Por muito tempo a peste bubônica ou peste negra e outras enfermidades assolaram o continente europeu desde a Antiguidade até o século XIX, já na Idade Contemporânea, no entanto, o foco deste texto dirá respeito aos séculos XIV ao XVII, quando os surtos da peste negra assombravam mais rotineiramente as nações europeias causando caos e medo nas pessoas. Neste trabalho foquei não apenas os relatos daquela época sobre a peste, mas como era a concepção de seus contemporâneos sobre a peste, que motivos eles davam para que tais calamidades ocorressem, e como elas ocorriam.
No século XIV a Europa presenciou o auge dos surtos da peste bubônica, uma doença causada pela bactéria Yersinia pestis, transmitida por pulgas, principalmente encontradas nos ratos pretos, que viviam nas cidades. A peste negra teve sua origem na Ásia, em algum lugar próximo as fronteiras da China, e se espalhou pela Ásia Central, e possivelmente para a Índia e o Sudeste Asiático. Devemos nos lembrar que nesta época a Rota da Seda ainda estava em pleno vigor, e era uma das vias mais extensas e principais do continente asiático, que ligava o Extremo Oriente ao Mar Mediterrâneo. Através dos animais, principalmente de ratos e de seres humanos infectados, a peste negra chegou a Europa e se alastrou por esta. Devemos ter em mente que os hábitos higiênicos pessoais e públicos eram bem precários, e isso facilitou a proliferação da doença nas cidades e posteriormente nos campos.
"A peste bubônica caracterizava-se pelo aparecimento de gânglios muitos inchados (bubões) nas virilhas, no pescoço e nas axilas, associadas a febre elevada que ocasiona confusão mental ou delírio, calafrios, dores difusas e vômitos". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998, p. 4579).
A peste também poderia atacar os pulmões, provocando asfixia, cianose e tosse com sangue, problemas respiratórios que poderiam levar a uma parada pulmonar. Devido a alta proliferação da bactéria, a doença era transmitida pelo ar entre os humanos, através da tosse, saliva e espirro. Sem tratamento a doença levava a morte em poucos dias, mais a frente, veremos que relatos na época diziam que a peste levava a morte em poucas horas.
Pelo fato de não se conhecer nesta época antibióticos, a doença vitimou dezenas de milhões de vidas por toda a Europa, chegando ao ponto de que alguns estudiosos indicam que pelo menos um terço da população europeia tenha perecido.
A praga de Azoth (Die Pest von Azoth). Nicolas Poussin. 1630-1631.
"Em 1347, atingiu Constantinopla e Gênova e logo toda a Europa, de Portugal e da Irlanda a Moscou. As devastações da 'morte negra' estenderam-se pelos anos 1348-1351, eliminando, assegura Froissart, 'a terça parte do mundo'". (DELUMEAU, 1998, p. 107).
"Em 1359, ei-la na Bélgica e na Alsácia; em 1360-1361, na Inglaterra e na França. Em 1369, ela ataca novamente a Inglaterra, depois devasta a França de 1370 a 1376, para passar mais uma vez para além da Mancha. A Itália não estava mais bem aquinhoada". (DELUMEAU, 1998, p. 107).
Nos séculos XVI e XVII a peste ainda continuava a ceifar muitas vidas, atacando locais como Londres, Veneza, Milão, Marselha e e vários locais da Espanha.
Mapa da Europa com os locais onde a peste negra ocorreu durante o século XIV. Clique no mapa para ler a legenda.
"Segundo os historiadores britânicos, a Inglaterra teria sido amputada de 40% de seus habitantes entre 1348 e 1377 (tendo 3.757.000 na primeira data e 2.223.375 na segunda)". (DELUMEAU, 1998, p. 109).
