segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O Instituto Smithsonian: arquivos e a história da ciência

O Instituto Smithsonian: arquivos e a história da ciência


Pamela M. Henson
Diretora da Institutional History Division do Smithsonian Institution Archives

Tradução de Maria Elisa Bustamante. 
Revisão da tradução José Claudio Mattar


NOTA: Os grifos foram feitos por mim, assim como a escolha das imagens, como forma de ilustrar menções feitas neste texto.


O Instituto Smithsonian é o maior complexo de museus e institutos de pesquisa do mundo. Foi fundado por um legado do inglês James Smithson (1765-1829), que deixou seu espólio para o povo dos Estados Unidos para a fundação de uma instituição, na cidade de Washington, que deveria ser chamada de Instituto Smithsonian e dedicada “ao aumento e difusão do conhecimento” (Ewing, 2007). Criado por ato do Congresso Nacional dos Estados Unidos, em 1846, o Instituto é uma “agência governamental norte-americana criada por um fideicomisso” e financiada tanto por doações privadas quanto por fundos federais.

James Smithson 
A frase vaga de Smithson, de aumentar e difundir o conhecimento, proporcionou um amplo mandato para o Instituto Smithsonian. O instituto serve como museu nacional dos Estados Unidos e desenvolve programas de pesquisa em arte, cultura, história e ciências (Oehser, 1970). Na década de 1970, começou a automação do acesso a suas pesquisas e coleções, que continua a ser seu principal foco no século XXI. Este texto apresentará ao leitor sua complexa organização e oferecerá uma visão geral de seus recursos de pesquisa.

O físico Joseph Henry (1797-1878) foi o primeiro secretário ou chefe executivo do Smithsonian, no período de 1846 a 1878, tendo dado prioridade à pesquisa básica e ao compartilhamento de informações, criando laboratórios de física, química e história natural. Ele estabeleceu um projeto de meteorologia para registrar e analisar padrões climáticos, que posteriormente levou à criação do U. S. National Weather Service (NWS).

Joseph Henry foi o primeiro secretário do Instituto Smithsonian.
Também criou o International Exchange Service (IES), um programa global de exportação de publicações de pesquisa norte-americanas para outros países e de importação de publicações estrangeiras para serem distribuídas às academias de ensino e universidades dos Estados Unidos. O IES gerou conexões, que continuam até hoje, entre o Smithsonian e instituições de estudos em todo o mundo. Na década de 1980, o IES foi desligado do Smithsonian ao ser transferido para a Library of Congress (Reingold, 2008).

O ato de criação do Smithsonian já indicava o estabelecimento de um museu nacional norte-americano como parte da nova instituição. No entanto, Joseph Henry relutava em criar o museu dentro do Smithsonian, porque achava que ele poderia consumir a doação de Smithson e relutava em aceitar fundos do governo federal. Apesar de suas preocupações, o U. S. National Museum cresceu rapidamente e foi muito apoiado pelo segundo secretário, Spencer Fullerton Baird (1823-1887), um naturalista que estimulou um programa internacional de intercâmbio de espécimes com colecionadores do mundo todo. Com fundos do governo federal, o museu se expandiu, servindo como fonte para pesquisadores, cientistas do governo e o público em geral. Com seu amplo mandato, nos 160 anos seguintes, a instituição desenvolveu uma variedade de centros de pesquisa e museus.

No final do século XIX, foi criado pelo secretário assistente Samuel P. Langley, o Observatório de Astrofísica do Smithsonian para estudar a nova astrofísica. A pesquisa deste Observatório concentrava-se no estudo da radiação solar e da constante solar – a quantidade de energia do sol que atinge a camada externa da atmosfera terrestre. Hoje, a pesquisa prioriza o sistema solar, estrelas, planetas e galáxias, o laboratório de astrofísica e astrofísica extrema, com instalações em Cambridge (Massachusetts); Amado (Arizona); Mauna Kea (Havaí); e no Chile. Em 1879, foi criado o Bureau of American Ethnology para estudar culturas norte-americanas nativas que estavam declinando rapidamente, o qual se fundiu com o Departamento de Antropologia na década de 1960. Em 1890, é aberto para o público o National Zoological Park, para condução de pesquisa, exibição e ensino sobre a fauna norte-americana que estava em processo de desaparecimento.

