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Leandro Vilar

terça-feira, 23 de julho de 2019

O Castelo de São Jorge de Lisboa

Situado sobre o morro mais alto de Lisboa, encontra-se o milenar Castelo de São Jorge, símbolo defensivo e real do povo português. Símbolo também de sua história de conquistas e resistências. Atualmente o castelo é um museu e local também para espetáculos teatrais e de living history. Recentemente tive a oportunidade de visitá-lo e decidi escrever esse breve texto, contando um pouco de sua história. Embora o castelo seja mais lembrado pela sua história associada ao período das Cruzadas, ele é anterior a essa época e nem se quer foi uma construção de origem lusitana ou portuguesa. 

Antecedentes: 

O castelo somente foi construído no século XI, porém, muitos séculos antes de sua construção, existiu um forte romano naquele morro. De datação incerta, sabe-se que no século II a.C, a pequena cidade de Olisipo, tornou-se ponto estratégico das campanhas romanas para assegurar seu domínio sobre tribos lusitanas rebeldes. Graças as conquistas obtidas na região, em 48 a.C, os habitantes de Olisipo ganharam a cidadania romana. Apesar dessa importância a cidade não era capital da Lusitânia, ainda assim, isso não desmerece sua importância como posto comercial e defensivo na entrada do rio Tejo. O forte da cidade foi reformado e reconstruído no séculos seguintes. Mesmo após a queda do governo romano no final do século V d.C, os lusitanos, suevos e visigodos que ocuparam a cidade, mantiveram a fortificação ativa. (ARAÚJO, 1944, p. 11). 

Entre os séculos V ao VIII a cidade de Olisipo, renomeada como Ulishbona, foi alvo de vários ataques e pilhagens, o que a fez perder sua importância econômica e política dos tempos romanos, reduzindo-a a uma simples vila lusitana. Somente no final do século VIII, com a conquista dos árabes, a vila voltaria a ganhar importância. A partir do século seguinte os árabes renomearam Ulishbona para Al Uzbuna, e empreenderam reformas, construções e a expansão da cidade. O comércio voltou a movimentar a cidade. O antigo forte romano foi adaptado para se tornar uma alcáçova, espécie de cidadela árabe, que abrigava a residência do governador e uma fortificação. O atual bairro de Alfama, também se desenvolveu nesse período. Mesquitas, praças e outras obras como a ampliação da Cerca Moura e muralhas, foram realizadas. A fortaleza de Almada na margem oposta do Tejo, também foi construída nesse período. (SANTOS, 2017, p. 2). 

O Castelo de São Jorge ainda hoje conserva traços da arquitetura árabe, especialmente vistos nas suas muralhas e torres. 

No período da dominação árabe sobre Lisboa, os cristãos continuaram a viver lá, inclusive comunidades judias também se estabeleceram. Embora que o governo fosse controlado pelos muçulmanos. 

A Reconquista: 

Entre os séculos IX e XI, os reis Afonso II de Astúrias (759-842), Ordonho III de Leão (926-956) e Afonso VI de Leão e Castela (1043-1109) atacaram a cidade árabe, até obtendo sucesso imediato, mas efêmero, pois não conseguiram manter o controle da cidade. Os árabes mantiveram Lisboa sob seu controle por mais de dois séculos. Em 1142 o rei D. Afonso Henriques (1109-1185), o então primeiro rei de Portugal desde 1139, decidiu atacar Al Uzbuna, mas sem obter sucesso. Após aquela derrota, o monarca adiou em alguns anos os planos para um novo ataque, que somente veio a ocorrer em 1147, através de um cerco que durou três meses. Reza a lenda que a vitória somente foi obtida, pois um valente cavaleiro de nome Martim Moniz, para impedir que um dos portões da cidadela fosse fechado, jogou-se neste e o segurou até ser esmagado. Como os mouros não conseguiram fechar o portão, o exército português invadiu a cidadela por lá. Em referência a essa lenda, a tal suposta porta é conhecida hoje como Porta Martim Moniz. (SANTOS, 2017, p. 2). 

O Cerco de Lisboa de 1147. Roque Gameiro, 1917. Embora seja uma imagem romanceada, apresentando barcos vikings e uma muralha maior do que era, ainda assim, pode-se ter uma ideia de como poderia ter sido a cidade de Al Uzbuna e o castelo no topo da colina. 

