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Leandro Vilar

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

África Dourada: Tombuctu, Zanzibar e o Grande Zimbábue


Este trabalho abarcou a história da África e de alguns de seus povos entre o recorte temporal dos séculos XI ao XIX, dando especial ênfase a história das cidades de Tombuctu, hoje localizada em Mali, outrora pertencente ao Império do Mali, posteriormente ao Império Songhai e a outros reinos. A segunda cidade, diz respeito à cidade de Zanzibar, capital homônima da ilha onde está localizada, com suas várias cidades. Mas nesse caso, tratarei Zanzibar como o todo e as cidades-estados vizinhas. Atualmente a ilha pertence ao território da Tanzânia. Por fim, falarei do Estado do Grande Zimbábue, posteriormente uma das principais cidades do Império Monomotapa. Este trabalho procurou evidenciar alguns fatos históricos, ligados ao comércio, economia, política, organização social, religião, guerras e relações culturais, tendo como base as três cidades mencionadas, inseridas nos contextos de seus povos dominantes e dos povos que ali passaram. 

TOMBUCTU

A cidade de Tombuctu, Timbuktu ou também Tombouctou, fica localizada na região homônima, no que hoje compreende o território de Mali, na região da África Ocidental, próxima ao rio Níger, sua principal fonte de água. É uma cidade de porte razoável, com mais de cinquenta mil habitantes, a qual conta com um aeroporto municipal, possui arquitetura peculiar, vista em poucos locais do mundo, onde suas casas são construídas de tijolos de barro, com janelas pequenas e os telhados não possuem telhas. Suas construções mais imponentes são as mesquitas, verdadeiras torres peculiares que se erguem nesta paisagem árida. 

A cidade hoje é um dos principais pontos turísticos do país, devido ao seu legado histórico que advém desde o século XII, mas especialmente das histórias contadas pelos marroquinos e europeus nos séculos XVIII e XIX. Período este onde muitas expedições europeias, especialmente vindas da França, procuraram alcançar esta cidade, tida por alguns como um mito. Mas, em meio a estas histórias fantasiosas que percorriam a França dos séculos XVIII e XIX, falarei aqui, a história desta cidade, a qual por longos anos, foi um dos principais centros político-econômicos do comércio transaariano.

Vista de um dos bairros atuais em Tomboctu, Mali. 

"A África Ocidental compreende os territórios entre os rios Senegal e Cross. Além desses, estão localizados nessa região os rios Gâmbia, Volta e Níger, todos considerados os mais importantes meios de comunicação, desaguando no oceano Atlântico. Também se insere nessa área as terras ao redor do lago Chade". (MATTOS, 2009, p. 15).

Tombuctu foi fundada por volta do ano 1100, pelos tuaregues Magcharen, povo nômade do deserto, conhecido por serem comerciantes da região. Fato curioso este, já que quando pensamos em deserto, não imaginamos que possam existir rotas comerciais por este tipo de lugar. Mas, a realidade não foi bem assim. O mesmo se aplicou com a Rota da Seda na Ásia, onde a mesma atravessava em grande parte de seu percurso, desertos. 

Fotografia de tuaregues, povo fundador da cidade de Tomboctu.

Por mais que o Saara seja o maior deserto quente do mundo, o mesmo foi atravessado por várias rotas comerciais, vindas de norte-sul, oeste-leste. E nas paradas destas rotas, começaram a se desenvolver assentamentos, que se tornaram vilas e posteriormente cidades, à medida que iam enriquecendo com o comércio de ouro, sal, escravos, cavalos, noz-de-cola, cobre, ferro, etc. Esse foi o caso de Tombuctu, a qual se tornou uma cidade formada a partir do comércio transaariano e da expansão islâmica africana.

Parte dos povos que viviam e ainda vivem na região saariana, são muçulmanos, herança provida da expansão árabe iniciada por volta do século VIII. Nesse caso, os tuaregues Magcharen, eram muçulmanos, assim eles disseminaram a fé do islã nesta região, construindo-se mesquitas, alfabetizando as pessoas no idioma árabe. Diferente do cristianismo, o qual não visava uma preocupação em se ensinar seus seguidores a ler e escrever, para que pudessem compreender e interpretar os ensinamentos contidos na Bíblia, por conta própria; no islamismo, havia a preocupação que cada fiel, pudesse ler por conta própria os ensinamentos de Alá, contidos no Alcorão, para que pudessem realizar suas orações e ao mesmo tempo, pudessem converter mais fiéis para a religião.

Todavia, Tombuctu não ficou sob o domínio dos tuaregues o tempo todo, ela seria conquistada por outros povos, dentre estes os songais, povo que havia desenvolvido um pequeno reino, e que posteriormente a queda do Império do Mali, se tornaria um poderoso império, que dominaria a região. Os songais eram conhecidos por serem comerciantes de cavalos, escravos, ouro, cobre, tecidos e vidro. Alguns destes produtos vinham do Egito, Marrocos e até da região mediterrânea da Europa.

Os songais eram um povo originário da região de Dendi, próxima as margens do rio Níger, região esta que compreende atualmente parte dos territórios da Nigéria e de Benin. Desde o século VII eles já praticavam o comércio com os povos locais e posteriormente os árabes-berberes (designação dada à miscigenação entre os berberes povos nativos da África e os árabes). O reino de Songai tinha como capital a cidade de Cuqia, e a cidade de Gao era um dos principais centros econômicos da região. Quando Tombuctu começou a se tornar um importante centro econômico por volta do século XIII, isso chamou a atenção dos songais, e ao mesmo tempo de outros povos também, e dentre estes os malinquês, queitas e os mandingas, povos fundadores do Império do Mali, com a capital localizada na cidade de Koumbi-Saleh

"Um dos reinos mais importantes da savana ocidental, sobretudo entre os séculos XIII e XV, era o Mali, localizado no alto do Níger. A origem desse reino está nos povos de língua mande, que viviam em um kafu – conjunto de aldeias cercadas por terras cultivadas no vale do Níger, que formavam pequenos estados, governados pelos famas -, donos da terra, descendentes dos primeiros habitantes da região". (MATTOS, 2009, p. 21-22).

Os malinquês sucederam o domínio da região, após terem aproveitado para conquistar o poder regional, após a queda do Império de Gana, o qual existiu entre os séculos IV ao XI. 

“O Mali incorporou ao seu domínio o que teria sido o Império de Gana, o país sosso, os territórios compreendidos pelos rios Gâmbia, Senegal e o alto Níger e também as minas de ouro de Bambuk e de Buré”. (MATTOS, 2009, p. 22).

Os malinquês também chamados de maninkas, eram habitantes do reino ou país do Malel, também chamado por alguns historiadores árabes da época, de Kiri ou Manden (Mandingo). Este reino teria por volta do século XII e XIII conquistado seus vizinhos, como o reino de Do e Songai, assim constituindo o império de Manden ou Mali.