Relatos de testemunhas na França, Itália, Espanha, Alemanha e em outros locais, apontam que pelo menos um terço e em alguns casos até mesmo a metade da população de uma cidade ou região, fora dizimada. Porém é evidente que em alguns relatos as testemunhas exageraram em alguns detalhes e números, mesmo assim, o índice de mortalidade causado pela peste que vai do século XIV ao XVII foi exorbitante, onde em uma única cidade centenas ou até mesmo milhares poderiam perecer em questão de poucos meses. Tal número era assombroso ainda mas pelo fato que as cidades europeias eram pequenas, tendo populações entre 10 a 50 mil habitantes, as vezes mais. No entanto, deparar-se com uma doença que em um mês matava 1% da população da cidade, era algo horrendo e impensável na época.
Tal fato era tão alarmante que as pessoas viviam constantemente sob o medo de que um surto de peste viesse a surgir. Devemos lembrar que os surtos duravam poucos meses ou em alguns casos, um ano ou até mesmo dois anos, mas depois passava-se alguns anos sem ter sinais da peste, algo que o historiador Jean Delumeau em seu livro A história do medo no ocidente apontou que estes ciclos de infecção, ocorriam pelo menos a cada nove ou oito anos.
Mas, neste meio tempo, o medo ainda era vivo entre aqueles que sobreviveram, testemunharam os horrores destes tempos, ou perderam parentes e amigos por causa desta enfermidade. Ninguém estava a salvo desta misteriosa doença que aparecia de repente e sumia da mesma forma misteriosa que aparecera. Como seria que as pessoas daquela época entendiam a peste? Que respostas elas davam para aquelas epidemias, para aquela calamidade? Sobre isso veremos a seguir.
Como bem se sabe, a Idade Média e até mesmo a Idade Moderna fora marcada pela influência do cristianismo, seja em sua forma católica, ortodoxa, luterana, anglicana, calvinista, etc. Todos estes expressavam a fé em Cristo e em Deus, logo a ocorrência da peste por toda a Europa, passou a ser interpretada por alguns como sendo um acontecimento divino.
Uns vinham na peste os atos maléficos de Satã e seus demônios, que espalhavam a calamidade pelos homens, trazendo dor, sofrimento e morte. Em alguns relatos, algumas pessoas sugerem que a peste era causada por uma nuvem escura que saía das profundezas da terra, possivelmente do próprio Inferno, e infectava a todos em seu caminho. Outros diziam que a peste era como um incêndio que se alastrava pela terra e pelo céu, que demônios eram vistos conduzido as chamas. Que tal calamidade era trazida pela própria Morte.
A Praga (The Plague). Arnold Böcklin. 1898.
"Um religioso português do século XVII, evocando por sua vez a peste, descreve-a como um 'fogo violento e impetuoso'". (DELUMEAU, 1989, p. 113).
"É ainda descrita, como um dos cavaleiros do Apocalipse, como um novo 'dilúvio', como um 'inimigo formidável'". (DELUMEAU, 1989, p. 112).
Talvez a ideia de que a peste fosse um "incêndio" advenha do fato que quando uma cidade estava infectada se acendiam fogueiras purificadoras nas encruzilhadas, a fim de espantar os maus espíritos que causassem a peste, e além disso, queimavam-se as roupas e pertences dos cadáveres. Em alguns casos, casas também poderiam ser queimadas.
Em contra partida, se alguns apontavam que a peste poderia ser um ato de Satã ou de seus seguidores, alguns defendiam que a peste poderia ser um ato de Deus.
"Cleros e fiéis, vendo a Peste Negra e aquelas que a seguiram ao longo dos séculos como punições divinas, assimilaram naturalmente os ataques do mal aos golpes mortais de flechas lançadas do alto". (DELUMEAU, 1989, p. 113).
Pinturas e afrescos do século XV e XVII nas igrejas retratam imagens de Deus, Jesus, de santos e anjos atirando flechas ou lanças "envenenadas" com a peste sobre as cidades. Uma das explicações para isso, era que a peste era um ato de punição de Deus aos homens pelos seus pecados, tal como foi o Dilúvio. Sendo assim, muitos religiosos culpavam os pecadores pela calamidade que era a peste, com isso a Igreja começou a incentivar a penitência religiosa e os atos de boa fé, para tentar redimir-se da ira de Deus.
