o resto dos dias, por isso ser o mês menor. Sendo a primeira vez que isso foi estabelecido. Dessa forma, Fevereiro já tinha sido concebido há mais de dois mil e setecentos anos como tendo 28 dias. Mas isso mudou em alguns momentos. (LAMONT, 1919). 

O calendário romano de Numa Pompílio possuía 355 dias, dez a menos do que o calendário solar de outros povos e o atualmente usado, para corrigir isso, os romanos optaram em inserir um mês extra chamado Mercedônio, que viria entre Februário (Fevereiro) e Márcio (Março). Porém, isso gerou dias extras em alguns anos, em que houve anos com 377 a 378 dias. De qualquer forma, esse método perdurou por quase sete séculos. (LAMONT, 1919). 

Em 46 a.C durante o governo de Júlio César, foi decretado uma atualização do calendário romano para acabar com o mês extra do Mercedônio e estabelecer um calendário com 365 dias, não mais os 355 dias de antes. O astrônomo Sosígenes de Alexandria foi incumbido de fazer os cálculos e reelaborar o calendário. Dessa forma uma série de mudanças foram feitas. O começo do ano não seria mais em 1 de março, mas em 1 de janeiro. Seis meses passaram a possuir 31 dias, por sua vez, Fevereiro passou a ter 29 dias. E como a cada quatro anos havia um atraso de horas no calendário, Sosígenes decidiu criar o ano bissexto, incluindo o dia 30 de fevereiro. Assim, o calendário juliano totalizava 366 dias em anos bissextos. (LAMONT, 1919). 

Dessa forma, Fevereiro passou em 45 a.C a possuir 29 dias regulares e nos anos bissextos tínhamos o dia 30 de fevereiro. Porém, essa mudança não se prolongou. Durante o reinado de César Augusto (27 a.C - 14 d.C), o primeiro imperador romano, o monarca mandou alterar o calendário juliano em 8 d.C. O mês Sextilis foi renomeado para Augustus (Agosto) em homenagem ao imperador, além disso, tirou-se o vigésimo nono dia de Fevereiro e o colocou em Agosto, o qual passou a ter 31 dias. Assim, Fevereiro depois de cinquenta anos voltava a ter 28 dias regulares. 

O caso sueco

No século XVIII a Suécia pretendia trocar o calendário juliano pelo calendário gregoriano, o qual era o mais usado na Europa, porém, havia uma diferença de 11 dias entre os dois calendários. Assim, para tentar corrigir essa diferença o governo mandou ignorar os anos bissextos de 1700, 1704 e 1708, mas a medida deu errado, e em 1712 tivemos o dia 30 de fevereiro para corrigir o erro da mudança malfeita. O governo desistiu de alterar o calendário, somente em 1753 a mudança foi efetivada. (LAMONT, 1919). 

Calendário sueco de 1712 com 30 de fevereiro. 

O caso soviético

Em 1929 o ditador Josef Stálin ordenou a criação de um novo calendário para promover os feriados cívicos. Assim, foi proposto o projeto de que todos os meses teriam 30 dias e os cinco dias restantes seriam o tais feriados nacionais em celebração a Lênin (31 de janeiro), ao Dia do Trabalhador (1 e 2 de maio) e o Dia da Revolução (31/10 e 01/11). Esses feriados não fariam parte dos meses regulares. Dessa forma, fevereiro passaria a ter 30 dias. Entretanto, a proposta acabou sendo rejeitada por problemas de aplicação e logística. (PARRY, 1940). 

O calendário soviético de 1930 quase chegou a ter o dia 30 de fevereiro, mas a proposta foi rejeitada. 

O dia 31 de fevereiro

Neste caso, trata-se de um dia fictício. Os calendários usuais não colocam esse dia como existente, porém, é possível encontrar inscrições mencionando 31 de fevereiro. Na literatura e filmes tal data é as vezes mencionada como uma piada. Embora que foram encontrados casos de túmulos e lápides mencionado o 31 de fevereiro, porém, não se sabe ao certo o motivo. Há quem sugira que seja uma ironia, outros algo ligado a alguma crendice. Ou até mesmo uma travessura com o morto. 

Lápide de Christiana Haag, falecida em supostamente em 31 de fevereiro de 1869, aos 34 anos e 2 semanas de idade. A lápide fica situada em Ohio, nos Estados Unidos, mas naquela época o mês de fevereiro contava com seus 28 dias padrões. 
Referências bibliográficas

LAMONT, Roscoe. The Roman calendar and its reformation by Julius Caesar. Popular Astronomy, v. 27, 1919, p. 583-595.

PARRY, Albert. The Soviet Calendar. Journal of Calendar Reform, v. 10, 1940, p. 65-69. 

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