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Leandro Vilar

quarta-feira, 13 de junho de 2012

A Revolução Mexicana: 1910-1920

"É melhor morrer de pé do que viver de joelhos."
Emiliano Zapata


Antes da eclosão da Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918) e da revolução socialista na Rússia em 1917, o início do século XX vivenciou uma revolução de grande impacto sociopolítico e cultural, uma revolução onde os oprimidos, onde o abuso de poder, o legado histórico, a rebeldia, a violência e a coragem marcharam juntos, para mudar a cara do México do século XX. Após quase um século de opressiva ditadura e séculos de exploração e usurpação das terras e dos direitos indígenas, o ano de 1910 eclodiu com toda essa pressão acumulada por tanto tempo, e tal explosão se prolongou por uma década ceifando a vida de pelo menos 1 milhão de pessoas, destruindo vilas e cidades, obrigando mulheres e crianças a lutarem na guerra. A Revolução Mexicana embora não tenha tido um impacto mundial como a Revolução Francesa e Russa, fora uma das revoluções mais importantes, acirradas e polêmicas da história contemporânea, tendo em alguns aspectos questões similares à vistas em outras nações e ainda ecos desse tempo ecoam no mundo de hoje. 

Nesse texto procurarei levantar os principais aspectos da Revolução Mexicana, passando por suas origens, desenvolvimento e consequências.

ANTECEDENTES


Questão agrária, social e cultural

Para alguns historiadores os antecedentes ou motivos que levaram a revolução de 1910 teriam surgido durante o século XIX no governo ditatorial do general Porfírio Díaz, o qual governou o México de 1876-1880 e depois de 1884 a 1911, período esse chamado de Porfirismo

Entretanto, alguns historiadores levantam que algumas das causas que contribuíram para a revolução como a questão da luta pela terra e a apropriação das terras indígenas devem ser retomadas há alguns séculos durante o início do período colonial, como forma de se explicar a causa dessas reivindicações e da pobreza do campesinato. E para se entender como tais fatores se desenvolveram, deve-se retomar a história mexicana a época dos astecas.

"Para compreender as raízes mais profundas da Revolução Mexicana é importante fazer primeiramente um desvio, isto é, conhecer o passado, tendo em vista as diversas dimensões históricas, políticas, sociais, culturais e econômicas da formação social mexicana, incorporadas em um processo dialético como totalidade concreta, tendo como principal referência a contradição entre as classes sociais". (BUSTOS, 2008, p. 21).

Assim, o Império Asteca ou Confederação Asteca dependendo da visão do historiador, que durou por volta de 1325 a 1521, quando o último imperador fora derrubado por Hernán Cortés (1485-1547), marca o início da questão agrária que repercutiria na revolução séculos depois.


Mapa da extensão máxima do Império Asteca
De acordo com as leis e costumes astecas, o imperador (tlatoani) era o senhor de todas as terras do império, logo era ele quem decidia como as terras seriam utilizadas e para quem daria porções dessa para serem cuidadas. Nesse caso, o imperador doava terras a parentes, nobres, generais e outros senhores vassalos, já que o astecas construíram seu império sob a vassalagem de outros povos, sendo estes seus tributários. Assim, as terras astecas podem ser consideradas como comunais, sendo o imperador seu legítimo dono e os de mais apenas usuários dessas. Logo, haviam terras destinadas a plantações, terras destinadas a construção, lazer, festividades, etc. Logo não havia necessariamente uma noção de posse da terra. Os astecas as viam como um bem comum dados pelos deuses e administrado pelo imperador.

"A propriedade e a distribuição da terra era extremamente complexas. Os antigos mexicanos não tinham a ideia romana de propriedade individual. O Tlatoani, ou imperador, podia dispor irrestritamente das terras, doá-las, aliená-las ou concedê-las em usufruto, mas sempre dentro das tradições e dos costumes". (BUSTOS, 2008, p. 22-23 apud SERRANO, 1980, p. 23). 

Logo, após a conquista do império pelas tropas espanholas e indígenas lideradas por Cortés, já que vassalos e inimigos dos astecas se uniram aos espanhóis para derrotarem os astecas, a divisão da terra sofreu algumas diferenças. Se a terra antes era vista como um bem comum, ela passou a se tornar um bem menos comum. Com a conquista do império fora criada a Nova Espanha, a qual era regida pelos Reis Católicos de Espanha, sendo administrada pelos homens ordenados pela Coroa. 

Desde 1513 antes da conquista em si, na época o rei Fernando V já havia expressado regulamentos sobre a divisão das terras. Tais regulamentos foram postos em prática no continente após a derrubada dos astecas.

"Fernando V, em 1513, autorizava os espanhóis a se apropriarem de maneira privada da terra e, de fato, a organização agrária durante a colônia teve diversas modalidades. Os títulos, mais importantes que lhes davam eram: as mercês reais - terras destinadas ao cultivo - conferidas aos conquistadores e colonizadores, a cavalaria, aproximadamente 300 hectares de terras dados aos soldados; a peonía, pequenos terrenos dados aos soldados de infantaria; as suertes, concedidas aos colonos de uma capitulacíon; e as capitulaciones, dadas às pessoas que se comprometiam a colonizar e a fundar um povoado". (BUSTOS, 2008, p. 28).

Nesse caso, o trabalho escravo que existia entre os astecas fora preservado, a divisão em povoado, comunidade; a tributação e a estratificação social permaneceram, e foram posteriormente sendo modificadas de acordo que a economia mudava suas fontes de rendimento.

Cortés e seus comandantes e soldados foram recompensados com a posse de terras, logo tais terras antes pertencentes aos astecas ou a outros povos indígenas foram usurpadas pelos conquistadores, os quais também detinham o direito de escravizar os nativos para que trabalhassem para eles. No início após a conquista não havia regulamentação sobre o tamanho das propriedades, logo os conquistadores as dividiam como bem intendesse, tomando para si bosques, florestas, rios, cavernas, montes, sendo alguns destes considerados como locais sagrados, agora privados aos indígenas, já que passaram a serem obrigados a profetizarem o cristianismo.


Hérnan Cortés (1485-1547)
"Considerando que uma das principais reivindicações da Revolução Mexicana foi a devolução das terras historicamente usurpadas aos camponeses pobres, deve-se destacar que, durante esse período da conquista-colônia, teve início o processo de saque". (BUSTOS, 2008, p. 26).

Embora o império asteca tenha ruído em 1521, pelos séculos seguintes embates entre os indígenas e os espanhóis continuaram. Guerras ceifaram a vida de muitos, porém foram as doenças trazidas do Velho Mundo, como o sarampo, a varíola e o tifo que se transformaram em epidemias que mataram os milhões.

"Alguns autores calculam que, antes da conquista, viviam na América Central aproximadamente 25 milhões de habitantes; outros, mais conservadores, afirmam que havia entre 12 e 15 milhões, nativos; na realidade, não existe unanimidade a respeito. O que se sabe é que, em 1565, a população um século depois sobreviviam apenas 1,5 milhão de indígenas". (BUSTOS, 2008, p. 25 apud ALPEROVICH, 1983, p. 3-11). 

No entanto não fora apenas a Coroa que se apossou das terras, a privatização também chegou a segundos e terceiro e a própria Igreja também delimitou seus domínios. Assim, como ocorreu em outras colônias, fidalgos e ricos comerciantes, começaram a comprar o direito ou terras nas colônias afim de explorar seus recursos, fosse através da agricultura, pecuária, pesca, extrativismo, etc. Ao mesmo tempo, tais compradores, tinham o direito de empregar seus funcionários e de escravizar os nativos ou trazer escravos africanos, já que a escravidão africana fora posteriormente inserida no México. Tal prática ficou conhecida na Nova Espanha (México) de encomienda

"A encomienda foi uma das principais instituições econômicas estabelecidas pelos conquistadores; consistia em outorgar a um espanhol uma determinada quantidade de indígenas para serem cristianizados. Por receber essa instrução, os indígenas deviam trabalhar para o encomendero nas terras de suas comunidades. Teoricamente, as terras que o indígena trabalhava não pertenciam ao colonizador, mas na prática o encomendero espanhol apoderava-se delas e escravizava os indígenas. Somente no decorrer do século 17, a encomienda foi abolida, de forma gradual". (BUSTOS, 2008, p. 30). 


Códice Kingsborough: um encomendero abusa de um índio.  
Embora a Igreja não praticasse propriamente a encomienda, a medida que ela convertia os indígenas para o cristianismo, ela punha eles para trabalhar em suas terras, e ao mesmo tempo quando aldeias ou povoados eram convertidos, posteriormente eram anexados aos domínios da Igreja. Tais domínios cresceram tanto que no início do século XIX, cerca de 60% das terras do México estavam sob o controle da Igreja Católica.

Por fim, somando-se a usurpação das terras, a continuação do trabalho escravo, a catequização dos indígenas, a inserção cultural, já que tiveram que aprender a falar a língua espanhola e a viver sob os costumes europeus, esteve ligado a tais fatos a questão social. 

A classe baixa que compreendia grande parte da população da Nova Espanha era formada pelos mestiços (fossem eles filhos de europeus, africanos e indígenas), indígenas e africanos. Acima deles estavam os criollos (nome dado aos filhos dos espanhóis nascidos em Nova Espanha), e no topo da sociedade estavam os espanhóis em si. Entretanto, também haviam outras castas na sociedade mexicana ao longo do período colonial. O sistema de castas, fora só abolido propriamente no século XX após a revolução. 

Questão trabalhista

Entre os de 1640 e 1740 as minas de ouro e prata da Nova Espanha se esgotaram, isso afetou diretamente a economia da colônia, já que grande parte da renda gerada advinha da exploração mineradora. Ao mesmo tempo, o número de indígenas caiu mais ainda, levando os fazendeiros a aumentarem a exportação de escravos africanos ou adotarem o trabalho livre, aproveitando a mão-de-obra dos mestiços, porém, nesse contexto surgiu a exploração do trabalho. 

A escravidão indígena e africana ainda perdurava, entretanto a encomienda fora abolida paulatinamente durante esse período dando lugar ao trabalho livre em alguns locais, embora que outros a escravidão permanecesse. Nesse caso, o trabalhador livre não recebia seu salário em espécie, mas sim em vales, os quais eram trocados por mantimentos nos armazéns das fazendas e vilas. Em muitos casos os mantimentos eram altamente caros, levando a geração de dívidas, o que condicionava algumas pessoas a se tornarem "escravos por dívida" prática essa que perdurou até o começo do século XX e fora uma das reivindicações defendidas na revolução, abolição de tal prática.

Em caso do chefe de família morresse, a família contraía sua dívida e assim tecnicamente ficava presa a fazenda onde trabalhava até saldar a dívida algo que não poderia acontecer por muitos anos. Não obstante, os trabalhadores do campo e da indústria, trabalhavam mais de 10 horas por dia e recebiam um salário miserável. Embora a Revolução Industrial ainda não tivesse chegado ao México, a vida do operário já era dura. Tanto no campo como na cidade, o trabalhador em algumas profissões, poderia ser castigado fisicamente por capatazes, devido a falhas ou desobediência. Os castigos, ainda permaneceram em prática até o começo da revolução, embora que até lá tentaram proibi-los e abolir a escravidão. 

"A partir do primeiro quartel do século 17, a superexploração dos peões acasillados permitiu á fazenda novo-hispânica cultivar inúmeros produtos, abastecer amplamente a demanda do mercado interno e transformar-se em um setor que obteria grandes lucros. Algo similar aconteceu com a produção manufatureira do algodão e lã". (BUSTOS, 2008, p. 34).

Os acasillados eram os camponeses "presos a terra", nesse caso não devido a uma lei de servidão como no feudalismo, mas sim por causa de dívidas. Não obstante, com a decadência da mineração, a pecuária e a produção têxtil recuperaram as finanças da colônia as quais se encontravam em crise. No final do século XIX, as autoridades estavam interessadas em dois assuntos, promover a industrialização e modernização do México, porém para se fazer isso a colônia teria se libertar da sua metrópole, a Espanha. 

Questão republicana

A Nova Espanha se encontrava em um período instável de sua história em fins do século XVIII, as finanças não estavam tão boas assim para muitos, a pobreza era grande, o atraso tecnológico e educacional eram grandes. Ao mesmo tempo, desavenças entre o governo local com as medidas econômicas, legais, sociais, etc., levaram grupos revolucionários a tentarem promover a independência, nesse caso em setembro de 1810 o padre e general Miguel Hidalgo (1753-1811) promoveu uma revolta onde cogitava a independência do México. Sua iniciativa ganhou adeptos e inimigos, gerando uma guerra civil que durou 11 anos, até que o México em 1821 fora reconhecido como nação independente da Espanha.


Miguel Hidalgo, conhecido como o "Pai do México"
Embora, Hidalgo não tenha vivido mais tempo para ver o caminhar de sua revolução, ainda em 1810 ele expediu um decreto, onde cogitava abolir a escravidão, o trabalho por dívida e a devolução das terras indígenas. Porém isso não fora levado a frente.

"A independência do México foi muito mais uma revolução política que econômica e social, já que, no fundo, a verdadeira disputa pelo poder deu-se entre as facções dominantes (criollos e peninsulares)". (BUSTOS, 2008, p. 37).

Os líderes que encabeçaram a guerra pela independência advinham das elites e da classe média. Hidalgo fora um padre e general de uma família tradicional mexicana, embora defendesse os direitos dos pobres. 

Após o México se tornar independente em 1821 os anos seguintes, foram anos conturbados para a história da jovem república, onde o governo do país fora disputado pelos liberais, conservadores, republicanos federalistas e monarquistas. Os liberais queriam assegurar a independência de Espanha e promover o liberalismo pelo país; já os conservadores queriam retornarem a condição de colônia, embora tal opção depois fora descartada. Já os monarquistas queriam tornar o México uma monarquia parlamentarista, ou o mais próximo disso. 

Ao mesmo tempo, o México também vivenciou revoltas internas, devido a grande miséria em certas regiões que levaram ao confrontamento do povo contra o governo e nas décadas de 40 e 50 o país perdeu territórios para os Estados Unidos, embora tenha conquistados alguns pela América Central.