Uma das entradas do Smithsonian National Zoological Park em Washington D.C.
No século XX, os centros de pesquisa científicos expandiram-se para novas áreas de estudo, incluindo a conservação biológica, ecologia, biologia evolucionária, biologia marinha, oceanografia, biologia tropical e ciências dos materiais. Hoje o Smithsonian tem nove centros de pesquisa: o Archives of American Art; o Center for Folk Life and Cultural Studies; o Conservation Biology Institute, afiliado ao National Zoological Park e devotado à preservação de espécies ameaçadas; o Museum Conservation Institute, onde objetos materiais e de conservação/preservação são estudados; o Smithsonian Astrophysical Observatory; o Smithsonian Environmental Research Center, localizado junto a baía de Chesapeake, que concentra-se na ecologia da região; as Smithsonian Institution Libraries; a Smithsonian Marine Station, em Fort Pierce, Flórida, onde organismos marinhos são estudados; e o Smithsonian Tropical Research Institute, no Panamá, dedicado a biologia tropical, etologia, estudos culturais, e ciências do meio ambiente. Os centros de pesquisa estão localizados tanto nos Estados Unidos (Washington, D. C.; Cambridge, Massachusetts; Fort Pierce, Flórida; Amado, Arizona; Mauna Kea, Havaí) como fora dos Estados Unidos, em instalações no Chile, Panamá, Quênia e muitos outros locais.

Destacam-se entre as bibliotecas do Smithsonian, a Library of the History of Science and Technology (http://library.si.edu/libraries/dibner), que mantém uma coleção de muitos dos principais trabalhos da história da ciência e tecnologia, produzidos entre os séculos XV e XIX, incluindo obras sobre engenharia, transportes, química, matemática, física, eletricidade e astronomia, e a Joseph F. Cullman III Library (http://library.si.edu/libraries/cullman), com sua excelente coleção de trabalhos de história natural, incluindo dez mil volumes publicados antes de 1840 nos campos da antropologia física e cultural, etnologia, linguística norte-americana nativa e arqueologia, botânica, ornitologia, mamologia, herpetologia, ictiologia, entomologia, malacologia, e outros campos da zoologia, paleontologia, e geologia e mineralogia.

As publicações de viagens de exploração do período, dos séculos XVII ao XIX, são um ponto forte desta biblioteca, assim como a história dos museus e do colecionismo científico (Smithsonian Institution, 2012).

O Smithsonian é mais conhecido por seus dezenove museus na região de Washington, D. C. e Nova Iorque. Os museus de arte incluem o Cooper-Hewitt National Design Museum, a Freer Gallery of Art, o Hirshhorn Museum and Sculpture Garden, o National Museum of African Art, a National Portrait Gallery, a Sackler Gallery, o Renwick Museum e o Smithsonian American Art Museum.


São museus de história e cultura o Anacostia Community Museum, o Arts and Industries Building, o National Museum of African American History and Culture, atualmente em construção, o National Air and Space Museum, o National Museum of the American Indian, o National Museum of American History, o National Postal Museum, o Smithsonian Castle e o Udvar-Hazy Center.

Museus de ciência são o National Museum of Natural History e o National Zoological Park. Em conjunto, os museus mantêm cerca de 137 milhões de espécimes e artefatos, e receberam trinta milhões de visitantes em 2012. Todos os museus do Smithsonian, exceto o Cooper-Hewitt, têm entrada gratuita. Em 2012, foram apresentadas exibições itinerantes em quinhentos locais, em todos os cinquenta estados dos Estados Unidos e no exterior (Smithsonian Institution, 2012; News Room, 2013).

Em seus primeiros anos, a instituição priorizou principalmente a pesquisa científica. O museu original, o U. S. National Museum, colecionava, sobretudo, espécimes de história natural e artefatos da história da ciência e tecnologia. Os museus de arte e cultura foram estabelecidos apenas no século XX. Assim, o registro documental do Smithsonian é fortemente voltado para a história da ciência, documentando tanto as pesquisas científicas do próprio Smithsonian, quanto da história da ciência, tecnologia e medicina americanas.