Lendas a parte, o cerco foi demorado e árduo, o rei D. Afonso Henriques em parte somente obteve sucesso graças ao apoio que recebeu de cruzados ingleses, normandos e de outras origens, e armas de cerco. A vitória veio em 25 de outubro, tendo ocorrido a rendição das defesas do castelo e a capitulação do mesmo e da cidadela. Os mouros que não foram mortos na ocasião do cerco, foram expulsos e Al Uzbuna finalmente conquistada para domínio português. Naquele primeiro momento, a configuração do castelo e da cidadela foi mantida da forma que se encontrava. O rei nomeou a cidadela como freguesia de Santa Cruz da Alcáçova, renomeada tempos depois para Santa Cruz do Castelo. Todavia, apenas em 1179 um floral reconhece que Alusbuna como era chamada na forma aportuguesada, passou a integrar o Reino de Portugal. (DA CRUZ, 2013, p. 46). 

Paço Real: 

No ano de 1255, a cidade de Lisboa tornou-se capital de Portugal, com isso a corte mudou-se para lá, indo habitar o antigo palácio mouro na cidadela. Naquele tempo o palácio, o castelo e as demais fortificações já haviam passado por algumas reformas simples desde 1147, no entanto, com a mudança da corte do rei D. Afonso III (1210-1279) para Lisboa, novas reformas foram realizadas. 

"O Castelo foi uma estrutura bastante intervencionada e alterada ao longo dos séculos, não só por obras de reabilitação e adaptação por parte dos reis, destacando-se as obras de D. Dinis em 1279; de D. Afonso I em 1383, que manda retirar as portas do lado da cidade e entulhar o fosso e das obras de D. Manuel em 1495 que se estenderam até 1521, mas também pelos efeitos do terramoto de 1530, que viria a afectar as suas estruturas originais, destruindo parte do Castelo e a sua envolvente, demolindo as torres norte e nordeste da Alcáçova e algumas casas adjacentes na zona de S.to André e da Costa do Castelo, levando a um progressivo abandono e despovoamento do local". (DA CRUZ, 2013, p. 46).

No século XIII com Lisboa tornando-se capital do Reino de Portugal, a cidade voltou a ganhar proeminência nacional e internacional, consolidando-se politicamente e comercialmente. Nessa nova fase, o castelo seria a sede da corte e lar dos reis de Portugal, DE 1255 a 1500. Sofrendo várias reformas ao longo do período, como as reformas em estilo gótico ocorridas na transição do século XIII para o XIV, novas reformas agora de caráter defensivo, promovidas pelo rei D. Fernando (1345-1383), no que originou na criação de uma nova muralha para a cidade, chamada de Cerca Nova ou Cerca Fernandina, construída entre 1373 e 1375. Data do ano de 1378 do governo de D. Fernando, a criação da Torre do Tombo, nome dado a arquivo real, instalado em uma das torres do castelo. (DA CRUZ, 2013, p. 47). 


Muralhas e ponte do Castelo de São Jorge. Foto do autor, tirada em 2019. 

Em 1383 com a morte de D. Fernando, o último rei da Casa de Borgonha, e como este não deixou herdeiros, iniciou-se uma crise sucessória que durou dois anos, lançando Portugal numa guerra pelo trono. Defendendo seu direito ao trono, estava um irmão bastardo do rei, D. João (1357-1433). Com a vitória sobre as tropas rebeldes e o exército invasor do rei de Castela, João era proclamado rei e inaugurou a Dinastia de Avis. Com sua vitória o rei nomeou o Castelo para Castelo de São Jorge em referência ao santo mártir guerreiro, reverenciado pelos cruzados, considerado um dos padroeiros de Portugal e pelo fato do rei ser devoto do santo também. 

A função de paço real do castelo foi mantida até o século XVI. Nesse período o castelo e a cidadela também serviram para outros propósitos, atuando como palácio dos bispos e albergue dos nobres. Foi também no paço real que Vasco da Gama em 1499 foi recebido com honrarias pelo rei D. Manuel I (1469-1521), pelo seu retorno das Índias. Anos depois o Monólogo do Vaqueiro, escrito por Gil Vicente (c.1465 - c. 1536), foi representado no paço. (CARVALHO, 2008, p. 3). 


Gil Vicente representando O Monólogo do Vaqueiro no Paço Real no Castelo de São Jorge, segundo imaginado pelo autor Roque Gameiro, 1917. 

Retorno a status de fortificação e perda de importância:

No ano de 1498 o rei D. Manuel I ordenou a construção de um novo palácio real, dessa vez situado mais próximo da ribeira do Tejo. O palácio foi concluído em 1503. Chamado de Paço da Ribeira ele tornou-se a nova sede da corte. Inclusive de caráter permanente após 1530, quando um terremoto acometeu Lisboa e destruiu parte do Paço de Alcáçova no Castelo de São Jorge, além de danificar a muralha, casas em Alfama e outros bairros e levar ao desabamento de duas torres. Com a destruição do antigo palácio, na época, o então rei D. João III preferiu não empreender gastos para recuperá-lo e com isso decidiu desativar gradativamente o antigo palácio, firmando assim o estabelecimento definitivo da corte na Ribeira. Após o terremoto de 1530 foi decidido que o castelo retomaria sua função apenas defensiva, e com isso as antigas instalações foram reformadas para se tornar casernas de um quartel e até um presídio. 