Mapa mostrando os território do México no século XIX, e os territórios perdidos e conquistados.
"Desde a independência, que começou em 1810, até a tomada definitiva do poder pelos liberais, em 1876, o México atravessou um período de profundas e ferrenhas lutas internas entre os grupos sociais dominantes; os pobres a aproveitaram a conjuntura para fazer-se escutar, sublevando-se em defesa de seus interesses. Para se ter uma ideia, somente nos 30 primeiros anos de vida independente do país, houve mais de 48 governos diferentes. Essa situação trouxe consigo um longo período de anarquia política, crise econômica, paralisia comercial, pobreza, enfermidades e violentos enfrentamentos, como a Guerra das Castas, entre os maias e os mexicanos, no Yucatán, ou os levantes armados dos pobres no campo, contra os fazendeiros". (BUSTOS, 2008, p. 39). 

Em 1824 fora criada a Constituição Mexicana, oficializando o México como nação independente e como uma república representativa, popular e federalista. Entretanto, uma das questões que se encontram nessa primeira constituição diz respeito ao direito ao voto, nesse caso apenas os cidadãos que possuíssem propriedades e rendas em determinada quantidade, tinham o direito de voto, logo grande parte da população era pobre naquela época e não possuía tais rendas, ficava a parte da política da nação. 

Em 1854 na chamada Revolução de Ayutla cogitava a derrubada do então ditador o general Santa Anna (1794-1876), o qual veio a ser derrubado do poder no ano seguinte. Santa Anna fugiu para o exílio, e o governo fora tomado pelos liberais que deram inicio ao que ficou conhecido como A Reforma, a qual levou a criação de uma nova constituição em 1857. 

As da reforma liberal promovidas principalmente por Benito Juárez, Miguel Lerdo de Tejada e José María Iglesias, procuraram mudar em vários aspectos o Estado mexicano. Os três pretendiam diminuir o poder e as regalias que a Igreja e o Exército possuíam, remanejar questões administrativas, promover a industrialização e o desenvolvimento do país, o tornando uma nação capitalista liberal, realizar uma reforma agrária, onde seria doada terras aos pequenos proprietários, algo que chegou até a caminhar, mas o problema era que os pequenos proprietários ganharam suas terras, mas não possuíam recursos para desenvolvê-las, o que acabou os obrigando a vendê-las para os latifundiários. Pelo fato de Juárez ser de origem indígena procurou lutar pelos direitos dos indígenas também. 


Benito Juárez, advogado, político e presidente do México. De origem indígena defendeu as causas dos povos indígenas e tentou assegurar um desenvolvimento para a nação mexicana e seu povo.
Pelo fato das leis reformistas terem atacado os interesses dos clérigos, dos militares e dos latifundiários, os conservadores usaram tais questões como forma de ganhar o apoio desses, na tentativa de realizar um contra-golpe, e tal iniciativa veio com o Plano de Tacubaya que levou os conservadores a realizarem um golpe de Estado em 1857, logo após a publicação da nova constituição. Os conservadores iniciaram um movimento armado, que levou a convocação de um Congresso Constituinte para assumir a presidência da república. Assim, o então presidente liberal moderado Comonfort fora obrigado a abandonar o cargo e a partir em exílio, porém sagazmente, Comonfort, libertou seu partidário Benito Juárez o mesmo das "leis reformistas" o qual estava preso, e pela constituição, Benito o qual era o presidente da Suprema Corte de Justiça, detinha o direito de assumir a presidência do país. Juárez assumiu a presidência, entretanto os conservadores repudiando tal ato, declararam guerra a ele, e uma guerra civil tomou o país novamente. De 1858 a 1861 o país se viu no meio de uma nova guerra civil que pôs abaixo os planos de modernização e desenvolvimento da nação.

"Derrotados os conservadores em 1861, Juárez assumiu a presidência. Como o país estava em bancarrota, o governo liberal declarou a suspensão por dois anos da dívida externa, o que serviu de pretexto ao governo francês de Napoleão III para invadir o país, aliar-se aos conservadores mexicanos e impor uma monarquia, em 1864, encabeçada pelo arquiduque austríaco Maximiliano de Habsburgo". (BUSTOS, 2008, p. 45).

Napoleão III (1808-1873) aproveitou a justificativa do México não pagar as dívidas, já que a França era um dos seus principais credores, e decidiu intervir no país. Ao invés de declarar guerra aos mexicanos ele decidiu seguir um caminho menos bélico e violento. Apoiando os conservadores, eles conseguiram derrubar Benito Juárez do poder, o qual para evitar ser morto, fugiu para o exílio, se estabelecendo no norte do país, no entanto fora lá que ele começou a planejar uma contra-ataque. 

O imperador francês fez que o seu "fantoche" o arquiduque Maximiliano fosse "eleito" como novo líder do país. Em uma eleição fraudada e ilícita, fora decretado que o México deixava de ser uma república e passava a ser um império regido pelo novo imperador Maximiliano I do México (1832-1867).


Maximiliano I, imperador do México de 1864 a 1867.
O governo de Maximiliano ficou conhecido como o Segundo Império, tendo durado menos de três anos, porém mesmo sendo manipulado por interesses externos, o imperador aprovou as reformas liberais e tentou promover o desenvolvimento do país. 

O imperador despachou decretos para se construir estradas, ferrovias, bancos; aboliu os castigos físicos, estabeleceu a carga horária diária de 10 horas, a devolução das terras indígenas, a suspensão de dívidas acima de 10 pesos, etc. Embora o imperador tivesse boas ideias para a nação, no norte do país, Juárez encabeçava uma revolta para depor o usurpador estrangeiro. 

Em 1865, a Guerra Civil Americana chegou ao fim, no ano seguinte os americanos voltaram a dá atenção aos planos da Doutrina Monroe, nesse caso, eles nada satisfeitos em saber que os franceses estavam de posse do México. Os Estados Unidos há vários anos vinham negociando com os mexicanos afim de expressar ajuda financeira, nesse caso, eles decidiram apoiar Juárez em sua tentativa de recuperar o governo. 

"El año de 1866 vió crecer la revolución por el Norte. Era a contraintervención invencible que encabezaba Juárez, municionado, aleccionado, por los Estados Unidos". (VASCONCELOS, 1938, p. 465).

Para piorar a situação dos franceses, a Prússia entrou em guerra contra a França, obrigando Napoleão III a desistir do México e combater os prussianos, assim os mexicanos que apoiavam Juárez, com o apoio dos americanos em 1867 derrubaram o imperador Maximiliano e seus partidários, que incluíam os  generais, Miramón Márquez e Mejía. Maximiliano e vários outros de seus partidários foram fuzilados ainda no mesmo ano e Juárez triunfalmente fora reposto na presidência onde permaneceu nesta pelos anos seguintes.

O Porfiriato

Com o apoio americano, os liberais que estavam de volta ao poder pouco a pouco conseguiram derrotar os aliados dos franceses que ainda se mantinham no país. Em 1871, nas eleições presidenciais, Benito Juárez candidatou-se para ser reeleito, nessa época o general José de la Cruz Porfírio Díaz Mory (1838-1915), na época bem renomado e prestigiado no meio militar, devido as campanhas que fez contra a ditadura do general Santa Anna, e as lutas que travou contra o domínio francês durante o Segundo Império, promoveu um ato de revolta na capital contra a reeleição do presidente Benito Juárez. Porfírio defendia o fim das reeleições para presidência, no entanto sua manifestação não surtiu tanto efeito e Juárez reelegeu-se com a maioria dos votos.


General Porfírio Díaz, presidente e ditador do México de 1876 a 1911.
No entanto, embora Benito Juárez tenha conseguido se reeleger, acabou adoecendo e veio a falecer em 1872. Como não havia o cargo de vice-presidente, o responsável para assumir nesse caso era o presidente da Suprema Corte de Justiça, nesse caso, Sebástian Lerdo de Tejeda (1823-1889), amigo de longa data de Juárez, assumiu a presidência. Lerdo para legitimar o cargo, realizou eleições no mesmo ano e venceu de forma democrática.


Sebástian Lerdo de Tejeda, presidente do México de 1872 a 1876.
Lerdo diferente de Juárez que era um liberal moderado, era um liberal mais radical, durante o seu governo de quatro anos promoveu várias ações na tentativa de modernizar o país, como a construção de estradas de ferro, portos, bancos, indústrias; restabeleceu o Senado para contrabalançar a autonomia da Câmara dos Deputados; centralizou o poder Executivo nas mãos do presidente, etc. 

Embora tenha realizado boas ações, Lerdo também promoveu o descontentamento com suas ações. Atingiu os direitos da Igreja e dos militares, combateu duramente as greves dos mineradores e dos operários da indústria têxtil; perseguiu os indígenas que se recusavam a aceitar o programa de desenvolvimento gerenciado pelo governo, nesse caso os yaquis foram os que mais se rebelaram contra essas medidas, tendo suas terras confiscadas pelo governo. 

Em 1876, Lerdo iniciou sua campanha para reeleição, e novamente o general Porfírio voltou a erguer sua bandeira de "não a reeleição", mas dessa vez o general decidido a derrubar os liberais do poder, promoveu um golpe de Estado e depôs Lerdo.

"Lerdo fugiu para os Estados Unidos, Díaz assumiu a presidência, governando o país durante 31 anos - dos 35 que vão de 1876 a 1911 - como um verdadeiro imperador, estabelecendo uma férrea ditadura repressiva e centralizadora - conhecida como porfiriato - provocando uma série de danos ao povo, o descontentamento de uma facção democrático-burguesa do Partido Liberal e inúmeros protestos que culminaram na Revolução Mexicana". (BUSTOS, 2008, p. 47). 

Fora durante os anos de governo opressor e corrupto de Porfírio Díaz que de fato, o México se tornou uma nação capitalista e industrial. Ao longo de 1880 a 1908, nesse período de 28 anos, houve um maciço investimento de capital estrangeiro para o desenvolvimento agrícola e industrial do país, embora que questões ligadas a saúde, educação, cultura, cidadania, ficaram renegadas para patamares menores. Díaz priorizou a centralização do poder em suas mãos, de forma que manipulou as eleições, fato esse que em 1880, ele deixou a presidência sem tentar se reeleger, entretanto apoiou a eleição de Manuel Gonzalez, o qual na realidade era mais um "fantoche" nas mãos de Díaz de que líder autônomo. De qualquer forma, tendo passado o período de quatro anos do governo de Gonzalez, Díaz se elegeu novamente e venceu as eleições daí em diante manipulou todas as eleições, permanecendo no poder até 1911.

Nesses 35 anos que governou, nomeava descaradamente todos os membros de seu gabinete e governo, nomeando desde senadores a deputados, assim ele assegurava a obediência ao seu regime do nível nacional ao municipal, e se qualquer um desses nomeados não cumprisse com suas obrigações era destituído e imediatamente substituído, e se abrisse a boca, era eliminado. Porfirio criou uma censura bem acirrada, quebrando o direito de liberdade da imprensa, proibindo greves e qualquer manifestação. Em certo momentos a perseguição a oposição fora tão violenta, que as pessoas se referiam aqueles dias como a "paz cemitério" (la paz cementerio), devido a execução dos rebeldes e opositores.

Independente das medidas que ele tomava para assegurar sua autoridade, nações estrangeiras como Inglaterra, França, Holanda, mas principalmente os Estados Unidos estavam interessados em investir capital no México o qual se apresentava como um terreno promissor. Havia grande abundância de mão-de-obra ociosa e o salário era baixíssimo.

Por volta de 1876 a população mexicana era de cerca de 8 milhões de pessoas, sendo que pelo menos 6 milhões não tinham emprego fixo, devido ao alto nível de desemprego, porém essa realidade mudou nos anos seguintes, graças ao investimento estrangeiro, estradas de ferro se multiplicaram, indústrias surgiram aos montes, cidades cresceram, portos e bancos surgiram, latifúndios se espalharam, tudo isso aumentou a produção do país, em grande parte voltada para a exportação.

"Em 1885 haviam sido construídos 5.852 quilômetros de linhas férreas; em 1893, 10 mil; em 1903, 16 mil, e, às vésperas da revolução, havia 19.280 quilômetros construídos. Os principais capitais investidos foram provenientes dos Estados Unidos, e em menor quantidade, da Inglaterra e de outros países europeus. Em algumas cidades, a ruas bem iluminadas eram percorridas por bondes elétricos e automóveis. Ao mesmo tempo, Porfírio Díaz estava satisfeito de poder controlar o país de maneira prática e rápida por meio de uma extensa rede ferroviária, telegráfica e telefônica". (BUSTOS, 2008, p. 53).

Enquanto o México crescia economicamente e se modernizava a aurora do século XX, tudo isso deu-se graças a uma intensa exploração do povo mexicano. Os auspícios da modernidade, hospitais, escolas, luz elétrica, automóveis, universidades, saneamento, isso se encontrava nas cidades, onde habitavam apenas 20% da população do país. Os outros 80% era formado pela população rural que vivia essencialmente em grande miséria, salvo os ricos fazendeiros e a classe média rural, os quais compreendiam uma porcentagem ínfima desse contingente. 

Em 1910 a população era de 15 milhões, sendo que 80% ainda viviam no campo. Na tentativa de ampliar a produção agrária, especialmente de milho, feijão, arroz, café, pita (espécie de agave) e grão-de-bico, e a própria pecuária, o presidente decretou que terras em descanso ou que não estavam sendo utilizada para a agricultura e pecuária poderiam ser ocupadas para determinados fins, logo, terras indígenas foram novamente usurpadas, e os pequenos produtores, afim de evitarem serem totalmente expulsos ou mortos, arrendavam suas terras e serviços aos latifundiários, se tornando "homens presos" a esses. Os indígenas se rebelaram em todo o país, mas Díaz em respostas os atacou, os matou ou escravizou.

Embora a escravidão tenha sido abolida, a escravidão indígena ainda continuou a existir nesse período, os indígenas eram capturados e levados para trabalharem nos latifúndios ou em indústrias.

"Muitos yaquis foram assassinados ou vendidos como escravos em Yucatán; os fazendeiros disputavam entre si a compra desses indígenas, já que eram altos, fortes, trabalhadores e muito resistentes para as tarefas tão duras realizadas nas fazendas". (BUSTOS, 2008, p. 58).

Em 1908, Díaz decretou que homens, mulheres e crianças yaquis e de outros povos indígenas poderiam serem legalmente aprisionadas e vendidas nas fazendas em Yucatán. 

O trabalho era degradante, trabalhavam de sol a sol, tinham uma refeição frugal, as vezes só comiam duas vezes por dia; moravam em alojamentos pequenos e insalubres; não tinha direitos trabalhistas, nem segurança no trabalho; trabalhavam seis dias por semana e descalços; em caso de não cumprisse a cota de produção por dia, eram açoitados, por terem sido preguiçosos.