No século XX, o U. S. National Museum foi dividido em National Air and Space Museum (1946), National Museum of American History (1964), National Museum of Natural History (1910), National Postal Museum (1990) e Smithsonian American Art Museum (1906). Outros foram estabelecidos pelo Congresso americano, inclusive o National Museum of African American History and Culture (2003) e a National Portrait Gallery (1962).

Alguns dos aviões exibidos no National Air and Space Museum em Washington D.C.
Em outros casos, os museus foram estabelecidos para custodiarem coleções privadas adquiridas pelo Smithsonian, em especial o Cooper-Hewitt National Design Museum (1967), o Freer Gallery of Art (1906), o Hirshhorn Museum and Sculpture Garden (1968), o National Museum of African Art (1979), o National Museum of the American Indian (1989), e a Sackler Gallery (1982) (Oehser, 1970). O National Museum of American History tem grandes coleções sobre a história da ciência, tecnologia e medicina, além de documentos sobre a história norte-americana. O National Air and Space Museum custodia a principal coleção que documenta a história da aviação e da exploração espacial, do voo de Wright ao ônibus espacial Discovery.

RECURSOS ARQUIVÍSTICOS

O Smithsonian também abriga os seguintes doze centros arquivísticos especializados em arte, cultura, história e ciência: Archives of American Art, Archives Center of the National Museum of American History, Archives of American Gardens, Eliot Elisofon Archives no National Museum of African Art, Freer-Sackler Archives, Hirshhorn Museum and Sculpture Garden Archives, National Air and Space Museum Archives, National Anthropological Archives, Human Studies Film Archives, National Museum of the American Indian Archives, Ralph Rinzler Archives do Center for Folklife, Cultural Heritage Archives e o Smithsonian Institution Archives. Todos esses arquivos possuem um catálogo comum sobre suas coleções, disponível em www.siris.si.edu.

O Smithsonian Institution Archives (SIA) (http://siarchives.si.edu/) custodia os documentos oficiais do Smithsonian Institution, os documentos de pesquisadores do Smithsonian e outros membros de sua equipe e documentos de organizações profissionais relacionadas.

Oferece serviços de referência ao público em geral, a pesquisadores e à equipe do Smithsonian Institution. O SIA mantém mais de 1.085 m3 de acervo, os quais contêm documentos institucionais, papéis pessoais e coleções especiais. Documentos oficiais oferecem uma história abrangente do desenvolvimento e das atividades do Smithsonian; seu papel na ciência norte-americana do século XIX, especialmente da história natural; o envolvimento do Smithsonian em questões culturais e sociais; e o desenvolvimento dos museus como instituições.

As coleções contêm correspondência entre o Smithsonian e cientistas brasileiros e documentam a coleção de artefatos e espécimes brasileiros. Índices automatizados e descrições em nível de coleção estão acessíveis no sítio eletrônico englobando as 4.265 coleções do Arquivo.

Um projeto do SIA e do National Museum of Natural History, o Field Book Project (http://www.mnh.si.edu/rc/fieldbooks/), catalogou cadernetas de campo de cientistas, disponíveis em http://collections.si.edu/search/results.htm?q=unit_code%3AFBR&tag.cstype=all, que estão sendo conservadas e digitalizadas para serem disponibilizadas na Biodiversity Heritage Library (http://www.biodiversitylibrary.org/). Esse projeto descreve mais de 6.600 cadernetas de campo, pertencentes a 542 coleções custodiadas no Smithsonian Institution, que documentam trabalhos de campo nas Américas do Norte e do Sul e em todo o mundo.

O National Hall é a sede do Instituto Smithsonian. Conhecido também pelo nome popular de "castelo".
A Institutional History Division (IHD) do SIA é o centro consagrado à história do próprio Smithsonian. Historiadores e a equipe oferecem informações sobre a história do Instituto para a administração e para o resto da equipe, para pesquisadores e o público em geral, além de liderarem o projeto de história oral do Smithsonian (http://siarchives.si.edu/research/oralvidhistory_intro.html). Também preparam exposições (http://siarchives.si.edu/history/exhibits), inclusive uma exposição sobre a relação do Smithsonian com a América Latina, disponível em http://siarchives.si.edu/history/exhibits/150-years-smithsonian-research-latin-america, apresentam programas públicos e publicam a história da instituição em publicações científicas e de divulgação. 

