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Atenciosamente
Leandro Vilar

sábado, 8 de dezembro de 2012

O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - IHGB

"Pacifica Scientiae Occupatio".
Lema do IHGB


Em 1838 era fundado na capital imperial brasileira o Rio de Janeiro, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro sob os auspícios do imperador D. Pedro II e de ilustres nomes da aristocracia e política carioca e fluminense. O IHGB fora a primeira instituição do gênero a ser criada no Brasil no intuito de se formalizar e profissionalizar os estudos históricos e geográficos nacionais para a pátria. Mas, mesmo decorrido todo esse tempo, o IHGB ainda hoje em grande parte é desconhecido para o povo brasileiro, e sua importância e papel as vezes não são lembrados ou considerados. Nesse texto, procurei falar brevemente do surgimento dessa importante instituição e algumas de suas características ainda no início de seu desenvolvimento.

Fundação

Em 28 de fevereiro de 1827 o imperador D. Pedro I celebrava a oficialização da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional proposta por seu pai o rei D. João VI alguns anos antes. A proposta da SAIN era incentivar o desenvolvimento da agricultura, da lavoura e da pecuária no país. Porém, apenas anos depois é que a sociedade começou a funcionar de fato. 

Dez anos depois, membros da SAIN tinham em mente fundar um instituto científico aos moldes de alguns vistos na França, Inglaterra e Itália, assim partindo principalmente da ideia do cônego Januário da Cunha Barbosa e do marechal Raimundo José da Cunha Matos, em um domingo de 21 de outubro de 1838 às onze da manhã fora convocado uma pequena reunião na modesta sala do Museu Nacional, onde na ocasião contou-se com 27 membros, entre proeminentes nomes da política, dos ofícios liberais, da nobreza, etc.

"Criado logo após a independência política do país, o estabelecimento carioca cumpria o papel que lhe fora reservado, assim como aos demais institutos históricos: construir uma história da nação, recriar um passado, solidificar mitos de fundação, ordenar fatos buscando homogeneidades em personagens e eventos até então dispersos". (SCHWARCZ, 2005, p. 99).



Sobre a proposta da fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro o marechal Raimundo José da Cunha Matos junto com Januário da Cunha Barbosa apresentaram a seguinte proposta para o conselho da SIAN  em 16 de agosto de 1838, reunião essa que deliberou a criação do instituto em outubro do mesmo ano.

"Sendo innegavel que as lettras, além de concorrerem para o adorno da sociedade, influem poderosamente na firmeza de seus alicerces, ou seja pelo esclarecimento dos seus membros, ou pelo adoçamento dos costumes publicos, é evidente que em uma monarchia constitucional, onde o merito e os talentos devem abriras portas aos empregos, e em que maior somma de luzes deve formar o maior grão de felicidade publica, são as lettras de uma absoluta e indispensável necessidade, principalmente aquellas que, versando sobre a historia e a geographia do paiz, devem ministrar grandes auxílios á publica administração e ao esclarecimento de todos os Brazileiros.

Por isso, os abaixo assignados, membros do conselho administrativo da Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional, conhecendo a falta  de um Instituto Historico e Geographico nesta côrte, que principalmente  se occupe em centralisar immensos documentos preciosos, ora espalhados pelas provincias, que podem servir á historia e a geographia do Imperio, tão difficil por falta de um tombo ou promptuario de que se possam aproveitar os nossos escriptores, desejam e pedem a sua prompta installação, debaixo dos auspicios da Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional, e offerecem as seguinte bases para esta utilíssima associação, requerendo ao conselho administrativo que, se as achar convenientes, as adopte para se apresentar á proxima assembléa geral da sociedade, afim de serem definitivamente serem approvadas". (RIHGB, 1908, p. 5-6).

Quanto as bases apresentadas por Raimundo e Januário nessa proposta, ao todo eles elegeram nove bases que deveriam ser julgadas e aprovadas para permitir a criação do IHGB, sobre essas bases elas diziam o seguinte:

"1) Fundar-se-ha, sob os auspicios da Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional, um Instituto Historico, que especialmente se occupe da historia e geographia do Brazil. 

2) Os seus membros trabalharão na mesma casa que ora trabalham os da Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional.

3) O fim desse Instituto será, além dos que forem marcados pelos seus regulamentos, colligir e methodisar os documentos historicos e geographicos interessantes á historia do Brazil.

4) Constará de 25 socios effectivos, residentes na côrte, e numero illimitado de honorarios e correspondentes, que residam aqui ou nas provincias, e que a assembléa geral houver de nomear por proposta da mesa.

5) Logo que 16 membros effectivos se reunam, depois da approvação dessa proposta, se procederá por escrutinio secreto á nomeação do presidente, dous secretarios e um thesoureiro. Presidirá a este primeiro acto o presidente ou vice-presidente da Sociedade Auxiliadora da Industrial Nacional; e feita esta primeira nomeação, cessará de influir nos demais actos sociaes.

6) Installada assim a mesa do Instituto Historico e Geographico Brazileiro, proceder-se-ha logo á escolha de tres de seus membros, que organisem com a possível brevidade o regulamento de seus trabalhos academicos: só depois de discutido elle e approvado pelos membros do Instituto e que esse proseguirá nos demais actos regulares, devendo considerar-se como preparatorios outros quaesquer que antes disso se celebrem.

7) A Sociedade Auxiliadora, a cujo conhecimento se farão chegar estes trabalhos, marcará ao Instituto Historico e Geographico os dias em que possam celebrar suas sessões na mesma sala em que ora trabalha, afim de não embaraçarem uma á outra.

8) A Sociedade Auxiliadora, como mãi do Instituto Historico e Geographico, facilitará todos os meios a seu alcance de que possa precisar esta filha, que tambem de sua parte concorrerá com todas as suas faculdades para sua maior gloria e prosperidade; ficando em comum os archivos e bibliothecas, tanto de uma como de outra sociedade.

9) O Instituto abrirá correspondencia com o Instituto Historico de Pariz, ao qual remetterá todos os seus documentos da sua instalação; e assim tambem como outros da mesma natureza em nações estrangeiras: e procurará ramificar-se nas provincias do Imperio, para melhor colligir os documentos necessários á historia e geographia do Brazil.

São estas as principais bases que os dous abaixo assignado, membros do conselho administrativo da Sociedade Auxiliadora da Industrial Nacional e do Instituto Historico de Pariz, ambicionando patrioticamente a gloria de uma tão útil quanto indispensável instituição nesta côrte, offerecerem á consideração deste illustrado, conselho administrativo, pedindo que as opte, e que faça chegar ao conhecimento da proxima assembléa geral, afim de serem aprovadas e quanto antes instalado o proposto Instituto Historico e Geographico do Brazil, do qual devem resultar honra e gloria tanto aos seus fundadores, como á Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional, de cujo seio emana.  (RIHGB, 1908, p. 6-7).


"Nascido em meio a uma conjuntura em que se lutava pela preservação da soberania do país, o IHGB identificou-se com a política centralizadora daquele período, mantendo desde a origem a finalidade explícita de construir uma 'memória nacional' em que produção intelectual e relações de poder estivessem tão irmanadas que não haveria lugar para a discórdia". (SCHWARCZ, 2005, p. 135).

Hierarquização no IHGB

Como Lilia Schwarcz [2005] aponta, dos 27 sócios fundadores, 22 ocupavam altas posições no governo imperial, sendo dez destes conselheiros do Estado, dos quais seis eram senadores do Império. Além do fato de tais homens estarem engajados na política da Corte, alguns destes eram militares e nobres, por exemplo, o primeiro presidente do IHGB José Feliciano Fernandes Pinheiro além de ser conselheiro do Estado e Senador do Império era o Visconde de São Leopoldo.
José Feliciano Fernandes Pinheiro (1774-1847), Visconde de São Leopoldo, fora o primeiro presidente do IHGB.
"Portanto, estava aí reunida a nata da política imperial, boa parte dela nascida em Portugal e fiel defensora da Casa de Bragança". (SCHWARCZ, 2005, p. 102).

A hierarquização do IHGB começava no topo com o presidente, o qual figurava mais simbolicamente, tendo o dever de abrir seções, reuniões, ler atas, discursos, memorando, breves biografias, etc. O mesmo também participava de reuniões e festas, representando oficialmente o IHGB. De fato até 1930, os oito presidentes eleitos, todos pertenciam a política e eram nobres. 

Os secretários é que de fato cuidavam da administração, organização e coordenação do Instituto, em muitos casos, considerava-se o cargo com a maior carga de serviço. Januario da Cunha Barbosa fora o primeiro secretário a assumir o cargo no IHGB. 
Januário da Cunha Barbosa (1780-1846) um dos fundadores do IHGB e primeiro-secretário do instituto.
"O secretário inaugural do IHGB - cônego Januário da Cunha Barboza - foi grande o grande responsável pelos primeiros seis anos de vida da instituição. Poeta, orador sacro e biografista, fundou e dirigiu a Revista do Instituto, organizou o primeiro regimento do IHGB, assim como procurou tornar o grêmio carioca conhecido entre os centros históricos europeus, veiculando fora do país a revista e as pesquisas patrocinadas pelo instituto". (SCHWARCZ, 2005, p. 106).