"À noite, quando estes peões maltrapilhos chegavam exaustos ás suas choças, comiam somente duas tortilhas com uma porção de feijão ou de arroz, e novamente iam dormir, sujos, amontoados no chão de terra, misturados com sua mulher e filhos". (BUSTOS, 2008, p. 59).

Porém não eram apenas os indígenas que viviam tal degradante vida laboral, mineradores, peões e operários do restante da população vivenciavam condições de trabalho e vida similares. Os trabalhadores do Vale Nacional ou Vale da Morte como era conhecido, viviam praticamente como escravos e eram tratados como animais.

"No entanto, os camponeses e indígenas que ainda tinham forças resistiam aos embates e à repressão dos fazendeiros e do governo. Assim como a jovem classe operária mexicana, lutaram e sonharam que algum dia poderiam viver em uma sociedade mais justa e livre". (BUSTOS, 2008, p. 61).

Embora fazer greve fosse proibido, o direito de se formar sindicatos não era, assim a partir de 1900 várias greves começaram a surgir pelo país, encabeçadas por sindicatos operários, rurais, comerciais, etc., obviamente o governo revidou com força, mesmo assim o povo estava determinado de não desistir dessa luta. 


Operários durante a greve na fábrica Río Blanco em 1907.
"Os 7 mil trabalhadores de Río Blanco, Estado de Veracruz, eram brutalmente explorados; trabalhavam 13 horas diárias, seis e, às vezes, sete dias por semana, ganhavam entre 50 e 70 centavos por dia, enquanto as crianças de sete e oito anos de idade ganhavam entre 20 e 50 centavos; e todos recebiam o equivalente em vales, que eram trocados no armazém da fábrica pelos alimentos básicos, como de costume, eram vendidos a preços elevados. Do exíguo salário, o patrão descontava ainda dois pesos semanais, como pagamento do aluguel de um quartinho de chão de terra batida, onde os operários viviam amontoados com suas famílias". (BUSTOS, 2008, p. 67). 

A greve em Río Blanco, em Veracruz, ele n leu isso mobilizou mais de sete mil operários, além de partidários da causa, se amontoaram diante da fábrica em protestos por melhorias no trabalho e por direitos trabalhistas. Os operários tentaram incendiar a fábrica, confrontaram a polícia e até mesmo libertaram os que foram presos. O levante acabou servindo de exemplo e se espalhou pelas cidades vizinhas, embora que pelo menos mais de mil operários e outros envolvidos tenham sido mortos durante a revolta. 

"No início do século 20, já se visualizava uma importante crise do porfiriato. Em 1907 e 1908 a mineração sofrera um rude golpe devido à crise mundial, que provocou a queda dos preços do cobre e de outros metais preciosos, assim como dos principais produtos agrícolas, como a pita e o café (GILLY, 1994, p. 79). Além disso, em 1908 e 1909, uma seca acabou com a produção de milho, e foi preciso importar esse produto, básico para a alimentação do mexicano, o que incrementou seu custo e seu preço de venda. Essa situação tão desfavorável provocou fome entre os mais pobres". (BUSTOS, 2008, p. 63).

"Y, en resumen, al final de un siglo de Independencia, México había dejado de ser la primeira potencia del Nuevo Mundo, como lo fuera en los siglos diecisiete y dieciocho, para caer al tercer o cuarto lugar, después de los Estados Unidos, el Brasil y la Argentina". (VASCONCELOS, 1938, p. 514). 

O aumento das greves e dos protestos dos trabalhadores, a seca, a fome, a qual forçou alguns partirem para o banditismo, a rebeldia contra a opressão da censura militar, a falta de ajuda do governo, a tendência anarquista que o Partido Liberal se dirigia sob a presidência dos irmãos Flores Mágon, unidos a outros problemas sociais e econômicos se converteram no pavio que desencadeou a revolução em 1910. Antes de 1910 chegar, camponeses por todo o país já haviam pegado em armas e travam guerra locais contra o Estado opressor.

"Y así, bajo el gobierno de Porfírio Díaz(Pedofilo), toda una nacíon de dieciséis millones de habitantes fué despojada de sus tierras, de sus aguas, de su petróleo, de sus minas, de su porvenir". (VASCONCELOS, 1938, p. 503). 


A REVOLUÇÃO

A Revolução Mexicana deve ser entendida e vista não como uma revolução homogênea, mas sim uma revolução feita de várias questões e lutas, revoltas promovidas por todo o país, onde se via a burguesia, o campesinato, o operariado, os ruralistas, militares, indígenas, bandoleiros, etc., todos reunidos lutando por causas próprias ou comuns que levaram a alianças entre si ou a confrontamentos. 

"Portanto, o processo que conhecemos comumente como Revolução Mexicana, assim como qualquer revolução, não foi um acontecimento homogêneo em seus princípios, nem teve um programa único com o qual se identificassem todos os grupos sociais envolvidos. Ao contrário, cada setor social tinha seus próprios interesses e, por conseguinte, prioridades e objetivos programáticos distintos, que em determinado momento convergiriam, mas que também iriam se contrapor". (MEDINA, 2008, p. 76). 

Devido a essa homogeneidade de movimentos dentro do período da revolução que vai de 1910 a 1920, embora alguns historiadores apontem o fim da revolução em 1917, quando fora proclamada a nova constituição, realizarei minha dissertação, focando em determinadas personagens que englobaram vários aspectos das lutas que transcorreram pelo país. Tendo Villa no norte, liderando um exército de bandoleiros, o movimento zapatista no sul, os movimentos encabeçados por Madero, Obregón, Carranza, Huerta entre outros.

O Plano de San Luis de Potosí (1910-1911)

No ano de 1910 ocorreram as eleições presidenciais e novamente Porfírio Díaz se candidatou para reeleger-se. Embora governasse a mais de trinta anos como ditador, Díaz não aboliu o sistema de sufrágio, embora que pudesse se reeleger indefinidamente e sempre vencia as fraudulentas eleições, isso não apenas na esfera presidencial mas em todas as de mais, já que Díaz as manipulava para por seus escolhidos no cargo. Curiosamente, em 1908, Díaz disse que não iria se reeleger em 1910 já que estava cansado e era hora de largar o poder. 

"Em fevereiro de 1908 Díaz concedera uma entrevista a um correspondente especial americano muito conhecido, James Creelman, que fora enviado para o México pela popular revista mensal americana Pearson's Magazine. Nessa, entrevista, Díaz afirmou a Creelman que abandonaria definitivamente o cargo quando o seu prazo expirasse, em 1910, e que não voltaria exercê-lo nem que os seus amigos lho suplicassem". (WOMACK JR, 1988, p. 18-19).

Além de dizer que iria encerrar sua carreira política, Díaz também apoiava a formação de um partido rival que fosse forte o suficiente para vencer as eleições e dá um novo caráter ao país. Ma isso, não transcorreu bem assim.


Francisco Madero
De qualquer forma, no ano de 1910 o principal adversário do ditador era o rico fazendeiro e político Francisco Ignacio Madero (1873-1913), o qual em 1903 havia criado o Partido Nacional Antirreeleicionista, na tentativa de combater a ditadura de Díaz. Fora por esse partido, que Madero se lançou a candidatura a presidência, e consigo ele trazia todo uma defesa embasada contra os males gerados pelo governo ditatorial de Díaz. Madero aproveitou o descontentamento do povo, o apoio da burguesia as suas ideias, o problema econômico, a corrupção, as eleições fraudulentas, a revoltas no campo e na indústria, etc., como armas para atacar o então presidente do país, o qual curiosamente no passado lutou contra Benito Juárez pela reeleição deste, mas desde então reelegia-se descaradamente durante essas três décadas. 

"De fato, nas eleições de 1910, diante da forte candidatura de Madero, a única possibilidade de reeleger-se para o já desgastado - em todos os sentidos: política, social, física e mentalmente - Porfírio Díaz era a fraude eleitoral. E assim foi, o poder recorreu á fraude, o que desencadeou a ira das grandes massas, acontecimento que seria a gota que faria a água transbordar, conjuntura que desencadearia e marcaria posteriormente, de maneira formal, o início da Revolução Mexicana". (MEDINA, 2008, p. 77).

Madero ficou detido na cidade de Potosí pelas forças que apoiavam Díaz. Lá ficou sabendo do resultado das eleições, Díaz havia sido reeleito com a maioria dos votos, sendo assim Madero não desistiu da luta e decidiu partir para o confronto direto. Em 5 de outubro ele oficializou o Plano de San Luis de Potosí, no qual convidada toda a população a pegar em armas no dia 20 de novembro a partir das seis horas da tarde, na tentativa de derrubar o então ditador. 

Ameaçado de morte pelo presidente, Madero conseguiu fugir de seu cárcere em Potosí e se abrigou nos Estados Unidos. Quando chegou o dia 20 de novembro, parte da população pegou em armas e iniciaram pequenos levantes por todo o país, os quais foram duramente reprimidos pela policia e pelo exército. O movimento não surtiu o efeito esperado para o momento, mas fora o marco para que outras revoltas começassem no ano seguinte. Hoje, o dia 20 de novembro de 1910 é considerado o dia de início da Revolução Mexicana. 

Embora não tenha trazido mudanças no momento, no ano seguinte era evidente que a revolução já havia se desencadeado. No Norte do país, Villa reunia um exército de camponeses para lutar contra o opressivo governo. No Sul, Zapata e seu irmão, passaram a defender a causa agrária e operária, conseguindo vários adeptos para o movimento que cresceria nos anos seguintes.

No entanto, embora Madero lutasse contra a ditadura de Díaz e quisesse retirá-lo do poder, diferente dos outros líderes, Madero visava os interesses da burguesia, a qual via seu crescimento barrado pela crise que o país passava nesses últimos anos. Madero, por ser um homem rico e prestigiado entre a burguesia rural, contava com esse apoio para se promover a presidência e como forma retribuir essa ajuda. 

Assim em 25 de maio de 1911, sendo cada vez mais ameaçado pela crescente revolução, Porfírio Díaz renunciou oficialmente a presidência e se retirou do país partindo em exílio para a França onde permaneceria até o fim da vida, em 1915. Para alguns historiadores, Díaz "lavou as mãos" para o México, deixando o país em meio a problemas financeiros, sociais, políticos; em meio a uma revolução que se deflagrava de forma violenta, já que como já fora citado, nem todos os líderes e movimentos tinham ideias comuns. 

Em seu lugar assumiu em tempo interino o político e diplomata Francisco León de la Barra (1863-1939). La Barra convocou eleições urgentes para aquele ano, nesse caso, Madero era o principal candidato a presidência e de fato a venceu. No entanto, a candidatura para vice-presidente fora um pouco complicada, devido há alguns nomes serem ligados ao governo de Porfírio, mas no final, em 6 de novembro Madero assumiu a presidência. 

El Caudillo del Sur

Emiliano Zapata Salazar (1879-1919) nasceu em San Miguel Anenecuilco, no estado de Morelos no sul do país. Os Zapata eram uma família de rancheros (pequenos pecuaristas), no entanto, Emiliano e seu irmão Eufemio Zapata Salazar (1873-1917) chegaram a cursar o ensino básico e eram letrados, isso ajudou posteriormente na organização da revolução que participariam. No entanto, desde cedo, os dois Zapata já se viam envolvidos em questões agrárias e políticas.


Os irmãos Zapata, Eufemio e Emiliano.
"A família Zapata era uma família de rancheros, ligada a antigas lutas travadas contra o partido conservador que existia no México do século 19 e seus aliados estrangeiros: os franceses. Um tio-avô de Emiliano lutara junto a José Maria Morelos y Pavón na guerra de independência. Seu pai e avô tinham lutado junto a Díaz contra os franceses - antes que Díaz fosse presidente - e tinham uma longa tradição de defesa da comunidade contra a incursão de bandidos". (MEDINA, 2008, p. 91).

Eufemio se mudou para Veracruz onde viveu alguns anos, só vindo a retornar em 1911, no entanto nesse período Emiliano viveu já entre o cenário político de Morelos. O pequeno estado de Morelos, era um dos principais produtores de açúcar do país, legado advindo ainda do período colonial. Além do cultivo da cana-de-açúcar a região também produzia arroz, cachaça e rum, porém necessitava da importação de vários outros produtos, como feijão e milho, essenciais para a alimentação básica da população. Era densamente povoada devido ao clima temperado e favorável a agricultura, o que levou os espanhóis a ocuparem a região. No entanto, grande parte da população de Morelos é mestiça, na época havia uma grande quantidade de indígenas e descendentes de negros. Nesse caso, a questão agrária envolvendo as terras indígenas era marcante nesse estado, e fora um dos fatores para que uma revolução se desencadeá-se por ali. 


Localização do estado de Morelos no México, berço do zapatismo.
"O Estado de Morelos chegara a ser, no período final do porfiriato, a terceira região açucareira do mundo. Haviam sido desenvolvidos engenhos inovadores para processar a cana, utilizando-se de modernas trações a vapor. A ampliação das terras para o cultivo foi realizada pelos fazendeiros à custa das comunidades, os povoados". (MEDINA, 2008, p. 89 apud GILLY, 1994, p. 87).

Os povoados ou comunidades (pueblos) eram formados por camponeses mestiços ou indígenas, nesse caso, em alguns dessas comunidades a terra era repartida de forma comunal, diferente da legislação do Estado. Entretanto, tais fatores representavam um obstáculo para a economia latifundiária e capitalista, que via o mau uso dessas terras por esses pequenos agricultores, assim ao longo da ditadura de Porfírio, os governadores de Morelos, apoiaram de forma indiscriminada a usurpação e ocupação dessas terras, apoiando os fazendeiros, logo, os camponeses que perdiam suas terras, se viam obrigados a trabalharem para os fazendeiros ou migrarem para as cidades, se tornando operários.

