A literatura de mundo perdido foi um subgênero da literatura de aventura que começou a se popularizar na segunda metade do século XIX, ganhando grande destaque nas primeiras décadas do século XX. Suas narrativas eram profundamente influenciadas por contextos culturais, sociais e políticos desse período no qual vigora o neocolonialismo do imperialismo, a difusão de ideários do racismo científico, e todo o movimento pela ideia de progresso científico, havendo a necessidade de desbravar os lugares ainda inóspitos e selvagens do planeta, para mapeá-los, estudá-los e civilizá-los. O presente texto comenta alguns aspectos dessa interessante literatura de aventura e a realidade histórica de seu desenvolvimento.
1)Imperialismo dos séculos XIX e XX
A historiadora Alayne Azhalay (2024) define o imperialismo como um conjunto de práticas políticas, econômicas, sociais e culturais de caráter colonial que vigoraram entre os séculos XIX e XX, motivados principalmente pelas grandes potências da época, no intuito de fundar ou manter colônias pelas Américas, África, Ásia e Oceania, sustentando práticas exploratórias, racistas, xenofóbicas e opressivas para poder se aproveitar dos recursos dessas colônias e de sua mão de obra barata (as vezes escrava também), o que ajudava a sustentar a economia capitalista industrial-colonial.
Azhalay (2024) comenta que o imperialismo foi um forte entrave para inibir e atrasar a independência de territórios americanos, africanos e asiáticos, pois as nações colonizadoras se negavam a aceitar a emancipação de suas colônias, isso acarretou numa era de guerras, revoltas, genocídios, miséria e violência generalizada.
Assim, as colônias americanas foram conquistar sua independência no século XIX, através de guerras. Já a África a independência tardou bem mais, pois as últimas colônias foram emancipadas na década de 1970, apesar disso, o estrago feito gerou guerras civis em vários países. Na Ásia territórios coloniais também somente foram emancipados no século XX, em diferentes épocas.
O historiador Achille Mbembe (2022) salienta que o imperialismo aplicou práticas que ele chamou de brutalismo, conjunto de medidas autoritárias e opressivas, que perpassavam através da política, da economia, das leis e dos costumes. Dessa forma, o brutalismo do imperialismo manteve a escravidão e o tráfico negreiro (abolindo-os somente quando era conveniente), um pesado racismo estrutural, a desvalorização as culturas nativas em detrimento de forçar aculturação dos colonos, adotando idioma e costumes das nações colonizadoras; o roubo de artefatos, bens materiais e históricos para preencher os museus europeus e estadunidenses; a exploração desumana da mão de obra livre e pobre; o desenvolvimento industrial e tecnológico somente quando era conveniente para estabelecer estradas de ferro, rodovias, portos e pontes; danos ambientais graves causados pela mineração, o desmatamento e a caça predatória.
Com base nessas práticas, as potências mundiais do período como as nações europeias do Reino Unido, França, Alemanha, Rússia, Portugal, Espanha e Bélgica, somadas aos Estados Unidos e as potências asiáticas da Turquia Otomana e do Japão Meiji, consistiram nos países que aplicaram o imperialismo e maior ou menor grau entre os séculos XIX e XX, destaque para o Reino Unido, que na época consistia o Império Britânico, o mais poderoso e rico império colonial do período. Inclusive várias narrativas de mundo perdido fazem referência a personagens britânicos que viajam pelo mundo. (HOBSBAWM, 2012).
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| O Império Britânico em sua máxima extensão. |
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| Mapas da partilha da África antes e depois da Conferência de Berlim. No segundo mapa observa-se a expansão dos domínios coloniais. |
2) O racismo científico
O racismo científico consistiu num conjunto de teorias, conceitos e métodos pseudocientíficos (embora na época diziam ser científicos) que vigoraram entre 1770 e 1950, para justificar a existência de raças humanas evoluídas e inferiores com base em evidências biológicas, arqueológicas, antropológicas e históricas. Essas ideias serviram para embasar prerrogativas imperialistas de se dominar as "nações inferiores" com o discurso de se levar a "civilização e o progresso" para lá.
No século XVIII, o médico e naturalista alemão Johann Friedrich Blumenbach (1752-1840), lançou o livro De generis humani varietate nativa (A variedade nativa da raça humana), publicado em 1775, o qual se baseava na pseudociência da craniometria (hoje abolida), a qual media as dimensões dos crânios humanos segundo a ideia de que as raças humanas teriam crânios diferentes e cérebros de tamanhos distintos. Ou seja, as "raças superiores" teriam cabeças mais harmoniosas e cérebros maiores e mais desenvolvidos, o que os tornava mais inteligentes, racionais e civilizados, do que as "raças inferiores", que com seus cérebros menores eram menos inteligentes e tendiam a barbárie e a superstição. (MAGNOLI, 2009).
