Vinte de Novembro: história e conteúdo
Oliveira Silveira
A evocação do dia Vinte de Novembro como data negra foi lançada
nacionalmente em 1971 pelo Grupo Palmares, de Porto Alegre, no Rio Grande do
Sul. Mas quem lê o manifesto nacional do Movimento Negro Unificado Contra a
Discriminação Racial (MNUCDR), divulgado em novembro de 1978 e designando a
data como dia nacional da consciência negra, não encontra no texto nenhuma
referência a essa iniciativa gaúcha ou ao trabalho continuado pelo grupo nos
anos seguintes.
Resultante do MNUCDR, o Movimento Negro Unificado (MNU) (1978,
p. 75 e 78), em livro sobre seus dez anos de luta contra o racismo, não vai
nesse sentido além do que havia escrito a saudosa Lélia Gonzalez (1982, p. 31):
"E é no início dos anos setenta que vamos ter (...) o alerta geral do
Grupo Palmares, do Rio Grande do Sul, para o deslocamento das comemorações do
treze de maio para o vinte de novembro..." Ou ainda, a mesma autora:
Graças ao empenho do MNU, ampliando e aprofundando a
proposta do Grupo Palmares, o 20 de novembro transformou-se num ato político de
afirmação da história do povo negro, justamente naquilo em que ele demonstrou
sua capacidade de organização e de proposta de uma sociedade alternativa... (p.
57).
Interessante é que, por outro lado, a história do Vinte teve
espaço e foi contada em outras publicações do MNU pelo mesmo componente do
Grupo Palmares (Oliveira Silveira) ou com sua participação: revista do MNU,
boletim do MNU-RS, jornal Nêgo, Jornal do MNU.
Surgindo em 18 de junho de 1978 como convergência de várias entidades,
algumas das quais já celebravam o Novembro, o MNUCDR encontra a evocação do
vinte de novembro com um longo caminho trilhado. Para enfocar primeiros passos,
acompanhar trajetória, examinar contexto, potencial e significado, vai ser importante
um flash-back, recuando no tempo uns sete anos ou mais.
Do Treze ao Vinte
Treze de maio traição.
liberdade sem asas
e fome sem pão.
Embora esses versos tenham sido escritos em 13 de maio de
1969 – Oliveira Silveira (1970, p. 9) –, o crítico mais veemente dessa data, da
abolição e da lei chamada Áurea, era Jorge Antônio dos Santos. O grupinho de
negros se reunia costumeiramente em alguns fins de tarde na Rua da Praia
(oficialmente, dos Andradas), quase esquina com Marechal Floriano, em frente à
Casa Masson. Eram vários esses pontos de encontro, havendo às vezes algum
deslocamento por alguma razão. Pontos negros.
Na roda, tendência à unanimidade. O treze não satisfazia,
não havia por que comemorá-lo. A abolição só havia abolido no papel; a lei não
determinara medidas concretas, práticas, palpáveis em favor do negro. E sem o
treze era preciso buscar outras datas, era preciso retomar a história do
Brasil.
Nas conversas, a República, o Reino, o Estado, os quilombos
de Palmares (Angola Janga) foi o que logo despontou na vista d'olhos sobre os
fatos históricos. Antônio Carlos Cortes, Vilmar Nunes e o citado Jorge Antônio
vinham de experiências no Grupo de Teatro Novo Floresta Aurora, na então
quase-quase centenária Sociedade Floresta Aurora (de 1872, ou 1871).
Esse grupo, criado em dezembro de 1967 por iniciativa de
Mauro Eli Leal Pare, apresentara o monólogo da paz "Contra a guerra"
é juntamente com o Grupo de Teatro Marciliense (GTM), coordenado por Luiz
Gonzaga Lucena no Clube Náutico Marcílio Dias (negro como o Floresta Aurora),
ousara encenar no Teatro São Pedro o Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes.
O fato é que esses três freqüentadores do ponto na Rua da
Praia falavam em Arena conta Zumbi, de Gianfrancesco Guarnieri. E eram
bem conhecidas as músicas "Estatuinha", de Edu Lobo, "Upa,
neguinho", de Edu Lobo e Guarnieri, ou aquela que fala em Ganga Zumba e
Zambi, composições integrantes da trilha nessa peça famosa.
Circulava na época o fascículo Zumbi, o n° 6 na série
Grandes Personagens da Nossa História, da Abril Cultural. Essa publicação
fortaleceu no freqüentador Oliveira Silveira a idéia de que Palmares fosse a
passagem mais marcante na história do negro no Brasil. Um século de liberdade e
luta contra o escravismo imposto pelo poder colonial português era coisa muito
significativa e animadora. E lá estava o dia 20 de novembro de 1695, data da
morte heróica de Zumbi, último rei e líder dos Palmares, marco assinalando também
o final objetivo do Estado e país negro.
