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Leandro Vilar

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A árvore do conhecimento

No século XVIII a Europa vivenciou uma era de mudanças, a Revolução Industrial despontava em meados do século na Inglaterra, o governo absolutista de Luís XVI, rei da França, entrava em decadência. O povo se rebelava contra o sistema do Antigo Regime, e em meio a esse período conturbado os pensadores iluministas escreviam suas ideias para uma nova era de progresso, justiça, igualdade e paz. Foi no século XVIII que o pensamento europeu chegou ao seu ápice, fato esse que na história tal época para a ciência e a filosofia ficou conhecida como o Século das Luzes, Iluminismo ou Ilustração.

O pensamento ilustrado iluminista se difundiu principalmente entre os franceses, ingleses e alemães, mas suas ideias se espalharam pela Europa e além de sua fronteiras, principalmente nas Américas, possuiu uma forte influência devido a sua visão dos direitos políticos, civis e na constituição de um governo democrático, ideias estas utilizadas no movimentos de independência das colônias européias nas Américas.

"[...] os iluministas foram adeptos do ceticismo, do deísmo, do empirismo e do materialismo; opunham-se à tradição, representada sobretudo pela Igreja Católica, e lutaram por uma nova ordem social e politica. A democracia e o liberalismo modernos, assim como a renovação industrial, tiveram intima relação com o iluminismo, e a Revolução Francesa foi sua principal expressão no plano político". (LAROUSSE, 1998, v. 13, p. 3085).

Nesse caso uma das principais obras que personificou o ideal iluminista em todos os campos em que seus autores trabalharam, fora a célebre Enciclopédia (Encyclopédie). Organizada pelo filósofo, ensaísta e escritor francês Denis Diderot (1713-1784) e o filósofo, matemático e físico francês Jean le Ronde d'Alembert (1717-1783), contou com uma produção cientifica, filosófica, histórica, literária e artística ao longo de 30 anos.
  • Publição original: 1751-1772
  • Publicação de complementos: 1776-1780
  • Total de volumes: 35
  • 17 volumes de texto
  • 11 de pranchas
  • 4 de suplemento
  • 2 de indíce
  • 1 suplemento de prancha
  • Número de ilustrações: mais de 3 mil
  • Número de artigos: cerca de 75 mil
  • Número de colaboradores: 150
Além de Diderot e d'Alembert, alguns dos seus colaboradores foram: "Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Hélvetius, Condillac, D'Holbach, Daubenton, Marmontel, Durmasais, Quesnay, Turgot, o cavaleiro de Jaucort etc". (LAROUSSE, 1998, v. 9, p. 2091).

No entanto, o foco deste texto como sugere o título, é a "árvore do conhecimento" proposta por Diderot e d'Alembert, os quais dividiram o saber em três categorias, que perfazem a base da divisão dos assuntos abordados em toda a Enciclopédia. Tal divisão tem como referência a ideia de divisão do conhecimento proposta por Francis Bacon (1561-1626) célebre erudito de sua época, o qual em seu livro O progresso do conhecimento (1601) concebe a divisão do saber humano nas seguintes categorias:
  • Memória - História
  • Razão - Filosofia
  • Imaginação - Poesia
Fonte: CAMPOS, Flávio de; MIRANDA, Renan G. A escrita da História, ensino médio: volume único. São Paulo, Escala Educacional, 2005. p. 259.
Partindo-se dessa divisão original ambos os autores elaboraram sua divisão mais detalhada para a concepção do conhecimento visto em sua época, como fica claro na tabela abaixo (clique na tabela para ampliá-la).

NOTA: A obra se chamava Enciclopédia ou Dicionário racional das ciências, das artes e dos ofícios. Posteriormente o título fora acrescido pelos seus organizadores ficando,
Enciclopédia ou Dicionário racional das Ciências, das Artes e dos Ofícios, uma companhia de homens de letras, posto em ordem pelo Sr. Diderot, da Academia de Ciências e Belas-Letras da Prússia, e na parte da matemática, pelo Sr. d'Alembert da Academia Real de Ciências de Paris, da Prússia e da Sociedade Real de Londres.
NOTA 2: Originalmente a ideia de se produzir esta enciclopédia partiu da iniciativa do livreiro Le Breton o qual visava empreendimento comercial. A ideia inicial era fazer dessa enciclopédia uma tradução da Cyclopedia inglesa de Chambers. No entanto, Le Breton foi persuadido pelo seu coordenador o abade De Gua de Malves e posteriormente por Diderot a se elaborar uma obra original e inovadora. Le Breton fori um dos principais livreiros que coordenou as edições da Enciclopédia.
NOTA 3: Na primeira edição de 1751, d'Alembert escreveu o Discurso Preliminar, uma espécie de introdução para a obra. Anos mais tarde em 1759, d'Alembert abandonou o projeto, devido a alguns desentendimentos com Diderot.
NOTA 4: Os volumes de 1751, 1752 e de 1759 quase chegaram a ser proibidos de serem publicados por iniciativa do Supremo Tribunal de Justiça da França, o qual considerou seu conteúdo impróprio, e decidiu censurá-lo, no entanto alguns dos colaboradores do projeto que eram ligados a política e a justiça contornaram esse problema.

Referências Bibliográficas:
Grande Enciclopédia Laurosse Cultural, v. 8, São Paulo, Nova Cultural, 1998.
Grande Enciclopédia Laurosse Cultural, v. 9
, São Paulo, Nova Cultural, 1998.
Grande Enciclopédia Laurosse Cultural, v. 13, São Paulo, Nova Cultural, 1998.

Link relacionado:
Francis Bacon e o despertar da ciência


LINKS:http://fr.wikipedia.org/wiki/L%27Encyclop%C3%A9die (francês)
http://diderot.alembert.free.fr/ (versão online - francês)
http://encyclopedie.uchicago.edu/ (versão online - inglês)


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