Museologia: correntes teóricas e
consolidação científica
Dr. Carlos Alberto Ávila Araújo
1 Antecedentes
A Museologia como campo de
práticas e conhecimentos tem uma história milenar, embora sua constituição
científica seja recente, com início há pouco mais de um século, e ainda em
processo. Diferentes conhecimentos foram produzidos oriundos de diversos campos
de aplicação prática ou disciplinas científicas, conformando um quadro plural e
disperso. Muitos autores têm se dedicado a traçar um panorama desses
conhecimentos, gerando diferentes agrupamentos. Mairesse e Desvallés (2005),
por exemplo, apresentam cinco fases da “breve história da Museologia”, marcadas
por fatos como a obra de Quiccheberg (publicada em 1565), a aparição do termo
“museologia” no século XIX, o nascimento do International Council of Museums
(ICOM), o surgimento da Nova Museologia e, por fim, o fenômeno do museu virtual
com a internet.
Já Gómez Martínez (2006) constata
a existência de “duas” museologias: uma “mediterrânea”, que tem como modelo de
inspiração o Musée du Louvre, e outra “anglo-saxã”, construída sob a
influência do British Museum. Bolaños (2002), tratando especificamente
da realidade do século XX, apresenta três grandes momentos da Museologia,
embora advirta que essas delimitações não possam ser tomadas de forma muito
rígida. Essas três fases seriam a pesada herança vinda do século XIX
(1900-1935), as décadas obscuras (1936-1967) e a mundialização do museu, com
sua expansão para todos os contextos (1968-2000).
O objetivo deste artigo é
contribuir para os esforços de sistematização do conhecimento produzido na Museologia,
a partir dos resultados de uma pesquisa que buscou identificar as diferentes
perspectivas teóricas que se manifestaram no campo. Com isso, pretende-se
também contribuir para o debate sobre o efetivo estatuto da Museologia como
disciplina científica, temática essencial para o campo (STRÁNSKÝ, 2008),
correlacionando essa discussão com o desenho teórico aqui apresentado.
A referida pesquisa
realizou-se por meio de uma perspectiva epistemológica. Buscou-se, num primeiro
momento, a partir de uma busca na bibliografia em língua inglesa, francesa,
espanhola e portuguesa, obras e autores que apresentassem algum tipo de
sistematização teórica do campo da Museologia. As sistematizações encontradas
(como, por exemplo, as de Mairesse e Desvallés, de Gómez Martínez ou de
Bolaños, citadas acima) foram confrontadas em busca da verificação daquelas que
apareciam mais vezes, ou com mais consistência, no conjunto das obras
identificadas. A partir daí, buscou-se promover uma sistematização dos autores,
teorias e conceitos encontrados, por meio da sua filiação ou aproximação com as
diferentes “escolas de pensamento” que perpassam as várias ciências humanas e
sociais.
Para a sistematização da
vasta e dispersa produção teórica encontrada, promoveu-se um agrupamento em quatro
eixos, que representam quatro grandes perspectivas de estudo. Deve-se
ressaltar, contudo, que não se deve pensar nesses eixos como fronteiras
rígidas, nem o pertencimento das teorias e autores a apenas um dos eixos apresentados.
Como em toda sistematização, algumas vezes certos aspectos são privilegiados e
outros descartados, como é o caso de teorias ou ideias que foram “classificadas”
em um eixo, mas que dialogam também com ideias de um outro, ou as várias
“subfiliações” a outras perspectivas teóricas.
Durante a execução da
pesquisa, percebeu-se a necessidade de se considerar algumas realidades
históricas que proporcionaram e condicionaram as primeiras obras e tratados,
que formaram um conjunto de pressupostos que sedimentaram um primeiro modelo de
Museologia. É esse trabalho que constitui a primeira parte apresentada neste
texto. A seguir, são identificadas e discutidas determinadas contribuições
teóricas, agrupadas nos quatro eixos mencionados, que apontaram para a
superação do primeiro modelo formulado, indicando alguns de seus limites e reivindicando
novas formulações. Por fim, são apresentadas algumas perspectivas contemporâneas
de construção de conhecimentos no campo da Museologia, incorporando questões
levantadas pelas perspectivas mencionadas.
2 Do colecionismo à
museografia
De acordo com Duarte, “a
conscientização de um sentido museológico estará inerente ao próprio ser humano
na medida em que, desde tempos ancestrais, o homem pratica uma recolha de
materiais diversos pelas mais diversas razões” (2007, p. 27-28). Assim, a ideia
de musealidade, antes até do que a de museu, mistura-se à ação humana de
intervir na realidade (natural e humana), reconhecendo nela objetos e elementos
a serem guardados, colecionados, exibidos, atribuindo significados a estes objetos.
O termo “museu” vem do grego mouseion, também usado na época romana como
museum, que designava o templo dedicado às Musas – as nove divindades filhas
de Zeus, segundo a mitologia grega.
À ação humana, simbólica,
soma-se a constituição de uma instituição específica, um local físico, um
conjunto de procedimentos. O legado da Antiguidade Clássica e da época romana
se expressa tanto pela ação do colecionismo (a ação humana de
selecionar, entre os diversos “objetos” da realidade - tanto os produzidos pelo
ser humano como aqueles existentes na natureza - alguns para serem guardados,
preservados e/ou exibidos, a partir de seu valor estético, histórico, político
ou mesmo exótico, de raridade) como pela instituição museu.
O termo “museu” ressurgiu
com o Renascimento, para descrever as coleções de arte como a de Lorenzo de
Médici, em Florença (WOODHEAD; STANSFIELD, 1994), e foi com ele, a partir do
século XV, que apareceram os primeiros traços efetivos daquilo que se poderia
chamar de um conhecimento teórico específico em Museologia, com a publicação
dos primeiros tratados relativos aos museus, como os de Quiccheberg, Comenius e
Camilo (MAIRESSE; DESVALLÉS, 2005). Renasceu, nessa época, o interesse pela
produção humana, pelas obras artísticas, filosóficas e científicas – tanto as
da Antiguidade Greco-Romana como aquelas que se desenvolviam no próprio
momento. Salientou-se assim o interesse pelo culto das obras, pela sua guarda,
sua preservação.
Proliferaram, entre os
séculos XV e XVII, tratados e manuais voltados para as regras de procedimentos
nas instituições responsáveis pela guarda das obras, para as regras de
preservação e conservação física dos materiais, para as estratégias de descrição
formal das peças e documentos, incluindo aspectos sobre sua legitimidade, procedência
e características. Formou-se um volume de conhecimentos normativos, mais preocupados
com o fazer do que com o conhecer, e assim “a técnica introduziu a ciência” (BAZIN
apud DUARTE, 2007, p. 30).
A produção simbólica
humana, compreendida como um “tesouro” que precisaria ser devidamente
preservado, tornou-se objeto de uma visão patrimonialista (o conjunto da produção
intelectual e estética humana, a ser guardado e repassado para as gerações futuras).
