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Leandro Vilar

sábado, 29 de março de 2025

A origem dos robôs

Cada vez mais a robótica tem se tornado uma ciência de destaque no século XXI. Embora os robôs atuais não sejam tão eficientes e inteligentes como vemos nas obras de ficção, no entanto, eles já progrediram bastante nos últimos 70 anos. Mesmo que para algumas pessoas esse progresso ainda seja demasiado lento. De qualquer forma, o presente texto buscou centrar-se em dois aspectos principais: de onde veio a palavra robô, quando ela passou a ser aplicada para se referir a um tipo de máquina, para em seguida vermos como surgiram os primeiros robôs, salientando que existem diferentes tipos de robôs. 

A palavra robô 

Essa palavra é de origem checa advindo de robota, termo utilizado para se referir ao servos, já que a República Checa e outros países vizinhos somente aboliram a servidão feudal no século XIX ou começo do XX. Dessa forma, originalmente o termo não designava um tipo de máquina, mas a condição social de pessoas sujeitas ao sistema feudal que ainda imperava em parte da Europa. A situação mudou quando o escritor e dramaturgo checo Karel Capek (1890-1938) escreveu a peça R.U.R (1920), cuja sigla significa Rossumovi Univerzálni Roboti (Robôs Universais de Rossum). 

Inicialmente Karel pretendia usar o termo labori (trabalhador em latim) para designar as máquinas que ele concebeu nessa peça de ficção científica, mas seu irmão Josef Capek (1887-1945), após ler o texto, percebeu que as máquinas atuavam como serviçais, então ele sugeriu usar uma palavra parecida com robota. Além de valorizar a língua nacional também, em detrimento de utilizar termos latinos. Assim, Karel criou o termo roboti para designar uma máquina humanoide. 

Capa da primeira edição.

Na peça R.U.R a empresa de Rossum desenvolveu uma tecnologia bastante avançada para seu tempo, criando um exército de robôs sintéticos, similares aos seres humanos (na prática eles seriam androides segundo a classificação atual), os quais foram chamados de robôs. Essas máquinas foram construídas para realizarem os mais diversos trabalhos e atividades a fim de libertar os humanos de trabalhos degradantes, arriscados, insalubres e enfadonhos. No entanto, em dado momento da narrativa os robôs que possuíam inteligência artificial avançada (embora esse conceito ainda estivesse sendo desenvolvido na época), decidem se rebelar e iniciam uma guerra para destruir a humanidade. Embora a ideia de Karel Capek de apresentar os robôs como um engenho da criação humana, ele já em 1920 os retratava como uma ameaça em potencial, adentrando as produções de ficção científica onde robôs se tornam inimigos dos humanos. 

Os autômatos

Há casos na História em que o conceito antecede sua nomenclatura, os robôs passaram por isso. Enquanto a palavra robô foi criada em 1920, no entanto, a ideia de robô é anterior, remontando ao conceito de autômato, o qual existe desde a Grécia Antiga, pelo menos. Os autômatos consistiam em máquinas feitas geralmente de madeira, mas as vezes de metal, que poderiam executar cálculos ou algum tipo de movimento mecânico como mover rodas, pás, cordas etc. Embora houvessem autômatos parecidos com pessoas ou animais, as quais executavam movimentos simples, geralmente mover a cabeça, braços, pernas e patas. Os autômatos eram movidos por energia a vapor, hidráulica, engrenagens ou sistema de polias. 

Embora os gregos tenham feito alguns autômatos, eles eram mais voltados para a curiosidade ou estudos científicos. Depois disso o seu fascínio se perdeu e eles foram esquecidos por séculos. Os árabes, persas e chineses resgataram o interesse por autômatos, exibindo-os em palácios e festejos. Construindo-os mais elaborados, com direito de alguns tocarem música ou imitarem o som de animais

No entanto, novamente eles foram esquecidos, somente retornando na Idade Moderna, onde filósofos, alquimistas, inventores e cientistas começaram a criar autômatos normalmente na forma de bonecos (não apenas como estátuas como era anteriormente comum no passado), os quais geralmente tocavam instrumentos ou escreviam alguma palavra ou frase. Os autômatos modernos se valeram bastante do desenvolvimento do sistema de engrenagens. Isso permitiu a criação de objetos, estátuas e até teatros de bonecos automáticos. 

Uma autômato do Pinóquio. 