Essas ideias foram bastante impactantes levando Blumenbach a dividir a humanidade em cinco raças: caucasoide (branca), etiópica (negra), mongoloide (amarela), malaia (parda) e americana (vermelha). Embora outros estudiosos do racismo científico tenham inventado várias nomenclaturas para classificar as supostas raças humanas, mas uma coisa é fato: a "raça branca europeia" era o auge da evolução humana, enquanto as raças de pele cada vez mais escura eram inferiores, o símbolo do primitivismo.
Em 1855 foi publicado por Joseph Arthur, Conde de Gobineau (1816-1882), a obra intitulada Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas (Essai sur l’inégalité des races humaines) em quatro volumes, que se tornou um marco para o racismo científico do século XIX. Nesse livro, o Gobineau adentrou a outro tema polêmico, o problema da mestiçagem. Gobineau dizia que embora houvessem raças superiores e inferiores, o cruzamento entre elas geravam indivíduos degenerados, os quais tinham a tendência de herdar mais traços negativos do que positivos. (SOUSA, 2013).
A tese de Gobineau foi reforçada após o lançamento do livro A origem das espécies (1859) de Charles Darwin, o qual popularizou a teoria evolucionista da seleção natural (embora não tenha sido o único a escrever sobre ela). O livro de Darwin causou muita polêmica na época, porém, ele não abordou a evolução humana nesse trabalho, mas isso não impediu que defensores do racismo científico se aproveitassem do momento e desenvolvessem o chamado darwinismo social. (SILVEIRA, 2000).
"Denominada "darwinismo social" ou "teoria das raças", essa nova perspectiva via de forma pessimista a miscigenação, já que acreditava que não "se transmitiriam caracteres adquiridos", nem mesmo por um processo de evolução social. Ou seja, as raças constituiriam em fenômenos finais, resultados imutáveis, sendo todo cruzamento, por princípio, entendido como erro. As decorrências lógicas desse tipo de postulado eram duas: enaltecer a existência de "tipos puros" - e portanto, não sujeitos a processos de miscigenação - e compreender a mestiçagem como sinônimo de degeneração não só racial mas como social". (SCHWARCZ, 1993, p. 58)
Além disso, Gobineau defendia que nações de raças superiores (leia-se aqui, os europeus), deveriam colonizar e "ajudar" os povos inferiores a se libertar da barbárie e serem civilizados. Essa visão foi bastante utilizada nas políticas imperialistas para justificar suas ações de invadir e manter colônias. (SILVEIRA, 2000).
3) A era das expedições científicas
Outra característica marcante do subgênero do mundo perdido é a ideia de expedição científica. Embora nem todo protagonista fosse um cientista, mas algumas das narrativas mais famosas contava com algum estudioso. A ideia vinha diretamente do contexto da época. Naquele tempo o planeta Terra tinha sido mapeado pelo menos uns 80%, as lacunas no mapa-múndi estavam sendo preenchidas, mas havia regiões de densas florestas, desertos, montanhas e ilhas que seguiam desconhecidos aos geógrafos e cartógrafos europeus. Condição essa que universidades, institutos, sociedades científicas e museus (geralmente da Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos) promoviam expedições científicas para explorar essas regiões. (GONÇALVES; DE AZEVEDO, 1982).
O naturalista alemão Alexander von Humboldt (1769-1859) viajou pelas Américas entre 1799 e 1804, participando de expedições científicas de geografia, cartografia, botânica, zoologia etc. Humboldt ficou famoso por conta disso, se tornando até o estereótipo de cientista aventureiro, apesar de ter seus trinta e poucos anos na época.
Outro cientista explorador que se destacou foi Charles Darwin (1809-1882), o qual participou da segunda expedição de circum-navegação do HMS Beagle, ocorrida entre 1831-1836. Nessa viagem de volta ao mundo, o navio inglês percorreu as duas costas da América do Sul, passou pelo sul da Austrália, as Ilhas Maurício e África do Sul. Darwin que também era jovem na época, aproveitou aqueles cinco anos para coletar imensa quantidade de registros e dados para seus estudos naturalistas, o que lhe ajudou a desenvolver suas teoria da evolução.
A ideia de realizar expedições pelo mundo, especialmente pelas Américas, África, Ásia, Oceania e os Polos, se tornou ideal de vários homens e instituições públicas e privadas, pois havia fama a ser conquistada em ser o primeiro a fazer mapear, a chegar, a fazer contato, além de coletar amostras e artefatos. A ideia era reforçada pelo sentido de "descoberta", pois a noção de haver cidades perdidas e civilizações esquecidas instigavam esses pesquisadores e aventureiros, afinal, eram tempos em que o Egito, a Mesopotâmia, a Pérsia, a Índia, o México, o Peru, o Camboja etc., estavam sendo estudados por arqueólogos europeus. (GONÇALVES; DE AZEVEDO, 1982).