Na segunda metade do século XIII, o rei Uli, expandiu os domínios de seu império, passando a dominar os importantes centros comerciais da região do Sael: Ualata, Tombuctu, Jenné e Gao, além de subjugar outros povos, e passar a cobrar destes tributos à Coroa. Com a conquista destes centros comerciais, o império se tornou um dos mais prósperos do continente, entre os séculos XIII e XIV. A cidade de Jenné era um importante centro agrícola e comercial próximo das florestas, e realizava a ligação destas com a savana e o deserto ao norte. Lá se produzia milhete (tipo de milho), sorgo, arroz, algodão, criava-se gado, exportava-se couro, artesanato, ferro, cobre, madeira, barro e ouro. Parte desta produção seguia para a cidade de Tombuctu, mais ao norte, lá estes produtos seriam trocados por outras mercadorias, como sal, escravos e cavalos, trazidas do Mediterrâneo, do Egito, Marrocos e do Oriente Médio.

"Valentim Fernandes descreve que, em Tombuctu no século XVI, o sal, trazido em camelos, abastecia as almadias (grandes embarcações feitas em um só tronco), que se dirigiam à Jenné, onde era trocado por ouro, vindo da região dos povos aças e de Lobi, no Volta Negro. De Jenné, o sal rumava à savana e, dali, à floresta, carregado em pedaços por escravos". (MATTOS, 2009, p. 23).

Nessa região, o sal era tão valioso quanto o ouro, já que o mesmo, além de ser utilizado como tempero, sua principal utilidade estava em se conservar a comida, especialmente a carne. Dessa forma, vender sal era algo bem lucrativo. Não obstante, depois do sal, os cavalos eram as mercadorias mais caras vindas do norte e nordeste, eram animais raros na região e muito cobiçados, especialmente os cavalos voltados para o uso militar. Cavalos puro sangue, especialmente os de origem árabe, poderiam valer em certos mercados, de dez a quinze escravos, e alguns até mesmo chegar à cifra de vinte escravos. Em algumas guerras que ocorreram, a disponibilidade de uma cavalaria foi a linha divisória entre ser conquistado ou torna-se o conquistador.

O ouro, o sal, o cobre e as nozes-de-cola desempenharam papel importantíssimo na economia do Mali. O império possuía numerosas minas de ouro, o que o tornava o maior produtor de metais preciosos do Velho Mundo”. (NIANE, 2010, p. 187).

Tombuctu ainda permaneceria até o século XIV sob o domínio do Mali, vivenciando durante o reinado do mansa (designação dada ao rei) Sundiata Keita, o qual teria governado cerca de vinte anos durante o século XIII, o início de sua ascensão.

Gravura retratando a chegada de uma caravana em Tomboctu. Ao fundo pode-se ver as torres das três mesquitas da cidade.

Sundiata Keita foi considerado por alguns historiadores por muito tempo como um rei lendário, devido à falta de documentação que comprovasse sua existência e a época de seu reinado. As melhores fontes sobre sua vida advêm da tradição oral transcritas pelos viajantes árabes. As fontes apontam que Sundiata Keita tivera uma infância difícil, já que havia tido um problema de paralisia muscular, que o incapacitou por longos anos de andar direito. Já adulto, recuperou a saúde e se tornou líder de seu clã, porém os clãs inimigos ameaçaram a sua vida e de seus familiares, então Sundiata fugiu com sua mãe e seu irmão indo ganhar abrigo em Koumbi-Saleh. 

Lá ele passou a trabalhar para o governador local e ganhou fama com seu bom trabalho, isso chegou aos ouvidos do rei, e Sundiata foi escolhido para liderar um dos exércitos do monarca na Batalha de Kirina. Sundiata não teve muita expressividade no confronto, porém a vitória conquistada lhe rendeu algumas homenagens junto aos demais comandantes que participaram da batalha. Posteriormente ele passou a deter maior autoridade, respeito e poder como chefe militar e chefe local, e em meio aos confrontos que se seguiram, Sundiata se notabilizou ao conquistar a cidade de Sosoe, além disso, ele subjugou seus inimigos e opositores, e se tornou o novo mansa do Mali. Sundiata Keita passou a ser chamado por vários nomes e títulos, que prediziam seus feitos como conquistador e governante.

"Sundiata foi homem de muitos nomes: na língua soninke chamavam-no de Maghan Sundiata, o que quer dizer “rei Sundiata”; em maninka, foi conhecido como Maridiata, ou “senhor Diata” (leão); também teve os nomes de Nare Maghan Konate, isto e, “rei dos Konate, filho de Nare Maghan”, e Simbon Salaba, “mestre-caçador de fronte venerável”". (NIANE, 2010, p. 151).

Sundiata promoveu uma série de campanhas militares, anexando os territórios vizinhos e mantendo os antigos domínios, como os das cidades de Jenné, Gao e Tombuctu. O mansa convocou a vinda de homens letrados e estudiosos para a Corte, onde converteu-se ao islamismo, porém em seu governo não se reconhece uma forte divulgação do islamismo, já que por mais que a Corte fosse muçulmana, grande parte da população ainda mantinha suas religiões maternas. O mansa, também foi um governante condizente, deixando que algumas instituições políticas, sociais e econômicas se mantivessem nas terras conquistadas, sem precisarem adotar o modelo do império. Sundiata também transferiu a capital de Koumbi-Saleh para a pequena cidade de Niani a qual passaria a ser conhecida também como Malli. A cidade após torna-se capital do império cresceu e prosperou.

"A cidade desenvolveu-se rapidamente na vasta planície, tornando-se a capital política e econômica do império. Duas grandes pistas partiam de Niani: a rota do Manden, que apontava para o norte (Manden sila) 50, e a rota das caravanas (Sarakolle sila), orientada para nordeste. Esta ultima seguia pelo passo que separa o monte Niani do monte Dauleni Kuru (ou montanha da Porta Vermelha). Niani atraiu tanto mercadores negros quanto árabo-berberes. Ibn Battūta, que a visitou em 1353, chamou-a de Malli". (NIANE, 2010, p. 154).

Mapa retratando o território do Império do Mali em sua máxima extensão em 1350. Em destaque a capital Koumbi Saleh e as três principais cidades do império.

Sundiata Keita morreu por volta de 1250 ou 1255, às causas de sua morte ainda são um mistério e envoltas em lendas, já que o próprio se tornou um herói para seu povo e até mesmo um mito. Todavia, após a morte de Sundiata, seu filho Yerelunku, assumiu o trono e governou por cerca de vinte anos, após a morte deste, o império entrou em decadência vivenciando conflitos internos pela sucessão e governantes de pouca expressão. A realidade só mudou no século seguinte, sob o governo de um dos sobrinhos de Sundiata, Kanku Musa, o qual ficou conhecido como o mansa Musa I, um dos mais ricos governantes do Império do Mali. Durante seu reinado de 1307 a 1332, o império recuperou sua glória e vivenciou seu último apogeu. Musa I ficou conhecido por realizar uma peregrinação até Meca, dever de todo muçulmano. Em sua viagem extravagante, narrada por vários escritores e historiadores árabes, o rei levou consigo um enorme cortejo e por onde passou dava presentes em ouro e joias, esbanjando as riquezas de seu império. Ao retornar, trouxe consigo estudiosos da Arábia e do Egito, para promover reformas educacionais, políticas, religiosas e arquitetônicas em seu império. 