Contudo, o foco do interesse fixou-se no conteúdo dos acervos, constituindo os museus
apenas em instituições a serviço dos campos de estudo da Literatura, das Artes,
da História e das ciências. Não se construíram, neste momento, conhecimentos museológicos
consistentes (para além de algumas regras operativas muito próximas do senso
comum), mas apenas conhecimentos artísticos, literários, filosóficos ou
históricos sobre os conteúdos guardados nestas instituições.
O passo seguinte na
evolução da área se deu com a Revolução Francesa e as demais revoluções
burguesas na Europa, que marcam a transição do Antigo Regime para a
Modernidade. Operou-se uma profunda transformação em todas as dimensões da vida
humana (na política, na economia, no direito) e, dessa forma, também os museus
foram drasticamente transformados. Surge o conceito moderno de “Museu
Nacional”, que tem no caráter público (no sentido de “nacional”, relativo ao
coletivo dos nascentes Estados modernos) sua marca distintiva, e no Musée du
Louvre sua instituição paradigmática
(POULOT, 2002). São
formadas as grandes coleções, operam-se amplos processos de aquisição e
acumulação de acervos – o que reforçou a natureza custodial destas instituições.
A necessidade de se ter pessoal qualificado para os nascentes museus modernos
levou à formação dos primeiros cursos profissionalizantes, voltados essencialmente
para regras de administração das rotinas dos museus e, seguindo a tradição
anterior, para conhecimentos gerais em Artes e Humanidades (ou seja, os assuntos
dos acervos guardados). Ao mesmo tempo, os museus se inserem num quadro do
“surto de nacionalismo” com os nascentes Estados Nacionais (MENDES, 2009) e, na
esfera dos ideais de progresso e civilização, alinham-se com o conceito de
cultura que, nesse momento, expressava o desejo de promover “o indivíduo
nobilitado não pelo sangue ou herança, mas pelo espírito cultivado, erudito,
superior, livre face aos costumes, às tradições arcaicas, à irracionalidade e à
religião” (LOPES, 2007, p. 12).
Por fim, com a consolidação
da ciência moderna como forma legítima de produção de conhecimento e de
intervenção na natureza e na sociedade, também o campo das humanidades se viu
convocado a constituir-se como ciência. Surgiram então, ao longo de todo o
século XIX, diversos manuais, como os de Rathgeber, Graesse e Reinach, que
buscaram estabelecer o projeto de constituição científica do campo dedicado aos
museus, mas ainda na vertente de uma “Museografia”, isto é, de um trabalho
técnico de descrição nos museus, na linha inaugurada por Neickel em 1727 (MAIRESSE;
DESVALLÉS, 2005).
O modelo de ciência então
dominante, oriundo das ciências naturais, voltado para a busca de regularidades
e desenvolvimento de instrumentos técnicos para intervenção na natureza, se
expandiu para as ciências sociais e humanas através do Positivismo. Esse modelo
inspirou as pioneiras conformações científicas da área, que privilegiou os
procedimentos técnicos de intervenção: as estratégias de inventariação, descrição,
ordenação e exposição dos acervos museológicos. É nesse sentido que a primeira
conformação científica do campo aproxima-se mais da noção de museografia:
um conjunto de práticas, de técnicas, a serem aplicadas junto aos acervos
guardados nas instituições museais.
Foi por meio desse
movimento de consolidação positivista que se promoveu, contudo, a “libertação”
da Museologia das outras disciplinas das quais ela era apenas um campo auxiliar
(as Artes e a História, sobretudo). Houve uma relativa autonomização, abrindo
caminho para a construção de um campo científico específico dedicado aos
museus. Esse movimento foi reforçado nos anos seguintes com a criação das
primeiras associações profissionais (a primeira foi a Museum Association
criada em Londres, em 1889) e a atuação dos movimentos associativos - que
levaram à criação do Office International des Museés (OIM), em Paris, em
1926 (MAIRESSE; DESVALLÉS, 2005).
Mais do que oposições, os
três movimentos acima destacados se somam. A perspectiva custodial
renascentista voltou-se para os “tesouros” que deveriam ser preservados, ressaltando
a importância da produção simbólica humana. A entrada na Modernidade enfatizou
as especificidades da instituição museu, que deveria ter estruturas organizadas
e rotinas estabelecidas para o exercício da custódia. E a
fundamentação positivista
deu mais ênfase às técnicas museográficas a serem utilizadas para o correto
tratamento e exposição do material custodiado. Constituíram-se assim, no século
XIX, os elementos que marcaram a consolidação de um paradigma patrimonialista,
custodial e tecnicista (SILVA, 2006) para a área. Tal modelo representa, por um
lado, a ideia de uma “ciência do museu”, isto é, voltada para o funcionamento e
as rotinas desta instituição; ao mesmo tempo, de uma área dedicada ao
“patrimônio”, ou seja, à preservação de seu acervo e sua salvaguarda para as
gerações futuras; e de uma “museografia”, isto é, das técnicas empregadas para
o tratamento do acervo acondicionado na instituição museu.
3 As diferentes
perspectivas teóricas
Desde os finais do século
XIX, portanto em plena vigência do modelo custodial e tecnicista, começaram a
ser produzidas, em diferentes contextos, diversas reflexões e pesquisas sobre
os museus. Tal produção se caracterizou, sobretudo, pela diversidade. Muitos
trabalhos foram oriundos de diferentes disciplinas científicas, outros, produto
da atividade cooperativa no âmbito das associações profissionais, outros ainda,
fruto das atividades formativas na área. Alguns representam verdadeiros tratados
consolidados sobre questões gerais ou específicas do campo, outros pequenos
ensaios ou críticas, e outros reflexões sobre aplicações práticas e exemplos concretos.
Para contemplar toda essa distinta produção conforme os objetivos deste texto,
essa vasta produção foi aqui agrupada conforme a presença de certos elementos
que apontam tanto para a superação do modelo custodial/tecnicista quanto para a
reivindicação de reformulações conceituais e proposição de novos modelos.
Para contemplar esse
objetivo, estabelecido para este artigo, as diversas contribuições analisadas a
seguir foram separadas em quatro grandes grupos. Elas não representam
propriamente escolas ou correntes, no sentido de se constituírem como uma
unidade programática ou compartilharem de uma unidade teórica. São, ao contrário,
vertentes muitas vezes distintas, de contextos vários, produzidas a partir de uma
pluralidade de referenciais, mas que, em um ou outro aspecto, apresentam críticas
específicas ao modelo então hegemônico.