Nesta época a seita do Flagelantes ganhava mais adeptos em algumas partes da Europa. Os flagelantes viam na punição corporal uma forma de se redimir de seus pecados, a fim de conseguirem através do sofrimento sua aceitação no Reino dos Céus. Se por um lado, isso possa parecer um exagero de fanáticos religiosos, outros diziam que a peste era causada pela infelicidade das pessoas.
Dois flagelantes, numa gravura do século XV. |
De fato tais ideia trouxeram mais problemas. Em alguns lugares os juízes, prefeitos, autoridade públicas, etc., ordenaram que festividades fossem realizadas a fim de se manter longe o perigo da peste, porém algumas pessoas não acreditando que isso adiantaria, decidiram aproveitar o máximo de seus últimos dias de vida, caindo em bebedeiras e orgias, largados a embriaguez, a devassidão, a baderna, etc. Isso levou as autoridades a repensarem nas medidas tomadas, e até mesmo uma forte crítica por parte dos religiosos criticando estes atos pecaminosos, que contribuiriam para a vinda da praga.
"[Para outros], entregar-se francamente à bebida como os prazeres, dar volta à cidade divertindo-se, e uma canção nos lábios, conceder toda satisfação possível às suas paixões, rir e gracejar dos mais tristes acontecimentos, tal era segundo suas palavras o remédio mais seguro contra um mal tão atroz". (DELUMEAU, 1989, p. 127).
Se por um lado o dilema entre a felicidade e o excesso representavam problemas para se combater este mal atroz, outros acabavam partindo para um caminho diferente. Ao invés de tentar se alegrar, ou de cair na devassidão, ou se manter em orações, algumas pessoas perante a tanta desgraça, acabavam enlouquecendo e outras chegavam a cometer suicídio.
"O desespero e o abatimento, contudo, levavam alguns para além do fatalismo. Um se tornava 'lunático' ou 'melancólico', outro sucumbia ao desgosto após o desaparecimento dos seus, aquele morria de medo, outro ainda se enforcava". (DELUMEAU, 1989, p. 129).
Escritores desta época enfatizavam de forma exagerada e cruel tais realidades. Histórias se espalhavam pelas cidades que ainda não haviam sido infectadas pela peste, levando medo aos seus habitantes. Dizia-se que num dia você poderia acordar bem, tomar o desejum e ir trabalhar, voltava para o almoço, mas no cair da noite, você já não estaria mais para o jantar, já que a peste havia lhe levado. Outros relatos mais macabros, diziam que em alguns lugares as pessoas passaram a dormir em covas, aguardando a morte eminente. O número de mortos também era um problema, já que se exageravam na quantidade de vítimas. Como se pode notar no relato do monsenhor de Belsunce (França) ao arcebispo de Arles (França).
"Tive muita dificuldade em mandar retirar cento e cinquenta cadáveres semiputrefatos e roídos pelos cães, que estavam à entrada de minha casa e que nela se punham a infecção, de maneira que me via forçado a ir morar em outro lugar. O odor e o espetáculo de tanto cadáveres de que as ruas estão cheias impediram-me de sair há um bom número de dias, não podendo suportar nem um nem outro. Pedi um corpo de guarda para impedir que se ponham mais cadáveres nas ruas à minha volta". (DELUMEAU, 1989, p. 129).
O Triunfo da Morte (The Triumph of Death). Pieter Bruegel. 1562.
Nos séculos XVI e XVII, em algumas cidades as pessoas passaram a sair de casa quando fosse preciso, portando armas de fogo ou armas brancas, para que se encontrassem algum enfermo o mantivessem longe ou o matassem.