Nesse contexto, Zapata que pertencia ao meio rural pobre, passou a participar das reuniões dos sindicatos ruralistas defendendo os direitos a terra dos rurais (como era chamado os camponeses). Entre 1908 e 1910, Zapata entre outros membros levaram ao prefeito, governador e até o presidente reclamações e reivindicações, de fato havia alguns políticos honestos que presavam essa causa, mas devido a corrupção política e judicial, as causas eram sempre perdidas ou engavetadas. Em 1910, Zapata viajou para a Cidade do México onde trabalhou algum tempo a serviço do general De la Torre y Mier, embora fosse um trabalho de baixo status (trabalhar nos estábulos), Zapata tinha esperança na época de ingressar de vez no exército para poder ajudar na causa rural, mas isso não veio acontecer. Desolado, retornou para casa no mesmo ano, descobriu que as terras cultiváveis de Anenecuilco, haviam sido ocupadas pelos moradores de Villa de Ayala por ordem do prefeito de Hospital. Indignado junto aos de mais, Zapata que já possuía respeito e prestígio na região, reuniu cerca de 80 homens armados e expulsou os villanos (como se chamavam os habitantes de Villa de Ayala), a expulsão transcorreu de forma pacífica, e Zapata dissera que aquelas terras pertenciam ao povo de Anenecuilco. Com a expulsão dos villanos, Zapata dividiu as terras ocupadas entre o povo, tal fato repercutiu em todo o estado, Emiliano Zapata estava decidido em partir para a batalha e não mais esperar por um governo corrupto. 

Zapata começou a convocar os camponeses, operários e qualquer um que se sentia indignado pela corrupção do governo e quisesse defender a causa agrária, assim esses homens formaram o chamado Exército Libertador do Sul (Ejército Libertador del Sur), e começaram a agir até o final da revolução, como grupos de guerrilhas e participando de pequenos combates pelo sul do país. Zapata fora nomeado general-chefe do ELS, e ganhou posteriormente o epiteto de "o chefe do Sul" (el caudillo del Sur).


O Exército Libertador do Sul, liderado por Emiliano Zapata.
"Embora a atividade do Exército Libertador do Sul tenha se estendido por vários Estados do Sudeste mexicano, seus líderes nunca buscaram - se quisessem podido fazê-lo - estabelecer centros de poder e de tomada de decisões. Em geral tomavam um lugar, permaneciam um tempo ali, faziam a divisão das terras e depois seguiam adiante. Ou então, o que era mais comum, recuavam para seus territórios de origem, desenvolvendo uma genuína guerra de guerrilhas: fustigando o exército em pequenos contingentes e incondicional apoio da população". (MEDINA, 2008, p. 92).

El Centauro del Norte

José Doroteo Arango Arámbula (1878-1923), conhecido também como Francisco Villa e Pancho Villa, nasceu no estado de Durango no norte do país, tendo sido filho de rancheros, trabalhou na roça até os 16 anos, quando devido a um crime que cometera teve que fugir. Segundo as fontes da época, Doroteo matou um homem que havia tentado estuprar uma de suas irmãs, as versões variam de acordo com historiadores da época, mas devido a esse assassinato, Doroteo para não ser preso ou morto, acabou fugindo para as montanhas, lá ele mudou de nome, passando a se chamar Francisco Villa, depois Pancho Villa, passou a atuar como um bandoleiro, se unindo a grupos de ladrões do estado de Durango. Villa também chegou a contrabandear gado para os Estados Unidos. 


Pancho Villa em 1918
Mas de um fora-da-lei, Villa se tornaria um líder do movimento revolucionário no Norte, criando a chamada Divisão do Norte (División del Norte). Um exército revolucionário formado por camponeses, rancheros, bandoleiros, soldados rasos, e outras pessoas que aderiram ao movimento. 
Pancho Villa e os Dorados, membros da Divisão do Norte. 
"Se no Sul do país foram as comunidades, os povos com uma longa história de grupo, que tomaram em suas mãos a responsabilidade de fazer a revolução - com todos os seus acertos e limitações -, no Norte não existiam, em 1910, conjuntos humanos arraigados à terra, com costumes e tradições que os identificassem como um todo dos mais ou menos homogêneo através do tempo - com exceção dos indígenas yaquis, dos mayos e outros grupos menores, que eram, foram e continuam sendo minorias marginalizadas no México. O Norte foi inicialmente povoado por colônias de imigrantes, estimulados pelo próprio governo para ocupar essas extensas porções de terra, em sua maioria inabitadas". (MEDINA, 2008, p. 99).

O Norte do México, formado pelos estados de Sonora, Chihuahua, Durango, Coahuila, Baja Califórnia, etc. Representam territórios amplos em relação aos de mais estados, porém parte desses territórios são de clima semiárido, ou se encontram em meio a desertos, logo, o povo dessa região não desenvolveu um apego a terra como visto no sul, já que no início viviam do pastoril, e chegavam a serem seminômades, mudando de acordo com as estações em busca de pasto. Não obstante, antes de 1848, os domínios do México compreendiam os atuais estados americanos do Texas, Novo México, Arizona e Califórnia, tais estados possuem regiões desérticas, planícies áridas, mas em alguns locais pastos verdejantes. 


O estado de Durango no México, berço da Divisão do Norte.
Depois que os mexicanos perderam esses territórios, mesmo assim os americanos continuaram a manter relações pelas fronteiras, chegando grupos a morar no México e vice-versa. Mas, embora não houvesse esse apego a terra como no sul,  os camponeses e rancheros do Norte também era profundamente explorados pelos fazendeiros e outros senhores, Villa era um desses camponeses pobres, que sentiam a opressão do Estado porfirista e vivenciavam a marginalidade daquele lugar, assim acabou em 1910 ingressando na revolução no intuito de derrubar o poder de Porfírio e organizar um novo governo para a nação. Dessa forma, Villa se tornou aliado dos maderistas, e ao mesmo tempo punha em jogo seu ego.

"Um dos aspectos fundamentais do caráter de Villa, que o diferenciava diametralmente de Zapata, era sua grande vaidade, seu afã de se sobressair e de ser famoso, e seu orgulho. Villa era capaz de mostrar, ao mesmo tempo, uma grande ternura e condescendência, e uma brutalidade sem par". (MEDINA, 2008, p. 101). 

Villa matou muitos homens, roubou outros, sequestrou e pilhou ao longo da vida como ladrão e revolucionário. Era descrito como um homem de caráter forte, hábil cavaleiro e atirador, tais características lhe renderam o epíteto de "o centauro do Norte". 

"Villa queria regressar ao mundo simples, rude e estimulante dos acampamentos de soldados e trabalhadores que chegaram ao Norte do México no século 19, durante o processo de colonização. Aspirava fundar e recriar uma república de colônias militares habitadas por veteranos da revolução; nessas colônias os homens trabalhariam três dias por semana e em outros três dias dariam treinamento militar e também ensinariam o povo a lutar". (MEDINA, 2008, p. 103). 

O Plano de Ayala (1911-1918)


Em 1910, Francisco Madero na tentativa de se aproximar da revolta encabeçada por Zapata entre outros, enviou o político Plabo Torres Burgos, como representante oficial do Partido Nacional Antirreeleicionista e do maderismo (nome dado a política empregada por Madero) no estado de Morelos. Torres Burgos se juntou a Zapata, Rafael Merina, Otílio Montaño entre outros para tratar do apoio de Madero a causa agrária em Morelos e vice-versa, onde os zapatistas como ficariam conhecidos, apoiariam a campanha de Madero para derrubar Díaz. 

"O líder nominal era Torres Burgos. Como se dizia no campo, , sabia expor um caso ao jefe político. Mas o verdadeiro chefe era Zapata, presidente da comissão conjunta de defesa de Anenecuilco, Villa de Ayala e Moyotopec, então autoridade efectiva da região Sul do distrito de Cuatla. Era dele que o grupo dependia sempre que se otrnava necessário tomar decisões". (WOMACK JR, 1988, p. 69).

Zapata tinha grande confiança em Torres Burgos, os qual de fato era o melhor orador de todos, juntos os dois e outros chefes do movimento maderista e zapatista promoveram levantes, ataques, assaltos a quartéis para se roubar armas e munição; alistamento de soldados, etc. Torres Burgos chegou a viajar para os Estados Unidos para se encontrar com Madero, para receber novas ordens acerca de como deveria proceder com a revolução no Sul, nesse tempo, Zapata e os outros líderes ganhavam espaço e influência por Morelos e os estados vizinhos, embora já tivessem chamado a atenção dos fazendeiros, das autoridades e da polícia federal. 

Torres Burgos acabou sendo capturado em março de 1911, em uma emboscada na Villa de Ayala pelos soldados de Díaz, sendo posteriormente assassinado. Posteriormente, Díaz renunciou o governo e partiu em exílio, ficando La Barra como presidente interino até as eleições em outubro. Zapata fora eleito sucessor de Torres Burgos como chefe do movimento maderista em Morelos, embora que alguns outros líderes questionassem a escolha de Zapata e até mesmo tentaram disputá-la contra ele.

De março até  agosto, Zapata continuou a mobilizar o treinamento do Exército Libertador do Sul, além de consolidar bases pelo estado e aliados. No entanto, em agosto do mesmo ano, Zapata romperia definitivamente com Madero, depois de desentendimentos acerca de como a revolução estava procedendo e além do mais, Madero não demonstrava interesse a causa agrária defendida pelos zapatistas, algo que levou Zapata romper com o apoio dado a ele.

Entre os dias 18 e 25 de agosto em um quartel em Cuautla, em Morelos, Zapata rompeu definitivamente com Madero, já que seus interesses eram incompatíveis. Zapata e os zapatistas queriam mudanças imediatas acerca da reforma agrária, porém Madero resistiu em aprová-las quando fosse eleito, e mesmo depois de eleito não levou à cabo as propostas dos zapatistas, Madero como defensor da burguesia, não estava propriamente interessado em realizar uma reforma agrária nacional. Na época, Eufemio aconselhou o irmão em matar Madero, mas Emiliano achava que Madero seria mais útil vivo do que morto, por enquanto.


Otílio Montaño
Madero subiu ao poder em 6 de novembro, mas no dia 28 de novembro, Zapata e o seu amigo e companheiro de luta, o professor e general Otílio Montaño Sánchez (1887-1917) formularam o chamado Plano de Ayula. O plano era de caráter revolucionário radical, diferente do de San Luis de Potosí que visava a derrubada de Díaz, o Plano de Ayala, era bem mais elaborado, e propunha mudanças legais da reforma agrária. O plano também negava o reconhecimento de Madero como novo governante, e defendia a continuidade da revolução armada iniciada pelos zapatistas até que suas exigências fossem aceitas. 

"O Plano de Ayala consta de 15 artigos: do artigo 1 ao 3 trata das questões política subsequentes à ruptura com Madero e da aliança temporária que os zapatistas tinham estabelecido com a rebelião encabeçada por Pascual Orozco, no Norte do país, ignorando o governo de Madero; do artigo 9 ao 15 são abordadas as ações a se realizar, uma vez derrocado o regime traidor dos maderistas com relação à eleição do presidente. Os artigos que nos interessam são três: o 6, 7 e o 8, principalmente os dois últimos, nos quais está condensada a essência das reivindicações indígenas e camponesas". (MEDINA, 2008, p. 95).

Com esse documento em mãos, posteriormente apresentado ao presidente Madero em 1912, e não reconhecido por esse, Zapata e os zapatistas cobravam a criação de tribunais revolucionários para por em processo de julgamento os recursos que envolviam as ilegalidades acerca da posse da terra, como era defendido no artigo 6 do plano. No artigo 7, propunha-se a devolução das terras usurpadas e a doação de um terço das grandes propriedades para a criação dos ejidos (terras comunais); não obstante, o artigo 8 garantia o direito dos camponeses, os quais em caso de qualquer um que se rebelasse contra os artigos do plano, deveriam pagar uma indenização as vítimas que morreram em conflitos ou tiveram suas terras roubadas ou destruídas, logo, cobrava-se uma indenização de dois terços de toda a propriedade desse individuo, para essas vítimas. 

"O Plano de Ayala era revolucionário porque estabelecia a defesa com as armas do que fora conquistado, o que marcava uma ruptura entre a velha ordem, suas leis e defensores, e o novo, que o povo em armas tentava instaurar. No entanto o Plano de Ayala não dava solução ao problema do poder em si, não propunha a forma a ser adotada pelo novo Estado emanado da revolução. Sua visão local e regional da luta impedia os zapatistas de verem essa questão de uma perspectiva nacional, que é como o problema deveria ser abordado". (MEDINA, 2008, p. 96).


Emiliano, Eufemio e outros zapatistas na cidade de Cuernavaca, 1911.
O Pacto da Cidadela (1913)

O governo de Madero trouxe mudanças para o país, no entanto muitas outras que eram esperadas não aconteceram. Madero priorizou os interesses da burguesia, mexeu nas leis agrárias para beneficiar os latifundiários, no entanto não realizou a tão aguardada reforma agrária; reformulou os impostos sobre a indústria, mas não aprovou leis trabalhistas; melhorou ligeiramente a educação e as relações com o exterior, procurando se aproximar da Europa e da América do Sul; reorganizou a justiça, dando maior equidade; devolveu a liberdade da imprensa, etc. Tais fatores levaram o maderismo ser chamado de "revolução burguesa".

"En toda la historia de México nunca hubo gobierno más autónomo, más respetuoso de la libertad, más ajeno a tola la influencia extraña, que el gobierno de Madero". (VASCONCELOS, 1938, p. 535).

Embora bem quisto para as autoridades exteriores e a burguesia do campo e da cidade, a classe baixa ainda não estava contente com as reformas empregadas por Madero. Zapata, Villa, Oruzco entre outros ainda continuavam com suas mobilizações e revoltas. O presidente em pronunciamento, pediu que as armas fosse postas de lado, que não havia necessidade de continuar essa batalha, o ditador havia sido derrubado, porém os zapatistas e outros revoltosos negaram-se a guardarem as armas, e a revolução ainda continuava por todo o país. 

Pascual Orozco (1882-1915), assim como Zapata, apoiou Madero durante a empreitada para derrubar Díaz, porém depois que Madero se elegeu e mostrou atenção a burguesia e não a causa agrária, Orozco assim como Zapata, se rebelaram contra Madero. Orozco se tornou comandante dos rurais de Chihuahua e candidato ao governo do estado, mas a ruptura com o governo de Madero ficou evidente quando esse se recusou em viajar para o sul para combater os zapatistas em 1912. Assim ele iniciou uma rebelião contra o presidente. O general Victoriano Huerta fora enviado para combater as tropas de Orozco, o qual acabou sendo derrotado e fugiu do país. Porém, ele voltaria a ter um papel considerável na trama que se desenvolveria no ano seguinte.

"Desde o início de seu governo, Madero deixou claro que a política do Estado em relação às reivindicações camponesas e operárias não diferiria em muito da anterior, adotada por Díaz. Embora tenha realizado alguns reforços nacionalistas para que o tratamento dado aos operários mexicanos nas minas e fábricas fosse mais equitativo em relação aos trabalhadores estrangeiros, em realidade, no fundamental nada, mudou". (MEDINA, 2008, p. 87).