A segunda metade do século XIX formalizou a História, a Arqueologia, a Antropologia e a Sociologia como ciências humanas. No caso, também foi o período que se ampliou expedições geográficas, arqueológicas e antropológicas pelo mundo, a fim de desvendar o passado e estudar as civilizações antigas e os povos indígenas. Vale lembrar alguns marcos desse período como:
- Entre 1840 e 1860 várias expedições ao México e a Guatemala foram realizadas para estudar e localizar as cidades maias, cujas ruínas foram engolidas pela selva.
- Descoberta da Biblioteca de Nínive na antiga capital assíria, entre 1845 e 1851.
- Relatos sobre as ruínas de Angkor Wat no Camboja em 1856, foram divulgados na Europa;
- Criação do conceito da Assiriologia em 1859 pelo filólogo e historiador Ernest Renan, para se referir aos estudos da Assíria e outros povos da Mesopotâmia;
- A descoberta de Troia na Turquia, na década de 1870, por Heinrich Schliemann;
- Descoberta das Cartas de Amarna em 1887, durante escavações em túmulos na cidade engolida pelo deserto egípcio. Amarna foi a capital fundada pelo faraó Akhenaton;
- Entre 1890 a 1920 ocorreram expedições arqueológicas e caças ao tesouro nas ruínas do Grande Zimbábue.
- os estudos sobre a civilização minoica realizados pelo arqueólogo Arthur Evans em Creta, entre 1900 e 1905;
- Escavações da Babilônia por Robert Koldewey entre 1900 e 1911.
- Entre 1908 e 1909 as primeiras expedições chegaram ao Polo Norte.
- Divulgação internacional sobre Machu Picchu no Peru, em 1911, pelo arqueólogo Hiram Bingham.
- Em 1911 a expedição de Roald Amundsen chegou ao Polo Sul.
- O explorador e arqueólogo Percy Fawcett, seu filho e amigo morreram em 1925, no interior do Brasil, enquanto buscavam a Cidade Perdida de Z.
Além disso, foi nesse período em que teorias sobre continentes perdidos como Atlântida, voltaram a se popularizar. Muitos queriam fazer a chamada "descoberta do século na Arqueologia" em achar tais lugares. Além de Atlântida, outros dois supostos continentes perdidos ficaram em evidência: A Terra de Mu, teoria desenvolvida principalmente pelo antiquarista americano Augustus Le Plongeon (1825–1908), tratando-se de um suposto continente perdido no meio do Oceano Pacífico. Por sua vez, o zoólogo Philip Sclater (1829-1913) propôs a teoria de que haveria um continente perdido no Oceano Índico, que ele chamou de Lemúria, uma referência aos lêmures de Madagascar.
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| Mapa da suposta localização do continente de Mu. Ilustração do livro Books of the Golden Age (1927) de James Churchward. |
Assim, entre 1830 a 1960, livros pseudocientíficos, ocultistas e de ficção popularizaram as narrativas e descrições sobre Atlântida, Mu e Lemúria, algumas das obras chegaram a ponto de descrever como eram esses lugares, sua geografia, povos e costumes, além de fornecer supostas evidências para sua existência.
Além das teorias sobre esses continentes perdidos, a Teoria da Terra Oca também foi popular naquela época. A ideia de que poderia haver reinos, animais e povos vivendo no subterrâneo (ou submundo) remonta desde a Antiguidade, sendo encontrada em mitos, lendas e folclores. Porém, foi no final do século XVII que alguns cientistas e filósofos começaram a debater se isso poderia ser real. A teoria de que a Terra seria oca, podendo abrigar civilizações perdidas e fauna pré-histórica foi se desenvolvendo entre os séculos XVIII e XIX, mas se tornando mais popular no XIX, motivada pelo interesse científico da época, o ocultismo e as pseudociências. (STANDISH, 2006).
Mas além das tentativas de se descobrir continentes perdidos e cidades perdidas, os cientistas e curiosos do século XIX e começo do XX, também buscavam descobrir "raças humanas" desconhecidas e até o chamado "elo perdido da evolução humana". Vale lembrar que os primeiros fósseis do Homem de Neandertal foram descritos em 1829. Já o Homo erectus foi descrito a partir de fósseis encontrados na ilha de Java em 1891.