Não podia, porém, um fascículo (ele trazia copyright de
1969) ser considerado fonte absoluta de consulta, mas O quilombo dos
Palmares, livro de Édison Carneiro publicado em 1947 pela Editora Brasiliense,
de São Paulo, oferecia-se como a referência adequada e segura, parecendo ter
sido base para a elaboração do fascículo. Confirmava o 20 de novembro como data
da morte de Zumbi, o que foi corroborado mais adiante pela obra As guerras
nos Palmares, do português Ernesto Ennes, editado em 1938 pela Companhia
Editora Nacional, de São Paulo, numa coleção valiosa, a Brasiliana.
Transcrevendo documentos, o autor inclui cartas alusivas à morte de Zumbi e
aceita a informação de Domingos Jorge Velho dando conta de que ela ocorreu em 20
de novembro de 1695, conseguida por um terço comandado por André Furtado de
Mendonça. Tinha-se uma data, e ela foi sugerida, como possibilidade de
celebração em contraponto ao treze de maio, no momento em que se concretizou a
idéia de formar um grupo.
Foram quatro os participantes da primeira reunião,
iniciadores da agremiação ainda sem nome: Antônio Carlos Cortes, Ilmo da Silva,
Oliveira Silveira e Vilmar Nunes. Um quinto, de nome Luiz Paulo, assistiu mas
não quis fazer parte do trabalho. A idéia era um grupo cultural com espaço para
estudos e para as artes, notadamente literatura e teatro. Afinal estavam bem
presentes e atuantes os exemplos do Teatro Experimental do Negro (TEM), a
militância de Abdias do Nascimento, os exemplos do poeta Solano Trindade e do
Teatro Popular Brasileiro.
Era preciso conhecer mais a história, debater as questões
raciais, sociais. Vinham do exterior instigações como capitalismo versus socialismo,
negritude, independências africanas e movimentos negros
estadunidenses. A reunião foi por volta
de 20/7/1971.
Já na próxima ou em alguma das reuniões seguintes
ingressaram Anita Leocádia Prestes Abad e Nara Helena Medeiros Soares
(falecida), também consideradas fundadoras. O local da primeira reunião foi a casa
dos professores José Maria Vianna Rodrigues (falecido no ano anterior), Maria
Aracy dos Santos Rodrigues, Julieta Maria Rodrigues, Oliveira Silveira e da
menina Naiara Rodrigues Silveira, futura docente, e residência também da professora
Jovelina Godoy Santana, guardiã de lições de vida (longa), situada na Rua Tomás
Flores nº 303, bairro Bonfim. Ali haviam sido corroborados os estudos do vinte
de novembro, e de Palmares, com a leitura do livro de Ernesto Ennes, num
esquecido e mal folheado exemplar cedido ainda em vida pelo professor José
Maria. Lembrado e retomado em momento oportuno, o volume passou a ser
devidamente reconhecido como valioso. Casa de professores negros.
A segunda reunião e algumas das seguintes foram em casa de Antônio
Carlos Cortes e seus familiares, no prédio da Loteria estadual sito à Rua da Praia,
quase esquina com a Rua João Manuel. Foi onde e quando o trabalho nascente
recebeu o nome de Grupo Palmares. Tinha sido combinado convidar outras pessoas,
e algumas compareceram para conferir a proposta (na segunda ou em outras
reuniões), mas não se integraram. Foi, por exemplo, o caso do ator Aírton Marques,
vindo da experiência exitosa do Teatro Saci, grupo vencedor de um Festival
Martins Pena em 1965, ano de sua fundação, presidido por Eloy Dias dos Angelos
(militante histórico, advogado e jornalista), tendo como vice-presidente a
professora Horacilda do Nascimento e contando, entre outros valores, com a
excelente atriz Eni Maria das Neves. Em Orfeu do carnaval, 1969, Aírton
encarnara Orfeu, enquanto Eurídice era representada por Marilene Paré. As negativas
de gente do teatro, por motivos de cada pessoa, devem ter determinado o fato de
o Palmares nunca ter realizado um trabalho próprio na área da dramaturgia.
A denominação Grupo Palmares nasceu do conjunto de
participantes da segunda reunião devido às considerações de que Palmares parecia
ser a passagem mais marcante na história do negro no Brasil ao representar todo
um século de luta e liberdade conquistada e sendo também um contraponto à
"liberdade" doada no treze de maio de 1888, etc. Outras propostas de
nome praticamente não tiveram espaço.
Ao expor brevemente essas considerações já compartilhadas desde
as reuniões informais do ponto na Rua da Praia, o componente que vinha
estudando Palmares e tentando uma vista d'olhos sobre a história (Oliveira
Silveira) – estudos impulsionados por aqueles encontros e diálogos – sugeriu a
adoção e evocação do dia 20 de novembro, morte heróica de Zumbi e final de
Palmares, justificando:
– não se sabia dia e mês em que começaram as fugas para os
Palmares (lá por 1595);
– não havia data do nascimento de Zumbi ou outras do tipo
marco inicial;
– Tiradentes também era homenageado na data de morte, 21 de
abril.