3.1 A corrente
funcionalista
No final do século XIX,
surgiram ensaios, manifestos e iniciativas evocando mudanças no modo de se
conceber os museus. Para Gómez Martínez (2006), tratou-se da manifestação da
perspectiva “anglo-saxã”, uma perspectiva “verbal”, voltada para a ação, que se
constituiu em oposição à tradição “mediterrânea”, tida como “nominal-substantiva”,
desenvolvida na Itália, Espanha e França, na qual os museus eram tidos como
instituições estáticas e a conservação seria um fim em si mesmo. Na visão de
Van Mensch (1995), o período que vai de 1880 a 1920, nos EUA, marcou a primeira
“revolução dos museus”, passando-se de uma preocupação centrada nas coleções
para um perfil mais dinâmico e ativo. Na análise de Mendes (2009), o que mudou
foi a hierarquia das funções do museu: no modelo “tradicional”, a função de conservar
era superior à de democratizar e tornar a coleção acessível e, na abordagem dos
museus norte-americanos, inverteu-se essa prioridade.
Essa tradição que se
originou na Inglaterra com o modelo do British Museum, desenvolveu-se de
forma mais acentuada nos Estados Unidos onde, sob forte inspiração
funcionalista, desenvolveu-se a área da Museum Education. Seus motes foram
o ideal iluminista da universalidade, isto é, do acesso a todos os cidadãos, e
o discurso da eficácia (o imperativo do retorno, para a sociedade, dos
investimentos feitos), também convoca a que se pense e problematize as funções
dos museus. A matriz funcionalista coloca na agenda de reflexões e práticas
questões sobre quais eram ou deveriam ser as funções dos museus na sociedade e
quais as barreiras e impedimentos para o cumprimento destas funções.
Em 1891, Flower defendeu a
ideia do “museu local”, isto é, um museu profundamente relacionado com a
comunidade local à qual serve, tanto em termos da sua gestão, quanto em relação
aos itens da sua coleção. O autor também defendeu a “dupla função” dos museus:
permitir a pesquisa dos estudiosos e o conhecimento geral do cidadão comum.
Assim, a cada uma das funções corresponderia certos procedimentos e certos
serviços.
Pouco depois, em 1909,
Benjamin Gilman apresentou, no primeiro encontro da American Association of
Museums (AAM), um trabalho em que começava a esboçar a ideia de um “novo
museu”, contra os princípios canônicos de constituição das coleções e das
regras de exposição, propondo, em oposição ao valor de contemplação, o valor de
uso, defendendo princípios como a simplicidade e a integração (contra a segregação).
Tal ideia foi
complementada, em 1917, por John Cotton Dana, que propôs o “novo museu” em
oposição ao “museu lúgubre”. Para ele, o museu não deveria ser construído a
partir de uma ideia fixa do que o museu deve ser (uma clara referência ao modelo
europeu calcado no paradigma do Louvre, local de adquirir raridades, curiosidades,
objetos valiosos e colocá-los num lugar para as pessoas verem), mas sim ser
responsivo à comunidade, deveria proporcionar efetivo aprendizado a partir desses
objetos, devendo atender a uma necessidade definida pela comunidade.
Em 1927, Coleman defendeu
numa reunião do OIM que os museus dos EUA eram instituições que abominavam o
isolamento social, em oposição aos europeus, para os quais o termo “coleção”
seria o descritor mais apropriado. Em vez de se voltarem para o valor das
coleções, em sua visão, os museus norte-americanos priorizavam o cumprimento de
certos objetivos, fazendo das coleções um meio para os atingir – ou seja,
estímulos para se obter determinados comportamentos e valores.
Zeller (1989) explica que,
nos EUA, os museus sempre foram entendidos como instituições educacionais,
sendo essa a principal justificativa para seus pedidos e campanhas de
financiamento. O “fundamento filosófico” dos museus nos EUA seria, justamente,
a ideia de tornar as coleções acessíveis ao público. Diversos museus firmaram
parcerias com o setor privado para, por meio de suas exposições, estimularem as
vendas de produtos decorativos, ou proporcionarem condições de estudo das artes
decorativas produzidas em outros países de forma a incrementar a produção
industrial e evitar assim os custos com importação.
Em outros casos, os museus
assumiam formalmente compromissos em formar o “bom gosto” da população,
promover certos valores como a “responsabilidade civil”, integrar comunidades
de imigrantes e até mesmo “acalmar” trabalhadores revoltosos, fazendo os retornar
à “vida produtiva” (ZELLER, 1989). Aliada ao desempenho destas funções, tal
perspectiva acabou por conduzir a uma série de inovações de ordem prática nos museus:
novos horários de funcionamento, guias mais didáticos, linguagem simples, priorização
de elementos visuais em lugar dos verbais, exposições itinerantes, maior acessibilidade
física, entre outros.
A abordagem funcionalista
acabou por se manifestar em outras realidades. Na França, desenvolveu-se após a
década de 1950, no plano teórico, com André Malraux, que propôs o seu “museu
imaginário” em oposição ao museu “necrópole”, fossilizado.
Anos depois, os museus
inseriram-se nas temáticas das políticas culturais e de engenharia cultural
(MOLLARD, 1994). No campo da prática, deu-se com a criação, em 1971, do Centre
National d’Art et de Culture Georges Pompidou, em Paris, que nasceu com a
proposta de ser um centro “vivo”, “democrático”.
No Canadá, a abordagem
funcionalista se deu com menos ênfase na ideia de educação e mais no conceito
de “comunicação”, com os trabalhos pioneiros de Cameron (1968). A ideia de que
a difusão é a função básica do museu acabou por enfatizar a ideia de
comunicação, em que emissor, canal, mensagem e receptor deveriam ser
“perfeitos” (isto é, adequados) e o ruído deveria ser eliminado (ROSAS, 1994).
A partir da década de 1980,
com as tecnologias digitais, revitalizou-se a perspectiva funcionalista, com as
possibilidades de acesso remoto, interatividade e design de exposições, com
manifestações em várias escolas e correntes como, por exemplo, no grupo de
pesquisadores ligados à Universidade de Leicester (Merriman, Pearce, Arnold,
Hooper-Greenhill, entre outros) e, ainda no contexto inglês, com a New
Museology defendida por Vergo (1989) e outros. Outras subáreas mais específicas
da Museologia, também funcionalistas, são a dos estudos em tipologias de museus
(já que, a diferentes tipos, correspondem diferentes funções) e a de gestão de museus
a partir de estratégias de marketing, envolvendo autores como Moore e Tobelem.
3.2 A abordagem crítica
Logo na virada do século
XIX para o século XX, o impacto do pensamento crítico sobre o positivismo, a
sociedade e o ser humano começa a se manifestar no espaço reflexivo sobre os
museus. Também tendo como centro de preocupação as relações entre essas
instituições e a sociedade, desenha-se uma perspectiva calcada, sobretudo, na
denúncia de processos de dominação, de ações ideológicas ocultas por detrás de
práticas tidas como pretensamente neutras, no questionamento sobre as reais
necessidades a serem atendidas e sobre os enquadramentos culturais promovidos.