Tais fatos foram um dos erros cometidos por Madero em sua gestão, somando-se a esses, estiveram a falta de apoio a Igreja, a qual o apoiou durante o Plano de San Luis de Potosí; as reivindicações dos indígenas; reconhecimento aos militares que lutaram contra Porfírio; punições mais severas aos porfiristas, etc.

Tais fatos pesaram para Madero no ano de 1913, até que uma conspiração formada por generais porfiristas planejou um golpe de Estado. Os generais Bernado Reyes e Félix Díaz, sendo este sobrinho de Porfírio, tramaram ainda com o apoio do general Manuel Mondragón a fuga dos dois e um ataque ao palácio do governo na Cidade do México. 


General Félix Díaz, sobrinho de Porfírio Díaz. Em 1913 planejou com Huerta o golpe de Estado que derrubou o presidente  Francisco Madero.
"El nueve de Febrero de 1913, dos regimientos de Tacabuya y los cadetes de la Escuela Militar de Tialpan, asaltaron la Penitenciaría para libertar a Félix Díaz, después de sacar de la prisión de Santiago Tlatelolco a Bernardo Reyes, y en seguida, al frente de las tropas, atacaron el Palacio Nacional". (VASCONCELOS, 1938, p. 539).

O embate fora sangrento, Reyes acabou morrendo em combate, no entanto, Félix e Mondragón fugiram e se refugiaram na Cidadela. Temendo que um novo ataque viesse a ocorrer, o general Lauro Villar fora convocado com sua tropa para defender o Palácio Nacional e contra-atacar os conspiradores. A Cidadela fora cercada e durante o conflito, o general Villar se feriu gravemente, vindo a falecer posteriormente. Díaz e Mondragón se renderam. Mas a ameaça ainda não havia passado.


Victoriano Huerta
No lugar do honrado general Villar, o presidente Madero convidou o general Victoriano Huerta (1850-1916), para substituí-lo na guarda do palácio e da cidade. Huerta se mostrou simpático e amistoso aos olhos do presidente, principalmente devido a sua vitória contra Orozco. No entanto, este escondia planos traiçoeiros. Enquanto Madero se preocupava na escolha de seu sucessor, já que não iria concorrer a reeleição, Huerta conspirava com seus inimigos. Do dia 9 ao 19 de fevereiro, tal período ficou conhecido como a Dezena Trágica (Decena Trágica). Embora a tentativa de golpe tenha falhado inicialmente, conspiradores aliados a Díaz e Mondragón continuaram a promover atentados na capital, levando a tiroteios entre esses e o exército, Pascual Orozco, antes foragido e derrotado por Huerta, voltou para o México e se aliou ao mesmo, passando a atuar na Dezena Trágica, ele estava decidido a levar a cabo sua raiva contra Madero, nem que tivesse que se aliar com os inimigos dele. Gustavo Madero, parente do presidente havia alertado sobre as intenções de Huerta, dizendo que não confiava naquele homem, porém Madero se negou a da-lhe ouvidos, e assim em 17 de fevereiro veio à tona todo o complô. Gustavo posteriormente fora capturado pelos inimigos e assassinado.

Em 9 de fevereiro fora assinado entre Félix Díaz e Huerta o chamado Pacto da Cidadela (Pacto de la Ciudadela), ambos planejaram um golpe de Estado para depor o presidente Francisco Madero, e ambos tomariam seu lugar e de seu vice. Assim, Díaz rendeu-se durante o cerco a Cidadela, para abrir caminho para Huerta por em ação o resto do plano. Em 17 de fevereiro ao longo da Dezena Trágica, Huerta adentrou o Palácio Nacional e rendeu o presidente o mantendo em prisão domiciliar, então ele libertou Díaz e ambos foram para a Embaixada Americana decidir o próximo passo. O então embaixador americano na época, Henry Lane Wilson, posteriormente negou qualquer envolvimento com o golpe de Estado, mas é evidente que ambos os conspiradores se uniram com este. Tal fato levou o Pacto da Cidadela também ser chamado de Pacto da Embaixada

Assim, em 19 de fevereiro, Huerta pressionou a Câmara dos Deputados, a confirmar a renúncia de Madero e seu vice, e a elegê-lo presidente interino do México. Assim fora feito. Huerta se pronunciou ao povo da cidade, dizendo que havia destituído o então presidente, alegando sua falta de competência para administrar o país. Poucas horas depois, Félix Díaz, deixou a Cidadela e marchou pela cidade com suas tropas em desfile.

No dia 20, o embaixador americano aconselhou que Madero e seu vice, Pino Suárez, deixassem o cárcere no Palácio Nacional e fossem transferidos para a prisão ou exilados, porém Huerta não gostava dessa ideia, acreditava que os partidários de Madero, chamados de maderistas, tentariam libertá-lo. No dia 22 de fevereiro, quando os dois estavam sendo preparados para serem transferidos para a Penitenciária Federal, Huerta deu a ordem para que fossem executados. Francisco Madero e Pino Suárez foram assassinados com um tiro na cabeça. O golpe havia sido concluído, e agora Huerta era presidente do país até as eleições ocorrerem e Félix se tornar o novo presidente. 

Porém, Huerta começou a demonstrar não querer sair do poder, agora que havia o conseguido, assim para despistar Díaz, ele o enviou para uma missão ao Japão, porém Díaz não chegou a ir ao Japão, ficou viajando pela Europa, até voltar no ano seguinte.

Porém a traição dos generais repercutiu no país, levando a revoltas por todo o território, isso levou Pancho Villa a marchar com seu exército em direção a capital, o mesmo fizera o general Obregón e Carranza, ambos estavam decididos a derrubar esses usurpadores. 


O Plano de Guadalupe (1913-1914)


"Paralelamente ao crescimento das forças camponesas comandadas por Villa e seus generais, começavam a gestar-se as forças revolucionárias que apoiariam a chegada de Venustiano Carranza ao primeiro posto político do país". (MEDINA, 2008, p. 102). 


Venustiano Carranza
Os constitucionalistas foram um grupo surgido em 1910 na tentativa de depor o então presidente Porfírio Díaz ou vencê-lo nas eleições daquele ano. O movimento pretendia retomar a Constituição de 1856, mas posteriormente visou a criação de uma nova constituição, algo que ocorreria em 1917. Os constitucionalistas como ficaram chamados, tendo como principal líder o empresário e político Venustiano Carranza (1860-1920), o qual reuniu os líderes revolucionários do Norte em 1913 para atacar Huerta o qual havia deposto o presidente Madero e o assassinado em seguida, para usurpar o poder. Nessa época, Carranza era o governador de Coahuila, estado em que nascera, possuía grande prestígio e influência na região, e usou seu poder para atacar o usurpador e novo ditador Huerta. Em 26 de março, reunido em uma fazenda sua, chamada Guadalupe, Carranza propôs o Plano de Guadalupe, o qual tinha a missão de tomar a capital do país, forçar Huerta a renunciar a presidência, realizar novas eleições presidenciais e manter a fidelidade a Constituição de 1856.

Assim, Carranza conseguiu vários aliados a sua causa, a qual ficou conhecida como Movimento Constitucionalista, o qual marcaria a segunda parte da Revolução Mexicana. Os generais Álvaro Obregón, Felipe Ángeles, Adolfo de la Huerta, Pablo González Garza, Pancho Villa entre outros aderiram a causa iniciada por Carranza. 


General Álvaro Obregón
Um fato que merece destaque é que pela postura burguesa de Carranza assim como a de Madero, ele posteriormente não daria muita atenção ao movimento agrário defendido por Pancho Villa e seus generais da Divisão do Norte, algo que levaria Villa a romper com Carranza posteriormente, quando notou que esse estava indo por outro caminho diferente. Ao mesmo tempo, vale também a questão de que Villa era egocêntrico e arrogante, o que o levou também a entrar em atrito com Obregón, considerado o mais leal general de Carranza. 

"Mas enquanto lutaram juntos, ambos - Carranza e Villa - constituíram o exército constitucionalista contra Victoriano Huerta. Essa força era integrada por três frentes: a primeira era o Exército do Nordeste, que executava suas operações nos Estados de Tamaulipas, Nuevo Léon e o Nordeste do país, comandado por Pablo González, um general sem imaginação e inepto, que só servia para ganhar tempo. O segundo era o Exército do Noroeste, que atuou a partir do Estado de Sonora em direção ao Sul, pelos Estados da costa Oeste, comandado por Álvaro Obregón, gênio militar que mais tarde seria presidente do México. Por último, a Divisão do Norte, comandada por Pancho Villa, no centro do país". (MEDINA, 2008, p. 105).

Huerta estava acuado na capital, os exércitos constitucionalistas avançavam pelo centro e oste do país, confrontando as tropas federais. No sul o movimento zapatista crescia, e não demonstrava apoio ao governo de Huerta, logo o mesmo estava praticamente sem chances de vitória. Obregón avançava com suas tropas em direção a capital, Villa seguia conquistado as linhas férreas do país, isso fora um golpe crucial para a mobilização das tropas federais. Grande parte do contingente da Divisão do Norte avançou de trem até a Cidade do México; não obstante, Carranza criou um Estado em Sonora, uma espécie de Estado dentro do Estado, aparte do governo central.

"Villa percebeu imediatamente a importância que a estrada de ferro teria nas mobilizações armadas. Ela não só significava uma rápida mobilidade nas operações militares, mas também um meio eficiente para conseguir os apetrechos militares necessários, já que as linhas levavam até os Estados Unidos, principal provedor de armas e munições durante a revolução". (MEDINA, 2008, p. 106).

Para completar os problemas que cercavam Victoriano Huerta e seus partidários, em 21 de abril de 1914, a marinha americana aportou no México, invadindo Veracruz.


Navios da Marinha Americana na costa de Veracruz, México em 1914.
"Um dos incidentes relevantes dessa época foi a intervenção estadunidense, cujo objetivo foi, a partir de então, estabelecer ligações com o constitucionalismo. Em 21 de abril de 1914, os marines estadunidenses desembarcaram no porto de Veracruz e se Estados Unidos esperavam contar com o apoio constitucionalista, mas Carranza respondeu censurando violentamente a intervenção, deixando clara a grande hostilidade mexicana em todas as partes. Esse acontecimento beneficiou momentaneamente a popularidade política de Huerta, posto que, com uma retórica nacionalista de massas, este incitou as classes médias mexicanas a defenderem a pátria. No entanto, a luta já estava ganha, e Huerta não era o vencedor". (MEDINA, 2008, p. 107).

Cercado pela ameaça americana em Veracruz, embora que o embaixador garantisse que os americanos não iriam atacá-lo, Villa avançava com a Divisão do Norte, Zapata havia derrotado a maioria dos exércitos federais no sul, e Obregón estava quase chegando a capital. Enquanto isso, por todo o país os generais e comandantes da Divisão do Norte, do Movimento Constitucionalista e do Exército Libertador do Sul, promoviam revoltas e ataques aos quartéis do governo e centros importantes para a política do Estado, tais fatores eram evidências que todo o país estava agora envolvido na revolução começada a quatro anos. Entretanto, as frentes revolucionárias não possuíam necessariamente os meus objetivos.



Em 23 de junho de 1914, a Divisão do Norte realizou uma terrível batalha na cidade de Zacatecas, capital do estado de Zacatecas, conhecido como um importante centro minerador no passado. Zacatecas era a encruzilhada das linhas férreas que ligavam o norte e sul do país, e como Villa vinham conquistando essas linhas, Zacatecas se tornou um ponto crucial para sua campanha de progresso ao sul. A Batalha de Zacatecas ou Tomada de Zacatecas, marcou a vitória do exército revolucionário da Divisão do Norte, liderados naquele dia pelo próprio Pancho Villa e seu braço direito, Felipe Ángeles (1869-1919), contra as tropas federais lideradas pele general Luis Medina Barrón


Mural de Ángel Boliver representando a batalha de Zacatecas.
Com a derrota das tropas de Barrón, o poder de Huerta havia desabado. Embora Villa ainda demoraria alguns meses até chegar de fato a Cidade do México, Huerta não esperou a chegada dele, e de mais nenhum constitucionalista, em 15 julho ele oficializou sua renuncia a presidência. 

Victoriano Huerta, deixou o país e partiu para Cuba, depois seguiu para os Estados Unidos, onde fora capturado e enviado para uma prisão no Texas, onde veio a falecer. Félix Díaz, seu partidário no golpe contra Madero, também deixou o México no mesmo ano, mudando-se para Cuba e depois para os Estados Unidos, entretanto, Díaz voltaria futuramente ao México para tentar conseguir o poder.

Em 15 de agosto, o general Álvaro Obregón chegou com suas tropas na capital e derrotou os últimos partidários de Huerta e do legado porfirista. No mesmo mês o presidente interino, Francisco Carvajal assinou Tratados de Tecoloyucan, o qual legitimava a posse da presidência por Venustiano Carranza.

Embora os constitucionalistas tivessem vencido a luta por hora, Zapata ainda continuava com sua "revolução agrária" no sul, e Villa acabaria definitivamente cortando laços com Carranza. A revolução ainda duraria por mais seis anos.


Casa do Operário Mundial 

Em 1912 na Cidade do México fora criada a organização sindical conhecida como Casa do Operário Mundial (Casa del Obrero Mundial), fundada por Juan Francisco Macaleno e Eloy Armenta, tinha como função organizar e unificar os sindicatos trabalhistas do país, no intuito de fortalecer o movimento operário mexicano, afim de batalhar pelos direitos trabalhistas.

"A Casa era uma central que agrupava vários sindicatos e líderes operários e, por isso mesmo, mais adiante adquiriria uma grande importância aos olhos dos dirigentes revolucionários. É preciso, no entanto, deixar claro que, no período revolucionário, houve muitas outras organizações operárias, algumas mais importantes que as outras, tais como o Comitê Central de Operários e a União Mexicana, organização nortenha que afirmava ter 16 sindicatos mineiros filiados". (MEDINA, 2008, p. 109).

A Casa possuía um caráter anarcossindicalista, um fator que contribuiu para a ineficácia da causa operária promovida pela COM. Pela falta de entendimento entre alguns de seus líderes e outros sindicatos pelo país, o movimento operário mexicano fora visto na época como imaturo e raso de conteúdo, já que não possuía uma organização forte e coesa como era visto na Rússia daquela época. 