A homenagem a Palmares em 20 de novembro foi
incluída pelo
grupo na programação
elaborada para aquele ano.
O primeiro Vinte
Programando 1971, o grupo listou três atividades a serem
desenvolvidas: homenagem a Luiz Gama em 21 de agosto, a José do Patrocínio em 9
de outubro (aniversário de nascimento) e a Palmares em 20 de novembro. A
atividade Luiz Gama teria de ser em torno do dia 24, morte do poeta e
abolicionista, porque a do nascimento já havia passado
– 21 de junho. Enfim, era a questão das datas ligada à idéia
de que, além do vinte de novembro, várias outras deviam estar à disposição, importantes
e significativas. Homenagem era a forma considerada mais ou menos atraente para
motivar o estudo e disseminar as informações sobre fatos e vultos históricos.
Parece lícito dizer que estava delineada uma precária, mas
deliberada ação política no sentido de apresentar, à comunidade negra e à sociedade
em geral, alternativas de datas, fatos e nomes, em contestação ao oficialismo
do 13 de maio, abolição formal da escravatura, princesa dona Isabel.
Com base no press-release enviado pelo grupo, o
jornal Folha da Tarde de 23/8/1971, página 54, noticiou a homenagem a
Luiz Gama como ocorrida dia 21. Foi, na verdade, transferida para início
de setembro. A nota já anunciava o ato de outubro, sobre Patrocínio, e o de novembro,
Palmares. Anita ainda não constava entre os cinco componentes citados pelo
jornal. Nara então era a única mulher. Individual vinculado é, aqui, o designativo
de matéria jornalística de um integrante do grupo publicada paralelamente ao
evento, visando à ampliação e difusão através da imprensa.
Assim, o Correio do Povo de 22/8/1971 trouxe artigo
de um componente (Oliveira) sob o título "Luiz Gama e as Trovas
Burlescas". Já o ato em começos de setembro foi realizado na Sociedade
Floresta Aurora com pequeno público. Rua Curupaiti, bairro Cristal, à época.
Vida e obra de Luiz Gama; leitura e distribuição de texto mimeografado: seu
poema "Quem sou eu?", o conhecido Bodarrada. Na grafia com z, o
presente texto acompanha Ligia Fonseca Ferreira em seu excelente trabalho
estudando e reeditando Luiz Gama (2000).
Sobre o ato de homenagem a José do Patrocínio, o empresário
e abolicionista, jornalista, intelectual negro do século 19, o mesmo de Luiz
Gama, não estão sendo encontrados registros, mas consta que ele ocorreu de
forma um tanto incompleta, parece que limitada a uma troca entre os componentes
do grupo quanto aos dados coletados e talvez na mesma Sociedade Floresta
Aurora. Matéria da Folha da Manhã (23 ou 24/6/1972?) o inclui entre as
realizações do Grupo Palmares, concretizado em outubro de 1971.
A homenagem a Palmares ocorreu no dia 20 de novembro de 1971,
um sábado à noite, no Clube Náutico Marcílio Dias, sociedade negra sita à
Avenida Praia de Belas nº 2300, bairro Menino Deus, em Porto Alegre. O
Marcílio, fundado em 4/7/1949, foi um importante espaço físico, social e
cultural perdido nos anos 80. Público reduzido, conforme o esperado, mas considerado
satisfatório. "Zumbi, a homenagem dos negros do teatro" foi o título
da Folha da Tarde para a nota publicada dia 17. E nessa época de
ditadura, em que os militares eram chamados de "gorilas", o teatro
era muito visado. O grupo foi chamado à sede da Polícia Federal para, através
de um de seus integrantes, apresentar a programação do ato e obter liberação da
Censura no dia 18.
No evento, dia 20, usando técnica escolar, os participantes
do grupo se espalharam no círculo, entre a assistência, e contaram a história de
Palmares e seus quilombos com base nos estudos feitos, defendendo a opção pelo
20 de novembro, mais significativo e afirmativo na confrontação com o treze de
maio. Anita já estava no grupo e Ilmo não participou, licenciado, vindo, na
seqüência, a afastar-se totalmente. Mas assistiram ao ato Antônia Mariza,
Helena Vitória e Leni. As três ingressariam mais adiante.
Como individual vinculado, expressão utilizada linhas atrás,
um artigo de componente (Oliveira), encaminhado previamente, foi publicado no
dia 21, domingo, no Correio do Povo, à página 23, sob o título "A
epopéia dos Palmares", enfocando o aspecto histórico e citando o fascículo
Zumbi junto aos livros de Édison Carneiro e Ernesto Ennes, além de
algumas outras fontes. A abordagem literária de Palmares esteve presente em
fragmentos poéticos de José Bonifácio, o Moço, Castro Alves e Solano Trindade,
assim como na referência ao trecho de Jubiabá, de Jorge Amado. Parte
mais interpretativa tratava da mensagem de Palmares, e um quadro cronológico
registrava o auxílio de Anita Abad para sua elaboração.