Era obrigação dos secretários organizar as atas e pautas de cada reunião, dirigir trabalhos de investigação, transporte de documentos, organização dos documentos, elaboração das revistas, organizar homenagens, organizar concursos, auxiliar nos trabalhos da biblioteca e do acervo, redigir pareceres de efetivação de novos sócios, etc. Os secretários trabalhavam quase que de segunda a segunda, pois as reuniões do IGHB ocorriam no domingo de manhã, logo, os secretários como membros deveriam participar das reuniões dominicais. 

Mesmo sendo um ofício árduo houveram nomes que se destacaram como fora o caso do historiador, biógrafo, geógrafo, matemático, militar e diplomata brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen (visconde de Porto Alegre) o qual em 1851 assumiu o cargo de primeiro-secretário durante um semestre. Como historiador, Varnhagen escreveu algumas das mais importantes obras sobre a história brasileira na época,  como História geral do Brazil. E Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), médico, jornalista e escritor, autor do célebre romance A Moreninha (1844). Além desse fato, também houveram algumas mulheres que assumiram o cargo de secretárias.

Outro cargo importante era o de orador, o qual em alguns casos era mais preferível do que o de secretário por ser menos laborioso. Em tal cargo, Varnhagen e Manuel Macedo chegaram a ocupá-lo depois de terem trabalhado como secretários. Tal cargo era ocupado por respeitados intelectuais da época, além de ser visto por alguns como de prestígio, pois era incumbência do orador presidir e realizar os discursos das sessões, das celebrações, reuniões, etc. Alfredo d'Escragnolle Taunay (1843-1888) renomado escritor, professor, engenheiro militar, historiador, sociólogo e político fora um dos mais ilustres oradores do IHGB. Além desses três cargos, havia também o de tesoureiro, editor da revista do instituto, correspondentes, pesquisadores, bibliotecários, etc. 

Quanto aos sócios do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro havia cinco categorias:
  • Efetivos: Os quais por obrigatoriedade deveriam residir na capital imperial, e apresentar e publicar trabalhos em história, geografia e etnografia.
  • Correspondentes: São aqueles que pesquisam e enviam trabalhos para serem publicados ou apresentados pelo IHGB. Tais membros podem ser de outras províncias ou de outros países. 
  • Honorários: Era uma espécie de título concedido a pessoas de idade e de ilustre carreira que tenham contribuído para o desenvolvimento científico e educacional do país. 
  • Beneméritos: Os sócios efetivos que receberiam por sua atuação essa homenagem ou a mecenas que realizassem importantes contribuições em dinheiro ou em outros tipos de objetos. 
  • Presidente honorário: Título concedido ao imperador D. Pedro II.
Dentre alguns dos correspondentes estiveram Gonçalves Dias (1823-1864) famoso poeta, advogado, etnógrafo e jornalista; Silvio Romero (1851-1914) político, poeta, filósofo e professor e Euclides da Cunha (1866-1909), famoso engenheiro militar, repórter, historiador, geógrafo e poeta, autor do célebre Os Sertões (1902). 

Imperador D. Pedro II
No caso do presidente honorário, o imperador D. Pedro II conservou tal título até o fim da vida, mas não fora apenas simbólico, o imperador era um dos sócios mais assíduos das reuniões do IHGB tendo comparecido a centenas de sessões, sendo a última que compareceu em 1889, onde se despediu oficialmente do Instituto, pois ele e a família real estavam de partida para o exílio forçado, resultado do golpe de Estado que havia proclamado a República em 15 de novembro. Além disso, o imperador era um homem que se interessava por artes e ciências, que gostava de ler, de fotografar, de viajar para participar de feiras de ciências como fora o caso de uma feira nos Estados Unidos onde Graham Bell apresentou seu modelo do telefone, feira esta que o imperador compareceu. 

A Revista do IHGB

Ainda em 1838 Januário da Cunha Barbosa cogitou a criação de uma revista para o instituto e no ano seguinte ela se tornou regular, sendo publicada trimestralmente até 1864, onde passou a ser anual, e ainda hoje continua a ser editada, contando já com mais de 400 edições, sendo a revista mais antiga do Brasil ainda a ser publicada.

A organização da revista se dividia basicamente em três formas: 
  • Artigos: Publicação de artigos referentes a história, geografia e etnografia brasileira, podendo serem escritos por brasileiros ou estrangeiros.
  • Biografias: Era comum se publicar pequenas biografias de personagens históricas e até mesmo de membros do IHGB apontando principalmente suas contribuições para o Instituto.
  • Atas: Consistia em resumos das atas das sessões ou outros pareceres referentes ao funcionamento do Instituto, como avisos, recados, informação sobre os cargos, quem assumiu o quem deixou determinado cargo, entrada de novos sócios, convites para eventos, festas, etc. 

A partir dos dados apresentados por Lilia Schawrcz [2005], o acervo de artigos publicados na Revista do IHGB consta de cerca e 1862 textos, sendo que 45% desse material corresponde a trabalhos sobre história, 18% compreendem trabalhos sobre geografia, os quais em geral referiam-se a questões territoriais e de demarcação, questões estas bem em alta na época, devido aos latifundiários. Quanto as biografias, essas correspondiam acerca de 16% da produção, sendo que nesses 16% mais da metade era dedicado a biografar-se nomes ilustres da história brasileira e o restante referia-se aos sócios do IHGB, onde tais pequenas biografias geralmente eram lidas pelo presidente nas sessões ou pelos oradores. 

5% desse material corresponde a textos sobre etnografia, outros 5% corresponde a questões de cunho internacional especialmente tratados de caráter político e econômico; 1% são resenhas, outro 1% diz respeito as línguas indígenas, campo ainda pouco explorado na época, e por fim os 9% restantes diz respeito a assuntos gerais. 

Capa da Revista do IHGB, tomo LII, parte I, 1889.  Os dois símbolos dentro do círculo, eram os selos comuns utilizados pela revista. No primeiro a mulher representa a História, e ler-se uma homenagem ao imperador D. Pedro II e abaixo o lema do Instituto. Ao lado encontra-se o selo de fundação do IHGB.

A influência nacional do IHGB


O IHGB contribuiu para construir uma história oficial do Brasil como também determinou parâmetros para a mesma ser escrita. Circe Bittencourt [2008] aponta que antes da criação do IHGB a história no Brasil não possuía ainda um caráter profissional, os livros didáticos que iam para as escolas, eram em grande maioria traduções de obras portuguesas, francesas ou alemãs, ou no caso quando eram produzidos em solo brasileiro, eram escritos por políticos, militares, funcionários liberais da Corte, bacharéis, etc., pois não havia muitos historiadores no país e nem locais para formá-los. Com a criação do Instituto isso começou a mudar, e sócios ou correspondentes do Instituto começaram a serem convocados para escreverem livros, livros didáticos, livros de leitura (seriam parecidos com os atuais paradidáticos), "livros dos mestres" (livro voltado para instruir o professor e também para a licenciatura), cartilhas, compêndios, almanaques, etc. 

Ao mesmo tempo um aspecto interessante que o IHGB levou em consideração fora o desenvolvimento não apenas de uma história nacional ou patriótica, mas também a noção de uma identidade brasileira de uma cultura brasileira, e sobre isso uma forte questão que imperou em debates do século XIX fora a questão do "mito das três raças".

No século XIX existia uma ideia que corria os debates étnicos no país, onde argumentava-se que os índios eram encarados como uma raça atrasada mas que poderia "evoluir", no entanto, haviam opiniões onde se dizia que os indígenas personificavam o homem no início de seus tempos, rememorando uma ideia de um Éden passado, de um ideal romanceado do "bom selvagem", como Jean-Jacques Rousseau chegou a dizer. Todavia, os africanos também não fugiam dessa tendência pejorativa, os mesmos eram encarados como bárbaros e incivilizáveis, fadados ao atraso e ao trabalho forçado, e diferente dos índios, não teriam a capacidade de progredirem. Embora, que houvesse alguns que defendessem que os indíos também estavam fadados ao atraso como os africanos.

Ideais deterministas sociais, geográficos, darwinistas sociais e biológicos, e outras doutrinas raciais imperaram e foram bem comuns no meio acadêmico do século XIX, onde os acadêmicos buscavam comprovar a existência de raças humanas e a diferença de graus de evolução da civilização, intelectual, etc. O Brasil não escapou disso e em 1844 o IHGB promoveu um concurso onde a proposta era "Como se escrever a história do Brasil". O campeão fora o  naturalista alemão e sócio correspondente Karl Friedrich Philipp von Martius, o qual propôs entender o desenvolvimento do Brasil a partir de se estudar as três raças que o formaram, os portugueses, os "africanos" e os "indígenas".

"O projeto vencedor propunha, portanto, uma 'fórmula', uma maneira de entender o Brasil. A ideia era correlacionar o desenvolvimento do país com o aperfeiçoamento específico das três raças que o compunham. Estas, por sua vez, segundo Von Martius, possuíam características absolutamente variadas. Ao branco cabia representar o papel de elemento civilizador. Ao índio, era necessário restituir sua dignidade original ajudando-o a galgar os degraus da civilização. Ao negro, por fim, restava o espaço da detração, uma vez que era entendido como fator de impedimento ao progresso da nação". (SCHWARCZ, 2005, p. 112).