Por conta disso, encontrarmos narrativas sobre anões, gigantes e até homens-macacos. Esses seres eram considerados como possivelmente reais, tendo existido e talvez espécimes ainda estivessem vivas naquele tempo. Descobri-los mostraria mais evidências para defender a "evolução das raças humanas". Além disso, as obras pseudocientíficas sobre Atlântida, Mu e Lemúria, algumas delas apontavam que haveria raças humanas perdidas nesses continentes, mas algumas migraram para outros continentes. Essas teorias até ajudavam a explicar como tais raças teriam se espalhado pelo mundo e se miscigenado.
Por conta disso, algumas sociedades foram criadas para tais fins, como a Société de Géographie de Paris (1821), famosa por suas expedições a África Septentrional, a América do Sul e a Ásia Central, a Royal Geographical Society (1830) da Inglaterra, pioneira na exploração de vários territórios interioranos na África e na Ásia, destacando-se suas expedições na Índia e no Himalaia. A famosa National Geographic Society (1888) dos Estados Unidos, inicialmente criada para estudar apenas o contexto do país, depois indo para outros países, tornando-se mundialmente conhecida por sua revista e canais.
Essas sociedades de geografia não apenas reuniam geógrafos, mas outros tipos de estudiosos como historiadores, antropólogos, sociólogos, geólogos, naturalistas, engenheiros civis, mineralogistas, botânicos, zoólogos, interpretes, tradutores, folcloristas, meteorologistas, montanhistas etc. Essa vasta combinação de áreas atendia os anseios do progresso científico em voga na época, mas também os interesses políticos e econômicos do imperialismo, afinal, mapear territórios ajudava a identificar recursos naquelas áreas, especialmente minérios valiosos como ouro e prata, além de joias como diamantes. (GONÇALVES; DE AZEVEDO, 1982).
O contexto da Belle époque também impulsionava essas expedições, pois se criaram feiras de exposições tecnológicas, artísticas, científicas e de curiosidades. A Grande Exposição de Londres em 1851 se tornou símbolo para esse tipo de evento, o qual mostrava vários inventos, máquinas, obras de artes, livros, gravuras, desenhos de expedições científicas, fósseis, artefatos coletados nessas expedições, as vezes até mesmo podia-se ver pessoas dos "povos exóticos", trajando seus trajes típicos e exibidas para o fascínio dos europeus. (FINDLING & PELLE, 2008).
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| O Palácio de Cristal da Grande Exposição de Londres, em 1851. |
4) Antecedentes da literatura de mundo perdido
Oficialmente a literatura de mundo perdido começou na segunda metade do século XIX, mas anteriormente encontramos algumas obras que já versavam sobre isso. Alguns estudiosos apontam narrativas da Antiguidade e da Idade Média como sendo precursoras desse tipo de literatura, mas é preciso ter cautela quanto a isso. O subgênero mundo perdido não se restringe apenas a existência de locais fantásticos que estão para serem descobertos, mas ele carrega toda uma carga de imaginário político, exotismo e ideologias dos séculos XIX e XX, no caso, ideias neocoloniais, imperialistas, racistas e científicas, algo visto diretamente ou indiretamente nos livros publicados entre as décadas de 1860 e 1940.
Por outro lado, alguns autores assinalam alguns livros do século XVIII como tendo sido os "antepassados" da literatura de mundo perdido como Voyagers et aventures de Jacques Massé (1710) de Simon Tyssot de Patot (1655-1738), cujo protagonista viaja por terras exóticas e estranhas no sul da África, se deparando com animais pré-históricos. Por sua vez, o autor publicou também La Vie, les Aventures et le Voyage de Groenland du Révérend Père Cordelier Pierre de Mésange (1720) que viajou a Groenlândia e encontrou uma passagem para o submundo segundo a teoria da Terra oca.
O escritor irlandês Jonathan Swift (1667-1745) publicou seu romance de aventura com sátira político-social intitulado As viagens de Gulliver (1726), em cuja narrativa o desafortunado médico inglês é vítima de naufrágios e piratas, sendo levado a terras desconhecidas, habitadas por povos estranhos. Os povos descritos por Gulliver como os pequeninos de Lilliput, os gigantes de Brobdingang, os cientistas-malucos de Balnibari ou os Houyhnhnms, os cavalos falantes, são sátiras a sociedade londrina e o governo inglês. Apesar desse tom satírico da obra, o livro de Swift influenciou obras de mundo perdido no século seguinte.
A teoria da Terra Oca também inspirou o livro Nicolai Klimii Iter Subterraneum (1741) de Ludvig Holberg (1684-1754), o qual consiste numa sátira política escrita em latim, em que acompanhamos a aventura de Nicolai Klim que se perde numa profunda caverna indo descobrir um reino subterrâneo chamado de Potu. Além disso, o livro de Holberg era inspirado também em As viagens de Gulliver, no seu estilo de narrativa e sátira.