Retratação do mansa Musa I em um mapa árabe.

"Certamente impressionado pela beleza e majestade dos palácios do Cairo, mansa Mūsā voltou ao seu país com um arquiteto, o celebre Ishāk al-Tuedjin, que construiu a grande mesquita de Gao (da qual hoje só restam algumas ruínas e parte do mihrāb. Em Tombuctu, o arquiteto do imperador ergueu a grande mesquita ou djinguereber, e um palácio real ou madugu. Mas a mais bela obra de al-Tuedjin foi, sem duvida, a celebre sala de audiências construída em Niani, na qual empregou todos os recursos de sua arte". (NIANE, 2010, p. 168).

Com sua morte, seu filho e sucessores levaram o império à decadência. Rixas entre clãs pelo poder levaram a intrigas, assassinatos, conspirações e traições, que ocasionaram a morte de alguns soberanos e a derrubada de outros. No século XV a porção oriental fora perdida para os songais e a economia do império voltou-se para o litoral, ficando restrita a região do rio Gâmbia, mesmo assim fora o suficiente para promover a sustentação do império por vários anos. Posteriormente os últimos resquícios do império passaram a comercializar não apenas com os árabes, mas com um povo de homens recém chegados do norte, vindos da Europa. Este povo eram os portugueses.

“O velho império, atacado pelo leste e pelo oeste, precisou enfrentar ainda outra ameaça, não menos perigosa, apesar de velada: a ingerência portuguesa na vida política do oeste africano”. (NIANE, 2010, p. 205).

Em 1433 os tuaregues reconquistaram Tombuctu e outras cidades da região do Sael, privando de uma vez o acesso do malinenses a região oriental e ao comércio transaariano. Esse duro golpe fora um dos fatores que levou ao fim do império no século XVI, somados aos constantes ataques sofridos. Mesmo assim, o Império do Mali fora um dos mais populosos, extensos, poderosos e prósperos.

"Pode-se admitir que a população do Mali chegava, a época, a 40–50 milhões de habitantes. Os vales dos rios Níger e Senegal constituíam verdadeiros formigueiros humanos. No século XIV, Niani, a capital, contava pelo menos 100 mil almas". (NIANE, 2010, p. 175).

Com a queda do Império do Mali, pequenos Estados se constituíram e reinos se formaram e passaram a se digladiarem. Nesse caso, os songais aproveitaram o momento e o espaço gerado pela queda do império para tomarem o poder.

Mapa retratando o território do Império Songhai em sua máxima extensão no final do século XVI.

"Já no inicio do século XV, os songais atacaram e submeteram várias localidades do Império Mali, entre elas as aldeias bambaras e o reino de Mesma. Essas conquistas foram o pontapé inicial para a grande expansão do reino Songai, sob o comando de Soni Ali, que incorporaria as principais cidades do comércio transaariano: Tombuctu, Jenné, Ualata". (MATTOS, 2009, p. 27).

Será entre os séculos XV e XVI que Tombuctu alcançaria o seu apogeu como centro econômico, político, cultural e difusor do islamismo.

"Conquistada por SunnĪ ‘AlĪ por volta de 1468, Tombuctu alcançou o apogeu no século XVI: teria cerca de 80 mil habitantes no reinado do askiya Dāwūd. Era então a capital econômica do império, cidade sagrada do Sudão, celebre pelos homens santos e pela universidade". (CISSOKO, 2010, p. 232).

As três grandes mesquitas da cidade Djinguereber, SĪdĪ Yahyā e Sankore eram centros difusores dos ensinamentos do Alcorão e do saber árabe. A cidade contou com cerca de 124 escolas corânicas (escolas voltadas para o ensino do Alcorão) além de uma universidade, a mais importante do império, onde se ensinavam matemática, arquitetura, astronomia, medicina, história, geografia, direito, etc. Durante o século XVI, milhares de pessoas passaram por Tombuctu, e milhares se formaram e estudaram em sua universidade e escolas. Isso tudo graças à gerência de bons governantes como o askiya (designação dada ao rei dos songais da Dinastia Askiya) Muhammad I e um dos seus filhos, o askiya Dawud.

Vista do minarete (torre) da mesquita de Djinguereber, Tomboctu.

"O Askiya Muhammad foi um soberano esclarecido que se interessou por todas as atividades do império. Além de ter encorajado o comércio, que muito enriqueceu o país, esforçou-se por estabelecer e controlar a utilização de instrumentos de medida, por garantir a pronta aplicação da justiça pelos cádis e por assegurar a ordem nos negócios, criando, para isso, um corpo de inspetores de mercado. Teria construído um canal na região de Kabara-Tombuctu. Incentivou a agricultura criando numerosas colônias de cultivo, povoadas de escravos trazidos das guerras e, principalmente, diminuindo os impostos pagos sobre os produtos agrícolas. Favoreceu, ainda, o desenvolvimento dos estudos, distribuindo presentes e pensões aos ulemás, e, sobretudo, cercando-os de respeito. No entanto, o soberano sofreu o infortúnio de ter muitos filhos e permanecer por muito tempo no poder". (CISSOKO, 2010, p. 216). 

Muhammad I fora derrubado do poder pelos próprios filhos, os quais o sucederam e continuaram a lutar entre si pelo poder. Em 1549 o seu filho Dawud assumiu o trono e governaria até a sua morte no ano de 1583. Dawud como o pai promoveria reformas que melhorariam em muito a vida no império e sua prosperidade.

"O império alcançou o apogeu durante o reinado do askiya Dāwūd, prosperando econômica e intelectualmente. O vale do rio foi intensamente cultivado e as grandes cidades de comércio mostraram-se mais ativas do que nunca. Era a época em que as caravanas transaarianas suplantavam as caravelas atlânticas, conforme narra V. M. Godinho. A prosperidade geral trouxe grandes lucros ao askiya, que chegou a amealhar um tesouro com o numerário proveniente das taxas sobre o comércio e as terras imperiais. Seus armazéns recebiam milhares de toneladas de cereais recolhidos através do império. Como o pai, Dāwūd foi grande mecenas. Honrou os homens de letras, cumulando-os de consideração e presentes. Contribuiu para a restauração de mesquitas e para o sustento dos pobres". (CISSOKO, 2010, p. 217).

Com sua morte em 1583 seus irmãos assumiram o poder, mas os mesmos se mostraram despreparados e fracos no poder, levando a instabilidade da ordem que havia permanecido por quase quatro décadas durante o reinado de Dawud. Em 1586, no reinado de Muhammad IV uma guerra civil pelo poder eclodiu, a guerra se alastrou pelos anos seguintes, e o império fragilizado fora uma presa fácil para a cobiça dos sultões marroquinos. Em 1591, os marroquinos invadiram o Império Songai e o conquistaram. Os paxás marroquinos foram incumbidos de acabar com possíveis focos de resistência e o maior de todos se encontrava em Tombuctu, a capital cultural do império Songai. Centenas de homens letrados e dezenas de ulemás (teólogos muçulmanos) foram perseguidos, mortos ou enviados para o exílio no Marrocos. Tais homens representavam uma ameaça política para os conquistadores marroquinos.