A homenagem a Palmares em 20 de novembro de 1971 foi o
primeiro
ato evocativo dessa data que, sete anos mais tarde, passaria
a ser referida como dia nacional da consciência negra. A programação feita para
1971 precisou ter uma adenda. O repórter negro Lúcio Flávio Bastos iniciara em
19 de novembro no jornal Zero Hora uma série intitulada "Saiba por
que Você é Racista", com matérias diárias. Ao final, o grupo achou
oportuno promover uma palestra em que ele falasse a respeito da série, o que
aconteceu no dia 4 de dezembro, também no Marcílio Dias.
Sobre a evocação do vinte de novembro, uma questão em
destaque é o fato de muitas pessoas, militantes até, na causa negra, pensarem que
tudo começou em 1978 com o MNUCDR. Informações no texto em curso talvez possam
ajudar. Outra questão refere-se ao historiador branco gaúcho Décio Freitas.
O escritor e jornalista Márcio Barbosa (1996, p. 39), de São
Paulo, oportunizava ao entrevistado (Oliveira Silveira) dizer se o livro de Décio
Freitas sobre Palmares havia sido fonte de consulta para se chegar ao Vinte de
Novembro. Preocupação similar revelava o historiador negro Flávio Gomes, do Rio
de Janeiro, ao gravar em Porto Alegre, meados de 2003, informações do mesmo
depoente.
Em 16/12/1975, à página 35, a simpática Folha da Manhã,
de Porto Alegre, publicava matéria com declarações dos coordenadores do Grupo
Palmares. A propósito, nessa época, após períodos em que se sucederam
coordenação masculina e feminina, homem e mulher partilhavam a coordenação, no
caso os componentes Oliveira e Helena Vitória dos Santos Machado – e não era ao
influxo de debates por questões de gênero. Constou na FM:
Foi ao encontrar Décio Freitas que eles (os integrantes do
Palmares) receberam um grande apoio para o trabalho que vinham desenvolvendo.
Conta Silveira que a aproximação se deu quando ele pesquisava alguns aspectos
do escravismo para um artigo a ser publicado em jornal. Encontrei o livro de
Décio – Palmares – numa edição em espanhol. Logo observei que era a obra
que tratava com mais profundidade o assunto. Depois o autor foi a uma de nossas
palestras e nunca mais se desligou do Grupo. Em entendimentos com a editora
Movimento em 1973 finalmente conseguimos editar o livro em português.
Caso de matéria em que o declarante ou entrevistado, após a leitura,
se pergunta: eu falei assim, eu disse isso? eu bebi? No caso, a conclusão foi
pela necessidade de melhor preparo, a fim de evitar declarações que pudessem
levar a interpretações diferentes do que foi dito, ou que se pensou ter dito.
O historiador Décio Freitas compareceu ao ato de 20 de
novembro de 1971 movido pela notícia na imprensa. Assistiu anonimamente, em completo
silêncio. Só ao final dirigiu-se a um dos componentes do grupo (Oliveira),
identificou-se e ofereceu um exemplar de Palmares – la guerrilla
negra, editado naquele ano em Montevidéu por Editorial Nuestra América. Voltava do exílio no Uruguai
e não lhe convinha aparecer. Informou que a obra era resultado de estudos
iniciados algum tempo atrás (1965). Assim Décio Freitas testemunhou o primeiro
Vinte.
Só a partir daí é que o historiador e sua obra passaram a
ser conhecidos do Grupo Palmares. E na semana seguinte apareceria matéria sobre
ele na série já citada "Saiba por que Você é Racista", de Lúcio
Flávio Bastos. Em agosto de 1971, quando seu livro em espanhol acabava de ser impresso
em talleres gráficos uruguaios, o Grupo Palmares, formado em julho, já
definira e anunciava na imprensa a celebração do dia 20 de novembro através da
homenagem a Palmares. Esse anúncio ocorria em nota citada – Folha da Tarde,
em 23/8/1971 –, decorrente das deliberações de julho: assinalar o 20 de
novembro, destacando Palmares.
Quando a nota da Folha da Manhã, em 1975, diz que o
historiador "nunca mais se desligou do Grupo", pode estar suscitando
a necessidade de uma explicitação. É bom dizer, então, que Décio Freitas nunca esteve
assim tão ligado ao grupo e nunca fez parte dele. O mencionado "apoio ao
trabalho que vinham desenvolvendo" deve ser entendido, primeiro, como
proveniente da qualidade da obra e melhor seria dizer reforço aos conteúdos já dominados
pelo grupo em termos de história palmarina; e, em segundo lugar, o apoio deve
ser visto como colaboração ao aceitar fazer palestras em eventos do grupo, três
ao que consta, sendo duas em parceria com o Clube de Cultura, da comunidade judaica,
essas em 1975.