O IHD ainda recebe visitas de pesquisadores, estagiários e bolsistas de graduação e pós-graduação que realizam pesquisas sobre a história do Smithsonian, e mantém um abrangente sítio eletrônico sobre a história do Smithsonian disponível em http://siarchives.si.edu/history. O IHD também mantém um catálogo da história do Smithsonian no SIRIS (http://sirismm.si.edu/siris/sihistory.htm), que contém uma bibliografia anotada sobre a história do Smithsonian; uma cronologia de eventos importantes de sua história, com citação de fontes; uma base de dados com cerca de sete mil imagens históricas digitalizadas, com legendas e metadados detalhados. O catálogo também provê uma base de dados de documentos legais, que oferece citações dos documentos legais mais importantes que regulam o Smithsonian, e uma base de dados biográfica sobre todos os membros do comitê que preside o Smithsonian.

Informações sobre a história do Smithsonian e as coleções do SIA podem ser encontradas no blog do SIA, The Bigger Picture, em http://siarchives.si.edu/blog. Os pesquisadores interessados também podem subscrever a página do Facebook do SIA (https://www.facebook.com/SmithsonianInstitutionArchives), ou de seu Twitter (https://twitter.com/smithsonian).

O SIA tem postado conjuntos de imagens em sua página no Flickr (http://www.flickr.com/photos/smithsonian) e pedido aos visitantes que adicionem informações sobre elas no sítio eletrônico. O SIA tem ainda imagens históricas das instalações do Smithsonian no sítio HistoryPin (http://www.historypin.com/channels/view/6146388/) e recebe imagens históricas do público nestes sítio. Imagens em movimento históricas e educativas podem ser vistas no canal do SIA no YouTube em http://www.youtube.com/siarchives.

Dada sua importância na história da ciência dos Estados Unidos, não é de surpreender que o National Museum of American History tenha amplas coleções documentando a história da ciência, da tecnologia e da medicina. Seu Centro de Arquivos (http://amhistory.si.edu/archives/b-1.htm) preserva e oferece acesso a evidências documentais sobre o passado norte-americano, complementando os artefatos do Museu. O Centro de Arquivos mantém uma ampla variedade de coleções que documentam tecnologia, invenções e inovações dos séculos XIX e XX.

Tanto indivíduos quanto empresas estão documentados em áreas temáticas, entre as quais ferrovias, pianos, televisão, rádio, plásticos, marfim e equipamentos esportivos. A maior coleção é a do Western Union Telegraph Company Records, de 1840-1994. Outras coleções significativas incluem os Earl S. Tupper Papers (http://amhistory.si.edu/archives/d-8470a.htm), de 1914-1982, documentando a invenção do Tupperware; a SmartLevel Collection, de 1985-1996, que documenta a história da engenharia e a invenção de uma eletrônica de alta tecnologia no Vale do Silício; e a Darby Windsurfing Collection, de 1946-1998, documentando a invenção da prancha de windsurf. Mais de 1.200 coleções ocupam cerca de 365 metros de estantes. Além de documentos textuais em papel, muitas coleções contêm fotografias, filmes em movimento, videotapes e gravações sonoras.

O National Museum of American History também abriga o Lemelson Center (http://invention.smithsonian.org/home/), dedicado à história da invenção nos Estados Unidos. A missão do Lemelson Center é documentar, interpretar e disseminar informação sobre invenções e inovações, encorajando a criatividade inventiva nos jovens e estimulando a apreciação do papel central da invenção e inovação na história dos Estados Unidos. Através de eventos públicos, programas para estudantes, publicações, oportunidades de pesquisa, exposições e sítio eletrônico, o Centro registra o passado – ao preservar e aumentar o acesso aos documentos e artefatos, ampliando nosso entendimento da história, por meio da pesquisa, discussão e disseminação de ideias – e planeja o futuro, ao engajar-se com os jovens no estudo e exploração da invenção e inovação. O Centro tem bolsas disponíveis para financiar professores visitantes (http://invention.smithsonian.org/resources/research_fellowships.aspx).