Essa abordagem se construiu tanto na crítica ao paradigma custodial/tecnicista
quanto à corrente funcionalista. Seu ponto de partida foi uma concepção da
realidade humana como fundada no conflito, na luta de interesses entre atores
em posições desiguais por condições de domínio e legitimidade – por meio principalmente
(mas não só) do conceito de ideologia.
Os museus, produto da
modernidade, passaram a ser alvo das mesmas críticas feitas a ela, inicialmente
por meio de manifestos publicados por artistas, escritores e filósofos. Entre
eles, Bolaños (2002) destaca a obra La Taberna, de Émile Zola, publicado
em 1877 (que retrata bem a dificuldade do museu para se fazer compreender e
suscitar o interesse das classes menos “ilustradas”) e El problema de los
museos, de Paul Valéry, publicado em 1923 (que apresenta o museu como “mal estar”,
espaço autoritário, sufocante, opressor).
Também Fernando Magalhães identifica
as primeiras abordagens críticas sobre os museus nesse período, destacando a
postura de Filippo Tomasi, fundador do Futurismo italiano, para quem os museus
seriam cemitérios, “verdades numa sinistra promiscuidade de tantos objetos desconhecidos
uns dos outros” (TOMASI apud MAGALHÃES, 2005, p. 16).
Contudo, o desenvolvimento
da perspectiva crítica sobre os museus teve maior incidência em abordagens mais
próximas da sociologia da cultura, buscando problematizar os vínculos entre a
ação museológica e a manutenção das hierarquias culturais. Nesse sentido,
destaca-se o trabalho pioneiro de Pierre Bourdieu, que inspirou toda uma
geração de pesquisadores voltados para estudos críticos dos museus.
Bourdieu (2007) realizou
reflexões a partir de extensas pesquisas empíricas, estudando não só um grupo
ou classe específicos, mas com foco no relacionamento entre as diferentes
classes. Também viu o papel que a cultura exerce na dinâmica social, ao apontar
a percepção de que as relações de força no ambiente social não se relacionam
apenas com uma dimensão objetiva, fruto da distribuição desigual das riquezas
econômicas, mas também possuem uma dimensão simbólica, operada por meio da
escola, das artes e das práticas culturais – e também das visitas aos museus.
Bourdieu descobriu que
existe uma ligação entre as práticas e gostos culturais e o nível de instrução
e a origem social dos indivíduos, e buscou ir além da aparente banalidade desta
constatação. Assim, buscou ver em que medida tal relação esconde o fato de que
os grupos possuem diferentes relações com a cultura, e que no quadro dessa
dinâmica se desenharia um processo pelo qual a existência em sociedade de cada
um se daria por meio de processos de distinção, de marcação de distâncias, ou seja,
as posições sociais e as práticas culturais não são dois fatores independentes,
antes se relacionam, se constituem mutuamente, conformando uma estrutura mais ampla
de relações sociais. Daí deriva o conceito de “capital cultural”, que se tornou
a base de vários estudos posteriores sobre a realidade dos museus (LOPES,
2006).
A perspectiva crítica, a
partir de Bourdieu, recoloca a questão da inacessibilidade dos museus para as
classes populares num quadro de compreensão bastante diverso da perspectiva
funcionalista, para a qual o museu deveria “elevar o nível” das massas, atuar
como elemento de “democratização” da cultura. Nessa perspectiva, a questão é
muito mais complexa, pois a prática de ir ao museu se insere como uma atividade
de distinção, cumprindo um papel na dinâmica de marcação dos lugares e das
distâncias sociais, ou seja, é apropriada como uma prática de distinção, exercendo
um papel de construção da dimensão simbólica das relações sociais.
Uma outra linha de análise
crítica se relaciona com a identificação do papel dos museus na construção
ideológica da ideia de nacionalidade. O trabalho inspirador neste campo foi o
de Anderson (2008), que examinou os vários aspectos por detrás da nação como
projeto de uma “comunidade imaginada” e os vários mecanismos de construção
desse projeto – sendo os museus um destes mecanismos.
No campo das iniciativas
práticas em museus, Hooper-Greenhill (1998) aponta alguns exemplos
significativos de como a história sempre foi um terreno de disputa e conseguir
escrevê-la, sinal de domínio – e o papel dos museus nesse processo. Um deles
ocorreu na África do Sul, onde os negros, após a queda do regime do apartheid,
buscaram desmontar algumas falácias apresentadas nos museus, como a de que os brancos
e negros haviam chegado ao mesmo tempo à África do Sul, ou de que apenas a
população negra era tomada por guerras e disputas tribais (HOOPERGREENHILL, 1998).
Além disso, durante o
regime do apartheid, os objetos dos grupos de brancos estavam nos museus
de história, enquanto os objetos dos povos negros eram expostos em museus de
história natural (HOOPER-GREENHILL,1998). Outro exemplo, ocorrido no Canadá,
deu-se durante dos jogos olímpicos de inverno, em que uma multinacional do
petróleo se propôs a patrocinar uma exposição sobre um povo indígena –
justamente o povo que estava em conflito com essa empresa pelo direito à sua
terra.
Conforme a autora, em
vários lugares os museus passaram a se dar conta da força ideológica e política
de suas exposições (HOOPER-GREENHILL, 1998). A mesma autora destaca a
existência de reflexões de natureza crítica sobre a adesão dos museus a
estratégias de marketing, tendo como consequência sua submissão aos valores
comerciais, que imporiam à instituição museal a lógica do entretenimento.
Numa linha bastante
diferente, também Santacana Mestre e Hernández Cardona (2006) propõem o desenvolvimento
de uma “Museologia Crítica”. Seu objetivo é a análise das incongruências e
contradições que ocorrem no processo de intervenção operado pela Museologia
junto ao patrimônio, a partir da percepção de que, em muitos casos, a prática
museológica incide sobre o patrimônio com critérios mais ideológicos do que
científicos.
3.3 Os estudos sobre os
visitantes
No início do século XX, os
estudos funcionalistas perceberam a importância de se obter dados de satisfação
junto aos visitantes dos museus. Nascidos como uma extensão desta corrente, os
estudos de visitantes foram uma ferramenta de produção de diagnóstico para o
planejamento e a otimização dos serviços e processos. Aos poucos, foram se convertendo
numa subárea com relativa autonomia. Neste processo, se afirmaram a partir da
crítica tanto aos estudos funcionalistas como aos críticos, na medida em que
ambos tendiam a ver apenas a ação dos museus sobre os indivíduos, estes tomados
apenas como seres passivos, meros receptáculos de informação.
Como argumenta Pérez Santos
(2000), os museus mudaram muito desde sua origem, saindo do fenômeno do
colecionismo, das câmaras de maravilhas, passando pelos grandes museus modernos
e chegando ao século XIX com o risco de se tornarem instituições obsoletas.
Para evitar isso, precisaram conhecer seu público para melhor dirigir-se a ele.