Tombuctu perderia seu brilho de outrora, e permaneceria quase como um pequeno Estado independente, governado pelos arma (designação do chefe local) submetidos ao governo dos paxás marroquinos até o século XIX, quando os franceses a conquistariam de vez.

"De 1646 a 1825, cento e quarenta e cinco paxás foram nomeados em Tombuctu, tendo a maior parte saído das três linhagens dos Tazarkini, Mubarak AL-Dar’i e AL-Za’ri. A esta última linhagem pertencia o paxá Mansūr b. Mas’ūd AL-Za’ri que, em 1716, havia tomado o poder pela força, exilado todos os seus oponentes e instaurado em Tombuctu um regime de terror sem igual nos anais da cidade". (ABITBOL, 2010, p. 366).

Gravura francesa retratando Tomboctu no final do século XIX.

No século XIX, algumas expedições européias foram organizadas para se desbravar o interior do continente africano e nesse caso chegar até Tombuctu. Desde o século XVIII mercadores árabes, marroquinos, berberes e outros contavam histórias sobre uma cidade muito rica em ouro, jóias, cereais etc. Isso atiçou a cobiça dos europeus, levando alguns a acreditarem que esta cidade não fosse real, que fosse uma espécie de “El Dorado africano”. De qualquer forma algumas expedições foram organizadas e algumas tiveram sucesso, conseguindo chegar até a cidade, dentre elas destaco quatro. Em 1826, o escocês Gordon Laing partindo de Trípoli (atual capital da Líbia) chegou a Tombuctu. No ano seguinte fora a vez do explorador francês René Caillé. Entre 1853 e 1854, professor de Geografia Comparada, o alemão Henri Barth, a serviço da Coroa Britânica, conseguiu chegar à cidade. Por fim, em 1894 os franceses conquistaram definitivamente Tombuctu. 

Fotografia de um dia de feira em Tomboctu, século XIX.

ZANZIBAR

Localizada na Costa Oriental do continente africano, hoje costa da Tanzânia, o arquipélago de Zanzibar, dista da costa 36 km, possuindo um território de 1.658 km2, contando com uma população de mais de 300 mil habitantes, sendo que a capital Zanzibar abriga um terço deste total. Zanzibar tem como ilha vizinha, a ilha de Pemba, as quais ambas formam o território insular da Tanzânia com 2.642 km2 com uma população de mais de 500 mil habitantes. A ilha central de Zanzibar é cortada por pequenas colinas, com vegetação tropical, clima quente e úmido, praias de areias brancas, águas cristalinas, proporcionando local bem procurado para o turismo. Somando-se a sua bela paisagem natural, o centro histórico de algumas cidades da ilha, em especial a Cidade de Pedra (Stone City) na capital, fascina com sua arquitetura despojada e tipicamente árabe com influência dos povos europeus que aqui passaram e colonizaram a ilha. Além do turismo, o arquipélago também tem como principal fonte de renda, a pesca, a coleta de frutos do mar, o cultivo e exportação de cravo-da-índia, arroz e coco. A ilha de Pemba também dispõe dos mesmos produtos.

Mapa do arquipélago de Zanzibar e das ilhas de Pemba e Mafia.

Se hoje Zanzibar resume-se mais como um local turístico, no passado ela fora uma das regiões mais influentes do comércio no Índico, chegando a permanecer por algumas décadas como o principal centro econômico e político da Costa Oriental. Mas, antes que o arquipélago chegasse a este estado, por alguns séculos, Zanzibar fora apenas mais uma ilha com suas cidades mercantis, que disputavam as melhores rotas de comércio no litoral e no oceano.

Vista do Palácio do Sultão, na Cidade de Pedra em Zanzibar.

O comércio marítimo da Costa Oriental já é bem antigo, fontes sugerem que já existia um comércio marítimo ao largo da costa, efetuado pelas cidades costeiras desde antes de Cristo. Após o século VIII com o inicio da expansão muçulmana no Oriente Médio que adentraria a África, os árabes em menos de um século chegariam a esta região e passariam a tomar o controle destas cidades e terras. E nos séculos seguintes o comércio africano deixaria o litoral e atravessaria o Índico chegando a Ásia e até mesmo o Atlântico, a Europa e as Américas.

Os povos que habitavam estas cidades mercantis eram chamados de swahili ou suaíli, possivelmente originários do Reino de Xunguaia no interior do continente que vieram a partir do século VI se estabelecerem cada vez mais próximo da costa. Eram caçadores, agricultores, pastores cuxitas, conheciam a metalurgia e falavam uma língua banta. Estes povos não se apresentavam como uma comunidade homogênea havia distinções culturais, sociais e políticas que os estratificavam em grupos, subgrupos e clãs. Tais disparidades se acentuariam pelos séculos seguintes, especialmente a partir do século XII quando as cidades ficaram cada vez mais ricas e poderosas e o comércio alcançara recantos mais longínquos da Ásia. Não obstante, os povos swahili, também sofreriam através da miscigenação as influências culturais dos vários povos estrangeiros que ali passaram: árabes, persas, otomanos, indianos, portugueses, ingleses, holandeses, franceses, etc.

"Na verdade, a cultura suaíli é uma modalidade regional da cultura muçulmana; regional porque marcada pela própria cultura da África Oriental, que foi assimilada pela suaíli em larga medida. O kiswahili tornou-se a língua veicular dos povos da costa, constituindo, ainda que tenha emprestado do árabe um grande número de palavras ao longo dos séculos, o principal bem africano para a cultura suaíli. Há outros, também de certa importância, dentre os quais podemos citar: os rituais praticados na ocasião dos nascimentos, dos casamentos, dos funerais e da investidura dos chefes; a crença nos espíritos e as danças tradicionais. A cultura suaíli resulta “do cadinho constituído pelo meio urbano dos valores e dos costumes de vários povos originários tanto da África quanto de outras regiões na borda do Oceano Índico”. (SALIM, 2010, p. 888 apud ALLEN, 1976, p. 17-18).

Nesse caso, a influência da cultura árabe e do islamismo seria a mais forte sentida na região oriental, a ponto de que em algumas cidades, se ergueriam mesquitas, escolas corânicas, as mulheres usariam burcas, as pessoas se vestiriam como os árabes; se falaria a língua árabe ou uma língua intermediária, uma mistura entre o árabe e o banto, e os seus chefes passariam a adotarem os títulos de sultão ou xeque.

"No plano social, havia disparidades, na medida em que existia uma classe dirigente isolada e distinta da massa de homens livres. A estrutura formal da sociedade continuava fundamentada em clãs ou grupos étnicos, mas continha elementos de diferenciação por classes. Pois, embora considerados iguais aos outros, os membros da classe dirigente sobressaiam por serem ricos e porque suas funções tradicionais lhes conferiam influencia especial. Ao lado da classe dirigente, encontravam-se outros indivíduos que eram ricos, mas não tinham acesso ao poder e a influencia atribuída pela tradição. Pois sua riqueza se originava do comercio. Gente comum formava a massa da população swahili". (MATVEIEV, 2010, p. 511-512).