O National Museum of American History. 
O National Museum of Natural History abriga o National Anthropological Archives (NAA) e o Human Studies Film Archives (HSFA). O NAA é dedicado a preservar anotações de campo etnográficas, arqueológicas e linguísticas, dados de antropologia física, fotografias e gravações sonoras e outras mídias criadas por antropólogos norte-americanos. O acervo do Arquivo inclui quase 635 mil fotografias etnológicas e arqueológicas (incluindo algumas das mais antigas imagens de povos indígenas do mundo); vinte mil peças de arte nativa (principalmente norte-americanas, asiáticas e da Oceania); 11.400 gravações sonoras; e mais de 2.438.400 metros de materiais filmográficos e em vídeo. As coleções documentam o trabalho de pesquisadores como Betty Meggers, que requereu dos antropólogos que levassem em conta o meio ambiente em suas análises de culturas antigas.

Ela trabalhou durante décadas no Brasil, especialmente na Amazônia. A ampla política de coleções e apoio a pesquisas antropológicas do Smithsonian, nos últimos 150 anos, fizeram do NAA e do HSFA recursos incomparáveis para os estudiosos interessados nas culturas da América do Norte, América Latina, Oceania, África, Ásia e Europa. O HSFA é dedicado a coletar, preservar, documentar e disseminar uma ampla gama de materiais de etnografia histórica e contemporânea e imagens em movimento relacionadas à antropologia, além de colecionar documentos relacionados, incluindo gravações sonoras, fotografias, manuscritos e outros textos associados, anotações de campo e registros de câmeras, gravadores e produção.

O National Air and Space Museum (NASM), localizado no Mall, em Washington, D. C., mantém a maior coleção da história aérea e de veículos espaciais do mundo. Também é um centro de pesquisa em história, ciência e tecnologia da aviação e voos espaciais, assim como das ciências planetárias e geologia terrestre e geofísica. O Arquivo do NASM (http://airandspace.si.edu/research/arch/), localizado no Udvar-Hazy Center, contém materiais documentando a história da aeronáutica e dos voos espaciais, incluindo uma ampla gama de material iconográfico e textual, muitos dos quais enfatizam os aspectos técnicos dos veículos aéreos e espaciais. 

A coleção arquivística ocupa mais de 340 metros cúbicos, contendo mais de novecentas coleções individuais, dois milhões de fotografias, 2.895.600 metros de películas, 3.500 horas de vídeo, e mais de dois milhões de gravuras técnicas. O museu Mall abriga objetos tão icônicos quanto a aeronave de 1903 dos irmãos Wright e o avião Spirit of St. Louis de Charles Lindberg, o módulo de comando do Apollo 11, e rochas lunares. Em 2004, o Steven F. Udvar-Hazy Center foi inaugurado, próximo ao aeroporto de Dulles, na Virginia, para exibir coleções que não podiam ser vistas no Mall, inclusive a superfortaleza aérea Enola Gay (um Boeing B-29) e o ônibus espacial Enterprise.

RECURSOS EM REDE

Desde a década de 1970, a Instituição tem automatizado o acesso a suas coleções e desde 1995 dissemina informações por meio de seu sítio eletrônico em www.smithsonian.org. Todos os centros de pesquisa, museus e zoológicos têm ricos sítios eletrônicos, com 102 milhões e 600 mil visitantes singulares em 2012 (News Room, 2013).

As exposições dos museus são apresentadas simultaneamente em formato online. Palestras e programas públicos são disponibilizados por meio de gravações para serem baixadas. Informações sobre as coleções da Instituição são disponibilizadas por meio de bases de dados online e projetos de digitalização, como o do Smithsonian Collections Search Center (www.collections.si.edu).

A National Portrait Gallery, por exemplo, tem uma base de dados online, o Catálogo de Retratos Americanos, que é um levantamento em coleções públicas e privadas nos Estados Unidos e no exterior, com informações sobre o retrato e, frequentemente, uma imagem digital do trabalho de arte (http://npgportraits.si.edu/eMuseumNPG/code/emuseum.asp). Os retratos incluem imagens de cientistas e inventores notáveis.

As coleções de pesquisa do National Museum of Natural History são acessíveis ao público, por meio de uma interface de rede padrão, com um total de 5.707.469 registros de espécimes atualmente disponíveis. Desses registros, 292 mil são registros de espécimes sobreviventes, que representam mais de 55% dos tipos de espécimes biológicos sobreviventes do museu (http://collections.mnh.si.edu/search/).