Bittencourt [2008] aponta que o próprio sistema de ensino brasileiro no século XIX era estruturado para segregar, pois o ensino secundário que hoje equivale ao ensino médio era voltado para instruir a classe média e alta para que seus filhos ingressassem na universidade, já o restante da população tinha que se contentar com o ensino primário, o que equivale hoje ao ensino fundamental, e nesse caso, os escravos estavam de fora do ensino e em alguns casos os indígenas também, embora que esses conseguissem estudar nas escolas religiosas ou em mosteiros. O ensino secundário e superior não era pensado para ser acessado pela classe baixa, era algo gora de cogitação e não era de interesse da nação isso, tal fato é marcante quando nota-se que as universidades só vão surgir no século XX e o ensino público superior propriamente a partir da década de 30. 

Outro aspecto interessante que se poder notar na produção científica do IHGB é que até o ano de 1889, data da Proclamação da República, questões de cunho político ainda estavam em alta, sendo seguidas por questões sociais e depois religiosas. Porém, quando se adentra no governo republicano a uma inversão drástica nesses valores, a história política perde o pódio para a história social que passa a ser o principal interesse dos trabalhos pesquisados e publicados, isso revela um aumento da necessidade de se melhor compreender a sociedade brasileira do que ficar atrelado a histórica política a qual diga-se de passagem era "popular" no século XIX não apenas no Brasil mais em outros países do mundo, algo que ficou conhecido na França como "história historicizante" ou "historicismo". 

Mas, no caso dessa nova preocupação social, veio também o intuito de desmascarar o "mito das três raças" em vigor no século XIX; os historiadores, sociólogos, geógrafos, etnógrafos, etc., começavam a ter visões diferentes sobre a formação histórica, social, econômica e cultural brasileira. E isso começou a ficar mais nítido a partir dos anos 30 com a publicação de obras como Casa Grande & Senzala (1933) de Gilberto Freyre, Raízes do Brasil   (1936) de Sérgio Buarque de Holanda e Formação do Brasil Contemporâneo (1942) de Caio Prado Jr. 

Embora compartilhando de tais reveses, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro fora um marco para a nação, pois permitiu a profissionalização das pesquisas históricas e geográficas, embora que a profissão de historiador ainda hoje de forma descabível não é regulamentada pelo governo, o interesse de se ter a preocupação de trabalhar com documentos, com bibliotecas, arquivos, de se prezar pela construção de uma história nacional, de uma memória, de uma identidade, de uma cultura surgiu com o IHGB, o qual incentivou a criação de outros institutos pelo país, com a meta de se escrever a história do povo brasileiro, de suas regiões, de suas peculiaridades, de suas culturas.

NOTA: Em 1839 quando Januário da Cunha Barbosa propôs conceder a D. Pedro II o título de Presidente honorário, o imperador na época contava com seus 14 anos de idade. E oficialmente ele só fora coroado em 1841.
NOTA 2: A partir da fundação do IHGB em 1862 fora fundado em Recife, Pernambuco, o Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano, ainda hoje em atividade, sendo o segundo Instituto do tipo a ser criado no país. O terceiro Instituto fundado fora o de São Paulo, o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo em 1894
NOTA 3: Atualmente no Brasil cada um dos 26 estados possuí seu próprio Instituto Histórico e Geográfico, além de também existirem outros tipos de Instituto.

Referências Bibliográficas:
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo, Companhia das Letras, 2005. (Capítulo 4). 
BITTENCOURT, Circe. Livro Didático e Saber Escolar: 1810-1910. São Paulo, Autêntica, 2008. 
MATOS, Raimundo José da Cunha; BARBOSA, Januário da Cunha. Breve notícia sobre a creação do Instituto Historico e Geographico Brazileiro. Revista do Instituto Historico e Geographico do Brazil, 3 ed, Tomo I, p. 6-7, 1908.

Referência da internet:
Site do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, acessível pelo endereço: http://www.ihgb.org.br/. Tendo sido acessado entre os dias 05 e 08 de dezembro de 2012.

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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Sun Tzu e a Arte da Guerra

"A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar".
Sun Tzu

Possivelmente um ou outro de vocês já tenham ouvido falar do livro A arte da guerra, mas a final que livro é esse e qual é a sua importância, ao fato de que em filmes, livros, séries, desenhos, etc., haja menções a essa obra e porque ainda hoje tal livro é lido em muitas das escolas militares do mundo? Quem foi Sun Tzu e que legado ele deixou?

Desde os primórdios da humanidade os homens tem lutado entre si para dominar ou conquistar certos objetivos, seja a luta por posse de terras, comida, mulheres, escravos, riquezas, segurança, cobiça, vingança, poder, etc. Embora os demais animais também se confrontem, os humanos são os únicos que empreendem grandes batalhas e dizimam de forma brutal seus semelhantes, logo, infelizmente a guerra se tornou algo comum das civilizações e da própria história e cultura da humanidade. Basta percorrermos a história e veremos um número imensurável de conflitos ocorridos. Infelizmente, o ser humano se revelou como uma criatura tensionada a belicosidade, embora isso não deva ser encarado como algo primordial da natureza humana. 

Mas de qualquer forma, Sun Tzu o qual viveu há mais de dois mil anos, escreveu um livro, um manual de guerra para instruir as futuras gerações nessa "arte" pois como ele diz em seu livro, a guerra é uma necessidade infeliz que os soberanos encontram para justificar seus propósitos, e ao mesmo tempo, a guerra também é motivada pela paz, pois sempre haverá alguém que tentará te conquistar e te subjugar, se defender é uma necessidade, e a guerra um infeliz caminho.

Nesse texto falei um pouco da pessoa do general Sun Tzu e dos ensinamentos deixados por ele em seu célebre livro. 

Sun Tzu: o mestre da guerra

Sun Tzu assim como outros importantes nomes da China antiga está envolto em mistérios, pois ainda alguns historiadores contestam se realmente ele existiu, pois ainda existem incertezas em que período ele teria vivido. Comumente atribuí-se que Sun Tzu tenha vivido entre os séculos VI a.C e V a.C, tendo nascido em 544 a.C e morrido em 488 a.C aos 88 anos. O mesmo teria vivido na época chamada Período das Primaveras e Outonos (722 a.C - 481 a.C), época essa onde a China estava dividida em vários pequenos reinos rivais entre si. 

Por outro lado, alguns historiadores baseados nos relatos de eruditos chineses do século I a.C e posteriormente, apontam que Sun Tzu teria vivido entre os séculos V a.C e III a.C, no Período dos Reinos Combatentes (476 a.C - 221 a.C), porém existem carências de fontes que corroborem que o mesmo pertenceu a essa época, no entanto sabe-se que algumas de suas estratégias descritas no livro foram utilizadas nesse período. 


Estátua de Sun Tzu, no Japão.
Além desses aspectos em que época ele teria vivido, praticamente nada se sabe sobre sua vida. Sun Tzu entra na História já como um proeminente general e estrategista que ofertou seus serviços ao rei de Wu. Se tais histórias foram reais ou inventadas para engrandecer sua pessoa, um dos melhores relatos que se tem sobre suas façanhas vem dos comentários do matemático, astrônomo e historiador Se-Ma Ts'ien ou Sima Qian (145 a.C - 90 ou 85 a.C). Sima Qian é um dos mais notórios historiadores da China antiga, por isso que muitos aceitam que seus relatos sobre Sun Tzu como fidedignos. 

Qian narra que o rei de Wu, Hu Lu possuía desavenças com o reino vizinho de Chu ou Tchu, então o rei de Chu decretou guerra e decidiu invadir Wu, fori nesse momento que Sun Tzu partiu para o palácio do rei Hu Lu a fim de lhe oferecer seus serviços. Sima Qian diz que o rei recebeu Tzu com honrarias e bom grado, pois o talento do general já era considerável na época, mesmo assim isso não foi o suficiente para o rei confiar o comando de seus exércitos à Sun Tzu, para isso, o rei teria começado a interrogar o general questionando-lhe a respeito da praticidade das táticas desenvolvidas por ele. Por sua vez, Sun Tzu defendeu que todas eram possíveis pois ele já as havia posto em prática. O rei ainda não conformado, desafiou Sun Tzu; ele teria dito que se Sun Tzu consegui-se treinar suas mulheres ele lhe daria o comando dos exércitos de Wu, Tzu aceitou o desafio.


Mapa da China durante o Período das Primaveras e Outonos durante o século V a.C. 
Ainda seguindo o relato de Qian, o rei Hu Lu convocou suas 180 mulheres e pediu que as mesmas aceitassem o treinamento de Sun Tzu, por sua vez o general as levou para treinar, porém embora tendo explicado as instruções várias vezes, para que as mesmas ao ouvirem as batidas no tambor tomasse posições de combate, as mulheres se negavam a obedecer ou debochavam de tudo aquilo, Sun Tzu acabou perdendo a paciência e decidiu punir duas delas, logo, as duas favoritas do rei. Segundo o relato, ele teria dito que um soldado que não obedece, deve ser punido com a morte, assim ordenou a execução das duas mulheres favoritas do rei, porém os guardas se negaram a aceitar tal alarmante pedido e avisaram o rei da decisão do general; o rei enviou um mensageiro dizendo que aquilo não deveria ser feito. 

