sexta-feira, 21 de julho de 2023

Isaac Newton e a Pedra Filosofal

O renomado matemático, físico, astrônomo e filósofo natural Isaac Newton (1642-1727) é lembrado pelas suas grandes contribuições aos campos da Matemática e da Física, as quais o tornaram um dos maiores cientistas da História, no entanto, Newton possuía outros interesses de estudo, dois deles o acompanharam por anos: a teologia e a alquimia. No caso da alquimia, ele se interessou por várias pesquisas, umas uma delas lhe atraiu bastante a atenção, a pedra filosofal. 

A pedra filosofal consiste numa substância alquímica que caso fosse produzida, poderia transformar metais em ouro, além de ser utilizada para a produção de um elixir que poderia gerar o rejuvenescimento, estender a vida e até mesmo conceder a imortalidade. Para alguns alquimistas a pedra filosofal realmente era uma substância real que poderia ser redescoberta, pois seu segredo havia se perdido no tempo. Porém, outros alquimistas viam essa substância como uma alegoria, um símbolo que representava ideias de transmutação, mudança, aperfeiçoamento. 

No caso de Isaac Newton, ele esteve no grupo de alquimistas que acreditavam que a pedra filosofal fosse uma substância que poderia ser produzida. Da vasta produção escrita deixada pelo cientista, 169 cadernos de anotações, contendo 1 milhão de palavras sobre alquimia foram encontrados. Apesar que se sabe que alguns dos seus manuscritos foram perdidos e até destruídos por ele mesmo. Dentro dos vários estudos sobre alquimia, em que Newton abordava temas diversos, fazendo anotações e hipóteses, escrevendo-as em latim e inglês, em vários momentos ele retomava a ideia da pedra filosofal, algo que para alguns biógrafos se tornou uma espécie de obsessão, similar a condição de que ele também tentou descobrir a data do Apocalipse, analisando os números contidos na Bíblia, tentando descobrir um código numérico secreto. 

Duas páginas do caderno de anotações de Newton, sobre alquimia. Ele escrevia em inglês e latim, e as vezes até usava jogos de palavras para ocultar assuntos polêmicos, com medo que seus escritos fossem roubados e lidos. 

A respeito da pedra filosofal, Isaac Newton admirava os trabalhos  alquimistas do americano George Starkey (1628-1665), um médico, alquimista e químico leigo. A obra de Starkey foi bastante popular nos Estados Unidos e Inglaterra, fato esse que chamou a atenção do renomado químico Robert Boyle (1627-1691) e do próprio Isaac Newton, o qual julgava que das melhores explicações de como criar a pedra filosofal, Starkey teria sido aquele que mais chegou perto de desvendar a fórmula secreta. 

Para Starkey o segredo para se criar a pedra filosofal era uma mistura especial chamada de "mercúrio sófico", uma combinação de mercúrio, prata e antimônio, os quais deveriam ser dissolvidos em ouro líquido. Apesar desses supostos ingredientes, Starkey havia dito que não sabia a quantidade, temperatura e tempo para se fazer a mistura. Newton escreveu comentários sobre isso, sugerindo algumas ideias, apesar que não se sabe ao certo se ele realmente tentou realizar esse experimento, pois os manuscritos conhecidos nada indicam alguma experiência para elaborar a pedra filosofal, apenas hipóteses de quais poderiam ser os ingredientes. 

Embora Newton tenha permanecido no campo da ideias, ainda assim, sua atenção a tentar criar a pedra filosofal é algo bastante curioso, já que ele em várias ocasiões comentou a respeito. Há quem considere que seria um passatempo para o renomado matemático e físico, mas outros sugerem que talvez realmente ele pudesse acreditar naquilo, pois os cientistas dos séculos XVI ao XIX eram influenciados também pelo misticismo, fato esse que eles estudavam alquimia, astrologia, cabala, esoterismo etc. 

Referências bibliográficas: 

MENDELSOHN, Andrew J. Alchemy and Politics in England: 1649-1665. Past & Present, n. 135, may 1992, p. 30-78. 

NEWMAN, William R. Newton the Alchemist: Science, enigma, and the Quest for Nature's "Secret Fire". Princenton: Princenton University Press, 2019. 

Link relacionado: 

Alquimia

A Revolução Científica Moderna

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