Por volta do século IX a região começaria a prosperar, cidades-Estados como Quíloa (ou Kilwa), GediPateLamuMogadixo (ou Mogadiscio), MombaçaMafiaMelinde (ou Malindi), MoçambiqueSofala, Zanzibar (antigamente chamada de Ungudja) e outroas começariam a despontar no comércio regional, mesmo assim ainda estariam longe de serem grandes centros comerciais. Todavia por mais que o comércio viesse a ser a principal forma de se conseguir fortuna, poder e status, tais cidades-estados deveriam ter o que comercializar, deveriam produzir algo para se valer a pena atravessar o oceano para vim comprar ou vender algo ali. O viajante e historiador árabe Al-Mas’udi no século X em visita a estas cidades e regiões, descreveu que havia uma abundância no cultivo de bananas, cocos, sorgo, inhame, feijões, milhete, legumes, e até mesmo faz menção a culturas de cana-de-açúcar e tamarindo. Ele também faz menção à fartura de pescado, de frutos do mar, especialmente de mariscos. O geógrafo, historiador e viajante Ibn Battuta (1304-1377) também visitou a região entre os anos de 1331 e 1332, e falou sobre a variedade de produtos alimentícios, além de falar da produção metalúrgica, de cerâmicas, de tecidos e até mesmo do comércio de pérolas, escravos, conchas, peles, marfim e ouro.

Mapa retratando a Costa Oriental africana e suas principais cidades-Estados mercantis. Mapa retirado do livro História Geral da África – vol. V: África do século XVI ao XVIII.

"A pesca e a coleta de frutos do mar eram tão importantes quanto à agricultura; são mencionadas pelos autores árabes, que aludem frequentemente ao consumo de peixes, frutos do mar e moluscos pela população local. Mas o oceano não fornecia recursos apenas para a alimentação. Fontes árabes informam-nos sobre a coleta e a venda de perolas, conchas, carapaças de tartarugas marinhas, âmbar. O peixe não só era consumido no local onde era pescado como também era vendido, o que leva a supor uma atividade pesqueira em grande escala. Sabe-se que as conchas eram utilizadas para a manufatura de pratos, colheres e colares. De modo geral, os relatos árabes falam dessas atividades em todo o litoral, sem maiores detalhes geográficos". (MATVEIEV, 2010, p. 513 apud MISIUGIN, 1972, p. 165-177.

Gravura portuguesa retratando a cidade-Estado de Mombaça.

Algumas cidades-Estado possuíam suas próprias especialidades: Quíloa era uma eximia produtora de cerâmica vermelha, cultivadora de frutas como bananas, limões, cocos, cereais, sal, gado, além de exportar produtos de ferro e cobre. Mombaça e Mogadixo, as quais ficavam mais ao norte, eram conhecidas pelo cultivo do algodão e a produção de tecidos, chegando a exportar para o Egito, Jerusalém, Síria, Arábia e Pérsia. Sofala, localizada mais ao sul, era o principal distribuidor de ouro da costa, tendo acesso direto às minas de ouro no interior do continente, minas estas as quais pertenciam ao Grande Zimbábue entre os séculos XIII e XV. Zanzibar e Pemba eram produtoras de arroz, peixe seco e coco. Melinde exportava marfim, cera de abelha, copal, e posteriormente passou a exportar grandes quantidades de arroz e milhete.

Gravura portuguesa retratando a cidade-Estado de Quíloa.

Por volta do século XII o islamismo começou a acentuar sua influência, mas sua consolidação se daria de fato por volta do século XV e XVI, mas não seria homogênea. Ao mesmo tempo, à medida que as cidades iam enriquecendo, isso atraia a cobiça de outros povos, o que levou a estas cidades-estados a construírem fortificações, muralhas e a formarem exércitos e marinhas para se protegerem dos ataques que vinham do continente e de outros continentes.

Esta riqueza e estes contatos influenciaram o desenvolvimento econômico, social e cultural da África oriental. Por um lado, as aldeias transformaram-se em cidades. Por outro, formou-se na sociedade swahili um grupo influente, que começou a competir pelo poder com a antiga nobreza, cujos domínios e influencia eram associados a funções sociais tradicionais. Para reforçar sua posição, o novo grupo tinha necessidade de uma nova ideologia, o islamismo, conhecido através de contatos com árabes e persas. (MATVEIEV, 2010, p. 525).

Enquanto tais cidades se fortificavam, o comércio com a Ásia se acentuava. No século XV, já existia comércio com a Índia, com a Indonésia e com a China de forma indireta. Se por um lado, os africanos exportavam várias mercadorias para estes locais, eles também importavam tantas outras: do Egito, vinham-se tinturas, jóias, lápis-lazúli, turquesas; da Arábia e da Pérsia, vinha-se cerâmicas, azulejos, jóias, incenso, mirra, vidro, etc. Da Índia, importava-se tecidos, como a seda e o cetim, jóias, ouro, vidro, cravos-da-índia, algumas espécies de pimenta, baunilha e outras especiarias. Da China, importavam-se principalmente cerâmicas e porcelanas. Havia também comércio com Madagáscar, Síria e Jerusalém.

"Importavam-se cada vez mais porcelanas da China, principalmente celadons, frequentemente azulados. Encontrou-se grande numero de celadons em forma de lótus. A porcelana de barro branco-azulado, de estilo antigo, era mais rara. No entanto, havia muitas cerâmicas chinesas verde-pálidas, com desenhos negros incisos sob o esmalte. Também era maior a quantidade de contas em forma de bastonete, comparada ao numero daquelas com incisões; ao mesmo tempo, começaram a surgir contas alongadas azul-cobalto. Os vasos de esteatita deixaram de ser importados, embora, aparentemente, os objetos de vidro continuassem os mesmos". (MATVEIEV, 2010, p. 521).

"Em contra partida, além de mercadorias estas cidades também sofreram a influência cultural destes povos, as quais se acentuariam a partir do século XVI com a influência dos europeus. “As influências da Arábia, da Pérsia e da Índia, proporcionadas, em grande medida, pelas relações comerciais no Índico podem ser notadas em vários aspectos, na arquitetura das construções, das fachadas, dos túmulos etc”. (MATTOS, 2009, p. 46). 

No ano de 1498, o navegador português Vasco da Gama em viagem para as Índias, visitou as cidades de Mombaça, Melinde e Mogadiscio. Vasco não chegara a visitar Zanzibar mas a avistara em sua viagem. Em seu relato, ele dissera que havia ficado fascinado com o que vira, descrevendo que tais povos eram bem mais desenvolvidos do que se supunha serem; além disso, ele também falou que as cidades eram grandes, com casas de até três andares, os ricos se vestiam bem e utilizavam muitos anéis e braceletes de ouro, os portos eram cheios de mercadorias e navios.