"Em Milão, em 1630, alguns só se aventuram na rua armados de uma pistola graças à qual manterão a distância qualquer pessoa suscetível de ser contagiosa. Os sequestros forçados acrescentam-se ao encerramento voluntário para reforçar o vazio e o silêncio da cidade". (DELUMEAU, 1998, p. 122).
Mas, deixando este lado de efervescência religiosa, onde Satã ou Deus eram os culpados por tal calamidade, havia outros motivos que apontavam a origem da peste. Como já fora visto, o fogo era uma destas sugestões, assim como também o ar poluído e os gases do subterrâneo, mas além destes supostos motivos, estava também a ideia de que a aparição de cometas eram vistos como sinais de perjúrios, e dizia-se que se um cometa fosse visto sobre uma cidade, algo de ruim poderia acontecer. Em alguns casos que isso ocorreu, a população entrou em pânico, crendo que a peste poderia chegar logo.
Em contra partida, alguns alegavam que a peste era na realidade disseminada por determinadas pessoas, com isso passou-se a se perseguir os judeus, ciganos, e quaisquer estrangeiro misterioso, acreditava-se que estas pessoas traziam a peste consigo. Não obstante, os próprios mendigos, vagabundos, leprosos e outros párias da sociedade foram acusados de envenenar a água, o ar, os alimentos e espalhar este mal.
Quando se diz envenenar era isso que se tinha em mente na época, a peste poderia ser um tipo de veneno. Assim, estes indivíduos foram perseguidos, mortos, queimados, etc. Por outro lado, também surgiu a ideia que a peste tinha origem em um determinado local e era transmitida pelos viajantes daquele lugar, não sendo necessariamente por judeus ou ciganos.
"Em 1596-1599, os espanhóis do norte da península Ibérica estão convencidos da origem flamenga da epidemia que os acomete. Ela foi trazida, acredita-se, pelos navios vindos dos Países Baixos. Na Lorena, em 1627, a peste é qualificada de 'húngara' e em 1636, de 'sueca': em Toulouse, em 1630, fala-se da 'peste de Milão'". (DELUMEAU, 1989, p. 141).
Mas, após ver tudo isso ainda fica uma pergunta no ar, ninguém fazia nada para se tratar dos enfermos, ou tomar medidas higiênicas e de controle sanitário para se evitar ainda mais a proliferação da doença? A resposta é sim e não.
Nessa época os cuidados higiênicos e com a saúde ainda eram precários, as ruas era estreitas, havia lixo acumulado por estas, dejetos humanos eram jogados pelas janelas, em muitas das cidades não havia esgotos por mais rústico que fosse, animais andavam, dormiam e se alimentavam pelas ruas, era uma verdadeira imundice, e não é por exagero meu. Até o século XIX muitas das grandes cidades do mundo viviam estes problemas; Nova York, Londres, Madrid, Paris, Roma, Berlim, etc. Até mesmo aqui no Brasil, na então capital imperial, o Rio de Janeiro, vivenciou surtos de cólera, febre amarela, dengue, peste espanhola e outras doenças ao longo do século XIX e começo do XX, devido aos problemas de saneamento.
Assim, tais problemas eram generalizados nas cidades do fim da Idade Média e ao longo da Idade Moderna. Mas, se por um lado a imundice facilitava a proliferação de ratos e com estes as pulgas que transmitiam a peste bubônica, e outras doenças, neste época não existia antibióticos, a penicilina só seria descoberta no século XX. Os tratamentos médicos da época era precários se compararmos a outros momentos da história, fato este que a medicina romana e grega da Antiguidade em alguns momentos eram mais sofisticadas do que a medicina medieval e moderna. Não obstante, só havia dois meios de tratar esta doença, um vinha do meio religioso através das orações, e o outro era se submeter aos tratamentos médicos da época. Uma última escolha, seria fugir o quanto antes e para o mais longe possível.
