Por séculos ele foi o maior farol do mundo e uma das estruturas mais altas já construídas pelo homem no mundo antigo e medieval. Sua imponência e primor da engenharia renderam ao farol alexandrino o posto de uma das 7 Maravilhas do Mundo Antigo. Neste texto apresentei um pouco da história desse icônico farol.
Alexandria do Egito
A cidade foi fundada em 331 a.C por Alexandre, o Grande (356-323 a.C), sendo uma das várias cidades que recebiam o nome do monarca conquistador, apesar que foi a única que conservou esse nome até os dias de hoje. Alexandre ficou poucos meses no Egito, tendo visitado oráculos e conhecido o norte do país, retornou para a Ásia para dar seguimento as suas batalhas contra o imperador persa Dario III. Quase trinta anos se passaram quando o general Ptolomeu (366-283 a.C) assumiu o trono do Egito em 303 a.C, dando início a Dinastia Ptolomaica que governaria as terras egípcias por quase três séculos.
Em seu reinado de vinte anos, Ptolomeu lançou definitivamente as bases para a helenização do Egito, ou pelo menos parte dele, tornando Alexandria sua capital oficial, uma cidade que parecia mais com uma cidade grega do que egípcia. Seu filho e sucessor Ptolomeu II Filadelfo (309-246 a.C), deu continuidade a expansão da cidade, e uma das coisas que ele objetivou fazer foi a expansão do porto. Alexandria havia se tornado porto mais movimentado do Egito, necessitando se adequar a esse crescimento, além disso, aquela costa possuía arrecifes perigosos e o farol da época era pequeno.
Porém, a ideia de Ptolomeu II não foi construir apenas um farol, mas construir o maior farol do mundo. Uma estrutura tão grandiosa na qual qualquer embarcação a tantos quilômetros de distância, conseguiria ver o farol de dia ou de noite. Além disso, o farol seria um monumento para coroar Alexandria, a então joia do Egito Ptolomaico.
O farol gigante
No ano de 280 a.C teve início as obras do colossal farol alexandrino. O faraó Ptolomeu II contratou o arquiteto e engenheiro grego Sóstrato de Cnido para projetar a enorme estrutura. Não se conhece o trabalho dele, mas sabe-se que de acordo com autores antigos como Estrabão e Plínio, Sóstrato gozava de boa reputação na corte ptolomaica, além de ter talento reconhecido. O projeto encomendado era grandioso: um farol com mais de 100 metros de alturas e 30 metros de largura, uma obra bastante difícil e cara. O local escolhido foi uma pequena ilha situada a noroeste do porto de Alexandria, chamada de Faros. O nome da ilha acabou tornando-se sinônimo de farol ainda na Antiguidade e originando essa palavra em alguns idiomas.
Gravura imaginando como seria o farol de Alexandria. |
A ilha de Faros foi ligada ao continente por um mole, para facilitar o transporte dos pesados blocos de pedra que foram utilizados na sua construção, assim como, para reduzir o acesso de embarcações no porto, pois outro mole oposto foi construído, criando uma única entrada no porto. Todavia, praticamente nada se sabe sobre a construção dessa elevada estrutura, entretanto, devido a ser uma obra bastante cara para a época, ela demorou anos para ficar pronta. Não se sabe exatamente quanto tempo as obras levaram, mas houve interrupções devido a falta de verbas e problemas no país, todavia, estima-se que as obras do gigantesco farol demoraram entre 10 a 15 anos para serem concluídas, sendo sua inauguração ainda realizada durante o reinado de Ptolomeu II.
O grande farol estando pronto, passou a operar. No topo situava-se uma grande estrutura feita para queimar uma enorme pira, que permitisse gerar uma boa quantidade de luz para ser visível a distância à noite. A chama do farol era alimentada com lenha e óleos. No interior funcionavam depósitos para o combustível usado, mas também existiriam dependências para abrigar a guarnição ali estabelecida.
Uma estrutura que durou séculos
Como dito anteriormente, pouco se sabe sobre a história do farol, pois se relatórios sobre suas obras ou algum relato de sua história, se foram guardados na Biblioteca de Alexandria, provavelmente queimaram junto a milhares de outros papiros. Sendo assim, o que dispomos são de breve descrições de viajantes ou estudiosos romanos, gregos, árabes, persas, etc. que relataram sobre o farol, mas sem detalhar sua história.
Na época de Cleópatra VII, isso no século I a.C, o farol havia ganhado uma fortificação em seu entorno, com a construção de um pequeno forte que servia de base militar em uma das entradas do porto. Além disso, de acordo com moedas romanas, o farol possuiria estátuas no topo. Historiadores sugerem que seriam estátuas dos deuses Poseidon, ou Tritão ou Zeus.
Moedas romanas do reinado do imperador Antonino Pio (r. 138-161), retratando o farol alexandrino. |
A Cidadela de Qaitbay, em Alexandria. Ela começou a ser construída em 1480, utilizando-se blocos de pedra das ruínas do farol. |
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