Vasco da Gama (1469-1524)

Já nos idos do século seguinte, os portugueses seriam os primeiros europeus a se estabelecerem de fato na região. Em 1505, eles tomaram a cidade de Sofala, em 1508 fora a vez de Moçambique e no ano seguinte constituíram uma feitoria na ilha de Zanzibar. De 1510 a 1520 eles continuaram tentando conquistar outras cidades ao longo da costa, no que acarretou na conquista de Mombaça e Mogadiscio. Eles também realizaram até mesmo tentativas na Península Arábica e no Golfo Pérsico. Por fim, eles conseguiram legitimar os seus domínios nas cidades indianas de Goa e Diu, em Timor na Indonésia e Macau na China. Já na África, Moçambique fora sua principal colônia e assim permaneceria até o século XX, de onde Portugal, exportaria marfim, ouro e outros produtos. Mas nesse caso, os escravos seriam a principal mercadoria, onde eram vendidos para os ingleses, franceses, os povos locais e até mesmo exportados para o porto do Rio de Janeiro no Brasil entre fins do século XVIII e idos do XIX.
Gravura do Forte Jesus, construído pelos portugueses em Mombaça.

Não tardou para os portugueses se estabelecerem nestas regiões, que logo em seguida vieram os franceses, holandeses, ingleses, árabes omanis e os otomanos, os quais também passariam a lutar pelo domínio e controle dos mercados na África e na Ásia. Tais batalhas se prolongariam praticamente pelos três séculos seguintes.

"O monopólio português no oceano Índico terminou no século XVII, com importantes efeitos em suas subsidiárias na África Oriental. A perda de suas fortalezas de Hormuz e Muscat no Golfo Pérsico em 1622 e 1648, respectivamente aos ingleses e islâmicos, fragmentou o poder dos portugueses no oceano Indico e propiciou a chegada em massa de forças estrangeiras ao canal de Moçambique". (KLEIN, 2004, p. 69).

No caso de Zanzibar, os portugueses perderam suas lojas, mercados e casas em muitas das cidades em toda ilha. Uns fugiram, outros foram expulsos e outros assassinados. Mas, vil destino não coube apenas a eles, os ingleses, holandeses e franceses, também não foram bem-vindos e bem quistos em alguns lugares, vivenciando tais horrores.

"O período que se estende do século XVI ao XVIII inaugurou-se com a chegada dos portugueses  na extensão da costa oriental da África e chegou ao fim com as tentativas dos árabes omanis em estabelecer uma espécie de hegemonia no litoral. Entre estas importantes datas históricas, as cidades e os povos da costa conheceram mudanças consideráveis, e mesmo radicais, nos planos econômico, social e político. Algumas cidades que haviam atingido o ápice da opulência periclitaram, outras passaram da obscuridade a glória, muitas desapareceram, e raras foram as que atravessaram todo esse período conservando, sem cessar, a sua importância. As vicissitudes de sua história podem ser atribuídas a vários fatores, sendo a intervenção portuguesa, por mais importante que ela seja, apenas um elemento dentre outros". (SALIM, 2010, p. 883).

No século XVI, Quíloa, já não era mais uma das principais cidades-estado de outrora, mesmo assim ainda se mantinha firme, como Mogadiscio e Mombaça. Cidades como Mafia e Melinde, eram os novos centros econômicos e políticos da costa. No caso de Zanzibar, esta viria a se tornar um centro importante a partir do século XVII sob o domínio da Dinastia Omani, árabes vindos de Omã. Com a expulsão dos portugueses de Zanzibar em fins do século XVII, os omanis passaram a controlar o arquipélago, e sob este novo governo a ilha viria a se tornar um importante centro econômico, comercial e político, já que os omani, se valeriam de sua localização para comercializar não apenas com o Oriente, mas com os europeus, adquirindo mercadorias da Costa Ocidental da África, da Europa e das Américas.

De Zanzibar, os omanis expandiram seus domínios para Pemba, Mombaça, Quíloa e outras cidades-estado, ao mesmo tempo eles também passaram a simpatizar-se com os franceses e os ingleses, mantendo os portugueses como inimigos. No século XVIII, os omanis passariam a deter parte do fornecimento e do comércio de escravos no Índico, já que os mesmos passaram a adotar a mão-de-obra escrava nas plantações e a vender a mesma para os franceses e ingleses, embora os portugueses também fornecessem escravos para estes países.

Nos fins do século XVIII Kilwa, Mombaça e Zanzibar eram as cidades mais rentáveis do sultanato de Omã, Zanzibar em 1796 havia arrecadado 40 mil piastras ao Tesouro Nacional de Omã, e em 1811, esse valor cresceu para 60 mil. Convertendo isso para ouro, equivaleria hoje em um negócio na casa dos milhões. O fato de Zanzibar ter se tornado no último século uma potência comercial graças aos investimentos e acordos dos omanis, levou em 1832 o então sultão regente Sayyid Sha’id ibn Sultan a transferir a capital de Omã a qual ficava na cidade de Mascate (atual capital de Omã) para a cidade de Zanzibar. Ibn Sultan fora um dos mais poderosos e respeitados sultões da Dinastia Omani, tendo governado de 1804 a 1856, tendo sido em seu governo que Zanzibar alcançara o seu auge.

O sultão de Zanzibar Sayyid Sha'id ibn Sultan.

“Zanzibar eclipsou rapidamente todas as outras cidades litorâneas pelo seu desenvolvimento econômico e político. Em pouco tempo, Sāyyīd Sa‘īd construíra, graças ao seu instinto aguçado para negócios, sua antevisão e a sua atitude liberal, o maior entreposto da costa ocidental do Oceano Índico. Tornou-se também o mercado mais importante do litoral leste africano, no que concerne ao marfim, aos escravos, ao cravo, a resina, aos moluscos e aos produtos agrícolas, bem como o maior importador de bens manufaturados da Índia, da América e da Europa, como tecido de algodão, contas, arame, correntes, mosquetes, pólvora, porcelana, olaria, vidraçaria, facas e machados. A assinatura de acordos comerciais e consulares com a América (1837), a Grã-Bretanha (1839), a França (1844) e, mais tarde, com alguns estados alemães, trouxe ao sultão um reconhecimento internacional que veio consolidar ainda mais a sua posiçao1.” De todos os objetos de comércio mencionados acima, o marfim e os escravos foram os mais lucrativos para o sultanato de Omã, graças ao impulso da demanda exterior e, no caso dos escravos, da demanda local". (SALIM, 2010, p. 284 apud SALIM, 1973, p. 15-16).

Após a sua morte, problemas na sucessão, intrigas e ameaças internas e externas enfraqueceram os domínios omanis e levaram em 1861 a derrocada da dinastia. Para piorar a situação de Zanzibar, Pemba, Quíloa, Mombaça e outras cidades que dispunham dos auspícios do governo omani, os ingleses proibiram o tráfico de escravos no Índico em 1873 (a proibição do tráfico não infere no fim da escravidão). Com o tráfico relegado a marginalidade já que o mesmo permaneceu até o final do século, as cidades que tinham sua economia baseada no sistema de plantation começaram a decair. Zanzibar e Pemba só não afundaram de vez, devido à intervenção inglesa no ano de 1890, onde os ingleses passaram a trazer colonos indianos para trabalhar nas plantações de arroz e cravo-da-índia, que por sinal foram os próprios ingleses que introduziram o cultivo do último nestas ilhas. A partir daí, Zanzibar estaria submetida ao governo inglês na Índia e a Coroa Britânica, mas já não exibiria mais a ostentação, brilho e prosperidade de outrora, principalmente vistos entre os séculos XVIII e XIX. 