Além das orações, havia também o uso de amuletos, medalhões que supostamente dariam proteção contra a peste. Como fora dito anteriormente, espalhou-se o boato que a peste, seriam flechas lançadas por demônios ou por Deus e seus anjos, logo, as pessoas passaram a utilizar medalhões, amuletos que contivessem a imagem de São Sebastião ou de São Roque, santos que foram mortos com flechadas. Assim, eles invocavam a proteção dos santos para se proteger da doença.
Não obstante, fora dos meios religiosos, as medidas tomadas pelos agentes fiscalizadores e pelos médicos para se conter a propagação da doença, visava o uso do fogo de purificação, como fora assinalado anteriormente. Além disso, havia a coleta dos cadáveres e seu enterro em covas coletivas ou cremações. Objetos e roupas dos enfermos eram queimados juntos, ou purificados de outras maneiras. Em alguns casos, matavam-se animais, como cães, gatos e porcos, pois acreditavam que também pudessem está infectados, ou fossem vetores da doença, que de fato não era mentira, pois, as pulgas não ficam apenas em ratos.
Outro problema em vista, estava na elaboração de um cordão sanitário, de se isolar as áreas infectadas, mas isso era um problema naquela época devido a falta de procedimentos mais higiênicos, e até mesmo de organização e cooperação da sociedade. Em algumas cidades fora decretada a suspensão das vendas no mercado e do comércio, mas os comerciantes contra atacaram, dizendo que isso prejudicaria não apenas eles mas a própria população, em meio a este dilema, muito pouco se fora feito. Não obstante, do que se dizer da vestimenta dos médicos durante a Idade Média, e até mesmo depois, nos trajes como este exibido na imagem ao lado, utilizados em épocas de epidemia? Como não bastasse o medo já ocasionado pela doença, até mesmo os médicos e funcionários que assim se vestiam dava medo em quem passasse. Tais trajes eram chamados de traje-médico bico (beak doctor costume). A estranha máscara em forma de bico de pássaro, servia como uma espécie de máscara contra gases que utilizamos hoje em dia. Os olhos desta máscara eram feitos de vidro, e seu bico era utilizado como uma espécie de respiradouro, onde os médicos punham algumas ervas, nas quais supostamente os protegeriam contra a doença. Tais vestimentas ainda continuaram a serem usadas até mesmo no século XVII, como descreveu Galileu Galilei.
Por fim, a peste bubônica ainda não foi erradicada totalmente, em alguns lugares da África e da Ásia, ela ainda traz a morte, no entanto, em um número bem inferior ao que fora no passado, já que hoje temos antibióticos para combatê-la. A peste negra fora uma das maiores pandemias conhecidas na história, vitimando milhões de vidas na Europa e tantas outras pela Ásia e pela África.
NOTA: A penicilina foi descoberta acidentalmente em 1928 pelo médico e bacteriologista inglês Alexander Fleming.
NOTA 2: Napoleão Bonaparte em 1799, visitou um hospital com vítimas da peste na cidade de Jaffa (na atual Israel). Napoleão fez isso para exaltar sua coragem perante seus homens, e dar consolo aos soldados que estavam doentes.
NOTA 3: A máscara bico dos trajes-médicos bico, passou a ser utilizada como uma alegoria do carnaval de Veneza a partir do século XVII.
NOTA 4: Na historiografia de tradição inglesa, a peste negra é chamada de black death ("a morte negra").
NOTA 5: Além da peste bubônica, outras doenças epidêmicas como a cólera, tifo, varíola, sudâmina, disenteria, a gripe pulmonar e a gripe espanhola assolaram a Europa desde o século XIV até o século XX.
NOTA 6: Alguns historiadores falam que 75 milhões foram o número de vítimas da peste negra na Europa. Apesar de hoje ser considerado um número excessivamente alto, preferindo uma taxa entre 20 a 30 milhões.