O próprio presidente Madero não deu atenção ao COM e os de mais sindicatos, isso levou a uma série de greves pelo país, as quais foram rebatidas pela polícia. Durante o governo de Huerta entre 1913 e 1914, o mesmo também não deu tanta atenção ao movimento operário embora, que não combateu ferrenhamente as greves e protestos, no entanto em maio de 1914, a medida que a situação piorava para Huerta, como fora visto, o então presidente decretou o fechamento oficial da Casa do Operário Mundial, antes de demitir-se do cargo.

Em 25 de agosto, quando o general Obregón se encontrava pela capital, decretou a reabertura da COM. Obregón via um importante aliado no movimento operário para a causa de Carranza, logo tratou de falar como mesmo acerca dessa questão, e no mesmo ano, em outros estados, os governadores começaram a decretar leis trabalhistas.

"Enquanto isso, em todo o território da República, os governadores e chefes militares emitiam decretos que favoreciam a causa operária. Assim, no Estado de Aguascalientes, Alberto Fuentes proibiu o trabalho dominical e estabeleceu a jornada máxima de oito horas; em San Luis de Potosí, Eulalio Gutiérrez fez o mesmo, além de estabelecer um salário minimo diário de 75 centavos e abolir os odiados armazéns. A mais completa reforma foi feita por Cândido Aguilar, em Veracruz, que, além das medidas mencionadas, determinou que as fábricas e demais empresas criassem escolas laicas e hospitais para seus empregados; assim sucedeu também em outros Estados, como Jalisco, Puebla e Cidade do México". (MEDINA, 2008, p. 112 apud CARR, 1982, p. 61). 

No final de 1914, membros da COM se aliaram aos zapatistas e villistas, entretanto, outros entram em choque com esses, devido as desavenças entre o movimento operário e o movimento ruralista, o qual embora ambos também tratassem de questões acerca do trabalho e do trabalhador, não chegavam a consenso sobre as diretrizes e caminhos tomados. Diferente do que fora visto na Rússia, o movimento do trabalhador rural estava profundamente ligado ao movimento do trabalhador urbano, isso contribuiu para que os sindicatos e a causa trabalhista e socialista fosse mais forte, a ponto de derrubar o governo em 1917.

Carranza, embora cogitado por Obregón a se aliar aos sindicatos, só recorreria a estes no ano seguinte após as consequências e reviravoltas do Congresso de Aguascalientes, onde em 1915, Carranza criaria os chamados Batalhões Vermelhos (Batallones Rojos). Com os seus batalhões, Carranza conseguiu um exército, e apoio das massas e do operariado, na luta que travaria futuramente contra Villa e Zapata. 

Soldados de um dos Batalhões Vermelhos
"O fato mais significativo desse processo foi a criação e incorporação dos Batalhões Vermelhos ás forças do exército carrancista. Estes eram contingentes militares formados por operários industrias e têxteis, principalmente da Cidade do México e do Estado de Veracruz, associados à Casa do Operário Mundial. Foram criados quatro Batalhões Vermelhos, com um número de membros estimado entre 4 e 8 mil homens". (MEDINA, 2008, p. 113).

Convenção de Aguascalientes (1914-1915)

O ano de 1914 fora um ano conturbado como 1913, em menos de um ano, mais um presidente havia se elegido e sido derrubado. Carranza havia passado a assumir o poder, porém o povo estava confuso, batalhas haviam matado aos milhares, vilas e cidades haviam sido invadidas, queimadas e saqueadas, as pessoas pelo campo carregavam armas, com medo de ataques hostis ou de ladrões, os líderes das frentes revolucionárias e os governadores não se entendiam, isso gerava uma crise nacional em todo o país, como governar uma nação de 16 milhões de habitantes, onde as partes não se entendiam?


Afim de organizar o governo e o próprio andar da revolução, o presidente Carranza em 1 de outubro do mesmo ano convocou a Grande Convenção de Chefes Militares com comando de forças e Governadores dos Estados (Gran Convención de Jefes Militares con mando de fuerzas e Gobernadores de los Estados). As sessões começaram no dia 10 na Câmara dos Deputados na Cidade do México, porém, nenhuma das três grandes frentes revolucionárias estavam propriamente de acordo com a realização dessa convenção. Carranza a convocou como forma de evitar problemas para seu governo que mal havia começado, além do mais, ele também pretendia ser reconhecido pelos de mais líderes revolucionários como presidente do país, já que os zapatistas se negavam a reconhecê-lo e Villa havia rompido seu apoio a Carranza. Não obstante, a convenção também seria uma forma de garantir o apoio dos governadores ao presidente, e determinar a proposta de uma nova constituição para o país, já que indubitavelmente, Carranza fora proclamado Primeiro Chefe do Exército Constitucionalista, e como a própria causa já sugeria, uma constituição estava em jogo. Por fim, outra grande questão a ser debatida, dizia respeito ao próprio futuro da revolução, Carranza queria evitar mais derramamento de sangue o prolongamento dessa guerra revolucionária.

Devido ao fato, de Villa se negar a entrar na Cidade do México e Zapata também, a convenção fora transferida para a cidade de Aguascalientes, capital homônima do estado, localizada no centro do país a norte da Cidade do México. Pelo fato do resto da convenção a qual durou até 9 de novembro, ter ocorrido naquela cidade, ela ficou conhecida como Convenção de Aguascalientes (Convención de Aguascalientes). 

"Estuvieron representados en la Convención, todos los villistas, todos los zapatistas y la mayor parte de los generales de Carranza que públicamente desobedecieron a su jefe tomando parte en las deliberaciones de la Asamblea". (VASCONCELOS, 1938, p. 559).

A medida que a Convenção se desenvolvia, fora proposto a criação de um novo plano nacional voltado para a reforma agrária e os sindicatos trabalhistas, além de que Villa e Zapata junto com seus partidários votaram a favor das convocações de uma eleição presidencial, eles defendiam que o povo não poderia ficar de fora disso, e teriam o direito de votar em seu líder, decisão que não acontecia desde que Madero propriamente desde que Porfírio iniciou seu governo ditatorial de fato em 1877, já que todas as eleições que haviam ocorrido tinham sido fraudadas.

Entretanto, isso não agradou em nada Carranza, o fato de se convocar eleições já para o ano seguinte. Para piorar a situação, a Assembleia da Convenção decidiu destituir Carranza da presidência, e a coube provisoriamente a Antonio Villareal, presidente da Convenção de Aguascalientes a qual convocou uma reunião extraordinária para eleger um presidente interino para conduzir o país até as eleições no ano seguinte. Indignado por tal fato, Carranza e parte de seus partidários abandonaram a convenção e voltaram para a capital, de onde posteriormente se reuniram em Veracruz. Carranza estava determinado a não perder totalmente o poder, e lutaria por esse posteriormente. 

Assim, os villistas, zapatistas e outros membros da Convenção elegeram como presidente interino o general Eulalio Gutiérrez (1882-1939), considerado um homem nobre e honesto. A Assembleia também nomeou Villa como Chefe do Exército Convencionalista, o qual contava com o apoio de Zapata e seu exército. 


Pancho Villa, Eulalio Gutiérrez e Emiliano Zapata, durante um almoço no Palácio Nacional na Cidade do México em novembro de 1914.
Porém essa nova aliança minguaria em poucos meses. Embora os três líderes tenham entrado triunfalmente em nove de novembro na Cidade do México, em janeiro de 1915, Gutiérrez poria abaixo essa aliança. No começo do ano, o presidente destitui Villa do posto de chefe do exército convencionalista e da Divisão do Norte, alegando que agora suas tropas pertenciam ao governo. Ao mesmo tempo, Gutiérrez decretou Villa, Carranza, Zapata e os partidários de cada um, como traidores a causa revolucionária e inimigos do Estado.


Roque G. Garza
Em resposta a tal deliberada traição, Villa e Zapata ainda reunidos, realizaram sua própria Convenção e perante a essa, negavam a legitimidade de Gutiérrez como presidente interino, no lugar desse, Villa elegeu um protegido seu, chamado Roque González Garza (1885-1962) como novo presidente interino do México. Assim, o país passava a ter três candidatos que lutavam pela presidência, Carranza o qual havia sido destítuido no ano passado, Gutiérrez eleito presidente interino pela Convenção de Aguascalientes e agora Garza eleito presidente interino. Gutiérrez fora obrigado pela Convenção de Villa e Zapata a renunciar a presidência, a qual seria assumida por Garza, tal fato ocorreu em 15 de janeiro. No dia seguinte, Gutiérrez deixou a Cidade do México e se mudou para San Luis de Potosí, onde havia sido governador e de onde contava com grande apoio local. Villa e Zapata adentraram a capital do país com seus exércitos, algo que obrigou Gutiérrez a se refugiar em San Luis de Potosí. Entretanto, batalhas começaram a eclodir pelo centro do país, onde as tropas leais a Gutiérrez eram confrontadas pelos villistas, zapatistas e pelas tropas de Carranza. Em 2 de julho, Eulalio Gutiérrez renunciou oficialmente a presidência e se exilou nos Estados Unidos. 


Foto memorável de Zapata e Villa, o qual se encontrava sentado na cadeira presidencial, em janeiro de 1915. Segundo a história, cada um dos dois se sentou na cadeira para ver como era ter o gosto poder. 
Com Gutiérrez deixando o país, o confronto voltou a se dá entre Villa e Carranza, já que Zapata estava decidido a ficar na defensiva e retornou para o sul, onde sua influência e autoridade eram maiores. Nos meses que seguiram, várias batalhas entre a Divisão do Norte e as tropas do general Obregón ocorreram. Dessa vez, os carranzistas (como eram chamados os partidários de Carranza) saíram levando a melhor. 

"Por que a convenção não obteve êxito? Uma interpretação é a seguinte: em 1914, as forças militares estavam fragmentadas, sem a possibilidade de que uma em especial conseguisse a hegemonia, a menos que tivesse havido uma coalização de forças. Esta de fato ocorreu: os constitucionalistas uniram seus exércitos contra a avalanche camponesa, mas não era suficiente, apesar do gênio militar de Obregón. Que teria acontecido se os exércitos de Villa e Zapata tivessem se unido verdadeiramente? Por acaso não o fizeram com o Pacto de Xochimilco, no final de 1914? Sim, fizeram-no, e foi aí que a visão regionalista, localista, tanto de Zapata e Villa, levou-os ao fracasso. Em vez de continuar a luta com um exército e com uma estratégia de âmbito nacional, únicos e invencíveis, cada um regressou a seu habitual território de ação para continuar a luta por si". (MEDINA, 2008, p. 121).

Devido a essa frágil aliança, Villa continuou a combater Obregón e Carranza, principalmente devido a desavenças pessoais, e Zapata se retirou para o sul, deixando o outrora aliado sozinho em sua causa. 

"Foi ao longo daquele ano de 1915 que Obregón desferiu as derrotas decisivas que acabaram com a torrente principal das forças villistas. As batlhas de Celaya - 6 e 13 abril -, a de Trinidad, no Estado de Guanajuato - 5 de julho -, e Aguascalientes - 19 de julho - marcariam o fim da grande Divisão do Norte". (MEDINA, 2008, p. 124).

Pelo fato de Pancho Villa não ter ouvido os conselhos de Felipe Ángeles, seu principal estrategista, além de ter tomado decisões precipitadas, e deixado o ego falar mais alto, Villa perdeu milhares de soldados nessas batalhas, o que o levou a fugir para o estado de Nuevo Léon, afim de tentar recuperar suas forças. A outrora temida Divisão do Norte, agora só contava com algumas centenas de homens, o que obrigou Villa a retomar a tática de guerrilhas, assim ele o fizera, se retirando de volta ao norte do país, onde era mais forte sua influência. Assim, a união entre o norte e o sul haviam se rompido, e o caminho estava aberto para que Carranza retomasse a presidência. 


As adelitas como era chamado as mulheres soldadas.
Entretanto esse período de 10 de outubro de 1914 a 10 de outubro de 1915, exato um ano de conflitos, traições, revoltas, greves e guerra, levou o país todo a se mobilizar, independente de que lado se apoiasse. Até mesmo mulheres e crianças partiram para o campo de batalha, para defender seus direitos, suas famílias, suas vilas e cidades. O historiador Cumberland, aponta que entre 100 mil e 200 mil pessoas morreram nesse período, uma das fases mais sangrentas da revolução. 


Menino trajado como um soldado da revolução em 1915
A Comuna de Morelos (1915-1918)

A Comuna de Morelos consistiu na tentativa dos zapatistas em colocarem definitivamente em prática as propostas do Plano de Ayala, concebido desde 1911. Enquanto Obregón tratava de acabar com os grupos guerrilheiros de Pancho Villa no norte do país, enquanto isso, Carranza havia recuperado o governo, já que em 11 de outubro fora reeleito presidente interino do México. Embora alguns fossem contra a nomeação de Carranza para o cargo, esse possuía ao seu lado o exército mais forte do país e o apoio de vários estados, além da burguesia, da classe alta e do próprio presidente americano Woodrow Wilson.

Assim, restava ao zapatistas a tentativa de ainda continuar com sua revolução iniciada há cinco anos. Com isso surgiu a Comuna de Morelos, em referência ao estado de Morelos, berço do zapatismo. A Comuna ainda em 1915 começou a criar entidades próprias no estado de Morelos, como o Banco Nacional de Crédito Rural, as Escolas Regionais de Agricultura e a Fábrica Nacional de Ferramentas Agrícolas. Emiliano fora eleito presidente da comuna, e ao mesmo tempo designava um gabinete próprio com seus secretários e servidores, além de também existir uma assembleia onde se reuniam os de mais líderes zapatistas.


Manuel Palafox
Em 28 de outubro de 1915 o secretário da Agricultura, Manuel Palafox (1886-1959), fora um dos principais organizadores e chefes-políticos do zapatismo. Fora ideia de Palafox elaboração da lei agrária defendida pelo zapatismo, tendo como base o Plano de Ayala. Embora as ideias de Palafox fossem consideradas radicais, algumas de suas ideias foram utilizadas na Constituição Mexicana de 1917. Dentre algumas das ações ainda realizadas em 1915, baseadas nas leis desenvolvidas por Palafox, estiveram a desapropriação de engenhos e usinas de açúcar, as quais foram reformadas, e passaram a serem administradas pela Comuna. Não obstante, Palafox também esteve por trás da organização e criação do banco nacional, das escolas  de agricultura e da fábrica nacional. Além disso, também promoveu a desapropriação de terrenos, os quais foram dados aos camponeses para se tornarem ejidos (terras comunais). 