A cidade de Lisboa e o Castelo de São Jorge no começo do século XVI. Duarte Galvão, 1505. Por essa pintura e algumas outras do mesmo século, ainda notam-se os telhados piramidais nas torres do castelo, hoje os telhados não existem mais. 

Nos quase duzentos anos seguintes o castelo seguiu como quartel e fortificação. Apesar que nesse tempo reformas de manutenção foram realizadas e até mesmo a tentativa do rei D. Sebastião I (1554-1578) de tentar retomar o antigo paço para ser habitável, não foram adiante. Apesar que a planta encomendada revela-se profundas reformas no castelo ao ponto de torná-lo algo ainda mais imponente e pomposo. Com a morte do rei Sebastião em campanha militar no Magreb (atual Marrocos), uma crise sucessória se instaurou. O rei sem filhos, foi sucedido por um tio idoso que faleceu dois anos depois, abrindo espaço para a disputa do trono que culminou com a conquista espanhola sobre Portugal, inaugurando a União Ibérica (1580-1640). Os reis Filipe não tiveram interesse no castelo e mantiveram sua função de fortificação e quartel. 

Projeto de reforma do Castelo de São Jorge e sua fortaleza, feito por Francisco de Holanda em 1571. O projeto nunca foi realizado. 
Com o fim do governo espanhol sobre Portugal através da Restauração promovida por D. João IV (1604-1655), o governador espanhol do castelo entregou o comando para o português D. Álvaro de Abranches, que permaneceu cerca de cinco anos no comando da fortificação, sendo em 1645 substituído pelo Marquês de Cascais, D. Álvaro de Pires de Castro. Data da segunda metade do século XVII o projeto de reforma do engenheiro e arquiteto-militar Nicolau de Langres (?-1665) para transformar o castelo num genuíno forte moderno, com seus vários bastiões. A arquitetura seria baseada em fortificações flamengas, francesas e italianas. Embora que Portugal já adotasse esse modelo em fortes e fortalezas nas suas colônias. Mas devido aos grandes gastos para empreender essa mudança, o governo desistiu do projeto. 

“Na segunda metade do século XVIII o cunho militar do Castelo é ainda reforçado pela edificação de mais uma prisão e pela implantação do Hospital dos Soldados, por ordem do rei D. João V. Ainda neste século, o terramoto de 1755 devastaria uma vez mais a cidade de Lisboa, deixando em ruínas, além de outras, a zona do Castelo - muralhas, Castelo, Paço Real da Alcáçova, Palácios, Ermidas, Igreja, etc. – levando ao abandono civil e militar da zona. Progressivamente vão-se adaptando as estruturas conforme as necessidades: implementava-se o observatório astronómico numa das torres em 1779; noutra torre o observatório geodésico em 1788; instalava-se a Casa Pia, que ocuparia quase metade da área do Castelo, composta de recolhimentos, escolas, oficinas, casas de correcção e prisões, utilizando edifícios, quartéis e espaços reutilizáveis do Paço, com obras de adaptação que alterariam as estruturas existentes. Construía-se ainda uma cisterna, aproveitando algumas ruínas do castelo e na área da actual Praça Nova implantam-se oficinas de cordoaria, sendo a Igreja de S.ta Cruz o único edifício a ser reconstruído. O castelo converter-se-ia ‘em local de tudo: presídio ou cadeia, casernas militares, Casa Pia, oficinas e manufacturas, postos geodésicos e de observação’”. (ABEL & CONSIGLIERI, 2011, p.7 apud DA CRUZ, 2013, p. 49).

No século XIX o castelo retomou sua função de fortificação e quartel, passando a abrigar o Quinto Batalhão de Caçadores, o que levou a sua reforma anterior para comportar escritórios, depósitos de armas e munição, cavalariças, salas de recreação, pátios, alojamentos, etc. O antigo palácio já não existia há bastante tempo já naquela época. Em 1897 ele perdeu o status de praça de guerra, perdendo gradativamente seu papel como fortificação e quartel, reduzindo suas atividades e legando-o ao abandono. Finalmente em 1910, o último rei de Portugal, D. Manuel II classificou o Castelo de São Jorge como monumento nacional. Naquele momento a fortificação estava praticamente abandonada e em deteriorada. Na tentativa de não deixar o castelo ruir, foram propostos projetos para torná-lo um hotel luxuoso, mas as propostas foram rejeitadas. Apenas em 1938 após décadas de abandono, teve início as primeiras ações para restaurar e preservar a milenar fortificação. (DA SILVA, 2014, p. 54). 