Muitos dos museus instituíram diários em vídeos, ao vivo, sobre tópicos relacionados a suas coleções, tais como a câmara voltada para a jaula do mico-leão-dourado no National Zoological Park (http://nationalzoo.si.edu/Animals/SmallMammals/default.cfm?cam=GLT). Os micos-leões são reproduzidos no Zoológico e preparados para serem posteriormente enviados às florestas tropicais brasileiras. As Smithsonian Libraries Galaxy of Knowledge (http://www.sil.si.edu/) contêm cópias digitais de muitos recursos, incluindo livros raros da história da ciência.

O Smithsonian Astrophysical Observatory torna acessível a pesquisadores um amplo conjunto de recursos científicos, mas também opera o Chandra X-ray Observatory Center para professores, estudantes e astrônomos amadores (http://chandra.harvard.edu/).

O Smithsonian Environmental Research Center estabeleceu um centro de ensino à distância com viagens de campo eletrônicas sobre ecologia, que podem ser usadas nas salas de aula do ensino fundamental e médio (http://www.serc.si.edu/education/).

 O Smithsonian Tropical Research Institute tem um programa, de longo prazo, de monitoramento de meio ambiente marinho e terrestre, que disponibiliza seus dados para pesquisadores em tempo real (https://ctfs.arnarb.harvard.edu/webatlas/datasets/bci/).

A instituição adotou as mídias sociais como um modo de atingir uma audiência mais ampla em sua missão de difundir o conhecimento. O Smithsonian Central e cada uma de suas unidades mantêm páginas de Facebook, Twitter e conteúdo RSS, sítios de vídeo no YouTube, sítios de imagem Flickr, Pinterest e sítios HistoryPin, acessíveis em www.si.edu. Todos os centros de pesquisa, museus e arquivos proveem apoio à pesquisa online para ajudar pesquisadores à distância. Cada um tem amplos recursos para professores de escolas do ensino fundamental e médio, coordenados por um escritório central, o Smithsonian Center for Education and Museum Studies (http://www.si.edu/Educators).

Todas as imagens e vídeos nos sítios do Smithsonian, a menos que de outra forma assinalado, estão acessíveis para uso em sala de aula. Para estudiosos à distância, todas as organizações do Smithsonian oferecem referências por meio de seus sítios ou correio eletrônico. Estudiosos visitantes também são bem-vindos a todas as instalações do Smithsonian, mas são fortemente encorajados a contatarem previamente o centro de pesquisa, museu ou arquivo, usando os recursos de contato listados acima.

Bandeira do Instituto Smithsonian.
A assistência financeira para pesquisadores visitantes é oferecida por meio de concurso ao programa de bolsas (http://www.si.edu/ofi). As bolsas pré e pós-doutorado são disponibilizadas para trabalhos de pesquisa em todas as organizações do Smithsonian e algumas unidades também têm programas especializados de bolsas (http://www.si.edu/OFI/Fellowships), tais como a de evolução molecular e a Guggenheim, do Air and Space National Museum.

Há bolsas de visitante de curto período de duas semanas, para pós-graduação, de dez semanas, e de pré e pós-doutorado, de um ano. Os estudantes universitários também podem candidatar-se para estágios no intuito de ganharem experiência prática em vários campos de estudo (http://www.si.edu/OFI/Internships).

Centenas de estagiários ganham experiência prática em pesquisa, gerenciamento de coleções ou programação pública a cada semestre. Os estágios podem se concentrar no tratamento de coleções de artefatos dos primórdios da aviação, no National Air and Space Museum, na condução de pesquisa de campo em paleontologia, no National Museum of Natural History, na catalogação de pinturas de cientistas, na National Portrait Gallery, no rastreamento da dinâmica em um trecho de floresta, no Panamá, no Tropical Research Institute, ou no planejamento de um ambiente com fins de conservação para o Mpala Research Center, no Quênia. Tais estágios oferecem remunerações e podem ser usados para ganhar créditos acadêmicos.