Livro e autor, é bom repisar, só foram conhecidos no ato de
20 de novembro, em 1971. Quanto à edição do livro em português, é verdade que
houve intermediação do Grupo Palmares. Depois de a obra ter sido utilizada como
referência principal na parte histórica de matéria especial utilizada como
forma de celebrar o Vinte de Novembro em 1972 através da imprensa, por
iniciativa do grupo, o Palmares decidiu consultar e propor ao autor a edição em
português. Um componente designado (Oliveira) reuniu-se com ele e o editor
Carlos Jorge Appel, surgindo a edição brasileira em 1973 pelo Movimento, de
Porto Alegre.
A programação do Vinte em 1973 incluiu palestra de Décio Freitas,
motivada pela publicação da obra. Artigo assinado por componente (Oliveira, no esquema
"individual vinculado") foi publicado como saudação à nova edição
agora intitulada Palmares, a guerra dos escravos, como se tornou
conhecida nas sucessivas edições continuadas em outras editoras. O grupo
contribuiu, à sua maneira, para a promoção da obra, e se estabeleceram boas
relações de amizade entre alguns componentes e o autor. Entre os componentes, o
signatário deste relato.
Se Palmares, a guerra dos escravos era marcante não
tanto pelos fatos narrados ou dados históricos abordados, em geral conhecidos já
através de Ernesto Ennes e Édison Carneiro, mas pelo estilo cativante de Décio
Freitas, a agudeza de sua análise e interpretação, passou a contar, desde a
quinta edição, com um acréscimo especialmente importante: a biografia de Zumbi.
São dados novos trazidos de Portugal pelo autor. O aprofundamento desse estudo
sobre Zumbi dos Palmares – e sobre o Estado negro – afigura-se como um desafio
à pesquisa.
Virada histórica e construção
A partir de meados de 1972, a formação do grupo contava com Antônia
Mariza Carolino, Helena Vitória dos Santos Machado e Marli Carolino, além de
Anita e Oliveira. Um dos principais locais de reunião passou a ser o bar da
Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
que na época era URGS.
Anita Leocádia Prestes Abad, que em 1973 já não estava mais
no grupo, Helena Vitória dos Santos Machado e, a partir de 1976, Marisa Souza
da Silva foram integrantes cuja participação contribuiu decisivamente para o
ajuste do trabalho ao contexto das lutas sociais. Uma cronologia pode
demonstrar o esforço continuado, marcando o Vinte de Novembro ano a ano até a
sua total implantação no País.
1971 – Primeiro ato evocativo do Vinte de Novembro, a
homenagem a Palmares em 20/11 no Clube Náutico Marcílio Dias.
1972 – Sete páginas dedicadas a Palmares na revista ZH do
jornal Zero Hora em 19/11. Histórico de Palmares, depoimento do grupo,
redigido por Helena Vitória dos Santos Machado, poema de Solano Trindade com
ilustração de Trindade Leal, um conto, capa e ilustração da artista plástica negra
Magliani (Maria Lídia), além da ilustração de Batsow, imagens aproveitadas do
fascículo Zumbi da Editora Abril e fotos. Material organizado e redigido pelo componente
Oliveira e editado por Juarez Fonseca, de Zero Hora.
1973 – De 6 a 20/11, exposição Três pintores negros (Magliani,
J. Altair e Paulo Chimendes), palestra de Décio Freitas e o espetáculo Do
carnaval ao quilombo (música, texto). Local: Teatro de Câmara. Em 13 de
maio fora publicada no Jornal do Brasil uma entrevista concedida pelo
Grupo Palmares. Segundo informações, uma síntese da matéria apareceu no jornal
francês Le Monde. Nesse e noutros anos, televisão e rádio ajudaram na
difusão da proposta.
1974 – Divulgação de manifesto através do Jornal do
Brasil, em matéria assinada por Alexandre Garcia (repórter também na
entrevista de 13/5/1973). No texto, breve histórico de Palmares, sugestão expressa
de reformulação dos livros didáticos quanto a Palmares "e outros
movimentos negros" e indicação de bibliografia. No Rio de Janeiro, Maria Beatriz
Nascimento (2002, p. 48), atenta, registrou.
1975 – Encontro Grupo Palmares e grupo Afro-Sul, de música e
dança, no Clube de Cultura, associação judaica. A seguir, em 10 e 16 de
dezembro, foram realizadas, em parceria com o clube, duas palestras de Décio
Freitas.