Tais medidas se estenderam até 1947, quando parte do castelo estava recuperada e jardins o cercavam. Apesar que várias outras alas da fortificação e da cidadela estivessem em ruínas. Na segunda metade do século XX a preocupação patrimonialista, arquitetônica, museóloga e arqueológica pressionaram a prefeitura de Lisboa a tornar o castelo em um museu e local de preservação. O aspecto atual do castelo mantém parte das estruturas erguidas no século XIX e reformadas no século XX, apesar que algumas das torres, portões e muralhas que formam a cidadela, datem de pelo menos o século XVI. 

Entrada do castelo com sua ponte sobre um fosso seco. Foto do autor, tirada em 2019. 

De qualquer forma, o Castelo de São Jorge sobreviveu a guerras, cercos, dois terremotos e o descaso humano. E passados mais de mil anos ele se mantém sua vigília sobre Lisboa, observando a capital portuguesa do alto de sua colina. 

Dicas de turismo: 
  • Como o castelo fica situado no topo do bairro de Alfama, é preciso subir ladeiras para chegar até ele. Para pessoas que tenham dificuldade de mobilidade, recomendo irem de carro, táxi ou Uber. Pois não a ônibus que passe por ali. Mas quem quiser ir à pé, as ladeiras não são tão íngremes. 
  • A entrada do castelo quando fui em 2019, custava 10 euros. 
  • Há várias lojinhas que vendem souvenires do castelo nas ruas próxima a entrada dele, inclusive até mais em conta do que a loja oficial do castelo. 
  • A vista lá de cima permite ver boa parte de Lisboa, o rio Tejo e algumas das cidades vizinhas, é muito bonita para admirar e fotografar. 
  • Na bilheteria pode-se pegar alguns panfletos ou livretos que informam sobre eventos que ocorrem no castelo, como festejos, apresentações de música, dança, teatro e living history
  • Existe um restaurante e uma cafeteira na área do castelo, para quem tiver interesse de ali almoçar ou fazer um pequeno lanche. 
  • Quem for levar crianças, mantenha atenção, pois há zonas de risco, onde as crianças podem facilmente cair.
  • É possível subir nas torres e muralhas do castelo, mas os degraus são íngremes, faça isso com segurança.
  • Existem alguns pavões na área do castelo, em geral eles ficam sobre os muros e telhados, mas cuidado com crianças que queriam se aproximar dessas aves. 
Nota: O nome Olisipo ou Ulisipo advém da lenda grega a qual conta que o herói Odisseu (Ulisses para os romanos), teria sido o fundador dessa cidade. A lenda perdurou por séculos entre os escritores. O próprio Luís de Camões a menciona em Os Lusíadas no século XVI. 
NOTA 2: O nome Al Uzbuna também é grafado como Alusbuna, mas foi latinizado depois para Lissabona. A partir dessa latinização originou-se Lisbonne que deu origem a Lisboa. 
NOTA 3: Desde 1915 a freguesia de Santa Cruz do Castelo chama-se apenas Castelo. 
NOTA 4: O dia 25 de outubro comemora-se o Dia do Exército em Portugal, em memória a vitória do Cerco de Lisboa em 1147. 
NOTA 5: O famoso escritor José Saramago escreveu o livro História do Cerco de Lisboa (1989), um romance histórico que reimagina o Cerco de Lisboa ocorrido em 1147. 

Referências bibliográficas: 
ARAÚJO, Norberto de. Castelo. In: Inventário de Lisboa, fascículo 1. Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1944, p. 9-22.  
CARVALHO, Ana Rita. Castelo de S. Jorge. Jornal do Exército, ano XLIX, n. 575, julho de 2008, p. 4. 
DA CRUZ, António Miguel Godinho. Reabilitação do Patrimônio: Castelo de S. Jorge: Do Estado Novo à Actualidade. Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, 2013, 163p. 
DA SILVA, Rita Nobre Neto. Monumentos e Museografia: Dois espaços museológicos no Castelo de São Jorge, em Lisboa. Dissertação de Mestrado em Arquitetura, Instituto Superior Técnico, Lisboa, 2014, 222p. 
SANTOS, Joaquim Rodrigues dos. Castelo de S. Jorge e Paço da Alcáçova. In: Lisboa em Azulejo Antes do Terramoto de 1755. Lisboa, Instituto de História da Arte / Faculdade de Ciências Sociais e Humanas / Universidade Nova de Lisboa, 2017. 




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