Para Hooper-Greenhill (1998), tratou-se de uma grande mudança dos museus: de depósitos
de objetos (orientados para as coleções) para lugares de aprendizagem (orientados
para os públicos).
Os primeiros estudos
começaram no início do século, com Francis Galton seguindo os visitantes pelos
corredores dos museus vitorianos e Benjamin Gilman estudando a fadiga e os
problemas de ordem física na concepção de exposições nos museus. Em 1928, Edward
Robinson, da Universidade de Yale, publicou o primeiro estudo sistemático de comportamento
de visitantes, centrando-se em quatro aspectos: a duração da visita, o número
de salas visitadas, o número de obras vistas em cada sala e o tempo de parada diante
de cada obra. Em parceria com Melton, realizou outro estudo sobre a influência
do desenho da exposição no grau de interesse e poder de atração.
Ainda no âmbito do grupo de
Yale, apareceram os primeiros estudos com uso de questionários, como o de
Gibson, em 1925, e o de Bloomberg, em 1929. Juntos, eles compõem o chamado
“enfoque conductual” dos estudos de visitantes (PÉREZ SANTOS, 2000). Ainda
segundo Pérez Santos (2000), nos anos seguintes, além dos estudos sobre comportamentos
das pessoas nos museus, autores como Cummings, Derryberry e Gebhard buscaram
ver o impacto das exposições sobre elas. Outros estudos continuaram os métodos
de Robinson e Melton, como o de Kearns, em 1940, sobre as trajetórias das pessoas
nos museus e o uso de folhetos; de Yashioka, em 1942, que buscou traçar uma tipologia
dos visitantes (os que fazem uma visita completa, os que saltam partes, e os
que passam mais de uma vez por certas partes) e o de Nielsen, em 1946, que
buscou analisar hábitos de fotografar por parte dos visitantes.
Uma parte considerável
destes estudos buscou traçar perfis sócio-demográficos dos públicos. O
pioneirismo neste campo foi do Pennsylvania Museum of Art que, em 1930,
buscou analisar fatores como a ocupação, moradia, motivo da visita, salas preferidas
e grau de satisfação, entre outros. Rea e Powell foram pioneiros numa área que
ganhou grande destaque na década de 1950 (PÉREZ SANTOS, 2000).
Na década de 1960, Haris
Shettel e Chanler Screven, focados na efetividade da transmissão das mensagens
no processo expositivo, buscaram verificar o sucesso dos objetivos pedagógicos
pretendidos pelos museus. Para tanto, construíram um modelo centrado nos
objetivos de aprendizagem e de mudança de conduta dos visitantes. Entre suas
várias conclusões está a descoberta de que o tempo dedicado à visita e a
motivação do visitante influenciam na quantidade de conhecimentos adquiridos
através dos elementos expositivos. Seguindo a linha inaugurada por Robinson e
Melton, eles representam a abordagem das “medidas de aprendizagem” nos estudos
de visitantes (PÉREZ SANTOS, 2000).
Nas décadas seguintes,
outras perspectivas teóricas acabam sendo desenvolvidas. Uma parte considerável
se deu numa linha cognitivista, a partir da década de 1970, desenvolvida por
autores como Eason, Friedman, Borun, Card, Moran e Newell, relacionando
conceitos como percepção, aprendizado e memória com a experiência de visitação
aos museus. A outra parte dos estudos, de orientação construtivista, iniciada
na década de 1980, expressa-se em teorias como o modelo tridimensional de
Loomis, a teoria dos filtros de McManus, o modelo sociocognitivo de Uzzell e a
abordagem comunicacional de Hooper-Greenhill, entre vários outros.
McManus buscou um
fundamento construtivista para os estudos de visitantes, criticando o modelo
behaviorista presente nos estudos condutivistas. Para ela, o ato de aprender
não é “informação entrando na mente” como “água despejada num jarro” (McMANUS,
2009, p. 63). O educando precisa se engajar ativamente com os fenômenos
apresentados a fim de construir um significado. Os visitantes constroem o sentido
ativamente e não apenas adicionam parcelas de conhecimento a estruturas já existentes.
A autora recorre aos conceitos de assimilação e acomodação de Piaget.
Na concepção dela, o método
tradicional de ensino se baseia na autoridade pessoal ou institucional do
professor e da escola, que apresentam “a verdade” com força suficiente para
ficar “gravada” a fim de que os educandos aceitem. No campo dos museus, isso
teria reflexo nos edifícios grandiosos, imponentes, e nas exposições “pedantes”,
que funcionariam na lógica da imposição de respeito, inclusive com itinerários
prescritos, com objetivos de manter os visitantes num papel passivo.
Uma parte considerável
destes estudos buscou traçar perfis sócio-demográficos dos públicos. O
pioneirismo neste campo foi do Pennsylvania Museum of Art que, em 1930,
buscou analisar fatores como a ocupação, moradia, motivo da visita, salas preferidas
e grau de satisfação, entre outros. Rea e Powell foram pioneiros numa área que
ganhou grande destaque na década de 1950 (PÉREZ SANTOS, 2000).
Na década de 1960, Haris
Shettel e Chanler Screven, focados na efetividade da transmissão das mensagens
no processo expositivo, buscaram verificar o sucesso dos objetivos pedagógicos
pretendidos pelos museus. Para tanto, construíram um modelo centrado nos
objetivos de aprendizagem e de mudança de conduta dos visitantes. Entre suas
várias conclusões está a descoberta de que o tempo dedicado à visita e a
motivação do visitante influenciam na quantidade de conhecimentos adquiridos
através dos elementos expositivos. Seguindo a linha inaugurada por Robinson e
Melton, eles representam a abordagem das “medidas de aprendizagem” nos estudos
de visitantes (PÉREZ SANTOS, 2000).
Nas décadas seguintes,
outras perspectivas teóricas acabam sendo desenvolvidas. Uma parte considerável
se deu numa linha cognitivista, a partir da década de 1970, desenvolvida por
autores como Eason, Friedman, Borun, Card, Moran e Newell, relacionando
conceitos como percepção, aprendizado e memória com a experiência de visitação
aos museus. A outra parte dos estudos, de orientação construtivista, iniciada
na década de 1980, expressa-se em teorias como o modelo tridimensional de
Loomis, a teoria dos filtros de McManus, o modelo sócio-cognitivo de Uzzell e a
abordagem comunicacional de Hooper-Greenhill, entre vários outros.
McManus buscou um
fundamento construtivista para os estudos de visitantes, criticando o modelo
behaviorista presente nos estudos condutivistas. Para ela, o ato de aprender
não é “informação entrando na mente” como “água despejada num jarro” (McMANUS,
2009, p. 63). O educando precisa se engajar ativamente com os fenômenos
apresentados a fim de construir um significado. Os visitantes constroem o sentido
ativamente e não apenas adicionam parcelas de conhecimento a estruturas já existentes.