GRANDE ZIMBÁBUE

Localizado a 25 km da cidade de Masvingo, outrora Fort Victoria, na região antigamente chamada de Mashonolândia, no atual Zimbábue. O Grande Zimbábue reside hoje como uma cidade-fantasma, onde suas imponentes construções de granito, especialmente o chamado Grande Cercado e a Acrópole impressionam por suas proporções. Memórias de uma época dourada, já há muito esquecidas.

Mapa do Zimbábue, sendo possível ver a localização do Grande Zimbábue.

"Hoje, todos os estudiosos sérios consideram que o Grande Zimbábue foi uma realização essencialmente africana, construído com material local e segundo princípios arquitetônicos desenvolvidos durante muitos séculos. Por outro lado, porem, as causas últimas para o surgimento da organização econômica, política e religiosa que deu origem a este sitio, e a outros análogos existentes entre os rios Zambeze e Limpopo, permanecem envoltas em mistério". (FAGAN, 2010, p. 599-600).

O Grande Zimbábue perfaz o encerramento deste longo artigo, porém em comparação as outras cidades, Tombuctu e Zanzibar, essa é a mais emblemática e menos conhecida de todas. Os motivos se devem principalmente devido a falta de documentos escritos que relatem a história desta cidade-Estado, já que diferente do que foi visto nas outras cidades, as quais foram gracejadas com a escrita árabe, o Grande Zimbábue não sofreu uma influência massiva do islamismo e da cultura árabe, sendo sua história relegada à transmissão oral e relatos de viajantes e outros povos. Mesmo assim, relatarei aqui de forma sintética alguns fatos descobertos sobre esta cidade-estado, que como as outras, fora um próspero e poderoso centro político-econômico no sul do continente.

Os vestígios ocupacionais mais antigos se encontram na região que compreende a antiga acrópole, onde foram encontrados cacos de cerâmica datados do século IV d.C, possivelmente utilizados por caçadores nômades de origem bosquímana. Posteriormente, encontraram-se ao redor da acrópole, vestígios de casas e assentamentos do século X, indicando que já existia uma população ainda pequena, mas sedentária no local. Também se encontrou vestígios de plantações e criação de animais. Nesse caso, os estudiosos sugerem que o povo que ali se estabelecera foram os xonas (shonas), povo de língua banta, vindos mais do sul, da bacia do rio Limpopo.

"Entre os séculos X e XI, um grupo formado pelos xonas estabeleceu-se num monte de terras férteis, sem a presença da mosca tsé-tsé, próximo ao rio Lúndi e que daria origem ao Grande Zimbábue. Os xonas teriam escolhido esse monte por considerá-lo sagrado. Até hoje eles vivem nessa área e reverenciam, que são os intermediários entre os homens e o divino". (MATTOS, 2009, p. 47).

Posteriormente os xonas passariam a utilizar seu conhecimento da metalurgia para explorarem as minas de cobre e ouro encontradas na região. A localização do Grande Zimbábue favorecia o acesso a estas minas, e posteriormente tornou-se parada obrigatória para quem ia desta região ao litoral na Costa Oriental, comercializar com cidades, como Sofala, Quíloa e Moçambique.

Todavia, o Grande Zimbábue por mais que possua suas raízes arraigadas no século X e XI só se tornaria um lugar importante e influente a partir do século XIII, período este que acredita-se que tenha-se iniciado a construção do Grande Cercado e da Acrópole. Ambas as fortificações, foram construídas de granito, possuindo muros que variam da altura de 5 até os 9 metros de altura, e alguns com 3 a 6 metros de largura. O motivo para a construção de tais muros relativamente altos e largos, ainda não é bem claro, mas tudo indica que de fato fora obra deste próprio povo, já que por muito tempo acreditou-se que a construção destas fortificações teriam sido obra dos árabes ou de outros povos mais desenvolvidos.

O Grande Cercado no Grande Zimbábue.

Contudo, mesmo estando protegidos com estas enormes fortificações, a cidade nunca chegou a ser muito populosa, estima-se que sua população variou entre os séculos X ao XV, entre os 11 a 20 mil habitantes, porém não se possui valores exatos sobre a população que vivia sob o domínio do Grande Zimbábue. Mas, uma vez, será a partir do século XIII, que vestígios arqueológicos em sítios nas redondezas do domínio do Grande Zimbábue revelaram um pouco mais da história desta cidade-Estado e sua relação com outros povos.

"Próximos ao Grande Zimbábue, no planalto entre os rios Zambeze e Limpopo, existiam grupos habitacionais menores, chamados zimbabués, que significa “corte”, “casa de pedra” ou “casa do chefe”, na língua dos xonas. Cada recinto amuralhado continha cerca de oito moradias. Nesses lugares talvez ficassem os chefes de reinos tributários ou capitais de reinos independentes, mas originários do Grande Zimbábue. Os zimbabués localizam-se, mais especificamente, nos planaltos próximos ao rio Mozoé, dos afluentes do Lúndi e do Save e ainda em Manhiquene, em Moçambique. E fora deles ainda existiam várias outras cabanas que compunham a vila ou a cidade". (MATTOS, 2009, p.48).

Imagem do cercado de pedra de um dos zimbabués.

O século XIV fora provavelmente o auge deste Estado, notou-se através de escavações tanto na cidade e em outros sítios que estavam sob seu domínio uma variedade de objetos de cobre, ferro, ouro, cerâmica, âmbar, marfim, etc, advindos de várias regiões do continente e até mesmo da Ásia. Os árabes que habitavam as terras costeiras enxergaram no Grande Zimbábue um importante potencial econômico, então passaram a criarem rotas comerciais até a cidade, ligando esta ao próspero comércio marítimo.

"Entre os séculos XIII e XV, havia um intenso comércio de cerâmicas, produtos agrícolas, de cobre vindo da Zâmbia e de Chaba, sal, ouro e marfim, enviados até a costa. De fora, chegavam tecidos indianos, porcelana da China e da Pérsia, peças em vidro da Síria e outras mercadorias de luxo. O Grande Zimbábue era o principal centro mercantil do Índico, pois tinha o monopólio do comércio de ouro que era levado para Sofala e de lá embarcado para Quíloa". (MATTOS, 2009, p. 48).

Embora os árabes tenham cooperado para o desenvolvimento deste comércio com o litoral eles não conseguiram conquistar o Grande Zimbábue, e nem implantar de forma satisfatória sua cultura e religião, como fora visto anteriormente neste trabalho, que o islamismo tivera um papel preponderante em outras cidades. Os xonas eram muito ligados a sua própria religião e ao culto aos ancestrais, então não aceitaram a devoção a Alá, e ao mesmo tempo, o rei destes, eram vistos como seres divinos e sagrados, um intermediador entre o céu e a terra, daí o mesmo receber títulos como, “o filho do grande chefe”, “o deus da terra e do céu”.