TRABALHOS QUE UTILIZAM OS RECURSOS DO SMITHSONIAN

Dado o tamanho e a gama da atuação do Instituto Smithsonian, é impossível listar todos os trabalhos recentes que utilizaram seus recursos. Cada unidade do Smithsonian tem numerosos artigos e livros publicados a cada ano. Muitas das publicações das equipes do Smithsonian estão disponíveis em formato digital em seu repositório digital e a pesquisa de publicações relevantes pode ser feita diretamente lá, em http://si-pddr.si.edu/dspace/community-list.

Um bom exemplo recente de uso das coleções do Smithsonian pode ser encontrado no trabalho de Marcel LaFollette. Na última década, como pesquisadora associada dos arquivos do Instituto Smithsonian, LaFollette tem estudado a Science Service Collection, disponível em http://siarchives.si.edu/collections/siris_arc_217249. O Science Service, uma organização sem fins lucrativos, foi fundada para aumentar e melhorar a disseminação pública de informação técnica e científica, e começou seu trabalho em 1921.

Embora inicialmente orientado para ser um serviço de notícias, o Science Service produziu um amplo leque de filmes noticiosos, programas de rádio, filmes, registros fonográficos, e atuou também em várias atividades educacionais, de tradução e de pesquisa. Hoje sobrevive como o Science Service, Inc., uma organização que publica a Science News e promove a educação científica. Uma pesquisadora da história das comunicações científicas, LaFollette primeiramente ofereceu-se como voluntária para ajudar o processamento técnico da coleção e torná-la mais acessível.

Ela encontrou uma série de fotografias, previamente não publicadas, do julgamento Scopes – ocorrido na década de 1920, em Dayton, Tennessee, sobre o ensino da teoria evolucionária de Darwin em escolas americana. Tiradas por membros da equipe do Science Service, essas fotografias informais capturam o impacto da atenção sobre essa pequena cidade. Quando essas imagens foram colocadas no Flickr, muitos residentes idosos de Dayton contataram o SIA para identificarem a si próprios, vizinhos e familiares, e isto abriu um canal de diálogo entre o SIA e os residentes. LaFollette, então, publicou um livro, Reframing scopes: journalists, scientists, and lost photographs from the trial of the century, que analisava a descoberta das fotografias e sua relação com o histórico julgamento.

LaFollette também ofereceu metadados para milhares de imagens digitalizadas da Science Service Collection. Uma grande coleção de retratos de cientistas não possuía muitas informações sobre estes indivíduos, especialmente as mulheres cientistas. Estas foram colocadas no Flickr juntamente com um pedido de informação sobre as faces anônimas. Numerosas identificações foram oferecidas por familiares, estudantes, colaboradores e colegas das cientistas, tornando a coleção bem mais valiosa para pesquisas (http://www.flickr.com/photos/smithsonian/sets/72157614810586267/comments/).

Ademais, a partir de sua pesquisa na Science Service Collection e em muitas outras fontes, ela também produziu um elogiado livro sobre a ciência na comunicação, Science on the air: popularizers and personalities on radio and early television, e o recente Science on American Television: a history.

Referências Bibliográficas: 
EWING, Heather P. The Lost World of James Smithson: Science, Revolution, and the Birth of the Smithsonian. New York: Bloomsbury USA, apr. 2007.
HENSON, Pamela M. A National Science and a National Museum. In: LEVITON, Alan E.; ALDRICH, Michele L. (eds.). Museums and Other Institutions of Natural History: Past, Present, and Future. San
Francisco: California Academy of Sciences, 2004, p. 34-57.
NEWS ROOM. Smithsonian Institution Website. Disponível em: .Acesso em: 2 set. 2012.
OEHSER, Paul H. The Smithsonian Institution. New York: Praeger Publishers, 1970.
REINGOLD, Nathan et al. The Papers of Joseph Henry, v. 1-12. Washington, D. C.: Smithsonian Institution, 1972-2008.
SMITHSONIAN INSTITUTION. Smithsonian Institution Annual Report for 2011. Come Closer. Washington,
D. C.: Smithsonian Institution, 2012. Disponível em: .


FONTE: Revista Acervo, Rio de Janeiro, v. 26, n. 1, p. 113-122, jan/jun. 2013http://revistaacervo.an.gov.br/seer/index.php/info/issue/view/42.

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