Sun Tzu disse que deveria manter sua palavra ou perderia seu respeito diante das tropas. Além disso, o rei havia lhe dado plenos direitos sobre elas, se ele voltasse atrás estaria descumprindo com sua palavra, e para Sun Tzu um homem sem palavra, não é de confiança. Assim, o general teria matado as duas concubinas usando sua própria espada para lhes cortar as cabeças. Em seguida ordenou que duas novas mulheres tomasse o lugar delas, e prosseguiu com o treinamento, mostrando ao rei Hu Lu que havia conseguido instruir suas concubinas a lutarem. O rei arrasado expulsou Sun Tzu, mas quando o exército de Chu invadiu Wu, ele foi obrigado a convocá-lo.

O problema no relato das concubinas é que fica difícil acreditarmos que o rei deixou Sun Tzu impune após matar as duas mulheres, ou se realmente ele fizera isso. Nós não temos certeza se tal acontecimento ocorreu ou na realidade foi uma anedota criada bem posteriormente. 

Sobre as batalhas de Wu e Chu ainda existem conflitos entre os relatos históricos e sua veracidade, no entanto, alguns relatos indicam que Wu possuía um exército de pelo menos 30 mil homens bem treinados, porém Chu possuía dez vezes esse número, mesmo assim, Sun Tzu empregando suas estratégias conseguiu derrotar Chu, pois a tática usada por ele era de ataques relâmpagos à pontos estratégicos, de forma a causar medo e dúvida no inimigo e levá-lo a dividir suas tropas, com isso Sun Tzu conseguiu cercar a capital de Chu, Ying e fez o rei decretar rendição e vassalagem ao rei Hu Lu. 

A partir dessa vitória e de outras, posteriormente Sun Tzu decidiu escrever o que aprendeu e desenvolveu em seus anos de serviço militar, criando um manual para as futuras gerações, chamando-o de "Estratégia militar de Sun Tzu" o qual ficou mais conhecido como A arte da guerra.

A arte da guerra

O livro se divide em 13 capítulos abordando vários temas preciosos para o exercício do comando e da luta. Tal obra assim como seu autor ainda é em volta em contestamentos, pois embora se atribua a pessoa de Sun Tzu a autoria desse livro, alguns historiadores questionam se o livro que conhecemos hoje seja a mesma versão escrita por Sun Tzu há mais de dois mil anos, pois alguns dos capítulos de seu livro, parecem não corresponderem aos episódios da época que ele teria vivido e cogita-se que possa ter havido manipulação por parte de comentaristas e até mesmo acréscimos tardios, pois tal livro foi bem lido entre os militares da China pelos séculos seguintes. 


Exemplar de A arte da guerra em um livro de bambu do século XVIII.
Os treze capítulos que compõem o livro são:
  1. Da avaliação
  2. Do comando da guerra
  3. Da arte de vencer sem desembainhar a espada
  4. Da arte de manobrar as tropas
  5. Do confronto direto e indireto
  6. Do cheio e do vazio
  7. Da arte do confronto
  8. Da arte das mudanças
  9. Da importância da geografia
  10. Da topografia
  11. Dos novos tipos de terrenos
  12. Da pirotecnia
  13. Da arte de semear a discórdia
"Com seu caráter sentencioso, Sun Tzu forja a figura de um general super-homem cujas qualidades são o segredo, a dissimulação, a astúcia e a surpresa. Esse general deve evitar cinco defeitos básicos: a precipitação, a hesitação, a irascibilidade, a preocupação com as aparências e a excessiva complacência. Para vencer, deve conhecer perfeitamente a terra (a geografia, o terreno) e os homens (tanto a si mesmo quanto o inimigo). O resto é uma questão de cálculo. Eis a arte da guerra". (CASSAL, 2009, p. 9).

Além de ser um manual militar o livro também está impregnado de preceitos filosóficos e religiosos, pois na época de Sun Tzu a guerra ainda possuía uma conotação ritualística. Sun Tzu além de explicar estratégias de luta, também fala a respeito da importância de se avaliar o campo de batalha; fala da postura que o general deve tomar e como disciplinar os soldados; fala também a respeito de honra, moral e ética, pois como ele diz, não basta apenas treinar o físico do soldado, deve-se também se treinar seu caráter e sua mente. 

CAPÍTULO I: Da avaliação

No capítulo I Sun Tzu delibera os principais preceitos para se seguir e respeitar quando se está em guerra. Tais preceitos ou fatores são: a doutrina, o tempo, o espaço, o comando e a disciplina. Um general que não acata tais fatores ou não os emprega de forma coesa ao seu exército, tenderá a ser derrotado.

"A doutrina engendra a unidade de pensamento; inspira-nos uma mesma maneira de viver e de morrer, tornando-nos intrépidos e inquebrantáveis diante dos infortúnios e da morte". (TZU, 2009, p. 21). 

Quanto ao tempo, Sun Tzu não refere-se no sentido cronológico mas sim num sentido meteorológico, nesse caso, ele diz que é importante perceber o clima durante os dias que se travará as batalhas, pois o calor, o frio, a chuva e a neve poderão interferir no desempenho dos soldados e poderão se tornar obstáculos para ambos os lados. 

"O espaço, como o tempo, não é menos digno de nossa atenção. Se o estudarmos bem, teremos a noção do alto e do baixo; do longe e do perto; do longo e do estreito; do que permanece e do que não cessa de fluir". (TZU, 2009, p. 20). 

"Entendo por comando a equidade, o amor pelos subordinados e pela humanidade e pela humanidade em geral. O conhecimento de todos os recursos, a coragem, a determinação e o rigor são as qualidades que devem caracterizar aquele que investe a dignidade de general. São virtudes necessárias que devemos adquirir a qualquer preço. Somente elas podem tornar-nos aptos a marchar dignamente à frente dos outros". (TZU, 2009, p. 20). 

Para Sun Tzu a disciplina é um dos fatores fundamentais para o comando, pois um líder indisciplinado não gera confiança e respeito em seus subordinados; por sua vez, um exército insubordinado tende a se tornar vulnerável e a coabitar a desordem. Sun tzu diz que a disciplina é a arte de ordenar as tropas, de respeitar as hierarquias de fazer que as hierarquias e as ordens sejam respeitadas e seguidas com rigor; estar ciente dos deveres e obrigações de cada um; de parabenizar aqueles que fizeram certo e punir os desobedientes; de ter conhecimento sobre o campo de batalha e o inimigo, tudo isso junto forma a doutrina. 

Sun Tzu diz que diante de um inimigo mais forte, nunca o ataque direto, ao invés disso dissimule, engane-o, disperse suas forças, esconda sua fraqueza, faça o inimigo crer que és mais fraco que aparenta ser, e assim o ego dele se tornará uma ameça para ele próprio. Deve-se manter as tropas sempre de prontidão e em movimento, ainda mais se estando em território inimigo, pois o descanso poderá ser o último que terás. 

"Toda campanha militar repousa na dissimulação. Finge desordem. Jamais deixes de oferecer um engodo ao inimigo, para ludibriá-lo. Simula inferioridade para encorajar sua arrogância. Atiça sua raiva para melhor mergulhá-lo na confusão. Sua cobiça o arremeterá contra ti e, então, ele se estilhaçará". (TZU, 2009, p. 23-24). 

Sun Tzu é pertinente em dizer que o general sempre deve calcular as possibilidades constantemente, pois na guerra as probabilidades mudam toda a hora, logo, o general astuto deve está a par do pior que possa vim acontecer e das vantagens que convenham aparecer. A raiva e a impaciência são inimigos terríveis na hora do conflito e na estratégia; pois a raiva traz força, mas também traz a "cegueira", nesse caso, é melhor estimar a coragem do que a fúria. 

"Se tu - que a escolha do príncipe colocou à testa dos exércitos - calcares teus fundamentos de ciência militar sobre os cinco princípios que acabo de estabelecer, a vitória será teu galardão. Em compensação, sofrerás a mais abjetas derrotas se, por ignorância ou presunção, vieres a omiti-los ou a rejeitá-los". (TZU, 2009, p. 21). 

CAPÍTULO II: Do comando da guerra

Nesse capítulo como título sugere, Sun Tzu fala como um general deve agir no comando, que medidas e cautelas ele deve tomar e o que ele deve evitar de fazer para não ser derrotado.

"Não adies o momento do combate, nem esperes que tuas armas se enferrujem e o fio de suas espadas se embote. A vitória é o principal objetivo da guerra". (TZU, 2009, p. 26).

Sun Tzu diz que um general deve está ciente dos números de seu exército: quanto soldados, quantas armas, quantos suprimentos, quantas carroças para transportar tudo, quantos cavalos; deve está ciente de se no caminho que fará até o campo de batalha existe meios para repor suprimentos, se há disponibilidade de comida, água, madeira, metais, roupas, abrigo, etc. Ele diz também que é importante saber quanto dinheiro estás levando, para pagar o soldo dos soldados, pois sem pagamento é provável que os homens se recusem a lutar ou optem por se tornar mercenários e debandem para o outro lado. 

O mesmo também é categórico em afirmar que o tempo nesse caso no sentido cronológico é uma ameaça. Campanhas demoradas tendem a deixar muitos custos, seja para os cofres do Estado, ou seja para os exércitos em campanha, pois os homens começam a ficar cansados, com saudade de casa ou se tornam frustrados, e a frustração é uma ameaça para o bom desempenho militar. No caso do Estado, uma guerra prolongada, leva o soberano a aumentar os impostos a fim de compensar os gastos que está tendo, logo isso segundo Sun Tzu, aumenta a miséria do povo e os enfurece pela cobrança dos altos impostos.