A autora recorre aos conceitos de assimilação e acomodação de Piaget. Na
concepção dela, o método tradicional de ensino se baseia na autoridade pessoal
ou institucional do professor
e da escola, que apresentam “a verdade” com força suficiente para ficar
“gravada” a fim de que os educandos aceitem. No campo dos museus, isso teria
reflexo nos edifícios grandiosos, imponentes, e nas exposições “pedantes”, que
funcionariam na lógica da imposição de respeito, inclusive com itinerários
prescritos, com objetivos de manter os visitantes num papel passivo.
O paradigma historiográfico
e nacionalista que marcou o contexto de nascimento dos museus modernos pautou
em grande medida todos os processos de ordenamento, descrição, classificação e
exposição dos acervos museológicos (MENDES, 2009) A partir do final do século XVIII,
os museus sofreram também fortemente a influência dos ideais enciclopedistas
que buscavam levar a termo uma “taxonomia de todo o mundo conhecido” (PÉREZ SANTOS,
2000, p. 20), de forma que os modelos de classificação das ciências incidiram
fortemente sobre estas instituições.
Tanto a perspectiva
cientificista utilizada nas coleções de história natural quanto a historiográfica
dos museus de belas artes compunham um “espírito enciclopedista, classificador
e taxonômico” (DUARTE, 2007, p. 48). Conforme Marín Torres (2002), até o começo
do século XX, não houve uma grande preocupação com a questão da documentação
das coleções e com o tratamento das operações museográficas.
Assim, foi a partir do
trabalho de autores como Wittlin, Taylor, Schnapper, Roberts, Theather e
Claudel, além do impulso dado pela formação da Museum Documentation
Association, que se desenhou um campo específico de estudos em torno da
documentação museológica. As preocupações, neste momento, giravam em torno das
questões da normalização, da necessidade de ordem e controle para proporcionar
a recuperação das peças, para a produção de guias para os visitantes e também
instrumentos de pesquisa para investigadores – e, paralelamente, em garantir
que a ordenação não “matasse” o potencial artístico do museu, transformando-o
em mausoléu (MARÍN TORRES, 2002).
Parte considerável da
produção teórica da Museologia, contudo, buscou problematizar menos as técnicas
museográficas em si, em seu papel funcional dentro da instituição museu. Para
isso, deu-se uma importante mudança de perspectiva, passando-se a assumir que
“a realidade apresentada por museus é uma invenção – é o resultado de uma forma
particular de construir a realidade” (SEMEDO, 2006, p. 13) e que, assim, “os
museus não reproduzem meramente a realidade, os museus (re)definem essa mesma
realidade no contexto da sua própria ideologia e, por essa razão, devem ser compreendidos
como performers, criadores de sentido, como práticas de significação”
(SEMEDO, 2006, p. 14). O resultado disso é que “as conceptualizações dos
grandes museus do século XIX, com as suas ambições moralizadoras e disciplinadoras,
que se apresentavam como repositórios de classificações científicas do mundo
natural e humano, têm sido fortemente afrontadas nos últimos anos por novas
práticas de colecionar, de expor e interpretar” (SEMEDO, 2006, p. 19). Ainda conforme
a autora, o campo de estudos sobre a representação do e pelo museu se converteu
em um “campo de investigação fértil que tem sido explorado nos últimos anos por
alguns dos mais conceituados investigadores do campo”, tais como Lorente, Walsh,
Karp, Lavine, Duncan, Shanks e Tilley (SEMEDO, 2006, p. 20).
Hooper-Greenhill é uma das
autoras envolvidas com esta questão. Em um de seus trabalhos (1997), ela aponta
para um processo de mudança nos museus rumo a “filosofias” mais “democráticas”,
em que os museus, abertos ao escrutínio público (accountability)
passaram a rever seus critérios de classificação dos objetos, as informações a
serem disponibilizadas sobre eles, as formas de descrevê-los, por exemplo
revendo sua postura muito assentada ainda na modernidade, que promovia uma
divisão binária do “nós” e “eles”, sendo o “nós” o sujeito masculino, de classe
média e europeu, e o “outro” o restante do mundo. Pearce (1994) aprofunda essa análise,
mostrando como os museus construíram suas representações a partir de um quadro
do “nós” e “eles”, sendo o ponto de partida o homem branco cristão (o “nós”), e
a referência se afastando na direção do “outro” (árabe, indiano, negro
africano, polinésio, passando também pelo impérios antigos).
Próxima a esta abordagem
encontra-se o trabalho de Bennett (2004), que, a partir da perspectiva do governmentality
de Michel Foucault, buscou ver o papel do conhecimento e da expertise em
organizar diferenciados campos sociais. Sua análise se foca em como distintas
relações de poder são constituídas em e pelo exercício de formas específicas de
conhecimento e expertise, e nos modos como eles dão ênfase a mecanismos
e técnicas específicas para enquadrar e moldar pensamentos, sentimentos,
percepções e comportamentos – como, por exemplo, o importante papel desempenhado
pelos princípios evolucionários de classificação e exibição nos museus de
história natural, etnologia e geologia no século XIX.
No campo das aplicações
práticas de tal raciocínio, pode-se identificar, já na década de 1920 que,
entre os conservadores e planejadores de exposições, abalavam-se as “suas
compreensões da instabilidade dos vários esquemas interpretativos vigentes”
(LUTZ, 2008, p. 21).
No campo das aplicações
práticas, Bolaños (2002) apresenta vários exemplos históricos de inovações em
métodos de representação, como o historicismo radical de Dorner, os period
rooms do Museu do Prado, o enfoque multidisciplinar do Museu de Arte
Moderna de Nova Iorque, a postura antirracista do Museu Trocadero e o modelo dinâmico
do Museu de Etnografia de Neuchâtel, merecendo destaque, recentemente, a
criação de edifícios que em si mesmos constituem peças museológicas, numa perspectiva
inaugurada com o Museu Guggenheim de Bilbao.
4 Abordagens
contemporâneas: mediações, identidades e o imaterial
Os avanços mais recentes em
Museologia têm buscado agregar as contribuições das várias teorias e práticas
desenvolvidas ao longo do século XX de forma a superar o caráter limitado do
quadro teórico do modelo custodial/tecnicista. Novos tipos de instituições,
serviços e mesmo ações executadas no âmbito extrainstitucional conferiram maior
dinamismo ao campo teórico e à prática. Para superar os modelos voltados apenas
para a ação dos museus junto aos visitantes, ou apenas para os usos que os
visitantes fazem das exposições, surgiram também modelos voltados para a
interação e a mediação, contemplando as ações reciprocamente referenciadas
destes atores. Modelos sistêmicos também surgiram na tentativa de integrar
ações, acervos ou serviços antes contemplados isoladamente. A própria ideia de
acervo, ou item de coleção, foi problematizada, na esteira de questionamentos sobre
o objeto da Museologia e sobre o imaterial como objeto museológico.