1976 – Lançamento do livreto Mini-história do negro
brasileiro, na sociedade negra Nós os Democratas. Da tentativa de reformulação
surgiu posteriormente História do negro brasileiro: uma síntese,
outro livreto editado pela Prefeitura de Porto Alegre, através da SMEC, em
1986, assinado por Anita Abad e outros. Nesse ano, em novembro, semanas do
negro em Campinas-SP com o Grupo Teatro Evolução e em São Paulo com o Cecan e o
Cecab. No Rio de Janeiro, conferir ações do IPCN, por exemplo, entidade nova já
atenta ao Vinte de Novembro. Meses antes, em 1976, o Grupo Palmares recebeu a
visita de Orlando Fernandes, vice-presidente cultural do IPCN, e Carlos Alberto
Medeiros, vice-presidente de relações publicas. O Vinte ganhava adesões.
1977 – Ato na Associação Satélite-Prontidão, sociedade negra,
com exposição da minibiblioteca do Grupo Palmares e a presença do escritor negro
paulista Oswaldo de Camargo, convidado especial. O grupo Nosso Teatro, depois
Grupo Cultural Razão Negra, fez apresentação demonstrativa (não a caráter) de
sua montagem para a dramatização de "Esperando o embaixador", conto
de Oswaldo.
Além de assinalar o Vinte de Novembro, o Grupo Palmares
realizou outras atividades, como visita, estudo e divulgação da Congada de Osório-RS
em 1973, aproximação com sociedades negras (clubes), mural na sociedade Nós, os
Democratas, interação e intercâmbio com outros grupos ou entidades. Motivado
pelo exemplo de Porto Alegre, foi criado em 4/8/1974, em Rosário do Sul (RS), o
Grupo Unionista Palmares – data de registro para a fundação ocorrida em 21/7. A
partir de 20/11/ 2001, o nome mudou para Grupo Palmares de Rosário do Sul.
A primeira fase do Grupo Palmares, de Porto Alegre, encerrou
em 3 de agosto de 1978. Viriam outras duas, mais adiante. Mas o Vinte de
Novembro já estava implantado no País - já estava estabelecida a virada
histórica e construído, ao longo de sete anos, um novo referencial para o povo
negro e sua luta. Para o indivíduo negro, homem ou mulher, sua auto-estima, sua
identidade. Criança ou adulto. Novo referencial para o Brasil, com atenções até
do exterior, verificadas mais tarde.
E o Vinte de Novembro logo receberia a adesão importante do MNUCDR
com o manifesto de 1978 e a denominação Dia Nacional da Consciência Negra.
Receberia, na figura do rei e herói, o Festival Comunitário Negro Zumbi (Feconezu),
para cidades do Estado de São Paulo. E estava, através da imagem de Zumbi ou
explicitamente, como data negra, no grupo Tição (1977-1980), de Porto Alegre, em
sua revista n° l, de março de 1978; na seção "Afro-Latino-América" do
jornal ou revista Versus em outubro de 1978, São Paulo; na literatura negra, em
Cadernos Negros n° l, São Paulo, o primeiro de uma grande série, e com versos
de Cuti, Eduardo de Oliveira e Jamu Minka falando em Zumbi, em Éle Semog e José
Carlos Limeira juntos em "O arco-íris negro", no Rio em 1978, ou em
Abelardo Rodrigues de "Memória da noite", no mesmo ano em São Paulo.
O Vinte de Novembro e seu espírito já estavam muito bem incorporados à vida e à
luta.
O espírito do Vinte
O historiador negro mineiro Marcos Antônio Cardoso (2002, p.
47-48 e 66-67) faz justiça ao Grupo Palmares e sua iniciativa de marcar o 20 de
novembro, destacando a atuação do grupo no conjunto de ações do movimento
negro, objeto de sua preciosa dissertação.
Cumprida a primeira fase encerrada em 1978, o Grupo Palmares
volta nos anos 80 como grupo de trabalho do MNU. Aparentava beirar o ineditismo
esse fato de um grupo com história própria se dispor a funcionar como braço de
uma nova organização, mas parece que tal experiência já havia sido tentada por outras
entidades na formação do MNUCDR. O fato é que em 1981 formou-se o MNU-RS. Nele
um novo grupo de trabalho, divergente, surge em 1983: o GT Lima Barreto, que chamava
o grupo inicial de Grupão. Percebendo-se que no Grupão a maioria tinha sido
integrante do Palmares, foi adotado o nome GT Palmares.
Mais adiante ocorre a desvinculação do GT Palmares em
relação ao MNU e começa a terceira fase com o Grupo Palmares novamente autônomo.
Como tal, o Palmares foi um dos criadores da Associação Negra de Cultura em
8/12/1987, mas teve outras ramificações: grupo Coisapreta, pelo menos até a divisão
ocorrida nesse trabalho, e grupo Kuenda. Se no GT Palmares da segunda fase
Ceres Santos foi um novo valor vindo do grupo Tição, também as ramificações ao
final da terceira fase ficaram ligadas a nomes palmarinos: Oliveira na ANdeC, Hilton
Machado (terceira fase) no Coisapreta, de onde saíram Helena Vitória dos Santos
Machado e Marisa Souza da Silva para criar o trabalho cultural Kuenda.