Assim, Sun Tzu diz que aconselha que as guerras sejam breves para se evitar tais efeitos colaterais; nesse caso ele diz que se fores sitiar uma cidade, faça isso com um bom plano tendo em mente conquistá-la o mais rápido possível, pois um cerco prolongado é dispendioso; por outro lado, se fracassares no sítio, recue imediatamente, pois sua derrota não tardarás a chegar aos ouvidos de seus inimigos que aproveitarão para contra atacar em quanto estiveres num momento vacilante. 

"Aqueles que dominam os verdadeiros princípios da arte militar não atacam duas vezes. Tudo termina já na primeira campanha". (TZU, 2009, p. 26-27). 

Um último aspecto interessante que Tzu aponta nesse capítulo é como se deve tratar os prisioneiros inimigos. Diferente do que comumente vemos ou lemos, onde os inimigos aprisionados são terrivelmente mau tratados e torturados, Sun Tzu aconselha o contrário, ele diz que deve-se tratar bem o prisioneiro, pois esse poderá se tornar um aliado

"Trata bem os prisioneiros, alimenta-os como se fossem teus próprios soldados. Na medida do possível, faz com que se sintam melhor sob tua égide do que em seu próprio campo, ou mesmo em sua pátria. Jamais os deixes ociosos. Tira partido de seus serviços, com as devidas precauções. Resumindo: conduz-te em relação a eles como se fossem tropas que se tivessem engajado livremente sob teus estandartes. Eis o que chamo ganhar uma batalha e tornar-se mais forte". (TZU, 2008, p. 29).

Se conseguires mudar o pensamento de seus prisioneiros, eles trairão seus antigos senhores, lhe contando segredos, e ao mesmo tempo se tornarão teus soldados. Pois para Sun Tzu, prisioneiros são despesas se não tiverem uma utilidade.

"Na guerra, o essencial é a vitória e não campanhas prolongadas. O general que domina a arte da guerra é o árbitro do destino do povo e dos rumos da vitória". (TZU, 2009, p. 29). 

CAPÍTULO III: Da arte de vencer sem desembainhar a espada

Nesse capítulo, Sun Tzu traz algumas recomendações aos generais antes que os mesmos decidam optar para realizar uma conquista ou sitiar uma cidade, é necessário conferir certos fatores de suma importância.
  • Só deve-se expandir os domínios do senhor que estejas servindo, quando a oportunidade para isso for imprescindível e os ganhos forem grandes, se não, estarás arriscando seus soldados para uma eminente derrota.
  • Deve-se manter a segurança do seu país, porém deve-se evitar atacar as cidades inimigas se não for para se realizar um ataque direto de conquista. Sun Tzu diz que causar medo sem necessidade é um desperdício, pois a cidade inimiga irá aumentar sua defesa. 
  • Zele pelos seus aliados, pois poderás precisar de vossa ajuda. Se um aliado for atacado, ajude-o imediatamente. Por outro lado, se fores atacar, garanta que seu aliado irá contigo.
  • Durante uma invasão ao inimigo, Sun Tzu recomenda que os exércitos evitem saquear e destruir as casas, plantações e matar o gado, pois tal destruição levará o povo a se rebelar contra seu invasor, e ao mesmo tempo, se a necessidade de suprimentos chegar, não haverá onde repô-los. Destruir o país inimigo é um desperdício, o melhor é mantê-lo intacto. 
"A melhor política guerreira é tomar um Estado intato; uma política inferior consiste em arruiná-lo. É preferível aprisionar a destruir o exército inimigo; é melhor tomar um batalhão intacto do que fulminá-lo". (TZU, 2009, p. 31). 

O preceito de se evitar uma guerra é uma questão preponderante especialmente nesse capítulo. Como Sun Tzu diz, a guerra só traz destruição e quanto mais demorada for, maior será as despesas que acarretará ao Estado e mais vidas serão tiradas. O bom general, evita entrar em guerra, ele procura por outros meios para conquistar o seu inimigo.

"Os grandes generais vencem descobrindo todos os artifícios do inimigo, sabotando-lhes os projetos, semeando a discórdia entre seus partidários, mantendo-o sempre acossado, interceptando reforços estrangeiros, e impedindo-o de tomar qualquer decisão mais vantajosa para ele". (TZU, 2009, p. 32).

Sun Tzu é categórico em dizer que deve-se atacar a estratégia do inimigo e por-la abaixo. Sem estratégia e sem tática, a desordem e o desespero imperarão, nesse momento de conflitos, deve-se aproveitar para atacar o inimigo. A espionagem é um dos meios para se descobrir os segredos do inimigo. Sobre isso Tzu dedica um capítulo específico, o capítulo treze.

"Um hábil general jamais se encontrará reduzido a tais extremos. Ele conhece a arte de humilhar os seus inimigos sem travar batalhas. Sem derramar uma gota de sangue, sem mesmo desembainhar a espada, consegue tomar as cidades. Sem colocar os pés em reinos estrangeiros, descobre o meio de conquistá-los". (TZU, 2009, p. 33).  

Se por um lado ele apresenta soluções e condições que devem ser seguidas para se atingir a vitória, por outro lado, ele apresenta alguns argumentos que se acontecerem, contribuíram para sua derrota.
  1. Obedecer as ordens do Estado sem calcular as consequências, é um engano.
  2. Utilizar emissários que desconheçam os assuntos militares é um erro.
  3. Misturar regras próprias de ordem civil com a ordem militar.
  4. Confundir os assuntos estatais com os assuntos militares.
  5. Dividir a responsabilidade. Nesse aspecto, Sun Tzu diz que o general é o responsável por tudo e por todos. Os demais apenas seguem ordens, mas jamais a responsabilidade maior pode ser dada as hierarquias inferiores. 
  6. Disseminar a suspeita, indisciplina e dúvidas, contribuirá para a desordem e a insubordinação das tropas. 
  7. Esperar ordens para tomar decisões urgentes e imediatas é um erro. Pois a ordem poderá demorar. 
Para encerrar o capítulo, Sun Tzu apresenta cinco princípios que ajudarão a vencer uma batalha ou uma guerra, isso se forem devidamente seguidos. 
  1. Saber quando combater e quando bater em retirada. 
  2. Saber lidar com o pouco e o muito, segundo as circunstâncias.
  3. Compor habilmente suas fileiras. 
  4. Deve-se se esta pronto para adversidades, e jamais subestimar o inimigo, mesmo que o mesmo aparente ser mais fraco, poderá ser uma armadilha. 
  5. Saber manter o soberano em seu lugar, pois a intromissão de um soberano despreparado na arte da guerra, poderá se tornar um equívoco. 
"Conhece teu inimigo e conhece-te a ti mesmo; se tiveres cem combates a travar; cem vezes será vitorioso. Se ignoras teu inimigo e conheces a ti mesmo, tuas chances de perder e de ganhar serão idênticas. Se ignoras ao mesmo tempo teu inimigo e a ti mesmo, só contarás teus combates por tuas derrotas". (TZU, 2009, p. 38).

CAPÍTULO IV: Da arte de manobrar as tropas

No quarto capítulo, Sun Tzu se põe a tratar a respeito de como coordenar as tropas para atingir as manobras e estratégias desejadas, e ao mesmo tempo como adaptar sua estratégia ao longo do desenrolar no campo de batalha.

"A garantia de nos tornarmos invencíveis está em nossas próprias mãos. Tornar o inimigo vulnerável só depende dele próprio. Conhecer os meios que asseguram a vitória não significa obtê-la". (TZU, 2009, p. 39).

Sun Tzu diz que as decisões de manobrar as tropas depende da habilidade e da visão de seu general ou comandante responsável. Se o ataque é favorável, ataque rápido, ataque com força, ataque novamente. Mas, se a situação é desfavorável e o inimigo apresenta desconfiança do que você irá fazer, deve-se recuar as tropas e se manter na defensiva aguardando o inimigo atacar, enquanto isso, deve-se pensar em uma outra forma de atacá-lo. 

"A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é insuficiente; quem ataca, mostra que é abundante". (TZU, 2009, p. 40).

Retomando o ensinamento dado no capítulo anterior, Tzu recomenda evitar arriscar as tropas em vão, pois não apenas perderás soldados, mas poderá acabar por perder a possibilidade de vitória. O hábil general, não envia seus soldados para a morte, pelo contrário, ele os dirige para infligir os danos necessários que possibilitem abrir o caminho para a vitória. Nesse caso, tal estratégia pode ser comparada a uma partida de xadrez.

No entanto, Sun Tzu diz que quando um general envia suas tropas sempre para o ataque sem se preocupar com a vida dos seus homens, pode aparentar ao inimigo que o general oponente esteja em desespero ou que esteja confiante de mais; por outro lado, isso pode incitar os próprios soldados a se rebelar contra o comando, pois notarão descaso com suas vidas.  

Mas seguindo a estratégia de Sun Tzu o qual diz que provêm dos ensinamentos do generais do passado, o hábil general, sabe criar a derrota em seu inimigo, sabe dissimular a tal ponto que o inimigo se sinta mais fraco do que é, que se sinta com dúvida e que isso leve a pesar na hora de suas escolhas. Nesse caso, lembrando o que fora dito no terceiro capítulo, o bom general, antes de partir para o confronto iminente no campo de batalha, ele procura atacar a estratégia de seu oponente

"Um exército vitorioso ganha antes de ter deflagrado a batalha; um exército fadado à derrota combate na esperança de ganhar". (TZU, 2009, p. 43).