Mas da mesma forma que esta cidade-estado ascendeu de forma rápida, também fora de forma semelhante sua queda. Já pelo século XV, o Grande Zimbábue aparentava visível decadência, os motivos são muitos, e alguns ainda o são desconhecidos. Mattos [2009] aponta que alguns fatores que contribuíram para a decadência do Grande Zimbábue, teriam partido de ordem ambiental; prolongamento de secas, já que a oeste fica o deserto do Kalahari, o maior deserto no sul da África; a invasão de enxames de moscas tsé-tsé, portadoras da doença do sono, que trouxera grandes prejuízos para o gado; uma superpolulação, que acarretou na falta de comida para todos, e ao mesmo tempo inferiu na redução dos animais de caça, no desgaste mais rápido do solo.

Além destes fatores, a motivos de ordem política, social e econômica, como aponta Bhila [2010], onde em meados do século XV, ouve um esgotamento das minas de ouro, logo o comércio com o litoral fora substancialmente cortado, agravando ainda mais as finanças do Estado. Notou-se que grupos seminômades deixaram a região, que outros chefes se rebelaram. E próximo a metade do século um novo e poderoso Estado se expandia mais ao norte, o Estado Caranga (ou Karanga), o qual viria dá origem ao Império Monomotapa

O Império Monomotapa tivera uma vida curta, existindo por cerca de cem anos entre os séculos XV e XVI. Antes da decadência do Grande Zimbábue, o mesmo por alguns anos serviu como capital deste império, de onde o seu líder o monomotapa governava.

"Os reis carangas eram conhecidos como monomotapa, que queria dizer “o senhor dos cativos”, o “senhor de tudo”, “o senhor das terras devastadas”, “o senhor de todos os vencidos na guerra” ou ainda “o filho da terra”. O monomotapa era considerado por todos um rei divino e que possuía o poder de se comunicar com o ser superior através dos médiuns. Além destes, era cercado e deveria governar em consenso com os grandes chefes e os funcionários (governadores dos reinos, mordomo-mor, sacerdotes, comandantes dos exércitos) e de acordo com os costumes da sociedade". (MATTOS, 2009, p. 49).

Antes do final do século, o monomotapa Niatsimba Mutota mudou-se com a sua corte do Grande Zimbábue para o norte, em direção a região do Dande entre os rios Mazoé e Hunyani. Do antigo Estado do Grande Zimbábue surgiu o pequeno Estado Torwa ou Butwa, possivelmente Estado tributário do Império Monomotapa. Relatos deste pequeno Estado podem ser lidos em descrição de marinheiros portugueses que visitaram a região no século seguinte. Não obstante, o Estado Torwa viria a ser conquistado pelo Império Rozwi.

Em meados do século XVI, o Império Monomotapa veio a ruir, devido a conflitos contra outros povos, problemas econômicos, sociais e de sucessão, levando o império a fragmenta-se em pequenos Estados. Da fragmentação deste império surgiram o Império Mutapa, o Império Rozwi e os chamados Estados orientais shona. Tanto estes dois impérios são originários da cultura do Grande Zimbábue (1200-1450). Os rozwi eram um povo guerreiro e bem disciplinado na arte da guerra, isso assegurou-lhe a conquista do Estado Torwa, e logo do Grande Zimbábue.

Mapa do Império Mutapa, século XVII.

Do século XVI em diante, pouco se sabe da história do Grande Zimbábue, o qual já não voltaria a ter significância como centro político, econômico e cultural como algum dia tivera. Os impérios Mutapa e Rozwi se manteriam de forma ou outra vivos até o século XIX, confrontando outros povos africanos e europeus, especialmente os portugueses e os ingleses. Em 1830, o Grande Zimbábue seria atacado pelos zulus, sendo saqueado e parcialmente destruído. Posteriormente outros povos passariam por aquela região, até que a mesma no final do século viesse a cair nas mãos dos ingleses, passando a compor a partir de 1911, a colônia da Rodésia do Sul, atualmente o Zimbábue. 

NOTA: O deserto do Saara possui uma área de 8 milhões de km2.
NOTA 2: Os frutos da cola, chamados de noz-de-cola eram utilizados principalmente, por serem ricos em açúcar, logo fonte de energia, os quais ajudavam a amenizar a fome. Hoje em dia o extrato deste fruto é muito utilizado na fabricação de refrigerantes do tipo cola.
NOTA 3: Algumas histórias sugerem que o mansa Sundiata teria sido envenenado, ou teria sido alvejado por uma flecha durante uma caçada, ou teria se afogado nas águas de um rio ao norte da capital Niani.
NOTA 4: O nome Musa significa Moisés em árabe.
NOTA 5: Sael era o nome dado ao território localizado ao sul do Saara, que compreendia uma região de savanas, onde os povos que ali viviam eram chamados  pelos árabes de forma genérica de  sudaneses, que significa “homens negros”.
NOTA 6: O relato histórico mais antigo conhecido sobre uma expedição chinesa que chegou a Costa Oriental da África data do século XV, por volta do ano de 1425, chegada a partir da expedição do Navio do Tesouro, liderada pelo comandante Zheng He, por ordem do imperador Yongle. Basicamente, as mercadorias chinesas eram compradas de segundos e terceiros, em portos na Índia e Indonésia.
NOTA 7: A doença do sono ou tripanossomíase africana, é causada pelo parasita Trypanossoma brucei, transmitido pela picada das moscas. Sem tratamento a doença pode matar em uma semana ou duas, ou deixar sequelas no sistema cardíaco, circulatório e até neurológico pelo resto da vida.
NOTA 8: O famoso cantor Freddie Mercury (1946-1991) nasceu na ilha de Zanzibar. Mercury fora vocalista da famosa banda britânica Queen.
NOTA 9: Os portugueses foram os primeiros europeus a chegaram ao Império Monomotapa, sendo que considera-se o carpinteiro Antônio Fernandes o primeiro português a conviver no império, devido ao fato de que na viagem de Vasco da Gama (1497-1499) ou fora na de Pedro Álvares Cabral (1500-1501) os quais ambos foram para a Índia, Fernandes era um degredado, nome dado a criminosos que seriam enviados para o exílio, nesse caso, ele teria sido largado em algum lugar no sul da África, e anos depois apareceu em Sofala por volta de 1516, e se dirigiu ao feitor português na cidade, chamado Gaspar Veloso, o qual se interessou pelo relato de Fernandes que conviveu no Monomotapa. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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CISSOKO, Sékéné Mody. Os Songhai do século XII ao XVI. História Geral da África – vol. IV: África do século XII ao XVI. Editado por Djibril Tamsir Niane. 2ª edição, Brasília, UNESCO, 2010. (Capitulo 8).
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FAGAN, Brian Murray. As bacias do Zambeze e do Limpopo, entre 1100 e 1500. História Geral da África – vol. IV: África do século XII ao XVI. Editado por Djibril Tamsir Niane. 2ª edição, Brasília, UNESCO, 2010. (Capitulo 21).
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SALIM, Ahmed Idha. A costa oriental da África. História Geral da África – vol. V: África do século XVI ao XVIII. Editado por Bethwell Allan Ogot. 2ª edição, Brasília, UNESCO, 2010. (Capitulo 25).
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