"Assim, os zapatistas realizaram distribuição de terras, que defendiam com as armas. Também realizaram um ensaio de autogoverno, emitindo leis e tentando organizar a produção, desenvolvendo seus órgãos de governo nos povoados e comissões, designando e escolhendo líderes no âmbito municipal e local, sempre com a participação ativa dos membros das comunidades". (MEDINA, 2008, p. 134).

Na prática, os zapatistas haviam criado um governo dentro do governo estadual, no entanto não significava que todos fossem a favor disso. A burguesia e a elite eram contra esse governo ruralista, e ao mesmo tempo o próprio Carranza não aceitava isso, embora que só a partir de 1916, começou a enviar seus generais afim de tomar Morelos e por um fim ao zapatismo. 

"Gilly considera quatro aspectos fundamentais na revolução do Sul, que a tornavam profundamente revolucionária e antagônica à ordem social vigente: a recua a entregar as armas; um programa próprio, plasmado no Plano de Ayala; o estabelecimento de um poder popular em seu território, desenvolvendo suas próprias formas de autogoverno, tentativa única na história do México; e, por último, o fato de terem editado leis próprias e radicais, buscando legitimar sua atuação". (MEDINA, 2008, p. 134 apud CARBÓ E GILLY, 1988, p. 228).


General Pablo González
Em 1916 o general carranzista Pablo González (1879-1950) adentrou Morelos a frente de 30 mil homens, com a missão de desorganizar a estrutura zapatista e se fosse o caso, capturar Emiliano e os de mais líderes. González invadiu o povoado de Tlaltizapán, onde ocuparam uma fábrica de cartuchos. Nessa ocupação, a tropa de González matou 132 homens, 112 mulheres e 42 crianças, sendo todos esses operários dessa fábrica. Tal iniciativa era uma forma de causar medo e pânico na população como forma de forçá-los a se renderem ao governo do verdadeiro líder da nação. 

"Apesar do terror imposto pelas tropas carranzistas, a luta dos camponeses para defender o que tinham obtido jamais cessou; apesar do saque sistemático de quem eram objeto as comunidades, o povo de Morelos não se deu por vencido. A palavra de ordem já não chegar à capital do país e derrubar o triano, neste caso Carranza, e sim unicamente defender as conquistas camponesas e a própria existência dos povoados e de suas terras". (MEDINA, 2008, p. 136).

No final de 1916, as tropas de Gonzaléz foram parcialmente derrotadas, e Zapata conseguiu fugir de um cerco que pôs em risco sua vida. No entanto, nesse momento ele viu como o movimento estava fragilizado, e decidiu tomar algumas medidas para recuperar a força de seus exércitos, já que essencialmente as tropas que formavam os exércitos zapatistas eram compostas por camponeses.

"Em novembro de 1916, criou-se o Centro de Consulta para a Propaganda e a Unificação Revolucionária, cuja função principal era basicamente a de vir a constituir um partido que levasse a cabo a educação política e social da população, ensinando e inculcando os princípios fundamentais do agrarismo revolucionário; entre seus membros fundadores se encontravam Antonio Díaz Soto y Gama, Manuel Palafox, Otilio Montaño e os irmãos Gildardo e Rodolfo Magaña". (MEDINA, 2008, p. 137). 

Embora tal iniciativa se mostrasse promissora, 1917 seria o ano do início da derrocada do zapatismo. Os líderes que encabeçaram a criação do CCPUR, entrariam em discordância, o general González voltaria a atacar o estado de Morelos, a Constituição seria publicada, levando muitos camponeses e operários a desistirem da luta, acreditando que a Constituição resolveria seus problemas. Não obstante, Zapata perderia sua palavra na organização do movimento, onde haveria traições e alianças secretas que levariam ao fim da Comuna de Morelos.

A Constituição de 1917

"No começo do ano de 1916, Carranza era praticamente o presidente interino do México. Obregón foi designado ministro da Guerra. Imediatamente depois ter derrotado Villa e de tomar o poder, Carranza dissolveu os Batalhões Vermelhos: já não necessitava de operário". (MEDINA, 2008, p. 124).

As greves e protestos dos operários continuaram, e muitos se sentiam revoltados, por terem servido como soldados na causa de Carranza, e agora que o mesmo havia retomado o poder, haviam sido descartados. Assim, fora promovida uma greve geral em 31 de julho daquele ano. Três dias depois da greve ter se iniciado, Carranza em resposta aprovou a lei reacionária proposta por Juárez em 1862, nessa lei dizia que qualquer um que planejasse um ato de greve, protesto que levasse a uma greve ou atrapalha-se o funcionamento de alguma fábrica o órgão do governo, seria executado sumariamente. Os protestos grevistas se cessaram pelo país.

No norte, Obregón caçava os guerrilheiros de Villa, no sul, González combatia os zapatistas. Enquanto isso, Carranza preparava o país para um grande acontecimento, a publicação de uma nova constituição. Assim, o ano de 1916, ficou conhecido também como o governo pré-constitucionalista. 

Em 21 de novembro de 1916 na cidade de Querétaro, capital homônima do estado, deu-se início a convocação do Congresso Constitucionalista que iria escrever a nova constituição do México. No congresso surgiu duas frentes: os progressistas e os conservadores, no qual se encontrava o presidente interino Venustiano Carranza. No entanto, o voto dos progressistas marcou a maioria, tornando a Constituição de 1917, diferente em vários assuntos em relação a de 1857, proposta avessa a de Carranza o qual pretendia realizar uma atualização da  antiga constituição.

"O projeto de constituição de Carranza refletia pouco terremoto que marcara os quatro últimos anos; era, de fato, simplesmente uma nova redação e uma reorganização da Constituição de 1857, tal como fora reformada ao longo dos anos, com a correção de algumas "deficiências"". (MEDINA, 2008, p. 126).

Algumas das mudanças que formavam a nova Constituição, outorgada em fevereiro de 1917, dizia respeito a: abolição das reeleições; sufrágio direto para a nomeação de todos os cargos públicos (antes era indireto); supressão do cargo de vice-presidente; mudança na nomeação de um sucessor a presidência em caso de morte ou renúncia; na educação, fora decretado que essa seria laica e que o Estado se tornaria laico, defendendo a liberdade religiosa; legalização dos ejidos, proibição de monopólio de artigos de primeira necessidade; redivisão político administrativa do país, criando novos estados e municípios, etc.  


Portaria original da Constituição Política dos Estados Unidos Mexicanos, 1917.
Mas no caso das leis trabalhistas e agrárias, os artigos 27 e 123 representam essas ideias. O artigo 123, representa as mudanças trabalhistas, e fora principalmente elaborado por Pastor Rouaix (1874-1950). As ideias de Rouaix foram as mais avançadas na época em matéria de legislação trabalhista e direitos do trabalhador. Alguns dos direitos agora garantidos e defendidos pela nova constituição diziam respeito a: jornada de trabalho de 8 horas diárias, 7 horas para um trabalhador noturno e 6 horas para crianças e adolescentes entre 12 e 16 anos; um dia de descanso obrigatório a cada semana; determinação de um salário minimo, de acordo com as condições de cada lugar; salário em moeda de curso e não mais em vales; pagamento em dobro por horas extras de serviço; salário igual para homens e mulheres; direito a organização de sindicatos e greves, etc. 

"A jornada máxima, o salário minimo, a seguridade social, as restrições ao trabalho infantil e a proteção ao trabalho da mulher, o direito de greve, a divisão de utilidades e a igualdade entre nacionais e estrangeiros foram e são algumas das tantas vitórias que a Revolução Mexicana alcançou". (MEDINA, 2008, p. 128). 

Já o artigo 27, o qual diz respeito as questões da propriedade da terra, tivera como uma das bases as ideias de Manuel Palafox, o mesmo que escreveu as leis agrárias adotadas pela Comuna de Morelos. Entretanto, nesse caso, havia algumas diferenças em relação a proposta original de Palafox, diferenças menos radicais como suscitadas pelos zapatistas. 

"Em primeiro lugar, estipulava que é do Estado mexicano a propriedade de todas as terras e águas compreendidas no território nacional, e que só o Estado mexicano tinha o direito de transmitir seu domínio a particulares, sempre em vista do interesse comum. O mesmo se aplica a todas as jazidas minerais e petrolíferas do subsolo mexicano, e dos mares, sendo igualmente direito único do Estado mexicano dar a particulares concessões para sua exploração". (MEDINA, 2008, p. 129). 


Os constituintes realizando juramento à nova constituição
Assim com essa medida decretada no artigo 27, o ato de repartição e desapropriação de terras, realizados pelos zapatistas, se tornou oficialmente ilegal perante a nova constituição, e isso fora mais um motivo para que Carranza, eleito presidente oficial do país pela constituição, se valeu para decretar o zapatismo como um movimento ilegal e contra a autoridade do Estado. 

Não obstante, o artigo 27 também garantiu a criação de médias e pequenas propriedades, devolveu terras antes usurpadas durante o período do porfiriato; terras indígenas foram devolvidas, embora que na época apenas um 1% do total usurpado fora restituído as comunidades indígenas de algumas localidades do país. Os latifúndios (chamados de haciendas), receberam novas normas acerca da extensão da propriedade e do uso da mesma, sendo obrigado, evitar-se o acúmulo de terras para o cultivo, que não estivessem sendo utilizadas; decretou-se novas normas para o emprego e tratamento do trabalhador rural, etc.

Dessa forma, muitos operários e camponeses acreditaram que seus problemas chegavam ao fim, e logo que as medidas decretadas pela Constituição fossem sendo postas em prática, eles já não viam necessidade de continuar nessa luta que se desenrolava a sete anos. Assim, por todo o país, camponeses, operários e outros trabalhados, largaram as armas, já estavam cansados dessa luta e desse derramamento de sangue. Isso fora um golpe terrível aos movimentos revolucionários que ainda se sustentavam pelo país, principalmente o zapatismo até então o maios organizado e forte destes. 

"A Constituição de 1917 representa o pacto obtido por meio da luta e do diálogo entre os distintos setores sociais: as questões mais relacionadas com a reforma do Estado e os processos eleitorais eram do maior interesse para as classes médias e para a pequena burguesia nascente". (MEDINA, 2008, p. 131).

Para alguns historiadores o ano de 1917 marca o fim da Revolução Mexicana, devido a promulgação da nova Constituição, embora que as revoltas contra o governo de Carranza e os movimentos do villismo e do zapatismo ainda continuariam por mais três anos. Assim, devido a tais movimentos ainda continuarem operando pelo país, alguns historiadores desconsideram que a revolução tenha se findado em 1917.

O fim do zapatismo

Em 1917, o villismo estava reduzido a assaltos de guerrilhas, mas já não possuía a força e influência que tivera na época da Divisão do Norte. Pelo país outros grupos rebeldes surgiram contra o governo de Carranza, o acusando de ditador, déspota, e ficando contra a Constituição promulgada por ele, a qual de fato cooperava em muito ao seu favor na época. No caso do zapatismo, este em 1917 começou a entrar em declínio, embora fosse o movimento revolucionário mais forte ao longo da revolução e o que perdurava naquele momento.



Embora que de 1916 a 1920, grupos rebeldes como os Arenistas, Cedillistas, Felicistas, Finqueros, entre outros tenham surgido, apoiados em causas de líderes locais, não chegaram as dimensões tomadas pelo villismo e o zapatismo até o ano de 1915 durante a Convenção de Aguascalientes. Carranza se sentia confortável na cadeira presidencial, embora que ainda não estivesse seguro totalmente, já que seus generais levavam à cabo o combate desses rebeldes.

Tomando o caso do zapatismo o mais expressivo movimento ainda da época, uma das medidas tomadas por Carranza para desestruturar o movimento, fora oferecer recompensas e a anistia aos membros do movimento. Nesse caso, Carranza ofereceu terras e até mesmo cargos públicos, desde que o movimento se rende-se e encerra-se suas atividades.

Nesse caso, Antonio Díaz Soto y Gama, um dos idealizadores do Centro de Consulta para a Propaganda e a Unificação Revolucionária, cogitou colocar fim ao movimento, já que não via mais chances do mesmo continuar, Carranza havia vencido, e a luta estava perdida. Nesse caso, alguns dos partidários que entraram em choque com Soto y Gama fora o general Otilio Montaño, redator e co-idealizador do Plano de Ayala junto com Zapata. As desavenças entre os dois chegaram a tal ponto que Soto y Gama ordenou o assassinato de Montaño, pelo fato do mesmo ter se reunido a uma ala de zapatistas que reconhecia a autoridade de Carranza, Soto y Gama convenceu os de mais que isso era traição, e Montaño fora fuzilado em maio de 1917.

Ainda no mesmo ano, Eufemio Zapata, um dos líderes e generais do Zapatismo, fora morto em uma briga de bar, após discutir com um de seus subordinados, Sidronio Camacho, o qual posteriormente largou o movimento e passou para o lado dos carranzistas. 

Em 1918 a situação começou a piorar para os zapatistas. Pablo González voltou a invadir Morelos, ocupado a capital Cuautla, nessa época, Magaña, um dos líderes zapatistas, propôs um acordo ao general González, propondo a rendição do Exército Libertador do Sul, desde que o presidente reconhecesse a autoridade zapatista em Morelos. O presidente negou-se a aceitar tal proposta. As ordens de Carranza haviam sido claras a González, exterminar o movimento zapatista de uma vez por todas. 

Em maio do mesmo ano, Manuel Palafox, idealizador da lei agrária zapatista, entrou em depressão e começou a pregar a rendição do movimento, essa e outros problemas, o levou abandonar sua posição no quartel-general zapatista e se mudar para Veracruz, para evitar de ser morto por Zapata, o qual o vira como um traidor. 

"Em agosto, Zapata buscou nos líderes revolucionários que achava que poderiam apoiar a sua luta, mas Villa estava acabado, Felipe Ángeles estava no Texas (EUA) e Obregón não respondeu a sua carta. O zapatismo afundava cada vez mais; os secretários e chefes zapatistas buscavam acordos de maneira independente, muitas vezes sem conhecimento ou em clara contradição com as disposições de Zapata". (MEDINA, 2008, p. 140).