Sun Tzu recomenda cinco elementos que devem ser levados em consideração na hora de manobrar e escolher o posicionamento das tropas:
  1. A medida do espaço;
  2. A avaliação das quantidades;
  3. As regras do cálculo;
  4. As comparações;
  5. As chances de vitória.
"As medidas do espaço derivam do terreno; as quantidades derivam da medida; os números emanam das quantidades; as comparações decorrem dos números, e a vitória é o fruto das comparações". (TZU, 2009, p. 44). 

CAPÍTULO V: Do confronto direto e indireto

Nesse breve capítulo, Sun Tzu oferece alguns conselhos de como organizar as tropas. Primeiramente ele começa dizendo que o general deve conter uma lista com o nome de todos os oficiais e subalternos em sua tropa, designando a função de cada um e se for o caso a especialidade. Assim, isso facilitará na hora de montar uma estratégia ou escolher que vai liderar determinado grupo. Outro aspecto interessante é que ele diz que o general deve mostrar confiança e caráter para seus homens, como também mostrar a eles que está preocupado em mantê-los vivos, e não usá-los como meros peões.

Na hora do ataque, Tzu recomenda se valer de dois aspectos: as forças diretas e as forças indiretas. As forças diretas que ele refere-se diz respeito a estratégia de fixar e distrair o oponente, levá-lo a te confrontar em determinado lugar ou condição, que acabe por torná-lo igualmente vulnerável para um possível golpe surpresa, nesse caso, as forças indiretas, seriam os ataques surpresas, os quais irromperiam onde menos se esperava, de tal forma que desarticule a estratégia ou a formação do inimigo, contribuindo para sua derrota. 

"Na arte militar, e na do bom comando das tropas, há apenas duas espécies de forças. Suas combinações, entretanto, são ilimitadas. Ninguém pode abarcá-las. Essas forças interagem. Assemelham-se, na prática, a uma cadeia de operações interligadas, como anéis múltiplos, ou como a roda em movimento, que não se sabe onde principia nem também onde termina". (TZU, 2009, p. 48).

"Um comandante hábil busca a vitória baseando-se nas circunstâncias e não a exige de seus subordinados". (TZU, 2009, p. 50).

"Age de forma que o inimigo seja, entre tuas mãos, como uma pedra redonda que terias que precipitar de um penhasco: a força necessária é insignificante; os resultados, espetaculares. É nesse ponto que se reconhecerá tua força e autoridade". (TZU, 2009, p. 51). 

CAPÍTULO VI: Do cheio e do vazio


No capítulo sexto Sun Tzu dar o primeiro passo para se tratar sobre a questão da escolha do terreno para a batalha. Ele diz que deve-se tomar a dianteira para escolher o campo de batalha, e assim montar acampamento e a estratégia. Se o inimigo chegar primeiro, terás uma dificuldade a mais a se tratar. Outro aspecto que ele aponta, é que deve ser obrigação do comandante escolher o local do acampamento, e ao mesmo tempo despachar batedores para vigiar os passos do inimigo.

"Quem consegue fazer com que o inimigo venha espontaneamente oferece-lhe alguma vantagem. Quem deseja impedi-lo, prejudica-o. Um grande general não é arrastado ao combate; ao contrário, sabe impô-lo ao inimigo". (TZU, 2009, p. 52). 

A respeito dessa questão de atrair o inimigo, Sun Tzu diz que uma questão de habilidade, é fazer o inimigo se dirigir até onde você queira, até onde você preparou uma armadilha ou uma emboscada. Nesse caso, tal fato remete-se a questão da dissimulação, pois engane o inimigo de forma a deixar um caminho favorável para que suas tropas atravessem em direção ao campo de batalha, mas que não saibam que estejam sendo aguardadas no caminho.

"A grande sabedoria, é obter do adversário tudo que desejas, fazendo com seus atos redundem em benefícios para ti". (TZU, 2009, p. 52). 

Após os acampamentos estarem estabelecidos, Tzu recomenda que deve-se aguardar que o inimigo faça o primeiro ataque, enquanto isso mantenha todos os seus homens em plena prontidão e atenção para um possível ataque surpresa. Enquanto o inimigo não ataca, ele recomenda tentar incomodá-lo. 

Mas em caso de ele não der o primeiro ataque, deve-se tomar a dianteira, escolhendo caminhos ocultos aos olhos do oponente, de forma que deva proceder com forças indiretas, mas se for o caso, pode-se utilizar forças diretas. 

Mas, em caso do inimigo te atacar primeiro e se ele estiver em maior número, concentre todas as suas forças no local mais vulnerável, onde provavelmente será o lado que ele atacará. Em caso, de você possuir mais tropas que o inimigo, as divida de forma que não desequilibre todos os lados. 

Pelo contrário, em caso do inimigo não ter chegado ao campo de batalha e você já ter se estabelecido ali e o aguarda, Tzu recomenda que mantenha vigilância sobre cada passo que o inimigo der enquanto se dirige para o local da luta. Enquanto isso, deve-se manter os homens ocupados e dispostos, pois o atraso da chegada da frente adversária poderá inculcar frouxidão entre suas tropas. 

No caso contrário, se o inimigo já estiver estabelecido no campo de batalha, não demore para montar base, faça isso com cautela e vigilância, pois da mesma forma que pode está observando seu oponente, ele também pode está fazendo o mesmo contigo. Assim, Sun Tzu recomenda que deve-se manter as tropas em uma "forma aparente", ou seja, mantê-las em ordem ao mesmo tempo, mas também, não revelar propriamente ao oponente a formação que tomarás no campo de batalha. Tzu também aconselha que em alguns casos é melhor levar um exército menor mais bem treinado e disciplinado, do que um exército grande e mau treinado.

Por fim uma valiosa recomendação que ele deixa, é que o hábil general deve ter em mente facultar novos métodos de ataque, os adequando as condições naquele momento. Então ele completa dizendo que embora tal general tenha se saído vitorioso em alguma batalha onde utilizou alguma estratégia, não significa que repeti-la será garantia de vitória. Na guerra, as condições variam a todo o momento, como já fora falado anteriormente, logo, Sun Tzu recomenda que o general e seu exército devam ser como as águas de um rio, sempre em movimento. 

CAPÍTULO VII: Da arte do confronto

Nesse capítulo, Sun Tzu retoma a temática do anterior, agora dando foco na hora de se realizar o confronto. Nesse caso, ele recomenda se utilizar a estratégia do perto e do longe. Ele diz que é preciso se estar perto quando o inimigo acreditar que estejas longe, e pelo contrário, se ele crer que você esteja perto, faça pensá-lo que esteja longe. 

"A arte de utilizar o perto e o longe consiste em manter o inimigo afastado do lugar que escolheste para teu acampamento, e de todos os postos que te parecem relevantes. Essa arte consiste em afastar do inimigo tudo o que lhe poderia ser vantajoso, em em aproximar-te de tudo o que te poderia trazer alguma vantagem. Consiste ainda em te manteres em constante vigilância para não seres surpreendido, e em vigiares incessantemente, para aproveitar o momento azado de surpreender o adversário". (TZU, 2009, p. 63). 

Quando tiveres que deixar seu acampamento para lutar, ele recomenda que sempre deve-se manter uma guarda considerável para proteger o acampamento, e que aqueles que vão lutar só devam levar o mínimo necessário, pois tornar os guerreiros pesados, dificultará sua mobilidade. Ao mesmo tempo, em caso do acampamento estiver longe do local da batalha, faça que os homens marchem mais rápido e mantenha os mais experientes na vanguarda.

Antes do confronto, o general deve ordenar que cada homem que irá lutar, deva conferir suas armas e equipamento, que todas as lâminas estejam afiadas, e que comida e água estejam em grande quantidade e em boa qualidade. Pois uma comida e água ruim pode fazer os homens adoecerem e isso se tornará um prejuízo para a batalha. 

No final do capítulo, Sun Tzu faz referência ao conceito de fator o qual se divide em categorias, as quais presume-se que devam ser seguidas ou pelo menos conhecidas na hora do confronto.
  • Fator moral: Deve-se escolher o momento mais oportuno para se atacar. Nesse caso, se realizar um ataque surpresa se for possível, se não for possível atacar de surpresa. Saliente concentrar suas forças enquanto o inimigo estiver fraco ou confuso.
  • Fator mental: O fator mental diz respeito as decisões tomadas pelo general para se evitar entrar em um confronto que lhe pareça desvantajoso. Sun Tzu diz, que se o inimigo estiver bem posicionado, aguarde ele desmanchar a posição ou uma brecha aparecer. Em caso de se ele estiver muito próximo ou em maior número, recue e replaneje a estratégia. 
  • Fator físico: O fator físico diz respeito a moral dos homens. Tzu diz que se os soldados inimigos parecem destemidos, fortes e confiantes, faça eles perderem a confiança e relaxarem, que o tédio e o medo os tome.
  • Fator de mudanças das circunstâncias: Sun Tzu recomenda sempre estar de olho nas mudanças que ocorrem durante o confronto. Logo, ele diz que em caso do inimigo fugir para um terreno mais alto, não se deve segui los, pois os arqueiros deles estarão em vantagem ou poderá ser uma armadilha. Em caso de você se encontrar em um terreno desfavorável para estruturar suas tropas, mude imediatamente de lugar. Em caso do inimigo estiver sendo duramente derrotado, Sun Tzu recomenda que deixe uma rota de fuga para ele, pois ao contrário, eles lutaram até a morte. Em caso, de abandonarem o acampamento, não destrua o acampamento, tome-o para si. Em caso do inimigo decidir fugir, se ele for rápido deixe-o fugir, se fores lento, capture-o e o interrogue-o, jamais mate todos. 
"Eis o que tinha a dizer sobre as diferentes vantagens que deves tentar obter quando, no comando do exército, terás que medir-te com inimigos talvez tão prudentes quanto tu. Eles não poderão ser vencidos, a menos que uses os pequenos estratagemas que acabo de indicar". (TZU, 2009, p. 70). 