Todavia, o autômato não possui um sistema operacional, mas um sistema mecânico que o faz executar funções bem simples. Apesar que na Idade Moderna tivemos autômatos construídos como um sistema de engrenagens vistos em alguns relógios. Inclusive alguns grandes relógios europeus possuíam autômatos. De qualquer forma, essas máquinas antecedem a ideia de robô, por serem instrumentos mecânicos que executavam algumas atividades. 

Autômatos num relógio do Colégio Maius, em Cracóvia. 

Neste ponto, os autômatos começaram a ganhar destaque na literatura de ficção científica e fantasia do século XIX, deixando de serem máquinas simples, para se tornarem algo mais sofisticado e até com consciência, similar aos robôs da ficção que hoje conhecemos. Assim, obras como The Sandman (1816) de E. T. A. Hoffmann, The Steam Man of the Prairies (1865) de Edward S. Ellis, Electric Man (1885) de Luis Senarens, A Eva Futura (1886) de Auguste Villiers de L'Isle-Adam, são exemplos de autômatos que se tornaram algo mais próximo de robôs como concebemos hoje em dia. Inclusive no livro A Eva Futura, temos o caso de uma bio-androide. 

O surgimento dos robôs

Se a ideia de máquinas com forma de pessoas ou animais, que executavam movimentos ou ações automaticamente é algo antigo e o conceito de robô surgiu em 1920, quando foi que os robôs surgiram propriamente? Devido a influência da ficção científica, na década de 1920 tivemos filmes, livros e desenhos mostrando robôs humanoides ou androides, inclusive algumas dessas máquinas chegaram a serem fabricadas como Eric (1928) e George (1932), os quais foram exibidos em feiras mundiais e eventos industriais e tecnológicos, mas na prática não eram robôs de verdade, apenas estátuas ou bonecos, alguns eram até mesmo autômatos. 

O robô George em 1932. Na prática ele não funcionava. 

Mais tarde a Westinghouse Electric Company lançou o Elektro em 1939, apesar de parecer um robô, tratava-se de um autômato, o qual reproduzia frases gravadas, além de mover a cabeça e os braços. No entanto, Elektro foi uma grande sensação na época, participando de turnês pelos Estados Unidos. Porém, a origem de robôs que conseguiam se locomover veio dez anos depois quando William Grey Walter, engenheiro da Burden Neurological Institute de Bristol, criou os robôs Elmer e Elsie entre 1948 e 1949, os quais faziam uso de baterias e conseguiam se mover a uma curtíssima distância. 

Entretanto, o primeiro robô eficaz foi o Unimate (1961), criado por George Devol para ser empregado na construção de veículos nas fábricas da General Motors. Embora não fosse um robô humanoide, tampouco não andava e nem falava, ainda assim, consistia num robô por executar ordens pré-programadas, funcionando a energia elétrica. 

O Unimate, o primeiro robô funcional da História. 

Assim, na segunda metade do século XX desenvolveu-se cada vez mais diferentes tipos de robôs usados em fábricas, além de robôs veiculares, utilizados para testes militares e espaciais. Enquanto isso no cinema, literatura, desenhos animados e videogames, robôs humanoides e robôs militares se tornavam cada vez mais comuns, porém, na prática isso ainda não seja uma realidade. 

No século XXI robôs de brinquedo passaram a serem comercializados, especialmente na forma de cachorros e bonecos, além de robôs aspiradores. Por sua vez, robôs humanoides ainda seguem em fase de experimentos, embora tenhamos empresas em países como Estados Unidos, China e Japão que vêm investindo nesse tipo de tecnologia, mas ainda não é viável para a comercialização. 

Robôs da Tesla em 2024. 

NOTA: Alguns dos primeiros filmes sobre robôs ou que mostram robôs foram: The Mechanical Man (1921), The Metal Giants (1926), Metropolis (1927), Automata (1929).

NOTA 2: Atualmente existem vários tipos de robôs sendo classificados de acordo com suas funções, usos e características. Assim, temos robôs industriais, militares, espaciais, domésticos, de brinquedo, nanorrobôs, robôs digitais etc. 

Referências bibliográficas: 

CRAIG, J. J. Introduction to Robotics. New Jersey, Pearson Prentice Hall, 2005. 

GUTKIND, L. Almost Human: Making Robots Think. New York, W. W. Norton & Company, Inc, 2006.

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