O livro The Life and Adventures of Peter Wilkins, a Cornish Man (1751) de Robert Paltock (1697-1767) combinou influências da escrita de Daniel Dafoe e Jonathan Swift para compor uma narrativa na qual o aventureiro Peter Wilkins chega a uma ilha desconhecida habitada por um povo indígena que vivia nu, mas que tinham um saber antigo e misterioso em fabricar pipas, as quais permitiam que eles voassem. Apesar da ideia, na época seu livro não foi bem visto, considerado tedioso e mal escrito. (VERSINS, 1972).
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| Ilustração para o livro mostrando Wilkins contemplando dois "homens voadores" a lutar. |
5) Características da literatura de mundo perdido
Para além de serem narrativas situadas entre as décadas de 1860 e 1940, baseadas no contexto histórico do imperialismo, do neocolonialismo, da segunda revolução industrial, do final da escravidão moderna, do racismo científico e a ideia de progresso tecnológico, essas histórias apresentam uma série de características essenciais que definem esse subgênero.
Assim, o mundo perdido trata-se de um subgênero de narrativas de aventura, que pode conter elementos de fantasia ou de ficção científica. São narrativas geralmente medianas, consistindo em novelas ou romances pequenos entre 150 a 300 páginas, mas alguns exemplares podem ser maiores. E há casos de haver contos também.
Nessas histórias o protagonista ou protagonistas costumam serem homens brancos, geralmente de origem inglesa, francesa ou americana, tendo entre 30 e 50 anos, os quais se aventuram por outros continentes como África, Américas e Ásia. Em alguns casos temos aventuras que se passam no Polo Norte, no Polo Sul, na Terra Oca e em outras localidades como ilhas e a Oceania.
As narrativas geralmente acompanham uma expedição científica liderada por algum naturalista, arqueólogo, antropólogo, ou simplesmente "professor" ou "cientista", no intuito de comprovar lendas sobre alguma civilização perdida. Por outro lado, há narrativas cujos protagonistas são caçadores de tesouro, caçadores de animais, mercenários, guerreiros ou simplesmente aventureiros.
Outra característica marcante é a presença de fauna e flora incomum, geralmente contendo animais extintos oriundos da Pré-história ou dinossauros. Por sua vez, os povos que habitam essas terras e cidades desconhecidas costumam serem normalmente retratados como sendo primitivos e selvagens, podendo serem inclusive canibais. Tais povos também costumam serem representados como cultuando vários deuses, praticando magia e serem supersticiosos. Embora haja narrativas nas quais apresentam civilizações mais desenvolvidas segundo os padrões do imperialismo.
Os protagonistas tendem a ir procurar algo para seu benefício, seja conhecimento, fama ou riqueza. Embora há histórias que eles partam para resgatar amigos ou familiares. Em outras ocasiões o(s) protagonista(s) chega até as terras desconhecidas acidentalmente porque acabou se perdendo, ficando à deriva no mar ou foi capturado pelos nativos.
Em algumas narrativas de mundo perdido, os protagonistas se deparam como problemas ao chegarem nas terras desconhecidas. Geralmente há uma guerra civil, conflito entre povos vizinhos, golpe de estado, traições e conspirações. Em outras ocasiões os problemas advêm por conta de inveja, ciúmes e xenofobia, em que as nativas tentam se casar com os aventureiros (isso é comum nas narrativas mais românticas, onde a princesa, a rainha, a feiticeira se apaixona pelo protagonista) ou alguma autoridade julga que os forasteiros são uma ameaça aos costumes e a ordem daquela sociedade, que foram ali para roubá-los ou escravizá-los.
5.1 Mundos perdidos subterrâneos
Muitos anos depois tivemos o lançamento do clássico Viagem ao centro da Terra (1864) de Júlio Verne (1828-1905), considerado por alguns como o início da literatura de mundo perdido, por estar inserido no contexto imperialista e científico da época. Nesse livro, os três personagens: professor Otto Lidenbrock, seu sobrinho Axel e o guia islandês Hans, adentram por um vulcão na Islândia procurando uma rota até o centro da Terra. Verne se baseou na teoria da Terra Oca, em voga desde o século XVIII.
Neste caso, seu livro não apresenta um contexto político e social associado com as práticas neocoloniais e imperialistas, mas estava mais centrado numa perspectiva de ficção científica, por se tratar de uma expedição científica para se comprovar se seria possível chegar até o centro do planeta.