Desenvolveram-se, ainda, as
tecnologias digitais, com um impacto profundo sobre os museus, reconfigurando tanto
o fazer quanto a teorização sobre o museu. Entre os diversos desenvolvimentos teóricos
e práticos no campo da Museologia que ocorreram nas últimas décadas, destaca-se
a questão dos eco-museus e da Nova Museologia. Contudo, é preciso algum cuidado
no exame destes termos, pois são usados para designar diferentes questões e,
algumas vezes, ainda confundidos um com o outro ou tomados como sinônimos.
Davis (1999) explica que o
conceito de “ecomuseu” surgiu no começo do século XX, sob o impacto das ideias ambientalistas,
com a criação dos chamados “museus ao ar livre”, que, numa perspectiva ampliada
de museu, incorporavam sítios geológicos ou naturais ao seu “acervo”. Outros
museus de natureza semelhante foram os heimatmuseums (museus dedicados à
celebração da identidade e da cultura nacionais), os museus de folclore e os
museus da vizinhança, que buscavam também musealizar espaços físicos e
contribuíram para desconstruir a ideia de museu como um prédio dotado de
objetos organizados em exposição.
Um outro sentido para o
termo foi dado no âmbito do movimento da Nova Museologia. Surgida a partir das
ideias de Georges Henri Rivière, Hugues de Varine- Bohan e Germain Bazin,
ligados à Ecole du Louvre, mas atuantes no seio do ICOM, a Nova
Museologia propôs-se a repensar o significado da própria instituição museu. Nessa
visão, os museus deveriam envolver as comunidades locais no processo de tratar
e cuidar de seu patrimônio. Como coloca Davis (1999), o termo “território” é então
utilizado para definir tanto os limites geográficos como também as conotações
dos sujeitos e comunidades que vivem no espaço, as apropriações que fazem dele.
Com isso, ressurgiu o
conceito de eco-museu, mas tomado num sentido que incorpora também as
identidades culturais e a ideia de comunidade. Van Mensch (1995) caracterizou
esse movimento como a “segunda revolução” no campo da Museologia. Mudou o
sentido de museu, de lugar de entrega de um conhecimento a uma comunidade
(transmissão), para lugar construído pela própria comunidade (veículo de expressão
de uma identidade).
A primeira expressão
pública e internacional deste movimento se deu em 1972, na Mesa Redonda de
Santiago do Chile, organizada pelo ICOM, que buscou debater a função social do
museu e o caráter global das suas intervenções. Daí surgiu a ideia do museu
integral, que deveria proporcionar à comunidade uma visão de conjunto de seu meio
material e cultural. Do ponto de vista teórico, tal noção busca propor que a relação
que o homem estabelece com o patrimônio cultural passe a ser estudada pela Museologia
e que o museu seja entendido como instrumento e agente de transformação social
– o que significa ir além das suas funções tradicionais de identificação,
conservação e educação, em direção à inserção da sua ação nos meios humano e físico,
integrando as populações na sua ação.
O movimento foi formalizado
na Declaração de Quebec, em 1984, nascendo aí o Movimento Internacional para
uma Nova Museologia (MINOM). Defendendo a participação comunitária no lugar do “monólogo”
do técnico especialista, tratou de colocar no lugar do tradicional tripé edifício/coleções/público
da Museologia uma nova rede de conceitos composta por território, patrimônio e
comunidade (ALONSO FERNÁNDEZ, 1999).
A Nova Museologia recebeu
adesão de teóricos de várias partes do mundo, como Burcaw (EUA), Van Mensch
(Europa Ocidental) e Stránský (Leste Europeu). Teve diversos desdobramentos
práticos (vários ecomuseus espalhados pelo mundo), teóricos (na direção de
novas definições da instituição museu) e no âmbito da formação (influenciando
os programas em estudos museológicos de centros como os de Brno, Leicester,
Leiden, Newark, além da própria Ecole du Louvre).
Numa linha específica,
embora próxima, foram desenvolvidos estudos tomando os museus como mediadores,
a partir da contribuição dos Cultural Studies inaugurados pela Escola de
Birmingham. Nestes estudos, defende-se a ideia de que, pela ação mediadora dos
museus, aqueles que terão sua história apresentada têm o direito de participar
dessa representação (Hooper-Greenhill, 1997).
Uma contribuição também
mais específica, mas que teve efeitos na Museologia como um todo, foi a
reflexão sobre a musealização, que “consiste na metamorfose de objectos que,
não deixando de ter valor social e cultural, adquirem outro, mais especial, com
a nova recontextualização” (MAGALHÃES, 2005, p. 12). Dessa forma, a musealização,
mais do que mero processo técnico de adquirir, documentar e exibir um objeto,
significa um “caminho que consiste em transformar objetos materiais e imateriais
aparentemente vulgares em legados históricos ou testemunhos do desenvolvimento
científico, técnico, artístico ou outro de uma determinada cultura” (MAGALHÃES,
2005, p. 12).
Fernández de Paz e Agudo
Torrico (1999) ressaltam que a discussão sobre a musealização traz uma problematização
sobre quais bens ou objetos serão musealizados, isto é, que serão destacados
como de especial significado dentro de um contexto cultural – e ainda, uma vez
realizado esse processo, de que forma eles serão interpretados na realidade
museal. Conforme os autores, essa questão começou a ser problematizada no âmbito
da Comissão Franceschini, formada em 1966 para discutir a questão dos “bens
culturais” a serem patrimonializados, tendo como desdobramento a Convenção da
Unesco em Paris, em 1972, sobre a proteção ao Patrimônio Mundial Cultural e
Natural.
Nesta nova concepção de
patrimônio, de uma só vez passou-se a considerar nas definições do interesse
patrimonial a conhecer e proteger dois terços dos componentes do entorno
cultural do ser humano: o natural (conceito modificado mais tarde para
‘paisagens culturais’ para reconhecer mais acertadamente a relação simbiótica
que se dá entre ser humano e seu entorno físico) e o etnológico (no qual se inserem
as atividades e conquistas - materiais e imateriais - que formam parte da bagagem
mais cotidiana que contribui para dotar de uma identidade diferenciada cada coletivo).
Com isso, buscou-se pôr fim
a uma dinâmica surgida com a expansão colonial européia: a desvinculação entre
objetos e sujeitos sociais, processo pelo qual os bens culturais (objetos
materiais, representações simbólicas, rituais) teriam valor em si mesmos,
desligados de quem os seguem criando e reproduzindo. A velha imagem
monumentalista do termo patrimônio histórico, nestes estudos, passou a ser reinterpretada
como patrimônio cultural, mudando a valoração dos referentes eleitos por seu
“reconhecido” valor como testemunhos de culturas desaparecidas ou por serem
obras materiais de notáveis singularidades, para uma significação a partir de sua
condição de reflexos materiais/imateriais do modo de vida e proteção histórica
de um determinado povo ou etnia - ou seja, da identidade desse coletivo.