NOTA 7: O filme Morte Negra (Black Death) de 2010, tem como plano de fundo o contexto da peste negra e da bruxaria na Inglaterra medieval do século XIV. No filme, uma parte da população acredita que a peste fora uma praga enviada por Deus, outra parte acredita que a praga fora enviada pelo Diabo. No entanto, o foco do filme é o fato de que um vilarejo estaria livre da praga, pois supostamente um necromante ou uma bruxa e quem teria disseminado a praga.
Referências Bibliográficas:
DELUMEAU, Jean. A história do medo no ocidente. São Paulo, Companhia das Letras, 1989. (Capítulo 3: Tipologia dos comportamentos coletivos em tempo de peste).
Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 19. São Paulo, Nova Cultural, 1998.
Parabéns pela postagem... achei fantástico!!! mostra quão História e Biologia são indissociáveis...
ResponderExcluirNos estudos históricos existe o ramo da saúde, que estuda as doenças, a história da medicina e das práticas higiênicas.
ResponderExcluirNo que diz respeito a biologia, as menções acima, focam principalmente a biologia humana, já a biologia animal e vegetal são assuntos mais complicados de se abordar no estudo da História, mas não são impossíveis.
Há historiadores que estudam o impacto das ações humanas nos ecossistemas, a domesticação de animais e plantas, e como isso contribuiu para moldar aspectos de diferentes sociedades.
Existem também estudos que abordam a história das teorias evolucionárias, assim como, as teorias raciais humanas, bastante vigentes no século XIX e começo do XX.
Enfim, a possibilidade de estudar história com auxílio da biologia, é possível e possuis vários caminhos.
Por que a peste negra não matou todos? Por que a maioria (2/3) resistiu? O que freou a velocidade da doença?
ResponderExcluirClayton sua pergunta é bastante pertinente. Não poderei te dar uma resposta bem explicada, pois desconheço mais a fundo as formas de combate a peste negra. Todavia, posso lhe indicar alguns motivos.
ResponderExcluirPor mais que as pessoas da época desconhecessem o verdadeiro vetor transmissor da peste, as medidas profiláticas, como queimar os corpos e limpar as ruas, contribuiu para reduzir o risco que a doença se espalhasse ainda mais.
Segundo, a peste não durava muito tempo, ocorria o surto e depois de alguns dias ou semanas, ela sumia.
Terceiro, o organismo humano embora seja igual para cada pessoa na maioria das vezes, cada ser humano possui imunidade diferente do outro, logo, alguns eram mais resistentes a doença do que outros. Por exemplo, em uma família, necessariamente nem todos acabariam morrendo.
Além disso, a peste matava massivamente, pelo principal fato de não se saber como tratá-la. Algumas pessoas que receberam tratamentos alternativos na época, tiveram maiores chances de resistir.
Quarto, a peste negra era causada por uma bactéria, o organismo humano tem maior probabilidade de resistir a bactérias do que a um vírus, o qual possui uma taxa de mutação mais rápida, podendo se alterar mais velozmente e assim, tornado-se mais resistente e mais letal.
Pesquisa e texto bem feitos e claros.
ResponderExcluirEu ainda queria saber mais sobre os médicos da peste: eram, as máscaras de bico com ervas dentro, eficientes?
Rodrigo não sei te dizer se as máscaras ajudavam em algo, pois acreditava-se que uma das formas de transmissão da peste negra seria através do ar, daí os médicos com traje bico usarem tais máscaras na tentativa de se proteger. Todavia, a peste negra não é transmitida pelo ar como foi apontado, então na prática, a máscara não tinha utilidade propriamente contra isso, mas o traje poderia ajudar a proteger o médico contra germes e bactérias, já que estamos falando de pessoas que ficavam moribundas e de cadáveres expostos nas ruas.
ResponderExcluirÓtimo artigo, esclareceu bastante a questão sobre a peste negra.
ResponderExcluirUnknown não vejo nenhum comentário com o pseudônimo Potiguara Soul. Tem certeza se você já não o excluiu?
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