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| Capa original. |
Na narrativa o protagonista e seu amigo minerador enquanto exploram uma mina abandonada, se deparam com monumentos de uma antiga e desconhecida civilização chamada Vril-ya. Os dois eventualmente chegam até a cidade perdida desse povo, vindo a conhecer mais sobre sua cultura e tecnologia avançada. Os Vril-ya viviam a milhares de anos no subterrâneo desde a época do Dilúvio, ali embaixo desenvolveram habilidades psíquicas como telepatia, além de descobrirem um fluído estranho chamado de Vril, que é utilizado como base de sua tecnologia, a qual é mais avançada do que dos povos da superfície.
Além da Terra Oca, Bulwer-Lytton introduziu nessa obra de mundo perdido/aventura/ficção científica influências do período da Revolução Industrial, marcante em sua época. Os Vril-ya possuem outro tipo de tecnologia (nem sempre descrita com clareza), mas que era dita ser mais avançada. Além disso, eles não eram um povo primitivo ou bárbaro, embora fossem considerados exóticos para os padrões civilizatórios europeus do século XIX. Bulwer-Lytton inclusive encerrava sua narrativa com um tom pessimista, dizendo que os Vril-ya ambicionavam vir a superfície e conquistar os outros povos.
Todavia, provavelmente o escritor que mais explorou a temática da Terra Oca foi Edgar Rice Burroughs (1875-1950), famoso pela série literária do Tarzan e de John Carter. Burroughs era conhecido por explorar temas de fantasia, aventura e ficção científica. Assim, influenciado pelo livro de Viagem ao centro da Terra, ele publicou At the Eart's Core (1914), dividido em quatro volumes na All-Story Weekly, uma tradicional revista pulp da época. A trama apresentava a jornada do minerador David Innes e do engenheiro mecânico Abner Perry, o qual criou um veículo-escavadeira em formato de toupeira, com a missão de tentar atingir o centro do planeta.
Após perfurarem centenas de milhas eles chegaram a uma região desconhecida chamada de Pellucidar, habitada por dinossauros, animais pré-históricos, tribos selvagens e homens-feras. A obra fez rápido sucesso rendendo uma continuação intitulada Pellucidar (1915). Porém, vários anos depois Burroughs foi lançando outros livros que se passavam nesse mundo subterrâneo primitivo, formando a série Pellucidar, composta por sete livros.
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| Capa de uma edição de 1922. |
Entretanto, o autor que popularizou a literatura de mundo perdido foi Sir Henry Rider Haggard (1856-1925), um nobre inglês influenciado por toda a atmosfera do esplendor do Império Britânico e sua influência pelo mundo, começou a escrever vários livros de aventura que se passavam em lugares exóticos, geralmente da África, onde viveriam civilizações perdidas, geralmente bárbaras e primitivas. A visão de Haggard era claramente influenciada pelo imaginário imperialista europeu, o qual julgava que nos outros continentes os povos nativos fossem naturalmente inferiores e selvagens. Vale ressalvar que ele morou alguns anos na colônia sul-africana, o que influenciou profundamente sua escrita.
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| Capa da primeira edição. |
Porém, a segunda obra que lhe trouxe sucesso também foi She: A History of Adventure (1887), onde os aventureiros Leo Vincey e Horace Holly, enquanto exploravam o interior da África adentraram as terras do reino perdido de Kôr, habitado pelo povo Amahagger, governado por uma bela feiticeira branca chamada Ayasha (referida pelos aventureiros como "Ela"), que era adorada como uma deusa. A obra introduziu alguns elementos não vistos em As Minas do Rei Salomão, como a magia, o mistério e o sombrio. No caso, a magia passou a ser algo marcante em algumas produções de mundo perdido, consistindo numa visão negativa dos poderes mágicos, estando normalmente associada com feiticeiras e feiticeiros cruéis, os quais oprimem seu povo ou realizam rituais macabros.
Além disso, outro aspecto interessante dessa obra é que embora o povo Amahagger fosse negro, eles eram governados por uma mulher branca, aqui nota-se o discurso racista da época, em se colocar o branco como superior aos negros. Neste caso, a feiticeira Ayasha é a única que detém poder mágico entre aquelas pessoas. O livro fez bastante sucesso, rendendo uma continuação lançada vários anos depois intitulada Ayasha: The Return of She (1905). Além de ganhar adaptações para os quadrinhos e o cinema.
H. Rider Haggard embora tenha popularizado o subgênero mundo perdido, ele se destacou mais no gênero de aventura, tendo sido um escritor bastante produtivo, escrevendo mais de 70 livros. Assim, suas obras influenciaram gerações nos séculos XIX e XX, levando ao surgimento de vários outros autores que foram motivados a explorar essa rica e crescente literatura cada vez mais.