Uma questão especial
discutida nos estudos contemporâneos em Museologia a respeito da incorporação
do patrimônio imaterial, cujos primórdios se encontram numa convenção da
Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO) realizada em Haia, em
1954 e uma versão formalizada na Convenção de Belgrado em 1980. Para a UNESCO,
o patrimônio cultural imaterial abrange “as tradições e expressões orais, incluindo
a língua como vector do património cultural imaterial; as artes do espetáculo;
as práticas sociais, rituais e acontecimentos festivos; os conhecimentos e
práticas que dizem respeito à natureza e ao universo; os saberes fazer ligados
ao artesanato” (LEAL, 2009, p. 289). Alargando seus horizontes dessa forma, a
Museologia se desloca da ênfase nos objetos para a dimensão imaterial da ação
humana e dos sentidos construídos.
Por fim, o fenômeno contemporâneo
dos museus virtuais representa uma ampla dimensão com desdobramentos práticos e
teóricos. Para Deloche (2002), a chegada da tecnologia digital à realidade dos
museus representa muito mais do que apenas uma conjuntura nova à qual se
adaptar, reformulando a própria concepção da instituição museal. Sem edifício
ou coleções, marcos institucionais tradicionais, o museu precisa oferecer novos
serviços, por meio de novas práticas e funções. Os usuários também se modificam
em termos de ações e possibilidades. Assim, a adoção de tecnologias para o tratamento
e o planejamento de exposições aproxima o museu do conceito de sistema de informação
(HIGGINS; MAIN; LANG, 1996). Têm se desenvolvido ainda estudos numa área
específica denominada “Museum Informatics”, que trata das interações
sociotécnicas que ocorrem entre as pessoas, a informação e a tecnologia nos
espaços museais (MARTY; JONES, 2008). Aliada à discussão do patrimônio
imaterial, também tal dimensão relaciona-se ao que vem sendo denominado
“patrimônio cultural digital” (ZORICH, 2010).
O conjunto de teorias
apresentadas neste tópico permite perceber como os modelos contemporâneos
representam principalmente um grau maior de abstração na compreensão do
fenômeno museal. Se o desenho das reflexões que vão do Renascimento ao século
XIX ancora-se na extrema concretude dos objetos (a instituição museu, os
acervos, as técnicas), as perspectivas desenvolvidas no século XX foram importantes
para deslocar e ampliar o eixo de preocupações (para as funções sociais dos museus,
seu papel nos tensionamentos sociais, as apropriações dos sujeitos, os efeitos de
sentido gerados por seus acervos e pelas técnicas aplicadas). É o
aprofundamento desse processo que acaba por conduzir às perspectivas
contemporâneas, mais atentas à complexidade dos fenômenos e à interrelação de
seus elementos constituintes.
5 Considerações finais
Como discutido na
introdução, deve-se lembrar que todo processo de sistematização envolve
agrupamentos, aproximações, que tendem a privilegiar certos aspectos mais
estruturais e ignorar algumas nuances ou detalhes. Assim, as mesmas teorias e
autores aqui apresentados e discutidos poderiam ser “reorganizados” de outra
forma, caso se utilizasse algum outro tipo de critério. Também outros autores e
obras poderiam ser incluídos na sistematização.
A identificação de um amplo
modelo ou “paradigma” é sempre passível de discussão, uma vez que ele não
significa uma postura exclusiva de todas as possíveis reflexões promovidas em
um campo – antes, sinaliza para um consenso, para uma forma geral, embora
aplicada sempre de maneira singular, a um conjunto amplo de teorias, ou seja, a
sistematização pode, por vezes, dar a ideia de uma linearidade ou homogeneidade
quando, na verdade, as teorias não se identificam ou se diferenciam umas das
outras assim de maneira tão clara ou absoluta.
Como, contudo, o objetivo
da pesquisa aqui relatada foi o de uma sistematização epistemológica a partir
dos fundamentos de cada teoria analisada, pode-se dizer que o
agrupamento a partir da ideia da consolidação de um paradigma (centrado nas
ideias da instituição museu, do patrimônio custodiado e das técnicas museográficas),
da superação dele e de perspectivas que apresentam alternativas a ele encontra
considerável consistência face aos resultados encontrados.
Ao mesmo tempo, e como um
fechamento da discussão, o quadro epistemológico desenhado tem um importante
significado na própria configuração do campo como disciplina científica.
Stránský (2008), em 1980, colocava o problema da identidade científica da
Museologia. Em sua visão, a área se desenvolveu, desde o século XIX, de maneira
bastante empírica e intuitiva, tratando de questões organizacionais e técnicas,
contemplando a historiografia dos museus e descrições de práticas individuais,
pouco voltadas para o descobrir – o que, quando ocorria, era sob a égide
das outras disciplinas científicas vinculadas aos museus. Mas, em sua avaliação,
gradualmente a Museologia vinha se aproximando de um estatuto científico, por
meio da qual se afastaria da prática para, em seguida, relacionar-se novamente com
ela, porém, numa nova condição.
Conforme a discussão
empreendida neste texto, parece que, de 1980 para cá, muito se avançou no campo
em direção à sua consolidação, não apenas no sentido das teorias e práticas
formuladas desde o início do século XX (agrupadas, neste texto, em quatro
eixos) como, e principalmente, pelos arranjos e reconfigurações realizadas a
partir delas nas últimas três décadas - as abordagens contemporâneas em torno
da Nova Museologia, da mediação, do patrimônio imaterial, dos museus virtuais
e, enfim, da ampliação do objeto da área do museu (sua organização, suas
técnicas e seus acervos) para a musealidade.
Como apontou Stránský (apud
DELOCHE, 2002), da mesma forma que o objeto da Ciência Política não são as
instituições políticas mas “o político”, isto é, a dimensão política de toda
ação humana, assim também vale para Museologia: seu objeto não é o museu, a
instituição, mas “o museal”, uma dimensão da ação humana presente nos mais
diversos contextos – inclusive, mas não só, no museu.
Assim, enquanto campo capaz
de abrigar e fazer dialogar distintas correntes e perspectivas teóricas, a
Museologia reafirma sua vocação não apenas de ciência, mas de uma ciência
humana e social, voltada para um objeto que só existe no âmbito da ação humana
construída socialmente.
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Olá! Eu estou jogando Assassin's Creed e estava acompanhando a história por uma postagem sua muito bem escrita, mas percebi que ele foi apagada. Se não me engano o nome era A História por trás de Assassin's Creed. Tem como repostar ou me me mandar poe e-mai? Obrigada.
ResponderExcluirritapdua@yahoo.com.br
A postagem não foi apagada. É um erro do servidor do Blogger onde parece constar que ela não existe, mas ela ainda está on-line: http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br/2011/10/a-historia-por-tras-de-assassins-creed.html.
ResponderExcluirEstou tentando corrigir esse problema.
Obrigada!
ResponderExcluir