CAPÍTULO VIII: Da arte das mudanças

Se no capítulo anterior Sun Tzu o termina falando a respeito dos fatores, nesse nono capítulo ele apresenta alguns tipos de mudanças que devem ser levados em consideração.
  1. Jamais viaje por desertos, pântanos e densas florestas se não houver outro caminho. E mesmo que o caminho esteja longe, é preferível demorar mais tempo do que arriscar perder muitos homens na travessia de um atalho.
  2. Deve-se evitar acampar em locais isolados.
  3. Quando fores escolher o local para montar a base, verifique tudo em volta: terreno, disponibilidade de comida, água, abrigo, rotas de acesso e de possível fuga. 
  4. Se encontrares em um local isolado e miserável tende a abandoná-lo imediatamente. Mas se for o caso de lá ser feita a batalha, não perca tempo para montar uma base, prepare-se imediatante para o combate, a fim de partir o quanto antes, em tempo de poupar que os suprimentos se escasseiem ou doenças aflijam o exército.
  5. Se for o caso de você acabar caindo em uma cilada, lute até a morte. Se for o caso de o terreno ser favorável para armadilhas do inimigo, recue e procure outro caminho, mas sempre mantendo a cautela.
  6. Evite atacar cidades que se mostrem bem providas para um cerco, pois embora possa ser uma cidade pequena, mas estando bem guarnecida, bem equipada e abundante em víveres, sua resistência aumentará em muito.
  7. Não se deve desprezar nenhuma vantagem por mais pequena que seja, pois a mesma pode ser a porta para uma grande vantagem.
  8. Antes de decidir seguir caminho por uma vantagem pondere os prós e contras que ela poderá fornecer. Se os contras forem abundantes, desista dessa vantagem, pois arriscar perder muitos guerreiros para tomar de assalto um posto, não se mostrará uma vantagem.
  9. Nas ocasiões que decisões imediatas devem ser tomadas, mas o soberano deverá ser comunicado, é dever do general tomar a providência e agir independente do comunicado ao soberano. Pois o soberano encarregou o general para alcançar a vitória. O atraso das ordens poderá ser o prenúncio para uma derrota. 
"Essas são as nove variáveis ou nove circunstâncias principais que evem te engajar a mudar o comando ou a posição de teu exército, a mudar a situação, a ir ou vir, a atacar ou se defender, a agir ou permanecer em repouso. Um bom general não deve jamais dizer: Aconteça o que acontecer, farei tal coisa. Irei lá, atacarei o inimigo, e sitiarei tal praça. Somente as circunstâncias devem ditar a conduta". (TZU, 2009, p. 74). 

Sun Tzu também aponta cinco defeitos que acabam as vezes por atingir os generais e os demais comandantes.
  1. Entusiamo excessivo.
  2. Cuidado excessivo. Ser cauteloso em demasia e ter medo em avançar. Nesse caso, o segundo defeito é o oposto do primeiro, onde o qual refere-se a uma precipitação sem planejamento. 
  3. Ira. Um líder que não sabe controlar sua raiva será facilmente tirado do sério e isso prejudicará seu raciocínio.
  4. Honra em demasia.
  5. Compaixão cega. 
"Um general hábil evita todos esses defeitos. Sem procurar desesperadamente viver ou morrer, deve conduzir-se com prudência e coragem, segundo as circunstâncias". (TZU, 2009, p. 80).

CAPÍTULO IX: Da importância da geografia

Como já fora dito anteriormente em outros capítulos, Sun Tzu diz que um importante aspecto para se levar em consideração nos preparativos para uma batalha é se avaliar o terreno onde irá se montar acampamento e onde a batalha eventualmente será travada. Sendo assim, de início ele faz quatro recomendações:
  1. Se fores acampar no sopé de uma montanha, monte ou morro, acampe no lado onde dá para o sol. Pois segundo Tzu, geralmente é nesse lado, onde há vegetação, rio, e o ar é bom e agradável. No entanto, ele também recomenda que em caso do inimigo realizar um ataque descendo pela montanha, não o confronte de imediato, recue e deixe ele adentrar terras planas. 
  2. Em caso de acampares próximo há um rio, acampe perto da nascente e enviei batedores para conhecer os baixios e vaus, além de possíveis rotas para se atravessar. Tzu também recomenda que deve-se acampar em terras altas próximo ao rio, para evitar possíveis enchentes, como também isso facilita a visualização. Em caso do inimigo tentar atravessar o rio, ele aconselha que deixe que metade atravesse para se começar o ataque, pois as forças do oponente estarão divididas. 
  3. Evite de acampar em lugares úmidos, pantanosos e insalubres. Procure acampar foras dessas áreas e de preferência longe, pois tais terrenos dificultam a estruturação do acampamento, além de ser também locais cheios de mosquitos.
  4. Em caso de acampares em uma planície, procure manter pelo menos um dos lados voltado para uma elevação, isso lhe trará certa vantagem. 
"Essas sãos as vantagens dos diferentes acampamentos. Vantagens preciosas, de que depende a maior parte dos sucessos militares". (TZU, 2009, p. 84).

Além dessas questões, Sun Tzu aponta também que é importante prestar atenção no que está acontecendo em volta. Um bando de pássaros fugindo de medo de uma floresta; nuvens de chuva; mudança do vento; pessoas andando por estradas ou campos, podem ser batedores ou espiões; se há vilas ou fazendas por perto, etc. 

"Enfim, independente de o acampamento ser bom ou ruim, tens que tirar partido do fato. Não fiques ocioso, nem inativo. Decifra todos os movimentos do adversário. Mantém espiões ao longo do caminho, inclusive no acampamento inimigo, e até na tenda do general. Nada negligencies do que pode render-te algo. Atenta a tudo". (TZU, 2009, p. 86). 

CAPÍTULO X: Da topografia

O capítulo X assim como também o XI são complementos do capítulo IX, pois Sun Tzu continua a tratar a respeito da avaliação dos terrenos, da geografia na hora de se montar uma estratégia.

"A superfície da Terra apresenta uma variedade infinita de lugares. Deves fugir de uns e buscar outro. Todavia, deves conhecer todos os terrenos com perfeição". (TZU, 2009, p. 94).

Tzu recomenda que terrenos que possuam entradas estreitas, que fiquem cercados por desfiladeiros e escarpas sejam evitados, pois isso dificultará a mobilidade das tropas, e ao mesmo tempo em caso de fuga, será ainda mais difícil fazê-lo. Sun Tzu sempre lembra que a fuga nunca deve ser descartada, pois é preferível se retirar do campo de batalha para lutar novamente do que ser esmagado e humilhado pelo inimigo. 

"Procura, ao contrário, um lugar onde há uma montanha suficientemente alta para te abrigar de toda a surpresa, onde se pode ir e vir por vários caminhos que deves conhecer perfeitamente, onde há víveres em abundância, onde os mananciais são perenes, o ar é saudável e o terreno em si apresenta muitas vantagens". (TZU, 2009, p. 94).  

Em caso de fores atacar seu oponente e fracassares na primeira tentativa, recue e repense em sua estratégia, não continue lutando em desvantagem e tão pouco mostre a seu oponente que estás em desespero. Sun Tzu recomenda que quando o terreno e favorável ao seu oponente, procure outros meios de impor a batalha a ele sem ser de forma direta, ou pelo contrário, engane-o, descubra sua estratégia, suas fraquezas, dissimule, movimentando suas tropas, assumindo posições que podem parecer vantajosas para ele mas na realidade são falsas. Ao mesmo tempo mantenham seus homens bem disciplinados pois a imprudência de alguns podem desbaratar a estratégia. 

Em caso de a vantagem geográfica for sua, não haja como se a vitória fosse garantia certa, pois da mesma forma que tu pensas em enganar ou inimigo e descobrir seus pontos fracos, ele também pensará isso de ti. Logo, ele recomenda cautela e prudência na hora dos ataques.

"Repito que o conhecimento exato do terreno é o material essencial de que o general dispõe para arquitetar uma vitória tão relevante para a tranquilidade e a glória do Estado. Assim, um homem, que o berço ou os acontecimentos destinaram à dignidade de general, deve empregar todos as diligências e envidar todos os esforços para se tornar hábil nessa esfera da arte da guerra". (TZU, 2009, p. 101).