O Grupo Palmares primou sempre por um detalhe: ser formado exclusivamente
por negros. Com isso, a iniciativa, as idéias e a prática do Vinte se
constituem criação inequivocamente negra, emergindo da própria comunidade negra
e seguindo caminhos próprios, com suas próprias forças e fragilidades. A
nominata consagra a importância do individual na composição de um grupo.
Grupo Palmares – Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Fases
– 1971 a 1978; GT Palmares do MNU e Autônoma na década de 80. A partir de 1988
ou 1989 dilui-se em ramificações. Iniciadores – Antônio Carlos Cortes, Ilmo da
Silva, Oliveira Silveira, Vilmar Nunes, Anita Leocádia Prestes Abad e Nara
Helena Medeiros Soares. Em novas formações – Antônia Mariza Carolino, Gilberto
Alves Ramos, Helena Vitória dos Santos Machado, Margarida Maria Martimiano,
Marisa Souza da Silva e Marli Carolino. Registre-se ainda a passagem, pelo
grupo, de Irene Santos, Leni Souza, Luiz Augusto, Luiz Carlos Ribeiro, Maria
Conceição Lopes Fontoura, Otalício Rodrigues dos Santos, Rui Rodrigues Moraes e
Vera Daisy Barcellos. Na segunda fase (GT Palmares do MNU), Ceres Santos.
Na terceira (Autônoma, pós-MNU), Hilton Machado. Estiveram
ligados de alguma forma ao trabalho Luiz Mário Tavares da Rosa e Maria da Graça
Lopes Fontoura, além de um grupo de estudantes do ensino médio, entre os quais
Eliane Silva (Nany) e Aírton Duarte. O Grupo Palmares contou, paralelamente,
com o apoio de um círculo de colaboradores e simpatizantes negros. Aliados, em outros
segmentos étnicoraciais, emprestaram também o seu apoio, ocasionalmente.
Ao aderir e adotar o Vinte de Novembro, o movimento negro,
no caso de determinados grupos ou entidades, individualizou ressaltando a figura
de Zumbi, na linha daquela historiografia que destaca o indivíduo, o herói
singular, como se ele fizesse tudo sozinho. Individualismo, coisa tão cara ao
sistema capitalista. Mas pode também ter sido positivo começar pela prática usual,
corrente, mais familiar, para, então, encaminhar a visão transformadora. Já o
Grupo Palmares sempre valorizou e destacou Zumbi como o herói nacional que é,
mas preferiu sempre centrar a evocação no coletivo: 20 de novembro – Palmares,
o momento maior (slogan em cartaz e convite em 1973). Ou então:
Homenagem a Palmares em 20 de novembro, dia da morte heróica de Zumbi. Afinal,
o Estado negro foi uma criação coletiva da negrada.
O Vinte de Novembro, em seu primeiro ato evocativo, de 1971,
é um marco divisório no período pós-abolicionista, demarcando ao mesmo tempo o
início de uma nova época, digamos contemporânea, a do que se convencionou
chamar Movimento Negro. Reconhecendo o valor de ações precursoras de entidades,
grupos e indivíduos vindas dos anos 60, teríamos a seguinte periodização:
1971-1978 – Fase da virada histórica, de novos rumos, de
nova motivação. Grupo Palmares (RS), Cecan, Cecab, Grupo Teatro Evolução (SP),
Ilê Aiyê (BA), Sinba, IPCN, Ceba, mais o Grupo de Trabalho André Rebouças, Granes
Quilombo (RJ), citados como referência. Literatura negra (Oswaldo de Camargo),
imprensa negra (A Árvore das Palavras, Sinba, Boletim do IPCN).
1978-1988 – Fase de articulação nacional, protestos,
reivindicações, agitação política, artística, cultural. Instituições oficiais (assessorias,
conselhos). Assembléia Nacional Constituinte. Intensifica-se a criação de
semanas do negro. Memorial Zumbi. Correntes confessional cristã (Grucon, APNs)
e político-partidária (grupos em partidos), a par da corrente ou filão-base que
é o Movimento Negro propriamente dito. Antologias literárias, congressos, os
Perfis da Literatura Negra, encontros, os negros na Bienal Nestlé de
Literatura. MNUCDR e o nome Dia Nacional da Consciência Negra para o Vinte de
Novembro, revista Tição nº l, secção "Afro-Latino-América" no Versus,
Feconezu, Cadernos Negros n° l (Quilombo hoje assume a série mais
adiante), livros de Abelardo Rodrigues, Cuti, João Carlos Limeira e Èle Semog
são fatos que marcam bem o início desta fase, num ano "pleno de
acontecimentos culturais sob o signo ao negrismo", como observa Oswaldo de
Camargo (1988, p. 99). Jornegro, da Feabesp, também abre esta fase do
movimento, encerrada no centenário da abolição.