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| Ilustração para o romance She, onde vemos Vincey diante da feiticeira Ayasha e um dos servos está deitado diante dela. |
O trabalho de Hoggard inspirou bastante o escritor americano Edgar Rice Burroughs, o qual ganhou fama mundial ao criar Tarzan (1912), seu personagem mais famoso e protagonista de 24 livros. Tarzan é o nome dado pelos gorilas que o criaram, seu nome real seria John Clayton III, Lorde Greystoke, novamente um nobre de origem inglesa que viaja a África. Seus pais morreram durante um ataque, e o bebê foi adotado por um bando de gorilas. Tarzan desenvolveu capacidades sobre-humanas, além de poder se comunicar com os animais. Curiosamente os nativos não conseguem fazer isso, novamente a superioridade do homem branco europeu sobre os africanos negros, regularmente representados como sendo sempre primitivos nessas narrativas.
Além disso, diferente do que vemos em filmes e desenhos, nos livros Tarzan não passa todo o tempo vivendo na África (no Congo, local que serviu de base para os livros de Burroughs), pois ele viaja para os Estados Unidos e a Inglaterra. Além disso, Tarzan sabe falar outros idiomas, conhece os "ditos costumes civilizados", descobre sua origem como nobre britânico e até mesmo realiza expedições pela África. Embora seja rico, ele prefere viver como explorador na África em várias de suas narrativas.
A maior parte dos livros de Tarzan são narrativas de aventura, mas em alguns livros temos a presença do subgênero mundo perdido como visto em:
- Tarzan and Jewels of Opar (1918), onde ele viaja a terra de Opar para conseguir ouro e diamantes;
- Tarzan and the Ant Men (1924), onde o seu avião caiu numa região desconhecida da África, habitada por povos desconhecidos como os homens-formigas, um povo pequenino que cavalgava pequenos cervos; Um fato curioso é que embora vivessem no interior da África, eles eram representados com a pele branca.
- Tarzan and the Lost Empire (1929), nessa narrativa o protagonista acompanha seu amigo Eric von Harben em busca de chegar a uma terra perdida nas Montanhas de Wiramwazi, habitada evidentemente por povos primitivos;
- Tarzan at the Earth's Core (1930) a pedido de seu amigo Jason Gridley, Tarzan monta uma equipe de resgate e parte ao Polo Norte para acessar o subterrâneo onde fica a civilização perdida de Pellucidar, para resgatar o imperador que foi mantido refém por piratas. Trata-se de um crossover com sua série sobre Pellucidar.
- Tarzan and the City of Gold (1933), enquanto viajava pela Abissínia (atual Etiópia), Tarzan se ver em meio a guerra entre duas cidades até então desconhecidas, chamadas de Cathne (A Cidade do Ouro) e Athne (A Cidade de Marfim);
- Tarzan and the Forbidden City (1938), nessa narrativa o protagonista acompanha um amigo na expedição para encontrar uma mina de diamantes numa terra inexplorada chamada Tuen-Baka.
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| Capa da primeira edição. |
5.3 Mundos perdidos nas Américas
Deixando a África e indo para às Américas, elas também foram palcos de algumas obras de mundo perdido. A primeira consiste no livro The Phantom City (1886) de William Bury Westall (1834-1903), apresenta uma expedição científica pela Guatemala na América Central, em que o protagonista procura comprovar uma lenda sobre uma cidade perdida situada na cratera de um vulcão. Embora a trama fosse situada na Guatemala, a tal civilização perdida seria remanescentes de Incas, um povo da região andina na América do Sul. Curiosamente a Guatemala foi habitada principalmente pelos Maias e outros povos, mas Westall ignorou tudo isso e optou inserir os Incas. Isso se deve também a condição de que para alguns escritores as culturas ameríndias fossem parecidas.
Um segundo livro que cito é The Aztec Treasure-House (1890) de Thomas Allibone Janvier (1849-1913), o qual era um entusiasta da histórica mexicana antiga, tendo vivido no país por alguns anos, realizando viagens e conhecendo ruínas. Isso o inspirou a escrever seu livro misturando história e ficção. Na trama um grupo de caçadores de tesouro buscam uma cidade perdida Asteca no México, a qual conteria o maior tesouro acumulado por eles, que foi escondido dos espanhóis.
Porém, o livro de mundo perdido mais popular e ambientado nas Américas consiste em O mundo perdido (1912) de Sir Arthur Conan Doyle (1859-1930), o famoso autor de Sherlock Holmes, mas que decidiu ingressar na literatura de mundo perdido e ironicamente deu esse nome ao seu livro. A trama acompanha a expedição científica do Professor Challenger, que decidi investigar evidências sobre um platô misterioso na Amazônia brasileira, um território até então desconhecido até mesmo pelos indígenas.