CAPÍTULO XI: Dos nove tipos de terrenos

Se no capítulos anteriores Sun Tzu procurou falar a respeito da importância de se avaliar o terreno para se montar sua estratégia, nesse capítulo ele pondera mais especificamente de nove tipos de terrenos como ele chamou.
  1. Lugares dispersivos. "Chamo de lugares dispersivos os que se situam perto de nossas fronteiras. Tropas ociosas que permanecem muito tempo na proximidade de seus lares compõem-se de homens que têm mais vontade de perpetuar a raça do que se expor à morte". (TZU, 2009, p. 105).
  2. Lugares leves. "Chamo lugares leves os que, apesar de próximos das fronteiras, avançam em território inimigo. Nesses lugares é difícil fixar as tropas. Como o retorno é muito fácil, na primeira oportunidade nasce o desejo de retroceder: a inconstância e o capricho aqui vão a par". (TZU, 2009, p. 106). 
  3. Lugares disputados. São os lugares convenientes para os dois exércitos, onde tanto o inimigo como nós poderemos ganhar vantagem quem chegar primeiro. Para Tzu, esses são "terrenos-chave".
  4. Lugares de reunião. São lugares que eventualmente você e o inimigo acabaram se cruzando. Geralmente tais lugares são as fronteiras entre os dois territórios, ou estradas ou rotas comuns de acesso. 
  5. Lugares cheios e unidos. São terrenos onde suas dimensões permitem a utilização pelos dois exércitos, mas geralmente tais localidades se encontram em território inimigo, daí evitar-se tais terrenos, pois o inimigo terá a vantagem.
  6. Lugares com várias saídas. São os lugares que permitem acesso para várias regiões e ao mesmo tempo são locais onde há muita movimentação. Logo, controlar certos locais desses lhe dará uma boa vantagem acerca de conter o envio de reforços e suprimentos para seus adversários.
  7. Lugares graves. "Os lugares graves são os que, situados no interior de Estados inimigos, apresentam em todas as direções cidades, fortalezas, montanhas, desfiladeiros, pântanos, pontes, campos áridos, ou outros obstáculos". (TZU, 2009, p. 107).
  8. Lugares deteriorados. São localidades de difícil acesso e passagem: lagos, atoleiros, torrentes, lamaçais, pântanos, rios traiçoeiros, zonas áridas, etc., são alguns desses locais que Sun Tzu chama de deteriorados e dificulta a mobilização das tropas que ali passarem.
  9. Lugares mortíferos. São os lugares onde o risco da derrota e da morte são grandes. No entanto, Tzu não especifica bem que tipo de terreno seriam esses. No entanto, ele diz que nesses lugares, as chances de você perder uma batalha e a vida de seus homens são grandes, até mesmo para ambos os lados.
CAPÍTULO XII: Da pirotecnia

Esse é um capítulo que fala a respeito de estratégia e táticas específicas, nesse caso a pirotecnia, ou seja, o uso do fogo como arma.

"Há cinco maneiras de combater com fogo. A primeira consiste em queimar homens; a segunda, em queimar provisões; a terceira, em queimar equipamentos; a quarta, em queimar arsenais e depósitos; a quinta, em utilizar bombas incendiárias". (TZU, 2009, p. 124). 

O uso do fogo entre os chineses é algo bem marcante. De fato foram eles que inventaram a pólvora uma mistura de enxofre, carvão vegetal ou mineral e salitre (nitrato de potássio). No entanto, a pólvora fora descoberta pro volta do século VII d.C, e no século XIII existem relatos de bombas, misseis e até mesmo lança-chamas. Porém, antes mesmo da descoberta e difusão da pólvora como munição, os chineses já faziam uso do fogo na guerra, como o próprio Sun Tzu testemunho há mais de dois mil anos. 

"As cinco maneiras de combater com fogo exigem que varies segundo as circunstâncias. Essas variações se reduzem a cinco. Vou indicá-las, a fim de que possas empregá-las apropriadamente". (TZU, 2009, p. 125).
  1. Após atear fogo ou atacar com o fogo, aguarde ele arder e se espalhar, espere para ouvir os gritos de confusão. Se isso não acontecer, desconfie, envie alguém para olhar, pelo contrário não ataque de imediato, pois poderá ser uma armadilha do inimigo.
  2. Em caso do ataque ter dado certo, as labaredas e a fumaça sobem ao céu, e a confusão se instaurará, deve-se partir para o ataque, enquanto o inimigo está dando atenção a apagar o incêndio.
  3. Em caso de mesmo ateando fogo e o incêndio se alastrar, mas não tiveres oportunidade para atacar o acampamento, base, posto, etc., do inimigo, veja para onde o vento sopra, e incendeie por fora, faça a fumaça e as chamas entrarem, force o inimigo a sair. Mas, ataque sempre a favor do vento.
  4. Antes do ataque ser realizado preste atenção no vento e a direção que ele sopra. Em caso de ele ter soprado o dia todo, talvez possa cessar a noite. Logo, considere um segundo plano.
  5. Da mesma forma que se pode usar o fogo para destruir, a água também pode ser utilizada para causar destruição ou obstruir passagem. (esse caso é curioso, pois Sun Tzu está falando sobre o fogo e de repente passa a falar sobre usar a água).
CAPÍTULO XIII: Da arte de semear a discórdia

No último capítulo Sun Tzu passa os últimos ensinamentos de como manter a disciplina e a ordem nas tropas e ao mesmo tempo como utilizar a discórdia como arma. Por fim tal capítulo também consiste num resumo e em uma conclusão.

Ele começa dizendo que quando estiveres a frente de um grande exército, trate-o de mantê-lo longe de casa enquanto estiverem à serviço, pois a saudade e boatos poderão gera a discórdia entre os homens e os levarão a debandarem. 

Sun Tzu recomenda não medir esforços quando a questão é se evitar uma guerra ou no caso vencer uma guerra, que de preferência seja vencida o mais rápido possível, pois guerras demoradas causam muitos prejuízos aos cofres do Estado e ao povo. Logo, se tens que gastar dinheiro para comprar "segredos" ou a voz de traidores e espiões, faça isso, consiga informações de seu inimigo, tudo o que for possível. Construa sua estratégia a partir do que sabes e do que não sabes.

"Mantém espiões por toda a parte. Informa-te de tudo, nada negligencies do que descobrires. Mas, tendo descoberto algo, sê extremamente discreto". (TZU, 2009, p. 131). 

"O grande segredo para vencer sempre consiste na arte de semear a divisão: nas cidades e nas aldeias, no exterior, entre inferiores e superiores, de morte, e de vida". (TZU, 2009, p. 131). 
  1. Divisão das cidades e das aldeias. Conquiste a confiança e o respeito das cidades e de aldeias para que seu povo se torne seu aliado e inimigo de seus inimigos. 
  2. Divisão exterior. Corrompa os oficias inimigos, faça os trair seus senhores e debande para seu lado ou lhe entregue informações. 
  3. Divisão entre inferiores e superiores. Semeie a discórdia e a insubordinação entre os inferiores e seus superiores no exército inimigo. Gere motivos para os soldados e oficiais desacatarem ordens e se confrontarem. Um exército sem disciplina e caótico, estará mais vulnerável.
  4. Divisão de morte. Espalhe falsos boatos sobre as perdas que tivestes, minta, diga que perdeu muitos homens, que perdeu terrenos e suprimentos, faça o inimigo crer que estejas vulnerável. 
  5. Divisão de vida. Ofereça recompensas para os desertores e traidores do exército inimigo. Compre seu conhecimento e seu silêncio. 
"Se souberes infiltrar traidores nas cidades e nos vilarejos inimigos, em breve terás ali muitas pessoas inteiramente devotadas. Conhecerás, por seu intermédio, as disposições da maioria em relação a ti. Esses traidores sugerirão a maneira e os meios que deves empregar para a conquistar seus mais temíveis compatriotas". (TZU, 2009, p. 133).

"Um exército sem agentes secretos é um homem cego e surdo". (TZU, 2009, p. 137).

Sun Tzu lembra que a lealdade deve ser mantida e pode ser comprada, no entanto a honra não pode te impedir de tomar certas decisões ou de escolher de meios subversivos que lhe possa trazer vantagens, pois o principal propósito da guerra é a vitória. Se conseguires uma vitória sem ter que lutar é melhor ainda, mas caso tal opção não ocorra, tende a lutar de forma que o conflito acabe o mais rápido possível.


"A estratégia sem tática é o caminho mais lento para a vitória. Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota." 
Sun Tzu

NOTA: O nome de Sun Tzu em algumas versões aparece grafado como Sun Wu ou Sunzi. 
NOTA 2: Dependendo da versão ou da tradução pode haver variações no título dos capítulos. 
NOTA 3: Um dos bisnetos de Sun Tzu chamado Sun Pin ou Sun Bin também é conhecido como Sun Tzu II e também chegou a escrever um manual militar, as vezes referido como A arte da guerra II. No entanto, o título mais correto seria Métodos Militares.
NOTA 4: Sabe-se que Mao Tsé-tung (1893-1976) era um admirador da obra de Tzu. Em alguns dos livros que escreveu fez citações ao livro e até mesmo teria utilizado alguns dos ensinamentos de Tzu duramente as batalhas que travou. 
NOTA 5: A Arte da Guerra (Dell'arte della guerra) também é o título de um livro escrito por Nicolau Maquiavel entre 1519 e 1520. 
NOTA 6: Alguns dos princípios da obra de Sun Tzu foram usados nos jogos Nobunaga's Ambition, The Romance of Three Kingdons, Shogun: Total War e Total War: Shogun 2

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
TZU, Sun. A arte da guerra. Traduzido por Sueli Barros Cassal, Porto Alegre, LPM, 2009.