1988 em diante – Fase de conquistas, a partir do espaço no texto
da Constituição para o grupo étnico afro-brasileiro, remanescentes de quilombo
e legitimação de suas terras, institucionalização, ONGs (organizações não-governamentais),
Fundação Cultural Palmares. "Puxada de tapete" neoliberal atingindo
em cheio a comunidade negra.
Os parlamentares, secretários de Estado e ministros negros.
A cobrança da dívida social: reparações, políticas públicas de ação afirmativa buscando
o concreto, o palpável, em tempos de crise aguda. Literatura negra brasileira
traduzida e estudada no exterior (Alemanha, Estados Unidos). Obras culturais
importantes como A mão afro-brasileira (Emanoel Araújo,
organizador) e Negro brasileiro negro (organização de Joel Rufino dos Santos,
Iphan). Produção acadêmica, Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros
(Recife e São Carlos, SP, na UFSCar), eventos e publicações na área
educacional.
O Vinte de Novembro sempre celebrado em semanas, eventos ao
longo do mês de novembro, sendo até adotado como feriado em algumas cidades
importantes, mais a idéia de feriado nacional, etc. São parciais as citações, não
abrangem todas as áreas, são indicativas apenas. Norte-Nordeste. Sul-Sudeste,
Centro-Oeste: negros agindo no País.
O espírito do Vinte teme o oficialismo, mas sabe que tudo é
uma questão de savoir-faire, com o knowhow adequado, e espera que
se faça a coisa certa. Do capitalismo conhece o poder de absorção,
esvaziamento, reciclagem e uso a seu favor, dele capitalismo, vigente, globalizante,
excludente, contingenciando as lutas negras. O espírito do Vinte é negro,
popular e se aninha junto à família negra: homem negro, mulher negra, criança
negra. Continuidade étnico-racial com identidade cultural negra e poder
político. Uma fórmula, três princípios. No espírito do Vinte. Raça, cultura,
poder – em três palavras.
Surgido numa época em que eram internacionais as influências
da negritude antilhano-africana, das independências na África, do socialismo europeu
e dos movimentos negros estadunidenses, o Vinte de Novembro, com todo o seu
potencial aglutinador, era e continua sendo motivação bem nacional.
Afro-brasileira. Negra.
Seria, na verdade, o Vinte de Novembro uma data ou evento de
maior âmbito e alcance, a par de sua origem brasileira? Referindo-se a um
grande momento da história africano-americana e da humanidade, quando
escravizados resistiram e se rebelaram contra os seus exploradores, criando na
diáspora um território livre ao longo de todo um século, teria, então, o Vinte
de Novembro essa maior amplitude?
Porto Alegre, 17 de outubro de 2003.
Referências bibliográficas
BARBOSA, Márcio. A verdade sobre o 20 de novembro – Dia
Nacional da Consciência Negra. Revista Suingando, São Paulo, v. 1, n. 4,
p. 39, 1996.
CAMARGO, Oswaldo de. O negro escrito. São Paulo:
Secretaria de Estado da Cultura/Assessoria de Cultura Afro-Brasileira, 1988.
216 p.
CARDOSO, Marcos Antônio. O movimento negro em Belo
Horizonte: 1978-1998. Belo Horizonte: Mazza Ed., 2002. 240 p.
GAMA, Luiz. Primeiras trovas burlescas e outros poemas.
Edição preparada por Ligia Fonseca Ferreira. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
(Coleção poetas do Brasil) .
GONZALEZ, Lélia; HASENBALG, Carlos. Lugar de negro.
Rio de Janeiro: Marco Zero, 1982. 116 p. (Coleção 2 Pontos, v. 3).
MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO. 1978-1988. 10 anos de luta
contra o racismo. São Paulo: Confraria do Livro, 1998. 80 p.
SILVEIRA, Oliveira. Banzo saudade negra. Porto
Alegre: Ed. do autor, 1970. 54 p.
NOTA: O texto original possui fotografias dos encontros e imagens dos jornais e panfletos, no entanto, não consegui copiá-los para cá.
NOTA 2: O Dia Nacional da Consciência Negra e o Dia de Zumbi foram estabelicidos oficialmente pela Lei 12.519 de 10 de novembro de 2011, sendo sancionado pela presidente Dilma Rousseff.
Obrigada Leandro Vilar, muito rico o material disponibilizado sobre nossa história, me chamo Margarida Martimiano e tive a honra de fazer parte do Grupo Palmares e muito aprender sobre mim mesma , minha ancestralidade e me fortalecer como ser mulher negra.Oliveira Silveira, querido amigo e demais integrantes do Grupo foram decisivos para meu crescimento pessoal.
ResponderExcluir