Neste platô isolado no meio da gigantesca Floresta Amazônica, Challenger e sua equipe encontraram animais pré-históricos, dinossauros, homens-macacos e tribos selvagens. A obra pegou temáticas populares na época como dinossauros e expedições científicas para as grandes florestas do mundo, teorias sobre raças hominídeas desconhecidas. Além disso, ela apresentava a visão imperialista britânica de que o Brasil ainda era um país bastante subdesenvolvido, seu território não tinha sido devidamente explorado (cabendo aos britânicos fazerem isso) e seus indígenas não tinham sido totalmente civilizados.
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| Ilustração de uma versão francesa do livro de 1914, mostrando o Professor Challenger amarrado, enquanto conversava com um homem-macaco. |
Entre os séculos XIX e XX, expedições para se atingir o Polo Norte e Polo Sul foram realizadas, por conta disso, naquele tempo tais localidades nos extremos opostos do planeta ainda eram pouco conhecidas e nem eram mapeadas. Isso suscitava inclusive o imaginário de escritores sobre o que existiria ali além de gelo e neve.
O livro Le Sphinx des glaces (1897) é o retorno de Júlio Verne a literatura de mundo perdido. A obra dividida em dois volumes consistiu numa continuação não-oficial de The Narrative of Arthur Gordon Pym (1838) de Edgar Allan Poe, em que Pym participou de uma expedição para chegar até o Polo Sul, mas nunca retornou dessa. Assim, no livro de Verne, os protagonistas estão viajando pelo Atlântico Sul já na fronteira com o Oceano Glacial Antártico, quando descobrem um cadáver congelado e vestígios da expedição do navio Jane Guy, no qual Pym tinha viajado. Seguindo os vestígios eles vão para terra firme e tratam de procurar que fim levou a expedição, no caminho eles encontram uma inesperada esfinge em meio aos prados congelados. A cena emblemática se tornou capa da obra e o título do livro, que apresenta uma civilização perdida que havia encontrado seu fim quando a Antártida se congelou há muito tempo.
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| Capa original. |
Outra obra que explora uma civilização perdida antártica é encontrada no livro The Land That Time Forgot (1916) de Edgar Rice Burroughs, o mesmo autor de Tarzan, John Carter e Pellucidar. Dessa vez, ele retornou a temática de mundo perdido, mas agora influenciado pelo trabalho de Conan Doyle. A narrativa apresenta um submarino alemão que se perdeu durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e chegou numa região desconhecida da Antártida, habitada por dinossauros e homens-macacos. O livro fez sucesso, rendendo adaptações para os quadrinhos e o cinema. O livro também fez sucesso, levando Burroughs a iniciar outra série literária, que virou a Trilogia Caspak. A série acabou sendo adaptada para histórias em quadrinhos e o primeiro livro também virou filme.
Mas uma obra distinta das duas anteriores, que também explorava um mundo perdido antártico consiste na novela Nas montanhas da loucura (1936) de H. P. Lovecraft (1890-1937), consiste numa narrativa de terror, ficção científica, mistério, aventura e mundo perdido, a qual acompanha uma expedição geográfica ao interior da Antártida, até uma zona pouco explorada, onde se encontram gigantescas montanhas e vales profundos. Ali a expedição se deparou com as ruínas de uma grande e estranha cidade de pedra e fósseis extraterrestres. Lovecraft como era conhecido por seu gosto pela literatura de terror, inseriu elementos dessa e de ficção científica nessa sua novela, que se tornou sua mais famosa obra sobre mundo perdido.
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| Ilustração da cidade perdida na Antártida, numa versão em hq de As montanhas da loucura. |
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| Capa da primeira edição. |
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| Cartaz original. |
- Viagem ao centro da Terra (1959) - adaptação do livro
- Jornada para a Cidade Perdida (1960)
- O mundo perdido (1960) - adaptação do livro
- Atlântida, o continente desaparecido (1961)
- A deusa da Cidade Perdida (1965) - adaptação do livro She
- O continente esquecido (1968)
- O Vale de Gwangi (1969)
- Cidade sob o mar (1971)
- Horizonte Perdido (1973) - adaptação do livro
- A ilha no topo do mundo (1974)
- A terra que o tempo esqueceu (1974) - adaptação do livro
- No coração da Terra (1976) - adaptação do livro At the Earth's Core
- Criaturas que o tempo esqueceu (1977)
- Tudo por uma Esmeralda (1984)
- A Joia do Nilo (1985)
- As Minas do Rei Salomão (1985) - adaptação do livro
- Allan Quartemain e a Cidade do Ouro Perdida (1986)
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| Arte conceitual do Pantera Negra contemplando a capital de Wakanda, para o filme Pantera Negra (2018). |
Referências bibliográficas
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