Zapata tentou procurar os outros líderes rebeldes, mas não confiava nesses, e além do mais, suas causas eram fracas e mesquinhas, girando em torno de questões políticas locais, a respeito do reconhecimento ou não da autoridade de Carranza, não tendo necessariamente ligação com o movimento agrário e indígenas. 

Em 1919, ano de eleições presidenciais, Carranza sabendo que não poderia se reeleger, já que assim determinava a constituição, procurava por um candidato seu a altura de continuar com seu programa, nesse caso ele cogitou o general Álvaro Obregón, porém, o mesmo não aceitaria o pedido de Carranza, vindo a se eleger candidato pela oposição, e um dos fatores que o levou a fazer isso fora o covarde assassinato de Emiliano Zapata.

Em março de 1919, Magaña e Soto y Gama pediram que Zapata deixasse a esfera pública e desiste da revolução e aceitasse a anistia concedida pelo presidente, permitindo que se exila-se fora do país. Porém, Zapata esta indeciso nessa época. A Comuna de Morelos já havia sido encerrada desde o ano passado, o estado estava tomado pelo exército de González, qualquer greve, protesto ou ataque, levaria a uma batalha. 

Embora sendo pressionado a assinar os pactos de rendição e fim do movimento, Zapata ainda tinha esperança de continuar com sua luta, e assim encontrou forças em uma possível aliança, um tanto improvável. Um oficial do general González, chamado Jesús Guajardo (1882-1920) fora acusado de insubordinação, parecia que o mesmo haveria de romper com as ordens de González, assim Zapata acreditava que Guajardo pudesse vim para o seu alado, e decidiu procurá-lo.

"Zapata, buscando selar alianças militares proveitosas, abandonou sua característica de ser terrivelmente desconfiado e enviou uma carta a Guajardo convidando-o a unir-se ao Exército Libertador do Sul. Essa carta foi interceptada por González, que mandou chamar Guajardo, acusando-o de traição. mas González já tinha um plano sinistro. Os dois redigiram uma carta na qual Guajardo aceitava incorporar-se ás fileiras zapatistas em troca de certas garantias". (MEDINA, 2008, p. 141).

Zapata aceitou as exigências e se encontrou com Guajardo em 9 de abril, onde combinou a reunião que teriam, para o dia seguinte, na Fazenda Chinameca. Zapata chegou a uma e meia da tarde e esperou até as duas horas, quando fora dado permissão que adentrasse na fazenda. O mesmo adentrou com dez guardas, sendo ovacionado com toques de clarim, enquanto Guajardo o aguardava diante da casa, porém, soldados do mesmo surgiram e fuzilaram Zapata e seus guardas. 

"Com a morte de Emiliano Zapata, morreu a verdadeira revolução, a revolução dos pobres do México. O corpo de Zapata foi exposto em Cuautla, para que todos os moradores ficassem convencidos de sua morte". (MEDINA, 2008, p. 142).


Cadáver de Emiliano Zapata sendo exposto em Cuautla em 10 de abril de 1919.
A morte de Zapata se espalhou pelo país, os seus fiéis aliados se rebelaram em vão, já que os zapatismo havia morrido. Com a morte de Emiliano, os de mais líderes decretaram o fim do ELS e do movimento, aceitando a rendição e a anistia oferecida pelo presidente. 

Em resposta a tal traiçoeiro ato, Obregón, que negou seu apoio a Carranza e em maio oficializou sua candidatura a presidência. No ano seguinte, fora convocado para participar de uma reunião na capital, lá fora acusado de está conspirando contra o presidente, elaborando um golpe de Estado. O general Roberto Cejudo o acusou perante a assembleia, porém Obregón aconselhado pelo seu amigo Juan Barragan, Chefe do Estado Maior, o aconselhou que fugisse, assim ele o fez e fora se refugiar em Sonora, onde contava com o apoio de Adolfo de la Huerta, velho amigo. Juntos dariam inicio no final do mês ao Plano de Agua Prieta. 

O Plano de Agua Prieta (1920)


Plutarco Elías Calles
Além da renúncia em ser candidato a presidência de Carranza, Obregón junto com o general Adolfo de la Huerta, na época governador de Sonora e o general e político Plutarco Elías Calles (1877-1945), aprovaram em 23 de abril de 1920 o Plano de Agua Prieta, concebido por Plutarco na cidade de Agua Prieta, no estado de Sonora. Uma das propostas do plano era negar o reconhecimento da legitimidade do governo de Venustiano Carranza o qual se encontrava no poder desde 1915. O plano fora concebido ainda em 1915, no entanto só agora fora posto em prática. Ao mesmo tempo, como forma de protesto, o plano reconhecia Sonora como um estado provisoriamente independente e a parte da constituição mexicana. O plano convocava os aliados a se oporem ao governo déspota de Carranza, encoberto por sua constituição, nesse caso, diferente de outros planos ele não incitava em se pegar em armas, a não ser que fossem ameaçados.

De la Huerta, além de governador era chefe do Exército Libertador Constitucionalista, e usou sua posição para ganhar apoio de outros governadores que não partidários ao governo de carranza, assim os estados de Guanajuato, San Luis de Potosí, Nuevo Léon, Queretáro entre outros, se aliaram a causa, e finalmente cogitou-se invadir a Cidade do México e depor o presidente. As tropas avançaram em direção a capital, porém Carranza estava praticamente indefeso, não esperava uma reviravolta dessas, então decidiu fugir com seus partidários, incluindo Ignacio Bonillas, seu candidato a presidência; a meta era fugir até Coahuila, estado natal de Carranza, onde esperava conseguir apoio para revidar ao plano. 

Porém, na fuga, Carranza fora traído por alguns dos guardas que o escoltavam, e por ordem do general Rodolfo Herrero, os mesmos executaram Carranza  na cidade de Tlaxcalatongo, em Puebla, durante a noite enquanto ele dormia. O último ditador havia caído.

O interinato de Adolfo de la Huerta

Em 1 de junho do mesmo ano, as Câmaras Federais nomearam o governador de Sonora, Adolfo de la Huerta, presidente interino do México. A missão de la Huerta era preparar o país até as eleições presidenciais que ocorreriam em setembro. Embora que também tratou de outros assuntos enquanto esteve na presidência. E um deles fora conseguir a rendição de Pancho Villa.


Adolfo de la Huerta, político e militar. Importante nome durante o período da revolução, assumiu como presidente interino em 1920. 
Em 28 de julho, la Huerta propôs a rendição de Villa e seu grupo de guerrilheiros, seria dada-lhe a anistia e uma fazenda no estado de Durango, terra natal do bandoleiro. Villa aceitou de bom grado, e largou as armas. O último grande líder revolucionário encerrava suas atividades. 

Enquanto isso, Huerta afirmou apoio oficial a candidatura do general Álvaro Obregón, e de fato esse venceu as eleições de 1920, assumindo a presidência em 1 de dezembro daquele ano. 


O presidente Obregón e seu gabinete presidencial em foto oficial de 1920.
Embora la Huerta tenha governado por poucos meses, os homens que elegeu para seu gabinete eram tão honoráveis e capacitados e de confiança, que Obregón manteve o mesmo quadro de funcionários. Assim, o mesmo governaria o país pelos próximos quatro anos, até ser substituído por Plutarco Elías Calles em 1924.

Tanto Obregón como Plutarco, decidiram não mexer na Constituição mexicana, a qual permanece até os dias de hoje. Em seus governos o país começou a recuperar seus desenvolvimento econômico gradativamente. Grandes revoltas camponesas e de operários como foram vistas anteriormente não voltaram a acontecer, a revolução havia terminado definitivamente.

Pós-revolução

Em 23 de julho de 1923, Pancho Villa havia deixado sua propriedade a Fazenda Canutillo, de carro, acompanhado de alguns amigos, eles iam para uma festa familiar na cidade, quando em uma emboscada feita pela polícia secreta e pistoleiros pagos por inimigos de Villa, fuzilaram seu carro, o matando junto com seus amigos. Um dos últimos grandes líderes revolucionários estava morto. 

Não obstante, uma das principais preocupações do governo de Obregón e de Calles, fora recuperar o desenvolvimento econômico do país.

"Por tal motivo foi idealizada uma série de obras destinadas a promover a reativação econômica industrial capitalista. Assim, foram feitas e consertadas novas linhas férreas, locomotivas e vagões foram comprados, pontes foram consertadas e a rede viária foi aumentada. Em 1940 todas as regiões industrias já estavam unidas entre si e em comunicação, o que constituía um fator importante para o desenvolvimento do comércio interno e externo". (LOZA, 2008, p. 175).

O México renegociou sua dívida com os americanos, criou novas oportunidades de exploração das jazidas petrolíferas, especialmente para empresas americanas. Indenizou os fazendeiros americanos que tiveram terras atacadas próximo as fronteiras com o México, e o mesmo fizera com os mexicanos. Fundou, novas companhais de produção de energia, de água, minas, siderúrgicas, indústrias de bens de primeira necessidade; reorganizou a definição legal dos ejidos, os quais foram doados para os indígenas e os pequenos camponeses, embora que tais parcelas de terras expressassem um número ínfimo de terras do país; reorganizou a divisão dos latifúndios; Algo que contribuiu para amenizar a questão agrária no país pelos anos seguintes, evitando que novos levantes ocorressem, embora que os privilegiados ainda continuaram a serem os latifundiários.

Embora o país começasse a sofrer mudanças na esfera econômica, política, educacional, social, cultural, etc., alguns problemas ainda se mantinham. O crescimento econômico não trouxe igualdade para todos, pelo contrário, em alguns aspectos aumentou a desigualdade, tal fato levou muitos historiadores a considerarem o governo pós-revolução como um governo meramente burguês. Mesmo assim, o país nos anos seguintes se tornaria bem diferente do que havia sido até então.

As oligarquias advindas da era porfirista estavam arruinadas. Os latifundiários, perderiam sua autoridade com o tempo, o governo voltaria para uma política populista, presidencialista, corporativista e nacionalista, algo que evitou novas revoltas, já que fora construída a imagem de uma verdadeira democracia, já que as leis para o sufrágio mudaram e as mulheres passaram a ter mais espaço na sociedade. Os militares pouco a pouco foram afastados da esfera política e o mesmo aconteceu com a Igreja, a qual em alguns aspectos sofreu com as reformas pós-1917, especial durante o governo de Calles, o qual desapropriou várias terras pertencentes a Igreja Católica, além de ter proibido a fundação de escolas religiosas, e ter deportado missionários estrangeiros do país. 

Em suma, embora problemas sociais ainda perdurassem naquela época e ainda continuam nos dias de hoje como em tantos outros países, definitivamente a Revolução Mexicana mudou a cara do México, mesmo que fosse para uma cara que não agradou a todos que participaram dos movimentos revolucionários. 

NOTA: Álvaro Obregón fora assassinado em 1928, tendo nesse ano vencido as eleições presidenciais. Mas devido a suas propostas anticlericais, fora morto por um seminarista enquanto almoçava em um restaurante. 
NOTA 2: Pancho Villa, era descrito como um homem mulherengo, e dizem que chegou a ter 75 mulheres e vários filhos.
NOTA 3: Villa se tornou um famoso bandoleiro e fora-de-lei em parte por que em 1914, fechou um negócio com a empresa cinematográfica Mutual Film Corporation, a qual passou a filmar suas batalhas e a encenar curta-metragens os quais foram exibidos em Hollywood e depois em outros cinemas dos EUA e do México. 
NOTA 4: As mulheres que lutaram na revolução ficaram conhecidas como adelistas ou soldaderas. No caso de adelistas, era uma referência a enfermeira militar Adelita Velarde Peréz, a qual chegou a estar no campo de batalha e a lutar algumas vezes. 
NOTA 5: Em 1929 fora criado o Partido Nacional Revolucionário (PNR) na tentativa de reunir os de mais partidos e criar um partido forte e de esquerda. O partido permaneceu até 2000, quando sofreu mudanças se tornando o Partido Revolucionário Institucional (PRI).
NOTA 6: O Zapatismo ainda existe nos dias de hoje, fora revivido em 1994, por um grupo de camponeses indígenas nas montanhas do estado de Chiapas. Posteriormente fora criado o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN). 

Referências Bibliográficas:
BUSTOS, Rodolfo Bórquez (org); MEDINA, Rafael Alarcón; LOZA, Marco Antonio Basílio. Revolução Mexicana: antecedentes, desenvolvimento e consequênciasTradução de Ana Corbisier, São Paulo, Expressão Popular, 2008.
VASCONCELOS, José. Breve História do México. 4a edição, México, Ediciones Botas, 1938. 
WOMACK JR, John. Zapata e a Revolução Mexicana. São Paulo, Edições 70, 1988.

LINKS:
Plano de San Luis de Potosí (em espanhol)
Plano de Ayala (em espanhol)
Plano de Agua Prieta (em espanhol) formato PDF
Constituição Mexicana original de 1917, como publicada no Diário Oficial

8 comentários:

Bruna da Silva Pinto disse...

coompleticimo, fala soobre tudo detalhadamente, foi a melhor pesquisa que eu achei

Leandro Vilar disse...

Que bom que achasse o texto bem completo. Tentei escrever de forma coesa e que abrange-se os principais aspectos, pois existem livros sobre o assunto, e aqui é apenas um artigo.

yan disse...

Bom esse site é muito bom fala sobre tudo , mais eu queria fazer um resumo e não sei , por que é muito grande a historia mt detalhado tem como você me ajudar ?

Leandro Vilar disse...

Essa semana estou ocupado, pois tenho um mini-curso sobre história da arte para assistir, e irei apresentar dois trabalhos em uma universidade.

Mas, me diga exatamente o que você quer, que tipo de resumo, qual finalidade e o prazo. Aí posso pensar na viabilidade ou não de poder te ajudar.

Priscila disse...

Ola
Boa noite Leandro, vc poderia me indicar fontes da época sobre o período da Revolução Mexicana.

Leandro Vilar disse...

Priscila eu não cheguei a usar fontes primárias. Uma delas são os jornais. Mas vou procurar a respeito e te informo.

Priscila disse...

Desde já agradecida Leandro.

Leandro Vilar disse...

Bom dia, Priscila. Dê uma olhada nesses sites e trabalhos:

http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/VGRO-7YBGJB

http://www.capitalmexico.com.mx/nacional/el-periodismo-durante-la-revolucion-mexicana/

http://archivomagon.net/periodicos/

https://es.wikipedia.org/wiki/Regeneraci%C3%B3n_(peri%C3%B3dico)

http://archivo.eluniversal.com.mx/notas/710112.html